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 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA


CIVIL DA COMARCA DE ARIQUEMES – RO . :

            AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO

            PROCEDIMENTO SUMÁRIO

            EDNÉIA FERREIRA DO NASCIMENTO, brasileira, viúva, do lar,


portadora do CPF/MF/420.455.842/91, e da Carteira de Identidade sob o n.º
468.652/SSP/RO.; SIMÉIA FERREIRA MARQUES, brasileira, menor impúbere
; e, WALCEIR FERREIRA MARQUES, brasileiro, menor impúbere,
devidamente representados por sua genitora, ambos residentes e domiciliados
sito à Alameda Vitória Régia n.º 2.291, Setor IV, em Ariquemes – RO., por seus
procuradores, regularmente inscritos junto à OAB/RO/ sob o n.º 834, e
OAB/AC/ sob o n.º 2.195, com escritório profissional sito à 4ª Rua, n.º 2.025,
Setor III, telefone (69) – 535 – 5535, em Ariquemes – RO. ( doc. 01), vem
perante à Vossa Excelência, para propor, como de fato propõe, a presente
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO cumulada com DANOS
MORAIS e com PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, pelo
Procedimento Sumário, contra a empresa VICENTE & COLOMBO LTDA.,
pessoa jurídica de direito privado, com o CGC – 01.599.997/0001 – 00, com
sede sito à Rodovia Br 421, Km 50, em Monte Negro _ RO., na pessoa de seus
representantes legais, senhor Clinger Colombo, brasileiro, casado, do
comércio, residente e domiciliado sito à Avenida Governador Jorge Teixeira, n.º
2.343, Centro, em Monte Negro – RO., e senhora Josefa Alexandre Vicente,
brasileira, casada, do comércio, residente e domiciliada sito à Avenida
Marechal Cândido Rondon, n.º 1.428, Bairro da Liberdade, em Ouro Preto
D’Oeste – RO., pelos fatos e motivos que passa a expor, e ao seu final vem a
requerer o quanto segue :

I) - DOS FATOS :

            O de cujus na data de 07 de março de 1999 e na companhia de seu


filho menor impúbere WALCEIR FERREIRA MARQUES, trafegavam no
período noturno na BR- 421, sentido Ariquemes - RO - Monte Negro - RO,
cidade em que o mesmo faria o carregamento de uma determinada quantidade
de animais bovinos .

            Ocorre que no trajeto, o caminhão que pilotava sofreu problemas


mecânicos e por este motivo teve que estacionar o veículo na margem externa
da estrada, a qual não é asfaltada .

            Segundo testemunhas oitivadas no inquérito policial cuja as cópias


seguem em anexo como meio de prova (doc. 02), a vítima tomou todas as
devidas precauções acendendo o alerta do caminhão, deixando o mesmo
muito bem sinalizado .
            Ato contínuo, na busca do defeito a mesma vítima, levantou a cabine do
caminhão, acionou a trava de segurança e quando ali trabalhava o seu veículo
foi colidido na parte traseira por um outro caminhão pertencente a empresa
requerida e que naquela oportunidade estava sendo pilotado por um de seus
prepostos de nome Pedro Gomes Pereira, que de maneira negligente e
imprudente, em razão do estado ébrio e etílico o qual encontrava-se, atingiu o
veículo da vítima por trás, fazendo com que a cabine retornasse a sua posição
normal e neste momento, acabou atingindo o de cujus o qual quando era
transportado para o hospital pelo infrator envolvido no acidente, acabou
falecendo em conseqüência de hemorragia interna aguda causada por
traumatismo toráxico, conforme laudo de exame tanatoscópico incluso (doc.
05) .

            Depara-se também, ante aos anexos do referido documento de número


05 de que o preposto da requerida foi o causador do acidente devido a forma
negligente em que pilotava o veículo de propriedade da requerida. Tanto é, que
ele mesmo esclarece de forma inequívoca a sua conduta culposa perante a
Autoridade Policial quando do seu interrogatório (doc. 03) .

            Posteriormente, foi devidamente denunciado pelo Ministério Público


Estadual (doc. 04), cujo processo encontra-se em trâmite, mas por ora
suspenso, junto a 2ª Vara Criminal desta Comarca, onde por sua vez, não fora
intimado para se ver interrogado, sendo então apenas ouvidas as testemunhas
de acusação, conforme também cópia dos depoimentos em anexo (doc. 06) .

II) – DA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO ANTERIORMENTE JULGADA :

            Com base nas provas colhidas no inquérito policial, principalmente junto


ao interrogatório do infrator, os autores ingressaram em juízo, com a
competente ação de indenização, em desfavor da empresa Vicente & Testoni
Ltda. - São Vicente Diesel – Combustíveis e Transportes (doc. 07) .

            Por sua vez, após regular instrução processual Excelência, o M.M. Juiz
de Direito da 1ª Vara Cível desta Comarca, acolheu a preliminar de
ilegitimidade de parte argüida pela requerida (doc. 08), a qual fundamentou em
sede de contestação (doc. 09), que o senhor Pedro Gomes Pereira seria
preposto da empresa Vicente & Colombo Ltda. .

            Para tanto, trouxe aos autos, o contrato de constituição da empresa


proprietária do veículo (doc. 10), contrato particular de compra e venda do
veículo envolvido no acidente (doc. 11), e por fim, arrolou como testemunha o
próprio proprietário da empresa requerida, senhor Clinger Colombo, o qual
ouvido em juízo, confirmou ser proprietário do veículo e a relação de emprego
com o condutor ( doc. 12) .

            Assim sendo, restou prejudicada a ação de indenização anteriormente


postulada, uma vez que apesar de utilizarem o mesmo nome fantasia POSTO
SÃO VICENTE, e pertencerem a membros de uma mesma família (Vicente),
são empresas diferenciadas, com administrações em separado e sócios
totalmente distintos .

            Dessa forma, Excelência, eis que se propõe a nova ação de


indenização a qual aqui se postula, como base em todas as provas de direito
colhidas naquela instrução processual .

III) - DO DIREITO DOS AUTORES :

            É evidente que a requerida procurará veementemente, eximir-se de sua


culpa ou na melhor das hipóteses minimizá-la porém, é incontroversa que a
sua responsabilidade é solidária com a responsabilidade de seu preposto e
empregado Pedro Gomes Pereira .

