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Aqui é ló gico que nã o se esta falando em hipossuficiência no sentido financeiro, mas sim no
sentido de produçã o de provas, em relaçã o aos softwares, hardwares e demais
terminologias de segurança que toda instituiçã o financeira vincula à prestaçã o final de seus
serviços, e, coloca à disposiçã o no mercado, possuindo ainda o prestígio e a aparência de
confiabilidade em relaçã o ao consumidor.
No caso apresentado, é latente a hipossuficiência intelectual, tecnoló gica da autora.
É certo que a requerida é quem detém todas as provas e os meios possíveis para
demonstrar que nã o houve qualquer falha de sua parte no evento noticiado, assim, é seu
dever provar os fatos modificativos, extintivos e impeditivos do direito da autora, ou seja, é
dever da ré provar que nã o agiu com culpa no evento, ou incorreu em omissã o, tento em
vista a atividade-fim prestada.
Com relaçã o ao cará ter de verossimilhança este está ainda mais latente. Basta atentar para
os fatos acima narrados e aos contornos envolvendo o extrato e o prejuízo deixado na conta
corrente da autora da autora que inclusive, pode vir a prejudicar sua atividade profissional
em seu ramo específico. As alegaçõ es sã o concisas e coerentes com o evento danoso.
Diante desses fatos é certo que a autora deve estar protegida quanto ao ô nus da prova,
requerendo sua inversã o desde já . Nã o é outro o entendimento do STJ, que em caso
parecido ao que ora se apresenta já se pronunciou:
“Direito processual civil. Ação de indenização. Saques sucessivos em conta corrente. Negativa de autoria do
correntista. Inversão do ônus da prova. - É plenamente viável a inversão do ônus da prova (art. 333, II, do CPC) na
ocorrência de saques indevidos de contas-correntes, compelindo ao banco (réu da ação de indenização) o ônus
de provar os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. - Incumbe ao Banco demonstrar,
por meios idôneos, a inexistência oi impossibilidade de fraude, tendo em vista a notoriedade do reconhecimento da
possibilidade de violação do sistema eletrônico de saque por meio de cartão bancário e/ou senha. - Se foi o cliente
que retirou o dinheiro, compete ao banco estar munido de instrumentos tecnológicos seguros para provar de forma
innegável tal ocorrência.” (Recurso Especial n. 727.843 – SP (2005/0031192-7, Relatora Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma Cível).
E ainda, Maria Helena Diniz, na obra Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º, volume, 19º,
Editora Saraiva, pá g. 361/362, reforça a tese de inversã o do ô nus no presente caso quando
assevera:
“Podemos afirmar, baseados na lição de Arnaldo Wald, que nas relações entre banco e seus clientes há forte
tendência de se reconhecer um regime próprio de responsabilidade civil do banqueiro fundada: a) na idéia de risco
profissional (RF, 89:714), ante a necessidade de se tratar o banqueiro de modo mais rígido e severo, apreciando-se
com maior rigor o seu comportamento e sua eventual culpa, não só por ter conhecimentos especializados ou
técnicos bem maiores do que os do cliente, que, geralmente, é um leigo, desconhecendo, portanto, os ‘mecanismos
bancários’, mas também pela circunstância de usar recursos financeiros alheios e pelo poder econômico do banco,
que lhe possibilita impor sua vontade a outrem...deveras o Supremo Tribunal Federal tem reconhecido que os
estabelecimentos bancários devem suportar os riscos profissionais inerentes à sua atividade; assim sendo, o
banqueiro responderá pelos prejuízos que causar, em razão do risco assumido profissionalmente (súmula 28), só
se isentando de tal responsabilidade se se provar culpa grave do cliente, força maior ou caso fortuito...”
Inaplicá vel também a argumentatio de que o autor nã o deveria ter inserido os dados
cadastrais no site da instituiçã o financeira, isso porque enorme era o grau de confiança que
o autor tinha pelo banco, e mais, aqui voltamos à seara consumerista: a hipossuficiência
técnica que o consumidor tem diante da requerida.
Porquanto, nã o é razoá vel exigir que o consumidor possua o mesmo conhecimento de
tecnologia da informaçã o para identificar se o site é da instituiçã o financeira ou nã o,
ademais, frise-se, a gerente financeira somente acessou o referido site inserindo dados
cadastrais a pedido de ligaçã o que recebeu de funcioná rio se dizendo da instituiçã o
financeira.
