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CRISTÃO VS SOCIEDADE

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            A vivência da fé deve ocorrer nas várias dimensões da vida, incluindo o
vasto e complexo campo social. Segundo as palavras de Jesus, quem o segue
é chamado a ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5,13-24). O cristão está
inserido na sociedade; vive no mundo sem ser do mundo. Por isso, não pode
ficar indiferente ou insensível ao que se passa na sociedade, especialmente,
omitir-se ou acomodar-se diante da gravidade e da urgência dos problemas
sociais. Os rumos da sociedade dependem da postura e da contribuição de
cada um e de cada comunidade eclesial.

            Para ser sal e luz é preciso interessar-se pelo campo social, refletir e
atuar na construção de uma sociedade justa e solidária, segundo as exigências
do Reino de Deus, nos diversos setores: política, economia, educação,
comunicação social, mundo do trabalho, etc. Os cristãos não devem reduzir
sua atuação à vida interna da Igreja, aos ministérios e serviços dentro da
comunidade. Seu campo maior de atuação é o mundo, com desafios e
potencialidades de cada contexto social. O anseio pela fraternidade e pela
justiça, que motiva e orienta o compromisso cristão na transformação da
sociedade, encontra-se no coração do Evangelho. É consequência da fé
professada e celebrada em comunidade. Portanto, é expressão de mística
cristã, exigência do seguimento de Cristo e da vida no Espírito. Nas feições
concretas dos homens e mulheres marcados pelas situações de sofrimento, o
cristão é chamado a reconhecer as feições sofredoras de Cristo, que nos
interpela.

            Diversamente de outras denominações religiosas, a Igreja Católica não


adota posição político-partidária, mas incentiva os seus membros, leigos e
leigas, a participarem responsavelmente da política. Ela não propõe um modelo
particular de sistema social, nem pretende oferecer soluções técnicas para os
problemas sociais; encoraja os cristãos leigos e leigas a participarem da
elaboração de projetos sócio-políticos e a fazerem sua opção político-partidária
de modo coerente com a fé professada. Iluminada pela Palavra de Deus, a
Doutrina Social da Igreja oferece critérios evangélicos e éticos para o
discernimento da atuação política e para a elaboração de projetos sociais.

             É permanente e muito atual o desafio de atuar na política de modo


coerente com o Evangelho, respeitando a justa autonomia das instituições
religiosas e políticas e permanecendo fiel à própria identidade. A ênfase no
diálogo como caminho de fraternidade e de paz, tantas vezes ressaltado pelo
Papa Francisco, não implica na negação ou dissolução da própria identidade;
ao contrário, o diálogo exige o respeito à identidade.

                Ao invés do proselitismo, do corporativismo ou da pretensão de


dominação, devem nortear o agir político cristão o respeito ao outro, o diálogo e
o espírito de serviço.

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