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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA

DE

TRONCO COMUM
1º Ano

Disciplina/Módulo: TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA


Código: ISCED11-LIECFC002

Total Horas/1o Semestre: 100

Créditos (CFG): 4
Número de Temas: 24

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (ISCED)


Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) e


contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste manual,
no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos,
mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa da entidade editora
(Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância). O não cumprimento desta
advertência é passível a processos judiciais.

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Moçambique

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Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual


agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste
manual:

Pela coordenação Direcção Acadêmica do ISCED

Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED

Financiamento e logística Instituto Africano de Promoção da Educação


à Distância (IAPED)

Pela revisão final Dr. Marcelino Cumbane

Elaborado por:

Dr. Fernando Manuel Samuel Safo Chicumule - Mestrando em Línguas, Literaturas e


Culturas e Especializado em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa e
Licenciado em Língua e Cultura Portuguesa
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
Índice

Visão geral 1

Bem vindo ao Módulo de Técnica de Expressão...............................................................1


Objectivos do Módulo.......................................................................................................1
Quem deveria estudar este módulo..................................................................................2
Como está estruturado este módulo................................................................................2
Ícones de actividade..........................................................................................................3
Acerca dos ícones...........................................................................................3
Habilidades de estudo.......................................................................................................3
Precisa de apoio?...............................................................................................................4
Tarefas(avaliação e auto-avaliação)..................................................................................4
Avaliação............................................................................................................................4

Unidade 1. O processo de comunicação 5


Introdução................................................................................................................5
Sumário............................................................................................................................10
Exercícios.........................................................................................................................11

Unidade 2. As Técnicas e os Métodos de Estudo 13


Introdução..............................................................................................................13
Sumário............................................................................................................................16
Exercícios.........................................................................................................................17

Unidade 3. A Leitura 17
Introdução..............................................................................................................17
Sumário............................................................................................................................20
Exercícios.........................................................................................................................20

Unidade 4. A Tomada de Notas 21


Introdução..............................................................................................................21
Sumário............................................................................................................................24
Exercícios.........................................................................................................................24

Unidade 5. O Resumo 25
Introdução..............................................................................................................25
Sumário............................................................................................................................27
Exercícios.........................................................................................................................27

Unidade 6. A Síntese 30
Introdução..............................................................................................................30
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ESCRITA
Sumário............................................................................................................................32
Exercícios.........................................................................................................................32

Unidade 7. A Ortografia 33
Introdução..............................................................................................................33
Sumário............................................................................................................................38
Exercícios.........................................................................................................................39

Unidade 8. A Pontuação 40
Introdução..............................................................................................................40
Sumário............................................................................................................................47
Exercícios.........................................................................................................................48

Unidade 9. A análise de um texto escrito 48


Introdução..............................................................................................................48
Sumário............................................................................................................................51
Exercícios.........................................................................................................................51

Unidade 10. A Frase 51


Introdução..............................................................................................................51
Sumário............................................................................................................................54
Exercícios.........................................................................................................................54

Unidade 11. A Frase Simples e Complexas 55


Introdução..............................................................................................................55
Sumário............................................................................................................................58
Exercícios.........................................................................................................................58

Unidade 12. Estudo do Verbo 59


Introdução..............................................................................................................59
Sumário............................................................................................................................62
Exercícios.........................................................................................................................62

Unidade 13. Conjugação Pronominal 63


Introdução..............................................................................................................63
Sumário............................................................................................................................65
Exercícios.........................................................................................................................65

Unidade 14. O Discurso directo e Indirecto 65


Introdução..............................................................................................................65

Sumário............................................................................................................................67
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Exercícios.........................................................................................................................68

Unidade 15. A Ficha Bibliográfica 68


Introdução..............................................................................................................68
Sumário............................................................................................................................70
Exercícios.........................................................................................................................70

Unidade 16. A Ficha de Leitura 70


Introdução..............................................................................................................70
Sumário............................................................................................................................73
Exercícios.........................................................................................................................74

Unidade 17. O Sumário 74


Introdução..............................................................................................................74
Sumário............................................................................................................................78
Exercícios.........................................................................................................................78

Unidade 18. Textos Administrativos 79


Introdução..............................................................................................................79
Sumário............................................................................................................................80
Exercícios.........................................................................................................................80

Unidade 19. Formas de Tratamento 81


Introdução..............................................................................................................81
Sumário............................................................................................................................83
Exercícios.........................................................................................................................83

Unidade 20. A Carta 84


Introdução..............................................................................................................84
Sumário............................................................................................................................87
Exercícios.........................................................................................................................87

Unidade 21. A convocatória 88


Introdução..............................................................................................................88
Sumário............................................................................................................................90
Exercícios.........................................................................................................................90

Unidade 22. A Acta 91


Introdução..............................................................................................................91

Sumário............................................................................................................................94
Exercícios.........................................................................................................................94
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Unidade 23. Texto ESCRITA
Expositivo-Explicativo 95
Introdução..............................................................................................................95
Sumário............................................................................................................................98
Exercícios.........................................................................................................................99

Unidade 24. Texto Expositivo-Argumentativo 99


Introdução..............................................................................................................99

Estrutura do Texto Argumentativo 105


Sumário..........................................................................................................................107
Exercícios.......................................................................................................................108

Unidade 25. O Relatório 108


Introdução............................................................................................................108
Sumário..........................................................................................................................110
Exercícios.......................................................................................................................111
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ESCRITA

VISÃO GERAL

Bem-vindo ao Módulo de Técnicas de Expressão Oral


e Escrita em Língua Portuguesa

A Competência na comunicação e expressão em língua


portuguesa é uma das habilidades indispensáveis, quer na
comunidade em geral, quer em todos os processos de gestão do
capital humano, nas organizações. Assim, por meio deste manual
pretendemos que o futuro técnico ou gestor de recursos humanos
seja capaz de se exprimir correctamente e de produzir
documentos de carácter administrativo com uma boa
expressividade e correcção linguísticas.

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo do módulo de Técnica de Expressão Oral e


Escrita em Língua Portuguesa, o formando será capaz de:
 Adquirir e aperfeiçoar as técnicas de expressão consideradas
como fundamentais para a prossecução dos estudos superiores
e para futura vida profissional.

Objectivos  Conjugar destrezas e conhecimentos linguísticos com literacia e


competências comunicativas.
 Analisar aspectos gramaticais e funcionais da língua portuguesa
 Reflectir sobre a estética e a cultura da linguagem.
 Produzir correctamente textos de carácter administrativo;
 Aplicar eficazmente as diferentes formas de tomada de nota ou
de estudo.
 Reconhecer as estratégias discursivas que norteiam a produção
e organização de textos.
 Usar correctamente as regras de pesquisa e elaboração de
trabalhos científicos.
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ESCRITA

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para todos os estudantes dos Cursos de


Licenciatura no Instituto Superior de Ciências e Educação à
Distância (ISCED), que têm, no seu plano curricular, a disciplina de
Técnicas de Expressão Oral e Escrita. O módulo reserva-se ainda
para todo o Público que o considere interessante.

Como está estruturado este módulo

Todos os módulos dos cursos produzidos pelo Instituto Superior


de Ciências e Educação à Distância (ISCED) encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave necessários para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção
antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade
incluindo um sumário da unidade e uma ou mais actividades para
auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos
uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos
podem incluir livros, artigos ou sites na internet.
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ESCRITA

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de
cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais
para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as
completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer
comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a [re] avaliar e
melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,
uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir,
cada um com uma descrição do seu significado e da forma como
nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste curso / módulo.
Ao longo do módulo encontrarás uma série de imagens que
sintetizam as teorias apresentadas. Estes ícones foram retirados
de obras consultadas ou então criadas para facilitar o processo de
compreensão dos conteúdos patentes no módulo.

Habilidades de estudo

Caro formando, o ensino à distância requer de si um grande


interesse pelo estudo, porque é um “Auto didacta”. Neste
sentido, terá de criar um horário de estudo que lhe dará a
possibilidade de estudar o módulo pelo menos quatro horas por
semana.
No fim de cada unidade, será necessário que se elabore uma
síntese das teorias lidas para a compreensão dos conteúdos.
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ESCRITA

Precisa de apoio?

A base do estudo é este módulo, mas pode completar as suas


investigações na biblioteca do Instituto Superior de Ciências e
Educação à Distância (ISCED) ou até com os materiais que poderá
encontrar noutras bibliotecas.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

As Tarefas de exercícios estão em função dos objectivos, fichas


informativas, recursos existentes e de todo um leque de condições
concretas. Os trabalhos serão entregues obedecendo aos critérios
estabelecidos pelo ISCED.

Avaliação

A avaliação da cadeira será controlada da seguinte maneira:


 Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes, sendo
divididos em três sessões presenciais de acordo com a
programação do ISCED.
 Dois (2) Testes escritos em presença e um Exame no fim do
semestre.
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ESCRITA

UNIDADE 1

O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Introdução

Nesta primeira unidade, abordamos o processo de comunicação


porque constitui a base da nossa comunicação no quotidiano.
Neste processo, são estudados os elementos que garantem uma
comunicação perfeita.
Focalizamos também as funções de comunicação que se
relacionam intrinsecamente com os factores da comunicação para
o processo comunicacional.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Conhecer os elementos de comunicação;


 Relacionar os factores da comunicação com as funções de
linguagem;
Objectivos  Comunicar, de forma desbloqueada, sem ruído.

O Processo de comunicação

No processo de comunicação, o emissor (ou codificador) emite


uma mensagem (ou sinal) ao receptor (ou descodificador), através
de uma chamada, por exemplo um telefonema. O receptor
interpretará a mensagem que pode ter chegado até ele com
algum tipo de barreira (ruído) e, a partir daí, dará o feedback ou
resposta, completando o processo de comunicação.

Ciclo comunicacional:

- Codificar: transformar, num código conhecido, a intenção da


comunicação ou elaborar um sistema de signo ou um significado
que aparenta objectivos comuns;

- Descodificar: decifrar a mensagem, operação que depende do


repertório (conjunto estruturado de informação) de cada pessoa;

- Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue


obter e pela qual sabe se a sua mensagem foi captada pelo
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receptor.

Tipos de Linguagem

-Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem


quando as palavras têm graus distintos de abstracção e variedade
de sentido. O significado das palavras está nas pessoas (no
repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as
palavras);

-Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas por


palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares,
as entoações são também importantes: são os elementos não
verbais da comunicação.

Os significados de determinados gestos e comportamentos variam


muito de uma cultura para outra e de época para época.

A comunicação verbal é plenamente voluntária; o comportamento


não-verbal pode ser uma reacção involuntária ou um acto
comunicativo propositado.

Alguns psicólogos (e.g. Armindo Freitas-Magalhães, 2007) afirmam


que os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e
encadear as interacções sociais e de expressar emoções e atitudes
interpessoais:

a) Expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém


apenas a partir da sua expressão fisionómica. Por vezes os rostos
transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas
pessoas tentam inibir a expressão emocional.

b) Movimento dos olhos: desempenha um papel muito


importante na comunicação. Um olhar fixo pode ser entendido
como prova de interesse, mas noutro contexto pode significar
ameaça, provocação. Desviar os olhos quando o emissor fala é
uma atitude que tanto pode transmitir a ideia de submissão como
a de desinteresse.

c) Movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a


emissão de mensagens.

d) Postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais


podem fornecer pistas mais seguras do que a expressão facial para
se detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores
hierárquicos adoptam posturas atenciosas e mais rígidas do que os
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seus superiores, que tendem a mostrar-se descontraídos.

e) Comportamentos não-verbais da voz: a entoação (qualidade,


velocidade e ritmo da voz) revela-se importante no processo de
comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens
mais claras do que uma voz agitada.

f) Aparência: a aparência de uma pessoa reflecte normalmente o


tipo de imagem que ela gostaria de passar. Através da
indumentária, arrumo, maquilhagem, apetrechos pessoais,
postura, gestos, modo de falar, etc, as pessoas criam uma
projecção de como são e de como gostariam de ser tratadas. As
relações interpessoais serão menos tensas se a pessoa fornecer
aos outros a sua projecção particular e se os outros respeitarem
essa projecção.

Relação Interpessoal - construção da identidade (ERIKSON, 1872):


- implica definir quem a pessoa é, quais sãos seus valores e qual
direcção deseja seguir pela vida.

Elementos da comunicação
A comunicação acompanha o ser humano desde seu nascimento,
sendo processada em todo tempo, independentemente da forma
ou da localização. O sucesso de toda a actividade profissional é
uma comunicação eficaz.

Comunicar significa transmitir e receber mensagens e pode ser


realizada por meio de:
-Linguagem falada ou escrita,
-Linguagem de sinais,
-Ideias,
-Comportamentos e atitudes.

No entanto, a comunicação jamais poderá ser compreendida


como um fenómeno isolado, pois ela somente será efectiva, se
outros elementos estiverem presentes nessa dinâmica.

Os elementos da comunicação são:

1- Emissor (locutor) = É aquele que dá início ao processo


comunicativo, pois transmite a mensagem.

2- Receptor (alocutário) = É o alvo do emissor, sendo quem


recebe a mensagem.

3- Mensagem = Pode ser um facto, ideias ou até mesmo,


emoções, ou seja, é o conteúdo contido na comunicação.
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4- Canal = É o meio pelo qual a mensagem é enviada do emissor


para o receptor.

5- Referente ou Contexto: É o objecto ou a situação a que a


mensagem se refere.

6- Código: É o conjunto de regras de combinação de signos


utilizado para elaborar uma mensagem: o emissor codifica aquilo
que o receptor irá descodificar.

Entende-se que a organização deve estar atenta ao que vai além


das palavras no processo de comunicação. É preciso focalizar
também os gestos, as expressões e atitudes. Ao mesmo tempo,
ressalta-se que o mais importante é ter capacidade de uma escuta
atenta ao que diz o cliente, pois ele repassará para a empresa o
feedback de todo o investimento realizado na sua direcção.

O maior cuidado deve estar em não produzir “ruídos” ao


realizar a comunicação. Isso quer dizer ter certeza de que a
mensagem emitida foi correctamente recebida e interpretada pelo
público- alvo.

É preciso ter o conhecimento das técnicas e dos conceitos para


colocar as palavras certas em função da comunicação certa.

Funções da linguagem

1. Função Emotiva ou Expressiva

Esta função ocorre quando se destaca o emissor. A mensagem


centra-se nas opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo
um texto completamente subjectivo e pessoal. A ideia de
destaque do locutor dá-se pelo emprego da 1ª pessoa do singular,
tanto das formas verbais, quanto dos pronomes. A presença de
interjeições, pontuação com reticências e pontos de exclamação
também evidenciam a função emotiva ou expressiva da
linguagem. Os textos que expressam o estado de alma do locutor,
ou seja, que exemplificam melhor essa função, são os textos
líricos, as autobiografias, as memórias, a poesia lírica e as cartas
de amor.

Exemplo:

Pelo amor de Deus, preciso encontrar algo, nem que sejam cinco
meticais!
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2. Função Informativa ou Referencial ou Denotativa

Referente é o objecto ou situação de que a mensagem trata. A


função referencial privilegia justamente o referente da mensagem,
procurando transmitir informações objectivas sobre ele. Centra-se
no contexto da mensagem.

Exemplo:

"Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de alterações


bioquímicas, fisiológicas e imunológicas colectivamente
denominadas inflamação." (Descrição da inflamação num artigo
científico).

3. Função Apelativa ou Conativa ou Injuntiva

É voltada para o leitor, tom imperativo, e muito encontrada em


propagandas. A mensagem é centrada no receptor e organiza-se
de forma a influenciá-lo, ou chamar sua atenção, o contexto torna-
se a parte mais importante da mensagem. Geralmente, usa-se a 2ª
pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e formas
verbais ou expressões no imperativo. Como essa função é a mais
persuasiva de todas, aparece comummente nos textos
publicitários, nos discursos políticos, horóscopos e textos de auto-
ajuda. Como a mensagem centra-se no outro, ou seja, no
interlocutor, há um uso explícito de argumentos que fazem parte
de seu universo.

Exemplo:

"Beba Coca-Cola" / "Venha à caixa Senhor, venha!"

4. Função Fáctica

O canal é posto em destaque, ou seja, o canal que dá suporte à


mensagem. Ocorre quando o emissor tem a intenção de testar o
canal. A Função Fáctica seria basicamente o diálogo.

Exemplo:

"Alô ?!", "Entenderam?", “Quem fala...?”

5. Função Poética

É aquela que se centra sobre a própria mensagem. Tudo o que,


numa mensagem, suplementa o sentimento da mensagem através
do jogo de sua estrutura, de sua tonalidade, de seu ritmo, de sua
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sonoridade. Essa função é capaz de despertar no leitor o prazer
estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos
publicitários.

Exemplo:

“Aquela cativa que me tem cativo” (Camões)

6. Função Metalinguística

Caracterizada pela preocupação com o código. Pode ser definida


como a linguagem que fala da própria linguagem, ou seja,
descreve o acto de falar ou escrever. Programas de TV que
abordam sobre a própria TV ou programas de TV que abordam
sobre os media. Peças de teatro que tratam sobre o teatro.

Exemplos:

A linguagem (o código) torna-se objecto de análise do próprio


texto. Os dicionários e as gramáticas são repositórios de
metalinguagem.

“Lutar com palavras é a luta mais vã. Entretanto lutamos mal


rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como
o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu
sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e
súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de
novo ao centro da praça.” Carlos Drummond de Andrade

Nesse poema, Drummond escreve um poema sobre como


escrever poemas... Ou seja, a criação literária fala sobre si mesma.

Um outro exemplo é quando um cartunista descreve o modo


como ele faz seus desenhos num próprio cartoon; ele demonstra o
acto de fazer cartoons e como são feitos.

Sumário

Em síntese:
O processo da comunicação mobiliza todos os factores da
comunicação, partindo do emissor que codifica uma mensagem
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que aborda um assunto do mesmo contexto, por meio de um
canal que respeita um determinado código, para um receptor
capaz de descodificar a informação veiculada da mensagem.
Todos os elementos comunicacionais referidos centram-se,
respectivamente, nas funções expressiva, poética, referencial,
fáctica, metalinguística e apelativa.

