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TRABALHO INTERDISCIPLINAR DIRIGIDO III

Instituto Politécnico Centro Universitário UNA

Estudo do Processo dentro de uma Estação de Tratamento de


Esgoto - ETE
Curso: Engenharia Química Orientadora: Shayra Pinheiro

Afonso Pinho, Flávio Rocha, Kassiana Paixão, Nathane Alves e Thaís Amaral

1. RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar os processos químicos dentro de uma
Estação de Tratamento de Esgoto – ETE. Estes processos são necessários
para que o esgoto, que ali está sendo tratado, seja retornado de forma segura,
limpo e sem trazer riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Esgoto é o
termo usado para caracterizar os despejos provenientes dos diversos usos da
água, tais como doméstico, comercial, industrial, agrícola, estabelecimentos
públicos, etc. Basicamente, todos esses são caracterizados como esgoto
doméstico, que a parcela mais significativa dele são gerados em aparelhos
sanitários, lavanderias, cozinhas e chuveiro. Quando os esgotos industriais não
estão dentro das características de esgoto doméstico, deverá passar por um
tratamento diferenciado.
Palavras-chave: Esgoto, Processos Químicos, Estação de Tratamento de
Esgoto, Esgoto doméstico.

2. INTRODUÇÃO

Esgoto ou efluentes são todos os resíduos líquidos provenientes de


indústrias e domicílios que necessitam de tratamento adequado para que
possam ser devolvidos à natureza sem causar danos ambientais e danos à
saúde humana.

Atualmente, apenas 49% do esgoto produzido no Brasil são coletados por


meio de rede, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Destes, somente 10% são tratados.

Quando o esgoto é coletado e descartado de forma correta, seu destino é


uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Assim, passará por vários
processos de tratamento e análises químicas.

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Vale ressaltar que o tratamento pode variar muito dependendo do tipo de
efluente tratado e da classificação do corpo de água que irá receber esse
efluente, de acordo com resolução COMANA 357, que dispõe a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais, estabelecendo as condições e
padrões de lançamento do efluente.

Quando o esgoto é classificado como domiciliar, o tratamento é feito de


forma simples, que consiste numa sequência de etapas, que são elas: Coleta e
tratamento do esgoto, Gradeamento, Desarenação, Oxidação biológica,
Decantação, Recirculação do lodo, Destino final do lodo.

O objetivo deste trabalho é apresentar todos os processos de uma estação


de tratamento de esgoto (ETE) a fim de apresentar como o resíduo do
tratamento pode ser reaproveitado.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Esgoto

Esgoto é o termo usado para as águas que, após a utilização humana,


apresentam as suas características naturais alteradas. Conforme o uso
predominante: comercial, industrial ou doméstico essas águas apresentarão
características diferentes e são genericamente designadas de esgoto, ou
águas servidas.

A devolução das águas residuais ao meio ambiente deveria ser feita de


forma responsável através de um emissário, ou seja, uma tubulação, efetuando
o seu tratamento se necessário, preservando assim o seu corpo receptor que
pode ser um rio, um lago ou no mar. O esgoto não tratado pode prejudicar o
meio ambiente e a saúde das pessoas. Os agentes patogênicos podem causar
doenças como a cólera, a difteria, o tifo, a hepatite e muitas outras.

Os esgotos domésticos contêm aproximadamente 99,9% de água, e apenas


0,1% de sólidos. É devido a essa fração de 0,1% de sólidos que ocorrem os
problemas de poluição das águas. As características dos esgotos gerados por
uma comunidade são função dos usos a que a água foi submetida. Esses usos,

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e a forma com que são exercidos, variam com o clima, os hábitos, a situação
social e econômica da população.

As características físicas dos esgotos podem ser interpretadas pela


obtenção das grandezas correspondentes a matéria sólida, temperatura, odor,
cor e turbidez.

As características químicas podem ser classificadas em dois grandes


grupos: matéria orgânica e inorgânica. Os principais parâmetros utilizados são:
pH, DBO, DQO, Nitrogênio e Fósforo.

As características biológicas dos esgotos são de grande importância no


controle da poluição e tratamento dos esgotos. Os principais organismos
encontrados nos rios e esgotos são: as bactérias, os fungos, os protozoários,
os vírus, as algas e grupos de plantas e de animais. O organismo mais utilizado
como indicador de poluição é do grupo das bactérias coliformes
(SPERLING,2005).

