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Vinícius Cardoso

Advogado
EXMO. SR. DR. JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO/RJ.

ADRIANA GONÇALVES DOS SANTOS MENDES, brasileira, solteira,


arquiteta, nascida em 29/01/1979, portadora da carteira de trabalho n. 92.397, série 122
RJ, inscrita no PIS sob o n. 13503571891, portadora da carteira de identidade n.
11856963-1, expedida pelo IFP/RJ, inscrita no CPF/MF sob o n. 081.288.487-63, filha de
Ruth Gonçalves dos Santos Mendes, residente e domiciliada à Estrada Intendente
Magalhães, 391 casa, Vila Valqueire, Rio de Janeiro, RJ. Cep: 21.341-300, por intermédio
de seu bastante procurador ao final assinado, constituído por meio do Instrumento
Procuratório em anexo, desde já requerendo que toda e qualquer publicação seja
endereçada única e exclusivamente à pessoa do Dr. Vinícius Cardoso Macedo, OAB/RJ
135.103, com escritório à Estrada de Jacarepaguá, 7.655, sala 227, Freguesia, Rio de
Janeiro, RJ., Cep.: 22.753-074, vem à presença de V.Exa., com fulcro nos arts. 3º, 29, 457,
467 e 477, da CLT, propor:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face de AMENI ARQUITETURA E CONSULTORIA LTDA., inscrita no CNPJ-MF sob o n.


47.393.533/002-25, com filial estabelecida na Av. Rio Branco, nº 45, sala 604, Centro, na
cidade do Rio de Janeiro, RJ, CEP 20.090-003 e;

COOPERSIL – COOPERATIVA NACIONAL DE SERVIÇOS, inscrita no CNPJ-MF sob o n.


03.064.492/0001-77, estabelecida na Rua Doutor Virgilio de Carvalho Pinto, 301, São
Paulo, SP, CEP 05.415-001.

pelas razões de fato e de direito a seguir expendidas:

Estrada de Jacarepaguá, 7655, sala 227, Freguesia, Rio de Janeiro, RJ.


Telefones: (21) 3899-7893, (21) 9170-1812
e-mail: vincardoso@yahoo.com.br
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1 – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Primeiramente, a reclamante, requer a esse M.M. Juízo, a concessão do


benefício da Gratuidade de Justiça, nos termos da Lei n. 1.060, de 05 de fevereiro de
1950, assim como, na forma do artigo 790, parágrafo terceiro da CLT, com a nova redação
que lhe deu a Lei n. 10.537/02, razão pela qual, acosta aos autos a declaração de pobreza
em anexo.

2 - DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

A reclamante desconhece a existência de Comissão de Conciliação Prévia,


para fins de cumprimento da lei n. 9.958/2000, o que torna inviável a tentativa de
conciliação prévia.

Não obstante tal fato, a reclamante argüi, nesta oportunidade, a


inconstitucionalidade da lei n. 9.958 de 12 de janeiro de 2000, nos termos da expressa
dicção do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição da República, que determina que o direito
de ação não deve sofrer limitações de qualquer natureza. Com efeito, as Comissões de
Conciliação Prévia, agora previstas na CLT, devem ser vistas como mera opção do
interessado em relação à via da mediação, jamais como condição ao exercício amplo e
constitucional de invocação da tutela jurisdicional do Estado.

3 – DOS FATOS

3.1 – DO CONTRATO DE TRABALHO E DA FUNÇÃO EXERCIDA PELA RECLAMANTE

A Reclamante foi admitida nos serviços da 1ª Reclamada em 1º de


outubro de 2004, na função de ANALISTA DE PROCESSOS II e demitida no dia 03 de março
de 2007.

Contudo, cabe ressaltar que a anotação de seu contrato de trabalho


somente ocorreu em 1º de julho de 2006 quando a 1ª Reclamada, através de Termo de
Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Trabalho em conjunto com o MTE –

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DRT em São Paulo. Antes, o contrato de trabalho era amparado por uma fraude em
conluio com a 2ª Reclamada.

