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Livro 81
Livro 81
Educação de Surdos
Julianne de Deus Corrêa Pietzak
Ana Clarisse Alencar Barbosa
2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Julianne de Deus Corrêa Pietzak
Ana Clarisse Alencar Barbosa
P626c
CDD 371.912
Apresentação
Prezado acadêmico! Com este livro de estudos, iniciamos a disciplina
de Currículo e Didática na Educação de Surdos. Esta disciplina contextualiza
o currículo e a didática na educação dos surdos, procurando levá-lo à
compreensão das dificuldades enfrentadas pelo aluno surdo na educação
básica vigente.
III
desta disciplina contribuam para a sua formação profissional, tornando-o
capaz de tomar decisões e que tenha atitudes positivas em prol da qualidade
na educação básica do povo surdo.
Bons estudos!
As autoras
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS..................................................................... 1
VII
2.1.1 Tendência Tradicional............................................................................................................. 74
2.1.2 Tendência Liberal Renovada Progressista .......................................................................... 75
2.1.3 Tendência Liberal Renovada Não Diretiva (Escola Nova)................................................ 76
2.1.4 Tendência Liberal Tecnicista.................................................................................................. 76
2.2 PEDAGOGIA PROGRESSISTA...................................................................................................... 77
2.2.1 Tendência Progressista Libertadora...................................................................................... 78
2.2.2 Tendência Progressista Libertária......................................................................................... 79
2.2.3 Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos....................................................... 80
3 CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA.................................................................................... 80
3.1 A DIDÁTICA NA TEORIA TRADICIONAL................................................................................ 81
3.2 A DIDÁTICA NA TEORIA CRÍTICA............................................................................................ 81
3.3 A DIDÁTICA NA PÓS-MODERNIDADE ................................................................................... 82
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 83
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 92
VIII
TÓPICO 3 – DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS................................................................ 137
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 137
2 A DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS................................................................................ 137
3 A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA CULTURAL NA EDUCAÇÃO DE SURDOS................. 139
4 PEDAGOGIA DA DIFERENÇA, PEDAGOGIA SURDA E PEDAGOGIA VISUAL.............. 145
4.1 PEDAGOGIA SURDA...................................................................................................................... 145
4.2 PEDAGOGIA VISUAL..................................................................................................................... 147
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 149
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 151
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 153
IX
X
UNIDADE 1
O CURRÍCULO E SEUS
CONCEITOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)!
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
FIGURA 1 – LABIRINTO
3
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
4
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
Por exemplo: houve avanços na visão clínica, que faziam das escolas
dos surdos espaços de reabilitação de fala e treinamento auditivo
preocupando-se apenas em ‘curar’ os surdos que eram vistos como
‘deficientes’ e não em educar. Após o congresso, a maioria dos países
adotou rapidamente o método oral nas escolas para surdos, proibindo
oficialmente a língua de sinais, e ali começou uma longa e sofrida
batalha do povo surdo para defender o direito linguístico cultural. Não
foi sempre assim, havia momentos antes do congresso de 1880 em que
a língua de sinais era mais valorizada. Por exemplo: havia professores
que juntavam na tarefa de demonstrar a veracidade da aprendizagem
dos sujeitos surdos ao usar a língua de sinais e o alfabeto manual, e em
5
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
DICAS
6
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
Conforme Botelho (2005, p. 59) apud Plinski (2011, s.p.), o objeto concreto
nem sempre é necessário. “Tanto a aprendizagem de surdos como de ouvintes
se faz de muitas maneiras, e não somente pela experiência direta, mediante
contato com a realidade, pelos órgãos dos sentidos”. Mesmo porque nem sempre
se conseguirá encontrar materiais visuais que contemplem o conteúdo que se
está ensinando. Nessa situação, cabe a criatividade do professor e, novamente,
o emprego da Libras de forma clara e coerente, facilitando a aprendizagem dos
alunos.
7
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
Não podemos esquecer que de acordo com a Lei 10.436, de 2002, com seu
Parágrafo único: “A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a
modalidade escrita da língua portuguesa”.
8
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
9
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
DICAS
Podemos verificar que o currículo não pode ser analisado fora do contexto
social e histórico da educação. O currículo está carregado de valores e princípios
que são compartilhados em um determinado tipo de sociedade. De acordo com
Silva (2007), o currículo não pode ser visto somente como um documento ou
um registro de conteúdos, e sim a partir das relações estabelecidas entre sujeitos
concretos.
10
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
11
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
12
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
DICAS
13
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
14
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
15
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
16
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
DICAS
Para saber um pouco mais sobre a Prova Brasil e a Provinha Brasil, acesse o
site: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 9 maio 2018; e sobre o Enade: <http://portal.mec.gov.
br/index.php?Itemid=313&id=181&option=com_content&view=article>. Acesso em: 9 maio
2018.
17
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
Disciplinas ou grade
curricular a ser
seguida.
Definição de
Orientação didática, conteúdos e
devidamente objetivos de
ordenada e planejada. aprendizagem que
Como um manual do a criança pode obter
professor. em um determinado
período.
Currículo
Concretização
das funções da
Percurso formativo própria escola para
de professores e reproduzir valores
alunos. e ideologias de uma
sociedade.
