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UNIVERSIDADE APOLITÉCNICA - APOLITÉCNICA

Instituto Superior de Humanidades Ciências e Tecnologias (ISHCT)

Curso: Engenharia Civil

Tema: Patologias não Estruturais em Edifícios: Caso do Condomínio para


Membros do Governo Provincial da Zambézia- Cidade de Quelimane

Eufrásia Rodrigues Rohiua

Quelimane
2019
Eufrásia Rodrigues Rohiua

Tema: Patologias não Estruturais em Edifícios: Caso do Condomínio para


Membro do Governo Provincial da Zambézia– Cidade de Quelimane

Trabalho de fim de curso apresentado ao


Instituto Superior de Humanidade, Ciências e
Tecnologias, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia
Civil.

Tutor: Lic. Chave, Meneses R.

Quelimane
2019
Dedicatória

Este trabalho é dedicado a família Rohiua,


peculiarmenteao meu pai Rodrigues
Rohiua, minha mãe Filomena Duarte,
meus irmãos Pedro, Marta, Fernanda, Joel
e Esperança, também dedico aos meus tios
Paulo D. Namacoma, Alberto Rohiua,
Fátima Duarte, Virgínia Duarte, Isabel
Duarte e ao meu primo Adolfo F. Utelane.

Agradecimentos

Antes, porém, agradeço a Deuspor ter me dado estaoportunidade de viver.

Agradeço a minha famíliaque teve muita paciência e tolerância em dar-me estímulo e


força, principalmente em momentos difíceis.

Agradeço a todos os meus colegas da turma e amigos que sempre me encorajaram mesmo
em estado de saúde difícil deram moral. Também agradeço aos dirigentes do Instituto
Superior de Humanidades, Ciências e Tecnologias de Quelimane, pela capacidade de orientar
sabiamente os programas, selecionar docentes idôneos e acompanhamento gradual do
processo de ensino e aprendizagem.

Agradeço a todos os docentes que moderaram os debates na minha turma pela paciência e
o uso de diversificados métodos de ensino, de modo que osestudantes compreendessem a
matéria.

Não me esqueço de agradecer a todos aqueles que directa ou indirectamente, me apoiaram


a chegar ao fim deste sonho que hoje é realidade.

Que Deus nos abençoe! Amem.


Resumo

O presente relatório descreve as actividades desenvolvidas e apresenta factos observados no


decurso do estágio, tais como as anomalias dos edifícios do condomínio para membros do governo
provincial da Zambézia, portanto o estágio procedeu-se entre 27 de Agosto de 2018 e 02 Novembro
2018, perfazendo a duração total de três meses, tendo os dados sido colectados na base de registos de
notas diárias e imagens das anomalias e do dia-a-dia da empreitada. Teve-se como tendência
Apresentar os tipos de anomalias que afectam os edifícios do condomínio para membros do Governo
provincial da Zambézia, na Cidade de Quelimane. Para alcançar o objectivos principal foram traçados
os seguintes objectivos específicos: Identificar as anomalias que afectam os edifícios; Caracterizar as
anomalias existentes; Apontar as possíveis causas das deficiências e Propor as medidas correctivas
mais adequadas para a recuperação dos elementos não estruturais dos edifícios. Concluiu-se que o tipo
de fissuras que afectou são vertical com alguns desvios de tendência horizontal e outras com formato
de uma linha semi complexa e outras complexas. Dentre as actividades desenvolvida destacam-se a
cofragem, colocação de armadura, betonagem da laje, reboco e cobertura. Essas actividades
permitiram a consolidação dos conhecimentos aprendidos em teoria. Na culminação das obras dos
edifícios do condomínio para os membros do governo verificou-se o aparecimento de algumas
anomalias como fissuras nas paredes.

Palavra chave: Alvenaria, Fissuras, Patologias


Abstract

This report describes the activities carried out and presents facts observed during the internship,
such as the anomalies of the buildings of the condominium for members of the provincial government
of Zambézia, so the internship took place between 27 th August 2018 and 02nd November 2018, totaling
three months, and the data were collected in the daily banknote registration base and images of the
anomalies and day by day of the contract. it intended to present the types of anomalies which affect
the building, and to reach the main purpose it was necessary to identify the anomalies and characterize
those anomalies and point the possible causes and suggest the solution. Among the activities
developed stands out formwork, reinforcement placement, lagebetonation, plaster, and cover. These
activities allowed the consolidation of knowledge seized in theory. In the culmination of the works of
the buildings of the condominium for the members of the provincial government there was the
presence of some anomalies such as cracks in the walls. Among the activities developed stands out
formwork, reinforcement placement, lagebetonation, plaster, and cover. These activities allowed the
consolidation of knowledge seized in theory. In the culmination of the works of the buildings of the
condominium for the members of the provincial government there was the presence of some
anomalies such as cracks in the walls.

Key words: Fissures, Stonework, Pathologies


Sumário

Lista de Quadros.......................................................................................................................IX

Capitulo I: Introdução...............................................................................................................10

1.1. Introdução..................................................................................................................10

CAPITULO II: APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO........................................12

2.1. Apresentação da Empresa de estágio.............................................................................12

2.2. Missão........................................................................................................................12

2.3. Valores.......................................................................................................................12

2.4. Visão..........................................................................................................................12

2.5. Local do estágio.........................................................................................................13

2.6. Relação do Estagiário com os Membros efectivos da Empresa.................................13

CAPITULO III: PLANO DE ACTIVIDADES........................................................................14

3.1. Plano de actividade.........................................................................................................14

CAPITULO IV: ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS..........................................................15

1.1. Actividades desenvolvidas.........................................................................................15

1.2. Descrição das actividades...........................................................................................15

1.2.1. Execução da cofragem............................................................................................15

1.2.2. Montagem das armaduras de laje...........................................................................16

1.2.3. Betonagem da laje e da fossa séptica......................................................................17

1.2.4. Chapisco de teto e parede.......................................................................................18

