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Naicila SábadoLuís

Causas da desistência escolar da rapariga: estudo de caso Escola Primária Completa de


Chotama – Morrumbala

Licenciatura em Administração e Gestão Educacional

1° Ano

Universidade Licungo
Caia
2020
Naicila SábadoLuís

Causas da desistência escolar da rapariga: estudo de caso Escola Primária Completa de


Chotama – Morrumbala

1° Ano

Trabalho de Carácter Avaliativo da Cadeira de


Metodologia Investigação Cientifica a ser entregue
no ao Departamento de Ciências de Educação e
Psicologia.

dr:

Universidade Licungo
Caia
2020
Índice
1. Introdução..................................................................................................................3

1.3. Justificativa.........................................................................................................5

1.4. Objectivos...........................................................................................................6

1.4.1. Objectivo geral................................................................................................6

1.4.2. Objectivos específicos.....................................................................................6

1.5. Hipóteses.............................................................................................................7

1.6. Delimitação do tema...........................................................................................7

Capítulo II. Enquadramento teórico..................................................................................8

2.1. Educação.............................................................................................................8

2.2. Direito.................................................................................................................8

2.3. Desistência escolar..............................................................................................9

2.4. Teoria das necessidades de Maslow.................................................................10

2.5. Educação como um direito...............................................................................11

2.6. As políticas educativas do Banco Mundial.......................................................12

2.7. Causas da desistência escolar...........................................................................14

2.7.1. Causas Sócio-Culturais.................................................................................14

2.7.2. Causas internas à escola................................................................................17

Capitulo III - Metodologia...............................................................................................21

3.1. Quanto a natureza.............................................................................................21

3.2. Quanto a abordagem do problema....................................................................21

3.3. Quanto aos objectivos.......................................................................................21

3.4. Quanto aos procedimentos técnicos..................................................................22

3.5. População e amostra.........................................................................................22

3.6. Técnicas de recolha e análise de dados.............................................................22

3.7. Descrição do local de estudo............................................................................23


4. Cronograma de Actividade......................................................................................24

4.1. Orçamento.........................................................................................................24

Referências bibliográficas...............................................................................................25

Anexos.............................................................................................................................29
1. Introdução

As desistências são uma realidade no país e constituem uma grande preocupação para as
estruturas educacionais, pais e encarregados de educação.

As desistências têm comprometido o processo de ensino e aprendizagem e o rendimento


escolar dos alunos, principalmente da rapariga o que acaba atingindo o seu futuro, e isso
levou-nos a questionar as reais causas por detrás deste fenómeno dentro das escolas
moçambicanas. A UNESCO, refere que 67 milhões de crianças estavam fora da escola
em 2008, e das quais mais de um terço viviam em países de renda baixa como é o caso
de Moçambique. (UNESCO, 2011:40)

A Constituição da República de Moçambique, no artigo 122, afirma que “o Estado


promove, apoia e valoriza o desenvolvimento da mulher e incentiva o seu papel na
sociedade, em todas as esferas da actividade política, económica, social e cultural”. A
educação estando inclusa, pois estamos de acordo que uma população educada é
fundamental para o desenvolvimento nacional, e que a educação é um factor chave na
promoção do bem-estar social e na redução da pobreza.

O Plano de Acção e Redução da Pobreza Absoluta PARPA (2000-2004), por sua vez
prevê uma atenção especial a rapariga em assegurar o acesso a escola e a manutenção
desta dentro do sistema educacional através da sensibilização dos pais e encarregados de
educação e a comunidade educativa sobre os benefícios da escola.

A rapariga encontra-se sempre em grande desvantagem no que diz respeito a retenção e


conclusão do ciclo escolar, 43% dos homens são alfabetizados contra 13% das mulheres
alfabetizadas no sul do pais, e a media dos homens alfabetizados é de 38% contra 27%
das mulheres em todo pais. (FDC, 2000:11)

O presente trabalho tem como tema: Causas da desistência escolar da rapariga: estudo
de caso Escola Primária Completade Chotama – Morrumbala

O mesmo obedecera a seguinte estrutura: no primeiro capítulo encontramos a


introdução, delimitação do problema a justificativa e os objectivos. No segundo capítulo
define-se os principais conceitos e estudos realizados nessa área. No terceiro capítulo
encontramos a metodologia. No quarto debruçamos sobre a desistência no contexto
moçambicano. No quinto estarão disponíveis a referências

1.2. Contextualização e problematização

Ao estabelecer o ensino gratuito e priorizar o campo da educação, o governo


moçambicano comprometeu-se a garantir a igualdade de acesso a escola para rapazes e
raparigas, mais na prática a realidade escolar ainda é muito hostil e perigosa para a
rapariga.

Segundo o Relatório de avaliação do Plano Estratégico de Educação e Cultura (2006-


2010/11), a rede escolar tem sofrido uma expansão desde a assinatura dos acordos de
paz em 1992 e a taxa de admissão no EP1, quase atingiu proporções universais, durante
esse período, a taxa bruta de admissão na 1ª classe aumentou 59% para 123%, enquanto
a taxa bruta de escolarização aumentou de 60% para 112,7% e o número de escolas
aumentou de 2800 para mais de 8000.