Proposta que se
configura na prática
pedagógica em cada
contexto social e
cultural.
FONTE: A autora
DICAS
18
TÓPICO 1 | O QUE É CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS?
19
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• César Coll (apud ANDRADE, 2003) apresenta-nos que as decisões sobre o que
incluir no Projeto Curricular estão contempladas nos quatro componentes do
currículo:
ᵒ O que ensinar?
ᵒ Quando ensinar?
ᵒ Como ensinar?
ᵒ O que, como e quando avaliar?
20
• O desenvolvimento curricular possui níveis ou fases que se relacionam entre
si. Conforme Sacristán (2000), são denominadas como: currículo prescrito,
currículo apresentado aos professores, currículo modelado pelos professores,
currículo em ação, currículo realizado e currículo avaliado.
21
AUTOATIVIDADE
a) O que ensinar
b) Quando ensinar
c) Como ensinar
d) O quê, como e quando avaliar
22
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Neste item, percorreremos a história do currículo no Brasil, bem como,
as teorias curriculares que correspondem a um conjunto organizado de análises,
interpretações e compreensões acerca do currículo.
Por isso é tão importante discutir sobre a história do Currículo, que teve o
seu auge nos Estados Unidos, em 1918, onde houve um processo de massificação
da escolarização e desenvolvimento da industrialização. A preocupação central
era a testagem de currículos, que teve a aceitação da maioria das escolas,
professores e comunidade escolar. Esse currículo é conhecido como tradicional.
DICAS
Que tal assistir ao vídeo da música Another Brick In The Wall da banda Pink
Floyd, para compreendermos este processo de execução e planejamento de tarefas,
conforme coloca Pacheco (2005): preparar as crianças para a vida adulta.
Em sala fazer uma pequena reflexão ou ainda uma encenação a partir da música. Registrar
e compartilhar para portfólio do curso. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=mP-ZAgsMAkE>. Acesso em: 17 maio 2018.
NOTA
23
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
NOTA
24
TÓPICO 2 | CURRÍCULO: CENÁRIO E TEORIAS
DICAS
25
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
NOTA
FIGURA 8 - USAID
NOTA
Em 1955, o primeiro livro sobre currículo foi publicado por João Roberto Moreira,
intitulado Introdução ao Estudo da Escola Primária.
26
TÓPICO 2 | CURRÍCULO: CENÁRIO E TEORIAS
Após este período, “com o golpe militar em 1964, todo o panorama político,
econômico, ideológico e educacional do país sofreu substanciais transformações.
Diversos acordos foram assinados com os Estados Unidos visando à modernização
e racionalização do país” (MOREIRA, 1990, p. 83).
A partir dos anos 80, o pensamento sobre currículo foi pensado de acordo
com outras influências, tanto norte-americana como europeia e, sobretudo, com
pesquisas e estudos realizados na realidade brasileira. Todo esse movimento
aconteceu em decorrência da redemocratização do Brasil e enfraquecimento da
Guerra Fria. Nessa época, o pensamento curricular voltou-se ao viés marxista, em
uma visão mais política.
TUROS
ESTUDOS FU
27
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
As teorias tradicionais
28
TÓPICO 2 | CURRÍCULO: CENÁRIO E TEORIAS
29
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
Uma segunda tendência estadunidense foi liderada por Dewey, que estava
mais preocupado com a democracia do que com o funcionamento da economia.
Dewey, cuja teoria de base estava concentrada no livro The children and
the curriculum (1902), achava importante levar em consideração as experiências
das crianças e dos jovens. Vejamos as considerações de Popkewitz sobre o
pragmatismo de Dewey.
E inova com:
As teorias críticas
32
TÓPICO 2 | CURRÍCULO: CENÁRIO E TEORIAS
NOTA
33
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
As teorias pós-críticas
34
TÓPICO 2 | CURRÍCULO: CENÁRIO E TEORIAS
35
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
36
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:
• O modelo seguido por Bobbitt era o fabril, cuja inspiração teórica provinha
de Taylor, precursor do movimento da administração científica, cuja teoria
defendia a administração do tempo nas fábricas, planejamento e divisão do
trabalho (TRATEMBERG, 2004), bem como a separação entre as funções de
execução e planejamento de tarefas.
37
AUTOATIVIDADE
I- Segundo Bobbitt, uma escola deve se organizar para funcionar como uma
indústria ou uma empresa comercial. Assim, deve utilizar o modelo de
organização proposto por Taylor, o taylorismo.
II- Na perspectiva adotada por Bobbitt, deve haver distinção entre os que
pensam e os que executam as tarefas. Assim, defendia a administração do
tempo nas fábricas e a divisão de trabalho, bem como, a separação entre as
funções de execução e planejamento de tarefas.
III- Segundo Bobbitt, a educação é um processo de crescimento na direção
certa. As atividades e experiência são o currículo.
IV- Atualmente, as propostas formuladas por Bobbitt e Tyler, os maiores
expoentes da perspectiva curricular tradicional, estão completamente
superadas. Somente os postulados das teorias críticas e pós-críticas
embasam as construções curriculares.