1.2.5. Reboco de teto e parede..........................................................................................19

1.2.6. Demarcação e colocação de cangalho para reservatórios profundo e elevado.......20

1.3. Descrição das Anomalias Detetadas..........................................................................21

1.3.1. Actuação excessiva de cargas.................................................................................21

1.3.2. Fissuras causadas por assentamentos de apoio.......................................................26

4.4. Proposta de Soluções para as fissuras detetadas nas Obras.......................................29


4.4.1. Atuação excessiva de Cargas..................................................................................29

4.4.2. Fissuras causadas por assentamentos de apoio.......................................................29

CAPITULOV: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................31

CAPITULOV: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................31

5.1. Fundamentação Teórica.............................................................................................31

5.2. Patologia das estruturas..............................................................................................32

5.2.1. Generalidades.........................................................................................................32

5.2.2. Causas das manifestações patológicas....................................................................33

5.3. Fissuramento - conceituação......................................................................................34

5.3.1. Causas mais comuns do fissuramento....................................................................35

5.4.1. Contextualização....................................................................................................36

CAPÍTULO VI: CONCLUSÃO...............................................................................................40

CAPITULO VII: RECOMENDAÇÕES..................................................................................41

7.1. Recomendações..................................................................................................................41

7.2. ReferênciasBibliográficas..................................................................................................42
Lista de Abreviaturas e Símbolos

AFFC – Empresa António F. F. Catanho, S.A.

AQS – Águas Quentes Sanitárias

Arq. – Arquitecto(a)

cm – Centímetro(s)

ETICS – ExternalThermalInsulationCompositeSystem

ex. – Exemplo(s)

fr. - Fracção

hrs – Horas

i.s. – Instalação Sanitária

ITED – Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios

kg – Quilograma(s)

kg/m3 – Quilograma(s) por Metro(s) cúbico(s)

l – Litro(s)

m – Metro(s) linear

m2 – Metro(s) quadrado(s)

m3 – Metro(s) cúbico(s)

ml – Metro(s) linear(es)

mm – Milímetro(s)

NP – Norma Portuguesa

UN – Unidade(s)
Lista de Figuras

Fig1: Cofragem...……………………………………………...……………….......................16

Fig 2. Armaduras de laje……………………………………………………………………...17

Fig 3. Betonagem da laje……………………………………………………………………...18

Fig4: Chapisco de teto e parede………………………………………………………………19

Fig 5. Reboco das baredes…………………………………………………………….............20

Fig.6: Vista frontal de um dos edificiossemi-terminado…….……………….……………….21

Fig7: Fissura da alvenaria externa……………………………………………….…………...22

Fig.8/9: Fissura da alvenaria externa………………………………………..………………..23

Fig. 10/11: Fissura da alvenaria externa…………………………….………………………..24

Fig. 12/13: Fissura da alvenaria interna………………………………………………............25

Fig. 14: Fissura da alvenaria interna……………………………………………….................26

Fig. 15: Fissuras intersectadas na base da laje………………………………………………..27


Fig16/17: Lei da Evolução dos Custos para reparos em edificações em função do tempo…..28
Lista de Quadros

Quadro 1: Percentagens de causas patológicas……………………………………………….34

Quadro 2: Principais tipos de fissuras nas alvenarias…………………………..…………….38


Capitulo I: Introdução

1.1. Introdução

O Estágio é uma das etapas de culminação do curriculum de qualquer curso técnico, é


realizado numa empresa ou instituição que desenvolve actividades relacionadas com a
formação em questão, no caso concreto em empresas de construção civil ou ainda
organizações sociais que tenham actividades nesta área. Chegada à fase final do curso de
Engenharia Civil a missão consiste em pôr em prática, através do estágio, todos os
conhecimentos etécnicas estudados durante o curso.

Pode-se dizer que as edificações são de extrema importância para praticamente todas as
actividades humanas actualmente, independente se sua origem é comercial, industrial ou
residencial. As mesmas devem sempre atender ao cliente, de maneira que correspondam às
expectativas mínimas prometidas no momento da compra e garantir o conforto e segurança.

No que diz respeito ao cliente, houve um aumento na conscientização do mesmo, de


maneira que deve ser dado maior valor, ao que era dado anteriormente, à qualidade do que
está sendo entregue e isso se aplica a qualquer tipo de produto. No caso de edificações, essa
qualidade muito é reflectida no aparecimento de problemas posteriores à entrega das chaves,
devendo ser minimizados ou, pelo menos, que apareçam de maneira esperada, evitando
surpresas desagradáveis.

O presente trabalho, surgiu em conformidade das actividades de estágio realizado A


CONSINFRA que consistiu na construção de umcondomínio para membros do Governo
Provincial da Zambéziana cidade de Quelimane e serve de ferramenta de conclusão do curso
de Engenharia Civil ministrado pela Universidade Politécnica – A Politécnicadelegação da
Zambézia.

O presente relatório enquadra-se no âmbito do estágio integrado no 4º ano do curso de


licenciatura em Engenharia Civil com intuito de conciliar as teorias com as práticas. Oestágio
durou três meses, teve início no dia 27 de Agosto de 2018 e terminou no dia 30 de Novembro
de 2018.

O trabalho está estruturado em sete capítulos. O capítulo I é referente a introdução, onde


nele encontra-se apresentado os objectivos e a motivação que concorreu para a realização do
10
estágio. Nocapítulo II faz-se a apresentação da empresa na qual decorreu o estágio, onde são
descritos a missão, os valores e a visão da empresa. Ainda nesse capítulo, aborda-se a relação
entre a estagiária e os membros efectivos da empresa. O plano de actividades está
explicitamente detalhado no capítulo III. No capítulo IV seguem-se as actividades
desenvolvidas desde a cofragem até a marcação e colocação de cangalho para reservatórios
profundo e elevado. Ainda nesse mesmo capítulo encontra-se a descrição das anomalias
detectadas. Os capítulos V, VI e VII foram reservados para a fundamentação teórica,as
conclusões e recomendações respectivamente.