Contudo, os índices internos de qualidade e eficiência não apresentam o mesmo padrão


de desenvolvimento. Desde 1992 os indicadores de eficiência e qualidade, tais como as
taxas de reprovação e desistência, a proporção de professores qualificados, o número de
turmas e o número de horas diárias de instrução não desenvolveram. (idem)

O nível de acesso no EP1 é muito alto, mas as taxas de conclusão e reprovação não
apresentam o mesmo grau de sucesso. A proporção dos alunos que concluem o ciclo
completo do ensino primário (1ª a 7ª classes) permanecem baixas, dos 100 alunos que
ingressaram na 1ª classe, apenas 37 sobrevivem ate a 5ª classe, na 7ª classe apenas 15
alunos permanecem no sistema. (Idem)

Dadas as altas taxas de reprovação e desistência a medida que os alunos progridem no


sistema a alta taxa de acesso da 1ª classe torna-se muito menos significante. As fracas
taxas de sobrevivência ao longo das sucessivas classes, significam que apesar do aceso
inicial ser relativamente elevado, a taxa de conclusão no EP1 é baixa. E a situação é
ainda alarmante no EP2, a taxa de conclusão era de 40% em 2003 no EP1, mas apenas
de 17% no EP2. As taxas de conclusão tendem a ser mais baixas no caso das raparigas e
entre os alunos que frequentam as escolas em regiões norte e centro do país, por
exemplo enquanto a taxa de conclusão no EP1 em 2003 era de 48,2% no caso dos
rapazes, para as raparigas era apenas de 31,9%. (Idem)
No ano de 2015 desistiram na Escola Primária Completa de Chotama 46 alunos em
todos os níveis de ensino, sendo destes 27 raparigas respectivamente, sendo que a classe
com mais índices de desistência registou foi a 2ª classe com 7 alunos, seguida pela 4ª e
5ª classe com seis alunas para cada e por fim a 6ª e 7ª classe com 8 alunas, como mostra
o quadro abaixo:

Quadro.1. Taxas de desistência na EPC de Chotama – Morrumbala

Ano 2018 Alunos no Alunos Desperdício % Alunos no


inicio do ano transferidos / desistência Desistência fim do ano
Classe M HM M HM M HM M HM M HM
1ª,2ª 151 309 ……. …… 2 2 1% 1% 149 307
3ª,4ª e 5ª 150 311 ……. ……. 9 9 2,9% 2,9% 147 302
6ª,7ª 24 68 ……. ……. 15 15 5,9% 5,9% 23 67
Total 325 688 ……. ……. 26 26 …… …… 319 676
Fonte: aproveitamento pedagógico final E.P-C/M-2018

Os enunciados acima confirmam o esforço feito não só pelo nosso governo mas também
por entidades internacionais, para garantir o acesso e retenção da rapariga na escola.
Mas ainda assim, a rapariga continua sendo marginalizada dentro e fora do sistema
educacional, pois se consegue ter o acesso a educação encontra dificuldades para
continuar na escola, daí que surge a questão:

 Quais são as causas da desistência escolar da rapariga, na escola primária


completa de Chotama – Morrumbala?

1.3. Justificativa

Este trabalho surge da necessidade de promover a igualdade e equidade de oportunidade


no acesso a educação. Medidas concretas passam necessariamente pela criação de um
ambiente escolar sensível ao género, através da identificação e definição das
modalidades de organização do processo educativo, sensibilização da sociedade para a
redução da carga de trabalho doméstico da rapariga providenciando o acesso a água e a
diminuição dos gastos em combustível lenhoso através de fogões melhorados; aumento
de numero de professoras, recrutando-as nas respectivas comunidades e melhorando as
condições de vida e de estudos nos centros de formação e concessão de apoio financeiro
para compra de material escolar (Politica Nacional de Educação e Estratégias de
Implementação -1995).
Espera-se com este estudo contribuir no contexto social, para alertar os pais e
encarregados de educação e sociedade no geral sobre as verdadeiras causas da
desistência escolar da rapariga no ensino primário. Pois pensamos que o que dificulta ou
impede o acesso e a conclusão do ensino a rapariga é o sistema ou as políticas
educacionais do país. E está comprovado através da Política Nacional de Educação e
Estratégias de Implementação e outros documentos aqui citados que Moçambique
sempre teve como enfoque o acesso a educação a rapariga, e desde sempre a
importância da escolarização da mulher, para que seja útil na sociedade, mas também
uma boa gestora da família. Para isso, há necessidade de que ela tenha um certo grau de
escolaridade para que não ponha em risco a saúde e a vida dos seus filhos, em caso de
doenças saiba interpretar as indicações médicas, ajude os filhos a fazer os deveres de
casa, para que eduque os seus filhos transmitindo conhecimentos claros e coesos acerca
da vida e mostrando quão importante é a escola, pois o nível de instrução da mãe quase
sempre reflecte-se nos filhos, e ultimamente com o crescimento e desenvolvimento do
país tem aumentado esse interesse, pois, as mulheres vem lutando para um lugar de
destaque na sociedade e o próprio governo também tem mostrado boa vontade em
relação a isso.

Ao nível académico, torna-se útil estudar sobre a desistência escolar, na visão de


sensibilizar a comunidade escolar sobre as reais causas da desistência escolar e como a
escola de uma forma directa ou indirecta contribui para que isso aconteça e também
sobre os efeitos negativos que isso trás para a nossa sociedade.

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral

 Analisar as causas da desistência escolar da rapariga na Escola Primária Completa


Chotama – Morrumbala.

1.4.2. Objectivos específicos

 Discutir as causas da desistência escolar ;

 Identificar os índices de desistência escolar da rapariga na Escola Primaria


Completa de Chotama – Morrumbala
 Compreender o posicionamento dos professores e membros da direcção face ao
abandono escolar da rapariga da Escola Primária Completa de Chotama –
Morrumbala.

1.5. Hipóteses

Para esta pesquisa foram levantadas as seguintes hipóteses:

 Falta de conhecimento da importância da escolaridade nas suas vidas.

 O papel que a escola desempenha em diferentes contextos sociais.