38
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Você já ouviu falar do termo Interdisciplinaridade? Ou já sabe a diferença
que existe entre os termos saber e conhecimento? Se não, esta é a oportunidade.
Tomando por base o histórico da educação, tivemos várias teorias ou tendências
já estudadas que fundamentaram os modelos curriculares existentes.
40
TÓPICO 3 | CURRÍCULO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO/SABERES NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
41
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
FIGURA 13 – INTERDISCIPLINARIDADE
Interdisciplinaridade
Existe cooperação e diálogo entre as disciplinas
Existe uma ação coordenada
FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/7N9hez>. Acesso em: 12 abr. 2018.
42
TÓPICO 3 | CURRÍCULO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO/SABERES NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
43
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
DICAS
AUTOATIVIDADE
FIGURA 14 - MULTIDISCIPLINARIDADE
Multidisciplinaridade
Existe uma temática comum
Não existe relação nem cooperação entre disciplinas
FONTE: <http://osmurosdaescola.files.wordpress.com/2011/07/multi-1.jpg>.
Acesso em:12 abr. 2018.
44
TÓPICO 3 | CURRÍCULO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO/SABERES NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
FIGURA 15 – TRANSDISCIPLINARIDADE
Transdisciplinaridade
Cooperação entre todas as disciplinas e interdisciplinas
45
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
AUTOATIVIDADE
DICAS
46
TÓPICO 3 | CURRÍCULO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO/SABERES NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
47
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
48
TÓPICO 3 | CURRÍCULO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO/SABERES NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
49
UNIDADE 1 | O CURRÍCULO E SEUS CONCEITOS
Assim, podemos, também, citar Paulo Freire, que escreveu sobre as práticas
curriculares, tendo como principal preocupação a relação entre os professores e
os alunos e como objetivo de ligação o acesso e a conquista do conhecimento, o
qual deve ser embasado pelo ensino e pela aprendizagem.
50
TÓPICO 3 | CURRÍCULO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO/SABERES NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
Pergunta
Resposta
Reflexão Brincadeira
Interação
Ação
Pergunta
Resposta
Reflexão
Ação
Pergunta
pergunta-ação-reflexão-resposta
Adptado de Paulo Freire
DICAS
52
TÓPICO 3 | CURRÍCULO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO/SABERES NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
53
RESUMO DO TÓPICO 3
Nesta unidade, você aprendeu que:
• Saber pode ou não estar ligado a um fato, a uma realidade existente ou que de
fato existiu. O saber é a soma de conhecimentos adquiridos.
54
AUTOATIVIDADE
55
56
UNIDADE 2
DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
57
58
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, sabe-se que currículo e didática são conceitos que
caminham juntos no contexto educacional. A fim de que você os assimile e os
diferencie com mais facilidade, apresentamos unidades dedicadas especialmente
para cada um deles. Na Unidade 2, analisaremos com mais profundidade o
conceito de didática, abordando os seus diferentes conceitos ao longo da história,
as diferentes concepções acerca da didática e a sua relação direta com a avaliação
escolar.
59
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
Uma das mais famosas frases de Sócrates é “Só sei que nada sei”, a
qual indica que a sabedoria está ligada de forma direta à busca constante de
conhecimento.
60
TÓPICO 1 | A DIDÁTICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
61
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
DICAS
Para saber mais sobre este filósofo, acesse o portal da nova escola: <https://
novaescola.org.br/conteudo/458/filosofo-liberdade-como-valor-supremo>.
62
TÓPICO 1 | A DIDÁTICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
Martins (2009) afirma que Pestalozzi considerava que o ser humano nasce
bom, mas a sua formação é o resultado do ambiente em que vive.
63
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
64
TÓPICO 1 | A DIDÁTICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
65
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
Muitos nomes ainda poderiam ser aqui destacados, mas esperamos que o
breve estudo de tais personalidades no contexto educacional aguçe sua curiosidade
a ponto de motivá-lo a pesquisar mais e aprofundar seus conhecimentos. Desafie-
se!
66
TÓPICO 1 | A DIDÁTICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
PERÍODO FATO
A influência maior fica a cargo dos padres jesuítas
que chegam ao Brasil em 1549, trazendo em sua
bagagem a preocupação em catequizar os índios e
negros. Para os colonizadores foi vista como uma
BRASIL-COLÔNIA educação coerente a eles. É adotado o famoso
plano educacional: Ratio Studiorum. O método de
instrução era baseado na memorização. Foram
criados colégios e seminários.
A Igreja continua a controlar as instituições de
ensino. A economia continuava agroexportadora.
Inicia-se a troca da força de trabalho escravo pela
chegada dos imigrantes. Na fase republicana,
IMPÉRIO E PRIMEIRA com a Constituição de 1891, o ensino secundário
REPÚBLICA fica sob responsabilidade da União, e o ensino
primário e a formação do magistério primário ficam
sob responsabilidade dos estados. São Paulo é o
primeiro estado a se organizar com o ensino e passa
a ter fortes influências da pedagogia de Herbart.
