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Convite

‘‘Desperte, você que está dormindo. Levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará.’’
(Efésios 5,14b)
Quem cochila desperte... O que dorme levante
Preparemos a estrada do Senhor caminhante
(Edson Montenegro)

De novo: advento! Regressar ao princípio. Refazer, como novidade absoluta, o caminho antigo.
Assumir a migração como método. Fazer-se nômade em obediência à voz antiga, aquela que
sobrevive entre uma multidão de ruídos, o profético apelo do deserto: “endireitai… despertai!”
Começar de novo. Hoje é sempre a primeira vez. Avançar. Assumir a tonalidade primeira, o acorde
fundamental a partir do qual se compõe um hino à mais pura das alegrias. E não ter medo da
alegria. Ser tela onde a palavra já dita e repetida tantas vezes – amor, perdão, paz… - se desenha
como Boa Nova. Hoje, de novo, porque amanhã não sei o que será.
Procurar os fios invisíveis que ligam a terra ao céu. Reparar as ligações que me ligam ao outro,
totalmente outro. E recolher as sementes da eternidade espalhadas, em noite de vendaval, por
terras desconhecidas. Encher a taça e voltar a semear. Pacientemente. Com esperança. Basta a
esperança.
Advento: começo, chegada, aparecimento...
Advento é começo: não mereço, mas amanheço virando o mundo do avesso!
Advento é aparecimento: evento como vento, traz contentamento!
Advento é chegada, na beira da estrada, surpresa ampliada...
“Alegrem-se o deserto e a terra seca, o campo floresça de alegria; como o narciso, cubra-se de
flores transbordando de contentamento e alegria, pois lhe será dado ver... a beleza do nosso
Deus.” (Isaías 35,1-3) Esta formosura divina, tão discreta e silenciosa, é acolhedora como a
escuridão da noite e aberta como o vazio de um ventre... Deus é liberdade, Cristo é uma imensa
árvore que se manifesta sem copa e sem tronco... Só o ardente perfil despojado de tudo, vazado,
capaz de conter tudo, todos! Feito criança, crescendo no ventre, dança escondido aguardando o
momento de se revelar! (cf. Hélio Pellegrino, Meditações de Natal)
“A noite abre as flores em silêncio e deixa que o dia receba os agradecimentos... E a terra,
insultada, vinga-se dando-se flores.” (Tagore) Assim, aqui e ali florescem as acácias e os
flamboyants... Estamos no final da primavera! Estas árvores anunciam a chegada do verão.
Exuberantes, desfilam cores e perfumes, convidando-nos para acolher o novo tempo que virá!
Verão: reino da luminosidade, dos dias longos, das chuvas refrescantes das roupas leves e hábitos
livres... Verão: convite ao pleno exercício da vida na beleza dos corpos, no descanso das férias, no
sabor das frutas, no deleite dos dias!... “Levante-se, minha amada, formosa minha, venha a mim!
Veja: o inverno já passou! Olhe: a chuva já se foi! As flores florescem na terra, o tempo da poda
vem vindo, e o canto da rola já se ouve em nosso campo. Despontam figos na figueira e a vinha
florida exala perfume. Levante-se, minha amada, formosa minha, venha a mim!” (Cântico dos
Cânticos 2,10-13)
Temos ainda outros convites: trocar as vestes, deslocar os interesses, arrumar as estradas...
Saborear a gestação! “Despe a veste de luto e de aflição e reveste, para sempre, os adornos da
glória vinda de Deus. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e pões na cabeça o
diadema da glória do Eterno...” (Baruc 5,1-2) “Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão
com alegria” (Salmo 126,5). Deus presenteia (João), Ele se recorda (Zacarias), vem para salvar
(Isaías) e é a salvação (Jesus) que todos verão (cf. Lucas 3,6)! Mesmo diante de uma dominação de
tantos nomes: Tibério, Pilatos, Herodes, Filipe, Lysâneas, Anás e Caifás... Preenchendo os vales
(pobres), rebaixando os montes (elites), aprumando o tortuoso (impérios) e aplainando as
escarpas (presunções)!
Então, perceberemos que as trevas são ambiente propício à gestação, as cavernas escuras
guardam preciosos minérios, o negro vazio do firmamento abriga milhões de galáxias, o escuro é
aconchego para a carícia dos amantes, o silêncio do útero prepara uma nova vida! Necessitamos
da noite para superar a constante sedução pela superfície das coisas, que nos tende a cegar diante
da densidade e dos profundos horizontes do humano existir!
No avesso das coisas, no contentamento da brisa e na ampliada surpresa cantamos “vem, Senhor
Jesus, vem!” De fato, Ele não tem propriamente de vir porque nunca nos deixou! Já está no meio
de nós. A imagem de uma nova vinda expressa que a sua presença se manifestará plenamente e
nós iremos a ele, para que Deus seja tudo em todos.