Estação de Tratamento de Esgoto – ETE

É uma infraestrutura que recebe e trata as águas residuais de origem


doméstica ou industrial, comumente chamadas de esgotos sanitários ou
despejos industriais, para depois serem escoadas para os rios com um nível de
poluição aceitável, conforme a legislação vigente (SPERLING, 2005)

3.2. Legislação

A seguir serão apresentadas a legislação pertinente ao assunto:

 Controle Eco toxicológico de efluentes líquidos – RESOLUÇÃO SMA


(SP) nº 03/00 de 22/02/00.
 Art. 18 da Regulamentação da Lei Estadual 997 de 31/05/76, aprovada
pelo Decreto nº8.468 / 08/09/76;
 Art. 34 da Resolução Conama nº 357/ 17/03/05 e alterada pela
resolução Conama 397/ 03/04/08.

Padrão de Qualidade dos Efluentes:

 Art. 11, 12 e 13 do Regulamento da Lei Estadual 997 / 31.05.76,


aprovado pelo decreto 8468 / 08.09.76, para corpos d´água Classe 2, 3
e 4.

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 Resolução Conama 357 inclui os seguintes conceitos relativos ao
enquadramento:
 Classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de água
necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros.
 Classificação: Qualificação das águas doces, salobras e salinas.
 Condição de qualidade: qualidade apresentada por um segmento de
corpo d água,em termos dos usos possíveis,com segurança adequada.
 Enquadramento: estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da
água a ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento
de corpo d`água.ao longo do tempo.
 Metas: desdobramento do objeto em realizações físicas e atividades de
gestão, de acordo com unidades de medidas e cronograma
preestabelecidos, de caráter obrigatório.
 Programa para efetivação do enquadramento: conjuntos de medidas ou
ações progressivas e obrigatórias, necessárias ao atendimento das
metas e final de qualidade de água estabelecida para o enquadramento
do corpo hídrico (SPERLING,1996; SPERLING,2005).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Segundo MINAYO (apud SILVA - 2005) [20] a pesquisa é vista como:

[...] uma atividade básica das ciências na sua indagação e


descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de
busca constante que define um processo inacabado e
permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da
realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação
particular entre teoria e dados. MINAYO (apud SILVA - 2005)

Para o desenvolvimento deste trabalho o método de pesquisa adotado foi o


exploratório, que de acordo com GIL (apud SILVA – 2005) [20] visa maior
familiaridade com o problema com vista a torná-lo explicito.

Foi feito o levantamento bibliográfico, além de visita a uma ETE (Estação de


Tratamento de Esgoto) a fim de conhecer todos os seus processos e analisar
as questões sobre a eficácia e preservação do meio ambiente que o processo
de tratamento dos efluentes proporciona.

4.1. Interdisciplinaridade

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Química Analítica: Serão mostrados todos os processos e as análises
químicas, ressaltando a qualidade da água no final do tratamento dentro de
uma ETE. Física Aplicada: As lagoas facultativas desempenham um importante
papel dentro de uma ETE. Nela a fotossíntese é a reação que mais realiza a
reaeração das águas residuárias nesse tipo de tratamento. Assim,
mostraremos que a profundidade do tanque não pode ser muito grande, pois
não haverá entrada de luz suficiente para a realização da oxidação aeróbia.
Calculo Diferencial e Integral: Serão calculadas as dimensões da lagoa que
mostrarão qual será o volume máximo comportado nela para que a entrada de
luz seja suficiente para as bactérias.”

5. RESULTADOS

Constatar que o efluente que é despejado no rio após passar por uma Estação
de Tratamento de Esgoto (ETE), está devidamente tratado e dentro dos limites
determinados pela legislação vigente.

O processo de tratamento dos esgotos nas ETE’s é constituído de uma


série de processos e operações que removem substancias indesejável ou as
transformam em substancias aceitáveis. Estes processos e operações são
classificados nos seguintes níveis: preliminar, primário, secundário e terciário,
abaixo uma descrição de cada nível.

O tratamento preliminar objetiva principalmente a remoção de sólidos


grosseiros e de areia, por meio de mecanismos de ordem física.

O tratamento primário destina-se, por meio de mecanismos de ordem física,


à remoção de sólidos flutuantes (graxas e óleos) e à remoção de sólidos em
suspensão sedimentáveis e, em decorrência, parte da matéria orgânica.

No tratamento secundário, predominam os mecanismos biológicos, e o


objetivo é principalmente a remoção de matéria orgânica e eventualmente
nutriente (nitrogênio e fósforo).