Na década de 1920, inicia no Brasil o movimento
da Escola Nova, tendo como precursores: Lourenço
Filho, Anísio Teixeira, dentre outros. “A Didática,
DIDÁTICA APÓS A 1ª GUERRA por sua vez, era compreendida como um conjunto
MUNDIAL de regras, com o objetivo de assegurar aos futuros
docentes as orientações necessárias ao seu trabalho,
separando, todavia, a teoria da prática” (p. 47).
Na década de 1930, foi criado o Ministério da
Educação e Saúde Pública. Em 1932, foi lançado o
Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova em defesa
de uma educação gratuita e pública. Na Constituição
de 1934 foi elaborado um Plano Nacional de
Educação que “supervisionasse e coordenasse as
NOVA FASE DA EDUCAÇÃO E atividades de ensino em todos os níveis” (p. 48).
A CONSTRUÇÃO DA Criação do INEP (Instituto Nacional de Estudos
CONCEPÇÃO DE DIDÁTICA Pedagógicos), que foi coordenado por muitos
anos pelo educador Anísio Teixeira. A Didática foi
instituída como curso e disciplina.
Na década de 1960 surge o método de Paulo Freire,
no qual as experiências da alfabetização com adultos
são introduzidas, mas acaba sendo destruída pelo
golpe militar.
67
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
68
TÓPICO 1 | A DIDÁTICA NO DECORRER DA HISTÓRIA
69
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
70
AUTOATIVIDADE
71
( ) A ideia principal da obra de Comenius é Ensinar tudo a todos, incluindo
mulheres e deficientes.
( ) Com a Didática Magna de Comenius, nada mudou para os grupos menos
favorecidos (pobres, mulheres e negros).
72
UNIDADE 2 TÓPICO 2
CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico, abordaremos as tendências pedagógicas e
as concepções teóricas acerca da didática além de suas influências no processo
histórico e filosófico da educação. O estudo das concepções teóricas sobre a
didática nos propiciam momentos de reflexão no que tange analisar a evolução
com relação a este conceito tão importante no contexto educacional.
PEDAGOGIA PEDAGOGIA
LIBERAL PROGRESSISTA
1. TRADICIONAL
2. RENOVADA PROGESSISTA 1. LIBERTADORA
3. RENOVADA NÃO DIRETIVA 2. LIBERTÁRIA
(ESCOLA NOVA) 3. CRÍTICO-SOCIAL
4. TECNICISTA DOS CONTEÚDOS
73
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
74
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
Esta tendência está sendo pouco aplicada atualmente, mas ainda recebe
muita ênfase na formação dos docentes.
75
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
76
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
DICAS
77
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
DICAS
78
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
DICAS
79
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
80
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
81
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
82
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
Introdução
O tema deste artigo sobre o qual tenho me dedicado ultimamente está sendo
impulsionado pelas discussões polêmicas sobre a exclusão da Didática Geral ou
Fundamental dos cursos de licenciatura e o fortalecimento das diversas didáticas
específicas, o que tem provocado a desarticulação entre o geral e o particular. É
evidente que não se trata de discutir a existência de uma em detrimento da outra
e nem ao contrário. Trata-se de uma abordagem integradora e problematizadora
do papel da escola, a ação de ensinar, o processo de aprendizagem, a prática da
organização colaborativa da aula e as questões da seleção do conhecimento, da
metodologia e das práticas avaliativas.
83
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
84
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
Configuração contextual
Fato epistemológico
85
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
O saber evolutivo não tem fim, é sempre provisório. A idade não é o fator
determinante das nossas concepções, mas, como afirma o autor, “número de
encontros” que tivemos com um determinado saber, bem como a qualidade da
ajuda que tivemos com um determinado saber para interpretá-lo.
86
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
As atribuições de significados
Intencionalidades
87
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
Proposições metodológico-procedimentais
Conclusão
O que fica claro nessa trajetória reflexiva é que, apesar dos diversos
avanços da ciência, ainda há uma tímida ação por parte das instituições de
educação superior no sentido de estimular o professor a criar novos saberes e
novas formulações didáticas. Existe a necessidade de serem delineados os reais
significados das Didáticas Geral e específicas, uma vez que por meio delas
podemos caracterizar os seus elementos estruturantes.
88
TÓPICO 2 | CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE DIDÁTICA
89
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
90
• A didática na teoria tradicional propõe a organização técnica dos conteúdos
a partir de um modelo. Na didática tradicional, o professor segue de forma
bastante rigorosa o que foi planejado, com rigidez, sem flexibilidade.
91
AUTOATIVIDADE
92
UNIDADE 2 TÓPICO 3
DIDÁTICA E AVALIAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, estamos finalizando a Unidade 2 do nosso livro de
estudos de Currículo e Didática na Educação de Surdos. Já abordamos currículo
e suas multifacetas e explicitamos conceitos acerca da didática e sua influência na
educação.
93
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
Ramos (2008, p. 21) afirma que “A avaliação exerce uma função importante
no processo de ensino e de aprendizagem, pois a razão do professor ou do aluno
permanece acidental, se não for acrescida da habilidade de aprender com seus
erros e o insucesso de suas intervenções”. Ou seja, através dos resultados dos
instrumentos avaliativos é possível identificar erros e acertos na prática docente.
O objetivo do instrumento avaliativo é orientar o professor na sua prática
docente e não classificar os alunos. A avaliação fornece ao professor informações
para que ele repense, replaneje sua atuação didática, visando aperfeiçoá-la.