            Justifica-se a responsabilidade do preposto ou patrão pela circunstância


de que ao recorrer aos serviços do preposto, o empregador está
prolongando a sua própria atividade, de tal modo que a culpa do preposto
é como conseqüência de sua própria culpa, no dizer de Aguiar Dias e Serpa
Lopes [Caio Mário da Silva Pereira, Responsabilidade Civil, 2ª edição, Rio,
Forense, 1990, número 82, página 103] .

            Harmonizando-se com o posicionamento doutrinário, a jurisprudência


acabou fixando-se no reconhecimento de que é presumida a culpa do patrão
ou comitente pelo ato culposo do empregado ou do preposto [Súmula n.º
341 do STF] .

            Assim, a responsabilidade civil aquiliana do preponente, prevista no


artigo 1.521, inciso III, da Lei Civil pressupõe que: a) tenha a vítima sofrido
um prejuízo (dano), por fato do preposto ; b) tenha o preposto cometido o
fato lesivo no exercício de suas funções, ou seja, durante o trabalho ou
por ocasião dele ; c) tenha havido culpa do preposto ; d) exista relação de
dependência ou subordinação entre o causador do dano ou patrão ou
preponente . [Cf. MARIA HELENA DINIZ, Curso de Direito Civil, São Paulo,
Saraiva, 1.984, vol. 7, pág. 348; CAIO MÁRIO, ob. Cit., n.º 82, pág. 104;
WLADIMIR VALLE, A reparação do dano moral no direito brasileiro, Campinas,
E. V. Editora, 1.994, pág. 82] .

            Cabe aos autores, comprovarem que por parte da ré, esta agiu com
culpa, para a ocasião do prejuízo, e que esta culpa, por sua vez, enseja
quaisquer das formas de responsabilidades previstas na legislação civil .

            Inobstante, temos que em matéria de responsabilidade civil, para que


haja o dever de reparar é necessário a existência de alguns requisitos
essenciais para a caracterização do direito, dentre eles : existência de uma
ação, comissiva ou omissiva ; ocorrência de um dano moral ou
patrimonial causa à vítima por ato comissivo ou omissivo do agente ; e
nexo de causalidade entre o dano e ação, fato gerador da
responsabilidade .
            Maria Helena Diniz, com a inteligência e perspicácia a qual lhe é
peculiar, em sua brilhante obra Curso de Direito Civil Brasileiro – 7º Volume
– Responsabilidade Civil, comenta os requisitos apontados anteriormente :

            " A) - ... ação – qualificada juridicamente, isto é, que se apresenta como um ato
ilícito ou lícito, pois ao lado da culpa, como fundamento da responsabilidade, temos o
risco. A regra básica é que a obrigação de indenizar, pela prática de atos ilícitos advém
da culpa. ... ;

            B) - ... dano – não pode haver responsabilidade civil sem dano, que deve ser
certo, a um bem ou interesse jurídico, sendo necessária a prova real e concreta dessa
lesão. ... ;

            C) – nexo de causalidade – se o lesado experimenta um dano, mas este não


resultou da conduta do réu, o pedido de indenização será improcedente. Será necessária
a inexistência de causa excludente de responsabilidade... ... Realmente não haverá a
relação de causalidade se o evento se deu, p. ex., por culpa exclusiva da vítima (RF,
282:232) .

            Em razão de tais ensinamentos, culto Magistrado, aduzimos que nos


fatos patente está a existência da culpa por parte da requerida .

            Porque, segundo consta do inquérito policial e do processo crime,


principalmente nos depoimentos do menor/autor Walceir Ferreira Marques,
Orlando Morin e incontestavelmente do Policial Militar, senhor José Carlos
Fernandes, o qual atendera a ocorrência policial inicialmente, o
motorista/preposto da requerida, conduzia o veículo totalmente embriagado,
fato este determinante do acidente, caracterizando assim a negligência e
imprudência por parte da requerida e de seu preposto, o qual teve como
conseqüência a morte da vítima, e que dessa forma, adveio o resultado lesivo,
e como conseqüência também todas as formas de danos experimentados pela
autora .

            Com base em todas estas considerações, patente está o direito dos


autores em se verem devidamente indenizados na forma da lei, conforme
preconiza todas as regras de responsabilidade civil .

IV) – DOS DANOS MATERIAIS :

            Efetivamente os requerentes sofreram danos materiais com a perda da


vida do cabeça do casal e pai, ceifada por ato negligente do preposto e
empregado da requerida. Demonstra-se com isso, a existência de culpa
concorrente e que está perfeitamente comprovada ante a documentação em
anexo .

            Razão pela qual, os preceitos do Código Civil, devem ser aplicados,


principalmente a previsão do artigo 159, senão vejamos :
            " Art. 159. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano .
"

            A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se


pelo disposto neste mesmo Codex, em seus artigos 1.518 à 1.532 e l.537 à
1.553, os quais em sua íntegra aplicam-se formidavelmente no caso sub
judice .

            A requerida por sua culpa solidária/concorrente causou prejuízos aos


requerentes, além da dor proporcionada em razão da perda e da ausência
abrupta do marido e pai dos autores, estes mesmos em razão do evento
fatídico, estão à mercê da boa vontade dos parentes e amigos, o que não
ocorreria caso estivesse o mesmo ainda presente .

            Dessa forma, não há como se negar o direito a indenização ora


postulado, devendo então a requerida assim, indenizar duas vezes pelo fato da
ocorrência do mesmo incidente, pois um único evento pode motivar várias
indenizações :

            " Um único evento pode constituir um leque de prejuízos de natureza diversa, a


justificar, cada um, uma verba reparatória, sem margem a ocorrência de reparar duas
vezes a mesma perda" [RT. 613/184; 616/195; 604/51; 586/188; 553/199, ...]

