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ANO XII Nº 56 I 2º SEMESTRE 2021 WWW.FUNDECITRUS.COM.

BR

EDIÇÃO ESPECIAL GREENING

Sinal vermelho
INCIDÊNCIA MÉDIA DE GREENING NO CINTURÃO CITRÍCOLA DE SP E MG É A
MAIS ALTA DA HISTÓRIA; REGIÕES COMO LIMEIRA, BROTAS E PORTO FERREIRA
JÁ TÊM ÍNDICES SIMILARES AO DA FLÓRIDA (EUA)
PALAVRA DO PRESIDENTE

Sinal vermelho
aceso para o greening
Esta edição da revista Citricultor, fonte geradora de oportunidades de
Lourival Carmo Monaco mais uma vez, revela a riqueza de infor- trabalho, para os municípios do cintu-
Presidente do Fundecitrus mações geradas pelos pesquisadores e rão citrícola.
técnicos. Merecem especial atenção os
resultados do levantamento da incidência MUDANÇA NA LEI E FUTURO
do greening em nossos pomares e a com-
preensão da variação observada na sua A nova legislação para o greening re-
distribuição pelas regiões, que nos alertam conhece a tendência de não erradicação
para medidas urgentes a serem tomadas. A nos pomares com mais de oito anos e re-
variabilidade na contagem de plantas sin- comenda pulverizações sistemáticas e fre-
tomáticas em diferentes regiões tem causas quentes usando produtos com modos de
individuais ou combinadas. ação diferentes.
A incidência média de 22,37% é in- Será difícil a formação de pomares
ferior à da Flórida e de países asiáticos e em regiões com alta infestação. É pro-
da América Central, mas mesmo assim é vável, e até indicado, que se busquem
preocupante. Isso sugere que o manejo é áreas de baixa incidência ou com vazio
eficiente se utilizado com rigor. sanitário, analisando o entorno do po-
A identificação de propriedades com mar em relação à incidência de greening
excelente controle da doença, que ado- nas propriedades vizinhas e também as
taram o manejo desenvolvido pelo Fun- condições climáticas menos favoráveis
decitrus, nos leva a analisar a razão de ao vetor e à doença.
não alcançarmos a mesma eficácia em Entretanto, a busca de regiões com
todo o parque. As causas dessa ineficácia baixa incidência de greening para a for-
precisam ser avaliadas para que ajustes mação de novos pomares pode ser li-
possam ser feitos para preservar nossa mitada ao se considerar a distância do
citricultura. parque industrial. A esperança, no longo
Vários fatores têm sido apontados e prazo, se concentra no desenvolvimento
certamente contribuíram para a elevação de material genético resistente à doença
da incidência do greening, como dimi- ou repelente ao vetor. É importante des-
nuição da eliminação de plantas doentes tacar a descoberta de espécies da família
nos pomares mais idosos, falta de con- dos citros com resistência à Candidatus
trole adequado – número insuficiente de Liberibacter e o desenvolvimento de
pulverizações, não rotatividade dos mo- técnicas como o CRISPR/Cas9, o que
dos de ação, cobertura deficiente em po- melhora a possibilidade de introduzir
mares adultos etc. –, replantio em regiões mutações para a resistência, que deman-
com alta infestação, dentre outros. daria menos tempo do que a hibridação
O conhecimento acumulado reco- interespecífica e que não deverá ter res-
menda uma revisão do quadro atual e trições como tem a transgenia.
indica as providências que nossos pro- No momento, de alerta máximo ao risco
dutores precisam adotar para que a ci- que o crescimento da doença proporciona,
tricultura possa continuar sendo rele- o que nos resta é dar eficácia ao manejo
vante econômica e socialmente, como adequado do greening. Ele funciona.

2 REVISTA
ÍNDICE

FOTOS: FUNDECITRUS
A REVISTA CITRICULTOR é uma
publicação de distribuição gratuita entre
citricultores, editada pelo Fundo de Defesa
da Citricultura - Fundecitrus:
Avenida Dr. Adhemar Pereira de Barros,
201 - Vila Melhado - Araraquara (SP)

8 12
CEP: 14807-040 - Nº ISSN: 23172525

Contatos

Telefones:
0800 110 2155 e (16) 3301-7064 ENTREVISTA LEVANTAMENTO
Cientista Greening
E-mail:
comunicacao@fundecitrus.com.br
norte-americano atinge seu
Jim Graham maior patamar
Website: www.fundecitrus.com.br comenta no cinturão;
Jornalista responsável: situação do situação é
greening na crítica em várias

22
Beatriz Flório (MTb 81.250/SP)
Flórida e no regiões
Reportagem e edição: Brasil
Beatriz Flório, Viviane Moura
e Rodrigo Brandão
(Rebeca Propaganda) CONTROLE
INMIDIA DIGITAL

e Gabriela Marques Adoção do manejo integrado


rigoroso por todos os
Projeto gráfico:
citricultores é o caminho para
Valmir Campos
frear avanço da doença
Assistente:
Camila Souza

Tiragem:
3,8 mil exemplares
30 TECNOLOGIA
Drone permite
aplicações aéreas
contra o psilídeo

PAUTA DO LEITOR
Que assunto você gostaria
de ver na Citricultor?
CONHECIMENTO
Trabalho do Fundecitrus
Envie sua sugestão de pauta para o e-mail
gerou informações

34
comunicacao@fundecitrus.com.br ou
para o WhatsApp (16) 99629-2471. decisivas para criação
de protocolo efetivo de
manejo

REVISTA 3
NOTAS A revista Citricultor possui uma
versão em inglês. Conheça e
compartilhe com os elos da cadeia
citrícola e consumidores do exterior

PARCERIA

Sumitomo
Chemical é nova
“Empresa Amiga do
Citricultor”
A Sumitomo Chemical é a nova in-
tegrante do grupo de Empresas Amigas
do Citricultor, que reúne companhias
ligadas à cadeia de citros que apoiam
ações de sustentabilidade do Fundeci-
APERFEIÇOAMENTO trus que contribuem para fitossanidade
dos pomares.
Reuniões auxiliam citricultores A empresa é a décima a se tornar
parceira do programa, que foi criado
com o manejo de pragas e doenças em 2015.

Iniciativa do Fundecitrus pretende aperfeiçoar o manejo fitossanitá-


rio no cinturão citrícola por meio de reuniões online e presenciais – neste
momento, a ênfase é no greening.
Agrônomos e pesquisadores da instituição discutem as melhores es-
tratégias para o controle das principais pragas e doenças com base nos
problemas enfrentados pelos citricultores no dia a dia.
Para solicitar uma reunião, basta entrar em contato diretamente com
o agrônomo do Fundecitrus de sua região ou ligar para 0800-110-2155.

CAPACITAÇÃO

Fundecitrus abre nova turma para mestrado e lança


curso de especialização
Contribuindo com a produção e disseminação de co-
nhecimento na citricultura, o Fundecitrus oferece o pro-
grama de Mestrado Profissional em Fitossanidade dos
Citros - MasterCitrus e, agora, também um curso de Es-
pecialização em Fitossanidade dos Citros - ExpertCitrus.
Abordando o manejo das principais pragas e doenças
dos citros, os programas são gratuitos e voltados para pro-
fissionais que atuam ou desejam atuar na citricultura.
Mais informações sobre o processo seletivo 2022 em:
fundecitrus.com.br/mestrado

4 REVISTA
Não tem nada igual.

O fungicida da
Albaugh para
a citricultura
do Brasil.

REVISTA 5
NOTAS
VALMIR CAMPOS

INOVAÇÃO

Projeto de
inteligência
computacional
pretende facilitar a
contagem de frutos
nas laranjeiras
O Fundecitrus e a Embrapa
Informática Agropecuária es-
tão trabalhando em um projeto
para contar automaticamente
os frutos presentes em pés de
laranja por meio de inteligência
computacional, o eContaFruto.
Iniciada em 2019, a pesqui-
sa está desenvolvendo tecnolo-
gia de ponta para identificação
e contagem dos frutos verdes a
partir de imagens das árvores
no campo, feitas antes da derri-
COOPERAÇÃO ça. O projeto está em fase de re-
Parceria entre SAA e Fundecitrus finamento da metodologia, fa-
zendo uso dos dados coletados
fortalece a citricultura em SP em 2021, e a validação será feita
com base na próxima derriça,
realizada em 2022.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) de São Paulo e o Funde-
A parceria busca, a longo
citrus firmaram acordo para estimular o desenvolvimento sustentável da citricul-
prazo, contribuir com a obten-
tura e fortalecer o setor, por meio do Projeto Citrus SP Sustentável.
ção de dados para a Pesquisa
O objetivo é transferir conhecimento para os citricultores, auxiliando no
de Estimativa da Safra (PES) do
combate às pragas e doenças dos citros, com destaque para o greening, maior
Fundecitrus.
desafio fitossanitário da citricultura mundial.