Pela fraude, a Reclamante se tornava cooperada da 2ª Reclamada e


prestava seus serviços para a 1ª Reclamada desde o início do contrato de trabalho, em 1º
de outubro de 2004. Após o TAC, a 1ª Reclamada efetuou a anotação do contrato de
trabalho na CTPS da Reclamante somente em 1º de julho de 2006, sem considerar,
todavia, o período anterior.

Assaz importante mencionar que a função desempenhada pela


Reclamante somente poderia ser executada por ARQUITETO com registro profissional
junto ao CREA, uma vez que tais tarefas importavam em processos de regularização de
projetos, reformas e modificações nos imóveis das empresas que contratavam os
serviços da 1ª Reclamada. Estes processos necessitavam de Anotações de
Responsabilidade Técnica, devendo as mesmas ser assinadas e preenchidas por um
profissional competente para tal.

Pelas robustas provas documentais que a Reclamante traz em anexo,


certo é que a mesma sempre desempenhou tarefas EXCLUSIVAS de ARQUITETO.

3.2 – DO SALÁRIO E DO VALE TRANSPORTE

Percebia, a título de salário, a quantia equivalente a 9,60% provenientes


de comissões por trabalhos realizados. Entretanto, a 1ª Reclamada nunca respeitou o piso
mínimo estipulado para a função, que, CONFORME ANTERIORMENTE MENCIONADO,
somente poderia ser desempenhada por ARQUITETO com registro junto ao CREA, uma
vez que ao efetuar os serviços, a Reclamante se responsabilizava profissionalmente
pelas Anotações de Responsabilidade Técnica nas reformas e projetos desempenhados
pela 1ª Reclamada junto às empresas que contratavam seus serviços, conforme
demonstram os documentos em anexo.

Assim, o piso mínimo estabelecido para as atividades desempenhadas por


Arquiteto, a teor dos artigos 5º e 6º da Lei n. 4.950-A/1966, seria de 06 (seis) vezes o
maior salário mínimo comum vigente para jornada de 06 (seis) horas diárias, sendo certo
que, no caso de jornadas superiores a 06 (seis) horas diárias, o valor do salário base
mínimo será feito tomando-se por base o custo da hora fixado acrescidas de 25% (vinte e
cinco por cento) as horas excedentes das 06 (seis) diárias de serviços.

Certo é que muitas vezes, as comissões não atingiam o salário base


mínimo estabelecido em lei, entretanto, a 1ª Reclamada efetuava somente o pagamento
das comissões, ignorando o salário base mínimo vigente, conforme demonstram os
contracheques em anexo. Sendo assim, a Reclamante faz jus às diferenças salariais
existentes durante todo o pacto laboral.
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Informa a Reclamante, que o salário de Outubro de 2004, não foi
depositado, não percebendo nada no período, além do salário do mês de novembro de
2004 ter sido somente de R$ 180,00 (cento e oitenta reais). Desta feita, faz jus a
Reclamante ao percebimento do salário de outubro de 2004 e da diferença de novembro
de 2004.

Informa ainda a Reclamante, que seu maior salário percebido foi de R$


3.373,57, referente ao mês de Dezembro de 2006 e seu último salário foi o de Janeiro de
2007, recebido em fevereiro do mesmo ano, no valor de R$ 894,58 (oitocentos e noventa
e quatro reais e cinqüenta e oito centavos).

Percebia ainda, o auxílio transporte, no valor de duas passagens diárias,


vez que utilizava o coletivo n. 260 – Praça XV X Vila Valqueire para se locomover até o
local de trabalho.

Entretanto, somente passou a recebê-lo a partir de agosto de 2006.


Antes, nunca havia percebido o vale transporte, motivo pelo qual faz jus à indenização em
dinheiro do período de 1º outubro de 2004 a 30 de julho de 2006.

3.3 – DA JORNADA DE TRABALHO E DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS

Quanto à jornada de trabalho, esta ocorria de segunda à sexta-feira, de


08:30h até 18:30h, com intervalo de 01:30h para refeição/descanso.