V) - DOS DANOS MORAIS :

            Com a edição da Constituição de 1.988, entendeu o legislador0 sobre a


possibilidade de se ver devidamente indenizado o ilícito causador de danos de
ordem moral, sendo elevada a matéria pela ordem constitucional :

            " Art. 5º. ... .. ... ;

            X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material ou moral decorrente de
sua violação . "

            O dano moral, enquanto conceito sofreu muitas variações, mas


certamente a perda na proporção relatada, provoca a mudança profunda no
estado emocional das pessoas, tais alterações experimentadas pelos
requerentes enquadram-se no contexto de dano moral, pois as repercussões
na esfera pessoal são muitas, até porque comparando a lesão
indiscutivelmente ocorrida, há outras lesões, o dano experimentado é de
grandes proporções (houve morte), desta forma o bem jurídico merece a
prestação jurisdicional em condenação bem agravada, como bem assinala
Tereza Ancona Lopes de Magalhães :

            " Para AUGUSTINHO ALVIN dano, em sentido amplo é a lesão a qualquer bem
jurídico e aí se inclui o dano moral, em sentido estrito é a lesão ao patrimônio, e
patrimônio é a conjunto de relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro ."
            Portanto, a definição de dano moral tem que ser dada sempre em
contraposição ao dano material, sendo este o que lesa bens apreciáveis
pecuniariamente e aquele, ao contrário, o prejuízo a bens ou valores que não
tem conteúdo econômico.

            Ora, o dano moral é sempre em conseqüência de uma lesão ao direito,


qualquer que seja a sua origem, patrimonial ou não. Além disso o que deve
servir de medida do dano não é o patrimônio é a pessoa que tanto pode ser
lesada no que é quanto pode ser lesada no que tem . [DANO ESTÉTICO -
Responsabilidade Civil, RT, 1.980, pág. 8/9 - grifei e omiti ].

            Nesta modalidade de reparação, Excelência, não se trata de pagar o


transtorno e a angústia acusada aos autores, porque este não tem preço, mas
sim de dar aos lesados os meios derivativos, com que se aplacam ou
afugentem esses males, através de compensação em dinheiro, o quantum
satis, a fim de se afastar os sofrimentos ou esquecê-los, ainda que não seja no
todo mas, ao menos em grande parte .

            Portanto, mister se faz salientar, as nobres lições de Augusto Zenum,


em sua brilhante obra Dano Moral e sua Reparação, como meio de
fundamentação jurídica do pedido, irmanados com as jurisprudências as quais
se faz saber :

            " A reparação do dano moral, não há dúvida, é tão justamente devida como o
dano material. As condições morais do indivíduo não podem deixar de merecer uma
proteção jurídica igual a sua condição material, e quem por um ato ilícito a diminuiu deve
necessariamente ser obrigado à reparação . "

            " O dinheiro é entregue ao lesado como derivativo para se aplacarem ou se


eliminarem tais sofrimentos através de derivativos, passeios, etc. ..., que exigem
dinheiro no sentido de se efetivarem . "

            DANO MORAL PURO CARACTERIZAÇÃO - " Sobrevindo, em razão de ato ilícito,


perturbação nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos sentimentos e nos afetos de
uma pessoa, configura-se o dano moral, passível de indenização . " [STJ - Rel. Barros
Monteiro - RSTJ - 34/285] ;

            " A vítima de lesão a direitos de natureza não patrimonial (Constituição da


República, art. 5º, incisos V e X) deve receber uma soma que lhe compense a dor e a
humilhação sofridas, e arbitradas segundo as circunstâncias. Não deve ser fonte de
enriquecimento, nem ser inexpressiva." [TJSP - Rel. Campos Mello - RJTJSP 137/187] ;

            A título de fundamentação do que vem a ser danos morais, então,


conclamamos as lições profanadas por Yussef Said Cahali :

            " Assim caracterizar o dano moral pelo seus próprios elementos; portanto,
como a privação ou diminuição daqueles bens que tem um valor precípuo da vida do
homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos; classificando-se,
desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio moral (honra, reputação,
etc.) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc.);
dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante,
etc.) e dano moral puro (dor tristeza, etc.)." [DANO MORAL – YUSSE SAID CAHALI – pag.
20] ;

            " Na realidade, multifacetário o ser anímico, tudo aquilo que molesta gravemente
a alma humana, ferindo-lhe gravemente os valores fundamentais inerentes à sua
personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que está integrado, qualifica-se em
linha de princípio, como dano moral; não há como enumerá-los exaustivamente,
evidenciando-se na dor, na angústia, no sofrimento, na tristeza pela ausência de um ente
querido falecido; no desprestígio, na desconsideração social, no descrédito à reputação,
na humilhação pública, no devassamento da privacidade; no desequilíbrio da
normalidade psíquica, nos traumatismos emocionais, na depressão ou no desgaste
psicológico, nas situações de constrangimento moral . [idem – pag. 20/21].

            Corroborando, então a estes ensinamentos proferidos, citamos também


o mestre Carlos Alberto Bittar, delineando quanto a qualificação do que vem
a ser os danos morais:

            " Qualificam-se como morais os danos em razão da esfera da subjetividade, ou


do plano valorativo da pessoa na sociedade, em que repercute o fato violativo, havendo-
se como tais aqueles que atingem os aspectos mais íntimos da personalidade humana (o
da intimidade e da consideração pessoal), ou o da própria valoração da pessoa no meio
em que vive e atua (o da reputação ou da consideração social) . " [REPARAÇÃO CIVIL
POR DANOS MORAIS – pag. 41] .

            Destarte, com base nas lições acima mencionadas, resta


veementemente demonstrado os danos morais experimentados pelos autores,
em razão da perda de forma violenta do membro da família, causando
transtornos e abalos em todos, principalmente ao menor Walceir F. Marques,
quem presenciou todos os acontecimentos narrados, vendo assim o
falecimento de seu pai em seu colo .

            Tais imagens e tamanha tragédia, jamais serão esquecidas pelos


autores, gerando abalos psicológicos imensuráveis, devendo assim tal
indenização ser a mais reparadora e ampla possível, como forma de se
afugentar e aplacar os males oriundos desta lesão moral, o que se busca com
a aplicação do verdadeiro direito .

VI) - DO ‘ QUANTUM ’ INDENIZATÓRIO :

            A vítima fatal da colisão, era motorista profissional com renda mensal
no montante de R$ 2.000,00 (dois mil reais) por mês, conforme se faz prova
através dos cadastros bancários, documento emitido pela IDARON, e outros
ora inclusos (doc.13) .

