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Reação 8

Nos dois primeiros tópicos do capítulo XVI, Umberto Eco tece um comparativo entre a
importância da matéria antes e depois da Arte Moderna, momento que compreende o trabalho
informalista, de forma que será esse, também, um dos assuntos abordados nesta reação.
Antes, contudo, gostaria de registrar algumas especulações que surgiram ao longo da leitura.
Ao mencionar o conhecido episódio de Michelangelo em busca de suas esculturas
dentro das pedras, o autor menciona que, apesar de existir uma consideração sobre a matéria
no fazer artístico, a Beleza só se dava no momento da criação — isso é, o ser humano agindo
sobre a matéria quase como que por inspiração divina. Esse cenário muda quando a Arte
Moderna passa a considerar o suporte como um fim em si mesmo, e a considerar como Bela a
crueza dos mais variados tipos de matéria.
Todavia, pesquisando sobre os informalistas — e sobre o expressionismo abstrato —
percebo que a Beleza, na verdade, pode não estar desvinculada do ação humana. Não se trata
de negar as diferentes dimensões do Belo associadas ao tratamento da matéria em diversos
momentos históricos, é verdade, mas me parece que, mesmo no mais radical dos movimentos
— isso é, se o conceito, em algum momento, equiparar-se ao seu atual oposto — a Beleza
estará associada à ação humana, porque o Homem, talvez, ache-a em Si, e na sua própria ação
sobre cada pequeno aspecto do universo. Assim, pergunto-me: é possível dissociar o Objeto
do Ser Humano? É possível, em algum momento, considerar a matéria como ‘bruta’ se ela é
constantemente afetada pelo impacto da experiência humana na Terra — mesmo que não
diretamente?
Não tendo sido suficientes as pesquisas para responder a esses questionamentos, resolvi
redirecionar a pesquisa para entender o que foi o movimento informalista — também citado
por Eco no trecho analisado.
O movimento europeu, segundo Niurka Gusman Otañez, surgiu em resposta à dor e
desolação causadas pela Segunda Guerra Mundial. Aliás, esta tendência foi fortemente
marcada pelo aspecto psicológico: influenciados pelo existencialismo, os informalistas
transportaram para dentro de sua estética o questão do Homem e de seu papel no mundo. No
que tange o fazer artístico, a tendência se caracteriza pelo uso maciço de diferentes materiais,
texturas, e pela forma de exercer ação sobre a composição, isso é, de maneira inusualmente
violenta.
O movimento contemporâneo a este, por sua vez, expressa-se, esteticamente, por meio
de pinceladas dramáticas, que representam o dinamismo das novas possibilidades; mais
preocupado com a chance de representar os sentimentos do artista, o Expressionismo
Abstrato preza pela liberdade do movimento, e da livre expressão de expectativas.
Em comum, os dois movimentos possuem a conjuntura. Embora em espaços diferentes,
o período histórico determinou a desencantamento para com o futuro, para com a humanidade
e para com a possibilidade de uma sociedade em que todos trabalhassem em prol do próximo.
Assim, a desesperança parece ser o recorte que atravessa as duas tendências, mas que,
expressa de duas formas, adquire contornos totalmente diferentes.

REFERÊNCIA
La destrucción de la forma el informalismo y el arte de acción

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