Entretanto, informa a Reclamante, que durante todo o contrato de


trabalho realizava diversas horas extraordinárias, conforme demonstram as folhas de
ponto em anexo, sem, contudo, ser remunerada pelas mesmas. Logo, conforme norma
constitucional, a remuneração deste serviço prestado em hora extraordinária deverá ser
paga com acréscimo de 50% sobre a hora normal, conforme art. 7º, XVI da CRFB, devendo
integrar seu salário para todos os fins.

Por serem tais horas extraordinárias habituais, as mesmas devem integrar


o salário da Reclamante para todos os efeitos, repercutindo ainda em férias, 13º salário,
DSR, FGTS e verbas rescisórias.

3.4 – DA DISPENSA

A Reclamante foi dispensada no dia 03 de março de 2007. Foi informada


um mês antes, através de correio eletrônico, no dia 02 de fevereiro de 2007 que deveria
cumprir o aviso prévio em casa, conforme demonstra a cópia do e-mail em anexo. No

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entanto, suas verbas rescisórias não foram pagas corretamente, como restará
demonstrado.

A – Do Aviso Prévio

A remuneração do aviso prévio não ocorreu. Na verdade, o Aviso Prévio


da Reclamante foi calculado por comissão e, a mesma sendo orientada pela 1ª Reclamada
a cumpri-lo em casa, segundo entendimento desta, não faria jus ao recebimento do
mesmo.

Ora, na verdade, é uma afronta, quando sequer a 1ª Reclamada calculou


o AV sobre a média das comissões, nem respeitou o salário base mínimo estatuído em lei
para a função da Reclamante.

Assim, faz jus a Reclamante ao recebimento do Aviso Prévio.

B – Férias e Gratificação Natalina (13º Salário)

Tendo a 1ª Reclamada se negado a reconhecer o vínculo que existia com


a Reclamante desde 1º de outubro de 2004 e, somente o reconhecido no período após 1º
de julho de 2006 até 03 de março de 2007, mesmo assim, de maneira coercitiva, deixou a
Reclamante de perceber suas férias e décimo terceiro salário no período de 1º de outubro
de 2004 até 30 de junho de 2006.

Motivo pelo qual, faz jus a Reclamante ao percebimento das férias


integrais do período 2004/2005 em dobro e férias integrais do período 2005/2006,
também em dobro. Ambas com seu acréscimo constitucional de 1/3 (um terço).

Quanto à gratificação natalina, a Reclamante nunca recebeu a mesma no


período de 1º de outubro de 2004 até 30 de junho de 2006, sendo certo que faz jus ao
recebimento do 13º salário proporcional de 2004 em 3/12 avos, 13º salário de 2005 e
proporcional de 2006 em 6/12 avos.

C – Do FGTS

Durante todo o vínculo empregatício, a 1ª Reclamada somente passou a


efetuar o depósito na conta fundiária da Reclamante a partir do período de 1º de julho de
2006 a 03 de março de 2007, contudo, sem o reflexo das horas extras pleiteadas e nem a
observância do salário mínimo para a função quando as comissões que eram pagas não
alcançavam o respectivo valor.

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A Reclamante traz à luz deste petitório, seu pedido de diferenças de
FGTS, conforme seu pleito aqui elencado, devendo as Reclamadas indenizar a Reclamante
na quantia referente ao período de 1º de outubro de 2004 a 30 de junho de 2006, eis que
nunca foram depositados. Deste modo, são devidos os valores correspondentes a 8%
(oito por cento) sobre todos os salários percebidos no período, acrescentando-se ainda, a
multa de 40% (quarenta por cento).

Deverá a empresa Reclamada trazer aos presentes autos os


comprovantes de recolhimento de FGTS em conta vinculada da Autora, sob pena do
artigo 359 do CPC.

Desta feita, requer que seja determinada a comprovação da diferença dos


recolhimentos fundiários, mês a mês, devidamente depositado sob valor correto de cada
remuneração recebida mensalmente, observando ainda o salário mínimo para a categoria
profissional da Reclamante, acrescido dos reflexos das horas extras, efetivamente
laboradas durante o pacto laboral; sob pena de confissão e pagamento indenizatório,
mediante execução direta, os quais obviamente não foram realizados corretamente.