Independentemente dos instrumentos avaliativos selecionados, ao avaliar o
aluno, o professor também está se avaliando.
94
TÓPICO 3 | DIDÁTICA E AVALIAÇÃO
A avaliação formativa pode ser definida como “[...] toda avaliação que
ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver, ou melhor, que participa da regulação
das aprendizagens e do desenvolvimento no sentido de projeto educativo”
(PERRENOUD, 1999, p. 103, grifo do autor). Desta forma, a avaliação sempre
estará centrada direta e imediatamente na aprendizagem do aluno.
95
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
96
TÓPICO 3 | DIDÁTICA E AVALIAÇÃO
Cabe ressaltar que os critérios estabelecidos por lei são objetivos e claros.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96), no artigo 24,
inciso V, preconiza que no processo de avaliação sejam observados os seguintes
critérios:
97
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
Isso não significa que cabe ao aluno decidir, pois é tarefa do professor manter o
rigor na execução do planejamento e na obtenção dos resultados. Afinal, um bom
resultado depende do incentivo, da oportunidade de se efetuar uma avaliação
em três etapas: Coleta, Análise e Conclusão. Ou ainda, a avaliação inicial, a
avaliação durante o processo, considerada a mais importante para os resultados
da aprendizagem e, por fim, a avaliação final, que orienta e ajuda o aluno a
reconhecer as suas possibilidades.
Ramos (2008, p. 65) ainda pondera que “O professor que adota, na prática
pedagógica, o entendimento autonomizador estará contribuindo para a formação
de um ser humano consciente, competente e comprometido, a caminho de sua
emancipação [...]”. Esta afirmação é verdadeira no que tange ao papel social do
98
TÓPICO 3 | DIDÁTICA E AVALIAÇÃO
99
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
Não se defende aqui uma avaliação menos rigorosa ou efetiva, mas sabe-
se que é impossível medir a aprendizagem em uma escala, por isso, propõe-se
aqui uma ressignificação da avaliação no processo ensino-aprendizagem.
100
TÓPICO 3 | DIDÁTICA E AVALIAÇÃO
101
UNIDADE 2 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO
102
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
103
AUTOATIVIDADE
I- Avaliação Diagnóstica
II- Avaliação Formativa
III- Avaliação Somativa
104
UNIDADE 3
CURRÍCULO E DIDÁTICA NA
EDUCAÇÃO DE SURDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. A fim de corroborar o conteúdo
apresentado, você encontrará autoatividades no final de cada tópico.
105
106
UNIDADE 3
TÓPICO 1
CURRÍCULO E DIDÁTICA VERSUS CULTURA SURDA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Até aqui você aprendeu muito sobre os conceitos de
currículo e didática de forma generalista na educação. Conhecer tais temáticas,
em linhas gerais na educação, nos propiciará agora mais entendimento acerca da
importância de tais temáticas no contexto educacional dos alunos surdos.
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UNIDADE 3 | CURRÍCULO E DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
A cultura surda não é neutra, pois marca territórios que são estabelecidos
pelos surdos (SILVEIRA, 2006). Existe uma relação intercultural, de trocas
e compartilhamento de ambas as culturas (ouvintista e surda). Quando os
ouvintes querem se aproximar, compreender esta cultura tão profunda e rica, é
preciso contato regular – é preciso frequentar comunidades surdas, sendo elas
associações, denominações religiosas, entre outros. O contato com a comunidade
surda é fundamental para que possamos conhecer profundamente a sua língua.
Contudo, cabe aqui destacar que de nada adianta ter vocabulário sem nada saber
a respeito da cultura surda e vice-versa.
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TÓPICO 1 | CURRÍCULO E DIDÁTICA VERSUS CULTURA SURDA
3 ARTEFATOS CULTURAIS
O conceito de cultura já definimos anteriormente. Agora, abordaremos
os artefatos da cultura surda. Strobel (2008) explica que o vocábulo artefato pode
estar relacionado a objetos ou materiais produzidos, mas que também engloba o
modo de ver e sentir de determinado grupo. Os artefatos culturais presentes na
cultura surda que Strobel (2008) explana e aqui iremos destacar são: a experiência
visual, o linguístico, o familiar, a literatura surda, a vida social e esportiva, as
artes visuais, a política e os materiais. Analisaremos a seguir, com senso crítico,
cada um deles.
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Strobel (2008, p. 44) defende que “A língua de sinais é uma das principais
marcas da identidade de um povo surdo, pois é uma das peculiaridades da
cultura surda, é uma forma de comunicação que capta as experiências visuais
dos sujeitos surdos [...]”.
Por esta e muitas outras razões, é necessário que, desde a infância, a criança
surda tenha contato com a língua de sinais, tendo em vista que isso possibilitará
maior segurança, autoestima e autoafirmação da identidade. Quando a criança
desenvolve uma identidade cultural com o seu grupo, os surdos, ela apresentará
uma socialização satisfatória e se incluirá mais facilmente ao povo ouvinte.