            Partindo deste prisma, e segundo pesquisa recente do IBGE, a


probabilidade de vida do brasileiro, ou expectativa de vida do homem comum,
subiu de 65 (sessenta e cinco) anos de vida para 69 (sessenta e nove) anos de
vida, conforme demonstra o autor Rui Stoco :

            " Atualmente, porém estudos mais profundos concluíram que o brasileiro médio
tem um período provável de existência que se aproxima dos 69 anos. "
[RESPONSABILIDADE CIVIL E SUA INTERPRETAÇÃO JURISPRUDENCIAL – 3ª EDIÇÃO
– pag. 554] .

            No caso em epígrafe, a vítima faleceu aos 37 (trinta e sete) anos de


idade, tinha como expectativa de vida a mais para ser vivida e gozada ao lado
de seus familiares de exatos 32 (trinta e dois) anos e considerando a idade e
os rendimentos, a indenização, data vênia, deverá ser arbitrada, obedecendo
para tanto todos os preceitos legais, com relação a esposa viúva/autora e seus
filhos menores/autores, nos seguintes moldes a serem descritos :

            VI- a.) DA PENSÃO DEVIDA A ESPOSA DA VÍTIMA :

            Não há como se negar que a vítima mantinha toda a casa, bem como
toda a sua família. Logo, todos viviam sob as expensas do senhor Walcir
Cavalo Marques, o qual mensalmente percebia o montante de R$ 2.000,00
(dois mil reais) ao mês, conforme a vasta documentação em anexo .

            Assim sendo, de acordo com o entendimento de nossos Tribunais, a


pensão devida a mulher da vítima, deve prevalecer até os 69 (sessenta e nove)
anos que viveria a vítima sustentado seus familiares. Logo, cabe a nós
demonstrar com legalidade o marco inicial e o final nos casos de arbitramento a
título de indenização .

            Pois, temos que o marco inicial no caso sub judice, inicia-se a partir do
evento morte, devendo a pensão abranger todos os vencimentos e lucros que
auferiria a vítima caso a mesma estivesse trabalhando o vivendo para gozar
seus frutos. Fundamentando a lição ora preconizada, mais uma vez
transcrevemos Rui Stoco, disciplinado o caso a saber :

            " A pensão a ser paga à viúva do falecido deve ter como marco inicial o evento
morte e prevalecerá pelo período de vida provável da vítima, atualmente preconizado
pelos nosso Pretórios em 65 (sessenta e cinco) anos, desde que não convale novas
núpcias. " [idem – pag. 554] .

            Já no que tange ao marco final, este por sua vez, deve ser estendido
até a data em que a vítima completaria 69 (sessenta e nove) anos de idade,
quando ainda prestaria alimentos e assistência a seus familiares, sendo este
limite também considerado como fim da pensão mensal a ser paga pela
indenização devida pela requerida, conforme padroniza nossos Tribunais .

            Fundamentando o estudo acima, novamente invocamos o grande


mestre Rui Stoco, tecendo comentários, e trazendo julgados a respeito da
matéria em discussão :

            " O limite provável de vida do brasileiro, quer dizer, a expectativa de vida do ser
humano já não é mais aquela que a jurisprudência vinha preconizando (65 anos) .

            De conformidade com atual Tabela do Ministério da Previdência e Assistência


Social, passou para 69 anos, como, aliás, ficou afirmado em recente decisão do Superior
Tribunal de Justiça [4ª T. – Resp. – Rel. Barros Monteiro – j. 11.10.93 – RSTJ 58/386 -
Nesse sentido : ‘ A expectativa de vida da vítima deve ser fixada em 69 anos, de
conformidade com a Tabela do Ministério da Previdência e Assistência Social. . ‘] . "
            Já em relação ao quantum indenizatório, este por sua vez, deve
abranger o que a vítima realmente auferia em sua categoria de trabalho,
todavia, dedutidos de 1\3 (um terço) o que seriam os valores que a própria
vítima gastaria em despesas pessoais .

            Destarte, passamos a explanação dos valores a serem considerados


para o efeito do quantum indenizatório em discussão .

            Como já elencado anteriormente, a vítima percebia o montante de R$


2.000,00 (dois mil reais ) mensais .

            Destes valores, Excelência, devemos deduzir 1/3 (um terço), o qual


corresponde a parte em que o de cujus desfrutaria de seus vencimentos, no
importe assim de R$ 666,66 ( seiscentos e sessenta e seis reais e sessenta e
seis centavos) .

            " Na pensão decorrente de indenização por ato ilícito, ajuizada por dependentes,
deve ser excluído percentual que presumivelmente o de cujus consumiria em despesas
pessoais . " [TJSP – 2ª C. – Ap. – Rel. CEZAR PELUSO – JTJ-LEX 142/94] ;

            " Fixada pela sentença a pensão no valor equivalente aos ganhos da vítima,
reduzir-se-á de um terço correspondente aos seus gastos pessoais." [TJMT – 2ª C. – Ap.
– Rel. ATHAIDE MONTEIRO DA SILVA – RT 697/135] .

            Com base nestes cálculos M.M. Juiz, o valor a ser aplicado em favor da
autora, deverá ser alçado e arbitrado a título de indenização pelos danos
materiais experimentados pela autora no total de R$ 1.333,34 (um mil,
trezentos e trinta e três reais, e trinta e quatro centavos) ao mês, conforme
preconiza a jurisprudência pátria a respeito de toda a matéria ora em
sustentação.

            VI- b.) DA PENSÃO DEVIDA AOS FILHOS MENORES :

            O direito pátrio, também ampara aos filhos menores/autores a se verem


devidamente indenizados no caso de perda de seu genitor .

            Cabendo, todavia, delimitar também o marco inicial deste direito e o


marco final, o qual no direito atual vem distinto daquele elencado
anteriormente, sendo necessário tal limítrofe, justamente para que não haja
dificuldades ou confusões a serem partilhadas futuramente entre os autores .

            Assim sendo, quanto ao marco inicial, neste caso também não há


dúvidas, porque o direito dos menores começará a fluir a partir do evento morte
.

            Já no que diz respeito ao marco final do direito dos menores, temos a
distinção no término do prazo, o qual deverá ser compreendido quando o
menor completar 25 (vinte e cinco) anos de idade .
            Idade esta em que o mesmo encerraria a parte de dependência
paterna, e daria continuidade a sua própria vida, constituindo família e
buscando a sua própria mantença .