1.6. Delimitação do tema

O estudo será realizado na Escola Primaria Completa de Chotama – Morrumbala


nodistrito de Morrumbala, província da Zambézia, num intervalo correspondente a 4
anos respectivamente 2015 a 2019, tendo como foco as causas das desistências
escolares dos alunos daquela escola.
Capítulo II. Enquadramento teórico

No presente capítulo, vamos definir os conceitos - chaves do trabalho, como também,


consolidar mais aspectos relacionados a desistência escolar considerando a visão de
vários autores.

2.1. Educação

Cotrim e Parisi (1985), consideram educação como um processo de adquirir


experiências que actuam sobre a mente e o seu físico. Essas experiências influenciam o
comportamento em termos de ideias ou acções, enquanto outros poderão ser rejeitados e
não assimilados.

Nérci (1989), considera a educação como um processo de capacitação do indivíduo no


sentido de, orientá-lo a agir conscientemente mediante as diversas situações do
quotidiano, correlacionando aprendizagens anteriores com o intuito de garantir a fácil
integração de cada indivíduo, com isso não excluindo as necessidades indivíduas nem
colectivas.

Para Durkheim (2001), a educação é uma interacção entre gerações novas e adultas.
Sendo as adultas as que orientam as novas no sentido de prepará-los para a vida social,
com intuito de lhe fornecer certos estados físicos, intelectuais e morais.

E desta forma, o papel da educação consiste em integrar a pessoa no meio social onde
ela vive, convive, trabalha e se diverte, por meio da educação a pessoa socializa-se,
adquire conhecimentos que poderão ser úteis no presente e no futuro.

2.2. Direito

Segundo Kelsen (1998), direito é uma ordem normativa da conduta humana, ou seja,
um sistema de normas que regulam o comportamento humano.

Gusmão (2002) define direito como um conjunto de normas executáveis coercivamente,


reconhecidas ou estabelecidas e aplicadas por órgãos institucionais
Para Rão (s/d) direito é um sistema de disciplina social fundado na natureza humana que
estabelecendo nas relações entre homens uma proporção de reciprocidade nos poderes e
deveres que lhe atribui, regula as condições de existência dos indivíduos e dos grupos
sociais e em consequência da sociedade mediante normas coercivamente impostas pelo
poder público.

2.3. Desistência escolar

Etimologicamente, a palavra desistência vem do latim, o que significa “malogro, mau


êxito, falta de sucesso que se desejava” ou ainda desastre fracasso. O termo desistência
ou fracasso é habitualmente referenciado por analogia ao termo abandono que advêm do
latim, o qual assume, entre outros, os seguintes significados “ o mau êxito, perda,
malogro”. Portanto, no decorrer do trabalho termos como desistência, abandono ou
fracassos são considerados similares.

Benavente (1976), a partir de diversos estudos, reuniu para esta designação vários
termos nomeadamente, abandono, desperdício, desadaptação, desinteresse,
desmotivação fracasso. Face a esta terminologia pode-se afirmar que o termo
desistência escolar refere-se ao abandono da escola pelos alunos sem atingirem a meta
desejada, pois a desistência leva as reprovações, repetências e mau rendimento escolar,
originando o insucesso escolar.

O mesmo autor refere que a questão de desistência escolar pressupõe a coexistência de


inúmeros factores que incluem as políticas educativas, as questões de aprendizagem, aos
conteúdos e mesmo a relação pedagógica que se estabelece. Contudo da ênfase aos
problemas que os alunos não conseguem resolver nomeadamente:

 Entre a escola e a realidade em que vivem;

 Entre as aprendizagens exigidas pela escola e as da família e do meio social;

 Entre as aspirações, normas e valores da família e as exigências da escola;

Marchesi e Perez (2004) defendem que o termo de desistência escolar é ainda mais
discutível por enquanto encerra algumas ideias: em primeiro lugar, a ideia de que o
aluno “fracassado” não progrediu praticamente nada em âmbito dos seus conhecimentos
escolares, nem a nível pessoal e social, o que não corresponde em absoluto a realidade.
Em segundo lugar, porque o termo “fracasso” oferece uma imagem negativa do aluno
ao mesmo tempo que centra neste, toda a responsabilidade do insucesso escolar,
esquecendo a responsabilidade de outros agentes e instituições como condições sociais,
a família, o sistema educativo ou a própria escola”.

Depois de discutido a terminologia da desistência escolar, os autores acima encaram o


presente termo de forma unânime ao considera-lo como sendo um acto de deixar ou
abandonar os estudos ou a escola antes do término do período/ciclo, sem atingir os
objectivos pretendidos.

2.4. Teoria das necessidades de Maslow

A teoria das necessidades foi apresentada por Abraham Maslow na metade do século
XX, como resultado dos seus estudos sobre o comportamento humano. Esta teoria é
uma das mais importantes no campo motivacional, pois ela busca explicar o que motiva
os indivíduos a partir das necessidades humanas, que obedecem uma hierarquia, onde
para a satisfação do topo temos que satisfazer primeiro a base. (Texeira, 2005)

Figura.1. hierarquia das necessidades de Maslow.

Fonte: Teixeira, (2005)

Necessidades fisiológicas: referem-se a alimentação, abrigo, repouso, ar, etc.

Necessidades de segurança: dizem respeito a protecção contra perigo ou privação, ou


seja, contra violência, a doença, a guerra, a pobreza, etc.

Necessidades sociais: tem a ver com a afeição, a inclusão nos grupos, a aceitação e
aprovação pelos outros;

Necessidade de estima: englobam a reputação, o reconhecimento, auto-respeito,


admiração;
Necessidades de auto realização: referem-se á realização do potencial de cada
indivíduo, a utilização plena dos seus talentos.

Essa teoria contribui para o processo de ensino e aprendizagem a medida que explica a
importância do ciclo motivacional, pois quando este não existe no ambiente escolar,
causa desde comportamento ilógico até passividade e não colaboração por parte do
aluno.