Exercícios

Leia atentamente os textos e responda às questões levantadas em


torno deles.
TEXTO -1
Lição sobre a água
Como substância, a água é incolor, insípida e inodora.
Desempenha, portanto, um papel invulgar em todos os campos de
actividade do mundo. Quimicamente, nada se lhe compara. Trata-
se de um composto de grande estabilidade, notável solvente e
poderosa fonte de energia química.
Quando congelada, portanto na forma sólida, a água se expande
ao invés de retrair, conforme acontece com a maioria das demais
substâncias, e o sólido mais leve flutua sobre o líquido mais
pesado, com consequências surpreendentes. Ela é capaz de
absorver e liberar mais calor que todas as demais substâncias
comuns. No que diz respeito a uma série de propriedades físicas e
químicas, tais como seu ponto de congelamento e ebulição, a água
é singular, verdadeira excepção à regra. E quase todas as
propriedades participam dos mecanismos da vida humana, quer
naturalmente, como no processo digestivo, ou artificialmente,
como uma máquina a vapor.
Todas essas peculiaridades da água podem ser explicadas à luz da
sua estrutura molecular. A combinação de dois átomos de
hidrogénio com um de oxigénio formando a água (H 2O) resulta
numa molécula espantosamente resistente, sendo necessária uma
energia extraordinária para cindi-la. De facto, até há uns 180 anos
passados acreditava-se que a água fosse um elemento indivisível,
e não um composto químico.
MATTOS e MEGALE: 13:1990
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ESCRITA
Texto 2

1. Identifique os elementos da comunicação presentes nos


dois textos por meio de um quadro comparativo.
2. Encontre funções da linguagem nos dois textos e
exemplifique com passagens textuais.
3. Descreve situações de ruído de comunicação em todos
factores de comunicação
4. Elabore um texto onde ocorram todas as funções da
linguagem.
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UNIDADE 2

AS TÉCNICAS E OS MÉTODOS DE ESTUDO


Introdução

A unidade aborda essencialmente as técnicas de estudo para os


estudantes do ensino superior e, no geral, para os estudantes de
qualquer nível que queiram ver o seu trabalho repleto de
sucessos.
O ISCED usa o método PBL, que centraliza o processo de ensino e
aprendizagem no aluno e a aplicação do estudante nos estudos
constitui a base.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
 Diferenciar os métodos de estudo no ensino superior dos
métodos de estudo no ensino secundário;
 Organizar, planificar e implementar as tarefas, ou seja, as
Objectivos actividades de estudo;
O método de estudo
Ao ingressarmos numa instituição temos de prestar atenção a
algumas mudanças relacionadas aos métodos de estudo. Aqui e
em particular neste ISCED usa-se o método PBL que centraliza o
processo de ensino e aprendizagem no aluno. Neste método, o
aluno é o centro da aprendizagem e todas as atenções estão
viradas para o seu desenvolvimento, com tendência à resolução
de problemas específicos da vida quotidiana. Como veremos nos
tópicos que se seguem nesta unidade não pretendemos ilustrar a
aplicabilidade do método, mas sim o uso de determinadas técnicas
que contribuirão para o maior rendimento do estudante no
método.
A Aprendizagem no ISCED
Como já dissemos acima, os métodos de aprendizagem no ISCED
são diferentes dos usados no ensino secundário geral, pois, para
além do nível de abordagem dos conteúdos que é mais profundo,
os estudantes devem possuir a seguinte postura (+)
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ESCRITA
pesquisadores, (–) dependentes do Docente e de maior
autonomia na aprendizagem.
A título de exemplo de algumas diferenças dos estudantes das
duas escolas temos, de acordo com Ruiz, (1991:19) 1
“ no curso médio, o estudante leva para casa as tarefas
diárias; não acontece o mesmo na faculdade. No curso
médio, os alunos andam uniformizados, não podem fumar
no recinto escolar e as classes são bastante homogéneas;
no curso superior nada disso acontece”.
Como se pode notar, a caracterização do ambiente de estudo no
ensino universitário é diferente do ensino secundário. Assim, o
estudante do ensino universitário deve ser pontual, responsável e
assíduo às aulas. A responsabilidade referida parte da
programação das actividades diárias.
O plano de actividades
No quotidiano, notamos constantemente que todo o homem
planifica, pois, a planificação é guia das suas actividades. Com base
nela, os homens praticam e controlam o cumprimento dos
objectivos previamente estabelecidos. Assim, tendo o estudante
um conjunto de actividades a efectuar, é pertinente que essas
sejam devidamente planificadas para que o objectivo de
assimilação dos conteúdos seja consumado.
Segundo Estanqueiro (2002: 13)2
“Se compararmos o rendimento de duas pessoas com
capacidades intelectuais semelhantes, veremos que vai
mais longe aquele que dedica mais horas ao estudo.
Acontece até que muitos estudantes de ritmo lento (tipo
tartaruga) chegam a superar colegas rápidos (tipo lebre),
só porque começam mais cedo e são mais regulares.”
Da citação, pode compreender-se até que ponto vai a
responsabilidade do estudante na universidade, pois, antes de
tudo, o estudante deve ser capaz de dispor de tempo para estudar
ou mesmo para frequentar todas as aulas do curso. Assim, torna-
se indispensável que o estudante descubra o tempo para o
desenvolvimento desta e das outras actividades.

1
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
2
ESTANQUEIRO, A. G. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
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ESCRITA

De acordo com Ruiz, (1991: 22)3


“ A maneira mais prática de descobrir ou fazer aparecer o
tempo consiste em tomar uma folha de papel, anotar os
diversos dias da semana em linha horizontal e os diversos
afazeres em linha vertical; registar depois, na coluna de
cada dia da semana, as horas plenas e os diversos espaços”

É evidente que nem sempre acordaremos a hora indicada no


nosso horário mas o grande esforço do estudante deve cingir-se
no cumprimento do horário estabelecido. Neste horário devem
constar todas as actividades inclusive as actividades de estudo
individual: preparação para a aula, revisão de aula, revisões gerais
para as provas e exames e até os tempos de lazer.
Não importa se o tempo de estudo de cada cadeira ou disciplina é
pouco ou não, porque se usarmos correctamente as técnicas de
leitura, revisão, fichamento teremos um bom aproveitamento.
Nisto, é necessário desenvolver técnicas para tornar qualquer
tempo produtivo.
Do ponto de vista de Ruiz, (1991: 22)4
“A perseverança no cumprimento do programa é o maior
problema; geralmente, o nosso tempo é pequeno, mas o
pior é que o pequeno espaço de tempo se converte em
nada pela falta de perseverança.”
O autor acima referido apela-nos para maior perseverança nas
actividades programadas no horário individual mas, para além da

3
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
4
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
perseverança, Estanqueiro cita também a necessidade de ocupar
as melhores horas do dia para o estudo individual.
Segundo Estanqueiro (2002:14)5
“ o estudo é uma actividade ciumenta que exige as melhores
horas do dia. Quais são? Várias experiências provam que o
rendimento intelectual da manhã é superior ao da tarde e ao
da noite. Ao princípio da tarde, ocorre sempre uma quebra de
vivacidade mental, fruto de uma certa sonolência que ataca a
gente e não apenas os que fizeram um grande almoço. Quanto
à noite, é natural que o cansaço acumulado de um dia
prejudique o rendimento, apesar de haver pessoas que se dão
bem a estudar na calma da noite.”

Pode-se depreender da citação que, cada estudante tem um


determinado tempo que lhe é rentável nas suas actividades, pois,
enquanto uns obtém uma boa atenção mental na assimilação dos
conteúdos nas manhãs; outros, obtém o mesmo estado nas tardes
ou à meia-noite. Por isso, convém deixarmos bem claro nesta
unidade que cada estudante deve ser capaz de descobrir o seu
tempo mais rentável. Além do tempo, as condições do ambiente
de estudo “calmo, barulhento, no quarto, na praia”, estado
emocional do estudante entre outros, constituem os principais
factores a ter em conta na planificação do tempo de estudo.

Sumário

Em síntese:
A adopção de um ou do outro método de estudo nos
estabelecimentos educacionais tem como objecto alcançar os
objectivos preconizados nos programas. Assim, com a adopção do
método PBL esperamos que o processo seja eficaz e que o aluno
sinta que tem todas as ferramentas necessárias para o seu
progresso.
A programação, a perseverança e a responsabilidade nas
actividades será como sempre a base do êxito educacional do
estudante.
5
ESTANQUEIRO, A. G. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA

Exercícios

1. Elabore um horário das suas actividades tendo em


conta as cadeiras que tem e as exigências do curso.
2. Indique duas vantagens da programação das
actividades.
3. Por que razão Ruiz afirma que “A perseverança no
cumprimento do programa é o maior problema…”

UNIDADE 3 - A LEITURA

Introdução
No processo de ensino e aprendizagem é preciso compreender
que o êxito nos estudos provém da adopção de técnicas de estudo
e de leitura. Fazer uma boa leitura significa criar condições para
que a leitura termine na compreensão dos conteúdos. Assim,
nesta unidade, pretendemos apresentar algumas técnicas que lhe
poderão ajudar nos seus estudos.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Indicar o propósito da leitura;


 Praticar a leitura de acordo com as etapas;
Objectivos  Verificar a compressão dos conteúdos.

Para se alcançar o pleno êxito na sua carreira estudantil, não basta


apenas o facto de participar às aulas e receber as orientações com
relação aos objectivos da aprendizagem, mas é também
necessário que se façam leituras.
De acordo com Gomes (2002:57)6, o acto de ler consiste em
“decifrar símbolos de linguagem escrita para lhes conferir a
correspondência com os sons que representam”.
Do conceito de leitura acima apresentado, é possível notar que
toda actividade da aprendizagem terá o seu fulcro na leitura
porque com base nela o estudante será capaz de assimilar
conteúdos a partir da atitude de clarificar os conteúdos

6
Gomes A. Didáctica de Ensino da Língua Portuguesa, Vol. II, 2002
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
subjectivos.
Segundo Potts (1989:56)7
“No sentido genérico, a qualidade de uma leitura é a
soma de todos os elementos que estão presentes numa
peça impressa, que influencia o êxito que um grupo de
leitores consegue com ela. O êxito é medido pela extensão
em que o texto é compreendido, a velocidade óptima é tida
como interessante.”
Como se afirma na citação, o êxito da leitura é avaliado
pelo grau da compreensão do texto no processo de ensino e
aprendizagem. Se os estudantes não forem capazes de transmitir
o conteúdo patente no texto, ou seja, de mostrar que
conhecimentos adquiriram ou, ainda, de usar os conhecimentos
para responder a determinadas necessidades, então, eles não
entenderam o texto. Porém, a leitura é antecedida por uma
selecção de obras que normalmente nos é apresentada pelo
docente mas se assim não suceder siga as instruções que se
seguem.

Como seleccionar o que ler


É evidente que ao nos dirigirmos à biblioteca já teremos em mão
um tema relacionado com uma determinada área da
aprendizagem. No entanto, será fundamental que conheçamos a
organização dos livros de estudo na biblioteca e depois que
conheçamos a organização dos próprios livros em si. Assim, é
interessante trazermos a teoria de Estanqueiro (2001:69) 8 que se
refere que há três técnicas entre outras possíveis de ajudar a
conhecer um livro, a descobrir o seu interesse e a tornar mais
rentável a sua utilização.
As técnicas destacadas pelo autor são: Percorrer o Índice, ler a
Introdução e folhear as páginas. Para o autor “pelo índice é
possível ver o essencial da matéria tratada. (...) Na Introdução, o
autor explica as intenções do livro, (...) Folheando o livro pode
observar-se a forma como é apresentada a matéria.”9

7
In Didáctica de ensino da língua portuguesa.
8
ESTANQUEIRO, A. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
9
ESTANQUEIRO, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
Na mesma perspectiva de abordagem, Ruiz (1991: 35) 10, para além
dos elementos citados, acrescenta que “devemos ver o nome do
autor, o seu Curriculum, a orelha do livro, a documentação ou as
citações ao pé das páginas, a bibliografia, assim como verificar a
editora, a data, a edição e ler rapidamente o prefácio”
No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta
dois passos que são considerados fundamentais para que se
efectue uma leitura efectivamente produtiva. Na primeira leitura,
procura-se ter um conhecimento global do texto e, na segunda,
faz-se uma leitura mais aprofundada procurando compreender e
assimilar o essencial.
A primeira etapa da leitura, de acordo com Estanqueiro, pode ser
designada Ler “por Alto” e a segunda Ler “em Profundidade”.
A primeira consiste em dar uma passagem de olhos pelo seu
conteúdo, procurando ter uma visão panorâmica do terreno a
explorar ou seja uma visão geral do assunto “a Ideia
Principal”. Nesta primeira leitura, pode-se fazer a leitura de alguns
parágrafos (os iniciais e os do meio e o último parágrafo).
As questões tais como:
“O Que diz o texto? Que pretende transmitir o
autor?
Que explicações são fundamentadas? Os factos e os
argumentos são esclarecidos?
Concordo com a opinião do
autor? Que novidades surgem no
texto?
Encontro informações úteis? Posso aplicá-las na
prática?
Que ligações tem o assunto com aquilo que já
sei?”
É bom notar que um bom leitor não regista passivamente tudo
aquilo o que lê nos livros, mesmo se os autores lhe merecem toda
a confiança. O bom leitor tem de manifestar o seu espírito crítico
perante todo o conteúdo que lê, ele analisa, compreende,
interpreta, compara e avalia. Esta prática torna-se eficaz a partir
do momento em que sabemos sublinhar o essencial do texto.
O acto de sublinhar as ideias-chave do texto desperta a atenção,
ajuda a captação e facilita as revisões. Assim para sublinhar e fazer

10
RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos,
São Paulo: ATLAS 1991
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
anotações na margem do texto, o metodólogo Estanqueiro diz que
é necessário:
“Dar prioridade as definições, fórmulas, esquemas, termos
técnicos, e outras palavras ou expressões que sejam a
chave da ideia principal.
Destacar uma ou duas frases por
parágrafo. Sublinhar apenas os livros
pessoais”
Por sua vez, Ruiz reforça que temos de seleccionar apenas as
ideias principais e os detalhes importantes; não devemos
sublinhar por ocasião da primeira linha, reconstruir o parágrafo a
partir das palavras sublinhadas, ler o parágrafo sublinhado com a
continuidade e plenitude de sentido de um telegrama; sublinhar
com dois traços as palavras-chave da ideia principal, e com um
único traço os pormenores importantes; assinalar com linha
vertical, as margens mais significativas e finalmente assinalar com
um ponto de interrogação as margens dos pontos a discordar.

Sumário

Em síntese:
A qualidade de uma leitura é a soma de todos os
elementos que estão presentes nele, que influenciam no
êxito que um grupo de leitores consegue com ela. O
resultado da leitura é medido pela extensão em que o
texto é compreendido, a velocidade óptima é tida como
interessante.”

Exercícios

“No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta


dois passos fundamentais para que se efectue uma leitura
efectivamente produtiva.”
1. Quais são as etapas a seguir no acto da leitura?
2. Que questões podem ser colocadas depois de ter feito uma
leitura?
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA

UNIDADE 4

A TOMADA DE NOTAS
Introdução

A tomada de notas constitui uma síntese dos conteúdos lidos e


todo o estudante deverá conhecer e usar correctamente estas
regras. Assim, nesta unidade apresentamos as diferentes formas
de tirar apontamentos e as orientações recomendadas para cada
método.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Conhecer as regras de tomada de notas;


 Tomar notas.
Objectivos

A Tomada de Notas
Um bom leitor, para além de sublinhar, também faz anotações
quer no papel quer no próprio texto de apoio. Estas anotações,
principalmente, as feitas no texto são a prova do seu espírito
crítico. Enfim, as anotações são reacções ou comentários pessoais
e podem expressar-se através de formas diversificadas:
 Ponto de interrogação (?) como sinal de dúvida;
 Ponto de exclamação (!) como sinal de surpresa ou
entusiasmo;
 Letras diversas para fazer uma observação simples como
por ex: B - bom, I - importante ou interessante, N – não, R-
rever e outras;
 Palavras que resumam o núcleo central de um parágrafo;
 Uma nota de referência sobre os assuntos defendidos pelo
mesmo autor ou por autores diferentes (ESTANQUEIRO,
2001).

Nota:
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
Fazer anotações é enriquecer o livro e elas (as anotações) devem
ser claras e breves.
A actividade de tirar apontamento é complexa e constitui um dos
processos fundamentais para a captação e retenção da matéria,
pois, por meio dos apontamentos aprendemos melhor e as nossas
informações ficam guardadas para sempre.

De acordo com Estanqueiro, os apontamentos podem ser de três


tipos: Transcrição, esquemas e resumos.

O primeiro tipo de apontamento “A Transcrição” consiste em


transcrever e copiar uma informação de forma totalmente igual ao
texto original. Porém, é importante referir que esse não é o
processo mais eficaz para estudar um assunto, embora seja útil,
pois enquanto se escreve pensa-se sobre aquilo que se lê. Mais
eficaz será fazer esquemas e resumos.
Regras:
De acordo com o mesmo autor11 as regras a serem seguidas
nos apontamentos de transcrição são:
 Não copiar longos textos, integralmente. Basta seleccionar
as partes mais significativas.
 Pôr entre aspas os textos copiados;
 Indicar com precisão a fonte, ou seja, registar o nome do
autor, o título do livro ou da revista; o número da edição, o
local da edição, o editor, a data e a página.
Se assim estiverem organizados, os apontamentos poderão servir
em qualquer momento.
Esquema
Uma técnica importante é passar a esquema todas as informações
tidas como ideias-chave, durante a leitura. Pois eles (os esquemas)
são simples enunciados das palavras-chave, em torno dos quais é
possível arrumar grandes quantidades de conhecimentos. De
acordo com Estanqueiro “eles também representam uma
enorme economia de palavras e oferecem a vantagem de destacar
e visualizar o essencial do assunto em análise, podendo ainda
ser

11
Estanqueiro, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
facilmente reformulados.”
Tipos de esquemas:
Ainda na mesma abordagem, refere-se que existem os seguintes
tipos de esquema: Índices, quadros, gráficos, desenhos ou mapas
e todos estes tipos de esquema podem ser encontrados nos
manuais.
De acordo com Ruiz, as regras do resumo são:
 Ser fiel ao texto;
 Apanhar o tema do autor;
 Ser simples, claro e destacar os títulos e subtítulos;
 Subordinar as ideias aos factos;
 Manter um sistema uniforme de observação.
Nota: Os esquemas não são aconselháveis pela insuficiência de
informações.

O resumo
Segundo Estanqueiro (2001: 52, 53),
Resumir é abreviar, tornar mais curto um texto. Isto exige
capacidade para seleccionar e reformular as ideias essenciais,
usando frases bem articuladas.
Às pessoas pouco treinadas na técnica do resumo, propomos a
seguinte metodologia:
 1.º Compreender o texto, na sua globalidade;
 2.º Descobrir a ideia-chave ou tópico de cada parágrafo;
 3.º Registar numa folha de rascunho o conjunto dos vários
tópicos, recolhidos parágrafo a parágrafo;
 4.º Reconstruir o texto, de um modo pessoal, respeitando
sempre o plano e o pensamento do autor.
Um bom resumo, tal como um bom esquema, tem quatro
características fundamentais:
 Brevidade - os pontos principais da matéria são registados
de forma abreviada. Um bom resumo não ultrapassa um
quarto do texto inicial.
 Clareza - os factos ou as ideias são apresentados sem
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
qualquer tipo de confusão ou ambiguidade.
 Rigor - o essencial do assunto é reproduzido fielmente,
sem erros nem deformações.
 Originalidade - a matéria é traduzida numa linguagem
original, própria de cada leitor, embora transmita apenas o
ponto de vista do autor. Resumir não é comentar!
Fazer resumos é um processo eficaz para compreender e assimilar
a matéria. É também um treino fundamental para a transmissão
das nossas ideias, de forma breve, clara, rigorosa e original.
Nas provas de avaliação, escritas ou orais, e pela vida fora, exige-
se capacidade para comunicar, com rapidez e eficiência, o
essencial das coisas que sabemos. Aprender a resumir é aumentar
as hipóteses de sucesso:

Nota: quando for convidado a fazer um resumo, não hesite em


perguntar qual a extensão desejada, para não haver defeito nem
excesso.