Nã o diferente, sob este enfoque o banco é duplamente responsá vel, seja pela
responsabilidade objetiva regida pelo Có digo Civil, ou seja pela responsabilidade contratual
regida pelo CDC em artigo 14.
Como dito em linhas acima, estando a presente relaçã o amparada pelas normas do CDC,
eventuais defeitos dos serviços prestados pela instituiçã o financeira que venham a causar
prejuízos a seus consumidores (no caso a requerente), devem ser reparados pelo
fornecedor, independente da existência de culpa.
Nã o agiu zelosamente o banco requerido quando permitiu que seu sistema de segurança
fosse violado de tal forma ou acontecesse falha interna que causou açã o comissiva que
fizesse com que gerassem prejuízo de mais de 20 mil à parte autora, nã o se pode admitir.
Dessa forma nã o há como deixar de responsabilizar o banco pelo prejuízo.
Mais uma vez nos socorremos à festejada autora Maria Helena Diniz, na obra Curso de
Direito Civil Brasileiro, 7º, volume, 19º, Editora Saraiva, pá g. 359, discorre acerca da
responsabilidade civil das instituiçõ es bancá rias, vejamos alguns ensinamentos:
“Para poder atingir sua finalidade, o banco realiza, várias operações dinamizando o seu crédito, tornando-se ora
devedor da pessoa com quem transaciona, ora credor. Assim, se recolher capital, passará a ser devedor dos
clientes, realizando então operação passiva. Na operação passiva o banco ficará sendo, ao receber de seu cliente
numerário, pelo qual se responsabilizará, seu devedor, pois, embora adquira propriedade desse numerário, por
ser fungível, será obrigado a restituir outro do mesmo valor, qualidade e quantidade”
E segue, na pá g. 360:
“Todas essas operações bancárias poderão ser consideradas como contratos, por haver acordo entre as partes,
criando obrigações”. “O entendimento dos especialistas e dos Tribunais continua no sentido de reconhecer a
responsabilidade do banco, tanto por incidência de culpa quanto com base no risco profissional assumido pelo
estabelecimento bancário, e sua atividade altamente lucrativa” (pág. 365, obra citada).
Por todo o exposto, em correspondência ao dano moral tratado neste tó pico, pede para que
seja a instituiçã o financeira seja condenada a pagar a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais) a título de danos morais, primeiro porque abalou de forma eficaz a imagem da
empresa fazendo com que esta nã o dispusesse de limite de crédito para eventuais gastos, e
segundo, pela quebra no dever de cuidado que todo prestador de serviço deve fornecer
quando coloca no mercado serviços sem a mínima segurança, e bem como por expor
mediante falha ou nã o os dados sigilosos da autora.
Dos Pedidos e suas especificações
Diante de todo o exposto requer:
A) A citaçã o da instituiçã o financeira via AR para comparecer a audiência de conciliaçã o a
ser designada, sendo que o autor já manifesta interesse, sob pena de lhe serem aplicados os
efeitos da revelia e julgamento antecipado do mérito da causa e serem reputados
verdadeiros a matéria de fato contida na inicia.
B) A inversã o do ô nus da prova em desfavor do réu por estar intimamente à questã o de
mérito da causa;
C) No mérito, requer ao final seja julgado totalmente procedente o pedido de condenaçã o
da presente açã o de reparaçã o de danos materiais, a fim de condenar a instituiçã o
financeira a pagar ao requerente o valor de R$ 20.556,00 (vinte mil e quinhentos e
cinquenta e seis reais) a título de reparaçã o, quantia que deverá ser corrigida a partir da
notificaçã o extrajudicial (31.08.2017) pelo IGP-M (FGV) e juros de mora de 1%;
D) Condene a instituiçã o financeira ao pagamento da quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil)
reais a título de danos morais em favor da autora;
E) condenar o requerido ao pagamento de honorá rios advocatícios, custas e despesas
processuais decorrentes da sucumbência na ordem de 20%, nos termos do art. 85 do CPC.
F) Protesta provar o alegado, se necessá rio, por todos os tipos de provas admitidas em
direito, sem exceçã o de nenhuma espécie, especialmente pelo depoimento pessoal do
representante legal do requerido, oitiva de testemunhas, perícias e outras que se fizerem
necessá rias.
G) Requer que todas as publicaçõ es sejam feitas em nome do advogado Paulo Lellis, sob
pena de nulidade.
Dá -se o valor da causa de R$ 20.556,00.
Nestes Termos
Pede deferimento.
Campo Grande - MS, 12 de novembro de 2017.
PAULO LELLIS
OAB/MS 24.100