O aluno precisa de ter as necessidades fisiológicas satisfeitas plenamente para que


consiga entender as aulas, a necessidade de estima é relevante pois o sucesso e o
insucesso do aluno depende muito de como ele se sente na sala de aula e na escola.
Através das necessidades sociais, o aluno sente-se integrado num certo grupo oque
motiva ainda mais a sua vontade de ir a escola.

2.5. Educação como um direito

Segundo Marshall (s/d), a história do direito a educação escolar é semelhante a luta por
uma legislação protectora dos trabalhadores das indústrias nascentes, pois em ambos os
casos foi no século XIX, que se lançaram as bases para os direitos sociais como
integrantes da cidadania. O autor reafirma ainda que a educação é um pré-requisito do
exercício de outros direitos civis e para tal o saber ler e escrever é indispensável.

A existência de um direito, seja em sentido forte ou fraco, implica sempre a existência


de um sistema normativo onde por existência, deve entender tanto o simples factor
externo de um direito histórico ou vigente, quanto ao reconhecimento de um conjunto
de normas como guia da própria acção. A figura do direito tem como correlato a figura
de obrigação. (Bobbio, 1992)

A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, no seu artigo 26, defende que:

1. Toda a criança tem o direito a educação. A educação será gratuita, pelo menos no
ensino primário. A educação primária será obrigatória (….).

2. A educação será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade


humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais (…)
Tratar a educação como um direito humano significa que não deve depender das
condições do aluno ou estar sujeita somente as regras do mercado, e tão pouco as
condições sociais, culturais, de género ou étnicos, o mais importante é conseguir que
todas as pessoas possam exercer e estar conscientes desse direito.

Segundo Bobbio (1992), não existe actualmente nenhuma carta de direitos que não
reconheça o direito a educação, variando, somente, de sociedade para sociedade.

O direito a educação é anunciado numa serie de recomendações e directivas de


organizações internacionais tais como, a Convenção Europeia dos Direitos Humanos
(1950), a Convenção Contra a Descriminação no Domínio da Educação (1961), o
Pacto Internacional Sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966), a
Educação Relativa aos Direitos do Homem e as Liberdades Fundamentais (UNESCO
1974), a Convenção sobre os Direitos da Criança ONU (1989), a Declaração sobre a
Educação para a Paz, Direitos Humanos e Democracia (1995), entre outros, nos quais
se alargam e aprofundam as obrigações do estado com respeito ao direito a educação e
impõem condições para que a educação para todos seja uma realidade.

O direito a educação representa assim a possibilidade de todos os cidadãos verem


garantidas as condições para realizarem-se como pessoas, consciencializando-se face a
importância de respeitarem os direitos e deveres fundamentais que regem a vida social,
de assimilarem e praticarem os valores e padrões de vida comunitária.

Estêvão (2001), acrescenta que este direito insere-se na perspectiva da justiça social,
que considera a educação não tanto como algo que é possível dar mais ou menos em
sentido distributivo, mas antes em sintonia com a interpretação da educação como sendo
primeiramente um processo que tem lugar num complexo de relações sociais.

2.6. As políticas educativas do Banco Mundial

 O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), foi criado


juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1944, com o intuito
de realizar a reestruturação pós guerra nos pais europeus. De início foi atribuído
ao FMI o papel de órgão normativo e político, enquanto o banco mundial exercia
a função de órgão técnico e financiador de projectos específicos, porem, em
meados dos anos 70, o BIRD, inclinou-se para o lado político social nas nações
mais pobres, assim a erradicação da pobreza passou a ser a sua área. (Soares,
2007)

Silva (2002), esclarece que a preocupação do Banco Mundial com a redução da pobreza
no sector social a partir da administração de McNamara (1968-1981), passou a ver a
necessidade da expansão da educação - educação para todos - como essencial para o
desenvolvimento económico. Nesse contexto, o banco traçou as seguintes políticas
educativas:

 Prioridade na educação primária;

 Melhoria na eficiência da educação;

 Ênfase nos aspectos administrativos

 Descentralização e autonomia das instituições escolares entendida como a


transferência de responsabilidade de gestão e de captação de financiamento
enquanto ao estado restará manter centralizadas as funções de fixar padrões,
facilitar os insumos que influenciam o rendimento escolar, adoptar estratégias
flexíveis para aquisição e uso de tais insumos e monitorar o desempenho escolar;

 A análise económica com critério dominante na definição das estratégias

A análise económica mencionada no último ponto, constitui, segundo o Banco Mundial,


a metodologia principal para a definição das políticas educacionais. (Kruppa, s/d)

Segundo Lopes (2001), o Banco Mundial tem um poder importante na definição de


políticas económicas, nomeadamente na aplicação dos programas de ajustamento
estrutural, para os países em via de desenvolvimento, exercendo as suas acções através
de empréstimos que concede aos países em via de desenvolvimento.

Entretanto mesmo com direito a educação, inscrito em vários documentos internacionais


que defendem e tentam garanti-lo, vários países ainda enfrentam dificuldades para
manter as crianças dentro das escolas. Apesar das políticas traçadas pelo banco mundial
e do apoio que o mesmo concede aos países que querem alcançar a meta da educação
para todos mas não tenham fundos suficientes para tal, as crianças continuam fora da
escola em vários países por varias razões, dentre elas as desistências que continuam
sendo um fenómeno preocupante nas escolas de quase todo mundo.
2.7. Causas da desistência escolar

Neves (2012), na sua dissertação, resume o ponto de inicio das causas de desistência
escolar, onde recorre ao indivíduo, família, escola e meio envolvente, defendendo que
as causas da desistência escolar tem origem nas interacções desses quatro sistemas, e
que esta correlação pode ditar o abandono escolar, primeiro pelos aspectos sócio
culturais exigidas pela escola e ainda pelo perfil do aluno que esta escola necessita,
obviamente quem não se adequar ao padrão, terá incidência de afastar desse meio.
Nessa visão iremos correlacionar o ambiente externo considerando os aspectos sócio-
culturais, para aferirmos as causas e o ambiente interno a escola.