D – Do Seguro Desemprego

Tendo em vista que a Reclamante somente percebeu 03 (três) parcelas


do seguro desemprego, haja vista que somente constava anotado em sua CTPS o período
de 1º de julho de 2006 a 03 de março de 2007, é de responsabilidade da Reclamada, o
pagamento das parcelas que faria jus caso o período correto estivesse anotado em sua
CTPS e, assim, fosse levado em consideração no momento da concessão do referido
benefício.

Assim, deve a Reclamada indenizar a Reclamante nas 02 (duas) parcelas a


mais que faria jus caso o período correto fosse informado na rescisão do contrato de
trabalho.

E – Da Multa do art. 477 da CLT

Uma vez não observado o prazo previsto no §6º do art. 477, faz jus a
Reclamante ao recebimento da multa prevista no §8º deste mesmo artigo, que prevê que
será o empregador condenado ao pagamento de mais um salário, a ser convertido a favor
do empregado, tendo em vista o descumprimento do prazo para pagamento das verbas
rescisórias.

F - Da Multa do art. 467 da CLT

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Tendo em vista que o pagamento das verbas rescisórias acima expostas
são incontroversas, por claro descumprimento da Reclamada, caso esta não proceda seu
pagamente até a data da audiência inaugural ou quando da realização da mesma, deve
então ser condenada a quitá-la acrescida de 50%, conforme caput do art. 467 do mesmo
diploma legal.

4 – DO ASSÉDIO MORAL

Durante todo o contrato de trabalho, não só a Reclamante, mas como


toda a equipe de arquitetos que exerciam a função de Analista de Processos era
submetida a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante
a jornada de trabalho e no exercício de suas funções.

Em uma delas, a Reclamante mesmo com atestado médico, foi coagida a


retornar ao trabalho antes do término do seu afastamento. Isto correu em 07/04/2005, e
apesar de apresentar atestado médico recomendando seu afastamento das atividades
por 04 (quatro) dias a partir do mesmo dia, em anexo, a reclamante foi coagida a
trabalhar no próprio dia 07 das 11:00h às 17:15h, após o atendimento médico, conforme
demonstra a planilha de horas em anexo.

Pelas cópias dos correios eletrônicos em anexo, podemos extrair avisos


aterrorizantes e ameaçadores por parte de superiores hierárquicos. Ameaças de
demissão a todo instante, pressão psicológica e coação a qualquer questionamento
oriundo de subordinados que consistiam em um único propósito: disseminar o terror
psicológico e o medo nos subordinados, em especial a Reclamante.

Ademais, não era tolerado qualquer tipo de questionamento profissional.


Além disso, todos os arquitetos eram coagidos moralmente a pagar do próprio bolso as
despesas provenientes com as Anotações de Responsabilidade Técnica e de taxas
referentes a serviços executados para clientes (como taxas de obra, cópias de planta)
uma vez que a Reclamada não dispunha de caixa para fazê-lo, mas precisava do dinheiro
proveniente do serviço concluído para aumentar seu faturamento e via de conseqüência,
remunerar a Reclamante, já que a mesma somente receberia se concluísse o serviço,
como demonstram as cópias dos correios eletrônicos em anexo

Em virtude disto, a Reclamante praticamente tinha que implorar para ser


ressarcida pelos valores desembolsados em prol da Reclamada.

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Alguns dos avisos eram taxativos. Em um deles, através de correio
eletrônico no dia 08 de junho de 2006, há um recado para a Reclamante enviado por seu
gerente Carlos Fellows que, após receber e encaminhar um diálogo que tivera com seu
superior assim a ameaça: “O SEU SISCOP ESTÁ DESATUALIZADO. É SÓ HOJE. AMANHÃ SE
ESTIVER DASATUALIZADO VOCÊ ESTÁ FORA.” (...), conforme cópia em anexo.