            Uma vez devidamente explicado e delimitados os direitos dos autores,


devemos tutelá-los, pois, até os 25 (vinte e cinco) anos de idade dos menores,
a pensão percebida pela genitora, deverá com aqueles ser partilhada .

VII) – DA CORREÇÃO DOS VALORES A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO :

            É preceito de direito que, o 13º (décimo terceiro salário) deve também
estar englobado no rol auferido a título de indenização, posto que a
indenização deve vir a ser a mais ampla possível .

            Tal entendimento, encontra-se já pacificado pela nossa jurisprudência,


nos seguintes termos a saber :

            " O pai representa a família e em seu nome pode pleitear indenização por morte
da filha solteira e que, presumivelmente, contribuía para a manutenção familiar. A
indenização sob a forma de renda mensal vitalícia inclui o décimo terceiro salário. A
extinção da pensão não se limita à vida do pai da vítima, porque não tem a mesma
caráter pessoal, e sim familiar. " [AC. Un. – 4ª T. do TRF – Ap. 96.01.33863-2-MG – Rela.
Juíza ELIANA CALMON – JSTJ/TRFs – 95/381] ;

            " A indenização por pensionamento deve se estender até a data em que a vítima
viesse a completar 65 anos de idade, sendo inaceitável a presunção de que, a partir dos
25 anos de idade, não mais contribuiria com o sustento dos pais. No pensionamento
deve ser incluído o 13º salário, em atendimento ao princípio de que a indenização por ato
ilícito, ainda em caso de morte, deve ser a mais ampla possível. " [Ac. Un. – 4ª Câm. do
TAMG – Ap. - 225.657 – 9 – Rel. Juiz FERREIRA ESTEVES – Rev. Julgs. TAMG – 65/205] .

            Por sua vez, Excelência sobre todos os valores auferidos e arbitrados a


título de indenização oriunda de ato ilícito, devem ainda incidir juros simples a
partir da data da citação, na forma do artigo 1.544 do Código Civil .

            Já no que diz respeito a correção monetária, maiores problemas não


existem Excelência, porque o Superior Tribunal de Justiça já deixou patente
através da Súmula 43, que a mesma é devida nos seguintes termos a saber :

            " Súmula 43 do STJ : Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a
partir da data do efetivo prejuízo . "

            Dessa forma, ínclito julgador desde a data de 07 de março de 1999,


sobre os valores devidos a título de indenização, deverão ser acrescidos todos
os percentuais relativos a correção monetária, como forma de lenir
sensivelmente os prejuízos experimentados pelos autores, como preconiza o
nosso direito .
VIII) – QUANTO A FORMA DE PAGAMENTO :

            Atendendo as diretrizes profanadas na III Conferência Nacional de


Desembargadores do Brasil, realizada na Guanabara, firmou-se entre suas
conclusões o seguinte :

            " Que o arbitramento do dano moral fosse apreciado ao inteiro arbítrio do Juiz
que, não obstante, em cada caso, deveria atender à repercussão econômica dele, à
prova da dor, ao grau de dolo ou de culpa do ofensor, a repercussão do fato, a
potencialidade econômica de ré . "

            Diante de tais circunstâncias, devemos irmanar o entendimento de


nossos Tribunais, em decisões acertadas em relação a forma do quantum a
indenizar no caso de dano moral :

            " DANO MORAL - INDENIZAÇÃO - ARBITRAMENTO. COMO SE REALIZA - No


Direito Brasileiro, o arbitramento da Indenização do dano moral ficou entregue ao
prudente arbítrio do Juiz. Portanto, em assim sendo, desinfluente será o parâmetro por
ele usado na fixação da mesma, desde que leve em conta a repercussão social do dano e
seja compatível com a situação econômica das partes e, portanto, razoável. " [TJRJ -
Rel. MARLAM DE MORAES MARINHO] ;

            " FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO : CRITÉRIOS – Inexistindo critérios


previstos por lei a indenização deve ser entregue ao livre arbítrio do julgador que,
evidentemente, ao apreciar o caso concreto submetido a exame fará a entrega da
prestação jurisdicional de forma livre e consciente, à luz das provas que forem
produzidas. Verificará as condições das partes, o nível social, o grau de escolaridade, o
prejuízo sofrido pela vítima, a intensidade da culpa e os demais fatores concorrentes
para a fixação do dano, haja vista que costumeiramente a regra de direito pode se
revestir de flexibilidade para dar a cada um o que é seu . " [RT –739/164 – JOSÉ
RAFFAELLI SANTINI] .

            A indenização no caso em epígrafe, deve ser a mais ampla possível a


fim de abranger as necessidades dos autores, ressarcindo assim os prejuízos
aventados acima .

            Dessa forma, sugerimos que esta venha a ser arbitrada, em sua forma
de pagamento, em uma única vez, ou seja, em um único pagamento
abrangendo integralmente todos os valores devidos a título de danos
materiais e morais, conforme padroniza e autoriza o direito pátrio,
efetivamente fundamentado e explanados nos itens anteriores .

            Necessário o pagamento integral único, devendo sempre levar em


consideração as condições sociais e econômicas dos autores e principalmente
o poder econômico e aquisitivo da empresa requerida, a qual é detentora de
postos de gasolina por todo o Estado, vários imóveis e caminhões, bem como
patrimônio suficiente para arcar com todos os prejuízos os quais deu causa .