MANEJO

Aumento do alcance do Sistema de previsão da podridão floral


O Sistema de previsão da podridão floral, desenvolvido pelo Fundecitrus
em parceria com a Esalq/USP e a Universidade da Flórida, passou por uma
expansão que amplia o seu alcance, proporcionando alertas mais precisos du-
rante a florada dos citros.
Com a inclusão de mais 100 estações meteorológicas do CIIAGRO (Cen-
tro Integrado de Informações Agrometeorológicas) e de 18 estações da Coca-
mar Cooperativa Agroindustrial, parceira do Fundecitrus, a ferramenta ex-
pande sua área de cobertura também para o Paraná e conta com mais de 190
estações enviando informações e contribuindo para o manejo mais eficiente e
sustentável da podridão floral.

6 REVISTA REVISTA 6
Um novo olhar
para o amanhã:
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ATENÇÃO: ESTE PRODUTO É PERIGOSO PARA A SAÚDE HUMANA, OS ANIMAIS E O MEIO


AMBIENTE. USO AGRÍCOLA. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. CONSULTE
SEMPRE UM AGRÔNOMO. INFORME-SE E REALIZE O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS.
DESCARTE CORRETAMENTE AS EMBALAGENS E OS RESTOS DOS PRODUTOS. LEIA
ATENTAMENTE E SIGA AS INSTRUÇÕES CONTIDAS NO RÓTULO, NA BULA E NA RECEITA.
UTILIZE SEMPRE OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL.
ENTREVISTA

“Hoje, o Brasil só tem uma chance


contra o greening: controlar o
vetor, inspecionar os pomares
e remover as fontes de inóculo”,
diz Jim Graham
PARA CIENTISTA NORTE-AMERICANO, PRINCIPAL EQUÍVOCO DA FLÓRIDA, ONDE
INCIDÊNCIA DA DOENÇA É SUPERIOR A 90%, FOI TER OPTADO SOMENTE PELO
CONTROLE DO VETOR, SEM ELIMINAÇÃO DAS PLANTAS DOENTES

J
im Graham, cientista e pro- Graham pode oferecer algu- ao declínio. Em 2004/05, a Flóri-
fessor emérito aposentado do mas chaves neste momento da da colheu 151 milhões de caixas
CREC (Centro de Pesquisa e citricultura paulista e mineira, de laranja. A última estimativa do
Educação em Citros, da sigla em quando a incidência de greening USDA (Departamento de Agricul-
inglês) da Universidade da Flóri- é a mais alta desde que a doen- tura dos Estados Unidos, da sigla
da (UF), membro da Sociedade ça foi identificada no Brasil, em em inglês) é que a safra 2021/22
Americana de Fitopatologia, orga- 2004. Afinal, ele testemunhou in seja de apenas 47 milhões.
nizador das Conferências Interna- loco a recente trajetória do par- Uma dessas novas questões,
cionais de Pesquisa em Greening que citrícola da Flórida, no sudes- que não constava da primeira lis-
nos Estados Unidos e, atualmen- te dos Estados Unidos, do apogeu ta, é sobre a situação de algumas
te, Gerente de Projetos da CRDF regiões do cinturão citrícola de
(Fundação para Pesquisa e De- São Paulo e Triângulo e Sudoes-
senvolvimento em Citros, da sigla DESDE 2005, QUANDO te Mineiro. Em Limeira, Brotas
em inglês, instituição mantida O GREENING FOI e Porto Ferreira, a incidência de
pelos citricultores que apoia pes- IDENTIFICADO NA greening em laranjeiras com mais
quisas em citros), responde por de cinco anos está em 72,3%,
FLÓRIDA, A ÁREA
e-mail às perguntas enviadas por 56,8% e 46,5%, respectivamente,
PLANTADA COM
pesquisadores e pela Comunica- e já começa a inviabilizar os plan-
ção do Fundecitrus. Dias depois,
CITROS CAIU 38% E A tios novos – a incidência da doen-
atende essas equipes por chama- PRODUTIVIDADE CAIU ça nas laranjeiras com até cinco
da de vídeo e conversa gentilmen- 74%. EM 2001, A FLÓRIDA anos, também respectivamente,
te por uma hora, reforçando pon- TINHA 106 PACKING está em 32%, 27,9% e 18,7%. “Li-
tos relevantes, detalhando trechos HOUSES; EM 2016, ESSE meira, Brotas e Porto Ferreira já
antes abordados mais generica- NÚMERO DIMINUIU 75% são quase uma Flórida”, afirma.
mente e até respondendo a novas Ele explica que devido à pressão
questões. da doença ao redor das proprie-

8 REVISTA
FUNDECITRUS

relatada a detecção por PCR de


Candidatus Liberibacter asiaticus
[CLas] em psilídeos na Flórida,
mas o resultado não foi confir-
mado. Naquele momento, não
havia árvores com sintomas da
doença em Palm Beach ou na re-
gião adjacente, nos condados do
sul da Flórida. Mas em agosto de
2005, o greening foi detectado
no condado de Miami-Dade. Em
seguida, novos levantamentos
detectaram a presença da doença
em vários outros condados. Por-
tanto, é provável que o greening
estivesse presente no sul da Fló-
rida há quatro, cinco, seis anos
antes de sua detecção.

ESSE POSSÍVEL INTERVALO ENTRE


A PRESENÇA E A IDENTIFICAÇÃO
ATRAPALHOU O CONTROLE?

Devido à latência dos sinto-


mas, à extensão da incidência e
à resistência do citricultor em re-
mover fontes de inóculo, a erradi-
cação do greening na Flórida foi
dades, fica cada vez mais difícil re- minadas”, argumenta. “A Flórida rapidamente considerada impos-
novar os pomares. “Aqui [na Fló- errou. O Brasil ainda tem uma sível. Nos primeiros anos após a
rida], seis meses após o plantio, chance e uma vantagem competi- detecção, o progresso da doença
70% das árvores já estão doen- tiva se seguir o controle rigoroso”, foi lento, com baixa incidência.
tes”, relata. “Com esses níveis de analisa. “Essa é uma decisão do Porém, em vez de remover as ár-
infecção, é impossível controlar a setor”, finaliza Graham, enfático. vores doentes, as propriedades de
doença”, explica. citros optaram exclusivamente
E o que o Brasil pode aprender O GREENING FOI IDENTIFICADO NA por controlar o psilídeo.
com a Flórida? De acordo com o FLÓRIDA EM 2005, A INCIDÊNCIA DE
cientista norte-americano, a Flóri- PLANTAS DOENTES FOI CRESCENDO COMO FOI O CRESCIMENTO DA
da errou ao optar, única e exclusi- ANO A ANO E HOJE A SITUAÇÃO É DOENÇA NA FLÓRIDA?
vamente, por fazer o controle do DESESPERADORA, CORRETO?
psilídeo, inseto que transmite o De acordo com dados do la-
greening. Com isso, a doença se O psilídeo Diaphorina citri foi boratório de diagnóstico da Sou-
disseminou em poucos anos por identificado em Palm Beach em thern Gardens Citrus, em Cle-
todos os condados produtores de junho de 1998. Ele rapidamente wiston, a incidência estimada
citros. “Atualmente, não há con- se espalhou por todo o estado em em 2006 era de 0,2%. Em 2007,
trole eficiente do greening que frutas de citros e murtas comer- 1,1%. Em 2008, 3,5%. Depois,
não englobe no pacote de mane- cializadas em centros de jardi- a incidência dobrou ano a ano.
jo a eliminação de árvores conta- nagem. No começo de 1999 foi Foi de 9,9% em 2009 para 21,7%

REVISTA
REVISTA 9
ENTREVISTA

em 2010 e para 43,3% em 2011.