Outro exemplo de coação ocorreu no dia 21 de fevereiro de 2006, r,


comunicado eletrônico enviado pelo Sr. Carlos Ferrows, ameaçando veladamente a
Reclamante e seus colegas, caso algum deles faltasse ao trabalho após o carnaval daquele
ano: “PORTANTO, FACE A ATUAL SITUAÇÃO DA EMPRESA E EM FUNÇÃO DOS NERVOS À
FLOR DA PELE, E AINDA EM FUNÇÃO DA REUNIÃO COM A DIREÇÃO NA QUINTA E NA
SEXTA FEIRA, EU SUGIRO QUE NENHUM DE NÓS ESTIQUE O CARNAVAL PELA QUARTA,
QUINTA E SEXTA FEIRA. AS CONSEQUENCIAS PODEM SER DESAGRADÁVEIS.”

Outro e-mail ameaçador, no dia 31 de março de 2006, foi a respeito do


follow-up que os arquitetos eram obrigados a manter em dia, inclusive a Reclamante:
“PORRA! NUNCA MAIS ME PONHAM NUMA CALÇA ARRIADA DESTAS!!!!!!!!!”

E mais: “PARA COLABORADORES CUJA JUSTIFICATIVA NÃO SEJA


PLAUSÍVEL, CORTAR IMEDIATAMENTE DO NOSSO QUADRO. GRATO, MARIO”, conforme
demonstra a cópia em anexo.

Corroborando a coação moral que existia para que a Reclamante e outros


colegas de trabalho arcassem, do próprio bolso, com as taxas e despesas para realização
dos projetos dos clientes da Reclamada, segue em anexo, cópia das mensagens
eletrônicas trocadas entre a Reclamante e seu gerente, Sr. Carlos Ferrows, entre os dias
05 e 10 de outubro de 2006.

Por estas mensagens, a Reclamante informava a outro superior, Sr.


Rogério, o motivo da demora em realizar um projeto, justificada pela inércia da
Reclamada em fornecer o numerário necessário para o pagamento das taxas e
emolumentos necessários ao projeto. A Reclamante em nenhum momento se escusou de
sua responsabilidade. Somente não poderia mais arcar com o pagamento de taxas para a
realização do trabalho porque já teria arcado com vários pagamentos de taxas nos
últimos dias e aguardava o reembolso destes.

Passado alguns dias, em 10 de outubro de 2006, um novo correio


eletrônico, encaminhado à Reclamante pelo seu gerente, Sr. Carlos Ferrows, informava
que este tivera uma conversa com seu superior, Sr. Mario, onde este avisava que o
próximo analista peitasse um gerente de contrato será dispensado, conforme demonstra
a cópia em anexo.

Insta ressaltar, que além das agressões psicológicas acima narradas, a


Reclamante e seus colegas de trabalho eram coagidos a aceitarem descontar de suas
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férias, os dias em que não haveria expediente, provenientes de extensões de feriados por
decisão da empresa Reclamada.

Certo é, Excelência, que estamos diante de situações que extrapolam o


poder de direção do empregador. São situação como estas, comuns em relações
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas,
relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou
mais subordinado, que desestabiliza a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a
organização, forçando-a a desistir do emprego.

A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do


trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e
relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem
evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um
risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

O assédio moral restou caracterizado pelo desrespeito à honra, moral e


dignidade da trabalhadora diante dos fatos experimentados pela Reclamante, motivo
pelo qual deve ser indenizada a título de danos morais.

5 – DO DANO MORAL

Em decorrência das situações acima descritas, a Reclamante


experimentou graves prejuízos, tanto de ordem material como de ordem moral em razão
do ato ilícito perpetrado pela Ré, conforme dispõem os artigos 186 c/c 927 do CC/02.
Fazendo uso das palavras de Planiol, patrimônio não significa riqueza.
Nele se computam obrigações e todos os bens de ordem material e moral, entre estes o
direito à vida, à honra, à liberdade e à boa fama;

Modernamente, verificamos que o dano moral não corresponde à dor,


mas ressalta efeitos maléficos marcados pela dor, pelo sofrimento. São a apatia, a
morbidez mental, que tomam conta do ofendido. Surgem o padecimento íntimo, a
humilhação, a vergonha, o constrangimento de quem é ofendido em sua honra ou
dignidade.