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TÓPICO 1 | CURRÍCULO E DIDÁTICA VERSUS CULTURA SURDA
Caso contrário, a criança não será incluída em nenhum dos contextos, nem nos
ouvintes, nem nos surdos, havendo, consequentemente, sérias limitações sociais
e linguísticas.
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TÓPICO 1 | CURRÍCULO E DIDÁTICA VERSUS CULTURA SURDA
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TÓPICO 1 | CURRÍCULO E DIDÁTICA VERSUS CULTURA SURDA
DICAS
O livro As imagens do outro sobre a cultura surda, da autora surda Karin Strobel (2008), é
leitura obrigatória para as pessoas que ainda não possuem contato com a comunidade surda,
pois trata de assuntos comuns sobre a perspectiva de um surdo, no caso, a própria autora. O
livro traz uma série de questionamentos e reflexões acerca da forma como a sociedade vê
os indivíduos surdos. Um deles diz respeito à cultura e à existência de um povo surdo ou de
uma comunidade surda.
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Giroletti (2018, p. 142) afirma que “[...] há certo mito de que todos os
surdos podem ensinar a língua, mas não é bem assim, os surdos precisam ter
formação didática e metodologia apropriada ao processo de aquisição da Libras
como L1 e L2”. O Decreto nº 5.626/2005 garante ao surdo prioridade nos cursos
de formação, mas o ensino da Libras não é obrigatoriamente feito somente pelo
surdo. A lei destaca a prioridade do surdo e não a obrigatoriedade disso.
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RESUMO DO TÓPICO 1
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AUTOATIVIDADE
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UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Já abordamos a relevância do entendimento de cultura
surda, que é rica e cheia de artefatos culturais que merecem maior visibilidade e
reconhecimento.
Silveira (2006) relata que, muitas vezes, os alunos surdos são rotulados
pelos professores como alunos com atrasos intelectuais, quando na verdade
muitos destes alunos surdos apresentam dificuldade de aprendizagem, não
necessariamente relacionados à sua capacidade cognitiva ou intelectual. “[...]
em muitos momentos as pessoas continuam vendo o surdo como deficiente, [...],
portanto necessitariam falar. Esquecem-se de que o surdo fala, fala com as mãos
e, por ter uma língua gesto-visual, o visual é de sua (sic) importância para sua
aprendizagem” (SILVEIRA, 2006, p. 119).
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TÓPICO 2 | CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
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DICAS
Comunicação total: esta abordagem filosófica iniciou na década de 60. O objetivo é fazer
acontecer a comunicação entre surdos e ouvintes propondo abordagens alternativas
permitindo ao surdo se expressar (combina língua de sinais, gestos, mímicas, leitura labial).
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TÓPICO 2 | CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
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TÓPICO 2 | CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Perlin (2000, p. 23) apud Silveira (2006, p. 35) afirma que quando a cultura
surda não está presente no currículo, o sujeito surdo não tem representações e
por isso não consegue construir sua própria trajetória. Devido a isso, é muito
importante que o currículo seja adaptado de forma plena à identidade cultural de
todos os alunos, independentemente de serem surdos ou não, tornando possível
a execução de um trabalho com novas propostas metodológicas. Reis (2013, p. 65)
confirma que o currículo cultural
currículo já por vários anos. Estes permaneciam intactos, sem alterações. Ainda,
alguns conteúdos constavam de forma repetida ao longo dos anos, o que dá a
entender não haver real evolução nos conceitos. Mas nem tudo está perdido, em
uma das escolas em que Silveira realizou seus estudos, visualizamos a forte marca
de identidade cultural presente em um dos currículos estudados.
LEGISLAÇÃO HISTÓRIA /
ESPAÇO/ - Leis LIBRAS TEMPO:
PERTENCIMENTO: - Leis Acessib. - do escola
- Cidade p/ Surdos - Leis 10% Trab. - do RS
- Univ. p/ Surdos - Leis Passe Livre - do BR
- Café p/ Surdos - do mundo
- Assoc. Surdos - do corpo
(Comunidade Surda) disciplinado
- Escola p/ Surdos - FENEIS
- Esportes/ Recr./ Lazer p/
Surdos
- Progr. 3o idade
- Cursos Pedag/ Capacit/
Digitação etc. p/ Surdos LITERATURA
IDENTIDADE - Poesia
CULTURAL - CL
- Arte
LS
POLÍTICA - História
- Inclusão x Exclusão - Gramática
- Alteridade - CL
- Educação Surdos x Ed. - Config. das mãos
Especial - Expressão
-PPDs x Surdos - SW
- Dicionário/
vocabulário
MÍDIA
- Jornal p/ surdos
- Revista da Feneis
TECNOLOGIA - TV
- TDD - Cine
- Celular - Vídeo
- Gibi
PODER / SABER
- Epistemologia
- Surdez X Ser Surdo
SAÚDE / CIÊNCIA PIADA
- Opressão / Preconceito
INTERFACES: - Conto
- Violência
- Internet - Humor
- Movimentos Surdos
- Genoma / Genética - Gibi p/ surdos
- Direitos Humanos dos
- Gênero - Teatro
Surdos
- Doenças
- Identidade Surda /
Sujeitos
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TÓPICO 2 | CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Sobre a Arte Surda, Silveira (2006) afirma que ela está relacionada à cultura
e por isso precisa da identidade e da comunidade surda, desta forma expressando
valores e identidades. “Trabalhar a arte surda não é só produzir e sim também
interpretar, procurando relacionar o significado do que é visto” (SILVEIRA,
2006, p. 87). A autora ainda disserta a respeito de outro aspecto importante: o
da formação continuada. O docente surdo ou ouvinte que atua na educação de
surdos deve atualizar-se de forma constante. Sempre há o que aprender.