Ó Vem Senhor
Oh! Vem, Senhor, Não Tardes Mais! Vem Saciar Nossa Sede De Paz!
1. Oh! Vem como chega a brisa do vento/ trazendo aos pobres justiça e bom tempo!
2. Oh! Vem como chega a chuva no chão/ trazendo fartura de vida e de pão!
3. Oh! Vem como chega a luz que faltou/ só tua Palavra nos salva, Senhor!
4. Oh! Vem como chega a carta querida/ bendito carteiro do Reino da vida!
5. Oh! Vem como chega o Filho esperado/ caminha conosco, Jesus bem-amado!
6. Oh! Vem como chega o Libertador/ das mãos do inimigo nos salva, Senhor!
[Letra e Música: Zé Vicente]

Primeira e Segunda Semanas: Ele virá! Terceira e Quarta Semanas: Ele veio.
Tríplice vinda do Senhor
“Conhecemos uma tríplice vinda do Senhor. Entre a primeira e a última há uma vinda
intermediária. Aquelas são visíveis, mas esta, não. Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e
conviveu com os homens. Foi então, como ele próprio declara, que viram-no e não o quiseram
receber. Na última, todo homem verá a salvação de Deus (Lc 3,6) e olharão para aquele que
transpassaram (Zc 12,10). A vinda intermediária é oculta e nela somente os eleitos o vêem em si
mesmos e recebem a salvação. Na primeira, o Senhor veio na fraqueza da carne; na intermediária,
vem espiritualmente, manifestando o poder de sua graça; na última, virá com todo o esplendor da
sua glória.
Esta vinda intermediária é, portanto, como um caminho que conduz da primeira à última; na
primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; na intermediária, é
nosso repouso e consolação.
Mas, para que ninguém pense que é pura invenção o que dissemos sobre esta vinda intermediária,
ouvi o próprio Senhor: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós
viremos a ele (cf. Jo 14,23). Lê-se também noutro lugar: Quem teme a Deus, faz o bem (Eclo 15,1).
Mas vejo que se diz algo mais sobre o que ama a Deus, porque guardará suas palavras. Onde
devem ser guardadas? Sem dúvida alguma no coração, como diz o profeta: Conservei no coração
vossas palavras, a fim de que eu não peque contra vós (Sl 118,11).
Guarda, pois, a palavra de Deus, porque são felizes os que a guardam; guarda-a de tal modo que
ela entre no mais íntimo de tua alma e penetre em todos os teus sentimentos e costumes.
Alimenta-te deste bem e tua alma se deleitará na fartura. Não esqueças de comer o teu pão para
que teu coração não desfaleça, mas que tua alma se sacie com este alimento saboroso.
Se assim guardares a palavra de Deus, certamente ela te guardará. Virá a ti o Filho em companhia
do Pai, virá o grande Profeta que renovará Jerusalém e fará novas todas as coisas. Graças a essa
vinda, como já refletimos a imagem do homem terrestre, assim também refletiremos a imagem do
homem celeste (1Cor 15,49). Assim como o primeiro Adão contagiou toda a humanidade e atingiu
o homem todo, assim agora é preciso que Cristo seja o senhor do homem todo, porque ele o criou,
redimiu e o glorificará.”
Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo 5 in Adventu Domini, 1-3: Opera omnia, Edit. cisterc. 4 [1966], 188-190) (Séc. XII).

Retina
Olhos de dezembro, olhos finais/ Olhos de cansaço, olhos da paz
São teus sinais, olhos teus, claros demais/ Por eles vou recomeçar
Olhos enfeitados, olhos natais/ Olhos de presentes, olhos fatais
São como os meus, olhos teus, são meus sinais/ Vão me levar até o cais
Olhos do oriente, olhos judeus/ Olhos palestinos, índios, ateus
Luz do olhar de qualquer lugar/ são teus sinais, são olhos meus
Olhos do ocidente, olhos cristãos/ Olhos africanos, latinos, irmãos
Olhos negros, americanos/ Vão ancorar no mesmo cais
Olho amarelado, verde, azul/ Vermelho, molhado, olho do sul
A minha alma, meu amor e a minha voz/ são olhos meus, são teus sinais
Olho adocicado feito de mel/ Olho encharcado sob o véu
A mesma dor, mesmo mar, olhos iguais/ Um olho só, um grande cais
(Consuelo De Paula & Rubens Nogueira)