RENATO BASSANEZI
Embora as medidas de contro-
le do inseto transmissor tenham
sido prontamente adotada pelos
produtores, 100% dos pomares
da Flórida estavam infectados em
2013. A quantidade de psilídeos
infectivos aumentou de forma
constante e, com isso, a taxa de
transmissão acelerou o contágio,
e a doença se espalhou mais rapi-
damente do que o esperado. Isso
aconteceu porque as distâncias
que os psilídeos são capazes de
percorrer e a eficiência de trans-
missão da bactéria CLas foram
subestimadas. Isso significa que a
estratégia de controlar o psilídeo
sem eliminar as árvores doentes
foi insuficiente para impedir o
progresso da doença. Os citricul-
tores pensavam que estavam fa-
zendo um trabalho eficiente, mas milhões [R$ 917,4 milhões, na espinafre inseridos em uma árvo-
essa não era a realidade. mesma cotação]. re mantenham a eficácia por sete
a dez anos.
QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS EXISTEM PRODUTOS QUE CURAM A
DANOS CAUSADOS PELO GREENING DOENÇA? QUAL ÁREA OU ESTRATÉGIA DE
À CITRICULTURA DA FLÓRIDA? PESQUISA É MAIS PROMISSORA
Não. PARA O CONTROLE DO GREENING NO
Desde 2005, a área plantada CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO?
com citros caiu 38% e a produtivi- COMO VEM EVOLUINDO A BUSCA
dade caiu 74%. Na safra 2000/01, POR VETORES VIRAIS PARA O É preciso deixar claro que a
a Flórida tinha 106 packing hou- CONTROLE DO GREENING? resposta para esta pergunta é re-
ses [unidades de beneficiamento] ferente a áreas e estratégias para o
de citros em operação; na safra A Southern Gardens Citrus controle do greening especifica-
2015/16, esse número diminuiu vem testando há anos em campo mente no parque citrícola da Fló-
75%. O impacto sobre o pomelo o vetor CTV [vírus da tristeza dos rida, onde a situação é dramática.
foi catastrófico: o número de pac- citros] para inserção de defensi- São ações que buscam minimi-
king houses diminuiu para ape- nas de espinafre em citros e está zar os impactos. Afinal, estamos
nas três em 2019. se aproximando de aprovações falando de um cinturão citrícola
regulatórias para este pesticida em que 100% dos pomares têm a
E QUANTO FOI INVESTIDO biológico. Uma vantagem dessa doença e mais de 90% das árvo-
ATÉ AGORA EM PESQUISAS estratégia é a seguinte: uma vez res estão contaminadas. O estrago
RELACIONADAS AO GREENING? que a árvore obtém o vetor que aqui na Flórida já está feito.
expressa a defensina, ela é conti-
Nos Estados Unidos, US$ nuamente produzida. A inserção ENTENDIDO. COMECEMOS PELO
1,35 bilhão [R$ 7,50 bilhões, pode ser feita em mudas ou em CURTO PRAZO.
na cotação R$ 5,56 para 1 dólar árvores já no campo. Espera-se
americano]. Na Flórida, US$ 165 que as defensinas e peptídeos do No curto prazo, a CRDF vai

10 REVISTA
XXXXXXXXXXXXXXX

muitas empresas para o contro- genes necessários para a infecção


le do greening, possam ser apli- por CLas. O interessante desse
cados por pulverização, injeção, processo é que ele não insere ge-
vetor CTV ou genes transferidos nes estranhos na árvore. A planta
permanentemente para as árvores resistente ao greening resultan-
[plantas geneticamente modifica- te da deleção pelo processo de
das ou OGM]. Devido ao modo edição gênica, em que o CRISPR
de ação e aos custos, alguns pep- é o mais promissor, não é consi-
tídeos são mais compatíveis a derada OGM nos EUA, nem no
determinados métodos de aplica- Canadá, Brasil e Argentina, mas
ção. E algumas estratégias podem ainda é na União Europeia [essa
ser sobrepostas. Por exemplo: normativa está em revisão na
antes que plantas geneticamente UE]. A principal limitação hoje é
modificadas sejam produzidas, encontrar os genes da laranjeira
os peptídeos podem ser pulveri- necessários para a infecção, disse-
zados ou injetados nas árvores no minação e indução da doença por
campo. O vetor CTV e as árvores CLas. Sem identificá-los, não há
geneticamente modificadas pro- como empregar essa técnica.
duzidas em viveiro evitam a ne-
cessidade de aplicações contínuas QUE RECOMENDAÇÕES VOCÊ DARIA
por pulverização ou injeção. Este AOS CITRICULTORES BRASILEIROS
é um cenário de médio prazo, há PARA O CONTROLE DO GREENING?
fomentar o avanço dessas ferra- diversas possibilidades, nada ain-
mentas: reguladores de cresci- da exatamente concreto. Só existe uma opção para os
mento vegetal, telas de proteção citricultores de São Paulo e Minas
individual [IPCs] para árvores FINALMENTE, E NO LONGO PRAZO? Gerais: controle do psilídeo, ins-
em pomares novos e manejo da peção dos pomares e eliminação
deficiência de zinco e outros nu- Uma nova tecnologia, conhe- de plantas doentes. E isso tem de
trientes. Os resultados recentes e cida como CRISPR [conjunto de ser feito nas fazendas e no entor-
ainda preliminares mostram que repetições palindrômicas curtas no delas. Quando essas práticas,
o uso de ácido giberélico [GA] interespaçadas regularmente, da dentro e fora das propriedades
aumenta em 34% o rendimento sigla em inglês], permite a intro- de citros, são feitas com rigor, a
das árvores afetadas. Já os brassi- dução de pequenas deleções nos produção de citros é economica-
nosteroides [HBr] podem atrasar mente sustentável em áreas cer-
o desenvolvimento do greening. cadas por greening endêmico. A
Em relação aos IPCs, as árvores ENQUANTO OUTRAS detecção de árvores infectadas por
cobertas chegam a permanecer 30 MEDIDAS MAIS EFICIENTES greening e a remoção delas no
meses livres de contaminação. De NÃO SÃO DESENVOLVIDAS, momento adequado dependem
novo: são medidas paliativas, não O CONTROLE RIGOROSO necessariamente de inspeções fre-
há regiões na Flórida sem ocor- DO PSILÍDEO, A DETECÇÃO quentes nos pomares. Enquanto
rência ou com baixa ocorrência outras medidas mais eficientes
PRECOCE DE PLANTAS
da doença, como acontece em não são desenvolvidas, o controle
DOENTES, QUE DEPENDE DE
São Paulo e Minas Gerais. intensivo do vetor, a detecção pre-
INSPEÇÕES FREQUENTES coce de plantas doentes e a remo-
E NO MÉDIO PRAZO? NOS POMARES, E A ção de fontes do inóculo são as
ELIMINAÇÃO DELAS SÃO únicas estratégias que funcionam
Existe a expectativa de que os AS ÚNICAS ESTRATÉGIAS na luta para reduzir a dissemina-
peptídeos antimicrobianos, que QUE FUNCIONAM ção do greening e manter a pro-
estão sendo desenvolvidos por dutividade dos pomares.

REVISTA
REVISTA 11
LEVANTAMENTO

Avanço do
greening
é ameaça real
ao cinturão
citrícola
AUMENTO DA INCIDÊNCIA MÉDIA, SALTO EM REGIÕES QUE
MANTINHAM NÍVEIS BAIXOS E CRESCIMENTO EM POMARES JOVENS
INDICAM QUE A DOENÇA COMEÇA A SAIR DO CONTROLE

Consulte
o relatório
completo

12 REVISTA
PERCENTUAL DE LARANJEIRAS COM GREENING NO CINTURÃO CITRÍCOLA
30 26,52

25 22,76
Árvores com sintomas (%)

21,61
20,52
18,87 17,88
20 22,37
20,87
15 18,15 19,02
16,92 16,73
10

0
2016 2017 2018 2019 2020 2021

Incid. Levantamento Incid. Reestimada*

*Desconsiderando as novas mudas plantadas e incluindo a estimativa de árvores eliminadas por greening no ano anterior

O
levantamento anual rea- cresceu consideravelmente em sequentemente, os prejuízos aos
lizado pelo Fundecitrus regiões que mantinham baixas citricultores já são consideráveis,
sobre a incidência de incidências [Avaré e Itapetinin- principalmente nas regiões com
greening mostrou que 22,37% das ga], atingiu índices alarmantes maiores incidências, que contabi-
árvores do cinturão citrícola de em outros locais [Limeira, Brotas lizam alta perda de plantas e que-
São Paulo e Triângulo/Sudoeste e Porto Ferreira] e é extremamen- da de frutos, redução da produti-
Mineiro estão doentes, o que re- te preocupante nos pomares jo- vidade e dificuldade de controle
presenta um aumento de 7,2% em vens, o que ameaça a renovação dos pomares jovens. No entanto,
relação a 2020. e ampliação dos plantios e até a situação pode se agravar ainda
Apesar de ser o maior índice mesmo a manutenção da citri- mais se não houver a conscienti-
desde a identificação da doença cultura em São Paulo e Minas zação da seriedade do cenário e o
no Brasil, em 2004, e o quarto Gerais”, afirma. comprometimento com as medi-
ano consecutivo de crescimento, Pela primeira vez, o trabalho das capazes de alterá-lo”, aponta
o presidente do Fundecitrus, Lou- fez uma segunda projeção para o Monaco. “O greening não admite
rival Carmo Monaco, destaca que greening, desconsiderando o plan- rigor mediano. É urgente frear a
a melhor forma de compreender a tio de novas mudas e incluindo a tendência de aumento da doença
presença e a gravidade da doença estimativa de plantas doentes eli- e reverter a situação. Somente a
é analisá-la regionalmente (veja os minadas ao longo de 2020, com- união do setor e a adesão de to-
mapas nas págs. 14 e 15). ponentes que “diluem” a incidên- dos ao controle rigoroso é capaz
“Os dados são um verdadei- cia, que chegaria a 26,52%. de reduzir a incidência e as per-
ro alerta para o setor: o greening “Os danos à produção e, con- das”, enfatiza.

