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1.

História do Direito Penal e as Escolas Penais

A história do Direito Penal é a história da humanidade, o crime sempre

esteve ao lado do Homem. Os penalistas clássicos dizem que em cada um de nós

existe um demônio que precisa ser exorcizado. A história da Humanidade e a

História do Direito Penal a primeira coisa que vem em nossa mente é o que deu

início a tudo. Podemos dizer inicialmente a chamada vingança. A pena, quando

se pune alguém, o que se busca é a vingança seja ela cruel, desumana ou

democrática (proporcional). Quando dizemos que a pena é a vingança, a história

mostra que desde os tempos primitivos a pena sempre foi vindita, ou seja, se

vingar. Temos vários exemplos na nossa história sobre a aplicação da pena:

- Vingança Privada: tempos primitivos, a reação a uma agressão era a regra.

Ninguém aguardava a lei, pois ela não existia. Toda vez que alguém era atacado

havia a vingança. Era de indivíduo a indivíduo. Nessa época surgiram os grupos

e eles passaram a decidir como seria a reação diante de um ataque de um homem

ou de uma mulher.

- Vingança Divina: chamamos hoje de vingança religiosa. A verdadeira história

do direito penal inicia-se na Bíblia. Em Êxodo 23 a 25 mostra o início desta era de

punição, em Levítico de 17 a 21 temos também a pena e o direito penal, em

Deuteronômio (discursos de moisés) 4 temos as leis faladas por moisés, os decretos

a serem cumpridos. Surge a pena de Talião, a partir do momento que alguém

matasse, seria morto. A pena era proporcional ao crime cometido.

- Vingança Pública: surge na Grécia. A pena era uma defesa da sociedade. As

pessoas eram advertidas para não serem punidas, para não delinquir. Surge

como uma forma de prevenção. Após a vingança pública, surge o período

humanitário do Direito Penal.

2. Período humanitário do Direito Penal


Tivemos 3 escolas penais famosas no período humanitário: Escola

Clássica, Escola Positiva e Escola Eclética ou Mista.

A Escola Clássica começa com o livro chamado Dos Delitos as Penas,

considerado o nascimento do Direito Penal. É considerado a certidão de

nascimento do Direito Penal. Surge do iluminismo, começa em 1764 com o livro

de Beccaria. Ele dizia que não importa o quanto (quantum) da pena, mas sim a

certeza de que aquele que cometeu o crime será punido. Porém é necessário que

tenha as provas, condenas um possível delinquente é a mesma coisa que

condenar um possível inocente. A prevenção é melhor que a repressão. A Escola

é melhor que a Cadeia.

2.1 Princípios da Escola Clássica na visão de Beccari

O Combate a pena de morte, na Europa ainda era resistente, era a regra na

Europa. O primeiro postulado dizia que quem cometeu um crime grave a pena

era a pena de morte. O Segundo postulado, a pena é uma entidade para punir

para que o indivíduo não mais cometa crime. Hoje temos a pena de multa,

prestação de serviço. Terceiro Postulado, só a lei poderia culminar penas e só o

legislador cabe legislar. O Quarto postulado diz que a lei tem que ser escrita em

linguagem simples, em linguagem vulgar. O quinto postulado diz que deve

permitir a palavra do acusado. Na Europa ele não era ouvido, além de ser um

meio de prova é um meio de defesa. O sexto importantíssimo fundamento da

Escola Clássica é que os juízes devem apenas julgar, não prender ou investigar,

o Juiz tem que ser provocado, hoje esse fundamento é adotado no mundo inteiro.

A injúria é ofender alguém, muita vez achamos que injuriar alguém é

liberdade de expressão, porém não temos direito de ofender as pessoas.

Sobre o suicídio, as famílias eram expurgadas de uma determinada região e

tinham seus bens confiscados. Beccaria dizia que não podíamos punir familiares

de quem tira a vida, basta o sofrimento da família. Depois, Beccaria, falava sobre
os crimes difíceis de provar. Ele dizia que três crimes eram dificílimos de provar,

sendo: infanticídio, a pederastia e o adultério.

O infanticídio é punido em todos os códigos penais do Mundo, no Brasil

encontramos o crime no artigo 123. A pederastia no Brasil não é crime, mas já foi.

Existem países que punem, normalmente países totalitários. Beccaria dizia que

era difícil provar que um homem estava se relacionando com outro. O terceiro

crime que Beccaria dizia que era difícil de provar era o adultério. No Brasil foi

retirado do código, se alguém levasse provas, era obrigado a atender.

Surgiram outros vultos um pouco depois que fincaram raízes e

eternizaram a Escola Clássica. Surgiu, nessa Escola, um dos maiores penalistas

da história: Francesco Carrara (livro: programa de direito criminal). Neste livro

ele conceitua o crime, que é considerado um dos conceitos mais perfeitos na

história do Direito Penal: “Crime é uma infração do Estado promulgado para

promover a segurança do cidadão resultante de um ato externo do Homem,

positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso.”