Assim, o objectivo geral proposto é: Apresentar os tipos de anomalias que afectam os


edifícios do condomínio para membros do Governo provincial da Zambézia, na Cidade de
Quelimane. Para alcancar o objectivos principal foram tracados os seguintes objectivos
especificos: Identificar as anomalias que afectam os edifícios; Caracterizar as anomalias
existentes; Apontar as possíveis causas dasdeficiências e Propor as medidas correctivas mais
adequadas para a recuperação dos elementos não estruturais dos edifícios.

A base motivacional impulsionadora da realização deste estágio curricular deve-se ao


facto de a estagiária poder aplicar os conhecimentos teóricos aprendidos na prática da
profissão engenheira e no actual mercado de trabalho, integrado na dinâmica de uma empresa,
bem como ter a possibilidade de ingressar futuramente ao quadro técnico da empresa
CONSINFRA – Construções de infraestruturas,pretendendo-se essencialmente desenvolver
competências no âmbito da execução de obras e na assistência pós-venda aos clientes.

11
CAPITULO II: APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

2.1. Apresentação da Empresa de estágio

A CONSINFRA – Construções de infraestruturas cita na avenida Liberdade, próximo do


cemitério da saudade bairro Samúgue. A mesma está organizada de seguinte modo:

Director Geral

Gerência de Gerência de
administração operações e serviços

Coordenação Dep. Técnico Dep.


de RH Fiscalização

Fonte: A autora

2.2. Missão

 Garantir a qualidade do produto acabado (edifício), ganhar obras e executar com rigor
máximo profissionalismo para qualidade da obra, desta forma inspirar confiança e
grandeza.

2.3. Valores

A empresa rege pelos seguintes valores:

 Desenvolvimento urbano
 Qualidade de mão-de-obra rigor nos processos construtivos e
 Eficiência

2.4. Visão

 Crescer de forma contínua


 Elevar o nível de confiança dos contratantes
12
 Aumentar a eficiência produtiva e administrativa da empresa.

2.5. Local do estágio

O estágio foi realizado na avenida JuliusNyerere no bairro Sinacura, onde está a decorrer
a construção de condomínios de membros do governo provincial.

2.6. Relação do Estagiário com os Membros efectivos da Empresa

O processo “recepção dos novos colaboradores” facilitou a integração na empresa e a


construção de uma boa relação com os restantes colaboradores. Neste processo operativo, é
realizada uma reunião entre os administradores, directores de produção dos diversos
departamentos e os novos colaboradores, para uma apropriada apresentação dos membros da
administração e os novos colaboradores.

Deste modo, a minha integração na empresa e com todos os trabalhadores ocorreu de uma
maneira muito rápida e fácil na empresa.

De salientar que tanto em obra quanto em sede, todos os membros de cada uma das
empresas se disponibilizaram sempre para ajudar em qualquer dúvida ou dificuldade.

13
CAPITULO III: PLANO DE ACTIVIDADES

3.1. Plano de actividade

Neste ponto, estão descritos de forma sucinta o procedimento cronológico de


actividades realizadas durante o processo de estágio que decorreu nas obras do condomínio
para membros do Governo, na Cidade de Quelimane, no período correspondente a três meses,
para o tal, foinecessário que as actividades a serem realizadas fossem antes colocadas em
ordem de forma que a estagiáriapudesse assimilá-las claramente, ou seja, este plano, teve por
objectivo o de sincronizar as actividades de forma que se obtivesse um produto final palpável
e apreciável, acima de tudo, consistente. Não obstante, na área de construção civil, tratando-se
exactamente de construções de primeira necessidade assim dizendo, exige-se muita precisão
na execução das actvidades assim como os detalhes para a realização de cada uma das tarefas
uma vez que o conjunto destas actividades bem feitas resulta em qualidades de infraestruturas,
por estas e outras razões, vê-se como sendo de extrema importância o apontamento
cronologico de um plano actividades.

Período Agosto a Novembro de 2018

Actividades Descrição Período

Ordem

Montagem, colocação e Semana de 27 Agosto 17 de


arrumação de prumos e placas Setembro
1 Cofragem para receber o betão.

Colocação de armaduras que


geralmente são feitas de varões.
2 Colocação de A sua colocação depende muito 20 Setembro a 04 de Outubro
armadura do objectivo a que se pretende
obter.

Colocação de argamassa nos 08 de Setembro 09 de


prumos ou nas armaduras para Outubro
3 Betonagem formar os pilares ou lajes.

Colocação de argamassa nas


paredes e ajustamentos das
4 Chapico e mesmas para que estas possam 15 de Outubro a 02 de
Reboco receber o cal. Novembro

14
CAPITULO IV: ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

1.1. Actividades desenvolvidas

O estágio constituiu uma ferramenta fundamental na confrontação dos conhecimentos


teóricos vividos durante a formação académica com a realidade, este instrumento foi de
extrema importância, visto que foi a partir deste momento que a estudante começou a
emendar as dificuldades referentes as teorias.

Para o processo de estágio, foi feita antes a respectiva apresentação dos novos
funcionários (estagiários) aos funcionários membros da empresa e os restantes funcionários
(operativos da empresa).

Das actividades desenvolvidas destacam-se as seguintes:

 Cofragem;
 Montagem das armaduras de laje;
 Betonagem da laje;
 Chapisco de tecto e parede;
 Reboco de tecto e parede;
 Marcação na laje de cobertura para parede de empena; e
 Marcação e colocação de cangalho para reservatórios profundo e elevado.

1.2. Descrição das actividades.

1.2.1. Execução da cofragem

Por seu turno, no estágio a cofragem consistiu em arrumação de prumos de madeira, de


seguida, a colocação de placas lisas de madeira e nivelamento, ou seja, foram antes
seleccionadasas madeiras, bem secas e isentas de caruncho, fendas e nós viciosos, que
possuíam secções e ligações que permitiram assegurar a indeformabilidade e estanquidade
dos moldes durante as operações de betonagem. Os calços ou cunhas utilizadas foram vigas
de madeira, segundo a figura 1.