REVISTA 13
LEVANTAMENTO

EVOLUÇÃO DO GREENING
TRIÂNGULO MINEIRO AO LONGO DOS ANOS
0,0

VOTUPORANGA Os mapas mostram a evolução do greening nas 12


0,1
regiões do cinturão citrícola. Ao longo dos anos, é
SJR PRETO
0,63 BEBEDOURO
2,43
ALTINÓPOLIS
5,65
possível observar o surgimento de regiões mais críticas,
em tons mais escuros
MATÃO P. FERREIRA
9,78 10,31
DUARTINA BROTAS
4,49 22,53 LIMEIRA
39,48
AVARÉ
1,09

2012 ITAPETININGA
0,14
2015
TRIÂNGULO MINEIRO
0,08

VOTUPORANGA
0,01

SJR PRETO
3,34 BEBEDOURO ALTINÓPOLIS
7,32 3,70

MATÃO P. FERREIRA
19,87 35,25
DUARTINA BROTAS
TRIÂNGULO MINEIRO 13,73 43,47 LIMEIRA
0,00 43,12
AVARÉ
VOTUPORANGA 4,36
1,96

SJR PRETO ITAPETININGA


3,74 BEBEDOURO ALTINÓPOLIS 2,05
6,78 10,12

MATÃO P. FERREIRA
18,32 34,01
DUARTINA BROTAS
32,78 58,16 LIMEIRA
39,48
AVARÉ
10,76

2018 ITAPETININGA
1,73
TRIÂNGULO MINEIRO
0,14

VOTUPORANGA
0,05

SJR PRETO
5,32 BEBEDOURO ALTINÓPOLIS
9,98 12,59

MATÃO P. FERREIRA
Eram duas regiões críticas, hoje 9,77 37,84
são cinco; no Sudoeste, para onde DUARTINA
26,15
BROTAS
LIMEIRA
50,40
a citricultura migrou, a doença 61,75
AVARÉ
cresceu de 1,09% para 29,41% 29,41
em Avaré, e de 0,14% para 4,25%
em Itapetininga 2021 ITAPETININGA
4,25

14 REVISTA
MAPA DE RISCO
Dentro de cada região, existem diferentes realidades quanto ao risco que o greening
representa para o controle das laranjeiras já existentes e para a implantação de novos pomares,
o que levou à divisão do cinturão citrícola em 21 novas regiões

BEB, ALT, JBO, NOV e SOR:


TMG, VOT, SJO, BAR Regiões com incidência
e LIN: Regiões com média e tendência de
menores incidências aumento da doença
de greening. Clima
TMG
quente e mais seco
RISCO MÉDIO/ALTO
é menos favorável
ao desenvolvimento
do psilídeo e à ALT
disseminação da BAR
VOT SJO
doença

RISCO MUITO BEB LIM, PFE, BRO e


JBO BOT: Os maiores
BAIXO E BAIXO NOV índices estão nessas
ITA
PFE regiões. Elas tiveram
MAT
LIN as maiores taxas de
BAU queda de frutos por
BRO
LIM greening em 2020 e
MAT: O controle interno SCR altas porcentagens
da doença e do psilídeo BOT de plantas jovens
e as ações de manejo AVA contaminadas. Não se
externo têm sido feitas SOR recomenda o plantio
com rigor pela maioria nessas regiões, a não
dos produtores e são ITG ser que a propriedade
responsáveis pela CBO não tenha vizinhos com
redução da incidência citros ou esteja dentro
de greening em Matão, de um grupo de manejo
única região com queda ITA, BAU, SCR e AVA: Nestas regiões o risco é alto. regional do greening
O manejo interno e externo do greening deve ser
RISCO MÉDIO reforçado. Escolher bem a área para novos plantios: sem RISCO
pomares de citros próximos ou com fazendas dentro de MUITO ALTO
um grupo de manejo regional do greening

RISCO ALTO

ITG e CBO: Municípios com menos


áreas citrícolas e menos incidência
TMG - Triângulo Mineiro de greening. O clima mais frio é
VOT - Votuporanga ALT - Altinópolis
menos favorável ao psilídeo
BEB - Bebedouro PFE - Porto Ferreira BAU - Bauru
BAR - Barretos LIM - Limeira LIN - Lins RISCO MUITO
SJO - São José do Rio Preto AVA - Avaré ITA - Itápolis BAIXO E BAIXO
JBO - José Bonifácio BOT - Botucatu NOV - Novo Horizonte
MAT - Matão SOR - Sorocaba ITG - Itapetininga
BRO - Brotas SCR - Santa Cruz do Rio Pardo CBO - Capão Bonito

REVISTA 15
LEVANTAMENTO

FOTOS: FUNDECITRUS

EXISTE CONHECIMENTO SUFICIENTE PARA CONTROLAR O GREENING


O gerente-geral do Fundeci- ção do manejo”, afirma. lhados constantemente e novas
trus, Juliano Ayres, reforça que, Estudos do Fundecitrus e de alternativas sendo disponibili-
como ainda não há cura para o outras instituições já comprova- zadas aos citricultores e incor-
greening, seguir o pacote de ma- ram a efetividade das medidas poradas no campo, mas infeliz-
nejo integrado desenvolvido e de controle e que é mais vanta- mente não existe uma ‘fórmula
aprimorado ao longo dos anos é joso e econômico evitar o gree- mágica’ ou um ‘produto mila-
o único caminho. ning do que conviver com ele groso’. Onde todas as recomen-
“Estamos vendo que muitos (leia na pág. 28). Uma projeção dações de manejo são seguidas
citricultores estão com enor- da instituição revela que sem as rigorosamente, complementan-
mes dificuldades de controlar a medidas de manejo adotadas do-se, a doença está sendo bem
doença, mas o pacote de manejo desde 2004, a incidência no cin- controlada e até mesmo dimi-
existe e é eficiente, o problema é turão citrícola já seria semelhan- nuindo, mesmo que o clima seja
que, para reduzir custos, ele não te à da Flórida (EUA), superior favorável, como é o caso da re-
é aplicado com rigor, de manei- a 90%. gião de Matão e de diversas pro-
ra correta e integrada”, pontua. “Muito já foi descoberto so- priedades”, exemplifica (veja a
“A redução do greening será pro- bre o greening e as pesquisas evolução das informações sobre
porcional à adesão dos citricul- seguem em andamento, com re- o greening e técnicas de manejo
tores e à intensidade da realiza- sultados promissores comparti- nas págs. 34 a 36).

16 REVISTA
POR QUE A INCIDÊNCIA ESTÁ AUMENTANDO?
O greening apresenta tendência de por sua vez, favoreceram a reprodução do
crescimento no cinturão citrícola – em psilídeo e sua dispersão.
2021, a doença só não aumentou nas re- Outro ponto decisivo para o aumento
giões do Triângulo Mineiro, Votuporan- do greening foram as falhas no manejo
ga e Matão –, o que é resultado de uma do psilídeo dentro das fazendas, que re-
combinação de fatores. duziram a eficiência de controle da doen-
Um dos principais pontos é o aumen- ça. Dentre os erros estão o uso excessivo
to da não eliminação de plantas doentes e contínuo de inseticidas do grupo dos
nos pomares comerciais, especialmente piretroides, que além de apresentar me-
de árvores adultas em produção. Este nor período de controle, pode selecionar
cenário, associado a um controle inade- populações de psilídeo resistentes; falhas
quado ou insuficiente do psilídeo, per- na cobertura de aplicação de produtos
mitiu o aumento da população do inse- em pomares recém-plantados (pulveriza-
to dentro das fazendas. dor muito distante das plantas) e adultos
As condições climáticas de 2020 tam- (falhas de cobertura principalmente no
bém contribuíram: as chuvas observadas topo da árvore); e intervalos de aplicação
até abril e a estiagem e as altas tempe- longos demais, sobretudo nos períodos
raturas de maio ao início de novembro, de brotação, quando devem ser de no
combinadas à poda de pomares muito máximo sete dias devido ao rápido cres-
adensados e à irrigação no longo período cimento dos tecidos novos dos brotos
seco, induziram uma maior frequência (leia mais sobre as causas para o aumen-
de brotações durante todo o ano, que, to do greening na pág. 22).

QUAIS SÃO OS IMPACTOS?