Sumário

Em síntese:
A actividade de tirar apontamento constitui um dos
processos fundamentais para a captação e retenção da
matéria, pois, por meio dos apontamentos aprendemos
melhor e as nossas informações ficam guardadas para
sempre. Os apontamentos podem ser de três tipos:
Transcrição, esquemas e resumos

Exercícios

1. Indique as diferentes formas de tirar apontamentos.


2. Diferencie-as.
3. Faça a tomada de notas do Texto 1, da Unidade 1.
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA

UNIDADE 5

O RESUMO
Introdução

Qualquer estudante do ensino superior deve ser capaz de resumir


textos de carácter científico ou didáctico, pois, por meio dos
resumos, os resultados adquiridos nos estudos são mais eficazes e
mais amplos.
Nesta unidade, veremos as estratégias usadas para a redução de
um texto – a técnica de resumo - especificamente o método
RASERO.
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
Ao completar esta unidade /lição, será capaz de:

 Detectar o essencial num texto para resumi-lo;


 Discernir sobre o que é indispensável, o principal, o
Objectivos importante, o secundário, o acessório e o inútil;
 Resumir um texto de qualquer natureza (científico /
literário);
A actividade de resumir um texto destaca-se pelo facto de tornar o
texto mais curto, contraído, condensado ou de abreviá-lo. Porém,
não se deve confundir um plano com um resumo, pois, este é
correctamente redigido, claro e construído. Deve pôr em realce o
essencial, sem ser nem uma análise nem um comentário.
De acordo com Lemitre (1986: 158), o resumo dá uma visão de
conjunto do conteúdo e acentua a progressão dos pontos
principais. Ele respeita a linearidade do discurso inicial. Não pode
retomar todas as ideias expostas, mas não deverá tão-pouco
limitar-se a um sobrevoo abstracto não conservando senão os
conceitos sem explicações.
Em suma, resumir é apresentar, de forma contraída, reduzida ou
abreviada, as ideias principais de um texto. E para chegarmos a
ele, há que fazer uma operação mental insubstituível: dispensar o
que não é significativo. Ao dispensar o que é secundário,
valorizará só o que é fundamental. Por isso, um resumo bem feito
é económico em palavras e rico em significado.
São alguns dos exemplos de resumo: as manchetes, os títulos, as
legendas. Assim, dar títulos, fazer manchetes ou construir
legendas é uma actividade que muitas vezes nos ajuda no domínio
do significativo de um texto.
Para detectar, referenciar, descobrir, apreender e apontar as
ideias de fundo, directrizes, mestras, essenciais ou centrais é
necessário seguir o método RASERO.
 Rapidez da leitura do texto;
 Atenção da leitura do texto;
 Sublinhado das ideias-chave;
 Esquema do essencial;
 Resumo das unidades de significação;
 Operatividade.
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA

Nestas actividades, a grande dificuldade é de identificar qual é o


conteúdo mais importante, mas é preciso ter em atenção que as
ideias principais encontram-se em constelações de ideias. Ver em
Ruiz p. 38-39 como se pode notar a partir do Plano (esquema)
traçado se o leitor é capaz de produzir o resumo considerando os
seguintes aspectos:
 Eliminar as repetições, as interjeições;
 Suprimir pormenores, exemplos isolados, citações, mas
sem cair na generalização esquemática;
 Manter os valores mais significativos em abordagens que
apresentam números;
 Distinguir as ideias principais das secundárias;
 Respeitar a ordem, a estrutura e a proporção do texto,
bem como as articulações lógicas.
Defeitos a evitar:
 A utilização de frases ou expressões inteiras do texto que
se quer resumir;
 Acrescentamento de comentários pessoais;
 A ausência de elos de ligação entre as frases e os
parágrafos.

Sumário

Em síntese:
Resumir é apresentar de forma contraída, reduzida ou abreviada,
as ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há que
fazer uma operação mental insubstituível: dispensar o que não é
significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o que
é fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em
palavras e rico em significado.

Exercícios

1. “O resumo dá uma visão de conjunto do conteúdo e


acentua a progressão dos pontos principais. Ele respeita a
linearidade do discurso inicial.”
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
1. Clarifique a ideia expressa na afirmação.
2. Explicite detalhadamente o método RASERO, resumindo o
texto que se segue:
A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NO TRABALHO COM O
TEXTO LITERÁRIO

O trabalho com a literatura infantil e juvenil no contexto


escolar e a formação do hábito/necessidade de leitura tem
motivado várias discussões e busca constante de inovações
por parte dos profissionais da educação. Porém, na prática,
percebe-se que as aulas de Língua Portuguesa não têm dado
conta de abarcar toda essa carga de responsabilidades,
principalmente no que se refere à formação do hábito de
leitura de textos literários. Como em qualquer outro conteúdo,
o ensino da leitura na escola necessita de metodologia.
Segundo Ezequiel Theodoro da Silva e Regina Zilberman
(2005, p.115), uma pedagogia da leitura que objectiva a
transformação do leitor e, através deste, da sociedade,
dificilmente se funda na descrição da estrutura do(s) texto(s).
Mais do que isso, uma pedagogia da leitura de cunho
transformador propõe, ensina e encaminha a descoberta da
função exercida pelo(s) texto(s) num sistema comunicacional,
social e político.
A história mostra que a criança só passou a ser vista como
criança a partir do final do século XVII. Por isso, até então não
se escrevia especificamente para elas, porque não existia o
conceito de “infância” como um período particular na vida
do ser humano. Foram as modificações acontecidas no início
da Idade Moderna e solidificadas no século XVIII que
propiciaram a ascensão de modalidades culturais como a
escola com sua organização actual e o género literário dirigido
ao jovem. A valorização da infância (enquanto faixa etária
distinta do adulto) é o que chama a atenção nesse novo
modelo, no qual a criança merece uma consideração especial e
é-lhe dado o direito de tornar-se num adulto saudável,
providenciando-lhe uma formação intelectual. (ZILBERMAN,
2005)
A escola tem, nesse processo, uma actuação fundamental.
Ela deve propiciar um encontro adequado entre criança e livro.
O convívio com o texto alarga horizontes; não se trata,
portanto, de oferecer ao leitor-jovem obras que justifiquem
sua condição de marginalidade ou inferioridade social, mas
sim, de dar-lhe a oportunidade de intercâmbio com o texto,
vivenciando particularmente o mundo criado pelo imaginário.
Dessa forma, a leitura adquire um carácter formativo, o que
difere de uma função estritamente didáctica, propiciando
elementos para a emancipação pessoal, fazendo com que o
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
leitor tenha um maior conhecimento do mundo e do seu
próprio ser através da fantasia criada pelo escritor.
Nessa interacção entre o texto e o leitor, é fundamental o
papel do professor, pois ele é o principal responsável pelo
ensino da leitura na escola.
Para tanto, precisa estar fundamentado em teorias que o
ajudem a pensar práticas pedagógicas para o ensino da
literatura na escola. E o primeiro passo para que isso ocorra é
a conscientização, tanto por parte do aluno quanto do
professor – principalmente deste – de que a leitura, neste
caso particularmente a leitura de textos literários, é uma das
formas de aquisição de conhecimento e gostar de ler é um
processo: não se nasce gostando e pode-se aprender.
Por isso, tal processo requer procedimentos didáctico-
pedagógicos que levem o leitor a perceber que há um percurso
até chegar ao objectivo, e que o prazer de ler é construído na
medida em que ele vai superando as dificuldades, avançando e
constituindo-se como sujeito, criando novas relações entre
situações reais e situações de pensamento.
Os alunos precisam ter contacto com textos literários em
sala de aula, mas isso não pode ser feito de forma aleatória e
desvinculada de um objectivo. É necessário planificar as aulas
e usar estratégias que sirvam para despertar o interesse de
crianças e adolescentes, permitindo-lhes superar as limitações
e avançar, constantemente, no processo de amadurecimento
como leitores e como pessoas. A esse respeito, Magnani
afirma que:
 se o gosto se aprende, pode ser ensinado. A
aprendizagem comporta uma face não espontânea e
pressupõe intervenção intencional e construtiva.
Assim, o professor tem um importante papel a
desempenhar no desenvolvimento de seus
alunos/leitores. (MAGNANI, 1991, p.104)
 Se o gosto se forma na aprendizagem escolar, o
professor tem papel imprescindível neste processo. É
necessário, além da planificação, uma intimidade com
as obras literárias, adquiridas a partir do gosto de ler,
primeiramente do professor, que será o principal
mediador entre leitor e obra.
Esta intimidade fará com que o professor tenha prazer em
ler para seus alunos, comentar sobre as obras que está a ler e
apresentar a eles tudo que a literatura é capaz de nos
proporcionar. A partir daí os alunos naturalmente terão
curiosidade em buscar sozinhos tudo aquilo que lhe é
proporcionado quando o professor lê para eles.
Ao fazer com que a obra literária chegue até ao aluno e ao
planificar estratégias para este trabalho, o professor contribui
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
para que os conteúdos básicos de leitura, escrita, oralidade e
análise linguística estejam interligados e não isolados. Além de
facilitar aos alunos o acesso a diversos géneros textuais.
Dessa forma, serão capazes de perceber o percurso que há
até se chegar ao objectivo, e que o prazer de ler está na
superação, na responsabilidade e na consciência de que leitura
demanda esforço.
Entendida desta forma a leitura da obra literária, propõe-
se que se pense no ensino de literatura a partir dos
pressupostos teóricos da Estética da Recepção (JAUSS, 1971)
que tem como fundamento central a ideia de que nenhuma
obra está incólume às determinações históricas, às condições
de recepção a que é exposta no passar do tempo.
In: SANTOS NUNES, Isabel Cordeiro dos (2008). O texto literário no
ensino fundamental. Porto
Alegre
(www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br)

UNIDADE 6

A SÍNTESE
Introdução

Para a elaboração de qualquer texto, seja de que natureza


for, é necessário seguir um determinado percurso de forma a
atingir uma hiperestrutura textual coerente e coeso.
Portanto, nesta unidade apresentamos o percurso
metodológico que deve ser seguido na produção ou elaboração de
uma síntese.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Elaborar uma síntese de texto de qualquer natureza


(científico / literário);
Objectivos
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
Segundo Esteves (2002:82)12, a síntese é “um género de texto
elaborado, de dimensão reduzida, mas redigida de forma simples,
clara e consistente”. A elaboração de uma síntese implica um
bom domínio das técnicas de leitura e de escrita. Deste modo, é
possível trabalhar-se vários tipos de texto em simultâneo.
O apelo à escrita sintética do mundo actual é devido a dois
aspectos. Por um lado, aos vários suportes de informação
existentes e, por outro, às exigências do próprio leitor que se
interessa por escritos recheados de “paginação, cor,
abundância de títulos, subtítulos e cabeçalhos, quadros, gráficos,
resumos e sínteses, estrutura e plano em destaque, frases curtas
(20 a 30), estilo concreto e vivo, próximo da oralidade, usando a
forma activa e o infinitivo.”13

Percurso de elaboração
Os passos a seguir para a elaboração de uma síntese assentam na
compreensão do texto, na elaboração de um plano ou no
reagrupamento das ideias e na redacção.
I. Compreensão do texto
Deve-se fazer uma leitura activa, tal como no resumo mas em
menor profundidade. Implica destacar as palavras-chave, ideias-
chave e fazer anotações numa folha, usando frases soltas.
II. Plano ou reagrupamento de Ideias
Engloba os seguintes pontos:
1. Apresentação – “Identifica o texto, o tema
tratado, o nome do autor e eventualmente a
tese”;
2. Ilustração – “expõe os factos respeitantes ao
tema; noutros casos, historia o problema”;
3. Causas – “diagnostica o estado da questão,
indo até às suas origens”;
4. Efeitos – “reúne as consequências”;
5. Remédios – “indica as soluções
apresentadas pelos autores para alterar os
efeitos ou resolver os problemas”;
6. Conclusão – “apresenta as considerações finais
dos textos.”
12
Esteves Rei, Curso de Redacção II, Porto: Porto Editora, p.82
13
idem
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA

Plano ou Reagrupamento das Ideias


1. Apresentar no estilo indirecto as posições de
cada autor;
2. Respeitar o pensamento de cada autor;
3. Ser conciso, claro e preciso;
4. Ter atenção à construção frásica.

Aspectos a evitar
1. Não se deve utilizar frases e expressões inteiras
do texto;
2. Não se deve fazer comentários ao texto.

Sumário

Em síntese:

A elaboração de uma síntese implica um bom domínio das


técnicas de leitura e de escrita. Na produção, há que evitar os
seguintes aspectos: utilizar frases e expressões inteiras do texto;
fazer comentários ao texto.

Exercícios

1. Releia atentamente o texto da unidade anterior e faça a sua


síntese.
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA

UNIDADE 7

A ORTOGRAFIA
Introdução

A Língua Portuguesa constitui, para além de elemento de


Unidade Nacional em Moçambique, um meio de comunicação.
Assim, ao futuro técnico/gestor, que usará esta língua como
instrumento de comunicação, torna-lhe imperativo dominá-la.
Portanto, é importante que se esteja atento à correcção linguística
dos enunciados que ouvimos ou que lemos no dia-a-dia.

O Desenvolvimento da capacidade de expressão escrita só


será possível com a escrita constante. Escrever bem implica
também dominar as regras, quer de ortografia quer da pontuação,
por isso na unidade seguinte trataremos da Pontuação.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Aprofundar conhecimentos sobre o sistema verbal escrito


da língua portuguesa;
Objectivos  Escrever correctamente um enunciado sem cometer erros
ortográficos;

Conceito da ortografia
A Ortografia é a parte da Gramática que ensina a maneira correcta
de escrever as palavras. (Pinto; Lopes; Neves: 2001: 4)
A habilidade de escrever é uma arma eficaz de sucesso, tanto na
escola como na profissão.
Na escola, a escrita é uma das formas de expressão mais
valorizada na avaliação dos estudantes, em quase todas as
disciplinas.
Pela vida fora, as pessoas, mesmo seguindo profissões técnicas,
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ESCRITA
têm de escrever cartas, relatórios, actas, exposições,
comunicados, projectos, etc. A escrita é um instrumento
fundamental para informar, demonstrar, persuadir ou
simplesmente para interessar os outros pelas nossas ideias.
É possível ter sucesso sem saber escrever correctamente. Mas
aqueles que sabem escrever estão sempre em vantagem.
Na expressão escrita o mais importante é fazer-se entender, mas
isto não significa que se deve desprezar a ortografia. As palavras
têm de ser escritas com correcção.
Os erros ortográficos podem ter como causas a deficiente
aprendizagem no ensino básico, a falta de tempo e de motivação
para a leitura ou ainda a desvalorização da escrita em relação a
outras formas de expressão. A maioria dos erros é um reflexo da
oralidade. Espontaneamente, as pessoas escrevem as palavras
como as pronunciam na linguagem oral. Falando mal, pioram na
escrita.
Observemos exemplos dos erros mais frequentes, encontrados
nos trabalhos dos estudantes.
Eliminação ou troca de letras
Devido às confusões provocadas pela oralidade, acontece, por
vezes, ao nível da grafia, a eliminação ou troca de algumas letras.
É vulgar:

A eliminação do e ou do
i:
adequado
adquado (errado)
adivinhar
advinhar
(errado )
establecer ( errrado) estabelecer
intlectual ( errado) intelectual

A troca de e por i ou i por


e:
definição
defenição
distinção
(errado) destinção
(errado)
indespensável (errado) indispensável
ivitar ( errado ) evitar
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menistro (errado) ministro
previlégio (errado) privilégio

A troca de o por u ou u por


o:
agrícula (errado ) agrícola

mágua (errado) mágoa

opurtuno oportuno

(errado)
suburdinado (errado) subordinado
A confusão entre os prefixos es e ex:
esperiência (errado) experiência
espectativa (errado) expectativa
expectáculo (errado) espectáculo

A confusão entre os prefixos per e pre:


perconceito (errado) preconceito
pregunta (errado) pergunta
prefeição (errado) perfeição
premissão (errado) permissão

Troca de palavras homófonas


Alguns erros provêm da troca de palavras homófonas, isto é,
palavras que se pronunciam do mesmo modo.
Diferentes na escrita e no significado, merecem distinção claras
seguintes palavras:
acento (modo de pronúncia) assento (lugar )
apreçar (avaliar) apressar (acelerar o passo)
cem (numeral) sem ( preposição)
concelho (município) conselho(opinião, parecer)
concerto (sessão musical) conserto (reparação)
consolar ( aliviar o sofrimento) consular (relativo ao
cônsul)
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coser ( costurar ) cozer ( cozinhar)
estofar ( cobrir de estofo) estufar ( meter na
estufa) espiar ( espreitar) expiar ( sofrer um
castigo)
morar ( residir) murar ( pôr muro)
paço (palácio) passo ( modo de
andar) peão ( pessoa que anda a pé) pião (brinquedo)
roído (mordido) ruído ( som)
ruço ( pardacento) russo ( da Rússia)
soar ( produzir som) suar (transpirar)
tacha (prego) taxa (imposto)

Outras palavras são igualmente difíceis de distinguir ao nível da


oralidade, mas têm grafia e significados diferentes. Exemplos:
descrição ( narração) discrição (prudência)
despensa ( compartimento) dispensa
(desobrigação)

Confusões nos verbos


Para o escritor Mark Twain, a culpa principal dos erros
ortográficos deve ser atribuída aos verbos: «o verbo não tem
estabilidade nem dignidade nem opinião duradoira». Apesar do
tom humorístico da frase, é um facto que o verbo tem pessoas,
tempo, modo e vozes. Torna-se muito complexo conjugar tudo
isso com a devida correcção.
Por culpa dos verbos ou da ignorância de quem os usa, existem
vários tipos de confusões:
Confusão entre formas verbais e outras palavras:
há ( verbo haver) e à (preposição)
traz (verbo haver) e trás (preposição)
asso (verbo assar) e aço (metal)
vazo (verbo vazar) e vaso (recipiente)
cede ( verbo ceder) e sede (lugar)
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Confusão entre verbos diferentes
vêm (verbo ir) e vêem(verbo ver).