Condenar o ofensor por danos morais implica reparar o necessário para


que propicie os meios de retirar o ofendido do estado melancólico a que fora levado,
valendo destacar que a dor não é generalizada, é personalíssima, varia de pessoa a
pessoa (uns sentem-na menos, outros em maior profundidade). Uns são mais fortes,
outros mais suscetíveis ao sofrimento;

Assim, na avaliação do dano moral, o juiz deve medir o grau de seqüela


produzido, que diverge de pessoa a pessoa. A humilhação, a vergonha, as situações
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vexatórias, a posição social do ofendido, o cargo por ele exercido e a repercussão
negativa em suas atividades devem somar-se nos laudos avaliatórios para que o juiz saiba
dosar com justiça a condenação do ofensor.

Bisando CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA: “o fundamento da


reparabilidade pelo dano moral está em que, a par do patrimônio em sentido técnico, o
indivíduo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, não podendo a ordem
jurídica conformar-se em que sejam impunemente atingidos”.

IVES GANDRA MARTINS considera relevantes alguns aspectos, os quais


devem ser analisados pelos julgadores: extensão do dano; situação patrimonial e imagem
do lesado; situação patrimonial do ofensor; intenção do autor do dano. Toda vez que
houver ataque à honra, à dignidade, à reputação de uma pessoa, deverá estar presente a
reparação pelo dano moral.

Para o Ministro do STJ CARLOS A. MENEZES: “não há falar em prova do


dano moral e sim prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o
ensejam”.

Segundo escólio de YUSSEF SAID CAHALI "parece mais razoável, assim,


caracterizar o dano moral pelos seus próprios elementos; portanto, ‘como a privação ou
diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz,
a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade física, a honra e os
demais sagrados afetos’; e se classificando, assim, em dano que afeta a ‘parte social do
patrimônio moral’ (honra, reputação, etc.) e dano que molesta a ‘parte afetiva do
patrimônio moral’ (dor, tristeza, saudade, etc.); e dano moral que provoca direta ou
indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante, etc.), e dano moral puro (dor,
tristeza, etc.)." ("Dano e Indenização", pág. 7, ed. 1980).

Além do dano patrimonial, ocorreu, certamente, dano de natureza


moral à Reclamante, conforme acima narrado, fazendo jus, portanto, a indenização pelos
danos extrapatrimoniais por ela suportados, face todo abalo emocional, angústia, e
tristeza dos quais restou vitima, decorrentes dos eventos danosos acima narrados.

Indenização, esta, cujo valor espera não ser nunca inferior a 100 (cem)
salários mínimos, ou seja, R$ 46.500,00 (quarenta e seis mil e quinhentos reais), fato ao
poderio das Reclamadas e a gravidade dos fatos acima narrados.

6 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

No mais, no tocante aos honorários advocatícios ora pleiteados, temos


que o nível das discussões nessa Justiça Especializada, bem como o aperfeiçoamento e
sofisticação dos procedimentos trabalhistas, em verdade impedem o principio do jus
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postulandi, não se podendo mais se ter a idéia da Justiça do Trabalho como um “juizado
de pequenas causas”, onde se discute apenas questões simples de restrito interesse
social e pequena monta.

Não sendo demais frisar a incapacidade postulatória das partes com a


superveniência da Lei 8.064/94, ao afirmar ser atividade privativa da advocacia, a
postulação “em qualquer ramo do judiciário”, quanto mais no processo do trabalho, que
nada tem de pouco complexo, inclusive, com prazos curtos, procedimentos sumaríssimos
e limitadas possibilidades de provas, de todo desconhecidas ao cidadão comum.

Na prática temos que não há mais espaço para o anacrônico jus


postulandi nas varas do Trabalho, que subsiste em nossos dias apenas por inércia e
preconceito, por não se admitir que o processo laboral evoluiu desde o seu nascimento,
não podendo se enquadrar mais como um processo menor.