Os efeitos do avanço do greening já são perceptíveis, principalmente
nas regiões com maiores incidências:
Aumento da eliminação de Aumento da dificuldade
árvores e pomares de controle da doença em
pomares jovens, o que contribui
Das 16,8 milhões de laranjeiras
para a não renovação dos
eliminadas em 2020, estima-se que 8,5
pomares nas regiões de maior
milhões foram por causa do greening.
risco e o envelhecimento do
Dessas, 92% estavam nas regiões de
cinturão citrícola, porém com
maior incidência (Limeira, Brotas, Porto
menor longevidade produtiva
Ferreira, Avaré e Duartina)

Redução da produção e aumento Frutos de menor qualidade e


da queda prematura de frutas alteração do sabor do suco
Após cinco anos do aparecimento Mais de 45% das pessoas detectam
dos primeiros sintomas, uma planta alteração de sabor do suco (mais
adulta doente produz menos de 30% ácido e amargo) quando pelo menos
de sua capacidade. As regiões com 25% dos frutos vêm de plantas com
maiores incidências apresentaram as greening, de acordo com estudo
maiores taxas de queda por causa do do Laboratório de Pesquisa em
greening na safra 2020/2021 Horticultura do USDA

REVISTA 17
LEVANTAMENTO

REGIÕES Limeira, Brotas, Porto Ferrei-


ra, Avaré e Duartina, que con-
outro lado, nas regiões com me-
nor incidência de greening, as ta-

MAIS
centram 51% das laranjeiras do xas de queda por causa da doença
cinturão, são as regiões mais foram inferiores a 0,1%.
afetadas pelo greening. Das es- Altas incidências de greening

AFETADAS: timadas 8,5 milhões de árvores


eliminadas por greening em
também dificultam o controle de
plantios jovens e, em muitos ca-
2020, 92% estavam nessas cin- sos, inviabilizam a renovação dos
PERDA DE co regiões.
Elas também apresentaram as
pomares, que representam a conti-
nuidade da cultura – grande parte
PLANTAS, QUEDA maiores taxas de queda de frutos das laranjeiras com até cinco anos
por causa do greening na safra plantadas nessas regiões já estão
DE FRUTOS E 2020/2021. Na região de Limeira, doentes em 2021: 32% em Limei-
a taxa de queda por greening foi ra, 27,9% em Brotas, 18,7% em
CONTAMINAÇÃO DE de 9,85% (46,7% da queda to- Porto Ferreira, 11,6% em Avaré e

POMARES JOVENS tal de frutos); em Brotas, 13,09%


(39% do total); em Porto Ferreira,
6,1% em Duartina, enquanto nas
demais regiões do cinturão o nú-
6% (30,4% do total); em Duarti- mero de pomares jovens contami-
na, 6,65% (24,3% do total). Por nados não ultrapassa os 10%.

QUEDA DE FRUTOS POR GREENING NA SAFRA 2020/21

20
18
Taxa de queda por greening (%)

16
BRO
14
12 LIM
10
8 DUA
PFE
6
MAT
4 AVA
BEB
SJO ALT
2 ITG
VOT
-
TMG
0 10 20 30 40 50 60
Incidência de plantas doentes (%) em 2020

VOT: VOTUPORANGA | TMG: TRIÂNGULO MINEIRO | SJO: SÃO JOSÉ DO RIO PRETO | ITG: ITAPETININGA | BEB: BEBEDOURO
MAT: MATÃO | ALT: ALTINÓPOLIS | AVA: AVARÉ | DUA: DUARTINA | PFE: PORTO FERREIRA | BRO: BROTAS | LIM: LIMEIRA

18 REVISTA
“As altas incidências de gree- sas cinco regiões: elas concentram lada de outros pomares num
ning em pomares com mais de 50,8% dos pomares com até cin- raio mínimo de 10 quilômetros
cinco anos, de até cinco anos e co anos”, pontua o pesquisador. ou que as propriedades vizinhas
em formação [até dois anos] de- Quanto mais jovem a plan- dentro deste raio adotem o ma-
monstram a dificuldade de con- ta for infectada pela bactéria do nejo realmente rigoroso.
trole da doença em pomares jo- greening, mais rápida é a evolu- “Muitas vezes, em situações
vens quando se tem altos índices ção da severidade dos sintomas de alto risco, a melhor estratégia
em pomares mais velhos e o con- na copa e mais rápida é a perda é protelar o plantio e adotar o
trole do psilídeo não é realizado do seu potencial produtivo, o que ‘vazio sanitário’, ou seja, espe-
adequadamente, permitindo que é irreversível. rar a eliminação dos pomares
o inseto se reproduza e se desen- O gerente-geral do Funde- contaminados e, consequente-
volva em árvores doentes e depois citrus, Juliano Ayres, destaca a mente, a redução das fontes de
transmita a bactéria para as árvo- necessidade da adoção de medi- inóculo da doença para voltar a
res sadias do mesmo talhão e de das drásticas em Limeira, Brotas, plantar”, diz Ayres. “Essa estra-
talhões vizinhos”, explica o pes- Porto Ferreira, Avaré e Duartina, tégia foi adotada na região de
quisador do Fundecitrus Renato onde o risco de implantação de Matão num passado recente e
Bassanezi. “A situação fica ainda novos pomares é alto ou muito deu certo. É um exemplo a ser
mais grave pela grande quantida- alto: ela deve ser evitada, a não seguido em circunstâncias críti-
de de plantas jovens presente nes- ser que a propriedade esteja iso- cas”, complementa.

INCIDÊNCIA DE GREENING EM POMARES JOVENS E ADULTOS EM 2021

72,3
Incidência de laranjeiras com

56,8
sintomas de greening

46,5

34,8 35,9
32,0
27,9

18,7
15,2
12,6 11,6
10,3 9,9
7,0 6,1 6,1
4,5 2,6 3,8
0,3 0,1 2,0
0,1 0,0
VOT TMG SJO ITG BEB MAT ALT AVA DUA PFE BRO LIM

0 a 5 anos > 5 anos

VOT: VOTUPORANGA | TMG: TRIÂNGULO MINEIRO | SJO: SÃO JOSÉ DO RIO PRETO | ITG: ITAPETININGA | BEB: BEBEDOURO
MAT: MATÃO | ALT: ALTINÓPOLIS | AVA: AVARÉ | DUA: DUARTINA | PFE: PORTO FERREIRA | BRO: BROTAS | LIM: LIMEIRA

Regiões com maiores incidências em pomares adultos têm maiores incidências em pomares jovens

REVISTA 19
LEVANTAMENTO

A NÃO ELIMINAÇÃO DE ÁRVORES DOENTES


DIFICULTA O CONTROLE NOS POMARES JOVENS
A diminuição da prática de erradicar ampliar a área plantada“, adverte.
plantas doentes é um dos pontos res- O gerente-geral do Fundecitrus, Ju-
ponsáveis pelo aumento do greening. liano Ayres, enumera as razões para

FUNDECITRUS
“Plantas doentes são fontes de evitar a manutenção de árvores doentes
contaminação e quando mantidas no nos pomares, principalmente jovens e
pomar, o controle precisa ser extre- em locais com baixa e média incidên-
mamente rigoroso, com intervalos de cias: a planta doente não pode ser cura-
aplicação que impeçam que o psilídeo da e, ao longo do tempo, perderá capa-
se desenvolva nas brotações e adquira cidade produtiva e produzirá frutos de
a bactéria, tornando-se apto a conta- pior qualidade para suco; é uma fonte
minar as árvores ao redor", explica o de inóculo permanente; e o contro-
pesquisador Renato Bassanezi. “Por- le inadequado do psilídeo em talhões
tanto, quanto maior a presença de com plantas doentes possibilitará sua
plantas contaminadas no pomar, mais reprodução e aumentará a frequência
a citricultura fica dependente do con- de insetos infectivos, além de aumentar
trole químico do vetor", analisa. a pressão sobre talhões vizinhos.
O aumento da incidência de gree- “Quando se deixa de eliminar plan-
ning em plantas de seis a dez anos e tas doentes, há a falsa impressão de
mais de dez anos pelo quinto ano ganho no curto prazo, mas a prática
consecutivo mostra que a prática de pode levar à inviabilidade de renova-
não erradicar está aumentando entre ção de pomares no médio prazo”, pon-
as plantas mais velhas e produtivas. O tua. “Em locais com baixas incidências,
levantamento mostrou ainda que os pode levar a uma mudança do cenário,
pomares jovens são cada vez mais afe- mesmo com clima menos favorável.
tados, com um aumento de 50% em Nesses locais é extremamente indicado
plantas de até cinco anos, acumulando seguir erradicando”, orienta.
incidência de 10,21%. A recomendação é intensificar
A doença também aumentou 10% as ações de manejo interno e exter-
em grandes propriedades, chegando a no. Dentro das propriedades, adotar
15,4% nos pomares com mais de 100 maior rigor no controle do psilídeo
mil plantas, que reúnem 65% das la- e na eliminação de plantas doentes.
ranjeiras do cinturão, indicando que es- Ao redor das fazendas, maior rigor
sas fazendas também estão mantendo na substituição de plantas de citros e
cada vez mais plantas doentes. murtas em quintais e controle do psi-
“A não erradicação e a alta presen- lídeo ou eliminação de pomares mal
ça de plantas sintomáticas já dificulta o manejados ou abandonados.
controle da doença em pomares jovens. “Estas ações têm se mostrado efetivas
Podemos dizer que a situação é alar- e com grande relação custo-benefício e
mante e que essa alta incidência cria um já levaram à diminuição do greening em
cenário ainda mais dramático para os fazendas em diversas regiões do cinturão
próximos anos, onde pode haver ainda citrícola, inclusive onde o clima é alta-
mais dificuldade de renovar pomares e mente favorável à doença”, afirma.