Confusão entre tempos diferentes do mesmo verbo:


andaram ( pretérito) e andarão (futuro)

Confusão entre conjugações diferentes do mesmo verbo:


mudasse ( conjugação simples) e muda-
se(conjugação pronominal)

N.B.: Ler bons autores (em livros e revistas), de forma cuidadosa e


com um dicionário sempre à mão, permite enriquecer o
vocabulário essencial para a escrita (cerca de 2.200 palavras em
Português, segundo os especialista).
(...) A leitura activa e interessada permite ainda observar como os
outros comunicam. Escritores e bons jornalistas podem ser para o
estudante escolas vivas, exemplos a seguir, modelos a imitar. (...)
(...) Conhecer as regras básicas da gramática é um meio para falar
e escrever com correcção.
Na arte da escrita ninguém nasce perfeito. Aprende-se a escrever,
escrevendo. O segredo fundamental para aprender a escrever é
praticar a escrita, com exercícios constantes. A qualidade só se
consegue depois de muita quantidade, feita com intenção de
melhorar. Entre várias formas de treinar, sugerimos:
 tirar apontamentos nas aulas;
 copiar textos interessantes (pensamentos, poemas...);
 resumir leituras de livros, revistas e jornais;
 fazer trabalhos escritos, por iniciativa própria;
 elaborar «escritos pessoais» ( por exemplo escrever um
diário onde se registem ideias, experiências e sentimentos)
Praticando a escrita, com treinos sistemáticos (recorrendo a
dicionários e prontuários sempre que houver dúvidas), é possível
escrever sem medo. Mais do que isso, é possível escrever com
gosto.
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ESCRITA

Sumário

Em síntese:
A correcção na escrita é indispensável porque para se fazer
entender é necessário que a linguagem usada e a ortografia das
palavras sejam claras e correctas.
Contudo, saber escrever é ter a ferramenta necessária para
o sucesso no contacto em toda sociedade.
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Exercícios

Depois destes parcos subsídios sobre a ortografia, e com de outras


bibliografias responda as questões que lhe são levantadas.
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UNIDADE 8

A PONTUAÇÃO
Introdução
Pontuar uma frase escrita corresponde ao estabelecimento
das pausas na comunicação oral e é apresentar a ideia que se
pretende transmitir com exactidão e precisão.
A má utilização dos sinais de pontuação pode resultar na
completa ambiguidade comunicativa. Assim, nesta unidade
apresentamos os diferentes sinais de pontuação e as regras
usadas para a sua aplicação ou utilização.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
 Aplicar correctamente os diferentes sinais de pontuação;
 Identificar erros de pontuação em textos produzidos.
 Enunciar as regras para a utilização de sinais de pontuação.
Objectivos

Definição
Designa-se por pontuação ao sistema de utilização de certos sinais
gráficos convencionais (NOGUEIRA, 1989:67). Entretanto,
FERREIRA e FIGUEREDO acrescentam que: “ a pontuação não é
só importante para exprimirmos com clareza o que pretendemos
dizer. É-o também para uma boa e expressiva leitura dos textos”.
Os sinais de pontuação contribuem para nos dar a entoação de
vida à leitura e fazer as pausas necessárias.
Tipos de pontuação
Os sinais de pontuação são: ponto final (.), ponto e vírgula (;),
vírgula (,), ponto de interrogação (?), ponto de exclamação (!) as
reticências (…), as aspas (« »), vírgulas altas (“ ”) o
parêntese ( ), e o travessão (-). Dentre vários sinais de pontuação
existentes podem ser agrupados em sinais que marcam a pausa e
os que marcam a melodia (cf. FERREIRA, FIGUEREDO e CUNHA e
CINTRA).

 Sinais que marcam a pausa


No entender de CUNHA e CINTRA, os sinais de pontuação que
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marcam a pausa são os que a seguir mencionamos.

Vírgula (,)
A vírgula, que marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se
não só para separar elementos de uma oração, mas também em
orações de um só período. Quando a vírgula se encontra no
interior da oração serve para:
a) Separar elementos que exercem a mesma função sintáctica
(sujeito composto, complementos, adjuntos), quando não vêm
unidos pelas condições e, ou e nem.
Ex: A sua frota, a sua boca, o seu sorriso, as suas lágrimas,
enchem-lhe a voz de formas e de cores…

b) Separar elementos que exercem funções sintácticas


diversas, geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular,
a vírgula é usada:
i) Para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor
meramente explicativo:
Ex: Alice, a menina, estava feliz.
ii) para isolar vocativo:
Ex: Dona Glória, a senhora persiste na ideia de manter o nosso
Bentinho no seminário?
iii) para isolar os elementos repetidos:
Ex: Só minha, minha, minha, eu quero!
iii) para isolar o adjunto adverbial antecipados:
Ex: Lá fora, a chuvada despenhou-se por fim.

c) Emprega-se ainda vírgula no interior da oração:


i) Para separar, datação de um escrito, o nome do lugar:
Ex: Beira, 22 de Setembro de 1983.
ii) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o
verbo) ou de um grupo de palavra:
Ex: No céu azul, dos fiapos de nuvens.

Observação:
Quando os adjuntos adverbiais são de pequeno corpo (um
advérbio, por exemplo), costuma-se dispensar a vírgula. A vírgula
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é, porém, de regra quando se pretende realçá-los. Compara-se
estes passos:
Depois levaram o Ricardo para casa da mãe Avelina.
Depois, o engraçado são as passagens de nível, os aparelhos de
sinalização, os vagões – cisternas.
Depois, tudo caiu em silêncio.
• Entre orações, emprega-se a vírgula:
i) Para separar as orações coordenada assindéticas
Ex: Subiram ao sótão, desceram a cave, espreitaram no poço.
ii) para separar as orações coordenadas sindéticas, salvo as
introduzidas pela conjunção e:
Ex: Ou elas tocavam, ou jogavam os três, ou então lia-se
alguma coisa.
iii) para isolar as orações intercaladas:
Ex: «Lá vem ele com as raízes», resmungou o Paulino, baixando
a cabeça.
iv) para isolar as orações subordinadas adjectivas explicativas:
Ex: Loa, que tinha relações sobrenaturais, diagnosticara um
espírito.
v) para separar as orações subordinadas adverbiais,
principalmente quando antepostas a principal:
Ex: Se eu o tivesse amado, talvez o odiasse agora.
vi) para separar as orações reduzidas de infinitivo, de gerúndio
e de particípio, quando equivalentes a orações adverbiais:
Ex: A não ser isto, é uma paz regalada.

Ponto (.)
O ponto assinala a pausa máxima da voz depois de um
grande fónico da final descendente.
Emprega-se, pois, fundamentalmente, para indicar o término
de uma oração declarativa, seja ela absoluta, seja a derradeira de
um período composto:
Ex: Entardecer no Anjico. Estou parada, sozinha, na frente da
casa de Estancia olhando para o poente. O Sol parece uma grande
laranja temporã, cujo sumo escorre pelas faces da tarde. O ar
cheira a guaço queimado. Um silêncio de paina crepuscular
envolve todas as coisas. A terra parece anestesiada, raras estrelas
começam a apontar no firmamento, mais adivinhadas do que
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propriamente visíveis. Sinto um langor de corpo e espírito. De
certo é a tardinha que me contagia com sua doce febre.
i) Quando o período é simples ou composto se encadeiam pelos
pensamentos que expressam, sucedem-se um aos outros na
mesma linha.
Diz-se, neste caso, que estão separados por um ponto simples.
ii) quando se passa de um grupo a outro grupo de ideias,
costuma-se marcar a transposição com o maior repouso da voz, o
que, na escrita, se representa pelo ponto parágrafo. Deixa-se,
então, um branco o resto da linha em que termina um dado grupo
ideológico, e inicia-se o seguinte na linha abaixo com o recuo de
algumas letras.
Assim:
O Búzio não possuía nada, como uma árvore não possui nada.
Vivia com a terra toda que era ele próprio.
A terra era sua mãe e sua mulher, sua casa e sua companhia,
sua cama, seu alimento, seu destino e sua vida.
Ao ponto que encerra um enunciado escrito dá-se o nome de
ponto final.

Observação
Além de servir para marcar uma pausa longa, o ponto tem
outra utilidade. É o sinal que se emprega depois de qualquer
palavra escrita abreviadamente.
Assim: V. S.ª (vossa senhoria), Dr. (Doutor).
Nota-se que, se a palavra assim reduzida estiver no fim do
período, este encerra-se com o ponto abreviativo, pois não se
coloca outro ponto depois dele.

Ponto e vírgula (;)


Como nome indica, este sinal serve de intermediário entre o
ponto e a vírgula, podendo aproximar-se ora mais daquele, ora
mais desta, segundo os valores pausais e melódicos que
representam no texto. No primeiro caso é que vale a uma espécie
do ponto reduzido; no segundo, assemelha-se a uma vírgula
alongada.
Esta imprecisão do ponto e vírgula faz que o seu emprego
dependa substancialmente do contexto. Entretanto, podemos
estabelecer que em primeiro ele é usado:
i) Para separar num período das orações da mesma natureza
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que tenham uma certa extensão:
ex: numa tarde de Outono murmuraste; toda a mágoa de
Outono que ele me trouxe…
ii) para separar os diversos itens de um enunciado
enumerativos em leis, decretos, portarias, regulamentos etc. Sirva
de exemplo os títulos:
— Respeito a dignidade e as liberdades fundamentais do
homem;
— O fortalecimento da unidade nacional é a solidariedade
internacional;

 Sinais que marcam a melodia


Para além dos sinais que marcam a pausa, existem outros que
marcam a melodia nomeadamente: dois pontos, ponto de
interrogação, ponto de exclamação, reticência, aspas e parentes.

Os dois pontos
Os dois pontos servem para marcar, na escrita, uma sensível
suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída.
Emprega-se, pois para enunciar:
i) Uma citação.
Ex: Armando voltou para dizer:
— Não enganei ninguém, camarada. Era bicho.
ii) uma enumeração explicativa:
Ex: Não foi ele, outros seriam: pajens, gente de guerra, vadios
de estalagens, andenjos das estradas.
iii) um esclarecimento, uma síntese ou uma consequência do
que foi enunciado:
Ex: e a facilidade traduz-se por isto: criarem-se hábitos.
Não era desgosto: era cansaço e vergonha.

Observação
Depois do vocativo que encabeça cartas, requerimentos, ofícios,
etc. Costuma-se colocar dois pontos, vírgula ou ponto, havendo
escritores, que nestes casos, dispensam qualquer pontuação.
Assim:
Prezado senhor: prezado senhor.
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Prezado senhor, prezado senhor
Sendo o vocativo inicial emitido com entoação suspensiva, deve
ser acompanhado, preferencialmente, de dois pontos ou de
vírgula, sinais denotadores daquele tipo de inflexão.

Ponto de interrogação (?)


O ponto de interrogação é sinal que se usa no fim de qualquer
interrogação directa, ainda que a pergunta não exija resposta:
Ex: estará surdo? Estará a tentar irritar-me?
Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer
seguir de reticências o ponto de interrogação.
— então?... Que foi isto?... A comadre?
Nas perguntas que denotam surpresa, ou aquelas que não têm
endereço nem resposta, emprega-se por vezes combinado o
ponto de interrogação e ponto de exclamação:
Ex: Ah, é a senhora?! Pois entre, a casa é sua…

Observação
O ponto de interrogação nunca se usa no fim de uma indirecta.
Termina com uma entoação descendente, exigindo, por isso, um
ponto.
Exemplo:
— Quem chegou? [= interrogação directa]
— Diga-me que chegou [= interrogação indirecta]

Ponto de exclamação (!)


O ponto de exclamação é o sinal que se supõe a qualquer
enunciado de entoação exclamativa. Emprega-se, pois,
normalmente:
a) Depois de interjeições ou do termo equivalentes como os
vocativos intensivos, as apóstrofes:
Ex: - credo em Deus! Gemeu Raimundo assombrando.
b) Depois de um imperativo:
- Agarrem!
- Gentes, agarrem! Agarrem! Agarrem!
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 Outros sinais de pontuação
Para além dos sinais de pontuação anteriormente
mencionados, existem outros que servem de auxiliares aos mais
importantes sinais nomeadamente:
a) As reticências (...): são sinais que marcam uma interrupção
da frase e, consequentemente, a suspensão da sua melodia.
Normalmente, empregam-se em casos variados:
- para indicar que o narrador ou a personagem interrompem
uma ideia que começou a exprimir, e passa a considerações
assessoriais.
- para marcar suspensões provocadas por hesitação, surpresa,
dúvida ou timidez, ou para assinalar certas inflexões de natureza
emocional de quem se fala.
- para indicar que a ideia que se pretende exprimir não se
completa com o término gramatical da frase, e que deve ser
suprida com a imaginação do leitor:
Não se deve confundir as reticências que têm valor estilístico
apreciável, com os três pontos que se empregam, como simples
sinais tipográficos, para indicar que foram suprimidas palavras no
início, no meio, ou no fim de uma citação.

b) As aspas (“”): empregam-se principalmente:


- no início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do
contexto:
Ex: Definiu César toda a figura da ambição quando disse
aquelas palavras:
“antes o primeiro na aldeia do que o segundo em Roma”.
- para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente não
peculiares a linguagem normal de quem escreve .
ex: era melhor que fosse “Luís”
- para acentuar o valor significativo de uma palavra ou
expressão:
ex: a palavra “nordeste” é hoje uma palavra desfigurada
pela expressão “ obra de nordeste” que quer dizer: “obras
contra as secas”. E quase não sugere se não as secas.
- para realçar ironicamente uma palavra ou uma expressão:
Ex: Está o mundo perdido, até a Judite já tem
“Arranjinhos”.
- para indicar o título de uma obra:
ex: Belinha acaba de ler “ Elzira, a morta virgem”
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c) Os parênteses: empregam-se os parênteses para intercalar


num texto quaisquer indicações assessoriais:
- uma explicação dada ou uma circunstância mencionada
incidentalmente:
Ex: Ela (no café) que se encontra as estalajadeiras.
- Uma reflexão, um comentário a margem do que se afirma.
Ex: A míngua guerra, como a dos que tinham perdido (se é que
tinha), começava agora.
- Uma nota emocional expressa geralmente em forma
exclamativa ou interrogativa:
Ex: A escola, que era azul e tinha um mestre mau, de
assustador pigarro… (meu Deus! Que é isto? Que emoção a
minha quando estas coisas tão singelas narrou?)
- Usam-se também os parênteses para isolar orações
intercaladas com verbos declarativos:
d) O travessão (-): emprega-se principalmente em dois casos:
i) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutores.
Ex: - Quem é o seu amigo, José?
- O Nunes, da rua do ouro… por quê?
ii) para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso
em que desempenha função analógica à dos parênteses, usa-se
geralmente o travessão duplo:
Ex: - A igreja – atalhou o bispo – não pode desinteressar-se do
problema social.
Não é raro o emprego de um só travessão para destacar,
enfaticamente, a parte final de enunciado.
Ex: um povo é mais elevado quando mais se interessa pelas
coisas inúteis – a filosofia é a arte.

Sumário

Em síntese:
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
Pontuar uma frase escrita corresponde ao estabelecimento
das pausas na comunicação oral e é apresentar a ideia que se
pretende transmitir com exactidão e precisão.
A má utilização dos sinais de pontuação pode resultar na
completa ambiguidade comunicativa.

Exercícios

1. Justifica a pontuação utilizada no Texto 1 da


Unidade 1.

UNIDADE 9

A ANÁLISE DE UM TEXTO ESCRITO


Introdução
Saber interpretar textos com precisão é uma tarefa que
requer muito treino, mas há várias outras formas de se
incrementar esta habilidade. Nesta Unidade 9, vamos conhecer
alguns passos importantes para analisar um texto escrito.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Analisar, com correcção, um texto escrito.

Objectivos

Como Analisar Correctamente um Texto

1. Compreensão. A compreensão de texto consiste em


analisar o que realmente está escrito, ou seja, colectar
dados do texto:

 As considerações do autor se voltam para...


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ESCRITA
 Segundo o texto, está correcta...
 De acordo com o texto, está incorrecta...
 Tendo em vista o texto, é incorrecto...
 O autor sugere ainda...
 De acordo com o texto, é certo...
 Após a leitura, é possível concluir que...
 O autor afirma que...

2. Interpretação. Interpretação de texto consiste em saber o


que se infere (conclui) do que está escrito:

 O texto possibilita o entendimento de que...


 Com apoio no texto, infere-se que...
 O texto encaminha o leitor para...
 Pretende o texto mostrar que o leitor...
 O texto possibilita deduzir-se que...

3. Duas leituras do texto no mínimo. A primeira para tomar


contacto com o assunto; a segunda para compreender as
ideias principais, as secundárias e os argumentos
apresentados.

4. Lógica e estruturação do texto. Observa-se que um


parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação
ou uma conclusão - ou, ainda, uma falsa oposição.

5. Uso da gramática. Sublinha-se, em cada frase, as palavras


por pesquisar no dicionário para a correcta compreensão.

6. Leitura profunda. Leitura atenta para encontrar, em cada


parágrafo, a ideia mais importante (tópico da frase)

7. Análise de prova. Se for uma prova contendo teste ou


perguntas, vale a pena saber o que será solicitado. Assim, lê-
se com muito cuidado os enunciados das questões para
entender direito a intenção do que foi pedido.

8. Identificação de unidades de significação: Sublinham-se as


palavras como erro, incorrecto, correcto, etc. Isso ajuda a não
se confundir no momento de responder a questão.

9. Identificação do essencial: Escreve-se, ao lado de cada


parágrafo ou de cada estrofe, a ideia mais importante
contida neles.

10. Interpretação textual. Não se pode levar em consideração


o que o autor quis dizer, mas sim o que ele
efectivamente
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ESCRITA
disse - ou seja, o que ele escreveu. Aqui, estaremos a separar
as inferências das deduções e interpretações.

11. Exame da introdução e da conclusão. Se o enunciado


mencionar tema ou ideia principal, examine com atenção a
introdução e/ou a conclusão. Nesse caso, a imagem que se
tem ao ler o texto por inteiro será importante.

12. Texto argumentativo. Se o enunciado mencionar


argumentação, preocupa-se com o desenvolvimento dos
argumentos.

13. Vocábulos remissivos. Deve tomar-se cuidado com os


vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do
texto). Pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes
demonstrativos, etc. Questões com esses detalhes testam a
paciência e a persistência dos leitores.

Principais Erros na Análise Textual

 Cinco erros principais na análise de textos:


o Extrapolação. É o facto de se fugir do texto. Ocorre
quando se interpreta o que não está escrito. Muitas
vezes são factos reais, mas que não estão expressos
no texto. Deve-se ater somente ao que está
relatado.
o Redução. É o facto de se valorizar uma parte do
contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-
se de considerar o texto como um todo para se ater
apenas a parte dele.
o Contradição. É o facto de se entender justamente o
contrário do que está escrito. É bom que se tome
cuidado com algumas palavras, como: “pode”,
“deve”, “não”, verbo “ser”, etc.
o Preguiça. Por conta do estresse de uma prova,
concurso ou exame, muitos candidatos perdem a
paciência para fazer as duas mínimas leituras
necessárias para a correcta compreensão e
entendimento do texto.
o Superestimar. Há sempre algumas palavras cujo
significado real precisa ser decifrado com o uso do
dicionário. A crença de que o contexto é um auxiliar
faz com que alguns candidatos suponham
compreensão do sentido, mas, na verdade, é uma
suposição falsa.
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ESCRITA

Sumário

Em síntese:
Em qualquer língua, torna-se muito importante saber interpretar
textos com precisão embora seja uma tarefa que requer muito
treino; porém, há várias formas de se incrementar esta habilidade.

Exercícios

1. Quais são os passos possíveis a seguir para analisar um


texto escrito?
2. Aborde os cinco erros principais na análise de textos.

UNIDADE 10

A FRASE
Introdução
Muitos alunos, estudantes universitários e até académicos
têm demonstrado imensas dificuldades na compreensão da
estrutura frásica. É importante fixar o seguinte: a estrutura básica
do Português é SVO, significando: Sujeito, Verbo e Objecto.

A ideia de estrutura frásica é fundamental, visto ser o


elemento estruturante da ideia a ser veiculada. Esta frase com
sentido ou predicação será comandada pelo verbo, que constitui o
núcleo da frase.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:


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 Distinguir frase da oração;


 Apresentar as diferenças entre período e parágrafo.

Objectivos
A Frase
De acordo com Celso Cunha, a frase é “um enunciado de
sentido completo, a unidade mínima de comunicação.” 14
A Frase e Oração
A frase pode conter uma ou várias orações. A frase contém mais
do que uma oração quando tem mais do que um verbo conjugado.
Por exemplo:
“Durante a noite, houve uma grande tempestade.”
“Durante a noite, houve uma grande tempestade que
provocou muitos estragos.”

