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CAPITULO I
1. INTRODUÇÃO
A Matemática é uma das disciplinas que faz parte do programa curricular do ensino em
Moçambique. Se supõe que a aprendizagem desta deve permitir a relação com o quotidiano. Um
dos grandes desafios actuais do Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, referente
ao ensino de ciências nas escolas é de construir uma ponte entre o conhecimento ensinado na sala
de aulas e o quotidiano dos alunos. Portanto nos dias de hoje, o mundo está num processo de
profundas transformações que causam fortes impactos na economia, na política, nas
organizações, na sociedade e, em particular na educação (PINA, 2007:1). Neste contexto, as
instituições educativas têm um papel importante a desempenhar face a estas transformações, por
outro lado, sente-se a pressão de produzir um ensino de qualidade. Para( LOPES et al. 2004,
apud PINA, 2007:1) a busca da qualidade não é algo novo, como muitos podem pensar, alegando
ser “modismo”. A preocupação com a qualidade remota a épocas antigas, mesmo que não restem
registos e nem uma noção muito clara do significado de qualidade.
objectivos que norteiam a pesquisa; no segundo capítulo temos a descrição dos procedimentos
metodológicos; no terceiro capítulo apresentamos o marco teórico que corresponde ao suporte
teórico da pesquisa; e no quarto capítulo e último segue a apresentação dos resultados e a sua
interpretação.
A maior parte dos estudantes do ensino secundário geral e uma boa parte dos estudantes
universitários têm visto a Matemática como “um bicho de sete cabeças” , com a qual pensam que
só está nos programas para dificultar o PEA (Processo de Ensino e Aprendizagem). Portanto,
este trabalho cinge-se nas percepções dos estudantes da universidade pedagógica delegação de
Quelimane sobre a relevância e aplicabilidade da Matemática no seu quotidiano.
1.2 Problematização
Defende-se a tese de que existe uma desconexão entre a Matemática na sala de aula e o
quotidiano. Suspeita-se que tal desconexão esta na origem do dilema da aplicabilidade da
Matemática na vida prática. Nesta vertente a articulação dos Programas de Ensinos e livros
escolares de Matemática deixam a desejar no que diz respeito a contextualização dos conteúdos.
Se aparecem conteúdos contextualizados, elas aparecem de maneira isolada, não de forma
adequada como se era de se prever, já que os Programas de Ensino de Matemática (PEMs)
defendem que:
Ao longo dos tempos e em todas as culturas pode encontrar-se uma actividade que denota
a existência de algum tipo de saber matemático. Nas culturas modernas, onde a tecnologia de
ponta prolífera, é fácil perceber o uso implícito da matemática nomeadamente: nos
computadores, nos telemóveis da última geração, no GPS, do MP3, da Internet, do cartão
Multibanco, da fotografia digital, etc, numa imensidão de recursos que são o resultado de muitos
raciocínios matemáticos (PIRES & MOREIRA, 2008:20).
Entendemos que, o facto de que a Matemática seja concebida como uma ciência
abstracta, faz com que à primeira vista, se perceba como se nada tivesse a ver com a realidade
do dia-a-dia.
1.3 Justificativa
O interesse no tema deste trabalho vem das constatações que tem se feito sobre a Matemática
no quotidiano, visto que a medida em que o nível escolar do aluno aumenta, a Matemática torna-
13
se cada vez mais abstracta, e consequentemente desinteressante, o que de certo modo deixa
transparecer a ideia de que esta não tem aplicações concretas na vida prática das sociedades.
1.4 Objectivos
CAPITULO II
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a recolha de dados elaborou-se um Inquérito com dezassete (17) questões de escala
tipo liker (com categorias de 0 a 5), todas elaboradas pelo autor sob orientação do supervisor do
trabalho, com as quais se presume a obtenção de dados relevantes para a pesquisa. O inquérito é
constituído por três (3) dimensões a saber: utilidade da Matemática, os métodos usados pelos
professores na sala de aulas e a Compreensão dos Conceitos Matemáticos. Entendemos que
realizar o estudo sobre estas três dimensões seria relevante para a concretização dos objetivos do
trabalho.