20 REVISTA
NÚMEROS DO GREENING
INCIDÊNCIA POR IDADE 30,57
28,59
26,26

Plantas sintomáticas (%)


20,35 20,52
19,21
16,32

11,36

6,50
4,30
2,46 1,69
2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021
0 a 2 anos 3 a 5 anos 6 a 10 anos Acima de 10 anos
A incidência cresceu pelo quinto ano consecutivo nos pomares de 6 a 10 anos
e acima de 10 anos devido a não eliminação de plantas sintomáticas, o que
dificultou o controle e levou ao aumento nos pomares de 0 a 5 anos

INCIDÊNCIA POR TAMANHO DA PROPRIEDADE


47,49
44,07
30,72
Plantas sintomáticas (%)

32,47
31,10 30,83

21,50
18,93
16,17
14,06
12,89
10,23

2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021
Até 10 mil árvores 10,1 a 100 mil árvores 100,1 a 200 mil árvores Acima de 200,1 mil árvores
(até 21 hectares (21,1 a 210 hectares (210,1 a 420 hectares (acima de 420 hectares
estimados) estimados) estimados) estimados)

Propriedades menores apresentam as maiores incidências, devido ao chamado


“efeito de borda”, mas houve aumento da doença em grandes propriedades

INCIDÊNCIA POR SEVERIDADE


12,52
Plantas sintomáticas (%)

7,91
7,48

4,94
4,22 4,22 4,36
3,88 3,66 3,44
2,83 2,80

2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021 2019 2020 2021
Nível 1 - Estágio Nível 2 - Estágio Nível 3 - Estágio Nível 4 - Estágio
inicial intermediário severo gravíssimo
A maior parte das árvores doentes possui menos de 25% da copa tomada por
sintomas (nível 1) e houve aumento significativo de árvores nessa faixa, ou seja, com
novas infecções, consequência da alta população de psilídeos observada em 2020

REVISTA 21
MANEJO

MANUTENÇÃO DE
PLANTAS DOENTES NOS
POMARES SEM CONTROLE
ADEQUADO
FALHAS NO
CONTROLE INTERNO
DO PSILÍDEO
dose inadequada
de inseticida

NÃO intervalo longo


ELIMINAÇÃO CAUSAS DO de aplicação dos
DE POMARES produtos durante o
ABANDONADOS AUMENTO DO fluxo vegetativo
GREENING uso contínuo de
inseticidas do mesmo
modo de ação

falhas de cobertura
de pulverização
ALTA POPULAÇÃO de acordo com o
DE PSILÍDEOS EM tamanho da planta
2020 E 2021

Aumento do greening:
causas e recomendações
APESAR DA DOENÇA ATINGIR MAIOR PATAMAR DESDE SUA IDENTIFICAÇÃO NO
BRASIL, É POSSÍVEL REVERTER A SITUAÇÃO NO CINTURÃO CITRÍCOLA COM A
ADOÇÃO DE MEDIDAS RIGOROSAS DE MANEJO

22 REVISTA
A diminuição da eliminação completar o seu ciclo de desen- de chuvas (> 10 mm), o produto
de plantas com greening nos po- volvimento de ovo a adulto nessa deve ser reaplicado.
mares comerciais é uma das prin- árvore, explica o engenheiro agrô- Além disso, a rotação de produ-
cipais causas para o aumento da nomo do Fundecitrus Ivaldo Sala. tos com pelo menos três diferen-
incidência média da doença e “Nas condições do estado de São tes modos de ação é fundamental
também para o agravamento da si- Paulo, durante as épocas de brota- para evitar a seleção de indivíduos
tuação na maior parte das regiões. ção, a duração do ciclo de vida de resistentes dentro de uma popula-
A planta doente não pode ser ovo a adulto é de 14 a 19 dias. Por- ção – o aumento da frequência de
curada e é uma fonte de inócu- tanto, o controle do psilídeo deve insetos resistentes na população
lo permanente no pomar. A sua ser feito em intervalos menores ou de psilídeos reduz a eficiência do
não eliminação, associada a um iguais a 14 dias para interromper produto utilizado, ocasionando
controle inadequado do psilídeo, o ciclo de vida do vetor”, orienta. diminuição do período de con-
favorece o aumento da popula- Já para evitar a transmissão trole e necessidade de reaplicações
ção de insetos infectivos dentro da doença, é necessário impedir com outros produtos, elevando os
das propriedades, aumentando a alimentação dos psilídeos nos custos de produção.
a chance de contaminação de ta- brotos das plantas. Como o pe- Portanto, não basta rotacionar
lhões vizinhos. ríodo de controle (residual) dos diferentes ingredientes ativos. A
Para evitar que uma árvore inseticidas foliares durante a bro- rotação deve ser feita com insetici-
doente seja fonte de contami- tação é de três a sete dias, o in- das de diferentes modos de ação.
nação de outras plantas, é pre- tervalo de aplicação deve ser me- Confira abaixo alguns inseticidas
ciso que o psilídeo não consiga nor ou igual a sete dias – em caso com modos de ação distintos:

MODO DE AÇÃO A
BIFENTRINA
BETA-CIUTRINA
FENPROPATRINA
ZETA-CIPERMETRINA

MODO DE AÇÃO C MODO DE AÇÃO B

FOSMETE
TIAMETOXAM
CLORIDRATO DE FORMETANATO
IMIDACLOPRIDO
MALATIONA

OUTROS INSETICIDAS (MODOS DE AÇÃO) O Guia de Controle de Pragas


QUE PODEM SER UTILIZADOS: e Doenças do Fundecitrus traz
informações detalhadas sobre
ESPINETORAM produtos (ingrediente ativo,
ALFA-CIPERMETRINA + TEFLUBEZUROM grupo químico e modo de ação),
CIANTRANILIPROLE + ABAMECTINA frequência e dose de aplicação por
ACETAMIPRID + BIFENTRINA doença, de acordo com a idade do
pomar e seguindo as atualizações
SULFOXAFLOR da ProteCitrus.
FLUPIRADIFURONE

REVISTA 23
MANEJO

ADRIANO CARVALHO

NOVO RECORDE: 2021 TEM A


MAIS ALTA POPULAÇÃO DE PSILÍDEOS
JÁ REGISTRADA
Dados do Alerta Fitossanitário do Fundecitrus demons-
tram crescimento significativo da população de psilídeos
nos últimos anos. O ano de 2020 havia registrado o maior
patamar populacional já visto, em áreas com e sem manejo.
Com o aumento de 18% das brotações de 2019 para
2020, local preferido do inseto para alimentação e reprodu-
ção, a população aumentou 83% nesse período.
Além disso, as altas temperaturas e a baixa umidade re-
gistradas ao longo do ano foram favoráveis à dispersão do
psilídeo. Esse conjunto de fatores também interferiu no au-
mento do greening em 2021 – pois os sintomas da doença
se manifestam de seis a dez meses após a infecção das plan-
tas pela bactéria transmitida pelo inseto vetor.
Em 2021, a população de psilídeo já está mais alta que a
de 2020. Com aumento de 4% das brotações até novembro
de 2021, a população do inseto teve acréscimo de 63% até
agora. Com isso, a previsão é que o greening aumente nova-
mente em 2022.
Além do clima, outros fatores contribuíram para o au-
mento populacional do psilídeo, ressalta o pesquisador do
Fundecitrus Marcelo Miranda. “Outro ponto muito impor-
tante é que algumas áreas que faziam um bom controle do
psilídeo passaram a realizar essa atividade de forma inade-
quada. Os principais problemas que observamos no campo
são a redução da frequência de aplicação e a utilização de
piretroides sem rotação com inseticidas de outros modos de
ação”, explica Miranda.