No primeiro caso, estamos perante uma frase constituída por uma


oração, e no segundo caso, por duas orações. Quando a frase é
constituída por várias orações e cada uma está organizada à volta
de um verbo, trata-se de uma frase complexa.
Exemplo de uma frase simples:
“A educação constitui um factor de desenvolvimento.”
Exemplo de uma frase complexa:
“A educação que é ministrada nas nossas escolas é um
factor de desenvolvimento e tem como componente fundamental
a competência comunicativa.”

A Estrutura da Frase
A oração e os seus elementos
Os elementos fundamentais de uma oração são: o sujeito (simples
ou composto, subentendido, indeterminado ou inexistente) e o
predicado (verbal; nominal).
O sujeito “é aquilo de que se fala ou sobre que se faz uma
afirmação”. O predicado “é tudo o que se diz do sujeito”. 15
Os outros elementos são: o complemento directo, o complemento

14
Celso Cunha, Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 119
15
J.Esteves Rei, Curso de Redacção I, Porto, Porto Editora, p.14
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ESCRITA
indirecto, o predicativo do sujeito, o predicativo do complemento

directo, o agente da passiva, o atributo, o aposto, o vocativo, o

complemento determinativo e o complemento circunstancial (de

lugar, tempo, causa, modo, fim, meio, companhia, dúvida e de

instrumento). Para facilitar a compreensão sobre esta questão,

Esteves Rei usa o termo “modificador” para os elementos

adjuntos do nome.

ORAÇÃO = sujeito + predicado


(nome + mod) (verbo + complementos)
Por exemplo: “Meu irmão / está muito doente.”

“ A Citroen, uma marca francesa / tem uma boa imagem


comercial.”
“O cão perdigueiro come carne.”
Núcleo do suj. Modificador Núcleo do verbo
complemento directo.

A Construção nominal ou elipse


Elipse – é “uma figura de sintaxe, consistindo na
supressão de palavras que facilmente se subentendem”.
Ex.: “Que bela paisagem!” por “Esta paisagem é bela.”
A construção nominal verifica-se quando “um elemento
verbal é suprimido a favor do elemento nominal (nome, adjectivos
e determinantes: artigos, demonstrativos e possessivos) ”:
Ex.: “O seu, a seu dono!”
“Um por todos e todos por um.”
A construção nominal, apesar de ser uma característica da
língua falada, também é utilizada em textos literários para
“produzir um efeito de movimento e acção ou de autênticas
pinceladas na descrição dos elementos de um quadro, paisagem
ou visão”.
A construção nominal é uma construção moderna, utilizada
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ESCRITA
na linguagem jornalística, técnica e científica, sobretudo nos
títulos, nas legendas e sumários, pois permite uma maior
objectividade, brevidade e concisão das estruturas nominais.
Quando uma frase aparece construída sem verbos, cabe ao
leitor “conceber e sentir o escrito”, ou seja, cabe ao leitor dar
um sentido “à alma da frase.”16

A Qualidade da Frase

Unidade - subordinação das ideias secundárias às


principais; são defeitos contra a unidade a
multiplicidade de sujeitos.

Clareza - ideias apresentadas de forma “transparente”;


é de evitar a desordem e a “obscuridade” das
ideias.

Concisão – significa o “emprego de palavras em


número necessário e suficiente.” Deve-se evitar a
repetição de palavras e de ideias.

Sumário

Em síntese:
Os elementos fundamentais de uma oração são: o sujeito (simples
ou composto, subentendido, indeterminado ou inexistente) e o
predicado (verbal; nominal).
Ex. Franze (Suj) é o meu professor (Pred.)

Exercícios

1. Elabore três frases tendo em conta a qualidade da


frase.
2. Divida as frases em constituintes sintácticos.
3. Especifique a utilização da construção nominal ou
elipse.
4. Construa frases de acordo com as indicações
seguintes.
 Sujeito+modificador + verbo +
complemento circunstancial.
16
idem, p.21
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ESCRITA
 Verbo + complemento directo +
complemento indirecto + complemento
circunstancial.
 Sujeito + modificador + verbo +
complemento directo + complemento
indirecto.
 Verbo + complemento circunstancial.

UNIDADE 11

A FRASE SIMPLES E COMPLEXA


Introdução
As frases podem ser simples ou complexas de acordo com
a expressividade do autor. Assim, torna-se indispensável conhecer
os conectores frásicos e a sua devida utilização nas frases.
Nesta unidade, apresentamos as conjunções e locuções
usadas em frases complexas, partindo de uma construção simples.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Identificar na frase complexa orações coordenadas e subordinadas


 Distinguir período e parágrafo

Objectivos

As Frases Simples e complexas


De acordo com o conceito de frase anteriormente apresentado, a frase é
“um enunciado de sentido completo, a unidade mínima de
comunicação.
Neste sentido, a Frase simples é aquela que possui um e único
verbo.
A frase complexa “é aquela que contém dois ou mais verbos
conjugados e, por consequência, duas ou mais orações.” 17

17
José Pinto e Maria do Céu Lopes, Gramática do Português Moderno, Lisboa,
Plátano ed., 2002, p.193
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ESCRITA
A ligação da frase complexa é feita pelos processos de
coordenação e subordinação.
Coordenação
Os campos cobriram-se de flores e as árvores encheram-se de folhas.

Oração coordenada Oração

coordenada Subordinação

Os campos cobriram-se de flores quando a Primavera chegou.


Oração principal ou subordinante Oração subordinada

A Coordenação
As orações “da mesma natureza” podem ser coordenadas entre si
através de conjunções e locuções coordenativas”

Classificação das orações coordenadas


1. Orações coordenadas copulativas (implica uma ideia de adição)

Ex.: “O João entrou na livraria e comprou vários livros.”

2. Orações coordenadas adversativas: mas, porém, contudo, no entanto


(orações ligadas por uma ideia de oposição)

Ex.: “Gosto de cinema, mas prefiro o teatro.”

3. Orações coordenadas disjuntivas (transmitem uma ideia de


alternativa)

Ex.: “O avião atrasou ou não chegou a partir.”

4. Orações coordenadas conclusivas: portanto, logo, por consequência


(em que a segunda oração é uma conclusão da primeira)
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ESCRITA

Ex.: “O autocarro teve uma avaria, portanto atrasou.”

5. Orações coordenadas explicativas: pois, porquanto (justifica uma ideia


apresentada anteriormente)

Ex.: “O barco atrasou, pois estava nevoeiro.”

A Subordinação
Segundo Esteves Rei, a subordinação é “ uma relação entre
duas orações que permite a inserção de uma na outra e estabelece uma
hierarquia sintáctica entre elas: uma depende da outra, determinando ou
complementando o sentido.”18
Exemplos: 19Aquela senhora gritou quando foi assaltada.
Oração subordinante Oração subordinada adverbial temporal
Aquela senhora gritou porque foi assaltada.
Oração subordinante Oração subordinada adverbial causal
As orações subordinadas dependem das orações subordinantes e
esta dependência pode ser feita através de:
 Conjunções ou locuções subordinativas: “Ela gritou
para que a socorressem.” *
 Pronomes ou advérbios relativos: “O rapaz que
caiu magoou-se.”
 Pronomes ou advérbios interrogativos: “Ele disse quem
chega hoje?
 Formas verbais não finitas (infinitivo, gerúndio e
particípio): “Pensávamos ter concluído o
trabalho. (= Pensávamos que o trabalho estava
concluído.”

18
J.Esteves Rei, Curso de Redacção I, Porto, Porto Editora, p.30
19
José Pinto e Maria do Céu Lopes, Gramática do Português Moderno, Lisboa,
Plátano ed., 2002, p.196
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ESCRITA

Sumário

Em síntese:
A Frase simples é aquela que possui um e único verbo enquanto,
as frases complexas são aquelas que são compostas por mais de
um verbo. Estas podem ser unidas por conjunções ou locuções
coordenativas ou subordinativas, conforme a relação de
coordenação ou subordinação, respectivamente.

Exercícios

A. Complete as frases seguintes com a locução adequada: já


que, logo que, mais...do que, mesmo que, no caso de,
para que.
- ...vais ao supermercado Shoprite, traz-me pão.
- Os pequenos...estorvam...ajudam.
- ...chover, não podemos ir ao cinema.
- O Director aumentou-lhe o salário...ele não
se despedisse.
- ...o sol desaparece, as crianças vêm para casa.
- Nunca iria à lua...me oferecesse a viagem.

B. Preencha os espaços em branco com a locução apropriada.


Pois que, por isso mesmo (é) que, posto que, primeiro que,
salvo se, se bem que.
- a praia ficou deserta...as férias acabaram.
- ...o seu grande interesse seja o dinheiro, os
imigrantes não se privam de nada no seu dia-a-dia.
- ...compres o carro, deves tirar a carta de condução.
- Nunca deixe andar os filhos ao sol...de manhã e à
noite, ele seja fraco.
- O professor de português nunca falta...estiver
doente.
- O Nuno quer ir estudar para os Estados
Unidos...estuda entusiasticamente Inglês.

C. Complete as seguintes frases com locuções mais


adequadas: sempre que, tal que, tão que, tanto...que todas
as vezes que, visto que, tanta...que
- O Miguel...vai à cidade, perde-se nos bazares
- A girafa é...alta...observa tudo o que se passa
no jardim zoológico.
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ESCRITA
- O João cumprimenta o mestre...se cruza com ele
na rua
- O ruído era...ninguém ouvia nada.
- A responsabilidade dos pais é...por vezes
não dorme.
- Ontem havia...vento...duas árvores caíram
no jardim.

D. Sublinhe nas orações seguintes as conjunções ou locuções


conjuncionais que indicam a relação temporal. No final,
empregue cada uma delas numa frase da sua autoria.
- Quando chegaste, era meio dia.
- Enquanto as crianças brincam, eu vou ao talho.
- Apenas soube a triste nova, entrou em pânico.
- As esperanças são cada vez menores à medida
que o tempo passa.
- Logo que viu o pai, desapareceu da sala.

UNIDADE 12

ESTUDO DO VERBO
Introdução

O verbo é um elemento fulcral da frase e sem ele não há


frase. Ele designa a acção desenvolvida pelo sujeito. Assim, nesta
unidade, apresentamos a classificação dos verbos quanto à
semântica, quanto à conjugação e quanto à Morfologia.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
 Indicar as diferentes formas de classificação dos verbos.
 Distinguir dos transitivos dos intransitivos;

Objectivos

Verbo é o nome dado à classe gramatical que designa uma


ocorrência ou situação. É uma das duas classes gramaticais
nucleares do idioma, sendo a outra o substantivo. É o verbo que
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ESCRITA
determina o tipo do predicado, que pode ser predicado verbal,
nominal ou verbo-nominal. O verbo pode designar acção, estado
ou fenómeno da natureza.

Classificação dos Verbos

Os verbos admitem vários tipos de classificação, que englobam


aspectos tanto semânticos quanto morfológicos. Podem ser
divididos da seguinte forma:

Quanto à Semântica

 Verbos transitivos: Designam acções voluntárias,


causadas por um ou mais indivíduos, e que afectam
outro (s) indivíduo (s) ou alguma coisa, exigindo um
ou mais objectos na acção. Podem ser transitivos
directos que não possuem sentido completo, logo
ele necessita de um complemento, sendo este
complemento chamado de objecto directo. E verbo
transitivo indirecto - que também não possui
sentido completo e necessita de um objecto
indirecto, que necessariamente exigem uma
preposição antes do objecto.

Exemplos: dar, comer, fazer, vender, escrever, amar etc. :

- A Judite come fruta.

 Verbos intransitivos: Designam acções que não


afectam outros indivíduos.

Exemplos: andar, existir, nadar, voar etc.:

- O bebé gatinha.

 Verbos impessoais: São verbos que designam


acções involuntárias. Geralmente (mas nem
sempre) designam fenómenos da natureza e,
portanto, não têm sujeito nem objecto na oração.

Exemplos: chover, anoitecer, nevar, haver (no sentido de


existência) etc. Todo verbo impessoal é também intransitivo. :

- Ontem, choveu muito.

 Verbos de ligação: São os verbos que não designam


acções; apenas servem para ligar o sujeito ao
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predicativo.

Exemplos: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, andar,


tornar-se, ficar, viver, virar etc.:

- O professor está doente.

Quanto à Conjugação

 Verbos da primeira conjugação: São os verbos


terminados em ar: molhar, cortar, relatar, etc.
 Verbos da segunda conjugação: são os verbos
terminados em er: receber, conter, poder etc. O
verbo anómalo pôr (único com o tema em o), com
seus compostos, também é considerado da
segunda conjugação devido à sua conjugação já
antes realizada (Ex: fizeste, puseste), decorrente de
sua antiga forma latina poer. No exemplo "or", a
maioria dos verbos vêem da palavra "Pôr", compor,
depor, supor, transpor, antepor, etc.
 Verbos da terceira conjugação: são os verbos
terminados em "ir" : sorrir, fugir, iludir, cair, colorir,
etc;

Quanto à Morfologia

 Verbos regulares: Flexionam sempre de acordo


com os paradigmas da conjugação a que
pertencem.

Exemplos: amar, vender, partir, etc.

 Verbos irregulares: Sofrem algumas modificações


em relação aos paradigmas da conjugação a que
pertencem.

Exemplos: caber, medir ("eu caibo", "eu meço", e não "eu cabo",
"eu medo").

 Verbos anómalos: Verbos que não seguem os


paradigmas da conjugação a que pertence, sendo
que muitas vezes o radical é diferente em cada
conjugação.

Exemplos: ir, ser, ter ("eu vou", "ele foi"; "eu sou", "tu és", "ele
tinha", "eu tivesse", e não "eu io", "ele iu", "eu sejo", "tu sês", "ele
tia", "eu tesse"). O verbo "pôr" pertence à segunda conjugação e é
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anómalo a começar do próprio infinitivo.

 Verbos defectivos: Verbos que não têm uma ou


mais formas conjugadas.

Exemplo: precaver - não existe a forma "precavenha".

 Verbos abundantes: Verbos que apresentam mais


de uma forma de conjugação. Exemplos: encher -
enchido, cheio; fixar - fixado, fixo.

Sumário

Em síntese:
A Classe dos Verbos é a classe mais variável que designa uma
ocorrência ou situação. É uma das duas classes gramaticais
nucleares do idioma, sendo a outra o substantivo. É o verbo que
determina o tipo do predicado, que pode ser predicado verbal,
nominal ou verbo-nominal

Exercícios

Complete os espaços em branco com as formas verbais


apropriadas.
1. Presente do indicativo:
Quando os alunos (estar) atentos nas aulas, os
resultados deles (ser ) bons. (ser) sempre
assim.
Quando há festas nas escolas, os alunos (ir) com os pais a
essas festas. Hoje há uma e toda a gente (ir).
2. Pretérito perfeito:
Ontem nós (ir) fazer uma marcha de verão através dos
campos. Tu (ser) o último a chegar porque te atrasaste.
Na semana passada tu (estar) a estudar os verbos
comigo. Agora já sabemos tudo!
Mas eles não (estar) a trabalhar e agora não
sabem. Nessa semana, eles (ser) os piores da turma.
3. Futuro:
Amanhã nós (ir) todos dar um passeio muito bonito.
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ESCRITA
Quando eu estiver de férias, (ir) até à praia com os meus
pais e os meus amigos. Nessa altura, (ser) a pessoa
mais contente do mundo!
No Verão, nós (estar) de férias em Portugal. E eles,
(estar)

UNIDADE 13

CONJUGAÇÃO PRONOMINAL
Introdução
A conjugação pronominal é aquela em que o verbo aparece
conjugado com os pronomes. Ela pode ser reflexa ou recíproca de
acordo com a acção do verbo.
Nesta unidade para além das regras também
apresentamos alguns verbos conjugados na forma pronominal.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Aplicar correctamente os verbos na forma pronominal


 Identificar os momentos em que temos de usar a forma
pronominal.
Objectivos

Repara nas expressões: “Levei-o *…+.”; “ *…+ os amigos


levaram-no
*…+.”
Em ambas, a forma verbal (levei, levaram) aparece acompanhada
do pronome pessoal o, que lhe serve de complemento,
constituindo com ela um todo.
Chama-se conjugação pronominal aquela em que o verbo aparece
conjugado com os pronomes o, a, os, as.
Nota: Quando estudámos os pronomes pessoais aprendemos que
o, a, os, as, tomam as formas lo, la, los, las, depois de r, s, ou z e
as formas no, na, nos, nas, depois de ditongo ou vogal nasal (-m, -
ão)
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ESCRITA
1. Conjugação pronominal reflexa

A conjugação pronominal reflexa indica que a acção do sujeito


recai sobre ele próprio. (Ex: Eu penteio-me todas as manhãs.)

 Utiliza para tal os pronomes pessoais me, te, se, nos, vos,
se. (Ex.: Verbo “sentar-se” no Presente do Indicativo
- Eu sento-me; Tu sentas-te; Ele/ela senta-se; Nós
sentamo- nos; Vós sentais-vos; Eles/elas sentam-se)

2. Conjugação pronominal recíproca

A conjugação pronominal recíproca exprime a reciprocidade na


acção praticada. (Ex.: Eles abraçaram-se [um ao outro]
calorosamente.)

 Utiliza para tal os pronomes pessoais do plural: nos, vos,


se. (Ex.: verbo “abraçar-se” no Presente do Indicativo -
Nós abraçamo-nos; Vós abraçais-vos; Eles/elas abraçam-
se.)
Ex. Os namorados beijavam-se prolongadamente
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ESCRITA

Sumário

Em síntese
Como Já vimos, a conjugação pronominal é aquela em que o verbo
aparece conjugado com os pronomes o, a, os, as que tomam as
formas lo, la, los, las, depois de r, s, ou z e as formas no, na, nos,
nas, depois de ditongo ou vogal nasal (-m, -ão) distinguindo-se da
recíproca a conjugação pronominal reflexa utiliza para tal os
pronomes pessoais me, te, se, nos, vos, se.

Exercícios

1. Complete as frases com os verbos na forma


pronominal.
b) Os alunos pegam nos cadernos e (dar) ao
professor.
c) Elas têm bicicletas e (levar) para a
escola.
d) Como não podiam entrar no cinema com os cães,
(confirmar) ao porteiro.
e) Já li o livro. Posso (emprestar) ( te
o)
f) Tirei os lápis ao João e
(esconder). (lhe os)

UNIDADE 14

O DISCURSO DIRECTO E INDIRECTO


Introdução
Para expressarmos as nossas ideias aos outros, podemos
fazê-lo fielmente através da fala tal igual como a personagem as
proferiu/profere e, ainda, podemos informar o leitor acerca do
que uma personagem disse/diz ou pensou pensa, sem reproduzir
exactamente as suas palavras.
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
Nesta unidade, vamos apresentar as formalidades do uso
do discurso directo ou indirecto, as regras de transformação, bem
alguns exemplos ilustrativos a cada caso.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

- Explicar as regras envolvidas no uso dos discursos directo e


indirecto;
- Apresentar as principais diferenças entre o discurso directo e
Objectivos indirecto;
- Aplicar as regras de transposição de um discurso para o outro.

O Discurso Directo
O Discurso Directo é um meio de expressão pelo qual se
reproduzem as palavras de uma personagem tal como elas as teria
proferido.
Este tipo de discurso permite um contacto mais estreito entre a
situação criada e o receptor (leitor/ouvinte); actualiza e torna mais
viva a narrativa, mais espontânea, como no teatro.
No Discurso Directo as falas das personagens ganham em
naturalidade, não raras vezes tocadas pela emoção, que o
emprego de exclamações, interjeições, reticências, interrogações,
vocativos e imperativo reforça.
É de salientar que o Discurso Directo pode aparecer sob a forma
de monólogo interior.