Há um olhar que sabe discernir


o certo do errado
e o errado do certo.
Há um olhar que enxerga quando
a obediência significa desrespeito
e a desobediência representa respeito.
Há um olhar que reconhece os curtos caminhos longos e
os longos caminhos curtos.
Há um olhar que desnuda,
que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e
traições de grande lealdade.
Este olhar é o que temos exercitado...
Cores e Direções:
Amarelo; Azul; Vermelho; Branco X Norte (em cima); Sul (em baixo); Nascente; Poente
Do céu à terra… do terrestre ao celeste!
Do nascente ao poente… do amanhecer ao entardecer!
Chão; Opaco; Pastor; Canção
[Nascente] Fonte; Movimento; Anjo; Convocação
[Poente] Paixão; Diálogo [pausa-silencio-espanto]; Maria; Contemplação
[céu]Ambiente; Expansão [explosão]; Estrela; Oferta
[no coração] Mistério; Encontro; Menino [criança]; Salvação
Menina, amanhã de manhã
Menina, amanhã de manhã/ Quando a gente acordar quero te dizer
Que a felicidade vai desabar sobre os homens/ Vai desabar sobre os homens (2x)
Na hora ninguém escapa/ De baixo da cama ninguém se esconde
A felicidade vai desabar sobre os homens/ Vai desabar sobre os homens (2x)
Menina, ela mete medo/ Menina, ela fecha a roda/ Menina, não tem saída
de cima, de banda ou de lado/ Menina, olhe pra frente/ menina, todo cuidado
Não queira dormir no ponto/ Segure o jogo, atenção de manhã
Menina, a felicidade/ cheia de praça, é cheia de traça/ É cheia de lata, é cheia de graça
Menina, a felicidade/ É cheia de pano, é cheia de peno/ É cheia de sino, é cheia de sono
Menina, a felicidade/ É cheia de ano, é cheia de eno/ É cheia de hino, é cheia de onu
Menina, a felicidade/ É cheia de an, é cheia de em/ É cheia de in, é cheia de on
Menina, a felicidade/ É cheia de a, é cheia de é,/ É cheia de i, é cheia de ó
É cheia de a, é cheia de é,/ É cheia de i, é cheia de ó/
[Composição: Perna / Tom Zé]

O Céu abraça a terra:


A Palavra se faz carne, arma a sua morada entre nós...
Do céu à terra: Estrela; Criança; Manjedoura; Cordeiro [verticalidade]
O nascente enlaça o poente:
[horizontalidade] a mãe que acolhe e oferece; a criança envolta em panos nos observa; o
pai que vela e agradece [do nascente ao poente]; os pés (do pai) que tocam o chão e as
ervas; o cordeiro que olha para o alto; Incenso, ouro e mirra (presentes) [do poente ao
nascente]
[centralidade] a Criança (fruto do encontro do céu e da terra) envolta em panos (vestida de
luz e sombras: “novo Adão”), contida (manjedoura), mas que irradia luz, “só Deus salva”
Sementes do Amanhã
Ontem o menino que brincava me falou
Que hoje é semente do amanhã
Para não ter medo que esse tempo vai passar
Não se desespere não, nunca pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será
(Gonzaga Junior)

No chão, no opaco-escuro, somos pastores e ousamos a canção

Grão de Amor
Me deixe sim mas só se for/ Pra ir ali e pra voltar
Me deixe sim, meu grão de amor/ Mas nunca deixe de me amar
Agora as noites são tão longas/ No escuro eu penso em te encontrar
Me deixe só até a hora de voltar
Me esqueça sim pra não sofrer/ Pra não chorar pra não sentir
Me esqueça sim que eu quero ver/Você tentar sem conseguir
A cama agora está tão fria/ Ainda sinto seu calor
Me esqueça sim/ mas nunca esqueça o meu amor
É só você que vem no meu cantar meu bem
É só pensar que vem, lara rara/ Me cobre mil telefonemas
Depois me cubra de paixão/ Me pegue bem
Misture alma e coração
(Arnaldo Antunes)
Junto à fonte, no movimento-impermanente,
somos anjos e ouvimos a convocação

Sutilmente
E quando eu estiver triste/ simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco/ subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo/ suavemente se encaixe
E quando eu estiver triste/ simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco/ subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo/ sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto/ suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim/ dentro de tudo que cabe em ti
(Nando Reis)