RECOMENDAÇÕES PARA LIDAR COM A ALTA POPULAÇÃO DE PSILÍDEOS:


Reduzir o intervalo entre aplicações
Utilizar o volume adequado de produtos
Preferir inseticidas de maior residual
Fazer a rotação de produtos com diferentes modos de ação
Reaplicar os produtos nas áreas de maior risco após chuvas
Intensificar as ações de manejo externo

24 REVISTA
MANEJO

COMO REVERTER A TENDÊNCIA DE AUMENTO DO GREENING

Escolha de Estratégias
áreas de menor risco de controle
para novos plantios Melhoria diferentes em
(baixa incidência de do controle função da
greening com manejo interno localização da
regional dentro de um propriedade e
raio de 10 km) região

Eliminação Ações
de pomares externas de Aplicação
com alta redução de da nova
incidência e inóculo e legislação do
sem controle controle do greening
do psilídeo psilídeo

ADOÇÃO DE CONJUNTO DE MEDIDAS POR TODOS OS CITRICULTORES


É O CAMINHO PARA MUDAR O QUADRO ATUAL
Apesar do crescimento do gree- citricultores fora das fazendas são que permitiram desenvolver um
ning, a boa notícia é que é possí- essenciais e eficazes para combater pacote de medidas a serem ado-
vel reverter a situação – a região de a doença. Nossos estudos indicam tadas. “O que precisamos é que
Matão é um exemplo disso. Em que a adoção do controle interno e todos os citricultores tenham esse
2021, a doença diminuiu nova- externo do greening tem potencial conhecimento e apliquem essas
mente na região (de 14,47%, em de reduzir, a cada ano, de dois a medidas”, complementa.
2020, para 9,77%). três pontos percentuais a incidên- As recomendações de manejo
Mesmo quando se excluiu os cia na região, o que é extremamen- também devem ser adequadas
plantios novos e são incluídas as te significativo”, completa. e adaptadas para a situação de
árvores erradicadas por greening O pesquisador diz que, com cada região e propriedade, ressal-
em 2020 na estimativa, também base em todo o conhecimento ta o gerente-geral do Fundecitrus,
foi observada queda contínua da acumulado, há informações su- Juliano Ayres. “Devemos conside-
incidência do greening na região, ficientes para detectar as plantas rar não só a situação da região do
evidenciando que é possível con- doentes, monitorar o psilídeo, cinturão citrícola, se é de alta ou
trolá-lo quando todas as medidas realizar aplicações de inseticidas baixa incidência, mas também a
recomendadas são adotadas pela com produtos, doses, volume de região em que a propriedade está
maior parte dos citricultores, afir- calda e intervalos adequados em inserida, se é um local mais isola-
ma o pesquisador do Fundecitrus cada estágio de desenvolvimen- do, se existem vizinhos próximos
Renato Bassanezi. to da cultura e fazer o manejo e se eles também estão realizando
“O alto rigor no controle do diferenciado na borda da pro- o controle adequadamente. Isso
psilídeo dentro dos pomares e as priedade, entre outras ações que tudo orientará o rigor no manejo
ações conjuntas realizadas pelos orientam o controle da doença e da doença”, explica.

26 REVISTA
Envidor® é o acaricida que você já
conhece e agora é exclusividade
GOWAN que combate o vetor da
leprose dos citros, responsável pela
redução drástica da produção e da
vida útil do pomar.

Menos aplicações
para melhor controle

Combate todas as fases


do ácaro-da-leprose

Maior período residual


do mercado: controle do
vetor por mais tempo

Desenvolvimento dos ovos


e fertilidade das fêmeas
severamente afetados

ATENÇÃO: ESTES PRODUTOS SÃO PERIGOSOS À SAÚDE HUMANA, ANIMAL E AO MEIO AMBIENTE. LEIA ATENTAMENTE E SIGA RIGOROSAMENTE AS
INSTRUÇÕES CONTIDAS NO RÓTULO, BULA E RECEITA. OBSERVE RESTRIÇÕES ESTABELECIDAS POR ÓRGÃO COMPETENTE NO ESTADO, DISTRITO
FEDERAL E MUNICÍPIO. UTILIZE SEMPRE OS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. NUNCA PERMITA A UTILIZAÇÃO DO PRODUTO POR MENORES
DE IDADE. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO.

gowan.com.br | 11 4197-0265
/gowanbrasil
MANEJO

CUSTOS DA PREVENÇÃO X CONVÍVIO COM A DOENÇA


Estudos recentes realizados por pes- cada um. O outro estudo considerou a Acesse as pesquisas
quisadores dos Estados Unidos nas re- adoção e a não adoção de medidas de completas:
giões com maiores incidências de gree- controle da doença em pomares de po-
ning, Flórida e Texas, demonstraram melos (jovens e adultos).
que o controle preventivo da doença é Os resultados indicaram que a
mais vantajoso economicamente que aplicação preventiva de inseticida é
os custos envolvidos para a atenuação o método mais vantajoso para miti-
de sintomas ou tentativa de cura e ma- gar o impacto do greening e que as
nutenção da produção quando se con- medidas de controle retardam o seu
vive com a doença. avanço. Flórida
Uma das pesquisas avaliou o manejo “Portanto, a adoção de um con-
do greening por meio de diversos mé- junto de medidas preventivas para
todos (antibióticos, inseticidas, nutrição o controle da doença a longo prazo
foliar, termoterapia e controle biológico mostrou-se, além de fundamental,
com Tamarixia radiata) em relação aos mais vantajosa economicamente para
efeitos na produção e qualidade dos fru- reduzir o impacto do greening na citri-
tos, comparando o custo-benefício de cultura”, conclui Bassanezi. Texas

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DE MANEJO DO GREENING DE
2021 E DEMAIS VÍDEOS SOBRE
A DOENÇA

28 REVISTA
NA HORA H DA
PROTEÇÃO DO
Elimina os ácaros
rapidamente baixando sua
população com residual
prolongado

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Excelência no controle
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REVISTA 29
TECNOLOGIA

DRONE É NOVO
ALIADO CONTRA
O PSILÍDEO
ESTUDO INÉDITO VALIDA APLICAÇÕES
AÉREAS COM USO DA FERRAMENTA
PARA O CONTROLE DO INSETO
TRANSMISSOR DO GREENING

U
ma pesquisa inédita de- O pesquisador do Fundecitrus pode buscar uma empresa espe-
senvolvida pelo Funde- Marcelo Miranda, responsável cializada para adquirir um drone
citrus em parceria com pelo estudo, destaca que a alter- ou alugar o serviço.
a startup Anáhata Serviços Agro- nativa é um avanço, aliando ciên- Há perspectivas do uso tam-
nômicos comprovou a eficiência cia e tecnologia, para o controle bém para o controle de outras
do uso de drones para o controle do greening. pragas e doenças e para a aplica-
químico do psilídeo. “O uso do drone é mais uma ção de produtos biológicos. Ou-
A ferramenta vem para somar opção no manejo do psilídeo. A tro estudo já validou o uso para
esforços: é prática e permite que ferramenta pode complementar o controle biológico do psilídeo
aplicações de emergência sejam as pulverizações terrestres com (leia na pág. 32).
feitas rapidamente – em caso de tratores e substituir os aviões em
pico populacional do inseto, por algumas situações, agregando no- OPERAÇÃO 100% AUTOMATIZADA
exemplo, e de dificuldades ope- vas possibilidades ao citricultor”,
racionais para cumprir a necessi- comenta. Um tanque de pulverização
dade com pulverizadores conven- O trabalho avaliou o controle é acoplado à estrutura do drone
cionais (terrestres). Além disso, do psilídeo em pomares de dife- (quadricóptero), que possui qua-
requer menor investimento e in- rentes idades. tro discos rotativos em suas extre-
fraestrutura em relação a aviões, “Em geral, observamos que as midades, um sobre cada hélice,
beneficiando pequenos e médios aplicações foram eficazes no con- por onde o produto é aplicado
citricultores, e é uma tecnologia trole de adultos do inseto, com sobre as plantas. A operação é to-
limpa, movida a bateria, sem a mortalidade acima de 80%, prin- talmente automatizada e começa
queima de combustível fóssil, cipalmente na parte externa da com a parametrização da área a
que mitiga riscos de contamina- copa das árvores de citros”, diz. ser tratada por georreferencia-
ção aos trabalhadores envolvidos A tecnologia já está validada e mento. Por meio de um aplicati-
na aplicação. o produtor que quiser utilizá-la vo, são determinadas altura (ajus-

30 REVISTA
UTILIZAÇÃO DO DRONE NO
CONTROLE DO PSILÍDEO
Complementar aplicações terrestres
Substituir o avião (pequenas e médias
propriedades sem pista de pouso)
Faixa de borda (independente do sentido
do plantio e relevo)
Talhões específicos (com maior população
do psilídeo ou de difícil acesso)
Após períodos de chuvas intensas
Áreas vizinhas (manejo externo)

NA PRÁTICA
IMAGENS: INMIDIA DIGITAL

tada ao tamanho das árvores), Tanque de pulverização de


faixa de aplicação, velocidade do engate rápido é acoplado
voo e volume de calda (sem o ao drone
controle manual do equipamen-
to) (veja o esquema ao lado). Parametrização da área cria
A fundadora e CEO da Anáha- um mapa da fazenda
ta, Regina Hakvoort, destaca a in-
teligência envolvida no processo.
“O drone tem autonomia de
15 minutos de voo e retorna
Todas as
automaticamente para a troca
da bateria – são três: uma em
configurações
funcionamento, uma comple- necessárias são
ta para eventual necessidade e feitas por aplicativo
outra sendo carregada. As subs-
tituições da bateria e do tanque
de pulverização são feitas rapi-
damente, como em um pit stop
de Fórmula 1”, compara. “O
equipamento também respei- Drone levanta voo e
ta os princípios da tecnologia pulveriza os talhões
de aplicação de Baixo Volume indicados
Oleoso, que extrai todo o po-
tencial agronômico que o drone
pode entregar”, afirma.