O Discurso Indirecto
O Discurso Indirecto é o processo pelo qual o narrador informa o
leitor acerca do que uma personagem teria dito ou pensado, sem
reproduzir exactamente as suas palavras.
Na transposição do Discurso Directo para o Indirecto, notam-se
alterações nas categorias verbais (modo, tempo, pessoa), nos
pronomes, nos determinantes e nos advérbios.

Veja alguns exemplos de passagem do discurso directo para


indirecto:
 Nada te acontecerá. / Ele disse que nada lhe
aconteceria.
 Paga-me esta conta, como é teu dever. / Ela
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ESCRITA
ordenou que ela lhe pagasse aquela conta, como
era seu dever.
 Conta-me tudo – pediu ele – aqui mesmo e
agora.../ Ele pediu que ela lhe contasse tudo, ali
mesmo e naquele momento.
 Queres vir comigo Pedro? / Ela perguntou ao Pedro
se ele queria ir com ela.
 Eu dou-te o dinheiro. / Ele disse que lhe dava o
dinheiro
 Quadro resumo das regras básicas

Sumário

Em síntese:
Enquanto o Discurso Directo é um meio de expressão pelo
qual se reproduzem as palavras de uma personagem tal
como elas as teria proferido, o Discurso Indirecto é o
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
processo pelo qual o narrador informa o leitor acerca do
que uma personagem teria dito ou pensado, sem
reproduzir exactamente as suas palavras.

Exercícios

A- Passe para o discurso contrário as seguintes frases:


1. O Jornalista afirmou que tinha sido bem acolhido,
2. Decidiram que no dia seguinte iriam à praia,
3. Durante o reinado de Ngungunhane, as etnias
minoritárias pensavam que nunca mais teriam expressão.
4. No tribunal, o réu confessou que a culpa era dele.
5. No meio da viagem, reconheceram que se tinham
enganado.
B- Reescreva as frases seguintes, utilizando o discurso indirecto
como no exemplo:
a. O revisor disse ao irmão: - Os vossos bilhetes são para
amanhã.
R: O revisor disse ao irmão que os bilhetes deles eram
para o dia seguinte.

1. Rosa Maria disse ao irmão: - Vem a casa depressa.


2. O professor ordenou aos alunos: - Estejam calados!
3. Marta respondeu à amiga: - Fico muito satisfeita com o
teu convite e no próximo domingo aí estarei.
4. O meu irmão pediu-me: - Traz-me um caderno quando
fores à papelaria.

UNIDADE 15

A FICHA BIBLIOGRÁFICA
Introdução
Nesta secção, pretendemos dar algumas directrizes da
organização de uma referência bibliográfica. Como sabemos, em
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
ESCRITA
qualquer trabalho científico assim como fichas de leitura teremos
de usar ou referenciar os autores das obras consultadas, para
distanciarmo-nos do plágio académico.
A apresentação da ficha bibliográfica não é uniforme,
podendo diferir de escola para escola, mas aqui pretendemos
apresentar um modelo que se pode usar.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
 Elaborar uma ficha bibliográfica.

1. A Ficha Bibliográfica

A informação colectada nos livros, assim como noutras fontes


Objectivos de conhecimento, normalmente deve ser devidamente
catalogada, ou seja, a sua proveniência não deve constituir
segredo. Tratando-se de documentos que veiculam ideias de
outros sujeitos pensantes, estas ideias são propriedade e/ou
pertenças desses mesmos sujeitos. Isto significa dizer que, ao
se fazer uso dessa mesma informação, dever-se-á referir a
fonte que a produziu – o seu autor, sob pena de se considerar
plágio (roubo de propriedade intelectual), da ideia de outrem.
Esta omissão é considerada crime, dando direito a um
processo criminal que pode ter consequências imprevisíveis
nos termos da lei dos direitos autorais.
Com efeito, é dever de quem pesquisa referir os livros que
lhe serviram de suporte e/ou fonte de inspiração para a
produção das suas próprias ideias, colocando todos os dados
que possam facilitar a localização da obra referida para efeitos
de confrontação posterior. Estas informações são organizadas
segundo modelos universalmente convencionados, a que se dá
o nome de ficha bibliográfica.
A construção da ficha bibliográfica obedece a regras fixas
de representação, segundo o exemplo que a seguir é
apresentado (entretanto, mais detalhes sobre este assunto
poderás colher na disciplina de Metodologia de Investigação
Científica MIC):
1. A disposição das informações segue uma ordem:
- Apelido em maiúsculas;
- Nome do autor;
- Título da obra (sublinhado ou em itálico ou a
negrito ou em maiúsculas);
- Subtítulo da obra antecedido de dois pontos
(sublinhado ou em itálico ou a negrito ou em
maiúsculas); (se tiver)
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ESCRITA
- Número da edição;
- Local (nome da cidade) em que a obra foi editada;
- Nome da editora responsável pela edição do livro;
- Indicação do ano e da(s) página(s).
NB. Outras informações podem ser adicionadas, tais como,
colecção, número do volume, etc.
EX: RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência
nos estudos, s.e., São Paulo: ATLAS, 1991, p-19

Sumário

Em síntese:
As fichas são um instrumento de trabalho indispensável,
permitindo: identificar as obras, conhecer o seu conteúdo, fazer
citações, conservar críticas, nossas ou de outrem, analisar o
material a utilizar num trabalho.

Exercícios

1. A partir dos seus manuais ou outras obras, elabore três


fichas bibliográficas.

UNIDADE 16

A FICHA DE LEITURA
Introdução
Na nossa vida de estudantes, temos, vezes sem conta,
deparado com situações em que empreendemos leituras de livros
e/ou outros materiais de consulta diversos, onde a memorização
constitui o elemento chave no processo de busca, sistematização e
ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E
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armazenamento das informações. Ora, é difícil, senão mesmo
impossível, memorizar tudo o que se lê ou se consulta.
Vamos tratar, nesta unidade, sobre a mais recomendável técnica,
que quando estruturada de maneira específica e em formato
próprio, dá-se-lhe o nome de ficha de Leitura.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
 Conhecer os diferentes tipos de fichas de leitura.

A Ficha de Leitura ou de Conteúdo


Tipos de fichas
Objectivos
Ficha analítica – contém uma análise sumária da obra ou do
artigo, podendo referir, entre outros, os seguintes elementos:

- campo ou o saber abordado;


- problemas tratados;
- conclusões alcançadas
- contribuições especiais para o tema
- métodos utilizados: indutivo, dedutivo, dialéctico,
histórico, comparativo;
- recursos empregados: tabelas, quadros, gráficos,
mapas.

Entre as suas qualidades, destacam-se as seguintes:

- brevidade;
- uso de verbos activos;
- ausência de repetições.

Ficha de citação – reproduz frases consideradas relevantes num


trabalho:

- coloca-se entre aspas;


- contém a página;
- transcreve textualmente (incluindo erros, que
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devem ser seguidos pelo termo sic colocado entre
parênteses rectos [sic]);
- indica supressão de palavras, recorrendo também
a parênteses rectos [...];
- completa a frase com elementos indispensáveis à
sua compreensão, se for necessário (colocando o
acrescento entre parênteses).

Ficha de resumo ou síntese – apresenta um resumo ou síntese


das principais ideias ou dos aspectos essenciais. Tendo em conta a
natureza destes exercícios (ver noutro local), lembraremos que
esta ficha:

- não é um sumário ou índice;


- não é uma transcrição de frases;
- não é longa;
- não precisa, no caso da síntese, de obedecer à
estrutura da obra.

Ficha de comentário – é uma interpretação crítica das ideias do


autor:

- sobre a forma;
- sobre o conteúdo;
- sobre a clareza ou a obscuridade do texto;
- sobre a sua comparação com outros textos
- sobre a importância da obra.
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As partes componentes desta ficha

Legenda:

a) referência bibliográfica do livro/revista ou


texto;
b) tema abordado;
c) página do livro em que se encontra a
informação/texto;
d) clasificação da obra(conto, romance, ensaio
etc.)
e) conteúdo: síntese do conteúdo do texto
consultado, podendo ser apresentado sob
forma de esquema (notas) ou sob forma de
um resumo – seguindo as regras de
redacção deste tipo de texto
f) observações do autor da ficha sobre alguns
aspectos pertinentes relacionados com o
assunto do texto ou livro, ou qualquer outra
informação particular encontrada em e), i.é.
na síntese.

Sumário

Em síntese:
Na nossa vida de estudantes, temos, vezes sem conta, deparado
com situações em que empreendemos leituras de livros e/ou
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ESCRITA
outros materiais de consulta diversos, onde a memorização
constitui o elemento chave no processo de busca, sistematização e
armazenamento das informações e dos conteúdos pesquisados.
Ora, é difícil, senão mesmo impossível, memorizar tudo o que se lê
ou se consulta. Por este facto, como auxiliares de memória, várias
técnicas e estratégias têm sido comummente usadas pelos
pesquisadores. Uns preferem recorrer à técnica de tomada de
notas; outros há que, preferem fazer pequenos resumos ou
sínteses da informação colectada. A esta última técnica, por sinal,
mais recomendável, quando estruturada de maneira específica e
em formato próprio, conforme o exemplo que vamos apresentar
neste módulo, ao documento final resultante dá-se-lhe o nome de
Ficha de Leitura, visto comportar as linhas de leitura então
efectuadas.

Exercícios

1. Elabore uma ficha de leitura de resumo sobre a unidade


Acentuação de qualquer obra que contenha essa matéria.

UNIDADE 17

O SUMÁRIO
Introdução
O sumário é um texto curto, por definição, e tem por objectivo
relatar as actividades de uma aula (estamos a tratar do sumário
da aula). Este texto relata fiel e fidedignamente as várias etapas
que compõem uma aula. É, com efeito, um texto objectivante
(objectivante na medida em que não é possível ser-se
completamente objectivo, daí que não nos autorizamos a usar o
termo objectivo). No sumário são também usadas expressões
nominalizadas (nominalizações, evitando-se assim a utilização de
verbos conjugados. Sendo o relato de actividades de uma aula
passada/ efectivada, ele deverá ser redigido no fim da aula (não
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no princípio desta, como muitos dos professores erradamente o
fazem. Afinal, tema (tópico) da aula é diferente do sumário)

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Explicar detalhadamente as principais diferenças


existentes entre o sumário e outros textos que com

Objectivos ele se confundem;

 Aplicar as regras envolvidas na elaboração ou


produção do sumário.

Sumário

Definição geral:

É uma enumeração das divisões principais e dos artigos contidos


numa publicação periódica, num livro, num relatório ou
documento análogo, seguindo a ordem do texto. Apresenta o
conteúdo sob forma de plano: deve manifestar não apenas as
etapas de estudo, mas também o sentido, manifestando a sua
coerência desde o título até à conclusão.

Um livro deve incluir os seguintes elementos: plano,


desenvolvimento, principais divisões e sua paginação.

Numa revista reportam-se a: título, nome do autor (se forem dois,


devem ambos ser mencionados e, se mais de dois, mencionados
apenas o primeiro, seguido da expressão “et alii” ou “at al”).

O sumário tem uma dupla função

Permite ao leitor orientar-se na leitura do texto ou ler apenas a


parte que lhe interessa – trata-se de um ponto de vista prático.

Permite, ainda, apreender a globalidade do tema ou as propostas


avançadas e o modo adoptado para a sua apresentação – é o
plano que se encontra aqui em questão.

Qualidade essencial dum sumário


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ESCRITA
É importante que um sumário veicule uma problemática, mostre
as questões e esboce as respostas, quer dizer, que nas entrelinhas
contenha um raciocínio original.

O sumário duma aula

O sumário é um texto curto, por definição, e tem por objectivo


relatar as actividades de uma aula (estamos a tratar do sumário
da aula). Este tipo de texto deve relatar fiel e fidedignamente as
várias etapas que compõem uma aula. É, com efeito, um texto
objectivante. (objectivante na medida em que não é possível ser-
se completamente objectivo, sendo por este motivo, que não nos
autorizamos a usar o termo objectivo).

Ora, Justamente porque se pretende objectivo, diga-se,


objectivante, ele apresenta marcas da 3ª pessoa gramatical. Nele,
são também usadas expressões nominalizadas, evitando-se assim
a utilização de verbos conjugados.

Sendo o relato de actividades de uma aula passada/ efectivada,


ele deverá ser redigido no fim desta (e não no princípio da aula,
como muitos dos professores erradamente o fazem, confundindo,
tema (tópico) da aula com o sumário)

Técnicas de elaboração

O sumário da aula é um texto de construção colectiva. Todos os


participantes/intervenientes da aula devem participar da sua
elaboração. Devemos abandonar a prática de aulas centralizadas
no professor. O aluno deve participar activamente em todas as
etapas da aula, ou seja, na sua construção. O aluno pode, e muito
bem, saber dizer o que foi tratado numa aula em que dela fez
parte. É errado julgar que ele é um objecto que se limita a ouvir,
copiar e escrever o que o professor dita. Como isso dizer-se: o
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aluno não é uma tábua rasa, ou um simples receptáculo passivo
dos conteúdos da aprendizagem.

Análise icónica

Trata-se de um nível de leitura que é feita tendo em conta o


aspecto formal (do ponto de vista da mancha gráfica). Esta leitura
permite identificar o texto, antes da sua leitura conteudística.
Nela, presta-se especial atenção aos aspectos mais destacados a
partir de elementos de realce, tais como a escrita a negrito (em
bold), em itálico e/ou sublinhado, as imagens (figuras ou icons –
texto imagético). Muitas vezes, o leitor não precisa de ler o texto
para se aperceber com que tipo de texto está a lidar. Os
elementos iconográficos são dispostos de tal ordem que o texto se
identifica por si, captando a atenção do público leitor. É que para
o leitor ver se o texto é curto ou longo, não precisa de uma lupa,
nem de ler o texto em toda a sua extensão. Mas, será após a
leitura do conteúdo do texto que algumas dúvidas serão
dissipadas, nomeadamente no que diz respeito ao público visado,
informações ligadas ao assunto, data, hora e local.

Análise linguística

Além dos aspectos ligados à forma, identificáveis a partir de um


olhar (vista geral da mancha gráfica, isto é, daquela parte
impressa, há a leitura do que está impresso do ponto de vista de
fundo, de conteúdo. Presta-se especial atenção à linguagem
usada, às marcas de pessoa gramatical, à conjugação dos verbos,
enfim, aos elementos discursivos.
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Sumário

Em síntese:
Considera-se, no geral, sumário uma enumeração das divisões
principais e dos artigos contidos numa publicação periódica, num
livro, num relatório ou documento análogo, seguindo a ordem do
texto. Mas o sumário da aula é um texto de construção colectiva.

Exercícios

1. “Aquilo que não foi possível tratar na aula, ainda que


tenha sido planificado, não deve constar do sumário da
aula.”
a) Explicite melhor a afirmação.
2. Elabore o sumário do seu trabalho de investigação.
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UNIDADE 18

TEXTOS ADMINISTRATIVOS
Introdução
O processo de redacção e compreensão de texto é tão complexo
que exige, até, o conhecimento da tipologia a que o texto por
produzir ou por ler pertence.
Porém, nesta unidade vamos apresentar e tratar especificamente
de textos de carácter administrativo, ou seja, textos funcionais.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Caracterizar os textos administrativos;


 Indicar os tipos de textos administrativos
Objectivos

A Escrita administrativa

A escrita administrativa, também chamada funcional e


institucional, vem-se afirmando, entre nós, desde os anos 60, com
o desenvolvimento do sector dos serviços. A mudança de tipo de
comunicação dentro da empresa é um outro factor a explicar esse
crescimento: a uma comunicação interpessoal, individualizada e
subjectiva substituiu-se uma comunicação formal, tipológica e
objectiva, numa palavra impessoal.

Uma tipologia de textos surge, assim, no horizonte das instituições


e organizações, remetendo-se a sua aprendizagem para uma
prática tão aprofundada e variada quando as necessidades o
exigem. Este facto explica a diversidade de modelos para o mesmo
texto, em diferentes instituições, a existência de uma teorização
incipiente para alguns deles e a relutância de muitos funcionários
em aceitarem escrever alguns desses textos, por não terem
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ESCRITA
modelos ou padrões de referência. Exemplo disto é a dificuldade
em encontrar alguém que em determinadas situações aceite, de
bom grado, elaborar uma acta, um curriculum vitae, uma
reclamação, um relatório ou até um simples memorando.

Os textos administrativos começam agora a figurar entre os textos


trabalhados pela escola.

É bom que assim seja: os alunos adquirem mais confiança no


domínio das diferentes manifestações da Iíngua escrita e as
empresas recebê-los-ão com mais agrado, por apresentarem uma
preparação linguística mais variada.

Sumário

Em síntese:
Os textos administrativos são uma tipologia textual que começa
agora a figurar entre os textos trabalhados pela escola. A mudança
de tipo de comunicação dentro da empresa é um outro factor a
explicar esse crescimento: a uma comunicação interpessoal,
individualizada e subjectiva substituiu uma comunicação formal,
tipológica e objectiva, numa palavra impessoal.

Exercícios

1. Mencione o conjunto de textos de natureza administrativa


ou funcional. Apresente as principais diferenças.
2. Depois de responder à pergunta anterior, apresente
graficamente exemplo de um dos textos que mencionou.
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UNIDADE 19

FORMAS DE TRATAMENTO
Introdução

Na produção de documentos ou de textos administrativos como:


um convite, enviar uma carta, um requerimento, um anúncio, uma
acta, uma petição, um cumprimento, e uma conversação num
evento social onde encontra autoridades, é comum a pessoa
perguntar-se qual o pronome de tratamento que deve empregar,
em meio às dezenas de expressões que se convencionou
considerar as mais respeitosas. Definidos no âmbito das Boas-
maneiras, os pronomes de tratamento são palavras que exprimem
o distanciamento e a subordinação em que uma pessoa
voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de agradá-la e
desejar um bom relacionamento. Porém, seu emprego abusivo
poderá afectar negativamente a dignidade da pessoa que os
emprega.

Ao completar esta unidade / lição, serás capaz de:


 Conceitualizar as formas de tratamento;
 Utilizar correctamente as formas de tratamento;
 Identificar as entidades a partir das formas de tratamento.
Objectivos

Conceito
Segundo Cunha e Cintra (2002:292)20, denominam-se pronomes de
tratamento certas palavras e locuções que valem por verdadeiros
pronomes pessoais como: você, o senhor, Vossa Excelência.

20
Ibdem
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ESCRITA
Embora designem a pessoa a quem se fala, isto é, a segunda
pessoa, esses pronomes levam o verbo na terceira pessoa.
Ex: Onde é que vocês estão?
Vossa Excelência Senhor Comendador terá de perdoar.

No processo de produção de documentos institucionais ou então de


textos administrativos, somos obrigados a usar formas de tratamento
específicas referentes às entidades a que nos dirigimos.

Assim, convém conhecermos as seguintes formas de tratamento


referentes e as abreviaturas com que são indicadas na escrita.

Estas formas aplicam-se à 2ª pessoa, àquela com quem falamos; para a


3ª pessoa aquela de quem falamos, usam-se as formas Sua Alteza, Sua
Eminência, etc. Mas as últimas podem empregar-se com valor das
primeiras, como expressão de máxima cerimónia, mormente quando
seguidas de aposto que contenha um título determinado por artigo.
Assim, em lugar de:

Vossa Excelência Senhor Ministro aprova a medida?