Justifica-se, tal assertiva com a aplicação do principio da sucumbência


disciplinado no CPC, em virtude da omissão da CLT. Não havendo incompatibilidade
alguma com o sistema de Processo Trabalhista (CLT art. 769), mesmo com a Lei 5.584/70,
sendo, pois, devidos os honorários de sucumbência ao advogado, nos termos dos artigos
1º e 2º combinados com os artigos 22 e 24 § 3º da Lei 8.906 de 04 de julho de 1994.

Estando, inclusive resolvida tal matéria, por força do Enunciado 219 do


Colendo TST, que não só admite a condenação em honorários quando a parte está
assistida pelo sindicato representante da categoria com a percepção de salário inferior ao
dobro do salário mínimo legal, mas também no caso de encontrar-se em situação
econômica que não lhe permita demandar em Juízo sem prejuízo do seu próprio sustento
ou da respectiva família, como no caso.

Então vejamos:
SÚMULA 219 do Colendo TST:

“Honorários Advocatícios - Cabimento - Na Justiça do Trabalho, a condenação


em honorários advocatícios nunca superiores a 15%, não decorre pura e
simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por Sindicato da
categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do
mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita
demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família”

Assim, não possuindo a Reclamante condição de litigar em Juízo sem


prejuízo do seu próprio sustento e da respectiva família, a teor do enunciado 219 do C.
TST, imperioso se faz a aplicação da Lei 5.584 de 1970, para condenar as Reclamadas no
pagamento dos honorários que devem ser arbitrados em 15% da condenação que lhe for
imposta.

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Vinícius Cardoso
Advogado

7 – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, eis os pedidos:

7.1 - Sejam concedidos à Reclamante os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da Lei
1.060/50 e Lei 5.584/70, por ser pessoa pobre na acepção legal do termo, conforme
comprova a Declaração de Pobreza em anexo;

7.2 - Reconhecimento da relação de emprego na conformidade exposta nesta


reclamatória, devendo a 1ª Reclamada retificar a CTPS da Reclamante, fazendo constar
como data de admissão 1º de outubro de 2004 e da dispensa 03 de março de 2007, bem
como o reconhecimento da função desempenhada pela obreira, qual seja a de
ARQUITETA;

7.3 - Reconhecimento do salário base mínimo como remuneração mínima da Reclamante,


conforme fundamentação do item 3.2 da presente, mormente nos meses em que o
correto valor correspondente às comissões recebidas não alcançarem o salário mínimo
base da categoria profissional da Reclamante, acrescido da variável das horas
extraordinárias devidamente trabalhadas pela obreira e seus reflexos sobre 13º salário,
Férias, recolhimento previdenciário e FGTS, servindo-se o referido salário de BASE DE
CÁLCULO para todos os pedidos desta exordial;

7.4 - Sejam as Reclamadas condenadas ao pagamento das diferenças salariais verificadas


durante todo o período laborado, a serem apuradas em liquidação de sentença e
levando-se em conta o salário base mínimo legal estabelecido para a categoria
profissional da Reclamante;

7.5 - Sejam as Reclamadas condenadas, ainda, no pagamento das seguintes verbas


rescisórias:

A - Aviso Prévio indenizatório, calculado sobre o salário base mínimo da categoria


da Reclamante, ou seja, 08 (oito) salários mínimos nacionais, conforme mencionado na
exordial;

B - 13º Salário proporcional do ano de 2004, em 3/12 avos; de 2005 e


proporcional de 2006 em 6/12 avos;

C - Pagamento da diferença do 13º salário proporcional de 2006 e de 2007 em


face da integração das horas extras e do DSR, bem como em virtude da consideração do
salário mínimo base da categoria profissional da reclamante;

D - Férias dos períodos 2004/2005, 2005/2006 e 1/3 constitucional devendo


recair sobre estes períodos a dobra pela falta de seu pagamento;
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Vinícius Cardoso
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E - Pagamento da diferença nas férias de 2006/2007 e proporcionais 2007/2008


em face da integração das horas extras e do DSR, bem como em virtude da consideração
do salário mínimo base da categoria, tudo com acréscimo de 1/3 constitucional;