2.2 Amostragem
Como esta pesquisa pretende fazer um estudo com a população estudantil da UPQ de
regime laboral e pôs laboral. Tomando em consideração a característica da população (em
departamentos académicos), que se consideram heterogéneos (quer dizer, entendemos que os
estudantes dos departamentos académicos apresentam percepções não similares acerca da
Matemática) e homogéneos dentro deles (quer dizer, entendemos que os estudantes dos cursos
correspondente a um departamento têm percepções similares sobre a Matemática) por isso,
aplicamos a amostragem por conglomerados em cada departamento, para seleccionar
aleatoriamente um curso que o represente. Assim, em cada departamento extraiu-se um curso
que o representa. Para o caso de ciências naturais e Matemática, está representado por dois
cursos, Matemática e um outro curso que foi seleccionado aleatoriamente, isto é, no
departamento de Ciências Naturais o estudo foi efectuado com os cursos de Matemática e Física,
estes, juntam-se aos cursos de Filosofia, Inglês, Educação Visual, Gestão dos Recursos humanos,
Administração e Gestão Escolar e Educação Física pertencentes aos departamentos de Ciências
Sociais, Ciências de Linguagem, Comunicação e Artes, Escola Superior Técnica (ESTEC),
15
Segundo os dados fornecidos pelo registo académico, o número de estudantes por turma
é: o curso de Matemática possui 41, 33, 36 e 51 estudantes de 1o, 2o, 3o e 4o anos
respectivamente, o curso de Física contém 37, 30 e 34 estudantes de 1o, 2o e 3oanos
respectivamente, Filosofia contém 39, 35, 47 e 67 estudantes 1o, 2o, 3o e 4o anos respectivamente,
Inglês possui 34, 27, 34 e 36 estudantes de 1o, 2o, 3o e 4o anos respectivamente, o curso de
Educação Visual tem 22, 29 e 29 estudantes de, 2o, 3o e 4o anos respectivamente, o de Gestão dos
Recursos Humanos tem 60, 52, 51 e 45 estudantes de 1o, 2o, 3o e 4o anos respectivamente,
Administração e Gestão Escolar possui 58, 47, 47 e 26 estudantes de 1o, 2o, 3o e 4o anos
respectivamente e o curso de Educação Física tem 33, 34, 35 e 60 estudantes de 1o, 2o, 3o e 4o
anos respectivamente. Para garantir a representatividade dos estudantes de cada nível académico
em cada curso, estes (níveis académicos de 1o a 4o ano) foram considerados extractos. Portanto,
uma amostragem estratificada foi considerada para o efeito. Como resultado da aplicação dos
dois métodos de amostragem, foram seleccionados 134 estudantes (n=134) de um universo de
4014 estudantes (estudantes da UPQ dos regimes regular e pós laboral).
É uma técnica que visa segregar elementos ou variáveis em grupos homogéneos internamente,
heterogéneos entre si e mutuamente exclusivos, a partir de determinados parâmetros conforme
uma medida de similaridade ou de distância. Neste sentido tem por objectivo principal definir a
estrutura dos dados de maneira a alocar as observações mais parecidas no mesmo grupo.
Segundo FERNANDEZ & MAYO (1995a: 2), para realizar uma amostragem
estratificada, se extrai uma amostra n k em cada estrato U k , independente dos demais, sendo a
Afixaremos uma percentagem de 10% para cada estrato, isto é nh 10% N h , sendo que
Análise discriminante: Uma técnica estatística que nos permitiu analisar o nível de
afastamento ou convergência das percepções dos estudantes em estudo. Para tal, a
função discriminante de Fisher foi aplicada, e nos permitiu obter funções matemáticas
com um poder significativo para discriminar cada observação;
Análise de componentes principais: Busca-se com esta técnica estatística encontrar
componentes (novas variáveis latentes) que combinem com o conjunto de variáveis
em estudo para proporcionar uma constatação unânime e generalizada sobre as
percepções dos estudantes da UPQ em Matemática;
O software utilizado foi o SPSS que nos permitiu concretizar as técnicas estatísticas
planificadas para a pesquisa.
17
CAPITULO III
3. MARCO TEÓRICO
3.1 Preliminares
Neste capitulo abordamos as teorias sobre a percecpcao, a Matematica e as sua conexões com o
quotidiano e as teorias sobre as técnicas usadas que nos serviu de bases desta pesquisa. O
conceitode percepção baseia-se fundamentalmente neste trabalho pela teoria de DAVIDOFF
(2001).
Muitas pesquisas foram feitas sobre percepções dos alunos sobre a relevancia da Matematica,
algumas foram feitos numa abordagem didactica por exemplo “ Percepção dos alunos sobre a
Matemática– Estudo de Caso Escola Secundária Cónego Jacinto‟‟, outras na vertente do
aproveitamento pedagogico no nivel secundario geral, onde os resultados obtidos evidenciam a
existência de percepção negativa por parte dos alunos da em relação à disciplina de Matemática e
que todos os docentes têm a consciência dessa percepção e os professores entrevistados
consideram que a deficiente preparação de base e a organização curricular estão na base desse
problema, e surge a introdução de medidas correctivas. Muitos professores consideram que há
necessidade de um maior diálogo entre a comunidade educativa, visto que os objectivos e
paradigmas educacionais não são apenas de natureza cognitiva, mas também afectiva e social.