2.7.1. Causas Sócio-Culturais

Rumberguer e Lima (2008) discutindo sobre a desistência escolar na análise de 203


estudos, constataram o seguinte:

 Que o processo para abandono começa-se a fazer sentir com o rendimento baixo
por parte dos alunos;

 Comportamentos dos alunos no ambiente interno e externo da escola, que


incide-se mais com actos de faltas, actos delinquentes e abuso de substâncias
ilegais,

Os autores referem ainda que os dois aspectos, acima citados, tendem a diminuir quando
o ambiente familiar é estável e acesso a recursos sociais e financeiros influenciam de
forma significativa para o aluno permanecer no sistema escolar.

Brandão (1983), na sua pesquisa sobre a desistência e a repetência no ensino do 1º grau


do Brasil aponta a família como sendo determinante do fracasso escolar da criança, seja,
por não acompanhar as actividades escolares da criança ou pelas condições de vida que
a família oferece a criança. Destacam ainda que o factor importante para compreender
os determinantes do rendimento escolar é a família do aluno, sendo que quanto mais
elevado o nível de escolaridade da mãe, a criança permanecerá mais tempo na escola e o
seu rendimento será maior.

Guerreiro (1998), acrescenta que, as atitudes e crenças dos pais influenciam a


construção da personalidade e crenças dos filhos, assim sendo o valor atribuído pelos
pais a escola e as aprendizagens vai influenciar a representação que os alunos fazem das
mesmas.

Enquanto isso, Avanzini (1967) complementa apresentando o nível cultural do agregado


como sendo a causa que indiscutivelmente mais influencia o sucesso escolar. Uma
família rica culturalmente fornece a criança uma diversidade de estímulos que lhe
permite viver na escola uma continuidade do ambiente familiar ao invés de vivenciar
um passo entre ambos.

Lopez e Menezes (2002) Acrescentam apontando outras características familiares que


são fluentes no contexto do abandono escolar, como o tamanho e tipo de família,
existência de outra evasão no seio da família, educação da família e o nível
socioeconómico dos pais. Janosz (1997) complementa que pais mais permissivos com
pouca ambição educacional também são factores importantes para o abandono.

Muitas das vezes as famílias não têm consciência que o seu comportamento e atitudes
prejudicam o sucesso do filho na escola, todavia não é fácil para nenhum professor, ou
membro da escola informar isso abertamente, pois esta atitude provocaria reacções
agressivas, de tristeza ou magoas que de um jeito recairiam sobre a criança. (Avanzini
1967)

Queiroz (2002) aponta para os factores sociais com grande impacto na vida dos alunos,
o desemprego dos pais, necessidades de trabalhar para ajudar com as despesas da
família, ma companhias, problemas familiares e desinteresse pelo estudo. Queiroz por
meio de um estudo qualitativo apontou para os factores sociais como tendo alto impacto
na rotina dos alunos, como:

 Desemprego dos pais;

 Necessidade em trabalhar para ajudar nas despesas familiares;

 Problemas familiares;

 Desinteresse pelos estudos.

Por sua vez, Jimerson et all (2000), aponta que a qualidade do meio familiar e atenção
ou cuidados nas fases iniciais (12-24 meses de vida) diminuem a probabilidade de
evasão. Com isso o actor afirma que devemos considerar a desistência como um
processo de desenvolvimento, em que eventos ocorridos no passado têm efeitos
significativos na decisão de evasão presente.

Ramos et all (2008), reforça que os problemas financeiros das famílias ainda são um
factor preponderante para as saídas dos jovens do período diurno da escola. E Maksenas
(1998), acrescenta que alunos dos turnos nocturnos também das camadas trabalhadoras
chegam as escolas exaustos da maratona diária de trabalho e desmotivado pela baixa
qualidade de ensino acabam desistindo.

Por sua vez, Dupont e Ossandom (1987), identificaram o perfil de um potencial


desistente, apontando para o seguinte:

 Tem um fraco rendimento escolar;

 Vive mal a relação educativa;

 Sente ausência de empatia;

 Não se sente bem na sua pele de aluno;

 Não tem confiança em si mesmo, veicula consigo perspectivas de fracasso.

Para Avanzini (1967), algumas crianças não manifestam qualquer curiosidade, as tarefas
escolares não lhes interessam, não possuem uma disciplina favorita e muitas vezes são
desprovidas de expectativas futuras.

Santos (2009), defende que a desistência escolar nem sempre está ligada a falta de
vontade, motivação ou preguiça dos alunos. Além dos factores escolares, sócio
económicos e culturais o autor aponta algumas disfunções cognitivas, sensor ou motora,
como contribuintes para que o aluno não alcance os objectivos esperados.

Por sua vez, Montegner (1996), afirma que não é possível culpar sistematicamente a
criança e os seus possíveis défices cognitivos pela dificuldade de aprendizagem,
acrescentado que o obstáculo em aprender pode ser resultado de construção cognitivas
inacabadas ou mal consolidadas, desde o nascimento, ou mesmo antes deste, e de
acordo com Guerreiro (1998), leva a deteorização progressiva das atitudes com o
avanço da idade.
Marchesi (2006), destaca que aprender supõe esforço, e afirma que aprendizagem tem
como base a actividade mental do aprendiz, deve ser o mais consciente possível e
inclusive deve ser feito um esforço para relacionar a nova informação com a já existente
atribuindo-lhes um significado valido. Para o autor, o dinamismo do processo, com
avanços e recuos constantes provoca no sujeito uma reestruturação cognitiva que leva a
criação de modelos mentais ou remodelações dos existentes.