15
Figura1: Cofragem da laje

1.2.2. Montagem das armaduras de laje

Na armação de lajes e vigas sempre ouvimos os termos “armação positiva” e “armação


negativa” e, como regra, a positiva fica em baixo e a negativa fica na parte de cima, no
entanto, devendo vencer os respectivos esforços internos de momentos flectores positivo e
negativo.

Este processo consistiu na marcação sobre a forma da distribuição da ferragem positiva,


posicionar as barras da armadura principal e de seguida as barras da armadura secundárias e
amarar os nós alternadamente. Os varões usados foram de Ø 10 @ 15 cm, foram posicionadas
as barras das armaduras negativas amarando-as na armadura das vigas, foram colocados os
cavalos para vencer o maior vão nos locais onde existem momentos negativos para aumentar
a resistência a tracção. Os varões usados foram de Ø 12 @ 15 cm, como ilustram a imagem
abaixo:

16
Figura.2. Armaduras de laje

1.2.3. Betonagem da laje e da fossa séptica

O processo de betonagem consistiu na aplicação de betão em obra, ou seja, colocação de


argamassa de cimento em locais específicos com o objectivo de executar elementos
construtivos estruturais ou não estruturais.
A classe usada no betão das fossas e da laje foi B25 ao traço: 1:2:3.
No campo prático, esse processo decorreu de seguinte modo:
 Colocação de todos componentes na betoneira;
 Transporte do betão na amassadeira ate ao local do despejo;
 Vibração do betão e nivelamento do mesmo.

17
Figura 3. Betonagem da laje

1.2.4. Chapisco de teto e parede

O Chapisco foi feito arremessando a mistura contra a parede com a colher de pedreiro de
modo que esta penetrasse e se fixasse no substrato.

O chapisco serve para promover uma melhor ligação entre as partes e evitar o
descolamento e/ou deslizamento.

O chapisco executado cobria toda a base de onde o reboco seria tambémaplicado, não
deixando a alvenaria muito a mostra, como na figura.

18
Figura.4. Chapisco de teto e parede

1.2.5. Reboco de teto e parede

Oreboco é um tipo de argamassa com que se aliam as paredes preparando-a para receber a
cal ou pintura, este, é feito usando uma colher de pedreiro como acontece com chapisco e uma
desempenadeira, diferenciando-se pela espessura, isto é, o reboco possui maior espessura em
relação a chapisco, sendo de 2 cm.

O reboco obedeceu o seguinte procedimento:

 Mistura de cimento areiae água no traço 1:3;

 Aplicação da argamassa na parede com o auxílio da colher e desempenadeira do


pedreiro seguindo a espessura das mestras;

 Deixar a argamassa por 45 minutos para que ela perca um pouco de água para
sarrafear a argamassa;

 Sarrafear a massa com a régua de alumínio de 2 metros;

 Desempenar a massa com a desempenadeira do pedreiro em movimento circular


retirando o excesso que a régua de alumínio não consegue retirar. Com a trincha

19
jogou-se um pouco de água nos pontos onde a massa estava mais dura e difícil de
passar a desempenadeira;

 Passar com uma esponja húmida até que ela fique lisa e bem acabada.

Fig 7. Reboco

Marcação na laje de cobertura para parede de empena

Geralmente as marcações são feitas segundo o projecto com uma fita métrica, linha de

Figura 5. Reboco das paredes

1.2.6. Demarcação e colocação de cangalho para reservatórios profundo e elevado.

Segundo a mesma fonte de informação, o cangalho é utilizado para definir o escantilhão


que envolve a zona de construção, onde se traçam os eixos e se transferem para o terreno a
espessura das paredes. Nesse contexto:

 A demarcação das partes de obra a construir foi feita com ajuda de fita métrica,
tomando como base a planta geral da implantação e as dimensões nela contidas. Este
processo foi feito na presença do fiscal.

 Foi feita a construção de uma estrutura auxiliar de madeira periférica e exterior aos
cabocos para demarcação dos eixos de alvenaria, fundações e marcação de quotas de
projecto;

20
1.3. Descrição das Anomalias Detetadas

Até o momento em que a estagiáriase despediu ainda faltavam alguns ajustesa serem
feitos, todavia, as partes cruciais da obra foram concluídas no momento em que o estágio
decorria. A imagem abaixo, ilustra a parte frontal de um dos edifícios do condomínios.

Figura 6: Vista frontal de um dos edifícios do condomínio semi-terminado

As anomalias detectadas após o reboco das alvenarias, ou seja, ate ao estado actual do
condomínio do Governo Provincial da Zambézia são as fissuras que de acordo com o
surgimento das fissuras podem ser as causadaspor:

1.3.1. Actuação excessiva de cargas

Considera-se actuação excessiva de cargas, uma solicitação externa, prevista ou não em


projecto, capaz de provocar a fissuração de um componente com ou sem função estrutural.

Em tramos contínuos de alvenarias, solicitadas por sobrecargas uniformemente


distribuídas, podemsurgir dois tipos característicos de fissuras:

 Fissuras verticais (caso mais típico), provenientes da deformação transversal da


argamassa sob acção das tensões de compressão, ou da flexão local dos componentes
da alvenaria.
21
 Fissuras horizontais, provenientes da ruptura por compressão dos componentes de
alvenaria ou da própria argamassa de assentamento, ou ainda, de solicitações de flexão
axial da parede

Como se pode observar, a partir das imagens abaixo, as fissuras que marcaram o reboco
externo, interno assim como a laje, foram do tipo vertical e horizontalexceptuando a da laje
por se encontrar sempre na forma horizontal.

Aparentemente, ou seja, tratando-se de uma parede ainda nova, presume-se que além da
fissuração da parede, a deformaçãotransversal da argamassa de assentamento poderá provocar
a ruptura por tracção de nervurasinternas dos blocos. Nessa hipótese, além de fissuras
verticais,ocorrerão destacamentos de paredes externas dos blocos.