Explicação:

❖ Crime é uma infração do Estado: significa o Princípio da Legalidade –

Não há crime sem lei anterior – é o crime que atinge o Estado

❖ Estado promulgado para promover a segurança do cidadão: Todo crime

atinge um bem jurídico. Todo crime deve ter a proteção jurídica,

proteger o cidadão.

❖ resultante de um ato externo do Homem: O crime é exposto público,

vem de um ato externo de um homem. O ato interno não é crime.

❖ positivo ou negativo: Significa que o crime pode ser praticado por

ação ou omissão.
❖ moralmente imputável: a pessoa tem que ter capacidade mental de

saber o que está fazendo. Precisa entender o caráter ilícito do que

está fazendo. Um menor é imputável.

❖ politicamente danoso: ele atinge a sociedade, atinge bens jurídicos da

sociedade, que através da lei, busca proteger.

Ainda nessa Escola Clássica do Direito Penal surge outro penalista,

chamado John Harward. Escreveu estudos das prisões da Inglaterra em 1770, ele

dizia que as cadeias deveriam fornecer tudo o que fosse necessário para ter uma

qualidade de vida na prisão, exemplo: lazer, educação etc. Desta forma ele iria se

desenvolver e aperfeiçoar.

Os 3 fundamentos da Escola clássica são:

a) O crime é livre arbítrio, ou seja, pratica crime quem quer.

b) A pena é castigo, ou seja, retribuir o mal pelo mal. É sempre castigo e

sempre necessária. Contra estímulo ao estímulo.

c) Crime é um ente jurídico, se está na lei deve obedecer aos objetivos da

sociedade.

3. Período Criminológico – Escola Positiva

3.1 Classificação dos criminosos segundo Lombroso

Esse período criminológico pertence a chamada Escola Positiva. Três

expoentes dessa Escola surgem em nosso mundo. O primeiro é um médico legista

que trabalhava no manicômio chamado Cesare Lombroso. Ele escreveu um livro

em 1886 chamado o homem delinquente, considerado o segundo mais vendido,

perdendo apenas para a Bíblia, possui 360 edições. Lombroso entendia que o

crime não é fruto exclusivo do livre arbítrio, mas sim produto de várias causas

(ambientais, sociais etc), para ele o crime é praticado por alguém que está em uma

condição social desfavorecido, o ambiente o obriga a cometer. A pena não é

apenas para punir, mas também recuperar, reabilitar, readaptar o indivíduo na


sociedade. O criminoso é uma espécie a parte do gênero humano, assim como o

poeta etc. Ele classificou o criminoso em três espécie, sendo:

a) O criminoso nato: aquele que nasce para cometer crimes. Fatores

endógenos, genéticos que o levam a cometer crime. Ele dizia que o

criminoso nato possuía o aspecto físico diferente (pescoço curto, nariz

achatado, “feio”, pelos fartos, maldoso, insensível, frio, preguiçoso) e fora

isso havia pessoas que eram criminosas desde que nasciam. Essa é uma

ideia que muitos criminalistas dizem que está ultrapassada, afinal ele

surge das dificuldades que enfrentam. Entretanto, o crime surge também

da maldade, ou seja, praticam pelo simples prazer de praticar.

b) O criminoso fronteiriço (meio louco): nem são, nem doentes mentais.

c) O criminoso ocasional: aproveitam a ocasião e cometem o crime.

3.2 Classificação dos criminosos segundo Henrique Ferri

O segundo expoente a Escola Positiva foi Henrique Ferri que escreveu um livro

chamado sociologia criminal em 1916. Era discípulo de Lombroso, escreveu o

código de direito penal italiano. Ferri, três dias antes do código entrar em vigor,

faleceu. Ferri classificou os criminosos em cinco tipos:

a) Natos

b) Loucos

c) Ocasional

d) Habitual: aquele que faz do crime um meio de vida. Assaltantes,

traficantes etc. O crime é o meio que eles escolheram para a sua vida.

e) Passional: aquele que mata por paixão. Vem como uma fúria e deixa

rastros.

Ele dizia que deveria existir uma prisão para os inimputáveis. Criou a

reincidência, caso tenha cometido um crime anterior a pena deveria ser maior.
3.3 Classificação dos criminosos segundo Raffaele Garofalo

Era um penalista italiano que foi o primeiro a falar a palavra criminologia.

Escreveu em 1884 o livro criminologia. Foi o único a adotar a pena de morte para

crimes graves. Classificou em quatro espécies:

a) Assassino: aqueles que matavam, frias, pessoas selvagens

b) Violento: aqueles que não tinham piedade

c) Ladrões: praticavam crimes contra patrimônios

d) Cínicos: autores de crimes sexuais

Por fim, tivemos as escolas mistas.

4. Escola Mista

Tivemos a Escola Americana, Alemã, Francesa, Italiana de 3ª geração. Tiveram

uma grande influência no Direito Penal.

Grandes Expoentes:

❖ Southerland – Escola Americana

❖ Hans Von Lizt – Escola Alemã

❖ Carnevalle – Italiano

❖ Tardi – Francesa

A principal ideia foram as penas alternativas. Propuseram a implantação das

penas alternativas.

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