O tratamento terciário tem por objetivo a remoção de poluentes específicos,


ou ainda remoção complementar de poluentes não suficientemente removidos
no tratamento secundário.

Os principais processos de tratamento de esgotos utilizados na Região


Metropolitana de Belo Horizonte são: Sistemas Anaeróbios, Tanque Séptico,
Filtro Anaeróbio, Reator UASB, Lagoas de Estabilização, Lagoa Facultativa,

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Lagoa Anaeróbia, Lagoa Aerada Facultativa, Lagoa de Maturação, Reatores
Aeróbios com Biofilmes, Filtro Biológico Percolador, Disposição no Solo,
Escoamento Superficial no Solo, Lodos Ativados, Flotação, Ultravioleta,
Tratamento e Disposição do Lodo.

Todos os sistemas de tratamento de esgotos geram sub-produtos: escuma,


material gradeado, areia, lodo primário e lodo secundário (Sperling, 1996).

Para haver produção mais limpa, de maneira que os resíduos produzidos no


processo de tratamento dos efluentes podem ser reutilizados, os aterros
sanitários, a incineração, o uso agrícola, o reuso industrial, são boas escolhas
para o reaproveitamento do lodo.

As lagoas facultativas possuem basicamente uma área total de 12.544m². Uma


profundidade que variam de 1m a 1,5 m, com camada de lodo de
aproximadamente 0,60 m. Deste modo esse tipo de lagoa representa a melhor
eficácia onde com essas dimensões de tanques a eficiência total do sistema
em termos dos parâmetros sólidos sedimentares e DBO, são de
aproximadamente 99,52%. Esses parâmetros de análises se enquadram dentro
das características de eficiência do sistema, que para Von SPERLING (1996),
recomenda para o sistema uma eficácia de 70 a 80% de remoção dos sólidos
sedimentares. Assim, as dimensões dos tanques são fundamentais para que a
entrada de luz seja suficiente para as bactérias realizarem a oxidação biológica
de maneira tão eficaz.

Conhecida a medida da área superficial da lagoa e sua profundidade variando


de 1 a 1,5m, podemos calcular o volume de resíduos que possa conter nesta
lagoa no seu nível máximo.

Assim, teremos:

12,544
V= π r² → r² =
3,14
→ r² = 3,992→ r = ± 2

V = π r²h → V= 4 π h

1,5 1,5 1,5


∫1 Vdh

∫1 4 π hdh
→4
π
∫1 hdh
h² (1,5) 1²
4π 2 │ → 4π 2

2
→ 4 π 1,125 – 0,5

4 π 0,625 → 2,5 π

V= 2,5 π m³ → V= 7,853 m³

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6. CONCLUSÃO

Com tudo este trabalho possibilitou observar os processos químicos


dentro de uma Estação de Tratamento de Esgoto, o funcionamento de uma
ETE, e a responsabilidade ambiental. Onde o esgoto não tratado pode
acarretar sérios danos à saúde humana, quanto ao meio ambiente em que é
descartado.

Pode-se perceber também o quanto as cidades que possuem uma ETE


estão empenhadas a cumprir com todas as normas da legislação vigente.

Conclui-se que os processos químicos dentro de uma estação de


tratamento de esgoto são eficazes e que traz enormes benefícios à população
e ao meio ambiente e os resíduos adjacentes do processo de tratamento
podem ser utilizados, diminuindo assim o custo dos produtores de bens de
primeira necessidade.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

VON SPERLING, Marcos – Introdução à qualidade das águas e ao


tratamento de esgotos – Volume 1 - 3 ed. – Belo Horizonte – Departamento
de Engenharia Sanitária e Ambiental; UFMG – 2005.

SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muskat - Metodologia da pesquisa


e elaboração de dissertação – 4. ed. rev. atual. – Florianópolis: UFSC, 2005.

COPASA - O Sistema de Esgoto – Disponível em


http://www.copasa.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=10 Acessado em 09
de outubro de 2012.

COPASA – Processos de Tratamentos – Disponível em


http://www.copasa.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
infoid=29&sid=34&tpl=printerview Acessado em 01 de novembro de 2012.

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VON SPERLING, Marcos – Princípios básicos do tratamento de esgotos –
Volume 2 - Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
UFMG – 1996.

JORDÃO, Eduardo Pacheco – Tratamento de Esgotos Domésticos –


Eduardo Pacheco Jordão, Constantino Arruda Pessôa – 6ª edição – Rio de
Janeiro, 2011.

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