É lícito dizer-se

Sua Excelência, o Senhor Ministro, aprova a medida?

Em princípio, os pronomes de tratamento da 2ª pessoa devem


acompanhar o verbo para evitar confusão com o sujeito da terceira.

Seu irmão cantava, e você o acompanhava.

Vossa Reverência já leu este livro?


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Sumário

Em síntese:

Pronomes de tratamento são palavras ou expressões que usamos


para nos referir às pessoas, em consideração ao cargo que
exercem, posição social, ou ainda, para indicar formalidade e
respeito.
Os pronomes de tratamento correspondem a pronomes pessoais
e o verbo correspondente é conjugado na 3ª pessoa.

Exercícios

1. Indique as formas de tratamento para as seguintes entidades:


 Presidente da República
 Vice-Presidente da República
 Ministros do Governo
 Funcionários graduados
 Organizações comerciais e industriais
 Arcebispos e Bispos
 Papa

2. Utilize correctamente Vossa ou Sua, conforme a pessoa do


discurso:
i. Excelência estava bem-humorado.
ii. Excelência pretende viajar para a Europa?
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UNIDADE 20

A CARTA
Introdução
Na unidade 18, abordamos acerca de textos administrativos, num
cômputo geral. Agora, vamos tratar essencialmente da carta, um
dos tipos de texto que pertence à tipologia textual em causa.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:
 Conceber a carta do ponto de vista do conceito tradicional,
por um lado, e moderno, por outro;
 Explicar as diferenças básicas encontradas entre a carta e
Objectivos
os restantes textos administrativos;
 Justificar a estrutura fulcral de apresentação gráfica da
carta.

A Carta
É uma conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente -
assim se define tradicionalmente a carta. A simplicidade da
definição não corresponde, porém, à dificuldade em escrever
cartas. Trata-se de um meio de comunicação muito antigo que
tem visto o seu espaço ser conquistado, no mundo moderno,
por meios mais rápidos como o telefone, a rádio, o fax e, em
muitas das suas velhas funções, pelo próprio jornal. Contudo, a
sua actualidade mantém-se tal como as suas características:
economia, personalização, substituto do diálogo.

Como é uma conversa, o estilo da carta deve ser coloquial, isto


é, manifestar a maneira de ser de quem a escreve e de quem a
Iê. Este cuidado em ser natural e adaptar-se ao receptor é uma
das exigências da carta, juntamente com a clareza, a
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expressividade e a síntese.

As cartas dividem-se em privadas e comerciais, subdividindo-


se cada um dos grupos numa série de outros tipos conforme as
situações e a natureza da comunicação.

As primeiras destinam-se a familiares e amigos e têm como


qualidades principais: a correcção gramatical e a delicadeza,
que a familiaridade e a intimidade não dispensam, a ordem e a
boa apresentação, isto é, sem rasuras nem emendas, em papel
normalizado, sendo de preferência manuscritas. A frase deve
ser simples, eliminando as dificuldades de construção e indo
por partes, ao fazer corresponder a uma frase poucas ideias.

As segundas são frequentes no mundo dos negócios, onde


constituem o documento escrito mais importante, e dizem
respeito à compra e venda de alguma coisa. São caracterizadas
pelo sentimento útil e, como o comércio e o seu estilo, não só
devem permitir uma comunicação eficaz como deixar uma
impressão favorável na pessoa que as recebe. O seu objectivo
principal é obter uma reacção positiva. Para isso, contribuem
qualidades como:
- a Clareza - procurada através de frases curtas, da ordem
directa das palavras na frase, de um vocabulário cuidado, e,
ainda, através da eliminação dos gerúndios, das palavras
rebuscadas, dos circunlóquios e das expressões gastas:

- A Concisão - obtida através da revisão do escrito, da


eliminação de expressões inúteis, ideias repetidas e
pormenores sem interesse, indo directamente ao assunto, mas
evitando a escrita telegráfica e a frase vaga;
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- A Precisão - conseguida pelo uso do termo próprio para cada


coisa, tendo o dicionário sempre ao lado, pelo abandono das
orações subordinadas e pela apresentação de explicações;

Estrutura:
1. Cabeçalho (nas comerciais) - contém o nome da empresa, o
endereço, o número de telefone, o de telefax e o de
contribuinte.

2. Data - coloca-se ao alto, à direita ou à esquerda nas cartas


comerciais e à esquerda nas familiares. Nestas, pode aparecer
também no fim, à esquerda da assinatura, como forma de
respeito e consideração.

3. Endereço ou direcção - aparece, em geral, no envelope ou


sobrescrito ou, nas comerciais, na folha da carta quando se
usa um envelope com janela. Neste último caso, a sua
colocação varia: lngleses e Americanos escrevem-na à
esquerda, os Franceses, à direita. Entre nós, adoptam-se as
duas posições. É importante que estejam presentes todos
os elementos necessários para a identificação do
destinatário e da sua residência.
4. Saudação ou fórmula de tratamento - escreve-se à
esquerda, alinhada com a primeira palavra da carta. A sua
escolha deve ser criteriosa não só porque há normas
rigorosas, particularmente nas cartas comerciais, como
porque o nosso interlocutor pode não se rever na forma de
tratamento por nós usada, o que o leva a olhar-nos de
lado. Apresentamos algumas.
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ESCRITA
Exemplo:

Sumário

Em síntese:
A carta é, assim, definida tradicionalmente como uma
conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente. Ela
classifica-se em privada e comercial, que, por sua vez,
conforme as situações e natureza da comunicação, subdivide-
se cada um dos grupos numa série de outros tipos.
Contribuem como qualidades tais como: a Clareza, a Precisão,
a Concisão, entre outras.

Exercícios

1. Distinga a carta privada da comercial.


2. Redija uma carta comercial, solicitando um estágio durante
um semestre.
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3. Indique, na carta que produziu, as partes que a compõem.

UNIDADE 21. A CONVOCATÓRIA

Introdução

Sempre que pretendemos reunir com um público determinado,


seja escolar, comunitário e outro, há sempre uma prévia
necessidade de informar todos os participantes previstos para
fazer parte dessa reunião. Porém, para o efeito, é lhes formulado
um documento numa data que antecede o encontro denominado
Convocatória, o texto de que falaremos nesta unidade.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

- Conceitualizar o termo convocatória;


- Explicar detalhadamente as técnicas a ter em conta na
Objectivos
elaboração/produção da convocatória;
- Aplicar os elementos que compõem a convocatória no acto da
produção da mesma.

Convocatória

É um documento que chama sócios para reunir, elaborado por


quem tem poderes institucionais para o fazer. Normalmente, é
dada a conhecer por aviso postal para cada participante, com
antecedência considerada necessária – nas associações é de oito
dias.

Trata-se de um texto de utilidade pública, feito no contexto da


realização de uma reunião. Estruturalmente comporta três partes
essenciais, sendo:

- O cabeçalho (onde se encontra identificada o tipo


de documento, a instituição e a entidade emissora
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da convocatória);
- O corpo (onde se encontra inserido o texto
principal. Neste, é devidamente indicado o local, a
data, a hora da reunião, a respectiva ordem de
trabalhos; o assunto ou os assuntos a serem
tratados na reunião; o tipo de sessão ou reunião –
ordinária ou extraordinária; e
- O fecho (a data em que ela é feita, a entidade
responsável pela emissão da convocatória e
finalmente a assinatura desta mesma pessoa).

Técnicas de elaboração

Em princípio, não há uma técnica propriamente dita, mas há,


obviamente, elementos a ter em conta antes da sua elaboração,
nomeadamente:

a. deve conter uma agenda (pontos a discutir na


reunião prevista.)
b. a convocatória é endereçada a um público alvo bem
definido, podendo ser: a comunidade escolar (pais
e encarregados de educação, alunos em geral,
professores da escola, funcionários etc.)
c. deve haver a indicação do local e da data

Análise icónica

A leitura icónica é feita inconscientemente, numa primeira fase,


visto ser baseada nos elementos que se nos apresentam diante de
nossos olhos. O olhar é dirigido, mas ver é um acto involuntário.
Ao observarmos o material impresso, notamos os elementos mais
salientes, destacáveis. Apercebemo-nos da extensão do texto. Ora
todas estas ilações são tiradas involuntariamente. Trata-se de
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ESCRITA
operações que acontecem a nível do nosso cérebro, mas que não
dependem dum esforço físico ou psíquico empreendido por nós.
Esta leitura permite identificar o texto, antes da sua leitura
conteudística. Nela, presta-se especial atenção aos aspectos mais
destacados a partir de elementos de realce, tais como a escrita a
negrito (em bold), em itálico e/ou sublinhado. Muitas vezes, o
leitor não precisa de ler o texto para se aperceber com que tipo de
texto está a lidar. Os elementos iconográficos são dispostos de tal
ordem que o texto se identifique por si, captando a atenção do
público leitor. Ora, será após a leitura conteudística do texto que
algumas dúvidas serão dissipadas, nomeadamente no que diz
respeito ao público visado, assunto, data, hora e local.

Análise linguística

Trata-se da análise de conteúdo, da linguagem usada na redacção


desta tipologia de textos; as marcas de pessoa gramatical, as
formas de tratamento, de persuasão, entre outros.

Sumário

Em síntese:
Convocatória é um documento que chama sócios, com
antecedência necessária, para reunir, elaborado por quem tem
poderes institucionais para o fazer. Todavia, não há uma técnica
propriamente dita, mas há elementos a ter em conta antes da sua
elaboração: uma agenda, um público-alvo bem definido, a
indicação do local e da data da realização da reunião.

Exercícios

1. Em poucas palavras, diferencie a convocatória do convite.


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2. Elabore uma convocatória, chamando os membros da
assembleia geral para uma reunião ordinária de balanço
trimestral das actividades desenvolvidas na sua instituição.

UNIDADE 22

A ACTA
Introdução

Os textos administrativos ou funcionais são textos que se usam


dentro das mesmas instituições ou entre instituições diferentes,
daí a designação de textos institucionais.
Porém, nesta unidade fazemos abordagem da acta, sobretudo a
sua função institucional e técnicas envolvidas na sua elaboração.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

- Distinguir a acta dos outros textos de índole administrativa;


- Fundamentar os elementos que compõem a acta e a respectiva
sequenciação;
Objectivos
- Elaborar uma acta baseada em factos acontecidos e discutidos
numa reunião.

Definição

Acta é a reprodução de factos, decisões e opiniões reportados a


assembleias, reuniões ou conselhos...é o relato oficial de tudo o
que se passou durante a reunião de uma instituição,
departamento, secção, conselho ou grupo de trabalho. Costuma
fazer-se a distinção entre projecto de acta e a acta propriamente
dita, coincidindo a passagem do primeiro à segunda com o
momento da sua aprovação.

Este documento é elaborado pelo secretário da reunião que tem a


ingrata, difícil e a penosa tarefa de, ao longo dela, recolher os
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apontamentos indispensáveis à sua elaboração posterior do
projecto de acta. Mais tarde, com a ajuda do presidente, em caso
de necessidade, ordená-los-á e redigirá uma primeira versão. O
projecto de acta é escrito no livro de actas, cujas folhas devem
estar rubricadas e numeradas – as folhas, não as páginas, pois
cada folha tem duas páginas – pelo presidente da Mesa da
Assembleia Geral, o mesmo acontecendo com os termos de
abertura e de encerramento.

A redacção deve ser simples, concisa e clara; não deve haver


abreviaturas e os números tal como as datas escrevem-se por
extenso; intervalos em branco, interlinhas e rasuras são
eliminados. Enquanto o projecto de acta, ou minuta, não for
aprovado em Assembleia Geral, é pertença de quem o elaborou,
que pode fazer as alterações que achar para a sua compreensão e
fidelidade.

Nela são relatadas todas as intervenções dos participantes da


reunião. A sua redacção obedece a uma fórmula fixa de
introdução e fecho, começando-se do seguinte modo: (aos nove
dias, do mês de Junho de dois mil e sete, nas instalações da
Faculdade de Educação e Comunicação, realizou-se uma reunião,
que obedeceu à seguinte ordem de trabalhos/ ou cuja agenda
encontra-se em anexo…

Estruturalmente, a acta pode ser dividida em três partes


fundamentais, nomeadamente:

 O cabeçalho, contendo a identificação do documento e o


respectivo número de ordem
 O corpo, comportando os relatos das várias etapas e
intervenções dos participantes
 O Fecho, contendo a fórmula fixa do fecho e as assinaturas do
presidente e do secretário da reunião.
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Técnicas de elaboração

Ao longo da elaboração da acta, há formas próprias de introdução


das intervenções/falas dos participantes da reunião, como os
actos de fala que a seguir alistamos:

- referindo-se à questão do…ele teria dito que…


- usando da palavra, o Sr, Mahulana, afirmou que…
disse que…realçou o facto de que…
- apelou aos presentes para que…
- questionou o facto de…
- perguntou,
- disse ter ficado impressionado, chateado,
escandalizado com o facto de…
- João Wanicela disse não concordar com a posição
do seu colega…
- Benilde, chefe da turma, interveio para aclarar
algumas questões que constituíam
embaraço…

A acta obedece a uma fórmula fixa do fecho, que é: (não havendo


mais a tratar, a reunião foi encerrada (dada por terminada), da
qual foi lavrada/ (se lavrou) a presente acta, que, depois de lida,
será assinada pelo Presidente (ou…) e por mim que secretariei
a reunião.

NB:

 Os espaços em branco, na acta, devem ser trancados de


forma a evitarem-se acréscimos posteriores.
 Em caso de falha ao longo da redacção da acta, esta não
deve ser rasurada nem borrada, devendo-se, nestes casos,
acrescentar-se a palavra digo, logo depois da falha e
colocando a palavra correcta pretendida.
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Elementos Discursivos

Uso da voz passiva e das formas do particípio passado


(relativamente ao ponto número três, foi dito que…ficou
acordado que…decidiu-se que as reuniões serão feitas…),

Uso do discurso indirecto (ele disse que…)

Uso do Pretérito perfeito, mas também das formas do


imperfeito… (ele teria dito que…), coube a vez a Fernando
Sumabane que interveio para questionar sobre se não haveria
espaço para mais um ponto na agenda.

Sumário

Em síntese:

A acta é um meio de informação da “vontade colectiva”; o


elemento de prova e de interpretação dessa vontade; o registo da
vida das instituições; depois de aprovada, é imutável e só a
Assembleia pode permitir que ela seja objecto de avaliação
posterior.

Exercícios

1. Da convocatória que elaborou na unidade anterior, elabore


a respectiva acta que é fruto da reunião realizada.
2. Divida a acta que produziu em partes correspondentes à
estrutura do texto.
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UNIDADE 23

TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO
Introdução
O texto expositivo-explicativo dá a conhecer e/ou esclarece
determinadas situações ou factos. É um tipo de texto cujo
objectivo se prende essencialmente com o conhecimento da
realidade, a respeito da qual oferece um saber.

Nesta unidade apresentamos detalhadamente o texto expositivo-


explicativo, no concernente à conceitualização; característcas
estruturais e discursivas; bem como aos princípios que regulam a
construção do referido texto.

Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Definir o conceito e os objectivos do texto expositivo


– explicativo;
Objectivos
 Analisar o material icónico dos textos expositivos-
explicativos.

Definição
O texto expositivo/explicativo é um tipo de texto cuja intenção de
comunicação se prende essencialmente com conhecimento da
realidade, a respeito da qual oferece um saber.
A finalidade de acção da linguagem a atingir é a de informar, isto
é, de transmitir conhecimentos ao destinatário relativo a um
referente preciso. Por isso, o texto expositivo/explicativo é um
texto conceptual, visa instruir o estado cognitivo do destinatário.
Características
Quanto à organização textual
A análise de qualquer texto requer o conhecimento das regras do
seu funcionamento, da sua estruturação, isto é, da sua gramática.
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Da mesma forma que o campo da linguística desenvolve estudos
visando a consciencialização dos elementos da frase, torna-se
imperioso o estudo dos elementos caracterizadores de cada tipo
de texto.
Collier (1986:8) apud Adam resume as fases de construção
do texto expositivo/explicativo em três momentos:
1) A fase de questionar
2) A fase de resolução
3) A fase de conclusão
Estes três momentos (introdução, desenvolvimento e conclusão)
podem ou não aparecer explícito na superfície do texto. Todavia, a
fase de questionar não contém necessariamente uma
interrogativa directa ou indirecta; poderá, por exemplo, ser
constituída apenas pela explicitação do tema / assunto da
exposição, às vezes, aparece no título do texto.
A ordem de ocorrência destas fases, regra geral, obedece ao
seguinte encadeamento: de questão poder-se-á ir à resolução, ou
optar-se pela antecipação da parte conclusiva.
Exemplo 1:
Introdução – uma reflexão sobre influência da droga no
rendimento escolar da camada juvenil.
Implicitamente temos uma questão:
A droga influencia? Porquê? Como?
Desenvolvimento – Expor-se-ão as principais ideias sobre
a influência da droga no rendimento escolar.
Conclusão – Apresentar-se-ão as principais conclusões
sobre o objecto problematizado.
Exemplo 2:
“A droga provoca um fraco rendimento escolar na
camada juvenil, o que origina o abandono dos estudos”.
Desenvolvimentos – Apresentam-se enunciados que
fazem compreender a observância do baixo rendimento nos
consumidores de estupefacientes.
Quanto ao tipo de enunciados
O texto expositivo/explicativo tem uma própria textura que
o distingue das outras formas de discurso.
Assim, este género textual é composto por três tipos de
enunciados:
1. enunciados de exposição, contendo uma sucessão de
informações que visam fazer saber.
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2. enunciados de explicação que tem como finalidade
fazer compreender o saber transmitido.
3. enunciados que marcam as articulações do discurso:
anunciar o que vai ser dito; resumir o que se disse;
antecipar o que vai ser dito, através de títulos,
subtítulos, numerações, etc., focalizar o que é dito
através de sublinhados e de mudanças tipográficas.
Os discursos de manuais (usados nas escolas) têm a ver com

saberes científicos de base de uma disciplina, escritos por autores

que não são, grosso modo, pesquisadores; jogam, sim, um papel

de intermediários, Beacco, 1990. Este facto leva o autor da

compilação a usar estratégias que ajudarão o estudante a

compreender o texto.