            Portanto, mister se faz apresentarmos o demonstrativo dos valores


requeridos em direito, para o melhor entendimento de Vossa Excelência,
quando do julgamento da ação, garantindo assim todo o direito em discussão :
            A ) – indenização a título de dano material pela morte da vítima,
atentando pela idade na data do evento, expectativa de vida e seus
vencimentos :

            37 anos de vida

            69 anos de expectativa de vida

            32 anos de sobrevida

            32 anos x 12 meses = 384 meses

            384 meses x R$ 1.333,34 (vencimentos) =

            R$ 512.002,56 (quinhentos e doze mil, e dois reais, e cinqüenta e


seis centavos) ;

            B ) – verbas referentes ao 13º salário :

            32 anos de sobrevida = 32 13º salários

            32 x R$ 1.333,34 (vencimentos) =

            R$ 42.666,88 (quarenta e dois mil, seiscentos e sessenta e seis


reais, e oitenta e oito centavos) ;

            C ) - a indenização a título de danos morais, devemos atender os


preceitos recentes adotados pelo nosso Tribunal :

            sugerimos assim para que seja arbitrado, em uma só vez,


formando assim um único pagamento o montante de 1.000 (um mil)
salários mínimos atualizados até a época do efetivo pagamento ;

            D ) - juros simples à partir da data da citação e correção monetária


a partir da data do evento morte ;

            E ) – o pagamento de todas as prestações vencidas e vincendas,


relativas à pensão alimentícia, devendo ser calculada com base nos
vencimentos da vítima, atualizados à da liquidação .

IX) – DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA :

A) - QUANTO AOS ALIMENTOS PROVISIONAIS INAUDITA ALTERA


PARS :

            Inicialmente, devemos salientar a Vossa Excelência que a ação de


indenização em epígrafe, devido a sua natureza jurídica, trata-se de um
processo de conhecimento, na forma da lei, porque, ao final habilita o Juiz a
conhecer e declarar o direito requerido, afora outras conseqüências específicas
do tipo de ação proposta pelo autor [ARRUDA ALVIM – MANUAL DE DIREITO
PROCESSUAL CIVIL – pag. 89] .

            Assim sendo, nesta oportunidade devemos analisar que os requerentes


com a morte do cabeça do casal, estão passando por sérias privações
financeiras, haja visto que deste labor advinha a verba para a mantença da
família.

            O de cujus era proprietário de um caminhão marca VW -13.130, de


placas BXF 4537, com o qual trabalhava como motorista autônomo no
transporte de gado para a empresa W. FERRETE TRANSPORTE desde 10 de
janeiro de 1999 até o dia do seu falecimento .

            Sendo que recebia mensalmente a

            importância de R$ 2.000,00 (dois mil reais), e desta importância


mantinha o seu lar e ceifada a sua vida, estão os requerentes à mercê da ajuda
dos familiares, passando por sérias privações de ordem financeira, moral,
intelectual, fato que não pode prosperar devido a culpa da requerida .

            A Lei Processual Civil deixa clara a possibilidade jurídica do pedido em


síntese, amparando os requerentes em sua pretensão para que se faça a
fixação por este Juízo dos alimentos provisionais ora requeridos, a saber :

            " Art. 852. É lícito pedir alimentos provisionais :

            I – omissis ... ... ... ;

            II - omissis ... ... ... ;

            III - Nos demais casos expressos em lei . "

            Tem-se entendido que, havendo a prova pré-constituída, podem os


alimentados obter a concessão dos alimentos provisionais .

            Neste caso em epígrafe Excelência, a prova para constituir-lhes o


direito aos alimentos provisionais está insculpida no Código Civil, mais
precisamente nos artigos 400 e 1.537, in verbis :

            " Art. 400. Os alimentos devem ser fixados na proporção da necessidade do


reclamante e dos recursos da pessoa obrigada . "

            " Art. 1537. A indenização, no caso de homicídio consiste :

            I – omissis ... ... ... ;

            II - Na prestação de alimentos às pessoas a quem o defunto os devia . "


            O homicídio é a prova da obrigação contida no artigo 1.537 do Código
Civil, única prova pelos requerentes a ser produzida initio litis .

            Estes ensinamentos são extraídos das lições de Aguiar Dias, e sua


brilhante obra " Responsabilidade Civil", Forense, 1.960, volume I, página 110,
citado na Revista dos Tribunais de número 720, nos seguintes dizeres :

            " O que o prejudicado deve provar, na ação, é o dano, sem consideração ao seu
quantum que é matéria da liquidação. Não basta, todavia, que o autor mostre que o fato
de que se queixa, na ação, seja capaz de produzir dano, seja de natureza prejudicial. É
preciso que prove o dano concreto, assim entendida a realidade do dano que
experimentou relegando para a liquidação a avaliação de seu montante . "

            A prova está no resultado morte, motivo suficiente para o deferimento


dos alimentos provisionais, conforme já decidiu o Egrégio Tribunal de Alçada
Civil :

            " PRIMEIRO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL DE SÃO PAULO np.: 006.382119-1


TP.: AGRAVO DE INTRUMENTO

            NA.: 638219 PP. 2

            CO.: Presidente Venceslau

            DJ.: 01/11/95 OJ.: 4 . CÂMARA

            DP.: MF 12/ NP

            RÉL. FRANCO DE GODOI.

            DEC.: Unânime.

            Tutela antecipada - Responsabilidade Civil - Acidente de Trânsito - colisão de


veículos - vítima fatal - pretensão recebimento de alimentos provisionais pela autora
grávida, esposa do de cujus - caracterização da verossimilhança das alegações cujo o
conceito é diverso daquele de certeza - confirmação do receio do dano irreparável ou de
difícil reparação em face da condição pessoal da autora - Art. 273 do Código Processo
Civil - Alimentos provisionais concedidos - Recurso improvido. RPS- PA. "

            A prova pré - constituída é suficiente para o deferimento dos alimentos


provisionais, já que toda a vida familiar girava em torno do de cujus, e os
requerentes encontram-se em lastimável condições de credores, como ensina
NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA ANDRADE NERY :

            " A fixação dos alimentos provisionais. Diferentemente dos alimentos


provisionais da Lei de Alimentos, Art. 4º, os alimentos provisionais podem ser pedidos
por quem não tem prova constituída da sua qualidade de credor. A cautelar será
concedida, provisória (CPC. 854, par. Ún.) e/ ou definitivamente, em virtude das provas
de periculum in mora e fumus boni iuris demonstradas pelo requerente. O credor de
alimentos pode no caso de descumprimento da obrigação por parte de devedor ajuizar a
ação de alimentos provisórios, provisionais e definitivos, conforme seja o título de que
dispunha (CPC. Arts. 732 e 733, e mais LA., Art. 13). [Código de Processo Civil
Comentado, 2º Ed., Editora Revista dos Tribunais p. 1151] ;
            " O alimentando tem o ônus de demonstrar apenas, initio litis, o dever de
alimentar do acionado, impendendo ao magistrado neste caso a fixação provisória " .
[Ac. Unân. Da 6ª Câm. Do TJRS de 24.06.86, no agr. 586.016.396, Rel. Des. Adalberto
Libório Barros; RJTJRS 118/223] .

