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11 de Agosto de 2020

FaceApp

O que acontece com a minha foto de idoso?

O FaceApp é um serviço russo que surgiu em 2017 e utiliza inteligência


artificial para modificar o rosto das pessoas de forma divertida. Ele
permite deixar o indivíduo com aparência envelhecida, rejuvenescida,
experimentar diferentes cortes de cabelo etc.

Nos últimos dias, a internet brasileira parece ter se tornado um “lar da


melhor idade”. Várias pessoas, inclusive famosos, passaram a postar
selfies com suas versões idosas. O FaceApp, apesar de se apresentar
como um aplicativo aparentemente inocente, pode ser extremamente
invasivo em relação à privacidade.

O FaceApp possui uma política de privacidade bastante genérica. A


política de privacidade, aquela que nenhum de nós lê, do aplicativo em
questão permite além da coleta das fotos inseridas para aplicação dos
/
filtros outras informações sensíveis como, identificadores do aparelho
celular, e-mail, dados de localização.

Ao utilizar o FaceApp, o usuário além de concordar com a coleta dos


dados acima, também concordam com o compartilhamento dessas
informações com serviços do mesmo grupo e ainda com “afiliados”, o
quais não informados pelo app.

E mais, o usuário concorda que os dados coletados podem ser


utilizados nos EUA ou em qualquer outro país em que o FaceApp e seus
provedores possuam instalações, inclusive para fins de informação
personalizada para anúncios de marketing.

SEGURANÇA

Não espere segurança do FaceApp, pois consta expressamente em sua


política de privacidade que o app "não pode garantir a segurança
das informações que você transmite ao FaceApp ou garantir
que essas informações no serviço não possam ser acessadas,
abertas, alteradas ou destruídas".

LGPD

O FaceApp, caso estivesse disponível nas lojas de aplicativos brasileiras


em agosto de 2020 obrigatoriamente teria de ser removido. O
aplicativo colide frontalmente com a Lei Geral de Proteção de Dados
que passará a vigorar a partir do próximo ano.

Princípios como finalidade, adequação, necessidade e transparência


não são compatíveis com políticas tão amplas e genéricas como a do
FaceApp. Isso sem mencionar a questão do consentimento do usuário,
/
que deve ocorrer de forma inequívoca e para finalidades específicas.

RECONHECIMENTO FACIAL

Mas o que de ruim pode acontecer com o compartilhamento


indiscriminado das minhas selfies?

A selfie que você tira pode ser usada principalmente para


alimentar bancos de dados usados para treinar câmeras de
reconhecimento facial. No mundo todo nossas imagens estão sendo
utilizadas para treinar essas bases de dados sem nosso consentimento.

Recentemente no Rio de Janeiro uma pessoa foi confundida por um


sistema de reconhecimento facial, sendo conduzida à delegacia por ser
“suspeita do cometimento de delitos”.

Portanto, devemos ter cautela ao fornecer indiscriminadamente nossas


informações e dados pessoais aos aplicativos do momento.

LUIS FILIPE QUEMELLI BUSSULAR – OAB/ES 21.257.

https://gizmodo.uol.com.br/rio-de-janeiro-reconhecimento-
facial-erra-mulher-detida/

Imagem:
https://www.metrojornal.com.br/entretenimento/2019/07/14/faceap
p-aplicativo-idoso-celebridades.html

Disponível em: https://lfbussular.jusbrasil.com.br/artigos/733050552/faceapp

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