F - Pagamento da diferença de horas extras habitualmente laboradas, a ser


apurada em liquidação de sentença, levando-se em conta as folhas de ponto em anexo,
com acréscimo de 50% sobre a hora normal, conforme art. 7º, XVI da CRFB, devendo
integrar seu salário para todos os fins, bem como seus reflexos sobre aviso prévio, férias
proporcionais acrescidas de 1/3, 13º. Salário proporcional, FGTS e multa de 40% sobre o
FGTS;

G - Descanso semanal remunerado sobre as horas extras habitualmente


prestadas, conforme Enunciado 172 do Colendo TST;

H - Integração das horas extras e do DSR para cálculo de maior salário;

I - Diferença na verba rescisória, sobre o saldo de salário, em face da integração


das horas extras e do DSR e do reconhecimento do salário base mínimo da categoria
profissional da Reclamante;

J - Condenação das Reclamadas ao pagamento dos depósitos fundiários não


depositados no período de 1º de outubro de 2004 a 30 de junho de 2006, com a
incidência da multa de 40% e devidamente corrigido, devendo tal quantia ser fixada em
liquidação de sentença;

7.6 - Entrega das guias de FGTS, cód. 01 para movimentação dos depósitos fundiários,
caso as Reclamadas comprovem a existência destes;

7.7 - Pagamento da diferença de 02 (duas) parcelas do seguro desemprego à Reclamante;

7.8 - Indenização em dinheiro, referente aos vales transportes não pagos do período de
1º outubro de 2004 a 30 de julho de 2006;

7.9 - Pagamento de um salário a ser convertido a favor do autor, tendo em vista a


inobservância do prazo estipulado pelo art. 477 da CLT para a realização da homologação
da rescisão do contrato de trabalho;

7.10 - Aplicação da multa prevista no art. 467 da CLT, caso não haja quitação das verbas
incontroversas até a data da audiência inaugural;

7.11 - Comprovação dos recolhimentos previdenciários de todo o período laborado bem


como pagamento das diferenças apuradas em liquidação de setença;

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7.12 - Indenização à título de DANOS MORAIS, conforme fundamentação do item 5, a ser
sabiamente arbitrado por V.Exa., arrazoados em 100 (cem) salários mínimos;

7.13 - Sejam as Reclamadas compelidas, sob pena de aplicação dos efeitos da confissão
ficta, sem prejuízo da oitiva de testemunhas da Reclamante, a:

A - efetuar a juntada dos comprovantes de pagamento emitidos em nome da


Reclamante, assinados por esta, durante todo o período pleiteado, para comprovação da
remuneração, sem prejuízo do depoimento das testemunhas;

B - efetuar a juntada dos comprovantes de jornada de trabalho (cartão de ponto)


emitidos em nome da Reclamante;

7.14 - Correção monetária, ou qualquer outro modo de atualização dos débitos


trabalhista, juros de mora (conforme Orientação Jurisprudencial nº 300 do TST), e demais
cominações legais, tudo como for apurado em liquidação de sentença;

7.15 - Honorários advocatícios de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação,
conforme preceitua o artigo 133 da CRFB/1988 c/c artigo 20, § 3º, do CPC;

Ante o exposto requer a NOTIFICAÇÃO das Reclamadas, na pessoa dos


seus representantes legais, nos endereços mencionados no preâmbulo desta, para
responderem aos termos da presente Reclamação Trabalhista, sob pena de confissão e
revelia, devendo ao final ser JULGADA PROCEDENTE A PRESENTE RECLAMAÇÃO,
condenando as Reclamadas ao pagamento das verbas elencadas no item 7 desta
exordial, além de custas processuais e honorários advocatícios.

Protesta pela produção de provas por todos os meios admitidos em


direito, especialmente pela oitiva de testemunhas e pelo depoimento pessoal dos
representantes legais das Reclamadas, o que desde já requer, além de documentos novos
se houverem.

Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta e mil reais).

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Rio de Janeiro, 02 de março de 2009.

VINÍCIUS CARDOSO MACEDO


OAB/RJ 135.103
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