            [ALEXANDRE DE PAULA, Código de Processo Civil anotado, Vol. III - arts. 566 a
889, 6ª edição RT.]

            Ademais, estão os requerentes desde o mês de março de 1999, sem


contar com os rendimentos do cabeça do casal que equivaliam a importância
de R$ 2.000,00 (dois mil reais) ao mês, caso estivesse vivo .

            Passados 19 (dezenove) meses contados da data do evento, deixou de


suprir os seus entes na importância de R$ 25.333,46 (vinte e cinco mil,
trezentos e trinta e três reais e quarenta e seis centavos), e como se comprova,
estão passando por sérias necessidades após a morte do cabeça do casal .

            Destarte, com fundamento no artigo 273, Inciso I, artigo 461, § 3º e


artigo 852, Inciso III, todos do Código Processo Civil, requer-se a Vossa
Excelência a antecipação da tutela, no sentido de que venha a ser intimada
a empresa requerida, a fim de que a mesma venha a efetuar o pagamento
dos alimentos provisionais devidos até esta data, os quais somam a
quantia acima declinada (R$ 25.333,46 vinte e cinco mil, trezentos e trinta
e três reais e quarenta e seis centavos) em favor dos autores .

            Ainda, também em sede de antecipação da tutela, requer-se a Vossa


Excelência, para que desde já sejam fixados os alimentos provisionais os
quais deverão ser no importe da soma de R$ 1.333,34 (um mil trezentos e
trinta e três reais e trinta e quatro centavos) a serem pagos mensalmente,
até o final da ação, destinados aos postulantes, e principalmente para a
mantença da família que conta com dois filhos menores, determinando assim
a empresa requerida que proceda o depósito em Juízo através de guia
judicial ou, em depósito em conta corrente em favor dos postulantes,
aplicando-se assim os preceitos de direito, na melhor forma de justiça .

            B ) - QUANTO A CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL PARA ASSEGURAR


O DIREITO A INDENIZAÇÃO DOS AUTORES :

            É inegável o caráter alimentar das verbas ora pleiteadas em sede de


indenização. Neste diapasão, então, diz o artigo 602 do Código de Processo
Civil em vigor :

            " Art. 602. Toda vez que a indenização por ato ilícito incluir prestações de
alimentos, o juiz, quanto a esta parte, condenará o devedor a constituir um capital, cuja
renda assegure o seu cabal cumprimento . "

            O artigo em estudo, fala que ao final da ação, o juiz ao julgá-la,


condenará o requerido a constituir um capital, afim de garantir o cumprimento
da decisão judicial .
            É justamente sobre esta questão legal, a qual incide o pedido de
antecipação de tutela nesta ação de conhecimento, pois a pretensão dos
autores é que a requerida venha a ser obrigada, por decisão judicial
antecipada, a constituir o aludido capital garantido assim a obrigação ora
pleiteada .

            A constituição de capital ora requerida Excelência, tem objetivo


puramente fiduciário. Ela consiste na especialização de bens do devedor, sobre
os quais incidirão, ex lege, as cláusulas de inalienabilidade e
impenhorabilidade, garantido assim a aplicação da lei, a qual concerne ao
pagamento do quantum indenizatório .

            Nestes termos, então, M.M. Juiz, comunga a jurisprudência neste


sentido a saber :

            " A incidência da disposição contida no art. 602 do CPC independe de


postulação do exequente, já que a norma prevê obrigatoriamente a constituição de
garantia sempre que se cuidar de prestação de alimentos. A hipótese contrária – não
incidência da norma – é que demandaria manifestação expressa do exequente, abrindo
mão da garantia. " [Ac. Un. – 6ª Câm. do TJSP – Ag. 212.848-1 – Rel. Des. P. COSTA
MANSO – JTJSP – 166/183] ;

            Nas ações de indenização por acidente de trabalho em que a sentença imponha


o pagamento de pensão vitalícia, cabe à empresa constituir um capital que assegure a
efetividade do benefício, a teor do disposto no artigo 602, § 1º do CPC, sem prejuízo de
que seja determinada a inclusão do nome do pensionado em folha de pagamento, para
garantir a regularidade das prestações. " [Ac. Un. – 4ª Câm. do TAMG – EDcls. – Ap. –
130.457-0/01 – Rel. Juiz FERREIRA ESTEVES – Ver. Julgs. TAMG – 48/300] ;

            " A constituição de um capital é uma segurança e garantia do cumprimento da


obrigação, imposição legal, onde deve ser obedecido o princípio constitucional de que
todos são iguais perante a lei, embora seja a devedora empresa portentosa .

            A indenização é devida desde a data do óbito, porque tem caráter alimentício,
não importando a data do ajuizamento da ação. " [Ac. Un. – 5ª Cam. do TARS – Ap.
194071262 – Rel. Juiz NAYRES TPRRES – Julgs. TARS 92/158] ;

            Destarte, M.M. Juiz, o pedido em síntese decorre da aplicação da


norma legal. Isto posto, com fulcro no artigo 273 e artigo 602 ambos do Código
de Processo Civil em vigor, requer-se a Vossa Excelência, a antecipação da
tutela, no sentido de que venha a ser compelida a empresa requerida,
Vicente & Colombo Ltda., a constituir um capital, representado por
imóveis (artigo 602, § 1º, primeira parte do CPC), a fim de garantir na
íntegra, o pagamento da indenização na forma de alimentos requeridos
nesta inicial, aplicando-se assim a norma legal a qual se espera como de
direito .

            Caso não venha a ser fielmente cumprida esta determinação judicial,


requer-se a Vossa Excelência, para que seja determinada a decretação da
indisponibilidade de todos os bens imóveis e veículos de propriedade da
requerida Vicente & Colombo Ltda., bem como de seus sócios, senhor
Clinger Colombo e Josefa Alexandre Vicente, como forma de constituição
da garantia legal acima requerida, para tanto determinando, mediante
ofícios a todos os Cartórios de Registro de Imóveis e CIRETRANS de todo
o Estado de Rondônia, e ainda, à Superintendência Regional do INCRA,
comunicando a decisão e determinado assim o competente registro da
mencionada indisponibilidade, garantindo assim a legalidade do pedido e
também o direitos dos autores, na melhor forma de direito .