Como se pode verificar todas as componentes do condomínio são recentes, contudo, as


anomalias se fizeram presente tão cedo quanto se esperava.

Figura: Fissura da alvenaria externa

Figura.7: Fissura da alvenaria externa1

1
Formação de fissuras semi complexas na posição oblíqua
22
Figura 8: Fissura da alvenaria externa2

Figura 9: Fissura da alvenaria externa3

2
Formacao de fissuras semi complexas na posicao obliqua
3
Formacao de fissuras smi complexas na posicao obliqua
23
Figura. 10: Fissura da alvenaria externa4

Figura11: Fissura da alvenaria interna5

4
Formacao de fissuras crusadas perpendicularmente do lado externo da alvenaria
5
Fissura semi-complexa na posicao oblicua com tendencias de alargar mais a abertura
24
Figura 12: Fissura da alvenaria interna6

Figura 13: Fissura da alvenaria interna7

6
Fissura semi complexa e curva
7
Fissura composta, isto é, obliqua a direita e esquerda formando um ângulo de 90 graus
25
Figura 14: Fissura da alvenaria interna8

Nos painéis de alvenaria onde existem aberturas, as fissuras formaram-se a partir dos
vértices dessaabertura e sob o peitoril.

Essas fissuras, entretanto, poder-se-ão manifestar segundo diversas configurações, em


função dainfluência de uma enorme gama de factores intervenientes, tais como: dimensões do
painel dealvenaria, dimensões da abertura, posição que a abertura ocupa no painel, anisotropia
dos materiaisque constituem a alvenaria, dimensões e rigidez de vergas e contravergas etc. A
maior deformaçãoda alvenaria e a eventual deformação do suporte nos tramos mais
carregados da parede, fora dasaberturas, originam fissuras com as configurações indicadas.

1.3.2. Fissuras causadas por assentamentos de apoio


A capacidade de carga e a deformabilidade dos solos não são constantes, sendo função
dos seguintes factores mais importantes:

 Tipo e estado do solo (areia nos vários estados de compacidade ou argilas nos vários
estados de consistência);
 Disposição do lençol freático;
 Intensidade da carga, tipo de fundação (directa ou profunda) e cota de apoio da
fundação;
 Dimensões e formato da sapata (sapatas quadradas, rectangulares, circulares);
 Interferência de fundações vizinhas.

Os solos são constituídos basicamente por partículas sólidas, água, ar e, não raras vezes,
material orgânico. Sob efeito de cargas externas todos os solos, em maior ou menor
proporção, deformam-se.

8
Fissura com características de uma linha curva
26
Se estas deformações forem diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra,
tensões de grande intensidade serão introduzidas na estrutura da mesma, podendo gerar o
aparecimento de fissuras.

Figura 15: Fissura de alvenaria interna9

9
Fissura da laje, aprenta-se como uma linha semi complexa com maior abrtura em relacao as anteriores
27
Figura 16: Fissura na base da laje10

Figura 17: Fissuras intersctadas na base da laje

4.4. Proposta de Soluções para as fissuras detetadas nas Obras

As obras de alvenarias são os componentes da obra mais suscetíveis à fissuração, além do que
as fissuras em paredes são as que mais realçam aos olhos do usuário do edifício. Assim sendo,
as recuperações de alvenarias são as que mais frequentemente se verificam nas obras.

10
Fissuras complexas nas lajes.
28
Até ao fim do estágio as obras não estavam concluídas e ainda prevaleciam as fissuras na
parede pelo que a estagiaria propõe a aplicação de algumas medidas a serem tomadas para
ultrapassar as fissuras detetadas.

4.4.1. Atuação excessiva de Cargas

Os destacamentos de fissuras causadas por atuação excessiva de cargas poderão ser


recuperados mediante a inserção de material flexível no encontro parede. Nas paredes
revestidas, no caso de destacamentos provocados por retração da alvenaria poderá ser
empregada uma tela metálica leve.

No caso da fissura se aplicar na argamassa de revestimento, não há muita opção, recomenda-


se a simples substituição do reboco ou emboço nos casos em que estes apresentem grande
incidência de fissuras de retração, descolamento, pulverulências. A remoção do revestimento,
contudo, deverá ser antecedida da eliminação da causa do problema, muito frequentemente
infiltração de umidade na parede.

Diante das fissuras identificadas nas obras do condomínio para os membros do governo da
Província da Zambézia e olhando para o tipo de problema em causa propõem-se a resolução
desse problema usando argamassa na parede e posteriormente usando o próprio sistema de
pintura da parede. Segundo Thomaz (1989), caso a fissura não apresente movimentação
considerável, sua recuperação pode ser feita usando o próprio sistema de pintura da parede.

4.4.2. Fissuras causadas por assentamentos de apoio

Nas paredes longas com fissuras intermediárias recomenda-se a criação de juntas de


movimentação nos locais de ocorrência das fissuras. No caso de fissuras provocadas por
movimentações iniciais acentuadas, cuja variação na abertura passa a ser vinculada
unicamente a movimentação higrotérmica da própria parede, diversos autores sugerem a
utilização de tela metálica ou a interseção de uma bandagem que propicie a dessolidarização
entre o revestimento e a parede na região da fissura.

No caso da fissura se aplicar na argamassa de revestimento, não há muita opção, recomenda-


se a simples substituição do reboco ou emboço nos casos em que estes apresentem grande
incidência de fissuras de retração, descolamento, pulverulências, etc. A remoção do
revestimento, contudo, deverá ser antecedida da eliminação da causa do problema, muito
frequentemente infiltração de umidade na parede.
29
No caso de fissuras de retração da argamassa de revestimento de fachadas, pode-se tentar a
utilização de pintura elástica encorpada com aplicação de três ou quatro demãos de tinta à
base de resina acrílica, empregando-se ainda reforço com tela de náilon em locais mais
danificados. Nas paredes internas, alternativamente à simples substituição da argamassa de
revestimento, causará menos transtorno e poderá ser economicamente competitiva a
aplicação, por exemplo, de papel de parede sobre o revestimento fissurado.