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TÓPICO 2 | CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Esta citação nos remete a várias reflexões. Até que ponto os conteúdos
abordados em sala de aula são realmente úteis aos alunos surdos? É tão difícil
assim adaptar o currículo? A legislação vigente permite tais adaptações?
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DICAS
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TÓPICO 2 | CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
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DICAS
• A coleção Estudos Surdos é de grande valia, pois proporciona acesso às últimas pesquisas
e conhecimento específico confiável.
• Esta coleção pode ser acessada de forma gratuita na internet no seguinte endereço: <http://
editora-arara-azul.com.br/site/e-books>. Acesso em: 24 maio 2018.
• Aproveite a oportunidade.
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RESUMO DO TÓPICO 2
135
AUTOATIVIDADE
I- Adaptações curriculares
II- Adaptações relativas
III- Adaptações individualizadas
136
UNIDADE 3
TÓPICO 3
DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Estamos finalizando nosso percurso de estudos no
que diz respeito ao Currículo e Didática na Educação de Surdos. Neste tópico,
aprofundaremos nossos conhecimentos no que tange à didática em si a fim de
melhorar o nosso desempenho na prática pedagógica diária, além de discutirmos
a importância da didática cultural e do planejamento na educação de surdos.
Pedagogia da Diferença, Pedagogia Surda e Pedagogia Visual também serão
temas abordados neste tópico.
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TÓPICO 3 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
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SUGESTÕES DE LEITURA
Neste artigo, Perlin disserta a respeito da relação que deve existir entre
cultura dos surdos e a pedagogia.
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TÓPICO 3 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
uma estratégia e contestação para as nossas lutas pela cultura surda” (PERLIN;
REZENDE, 2011, p. 35). Portanto, novamente destacamos o papel relevante
que o planejamento tem na didática cultural. Sem planejamento, é impossível
avançarmos didaticamente.
DICAS
Estas ideias ajudarão você, professor(a) de Libras e também nas escolas de surdos/bilíngues/
inclusivas. Karin Strobel e Israel Cardoso são os administradores do grupo, ambos com vasta
experiência na educação de surdos. Trata-se de um material muito rico. Acesse!
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UNIDADE 3 | CURRÍCULO E DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Plano de Ensino:
Disciplina: Língua de sinais
Tema cultural I: O discurso da mídia sobre o surdo.
Objetivo: Este tema tem como objetivo trabalhar com a mídia em suas diversas
manifestações sobre o que ela representa na sociedade para a divulgação da
imagem do sujeito surdo, como forma de produção não somente de saberes,
mas também de subjetividades.
Justificativa: Estamos escolhendo a mídia que é uma das múltiplas formas, a
mais forte, para influenciar a opinião pública sobre os surdos. Sei que além
desta tem muitas outras formas, por exemplo: os espaços da inclusão, da
educação especial, os documentos do MEC, as narrativas de certos grupos
culturais e mesmo as narrativas dos surdos. Todas elas falam do sujeito surdo.
Estamos nos servindo do campo teórico dos Estudos Culturais como pano de
fundo, ele alimenta a ideia da necessidade de colocar a identidade surda como
diferente do ouvinte. E a partir de então, avaliar como a mídia representa a
identidade surda. A ideia de trabalhar com o discurso da mídia visa despertar
para o sistema de representação do surdo. Pensamos que é importante
desenvolver entre os surdos um trabalho em que seja problematizada a ideia
de anormalidade, de deficiência, e aqueles conceitos que dizem que os surdos
têm língua de sinais inferior, etc...
Subtemas a serem tratado na parte I:
Os alunos serão motivados na aula anterior, bem como a professora
participa para trazer qualquer recorte de notícia, DVD, filme que implique
em Representações do surdo na mídia. A mídia constantemente tem citado
o nome dos surdos, e não é uma citação única. Há alguns títulos bastante
complexos, como: O surdo usa do olfato; Filhos do silêncio; Surdo-mudo;
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TÓPICO 3 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Deficiente surdo. Sei que as maiores menções dos surdos na mídia estão nas
páginas policiais, onde se noticia que alguns surdos roubam, se suicidam etc.
Todos estes têm algo que nos colocam em um mundo menor, como se nossa
vida fosse ruim. Difícil é encontrar algo que diga de nossa diferença, nossa
felicidade de sermos o que somos, a beleza de nossas construções culturais.
Parece que a representação do surdo gira em torno da deficiência, do ruim, do
feio, do menos bom.
Subtema a ser tratado na parte II
Sobre a Identidade dos surdos: eles não têm uma identidade, mas múltiplas
identidades. Elas são multifacetadas e se apresentam de forma única. Às
vezes, dá para agrupá-las como no texto de Perlin (1998), porém preferimos
utilizar a forma individual de identidades. Leitura do texto e debate.
