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PL 122/06 – Um Projeto de Lei redundante, por João Silva.

Nos últimos dias muito tem se debatido sobre o Projeto de Lei da Câmara nº
122/2006, ou como tem sido conhecido PL 122. Em linhas gerais o referido Projeto
define como crimes os resultantes da discriminação ou Preconceito de Gênero, Sexo,
Orientação Sexual e Identidade de Gênero, no entanto tem sido conhecido como Lei
contra a Homofobia. Diversas pessoas têm se posicionado a favor ou contra o referido
Projeto de Lei: líderes religiosos, ativistas LGBT, políticos, jornalistas, artistas, enfim
uma gama de indivíduos. Da mesma forma queremos, em poucas palavras, expressar o
nosso posicionamento quanto ao referido assunto.
Observemos o que diz a Constituição da República:
a) No Art. 3º, inciso IV, nos diz que é objetivo fundamental da República
“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação”;
b) Art. 5º, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
c) Inciso IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Então, qual o motivo de se criar uma lei tão redundante? Levando-se em
consideração o princípio da isonomia, não há motivos claros. Aliás, percebemos uma
ação arquitetada por uma minoria, objetivando lançar sofismas contra a família, bem
como contra os princípios religiosos. O objetivo não é tornar crime quem agride um
homossexual, mas é fazer com que a sociedade pense que há uma classe conservadora e
religiosa que deseja continuar impondo os seus princípios. Por que criar uma “classe
especial” em nossa sociedade? Não somos todos iguais perante a lei? A legislação
garante a todos os mesmos direitos. Todos devem ser respeitados e amados
independente de sua opção sexual. O que não somos obrigados é a concordar com
práticas que ferem nossa fé.
Os anabatistas do século XVI, conhecidos também como radicais, foi um
movimento reformador que enfrentou oposição tanto do catolicismo romano, quanto dos
reformadores daquela época. Movimento este que deu origem à Igreja Evangélica
Menonita. Foram radicais porque discordaram de práticas que não estavam condizendo
com os princípios da Palavra de Deus, como a ligação Igreja-Estado. Outro fator que
nos chama a atenção em nossa gênese reformadora é o pacifismo. A prática da
violência, seja contra quem for não condiz com a fé em Deus.
Vale lembrar que o Estado é laico e esse fato nos remete à Constituição de 1891,
quando enfim a Igreja se separa do Estado no Brasil. Somos livres para expressar a
nossa religiosidade em qualquer canto desta nação. No entanto, querem fazer descer
garganta abaixo uma lei que privilegia uma minoria, que já é protegida pela Lei maior
do país, assim como qualquer outro cidadão, e com isso afrontar a religiosidade e fazer
calar os ministros cristãos. Ressaltamos mais uma vez que respeitamos a todos
independente de sua nacionalidade, sexo, orientação sexual, cor, ou seja lá o que for.
Respeitamos porque a Palavra de Deus, que para nós é infalível, e nos orienta a ter tal
atitude. Mas também exigimos que nos respeitem.
O PL 122 proporciona privilégio a uma minoria em detrimento da maioria dos
cidadãos brasileiros, e vale ressaltar que nos Estatutos: da Criança e do Adolescente, da
Igualdade Racial, do Idoso, do Índio, da Pessoa com Deficiência, não contém tais
privilégios reivindicados pela minoria em questão, e ninguém faz opção para ser negro,
idoso, índio, ou mesmo para ser deficiente. Se a questão é discriminação então o que
dizer da discriminação sofrida todos os dias pelos ministros religiosos, seja qual credo
for, sendo que todos sofrem com as piadinhas infames e nem por isso reivindicam uma
lei para privilegiá-los, pois respeitam a liberdade de expressão esperando que o respeito
seja recíproco.
Não precisamos ter no Brasil mais uma lei que diz a quem devemos respeitar, uma
vez que antes de estar na Constituição Federal, está na Lei da moral, da civilidade, da
reciprocidade. O que percebemos é que o PL 122 não quer criminalizar uma atitude
bárbara de violência, o que esta lei está querendo, e já está conseguindo, é incitar a
violência e ódio, atitudes e sentimentos que nós cristãos reprovamos e rechaçamos
veementemente, porque temos como princípio os ensinamentos do Senhor Jesus Cristo,
que nos ensina amar ao próximo como a nós mesmos.
Somos contra o PL 122, por entender que é uma lei anticonstitucional,
desnecessária, e antidemocrática, uma lei que fere os princípios da moral cristã, e da
família. Somos a favor sim, do respeito mútuo, da família e da fé cristã,
O PL 122 ainda cria uma elite de intocáveis conferindo-lhes direitos não existentes
para os demais seguimentos da sociedade brasileira.
Temos plena certeza que estão usando de astúcia, e maquiavelismo para oprimir os
cristãos e a família, mas seja qual for à lei resultante do movimento em curso, sendo
aprovado ou não o PL 122, sempre haverá um remanescente fiel a Cristo, que não
dobrará os joelhos diante de baal nem se curvarão ante as ordens de jezabel, porque
conhecem o Deus que servem e não se desviarão nem um milímetro de sua Lei.
Ressaltamos ainda, que nós cristãos somos maioria neste país, pagamos impostos
como todos os demais cidadãos brasileiros, e mais uma importante informação aos
nossos parlamentares: nós cristãos votamos e exigimos respeito às nossas convicções
religiosas.
Como cristãos menonitas, continuaremos nos pautando pelos princípios bíblicos,
onde pecado continuará sempre sendo pecado, e nenhuma lei poderá se sobrepor à lei de
Deus, pois as leis dos homens são redigidas e aprovadas sob a ótica das paixões
ideológicas, vícios, lobbies, interesses pessoais, e não republicanos, pois o homem é, e
continuará sendo influenciável, chegando ao absurdo de querer institucionalizar a
iniqüidade no Brasil. Continuaremos sempre orientando-nos pela Bíblia sagrada que
para nós é a Palavra de Deus Revelada, como está escrito:
“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual
é Jesus Cristo.” 1 Coríntios 3:11
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção e para a instrução na justiça”, 2 Timóteo 3:16.
A exemplo do Senhor Jesus Cristo, amamos o pecador, porém nos reservamos ao
direito de não concordar com o pecado por ele praticado.
Continuaremos orando e clamando pela misericórdia de Deus sobre as nossas
famílias, nossa Nação, e em especial pelas nossas autoridades constituídas para que
Deus os abençoe e conceda-lhes a sabedoria necessária, discernimento e o entendimento
da santa e perfeita vontade de Deus.

João Silva é Pastor na Comunidade Evangélica Menonita


e Presidente da Aliança Evangélica Menonita – Região III
www.cemvs.org

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