30
CAPITULOV: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1. Fundamentação Teórica

A investigação das patologias tem vindo a ter, cada vez mais importância no sector da
construção civil. Os profissionais da área deparam-se com o aumento da procura, e com isso a
necessidade de desenvolver o conhecimento relativo a esse tema.

O homem sempre buscou a construção de estruturas adaptadas as suas necessidades,


sejam elas habitacionais, laborais ou de infraestrutura. Ao longo dos séculos, o conhecimento
acumulado permitiu o desenvolvimento tecnológico da indústria da construção civil e
aumento do conhecimento sobre estruturas e materiais, Souza e Ripper(1998).

Segundo Souza e Ripper (1998), apesar de todo o knowhow adquirido ao logo dos anos,
têm sido encontradas falhas (involuntárias ou por imperícia) que tem culminado com o
desempenho insatisfatório de algumas construções.

O estudo do desempenho insatisfatório destas estruturas deu origem a um novo campo de


estudo da engenharia – a área da patologia das construções. Segundo Helene (1992), a
patologia das construções “é a parte da Engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as
causas e as origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que
compõem o diagnóstico do problema”.

Uma das grandes preocupações com o aparecimento de manifestações patológicas é que


os problemas tendem a se agravar rapidamente e acarretar outros problemas secundários.
Helene (1992) afirma que quanto mais cedo as correcções forem realizadas, mais duráveis,
efectivas, fáceis de executar e baratas serão.

Segundo a Lei da Evolução dos Custos, também conhecida por regra de Sitter, os custos
de intervenção crescem em função do tempo segundo uma progressão geométrica de razão
cinco.

31
Figura 17 - Lei da Evolução dos Custos para reparos em edificações em função do tempo.
Fonte: Adaptado de FREIRE (2010:7)

5.2. Patologia das estruturas

5.2.1. Generalidades

É possível dizer, sem exagero, que os edifícios foram criados, até certo ponto, à
imagem e semelhança dos seres humanos, Vitório(2003).

Segundo Vitório(2003:24):

assim como o ser humano tem esqueleto, os edifícios têm estruturas, assim
como o ser humano tem musculatura, os edifícios têm alvenaria, assim como o
ser humano tem pele, os edifícios têm revestimentos, assim como o ser humano
tem sistema circulatório, os edifícios têm instalações hidráulicas e eléctricas.

Da mesma forma que os indivíduos, também os edifícios, em certas circunstâncias,


adoecem por factores internos, externos ou pela natureza.

Os factores internos ou endógenos decorrem de deficiências de projecto ou execução


da obra, falhas de utilização ou de sua deterioração natural pelo envelhecimento.

Os factores externos ou exógenos decorrem de acções impostas por factores


provocados por terceiros, voluntários ou involuntários, não previstas aquando da execução da
obra.

32
A natureza manifesta-se através de falhas decorrentes de acções não provocadas
directamente pela acção humana.

O estudo das falhas construtivas é feito pela ciência experimental denominada


“Patologia das Construções”, que envolve conhecimentos multidisciplinares nas diversas
áreas da engenharia.

A Escola Politécnica da USP define patologia das construções como o estudo das
origens, causas, mecanismos de ocorrência, manifestação e consequências das situações em
que os edifícios ou suas partes apresentam um desempenho abaixo do mínimo pré-
estabelecido.

Entende-se como o “mínimo pré-estabelecido” a eficiência e durabilidade dos


materiais e técnicas construtivas necessárias para assegurar a vida útil de uma edificação.
Normalmente, tais condições são previstas em normas técnicas, especificações, ensaios de
resistência, etc. Assim, as patologias decorrem nas estruturas do concreto, nas fundações
alvenarias entre outros, Vitório (2003).

5.2.2. Causas das manifestações patológicas

É importante ressaltar que a identificação das origens dos problemas patológicos


permite, também, identificar, para fins judiciais quem cometeu as falhas. Ou seja, se os
problemas tiveram origem na fase de projectos, os projectistas falharam; quando a origem está
na qualidade do material, o erro é dos fabricantes; se na etapa de construção trata-se de falhas
que envolvem mão-de-obra e fiscalização, ou ainda omissão do construtor; se na etapa de uso,
as falhas poderão ser decorrentes da operação e manutenção, Vitório (2003).

Estudos mostram que uns elevados percentuais dos problemas patológicos nas
edificações são originados nas fases de planeamento e projecto. Essas falhas são geralmente
mais graves que as relacionadas à qualidade dos materiais e aos métodos construtivos. Isso se
explica pela falta de investimento dos proprietários, sejam eles públicos ou privados, em
projectos mais elaborados e, detalhados, fazendo com que a busca pura e simples de projectos
mais “baratos” implique muitas vezes na necessidade de adaptações durante a fase de
execução e futuramente em problemas de ordens funcional e estrutural, Vitório (2003).

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O quadro a seguir mostra os percentuais das causas das manifestações patológicas em uma
edificação.

ETAPA % %
PROJETO 40
EXECUÇÃO 28
MATERIAIS 18
USO 10
PLANEJAMENTO 4
Fonte: Vitório (2003:25)

5.3. Fissuramento - conceituação

De acordo com Vitório (2003:25):

Os problemas patológicos nas estruturas de concreto geralmente se manifestam


de forma bem característica, permitindo assim que um profissional experiente
possa deduzir qual a natureza, a origem e os mecanismos envolvidos, bem
como as prováveis consequências.

Um dos sintomas mais comuns citado pelo autor, é o aparecimento de fissuras, trincas,
rachaduras e fendas.