Subtema a ser tratado na parte III
A verdade da diferença surda: O momento é próprio para o surdo se
conscientizar de sua diferença e entender que ser surdo não é uma fatalidade
como pensam e que nosso mundo não é tão ruim e tão negro como atribuem.
O trabalho nesta parte deve elaborar questões para enfrentar a mídia e tentar
mudar o quadro. Inclusive justifico este trabalho pela importância de se estudar
nossa diferença e de se colocar uma forma não agressiva de nos defendermos
dos estereótipos e preconceitos gritantes que a sociedade apresenta contra
nós, nos lançando na exclusão. Nossa capacidade de enfrentar e fazer
valer os nossos direitos deve ser colocada aqui. No entanto, na resistência,
sem violência, sem ofensas aos ouvintes e trabalhando de forma que eles
reconheçam nossa diferença.
Estas três partes satisfazem para a necessidade de enfatizar a diferença surda
diante do ouvinte. Não é possível que nos mantenhamos no mundo como
excluídos e sem participação social. Não é possível que nos mantenhamos
à margem do desenvolvimento, por exemplo, se os ouvintes se beneficiam
da TV pelo mostrar social sobre valores reinantes, nós temos e devemos nos
beneficiar da TV para elucidar nossa diferença, o que somos, e também temos
direito de não nos considerarem párias sociais com o exemplo descrito no
trabalho do subtema I.
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UNIDADE 3 | CURRÍCULO E DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
DICAS
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TÓPICO 3 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Reis (2013, p. 87) conclui que “É importante trabalhar nesta prática para
perceber como é o jeito cultural de se ensinar para alunos surdos na sala de aula de
uma forma diferenciada, específica e bilíngue, promovendo, assim, transgressão
pedagógica dos professores surdos”.
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UNIDADE 3 | CURRÍCULO E DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
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TÓPICO 3 | DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
O povo surdo sonha com a pedagogia surda, pois sabe que somente esta
proposta contempla a subjetividade do jeito surdo de ser. O contexto educacional
avançou a passos largos nos últimos anos, porém, ainda presenciamos
transformações urgentes que precisam ocorrer.
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UNIDADE 3 | CURRÍCULO E DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
SUGESTÃO DE LEITURA
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RESUMO DO TÓPICO 3
149
• A pedagogia visual é uma nova demanda da sociedade que impele, pressiona
a educação formal a modificar ou criar novos conceitos ou denominações para
a pedagogia visual, reorientando os processos de ensinar e aprender. Campello
(2007) defende que a Libras, com as suas características viso-espaciais, inscreve-
se no lugar da visualidade e, por isso, encontra na imagem uma grande aliada
junto às propostas educacionais e às práticas sociais.
150
AUTOATIVIDADE
1 Tardiff (2002) apud Silveira (2006) afirma que os saberes dos professores se
integram de formas diferentes no trabalho docente, ou seja, cada professor
carrega consigo um contexto social e histórico que influencia na sua
metodologia de trabalho. Sobre os saberes dos professores, associe os itens,
utilizando o código a seguir:
2 “A Didática Cultural dos Surdos existe desde que o surdo encontrou o surdo”
(PERLIN; REZENDE, 2011, p. 28). Apesar de parecer óbvio que a Didática
Cultural é a melhor opção na educação de surdos, ainda presenciamos
didáticas de cunho tradicionais que em nada agregam à identidade cultural
do sujeito surdo. Sobre a Didática Cultural, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) Pedagogia Tradicional.
b) ( ) Pedagogia da Diferença.
c) ( ) Pedagogia Surda.
d) ( ) Pedagogia Visual.
a) ( ) Pedagogia Surda.
b) ( ) Pedagogia Tradicional.
c) ( ) Pedagogia da Diferença.
d) ( ) Pedagogia Visual.
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REFERÊNCIAS
A educação que nós, surdos, queremos e temos direito. Documento elaborado
pela comunidade surda. Bahia, Universidade Federal da Bahia, 2 de novembro
de 2006. Disponível em: <www.eusurdo.ufba.br/arquivos/educacao_surdos_
querem.doc>. Acesso em: 30 abr. 2018.
153
______. Decreto 5.626. Regulamentação da Lei nº 10.436. Brasília, 2005.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/
decreto/d5626.htm>. Acesso em: 13 maio 2018.
156
MORGADO, J. C. Educar no século XXI: que papel para o(a) professor(a)? In:
MOREIRA, A. F. B.; PACHECO, J. A; GARCIA, R. L. (orgs.). Currículo: pensar,
sentir e diferir. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
157
POPKEWITZ, T. S. Lutando em defesa da alma: a política do ensino e a
construção do professor. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SÁ, N. R. L. de. Cultura, poder e educação de surdos. 2. ed. São Paulo: Paulinas,
2010.
SANTANA, Ana Lucia. A filosofia de Rousseau. 2016. Disponível em: < http://
www.infoescola.com/filosofia/a-filosofia-de-rousseau/>. Acesso em: 17 abr. 2018.
158
______. Teoria cultural e educação: um vocabulário crítico. Belo Horizonte:
Autêntica, 2000.
159