1
http://www.dicio.com.br/Percepção - Dicionário Online de Português, cessado as 14:15 do dia 27/9/2015.
18
O significado de percepção dado pelo dicionário (informal)2 é: maneira como nós vemos,
julgamos, conceituamos, qualificamos as coisas no mundo e em nós mesmos.
História de Vida: as condições que nos são impostas ao longo da vida marcam o nosso
modo de perceber as pessoas e o mundo.
2
http://www.dicionarioinformal.com.br/percep%C3%A7%C3%A3o/, cessado as 10:00 do dia 27/9/2015.
19
Nesta ordem de ideia, a Matemática escolar é aquela que é aprendida na escola e que
obedece uma estrutura hierárquica, conjunto de regras rígidas, onde se verifica a exactidão e
precisão dos cálculos, enquanto a Matemática quotidiana é aquela que se encontra presente em
tudo o que nos rodeia, em todas actividade do dia-a-dia, isto é, esta é informal, não se encontra
em qualquer livro nem segue regras, daí que esta passa despercebida para a maior parte da
sociedade.
Verifica-se uma dificuldade, por parte daqueles que a ensinam, em demonstrar as interligações
entre a o quotidiano. Como resultado disso, os alunos não a conseguem associar à vida corrente e
muitas vezes Matemática e acham que o conhecimento matemático só os ajuda a passar nos
exames e como tal, decoram os conteúdos para a altura em que serão avaliados e depois
esquecem-nos (CAMACHO, 2011:5).
x ij x j
z ij , i 1, 2, , n e j 1, 2, , p
s( x j )
x ij
z ij , i 1, 2, , n e j 1, 2, , p
s( x j )
característica j:
x ij
xj i 1
e s( x j ) V̂ar ( x j ) , j 1, 2, p
n
22
detR I 0 ou R I 0
1 r ( x1 x2 ) r ( x1 x3 ) r ( x1 x p )
r ( x2 x1 ) 1 r ( x2 x3 ) r ( x2 x p )
R r ( x3 x1 ) r ( x3 x2 ) 1 r ( x3 x p )
r ( x p x1 ) r ( x p x2 ) r ( x p x3 ) 1
Se a matriz R for de posto completo igual a „p‟, isto é, não apresentar nenhuma coluna
que seja combinação linear de outra, a equação R I 0 terá „p‟ raízes chamadas de
Sejam λ1, λ2, λ3, ..., λp as raízes da equação característica da matriz R ou S, então:
1 2 3 , p .
a i1
~a a i 2
i
a ip
Os autovectores ~
a i são normalizados, isto é, a soma dos quadrados dos coeficientes é
igual a 1, e ainda são ortogonais entre si. Devido a isso apresentam as seguintes propriedades:
a ij2 1
j 1
i
'
i
j 1
ij a kj 0 i
'
k 0 para i k
Sendo ~
a i o autovector correspondente ao autovalor λi , então o i-ésimo componente
principal é dado por:
q
b) Se q p, Y1 ,...., Y p contribuem com quantidade i da variância total tr S .
i 1
1 ... m
Pm 100
1 ... p
A importância de uma componente principal é avaliada por meio de sua contribuição, isto
é, pela proporção de variância total explicada pela componente. A soma dos primeiros k
autovalores representa a proporção de informação retida na redução de p para k dimensões. Com
essa informação podemos decidir quantas componente vamos usar na análise, isto é, quantas
componentes serão utilizados para diferenciar os indivíduos (VARELA, 2008:7).
Segundo (VARELA, 2008:8), esta análise é feita verificando-se o grau de influência que
cada variável X i tem sobre o componente Yi . O grau de influência é dado pela correlação entre
Segundo (VARELA, 2008: 9) os escores são os valores das componentes principais. Após
a redução de p para k dimensões, os k componentes principais serão os novos indivíduos e toda
análise é feita utilizando-se os escores dessas componentes.
25
Suponhamos que temos g populações conhecidas 1 ,..., g e em cada uma que observamos
., x p ) cujos valores são de grupos distintos, estejam mais separados possíveis. Decidimos,
buscar funções de h simples que permitem alocar cada um dos indivíduos a uma populaça
concreta , 1,2,..., g , minimizando a taxa de erro dessas alocações (MORENO &
CHAVEZ, 2008:163).
MORENO & CHAVEZ (2008:163), advogam que a regra de determinação das funções
discriminantes mais conhecida é do discriminador linear de Fisher, donde h é una função linear
de x = ( x1 , . . . , x p )′.