 Fissura é uma abertura em forma de linha que aparece nas superfícies de qualquer
material sólido, proveniente da ruptura sutil de parte de sua massa, com espessura de
até 0,5mm.
 Trinca é uma abertura em forma de linha que aparece na superfície de qualquer
material sólido, proveniente de evidente ruptura de parte de sua massa, com espessura
de 0,5mm a 1,00mm.
 Rachadura é uma abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material
sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, podendo-se “ver” através dela
e cuja espessura varia de 1,00mm até 1,5mm.
 Fenda é uma abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material
sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, com espessura superior a
1,5mm.

De modo geral tais aberturas podem ser passivas ou activas.

As fissuras passivas quando chegam à sua máxima amplitude, estabilizam-se devido ao


cessamento das causas que as geraram, como são o caso das fissuras de retracção hidráulica

34
ou das provocadas por um recalque diferencial de fundação que esteja estabilizado, Vitório
(2003).

As fissuras activas são produzidas por acções de magnitude variáveis que provocam
deformações também variáveis no concreto. É o caso das fissuras de origem térmica e das de
flexão provocadas por acções dinâmicas, Vitório (2003).

Os problemas existentes em uma estrutura avariada podem ser vários e muitos complexos.

Existem defeitos localizados e de pouca importância que não afectam o resto da estrutura
e que podem ser identificados imediatamente, sem depender de maiores estudos e de ensaios
de laboratório.

Outros defeitos, porém, são de tal ordem que necessitam de um conhecimento global da
obra, envolvendo ainda todo o histórico da estrutura, a análise do projecto e todas as
informações que possam identificar as causas que motivaram a sua patologia.

O estudo dos sintomas apresentados pela estrutura implica na análise das causas que
produziram os defeitos ou lesões existentes. Nesse sentido a localização e o tipo de fissuras
são da maior importância nessa análise, bastando muitas vezes a observação do quadro de
fissuração para se chegar às conclusões que permitam diagnosticar os problemas existentes,
Vitório (2003).

5.3.1. Causas mais comuns do fissuramento

A seguir são apresentadas algumas das causas mais usuais do fissuramento das estruturas:

 Heterogeneidade resultante da utilização conjunta de materiais diferentes, com


propriedades mecânicas e elásticas diferenciadas;
 Geometria, rugosidade e porosidade dos componentes;
 Retração, aderência e retenção de água da argamassa de assentamento;
 Esbeltez, geometria da edificação, presença ou não de armadura, existência de paredes
de contraventamentos;
 Cintamentos, amarrações, tipos e dimensões de aberturas de portas e janelas;
 Tubulações embutidas;
 Movimentações higroscópicas e térmicas;
 Tipo de fundação, recalques diferenciais.
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 Cura mal realizada – ressecamento
 Retracção
 Variação de temperatura;
 Agressividade do meio ambiente;
 Carregamento;
 Erros de concepção;
 Mau detalhamento do projecto;
 Erros de execução;
 Recalques dos apoios;
 Acidentes.

Para que ocorra processo de deterioração é necessário tempo para que se possa
desenvolver até atingir a rotura funcional e física, o que acaba por tornar evidente a relevância
do estudo de patologias e seu diagnóstico para que seja definida a estratégia de manutenção.

As patologias de carácter não-estrutural dos processos construtivos podem ocorrer sob


formas muito diversificadas, relacionadas, quer com as partes dos edifícios atingidas e as
funções das mesmas que são afectadas, quer com a natureza dos materiais e técnicas de
construção utilizadas, quer ainda com a origem, as causas e os períodos de ocorrência das
anomalias (Paiva, 1985)

5.4. Fissuras nas Alvenarias


5.4.1. Contextualização

Desde a mais remota antiguidade que o homem utiliza a alvenaria como método
construtivo, inicialmente através do empilhamento de pedras e em seguida através da
descoberta de técnicas que foram evoluindo ao longo dos séculos.

Com o passar do tempo as alvenarias sofreram diversas transformações, passando das


formas iniciais, pesadas e espessas, para formas mais delgadas e leves, tornando-se hoje um
dos componentes mais freqüentes em quase todos os tipos de edificações.

Porém, ainda observa-se, de modo geral, a falta até dos conhecimentos básicos sobre o
tema, principalmente quando trata-se da utilização da alvenaria como elemento estrutural. Isso
talvez seja um reflexo da falta de incentivos e investimentos dos diversos setores que tratam

36
direta ou indiretamente da questão, como Universidades, a Indústria da Construção Civil, os
agentes financeiros que financiam os imóveis e os próprios fabricantes de tijolos.

Diante disso, as obras de alvenaria, em sua grande maioria ainda são caracterizadas
pelo empirismo e pela carência de procedimentos adequados, tanto de projeto como de
execução, levando algumas delas a apresentarem manifestações patológicas que, além de
prejudicarem a habitabilidade dos imóveis, podem até levá-los ao colapso estrutural.

As anomalias manifestadas nas alvenarias que compõem as paredes de uma edificação,


são, de modo geral, bastante visíveis pela própria natureza dos materiais e do comportamento
desses componentes.

Nas alvenarias estruturais as manifestações patológicas são evidentemente de maior


gravidade pela influência na estabilidade do imóvel. Porém, mesmo as alvenarias de vedação,
precisam ter desempenho adequado, de modo a resistir aos fatores externos e internos como
variações de temperatura, movimentações das estruturas onde estão apoiadas, humidade
relativa do ar, infiltrações, etc.

Pelo fato de empregarem materiais diversos, com parâmetros físicos diferenciados,


tornam-se necessários cuidados especiais, especialmente na junção entre paredes e de paredes
com a estrutura, de modo a evitar que as diferenças de comportamento provoquem danos à
edificação. Basta observar que as fissuras mais comuns ocorrem justamente na ligação das
paredes com lajes, vigas e pilares, junto às aberturas de portas e janelas e na ligação entre
paredes.

Nessa linha de pensamento, segundo Vitorio (2003:43), tem-se plasmado a fissura


como anomalias mais frequentes nas alvenarias são fissuras, eflorescências e infiltrações de
água.

Assim sendo o presente trabalho foi focado exactamente nas fissuras que surgiram nas
alvenarias do condomínio do governo provincial na cidade de Quelimane.