2.7.2. Causas internas à escola

Fukui (1983) e Cunha (1997), afirmam que a responsabilidade da desistência recai sobre
a criança e seu fracasso, mas que de facto a responsabilidade é da escola. Fukui (1983),
acrescenta ainda que os fenómenos desistência e repetência estão longe de serem fruto
de características individuais dos alunos e suas famílias, mas reflictamos como a escola
recebe e exerce acção sobre os membros destes diferentes segmentos da sociedade.

Vários estudos defendem que a escola “fabrica” o fracasso escolar de muitas das suas
crianças e jovens, afirmando assim que a perda de valores atribuída a assistência e
permanência num estabelecimento de ensino, também este relacionado com o que
acontece dentro dela. Não somente as crianças e jovens que pelo seu desenvolvimento
pessoal perdem o interesse pela escola mas também de alguma forma são expulsos dela,
(Rumberger 1961).

Benavante et all (1994), afirma que apesar da existência das causas múltiplas, não
devemos desviar atenção daquela que frequentemente é apontada como sendo uma das
principais razões: os alunos que abandonaram a escola foram por ela antecipadamente
abandonados.

Benavante e Correia (1980), citados por Sil (2004), acrescentam ainda que uma das
explicações para a problemática das desistências escolares é a própria escola, e os
mecanismos que operam nela, o seu funcionamento e organização, onde a necessidade
de diversidade e diferenciação pedagógica é sublinhada pela teoria sócio-institucional
que evidencia o carácter da escola na produção da desistência escolar do aluno.

Segundo Vaz (1994), a escola produz a violência em seu quotidiano; uma violência
subtil e invisível, ou violência simbólica, que se esconde também sob o nome de
abandono, pode ser inconscientemente promovida pelos próprios educadores, através de
regulamentos opressivos, currículos e sistemas de avaliação inadequados a realidade
onde esta inserida a escola, medidas e posturas que estigmatizam e descriminam e
afastam os alunos.

Lopez e Menezes (2002), afirmam que as reprovações sucessivas têm peso significativo
na decisão de continuar ou não os estudos, pois geralmente a repetência é seguida pelo
abandono escolar.

Segundo Costa e Menezes (1995), sejam quais forem as razoes, a repetência e a


reprovação constituem o primeiro passo em direcção a evasão escolar.

Numa análise do sistema educacional americano Bridgeland et al (2006), alertam para


as elevadas taxas de abandono escolar nos Estados Unidos, e os motivos para isso
através de uma pesquisa com os próprios estudantes, e obtiveram as seguintes respostas:

 O facto de terem reprovado em mais de uma classe.

 A falta de preparo anterior para anterior para compreender o material


apresentado em cada ano.

Sugerindo para o fim disto maior quantidades de docentes e que tenham melhores
qualificações, visando melhorar o currículo académico, e o interesse dos alunos, não
apenas a compreensão do material mas a importância do mesmo no futuro.

Sil (2004), defende que o professor é o elemento central do sistema educativo e


funciona como mediador entre o mundo social e a criança, a este deve ser dada a
autonomia necessária para que possa adequar o processo de ensino e aprendizagem em
função das capacidades e dificuldades do aluno.

É importante não esquecer que a função do professor não se resume a simples


transmissão de conhecimentos baseando-se no seu intelectual. Segundo Avanzini
(1969), o docente deve também construir situações que desenvolvam as atitudes e
comportamentos dos alunos. Deve tentar a todo custo ligar o ensino com as possíveis
situações do dia-a-dia.

Barcelo (2006), diz que a falta de eficiência do professor influencia na desistência, e


afirma que o professor não tem responsabilidade, chega tarde e somente pensa no
salário. Quando algum aluno fracassa, ele não analisa a situação e nem procura o modo
de ter sucesso profissional. Se há falta de interesse nos alunos, ele reflecte sobre o
processo e nem procura estratégias motivadoras para captar e manter a atenção dos
alunos.

A expectativa negativa do professor em relação a turma é outro factor que pode


influenciar no desempenho dos alunos. Como destaca Ramos et all (2008), a relação
aluno-professor mostra-se mecânica e distanciada, podendo acontecer em decorrência
de aspectos físicos, humanos e pedagógicos da estrutura escolar, que na sua opinião
precisam ser discutidos e reformulados. Os autores destacam ainda como explicação
para esse distanciamento o tempo estabelecido para cada disciplina, julgando como
insuficiente por muitos professores para se trabalhar os conteúdos de forma apropriada
em sala de aula, assim como a superlotação das salas e a falta ou precariedade de
recursos didácticos e pedagógicos, finalmente o despreparo do professor acaba
desenvolvendo um conteúdo descontextualizado e sem sentido para o aluno.

Bourdieu (1998), acrescenta que a escola não considera a contribuição que os alunos
trazem de casa, ou seja, o seu capital cultural.

Nerci (1989), advoga que, “…os professores que se dispõe a orientar a aprendizagem de
outrem para que alcance objectivos que sejam úteis à sua pessoa ou a sociedade ou
mesmo a ambos…” enquanto Pilletti (2003), diz que os melhores professores estão
profissionalmente em alerta, não vivem suas vidas confinados ou isolados do meio
social, tentam fazer da comunidade e particularmente da escola o melhor ambiente para
os jovens.

Da mesma maneira Libanêo (1994), afirma que o processo de ensino e aprendizagem e


uma actividade de interacção activa entre professores e alunos, organizada sob a
direcção do professor, com a finalidade de prover as condições e modos pelos quais os
alunos assimilam activamente conhecimentos habilidades, atitudes e convicções.