Características Linguísticas
O texto expositvo/explicativo é um discurso de verdade, a sua
objectividade manifesta-se através de formas linguísticas próprias.
Ele é emitido por um locutor ao qual não são contestados nem o
poder nem o saber. Quando se põe em causa esta autoridade,
entra-se no domínio da polémica, perdendo, assim o estatuto de
texto de explicação. É objectivo e isento de ataques.
A análise deste tipo de discurso mostra a existência de uma
diversidade de modos de comunicação:
 emprego da passiva;
 nominalizações;
 apagamento do sujeito falante;
 emprego de um presente com valor genérico;
 uso de expressões que explicam os conteúdos
veiculados;
 articuladores.
Uma das características do texto expositivo/explicativo consiste na
abstracção do sujeito entanto que membro duma sociedade
determinada; deve neutralizar tudo o que se possa resultar de
uma apreciação pessoal, subjectiva. O discurso expositivo deverá,
por isso, fazer desaparecer do enunciado toda a referência a um
caso particular, a um momento determinado e situar-se no
universal. A forma passiva é um mecanismo para tornar impessoal
o discurso científico; ela é usada como uma estratégia de
objectividade, de afastamento do sujeito enunciador do seu
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discurso.
Em suma, usam-se procedimentos de invisibilidade, mesmo que
em alguns textos apareça um nós, eu, estarão desprovidos do
valor individualizante. Por se tratar de um discurso monológico,
observa-se a ausência de tu.
As nominalizações, processo que consiste na transformação de
um sintagma verbal, ou adjectival num nome, permite, em certos
casos, condensar o que foi dito, assegurar uma determinada
orientação da reflexão.
Exemplo:
“Quando os animais e as plantas morrem, os corpos
apodrecem (SV) e acabam por desaparecer na terra. O
apodrecimento (N) é provocado por organismos (...) ”.
Quanto aos tempos verbais, a forma essencial é o presente
com valor genérico ou estativo que enuncia as propriedades.
Exemplo:
“O gato é um animal vertebrado”.
A informação contida nesta frase constitui uma verdade
que perdura, independentemente da sua enunciação.
O presente genérico não pode ser oposto a um passado ou
um futuro, trata-se de uma forma temporal “zero”,
Mainguenean (1991:65).
Um presente com valor deíctico (actual) reenvia ao
momento de exposição.
As expressões explicativas têm um papel importante nos
textos expositivos/explicativos, permitindo ao emissor tornar mais
clara a sua comunicação e orientar a compreensão do receptor.
Definidos como elementos que asseguram as relações
entre as diversas partes do texto, quer a nível intrafrásico,
interfrásico, quer entre parágrafos, no texto
expositivo/explicativo, estes elementos com frequência são de
natureza lógica.
Estes conectores podem marcar laços de adição (também,
igualmente) oposições (mas, ao contrário) laços de consecução ou
de causalidade (porque, visto que, dado que)

Sumário

Em síntese:
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ESCRITA
O objectivo do texto expositivo/explicativo é o de comunicar de
forma clara e pormenorizada, a um leitor determinado, que se
supõe detentor de um saber insatisfatório, o que deve saber de
um facto, assunto ou de um problema.
A definição deste tipo de texto apresenta-se polémica, pois há
estudiosos que usam variada terminologia, fundamentando as
suas posições. Assim, é frequente encontrar em alguns livros
teóricos termos como: texto explicativo, texto expositivo, texto
argumentativo, etc.

Exercícios

1. Qual é o objectivo essencial do texto expositivo-explicativo?


2. Leia atentamente um texto expositivo – explicativo à sua
escolha e responda às questões a seguir indicadas.
a) Indique os principais aspectos que o
caracterizam como um texto expositivo-
explicativo.
b) Identifique o objectivo deste texto
explicativo
c) Destaque as três fases distintas de
construção do texto expositivo/explicativo,
segundo Collier (1986)

UNIDADE 24

TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO
Introdução
O texto argumentativo é um dos textos pertencentes à tipologia
de textos expositivos, no qual o autor apresenta as suas ideias ou
opiniões acerca do que vê, pensa ou sente, ao contrário do que
acontece com o explicativo – texto que apresenta factos sobre
uma realidade.
Nesta unidade pretendemos apresentar a definição do texto
argumentativo; estrutura e vias de argumentação e de explicação,
no quadro do texto expositivo-argumentativo.
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ESCRITA
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Caracterizar o texto Expositivo-Argumentativo


 Identificar as estratégias argumentativas
 Redigir textos expositivos-Argumentativos.
Objectivos

Conceito da Argumentação

A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição.


Quanto mais polémico for o assunto em questão, mais dará
margem à abordagem argumentativa. Pode ocorrer desde o início
quando se defende uma tese ou também apresentar os aspectos
favoráveis e desfavoráveis posicionando-se apenas na conclusão.

Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o


primeiro ligado à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e
relacioná-las; o segundo, referente à paixão, busca capturar o
ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo.

Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de


argumentos por autoridade e provas concretas, o texto começa a
caminhar para uma direcção coerente, precisa e persuasiva.
Somente o facto pode fortalecer o texto argumentativo. Não
podemos confundir facto e opinião. O facto é único e a opinião é
variável. Por isso, quando ocorre generalização dizemos que
houve um “erro de percurso”.

Segundo Rei (1990:88) “Um argumento é um raciocínio


destinado a provar ou refutar uma afirmação destinada a fazer
admitir outra.”

Ainda de acordo com o mesmo autor, a teoria da argumentação


estuda as técnicas discursivas que permitem provocar ou
aumentar a adesão dos espíritos às teses que apresentamos ao
seu consentimento. Sem se afastar da dialéctica, da lógica e da
retórica. A argumentação investiu no campo da psicologia, da
sociologia e da teoria geral da informação, indo nestes campos
procurar alguma luz sobre como reage o homem, quando exposto
às mensagens persuasivas, como altera as suas convicções e o seu
comportamento.
Argumentos e Provas
Já definimos o argumento como um raciocínio destinado a provar
ou refutar uma afirmação ou, ainda, uma afirmação destinada a
fazer admitir outra. Os argumentos são, portanto, elementos
abstractos, cuja disposição no discurso dependerá da sua força
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ESCRITA
argumentativa, aparecendo, assim, no texto, numa disposição
crescente, decrescente ou dispersa.

Ordens das Provas


As provas têm a função de sustentar os argumentos e são de três
ordens (Jules Verest, 1939: 468-471):
Naturais - incluem os textos das leis, o testemunho das
autoridades, as afirmações das testemunhas e os documentos de
qualquer espécie;
Verdades e princípios universais - são reconhecidos, deste modo,
por todos e apresentados sob a forma de raciocínio reduzido.
O Exemplo – é um caso particular, real ou fictício, que tem uma
analogia verdadeira com o caso que nos ocupa. A intenção é, a
partir dele, inculcar uma verdade geral da qual deduzimos uma
proposição que queremos estabelecer.
Percurso da Argumentação
Segundo Rei (1990:90), são caminhos do pensamento para
"justificar uma opinião, desenvolver um ponto de vista, reflectir
para chegar a uma decisão". Bellenger (1988: 16) define que “são
processos de organização das ideias, segundo a natureza dos laços
que unem os elementos ou as etapas do edifício persuasivo: onde
operam os argumentos, escolhidos e dispostos, tendo em vista
uma argumentação concreta”.
No processo de argumentação, usam-se com frequência os
seguintes termos, de acordo com o contexto, como a seguir se
apresentam:
 Adversidade: (oposição, contraste): mas, porém, todavia,
contudo, entretanto, senão, que.
 Alternância: ou; e as locuções ou... ou, ora...ora, já...já,
quer...quer...
 Conclusão: logo, portanto, pois.
 Explicação: que, porque, porquanto...
 Causa: que, como, pois, porque, porquanto; e as locuções:
por isso que, pois que, já que, visto que...
 Comparação: que, do que (depois de mais, maior, melhor
ou menos,menor, pior), como; e as locuções: tão... como,
tanto... como,mais...do que, menos...do que, assim como,
bem como, que nem...
 Concessão: que, embora, conquanto. Também as locuções:
ainda que,mesmo que, bem que, se bem que, nem que,
apesar de que, por maisque, por menos que...
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ESCRITA
 Condição: se, caso. Também as locuções: contanto que,
desde que,dado que, a menos que, a não ser que, exceto
se...
 Finalidade: As locuções para que, a fim de que, por que...
 Conseqüência: que (precedido de tão, tanto, tal) e também
as locuções:de modo que, de forma que, de sorte que, de
maneira que...

Para Dr. Francisco Fernando Lopes (www.esffl.pt), na


argumentação é necessário ter-se sempre em atenção os
seguintes aspectos:

 a correcta estruturação e ordenação das frases

 o uso correcto dos conectores de discurso.

 o respeito pelas regras da concordância

 o uso adequado dos pronomes, que evitam as repetições


do nome.

 a utilização de um vocabulário variado, com recurso a


sinónimos, antónimos, hiperónimos e hipónimos.

A progressão e a articulação do texto é conseguida sobretudo


através do uso dos conectores ou articuladores do discurso, que
vão fazendo progredir o texto de uma forma permanente e
articulada. O quadro que se segue mostra alguns exemplos de
aplicação:

Quadro – Conectores de discurso

para reiterar, reafirmar retomando a questão, penso que, a


meu ver, creio que, estou certo, em
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nosso entender

para concordar, provar, efectivamente, com efeito


exprimir certeza

para refutar, manifestar no entanto, mas, todavia, contudo,


oposição, restringir ideias porém, apesar de, em sentido
contrário, refutando, pelo contrário, ao
contrário, por outro lado, com a
ressalva de

para exemplificar por exemplo, como se pode ver, assim,


tome-se como exemplo, é o caso de, é
o que acontece com

para explicitar significa isto que, explicitando melhor,


não se pretende com isto, quer isto
dizer, a saber, isto é, por outras
palavras

para concluir finalmente, enfim, em conclusão,


concluindo, para terminar, em suma,
por conseguinte, por consequência

para estabelecer então, após, depois, antes,


conexões de tempo anteriormente, em seguida,
seguidamente, quando, até que, a
princípio, por fim
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para referenciar espaço aqui, ali, lá, acolá, além, naquele lugar,
o lugar onde, ao lado de, à esquerda, à
direita, ao centro, no meio, mais
adiante

para indicar ordem em primeiro lugar, primeiramente, em


segundo lugar, seguidamente, em
seguida, começando por, antes de
mais, por último, por fim

para estabelecer porque, visto que, dado que, uma vez


conexões de causa que

para estabelecer de tal modo que, de forma que, tanto


conexões de que, e por isso
consequência

para expressar condição, se, a menos que, a não ser que, desde
hipótese que, supondo que, se por hipótese,
admitindo que, excepto se, se por
acaso

para estabelecer para que, para, com o fim de, a fim de


conexões de fim que, com o intuito de

para estabelecer relações e, ora, e também, e ainda


aditivas

para estabelecer relações ou, ou então, seja...seja, quer...quer


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disjuntivas

para expressar do mesmo modo, tal como, pelo


semelhança, comparação mesmo motivo, pela mesma razão,
igualmente, assim como

Estrutura do Texto Argumentativo

O texto argumentativo, oral ou escrito, estrutura-se basicamente


num plano tripartido:

1. Exórdio – é a primeira parte de um discurso, preâmbulo,


a introdução do discurso que consiste em:

a) Exposição do tema;

b) Exposição das ideias defendidas (pode recorrer-se à


explicitação de determinados termos, à apresentação de
esquemas da exposição, à referência de outras opiniões, etc.

2. Narração /confirmação – é a parte do discurso em que o


orador desenvolve as provas, consiste na utilização de
argumentos (citação de factos, de dados estatísticos, de outros
exemplos, de narração de acontecimentos, etc.).

3. Peroração/epílogo – é a parte final de um discurso, a


sua conclusão, o remate, síntese, recapitulação.

Vias de Argumentação
1. Via Lógica
Trata-se, neste primeiro percurso, de modelos de raciocínios
herdados das disciplinas ligadas ao pensamento: a indução, a
dedução, o raciocínio causal.
I. A Indução – é a forma habitual de pensar do
singular ao plural, do particular ao geral. Pode
tomar duas formas: totalizante, quando se
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estabelece a partir do recenseamento de um
todo, adquirindo o estatuto de prova - como
quando, depois da chamada, afirmamos "os
alunos estão todos"; generalizante, quando o
recenseamento completo não é possível e o
raciocínio indutivo nos leva de uma parte ao
todo, por generalização - por exemplo quando
se afirma: "Os portugueses são hospitaleiros".
Este é o procedimento mais usual, mas o menos
rigoroso, pois a generalização implica
simplificação, e com ele vem o engano, o
idealismo e a teorização.
II. A Dedução - dois princípios estão na sua base: o
da não contradição - quando duas afirmações se
contradizem uma delas é falsa - e o da
progressão do geral para a particular - através
de articulação lógica expressa por "assim",
"portanto" ou "logo".
Por exemplo, o silogismo - constituído por três
proposições ou afirmações - chamadas premissas as
duas primeiras (apelidada uma de "major" e outra de
"menor", confome o termo que contém, e conclusão, a
terceira - deve possuir três termos e combiná-Ios dois a
dois. Veja:
Os Homens são mortais
Sócrates é um homem
Sócrates é mortal.
III. O raciocínio causal - "Asseguremo-nos bem do facto,
antes de nos inquietarmos com a causa" aconselhava
Fontenelle (L. Bellenger, 1988: 27), o papel
preponderante do raciocínio causal, na argumentação,
assenta em duas transposiões constantes: da causa
para o efeito e do efeito para a causa, conduzindo ao
pressuposto de que "o conhecimento das causas
permitirá remediar o facto constatado" (ibid. 27), quer
dizer, suprimamos as causas e o problema estará
resolvido, o que leva as pessoas a preocuparem-se mais
com as razões do presente do que com o modo de
melhorar o futuro.
Via Explicativa
A Via Explicativa à semelhança da anterior procura fazer
compreender e tornar inteligível a informação da argumentação.
Para Bellenger (ibid.: 36-45), via explicativa usa as definições, as
comparações, a analogia, a descrição e a narração. O explicar
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pretende convencer com o máximo de objectividade.
I. A definição - definir é dizer a verdade e responde à
necessidade de compreender. A necessidade de definir
aumenta a credibilidade de quem quer convencer.
II. A comparação - usa-se a comparação para provar a
utilidade, a bondade, o valor de uma coisa, um
resultado, uma opinião. A técnica comparativa é
simples, fácil de compreender, inscrita nos nossos
hábitos, levando-nos a usá-la, activa e passivamente,
de forma natural e sem disso nos darmos conta. A
comparação procura fazer passar identidades entre
factos, pessoas ou opiniões diferentes e transpor
valores de sistemas independentes e autónomos: estas
passagens e transposições são manipuladoras e
pretendem chocar, colocar problemas de consciência,
questionar os modelos culturais e as normas vigentes.
III. A analogia – “é a imaginação em auxílio da
vontade de se explicar e de convencer.” (L.
Belllenger, 1988: 41). Trata-se de uma semelhança
estabelecida pela imaginação entre pensamentos,
factos, pessoas. Simboliza a vontade de bem se
exprimir e bem se fazer entender. Simplifica a
caricatura, prestando-se, assim, a uma fácil fixação e a
uma compreensão imediata, daí o seu uso frequente na
publicidade. Os antigos olhavam-na com alguma
reserva, aconselhando, por isso, a introduzi-la com
expressões como: de certo modo, quase como, uma
espécie de…
IV. Descrição e narração - para convencer alguém,
podemos descrever ou narrar uma situação ou um
acontecimento. São o ponto de partida da indução
socrática: narra uma história, uma experiência, uma
anedota, desencadeia um processo de inferência que a
partir de um facto nos conduz ao princípio ou à regra. É
o peso do concreto, do vivido e do testemunho que
passa através delas. Ambos os processos criam a
ausência, a falta de um complemento, de um remate,
de um "E depois?" - ouvido sempre que alguém, ao
narrar algo, aparenta parar ou desviar-se do enredo.

Sumário

Em síntese:
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ESCRITA
Argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o
primeiro ligado à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e
relacioná-las; o segundo, referente à paixão, busca capturar o
ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo.

Exercícios

1. Qual é o objectivo essencial do texto expositivo-


argumentativo?
2. Procure um tópico que apoquenta a sua comunidade e
produza um texto expositivo-argumentativo, em que
apresenta argumentos a favor e contra a(s) tese(s) que
apresentas.

UNIDADE 2

O RELATÓRIO
Introdução
Na sua formação académica, a produção dos relatórios constitui
uma fase importantíssima, pois por meio dela o estudante (aluno)
será capaz de apresentar os dados de uma pesquisa.
Este trabalho permitirá que mais tarde, como profissional, possa
ter adquirido e desenvolvido a prática e o raciocínio crítico
necessários à elaboração de um artigo científico.
Ao completar esta unidade / lição, será capaz de:

 Conceitualizar o termo relatório;


 Distinguir relatório com outros textos administrativos ou
funcionais;
Objectivos
 Reconhecer a estrutura básica do relatório;
 Produzir um relatório, com base nas regras fundamentais,
coeso e coerente discursivamente.
Conceito
Um relatório de uma actividade prática é uma exposição escrita de
um determinado trabalho ou experiência laboratorial. Não é
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apenas uma descrição do modo de proceder (técnicas, reagentes,
material, etc.),
Segundo Rei (1990: 183)
O relatório trata-se de uma declaração formal dos resultados de
uma investigação feita por alguém, que em relação a ela recebeu
instruções de um outro, sob forma de pedido ou ordem. Exige
estudo prévio, e aprofundado, elevado grau de elaboração, e
matéria para apreciação e decisões posteriores.
Características do relatório
O Relatório apresenta como características:
 Uma linguagem simples, clara, objectiva e precisa;
 A clareza do raciocínio;
 Um relatório deverá ser conciso e coerente, incluindo a
informação indispensável à compreensão do trabalho;
 Todas as afirmações devem ser baseadas em provas
factuais e não em opiniões não fundamentadas
 Deve evitar o excesso de conclusões, sendo estas precisas
e sintéticas. As conclusões devem, igualmente, ser
coerentes com a discussão dos resultados.
Estrutura de um relatório
A apresentação de um relatório em várias secções ajuda à sua
organização e escrita por parte dos autores e, de igual modo,
permite ao leitor encontrar mais facilmente a informação que
procura.
Título, autor (es) e data (capa)
Identificação do trabalho (título), Identificação dos autores, Data
em que o relatório foi realizado.
Índice:
Introdução
Nesta parte do relatório deve ser introduzido o trabalho a
realizar, bem como as noções teóricas que servem de base ao
mesmo. A introdução deve conter a informação essencial à
compreensão do trabalho.
O Projecto do Estudo
Em primeiro lugar, trará ao aluno de executar um dos projectos
de pesquisa apresentando os conhecimentos necessários para
a compreensão dos fenómenos que serão estudados.
Material e Métodos (Revisão teórica)
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ESCRITA
A revisão bibliográfica é, sem dúvida, um dos pontos vitais de
um trabalho científico, deve trazer informações que possam ser
acessadas pelos leitores, através da citação, das referências
bibliográficas.

Discussão dos Resultados


Interpretação dos resultados. A discussão deve comparar os
resultados obtidos face ao objectivo pretendido. Não se deve tirar
hipóteses especulativas que não possam ser fundamentadas nos
resultados obtidos. A discussão constitui uma das partes mais
importantes do relatório, uma vez que é nela (e não na
introdução) que os autores evidenciam todos os conhecimentos
adquiridos, através da profundidade com que discutem os
resultados obtidos.
Conclusões
Esta parte do relatório deve sumarizar as principais conclusões
obtidas no decurso do trabalho realizado.
Referências bibliográficas
A bibliografia deve figurar no fim do relatório. Nela devem ser
apresentadas todas as referências mencionadas no texto, que
podem ser livros, artigos científicos, CD-ROMs e websites
consultados.

Sumário

Em síntese:
O relatório é uma declaração formal dos resultados de uma
investigação feita por alguém, que em relação a ela recebeu
instruções de um outro, sob forma de pedido ou ordem.
Apresenta como características:
 Uma linguagem simples, clara, objectiva e precisa;
 A clareza do raciocínio,
 Ser conciso e coerente;
 As afirmações devem ser factuais e não opiniões sem
fundamentos;
 Evitar o excesso de conclusões.
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Exercícios

1. Aborde sobre os diferentes tipos de relatórios e apresente


detalhes de distinção.
2. Elabore o relatório final do decurso do estudo deste
módulo / disciplina.

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