MEDIANTE A TODO O ACIMA EXPOSTO

            Uma vez que existem nos autos prova pré - constituída dos direitos dos
autores, oriundos do ilícito o qual deu causa a morte da vítima, como
preliminar, requer-se a Vossa Excelência para que seja arbitrado, na forma
de antecipação da tutela requerida, os alimentos provisionais (initio litis),
determinando o depósito em juízo dos valores aludidos no pedido inicial,
através de guia judicial em favor dos autores, devendo estes serem
representados pelos vencimentos da vítima, tudo isto com fulcro no artigo
842 do Código de Processo Civil e artigo 1.537 do Código Civil ambos em vigor
.

            Segundo, para que seja mais uma vez antecipada a tutela da ação,
no sentido de que seja compelida a requerida a constituir uma garantia,
mediante imóveis, a fim de garantir o cumprimento da obrigação ora
ajuizada, sob pena de ser decretada a indisponibilidade de tais bens,
conforme pedido legalmente sustentado no forma anterior .

            Já em relação ao mérito do pedido, com fulcro no artigo 5º, Incisos V e


X da Constituição Federal, e artigos 159, 1.521 e seguintes todos do Código
Civil, na forma do artigo 275 do Código de Processo Civil, requer-se a Vossa
Excelência a devida procedência total da ação de indenização por danos
materiais e morais, com base em todas as provas de direito carreadas aos
autos, em especial pela prova do ato culposo perpetrado pela parte requerida,
e principalmente por parte de todos os danos morais e patrimoniais
experimentados pelos autores, declarando e reconhecendo assim a verdadeira
justiça .

            Requer-se, também, a citação da empresa requerida, VICENTE &


COLOMBO LTDA., na pessoa de seus representantes legais, senhor Clinger
Colombo e da senhora Josefa Alexandre Vicente, junto aos seus endereços
inicialmente elucidados, através de carta de citação via correio (artigo 222
do C.P.C.), a ser expedida para as Cidades de Monte Negro e de Ouro Preto
D’Oeste – RO., a fim de que a ré na pessoa de seus representantes legais,
compareçam em audiência de conciliação ( artigo 277 do C.P.C), bem como
apresente sua contestação caso queira, sobre todos os fatos narrados na
inicial, conforme lhe faculta a lei processual, em vigor, advertindo-a do disposto
no artigo 319 todos do C.P.C. .

            Com fulcro no artigo 82, inciso I do C.P.C., ainda, requer-se a Vossa


Excelência a intimação do MINISTÉRIO PÚBLICO, face aos interesses dos
menores incapazes em litígio, conforme se faz prova através dos documentos
inclusos, a fim de que o mesmo venha a integrar o processo na forma de
custos legis .

            Requer-se, mais ainda, a condenação da requerida, VICENTE &


COLOMBO LTDA., ao pagamento dos valores anteriormente elucidados, os
quais devem ser pagos em uma única só vez, de imediato como efeito da
condenação, sendo a título de indenização pelos danos materiais,
caracterizados pela perda da vida da vítima, bem como sobre sua sobrevida e
seus vencimentos acrescidos do 13º (décimo terceiro) salário, ao pagamento
do montante de R$ 554.669,44 (quinhentos e cinqüenta e quatro mil,
seiscentos e sessenta e nove reais, e quarenta e quatro centavos) .

            Já a título de danos morais, o valor sugerido a ser arbitrado no


montante correspondentemente a 1.000 (um mil) salários mínimos, devendo
ser esta no importe de R$ 136.000, (cento e trinta e seis mil reais), conforme
jurisprudência concernente ao arbitramento, a qual deve ser aplicado ao caso
sub judice .

            Sobre estes valores ainda, M.M. Juiz devem incidir a aplicação de juros
simples, a partir da data da citação, e correção monetária a partir da data do
evento, conforme padroniza o nosso direito em vigor .

            E ainda, a devida condenação ao pagamento de todas as custas


processuais e demais cominações legais, bem como aos honorários de
advogado em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação a título
indenizatório, aplicando-se assim a mais pura e lidma justiça .

            Finalmente, pretende provar o acima alegado através de todos os


meios admitidos e permitidos em direito, requerendo-se, desde já, para que
seja oficiada a Receita Federal ( tendo como objetivo imprescindível de
provar a capacidade financeira da requerida), a fim de que este remeta a
este Juízo cópia da declaração de imposto de renda referentes aos
últimos 05 (cinco) anos da requerida bem como de seus sócios, e ainda o
depoimento pessoal dos representantes legais da ré, a oitiva de testemunhas,
cujo o rol se apresenta abaixo, a juntada de novos documentos, e todos os
demais meios os quais se fizerem necessários para a elucidação dos fatos,
conforme as regras do direito .

            Em razão da quantia elevada postulada junto ao pedido inicial, e


principalmente em relação a condição financeira dos autores, os quais estão
privados de qualquer renda financeira, requer-se a Vossa Excelência para
que as custas iniciais sejam recolhidas no final da ação, após ser
consagrada a aplicação da verdadeira justiça .

            Dá-se a presente causa, observando-se o disposto no artigo 258 do


C.P.C., o valor de R$ 690.669,44 (seiscentos e noventa mil, seiscentos e
sessenta e nove reais, e quarenta e quatro centavos) .

            NESTES TERMOS,
            PEDE E ESPERA DEFERIMENTO.

            ARIQUEMES, 14 DE OUTUBRO DE 2000

Fernando Martins Gonçalves


OAB/RO/834

Pedro Riola dos Santos Júnior


OAB/AC/2195

ROL DE TESTEMUNHAS :

            1ª) – JOSÉ CARLOS FERNANDES, brasileiro, casado, policial militar,


residente e domiciliado sito ao 7º BPM da Comarca de Ariquemes – RO. ;

            2ª) – DORIVAL DE SOUZA GASPAR, brasileiro, casado, do comércio,


residente e domiciliado sito à Rua Pimenta Bueno, n.º 2.033, B.N.H., em
Ariquemes – RO. .

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