Por paixão ao diálogo-palavra, somos meninas e ensaiamos a contemplação

Anunciação
Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo, peito nu, cabelo ao vento
E o Sol quarando nossas roupas no varal
Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais
A voz do anjo sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido, já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais
Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais
(Alceu Valença)
No ambiente em plena expansão, somos estrelas e peregrinamos em doação

Idade do Céu
Não somos mais que uma gota de luz, uma estrela que cai
Uma fagulha tão só na idade do céu
Não somos o que queríamos ser
Somos um breve pulsar em um silêncio antigo
Com a idade do céu
Calma! Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure
Deixe que a alma tenha a mesma idade
Que a idade do céu
Não somos mais que um punhado de mar, uma piada de Deus
Um capricho do sol no jardim do céu
Não damos pé entre tanto tic-tac, entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal no mar do céu
Calma! Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure
Deixe que a alma tenha a mesma idade
Que a idade do céu
A mesma idade que a idade do céu
(Paulinho Moska)

Eis o Mistério, encontro-encanto de criança Salvação-Redenção


Boas-vindas
Sua mãe e eu/ Seu irmão e eu/ E a mãe do seu irmão
Meus irmãos e eu/ Minha mãe e eu/ E os pais da sua mãe
E a irmã da sua mãe/ Lhe damos as boas-vindas/boas-vindas, boas-vindas
Venha conhecer a vida/ Eu digo que ela é gostosa
Tem o sol e tem a lua/ Tem o medo e tem a rosa/ Eu digo que ela é gostosa
Tem a noite e tem o dia/ A poesia e tem a prosa/ Eu digo que ela é gostosa
Tem a morte e tem o amor/ E tem o mote e tem a glosa
Eu digo que ela é gostosa/ Eu digo que ela é gostosa
Sua mãe e eu/ Seu irmão e eu/ E o irmão da sua mãe
(Caetano Veloso)
Uma prece Dá-nos a tua paz!
Essa paz marginal,
Senhor, meu Deus
que soletra em Belém
Não tenho ideia de aonde estou indo.
e agoniza na cruz
Não vejo o caminho adiante de mim.
e triunfa na páscoa!
Não posso saber com certeza onde terminará.
Nem sequer, em verdade, me conheço. Dá-nos Senhor aquela paz inquieta

E o fato de eu pensar que estou seguindo tua vontade, que não nos deixa em paz!
Não significa que realmente o esteja.
(Pedro Casaldáliga)
Mas acredito que o desejo de te agradar te agrada, de
fato. Poema de Natal
E espero ter esse desejo em tudo que estiver fazendo.
Espero jamais vir a fazer alguma coisa Para isso fomos feitos:
Distante desse desejo. Para lembrar e ser lembrados
E sei, que se agir assim, Para chorar e fazer chorar
Tu hás de me levar pelo caminho certo, Para enterrar os nossos mortos —
Embora eu nada possa saber sobre o mesmo. Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Portanto, hei de confiar sempre em ti, Dedos para cavar a terra.
Ainda que eu possa parecer
Estar perdido e sob a sombra da morte. Assim será nossa vida:
Não hei de temer, Uma tarde sempre a esquecer
Pois tu sempre estás comigo, Uma estrela a se apagar na treva
E nunca hás de deixar Um caminho entre dois túmulos —
Que eu enfrente meus perigos sozinho. Por isso precisamos velar
(Thomas Merton) Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Uma bênção
Não há muito o que dizer:
Dá-nos Senhor aquela paz inquieta.
Que denuncia a paz dos cemitérios Uma canção sobre um berço
e a paz dos lucros fartos. Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai —
Dá-nos a paz que luta pela paz. Mas que essa hora não esqueça
A paz que nos sacode coma urgência do Reino. E por ela os nossos corações
A paz que nos invade com o vento do espírito, Se deixem, graves e simples.
a rotina e o medo
o sossego das praias e a oração de refúgio. Pois para isso fomos feitos:

A paz das armas rotas e a derrota das armas. Para a esperança no milagre
A paz do pão, da fome de justiça. Para a participação da poesia
A paz da liberdade conquistada Para ver a face da morte —
A paz que se faz nossa, De repente nunca mais esperaremos…
Sem cercas nem fronteiras. Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Que tanto é shalon como salam Nascemos, imensamente.
Perdão, retorno, abraço. (Vinícius de Moraes, Rio de Janeiro, 1946)

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