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Quadro 2: principais tipos de fissuras nas alvenarias (L.A.Falcão Bauer)

Configuração típica Causa provável


Deformação da argamassa de assentamento em paredes submetidas a
uma carga vertical uniformemente distribuída.
Movimentação higroscópica da alvenaria, principalmente no encontro
Fissura vertical
de alvenarias (cantos) e em alvenarias extensas.
Retração por secagem da alvenaria, principalmente em pontos de
concentração de tensões ou seção enfraquecida.
Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento,
hidratação retardada da cal).
Alvenaria submetida à flexocompressão devida a deformações
excessivas da laje.
Movimentação térmica da laje de cobertura (deficiência de
isolamento térmico, com a ocorrência de fissuras no topo da parede,
decorrente da dilatação da laje de cobertura.
Fissura Horizontal
Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento,
hidrataçãoretardada da cal).
Expansão da alvenaria por movimentação higroscópica, em geral nas
regiões sujeitas àação constante de umidade, principalmente na base
das paredes.
Retração por secagem da laje de concreto armado, que gera fissuras
nas alvenarias,principalmente nas externas enfraquecidas por vãos
(janelas).
Recalques diferenciais, decorrentes de falhas de projeto,
rebaixamento do lençol freático, heterogeneidade do solo, influência
de fundações vizinhas.
Atuação de cargas concentradas diretamente sobre a alvenaria, devido
à inexistência de coxins ou outros dispositivos para distribuição das
cargas.
Fissura Inclinada
Alvenarias com inexistência ou deficiência de vergas e contravergas
nos vãos de portas e janelas.
Carregamentos desbalanceados, principalmente em sapatas corridas,
ou vigas baldrames excessivamente flexíveis.
Movimentação térmica de platibanda, ocorrendo fissuras horizontais
e inclinadas nas extremidades da alvenaria.
Fissura na Laje Mista Movimentação térmica, gerando fissuras no encontro dos elementos
de Forro da Coberta cerâmicos com as vigas pré-moldadas.
38
CAPÍTULO VI: CONCLUSÃO

Depois dos estudos práticos realizados na CONSIFRA e baseando-se em estudos


anteriores desenvolvidos por vários autores, pode-se considerar que as patologias das
alvenarias no geral geram altos custos de recuperação não previstos, desgaste da imagem da
empresa e desconforto e insatisfação do usuário. Uma recuperação eficiente, de qualquer
modo, quase sempre demanda técnicas complexas e onerosas. Não só, pode-se ver que com o
avanço tecnológico para melhorar e aperfeiçoar a construção de edifícios, e com mão de obra
qualificada, podem surgir fissuras por algum dos motivos como a falta de fiscalização, mau
uso, falta de manutenção e por acção da natureza, por esses motivos devem ser adoptados
programas eficientes de inspecção e manutenção constante para prolongar a vida útil das
construções.

E para o caso das patologias aqui estudada, observou-se que estas patologias (fissuras)
podem ocorrer por diversos meios, as vezes por má execução da obra ou por acções da
natureza, por isso, devem ser realizadas manutenções periódicas nas edificações.

Para o caso do condomínio em construção, o tipo de fissuras que afectouos edifícios


caracterizou-se como sendo exactamente do tipo vertical com alguns desvios de tendência
horizontal e outras com formato de uma linha semi complexa e outras complexas, assim como
com formato de linha curva que nos levam a crer que os motivos para o surgimento dessas
fissuras podem ter sido por causa da movimentação higroscópica da alvenaria; Deformação da
argamassa de assentamento em paredes submetidas a uma carga vertical uniformemente
distribuída; Retracção por secagem da alvenaria; Alvenaria submetida à fluxo compressão
devida a deformações excessivas da laje, ou então por falta da compactuarão exacta da
fundação que muitas das vezes é considerado o motivo do surgimento das fissura que o
condomínio apresenta.

39
CAPITULO VII: RECOMENDAÇÕES

7.1. Recomendações

Com a situação vivida e observada ao longo do período de estágio chega-se as seguintes


recomendações:

a) Inspeção detalhada em todas as edificações executadas em alvenaria, contemplando


aspectos relativos ao estadoatual do imóvel, condições de projeto e de construção.
b) Verificação, com base em critérios pré-estabelecidos, das condições deestabilidade de
cada edificação, envolvendo as análises estruturais e os ensaiosnecessários.
c) Elaboração dos projetos de recuperação estrutural para as edificações que nãoatenderem
aos parâmetros de verificação estabelecidos.
d) Execução das obras de recuperação projetadas.

e) No acto de fiscalização tenha um cronograma de actividades a seguir, pois torna simples a


complementaridade das actividades.

f) Aplicar na argamassa de revestimento no caso de fissura;

g) Fazer a simples substituição do reboco ou emboço nos casos em que estes apresentem grande
incidência de fissuras de retração, descolamento, pulverulências;

h) Criação de juntas de movimentação nos locais de ocorrência das fissuras nas paredes longas
com fissuras intermediárias.

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7.2. ReferênciasBibliográficas

Freire, A. (2010). Patologia nas Edificações Públicas do Estado do Paraná: Estudo de Caso
da Unidade Escolar Padrão 023 da Superintendência de Desenvolvimento Escolar –
SUDE.2010. 41 f. Monografia (Especialização em Construção de Obras Públicas) –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
Helene, P. R. L. (1992). Manual para reparo, reforço e proteção das estruturas de concreto.
São Paulo: Pini.
Paiva, J. V. et al. (1985) - “Patologia da Construção”. 1º ENCORE “Encontro sobre
Conservaçãoe Reabilitação de Edifícios de Habitação”, Documentos Introdutórios. Lisboa,
LNEC,Junho.

Souza, V. C. M. de; Ripper, T. (1998). Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de


Concreto.São Paulo: Pini.

Vitório, A. (2003). Fundamentos da Patologia das Estruturas nas perícias de


Engenharia.Recife.

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