Do ponto de vista pedagógico, os autores dizem o mesmo que Piletti (2003) que defende
que “… o professor deve ser capaz de criar um ambiente melhor para os jovens…”. Isto
significa que o professor deve ser capaz de criar um ambiente agradável e acolhedor
dentro da sala de aula, capaz de fazer com que o aluno se adapte facilmente, e se sinta
enquadrado dentro da sala de aula, permitido assim ao aluno desenvolver as suas
capacidades e habilidades do saber. Criando assim um ambiente próspero que vai
transmitir segurança ao aluno e vai permitir-lhe conhecer o quão importante é a escola
para a sua vida no presente e que benefícios trará no futuro em especial a rapariga,
mostrando que ao invés de desistir para optar pelo casamento ou trabalhos domésticos
lucrativos continue optando pela escola.

Folquiè (1971), defende que a rapariga inadaptada é sempre frustrada como produto da
própria inadaptação, que pode ser devido a várias causas (pedagógicas erróneas,
insatisfação das suas reais necessidades, vivencias negativas, desconhecimento das
contingências da inadaptação, etc.) onde a soma de tantas frustrações origina a medida
de sentimentos de inferioridade.

Calda (2000), diz que a desistência escolar é um problema complexo e se relaciona com
outros importantes temas pedagógicos como forma de avaliação, reprovação escolar,
currículo e disciplinas escolares.

O autor complementa dizendo que para combater a desistência escolar é preciso atacar
as duas frentes: uma de acção imediata que busca resgatar o aluno evadido, e a outra de
reestruturação interna que implica na discussão na e avaliação das diversas questões
acima enumeradas.

E se a criança não tem carácter forte ou tolerância com a frustração, acaba desistindo as
aulas, e esta reacção trará efeitos ate sobre a sua vida adulta, pois as suas reacções serão
determinadas pelas frustrações experimentadas porque o abandono supõe a auto-retirada
ou, mais simplesmente para escapar a repreensões ou sanções.
Capitulo III - Metodologia

É na metodologia onde se traçam os passos a seguir para testar as hipóteses do estudo,


como também alcançar os objectivos. Desse modo, para o presente trabalho, detalhar-
se-á a pesquisa, seguindo a lógica da pesquisa quanto a natureza, ao problema, aos
objectivos, procedimentos técnicos, população e amostra de estudo assim como as
técnicas de recolha e análise de dados.

3.1. Quanto a natureza

Segundo Gil (1994), descreve dois momentos de natureza da pesquisa, a básica e


aplicada.

Pesquisa básica: objectiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência
sem aplicação prática prevista, envolve verdades e interesses universais.

Pesquisa aplicada: objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos


solução de problemas específicos, envolve verdades e interesses locais.

A presente pesquisa enquadra-se na pesquisa básica, por pretendermos gerar novos


conhecimentos científicos, mas a sua aplicação de ponto de vista prático, será de longo
prazo.

3.2. Quanto a abordagem do problema

Marconi e Lakatos (2010), considerando o rumo que o problema toma, referem que
podemos discutir a abordagem do problema de pesquisa, tendo em conta a visão
qualitativa e quantitativa.

A nossa pesquisa orienta-se na visão qualitativa pois procura analisar dados sem ter o
enfoque de traze-los sob forma numérica mas sim traduzi-los em inferências.

3.3. Quanto aos objectivos

Quantos aos objectivos, o presente trabalho enquadra-se na pesquisa exploratória, pois


pretendemos buscar maior familiaridade com o problema de pesquisa, considerando que
a mesma irá ao campo para confirmar esse problema. Podemos ainda assumir uma parte
descritiva dos nossos objectivos considerando que buscamos também discernir aquilo
que são as causas.

3.4. Quanto aos procedimentos técnicos

Quanto aos procedimentos, vamo-nos cingir-se na pesquisa bibliográfica. Pois segundo


Gil (1994), o presente método consiste no desenvolvimento do estudo a partir de
material já publicado, como livros, artigos, periódicos, Internet.

3.5. População e amostra

População como se refere Markoni e Lakatos (2010), são seres, que se podem
apresentar como seres animados ou inanimados, que apresentam pelo menos uma
característica em comum.

Como população para o presente estudo, teremos alunos, professores, membro da


direcção escolar da Escola Primária completa de Chotama.

Como modalidade de selecção da amostra, usaremos a de conveniência. Gil (1994)


defende que este tipo de amostra consiste em seleccionar elementos que satisfazem
aquilo que são as condições de estudo, nesse caso para o nosso estudo apenas
seleccionarmos professores e alunos que fazem parte da Escola Primária Completa
Acordos de Roma.

Ademais, a escola apresenta um número total de 21 professores que leccionam desde o


1º e 3º ciclo, nesses foram seleccionados 10 professores.

Em relação aos alunos, a escola apresenta um número total de 3102 alunos, dos quais
1542 são raparigas e1560 são rapazes, esses alunos encontram-se distribuídos na escola
desde a 1ª classe ate a 7ª classe.

Em relação aos membros da direcção escolar serão seleccionadas 2elementos,


nomeadamente o director e pedagógico.

3.6. Técnicas de recolha e análise de dados

Para o alcance da pesquisa, basear-se-á preferencialmente em duas técnicas de recolha


de dados entrevista e questionário.
Quanto a técnica de entrevista a mesma será aplicada aos membros da direcção escolar.
De salientar que será uma entrevista estruturada. Gil (1994) refere que esse tipo de
entrevista oferece um roteiro formalizado, daquilo que vai ser o desenvolvimento da
entrevista, e ainda traz vantagens, no sentido de proporcionar contacto directo com o
entrevistado.