L x x 1 2 1 1 2 ;
1
2
médias e a matriz de covariâncias comum das populações i . Demonstra-se que a função linear
do vector aleatório X que produz separação máxima entre duas populações é dada por:
Em que,
X X 1 X 2 ...X 3 e 1 . 2
L= vector discriminante
m
1
1 2 ' '1 2 , ou seja m 1 D1 D 2
2 2
n1 1 n2 1
Sc .S1 .S 2
n1 1 n2 1 n1 1n2 1
D X L' ' X x1 x 2 ' S c1 .x
; Onde
D X
= função discriminante linear amostral de Fisher;
L' '
= Estimativa do vector discriminante;
CAPITULO IV
4. RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO
4.1 Preliminares
O gráfico a cima mostra que na amostra existe uma maior frequência dos homens em
relação as mulheres, mas este facto não fragiliza a opinião feminina, já que a proporção com
relação ao universo de cada género foi considerada.
O PCA constitui uma das técnicas de análise multivariada, e sua aplicação é feita com o
objetivo de identificar as variáveis latentes que mais contribuem na explicação da variabilidade
do conjunto de dados. Antes de realizar o PCA é necessário verificar a existência de níveis
aceitáveis de correlação entre as variáveis para o sucesso do resultado da análise. Para tal o teste
de KMO e Bartlett‟s são habitualmente aplicados.
30
Pelo resultado anterior, considerando adequada a aplicação do PCA neste estudo, convêm
determinar o número ideal de componentes principais, que para tal, se usa o gráfico2 de
sedimentação a seguir:
r
j k
2
jk
3
KMO ; r jk é o coeficiente de correlação simples entre x j e x k e jk é o coeficiente
r
jk
2
jk 2jk
jk
O teste Scree é realizado por meio da construção do gráfico das raízes latentes em relação
ao número de componentes. Pode-se observar que o mesmo apresenta um lento decréscimo da
curva após a sexta componente principal, pelo critério de Kaiser que diz que ¨as componentes
principais são todos aqueles que são constituídos por autovalores acima de um (1)¨. Seguindo
este critério, apenas as primeiras seis componentes principais farão parte do estudo.
32
Conforme vimos no screeplot, a tabela2 também nos mostra que para o nosso estudo
determinou-se 6 componentes principais, com uma variabilidade total de 61,952%, indicando
que o modelo com estas componentes conseguem explicar 61,952% dos dados originais (Dados
obtidos a partir do inquérito) Estas componentes representam e explicam a variabilidade das
outras variáveis.
33
Vamos considerar que as variáveis que têm uma pontuação a partir de 0,2 (negativas e
positivas) para cima pesam mais nas componentes principais.
3 P5, P7, P8, P12 P4, P11 Esta componente indica que alguns
inqueridos são unânimes na ideia da
relevância e utilidade da Matemática e são
críticos no objectivo dela e quanto a
35
4 P1, P3, P6 P4, P5, P9, Esta componente indica que uma parte dos
P11 estudantes tem uma percepção a favor da
importância da Matemática, relevância de
interpretar o resultado obtido, ainda são
críticos quanto a metodologia docente.
5 P10, P13, P14 P1, P2, P4, Esta componente mostra que os estudantes
P7, P15 percebem que as áreas da Matemática
relacionam-se com o quotidiano e com as
actividades do dia-a-dia, eles são críticos
na metodologia docente, na tomada de
decisão.
Tabela 4
Em geral com ajuda da fórmula e tabela acima afirma-se que o número de funções
discriminante da pesquisa é sete (7).
O gráfico a cima mostra-nos percepções similares, isto é, os estudantes dos cursos que
estão mais próximos apresentam opiniões similares sobre a relevância da Matemática no seu
quotidiano e para o caso dos cursos que estão distantes no gráfico, mostram percepções não
similares.
38
CAPITULO V
5. CONCLUSÕES
O objectivo principal desse trabalho é analisar as percepções dos estudantes da UPQ sobre a
relevância da Matemática no seu quotidiano, pelas análises realizadas, podemos apontar dois
aspectos relevantes:
Como conclusão final, se pode dizer que os estudantes dos departamentos de Ciências Naturais e
Matemática, ESCOGE, Ciências de Educação e Psicologia e Educação Física e Desporto são
cientes da relevância da Matemática no seu quotidiano, salientando a falta de contexto nos livros
de Matemática e criticam a metodologia docente enquanto os dos departamentos de Ciências
Sociais, ESTEC e Ciências da linguagem, comunicação e artes, percebem que a Matemática não
é relevante nas suas vidas, nem se quer na sua profissão.
39
Referências bibliográficas
ANEXOS