Quanto ao questionário, esta técnica tem como objectivo conhecer as opiniões, crenças,
sentimentos, interesse, expectativas, situações vivenciadas. (Gil, 1999)

3.7. Descrição do local de estudo

O estudo será realizado na Escola Primária e Completa de Chotama, localizada na Zona


de Chotama no Distrito de Morrumbala Província da Zambézia.

A zona tem registado nos últimos anos um grande crescimento populacional contando
actualmente com cerca de 15.907 mil habitantes, dos quais 8.427 são mulheres e 7.480
são homens, segundo o censo de 2007.

A Escola Primária Completa Chotama tem uma estrutura dividida em quatro blocos, e
conta com 14 salas de aulas organizadas em 4 blocos respectivamente, e o 1º bloco
alberga a área administrativa, secretaria, sala dos professores, a sala do director, a sala
do director pedagógico, e duas salas de aulas, e o restante as salas de aulas.
4. Cronograma de Actividade

2015-2019
Actividades Meses
1a 2a 3 4a 5a 6a
a
7a 8a
Levantamento bibliográfico
Levantamentos de nr de alunos que abandoram a escola
Definição dos objectivos
Definição do problema e hipóteses
Digitação
Revisão da bibliografia
Metodologia
Caracterizarão da área de estudo
Cronograma de actividade e orçamento
Referências bibliográficas
Plano de controlo e avaliação
Entrega do trabalho
A Autora: 2020

4.1. Orçamento

Itens Valor
Caderno formato A4 100.00 MT
Esferográfica Bic 20.00 MT
Cópias de manuais 2.000.00MT
Digitação 1550.00 MT
Impressão 1500.00 MT
Encadernação 250.00 MT
Transporte 5000.00 MT
Alimentação 3400.00 MT
Total 13.820.00 MT
A Autora: 2020
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Dicas nᵒ 10

Legislação referencia

República de Moçambique (2004). Constituição da república 16/11/2004. Imprensa


nacional. Maputo

Boletim da república. (1983). Lei n 4/83. Introduz-se o sistema nacional de educação.


Impressa nacional. Maputo
Anexos
Questionário
O objectivo deste questionário é de recolher informações relativas a desistência da
rapariga na Escola Primária Completa de Chotama – Morrumbala, e com esta
informação pretendemos compreender as causas da desistência da rapariga na escola
acima referida e procurar estratégias para manter a permanência das raparigas na escola.
Por isso agradecia desde já a colaboração de cada um que tiver a oportunidade de
responder a este questionário. Pedimos ainda para que o responda de forma clara e
sincera.
Coloque X respostas que estiver de acordo .
1. Nesta escola tem ocorrido casos de desistência?

a) Sim ___

b) Não___

2. Se a resposta anterior foi sim, em que grupo se tem registado mais essa desistência?

a) Rapazes___

b) Raparigas___

3. Qual é o nível desta desistência?

a) Muito elevada ___

b) Elevada___

c) Moderada ___

d) Baixa___

e) Muito baixa___

4. Em que período se observam mais desistências?

a) No início do ano___

b) No meio do ano___
c) No final do ano___

5. Em que classe se regista maior índice de desistência?

a) Na 1ª classe___

b) Na 2ª classe___

c) Na 3ª classe___

d) Na 4ª classe___

e) Na 5ª classe___

f) Na 6ª classe___

g) Na 7ª classe___

6. Quais são as causas da desistência?

a) Falta de interesse pela escola___

b) Casamentos prematuros___

c) Práticas de actividades remuneráveis___

d) Gravidez precoce___

e) Falta de condições na família___

f)
Outros_________________________________________________________________
______________________________________________

7. Qual é o perfil familiar dos alunos que desistem

a) Família unida

b) Pais solteiros

c) Mães solteiras

d) Vivem com os avos


e)
Outros_________________________________________________________________
______________________________________________

8. A que classe social estas famílias pertencem?

a) Alta___

b) Media___

c) Baixa___
9. Qual tem sido o posicionamento desses familiares face a estas desistências?

a) Preocupam-se e tentam integra-los novamente a escola___

b) Não dão importância a isso___

c) Acham que os seus educandos tomaram uma boa decisão___

10. Qual tem sido o posicionamento da escola?

a) Promove palestras sobre a importância da permanecia na escola___

b) Ciclo de interesse para a estimular a permanecia da rapariga na escola___

c)
Outros_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

11. Quais são as condições da infra-estrutura da escola?

a) Boa___

b) Razoável___

c) Má___

12. Acha que de um jeito essas condições contribuem para a desistência?

a) Sim___

b) Talvez___
c) Não___
Guião de entrevista dirigida a direcção da escola
Senhor director estamos preocupados em conhecer as causas de desistência dos alunos
nesta escola, particularmente da rapariga e contamos com a sua ajuda. Para tal peço que
responda as perguntas que se seguem de forma clara e precisa de modo a fazer-nos
entender essa questão.
Nesta escola tem havido muitos casos de desistências? Porque?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________
Qual é o grupo alvo desta desistência, rapazes ou raparigas? Prq?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________
Quais tem sido as causas destas desistências?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_______________________________________
Que estratégias a escola tem usado para identificar estes casos?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
___________________________________________
Em que época do ano ocorrem essas desistências?
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Em relação a desistência das raparigas, quais são as acções que a direcção da escola tem
realizado para reduzir o índice dessas desistências?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Esta escola tem estabelecido uma relação com a comunidade? Como tem sido esta relacao?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________
Qual tem sido o posicionamento dos pais e encarregados de educação face a esse cenário?
_____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Os pais e encarregados tem se aproximado a escola para juntos encontrar uma solução para este
problema?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Que medidas a escola junto com a comunidade tem tomado para erradicar esses níveis?
_______________________________________________________________________

Fim

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