REVISTA 31
TECNOLOGIA

Drone solta embalagens


oxibiodegradáveis nos pontos
previamente definidos. Elas se
abrem e as vespinhas saem
em direção à abertura, atraídas
pela luz do sol

FUNDECITRUS

CONTROLE BIOLÓGICO Vespinha parasitando a ninfa


(forma jovem do psilídeo)
DRONE FACILITA LIBERAÇÃO DE TAMARIXIA RADIATA
EM ÁREAS DE DIFÍCIL ACESSO
Em um projeto paralelo, também inédito na citricultura brasileira, o Funde-
citrus e a empresa SarDrones validaram o uso de drone para a liberação de
LEGISLAÇÃO
Tamarixia radiata, inimigo natural do psilídeo, utilizada no controle externo do
greening, em locais com plantas de citros sem manejo e murtas onde não foi Em 1º de outubro de 2021
possível a substituição por outras espécies frutíferas e ornamentais. entrou em vigor a Portaria Nº
O novo método é um aliado para a soltura da vespinha e uma alterna- 298 do Ministério da Agricul-
tiva para áreas de difícil acesso, como pomares abandonados, permitindo tura, Pecuária e Abasteci-
maior rendimento, mais segurança ao funcionário e garantia da qualidade
da liberação.
mento (MAPA), que regula-
O trabalho envolveu desde a adaptação de um novo equipamento até em- menta o uso de drones em
balagens de liberação apropriadas: o drone tem capacidade de transportar atividades agropecuárias.
176 embalagens de plástico oxibiodegradável, com 57 vespinhas cada. Essa Dentre as regras para
ação de manejo externo pode ser acompanhada por aplicativo. operação estão a necessi-
dade de registro do equi-
pamento junto ao MAPA, de
INFORMAÇÕES DO ESTUDO COM DRONE curso remoto ao piloto, de
plano de destinação de re-
PARA CONTROLE QUÍMICO DO PSILÍDEO
síduos e de distanciamento
Drone: XAG – modelo P30, série 2 2020 mínimo de 20 metros de po-
Faixas de pulverização avaliadas: 6 e 10 metros (estimativa de rendimento de voações, cursos d’água e
60 a 100 hectares/dia) matas (distância menor que
Volume de calda: 5 litros/hectare a determinada a aviões, que
Velocidade de voo: 6 metros/segundo é de 250 metros para matas
Altura do solo: ajustada de acordo com altura do pomar e faixa de pulverização e de 500 para povoações).
Idade dos pomares avaliados: 1, 4 e 12 anos
Duração média da bateria: 500 ciclos de 15 minutos (três baterias por drone)

32 REVISTA
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REVISTA 33
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PESQUISA

Conhecimento produzido e compartilhado


para o controle do greening
TRABALHOS DO FUNDECITRUS E INSTITUIÇÕES PARCEIRAS PROMOVERAM
DESCOBERTAS DECISIVAS PARA A COMPREENSÃO DA DOENÇA E PARA A CRIAÇÃO
DE UM PROTOCOLO EFETIVO DE MANEJO

D
esde a identificação do tos em parceria com os principais a instituição e o cinturão citríco-
greening no Brasil, em institutos de pesquisa do mundo, la paulista e mineiro referências
2004, o Fundecitrus ini- permitiram entender, detalhada- mundiais em seu controle. Ao lon-
ciou um trabalho intenso, em di- mente, o comportamento da bac- go dos anos, um enorme volume
versas frentes, para compreender téria Candidatus Liberibacter e do de conhecimento foi produzido e
a doença e identificar as melho- seu vetor e a evolução da doença, compartilhado com o setor e novas
res formas de controlá-la. o que levou à criação de um pa- perspectivas surgiram. Veja a seguir
Os estudos do Fundecitrus, mui- cote de manejo eficiente e tornou alguns dos principais pontos:

FOTOS: FUNDECITRUS

DETECÇÃO DE PLANTAS DOENTES


Maior número de plantas sintomáticas ocorre geralmente de seis
a dez meses após pico populacional de psilídeos, principalmente de
fevereiro a setembro, quando devem se concentrar as inspeções para
detecção e eliminação de árvores doentes

MONITORAMENTO DO PSILÍDEO
Picos da população ocorrem do final do inverno à primavera, po-
rém pode haver surtos o ano todo, ocasionados por brotações. O
monitoramento mais eficaz é feito com armadilhas adesivas amare-
las, para determinar o local e momento de chegada dos psilídeos na
propriedade e indicar a frequência de controle. A inspeção visual em
brotos, com a detecção de ninfas grandes, funciona como um indica-
dor da qualidade do controle do psilídeo

INSETICIDAS SISTÊMICOS EM PLANTAS JOVENS


Desenvolvimento de metodologia e avaliação da eficácia de apli-
cação de inseticidas sistêmicos via tronco e drench: em mudas antes
do plantio e em plantas de até três anos, protegem dos psilídeos (por
75 a 120 dias e 30 a 60 dias, respectivamente) e reduzem a inocula-
ção da bactéria

34 REVISTA
INSETICIDAS DE CONTATO PARA
O CONTROLE DO PSILÍDEO
Interferem na alimentação do psilídeo e, consequentemente, po-
dem reduzir a transmissão da bactéria. Foi determinada a eficácia,
volume de aplicação (25 a 40 mL/m3 de copa) e período de con-
trole do psilídeo no campo para aplicação foliar, dados que podem
ser consultados no Guia de Controle de Pragas e Doenças do Fun-
decitrus – a rotação de inseticidas com diferentes modos de ação é
fundamental para evitar a seleção de psilídeos resistentes aos inse-
ticidas utilizados na citricultura

APLICAÇÕES AÉREAS
Validação das aplicações por avião e, mais recentemente, por dro-
ne – entretanto, a distribuição das gotas (cobertura) por avião é mais
restrita à parte externa da copa em comparação à aplicação terrestre
com turbopulverizador

CAULIM PROCESSADO
Possui ação repelente e também afeta o comportamento alimen-
tar dos psilídeos. Aplicação quinzenal reduz incidência do inseto e
do greening em torno de 40%

EFEITO DE BORDA
A maior parte dos psilídeos que chega aos pomares se concentra
nos talhões de borda (faixa dos primeiros 100 a 200 m), que devem
receber aplicações mais frequentes de inseticidas. Talhões de borda
plantados no sentido paralelo à divisa apresentam menor incidên-
cia de greening que talhões plantados no sentido perpendicular

IMPORTÂNCIA DA BROTAÇÃO
Os quatro primeiros estágios de desenvolvimento das brotações
(V1 a V4) são os mais atraentes e favoráveis à alimentação e repro-
dução do psilídeo. Os brotos crescem rápido, em média 1 cm por
dia, podendo chegar a 4 cm no verão. O período de controle dos
inseticidas de contato é reduzido nas brotações. Assim, em pomares
jovens, recém-podados ou irrigados, os brotos devem ser protegidos
em intervalos não superiores a sete dias até que as folhas estejam to-
talmente expandidas. Plantas em formação apresentam mais brotos
que plantas em produção

REVISTA 35
PESQUISA

MANEJO REGIONAL DO PSILÍDEO


Aplicações coordenadas e simultâneas por produtores de uma
mesma região são mais eficientes em reduzir a população do psilí-
deo, o que levou à criação do Alerta Fitossanitário, maior sistema
de monitoramento do inseto do mundo

CONTROLE EXTERNO
A eliminação e substituição de plantas de citros doentes e murtas
por outras frutíferas e ornamentais em áreas ao redor das proprieda-
des leva à redução da população de psilídeos e de infecções primárias,
sendo bastante eficiente na redução da incidência de greening nos
pomares comerciais que mantêm um bom manejo interno. Entre as
medidas de ação externa, a eliminação e substituição de plantas de
citros por outras frutíferas é a que apresenta maior eficiência, seguida
pela aplicação de inseticidas e pela liberação de Tamarixia radiata

CONTROLE BIOLÓGICO
Estabelecimento de protocolo para a criação massal de Tamarixia
radiata e de soltura em áreas externas sem manejo para o controle
sustentável do psilídeo. Desenvolvimento de bioinseticidas à base de
fungo entomopatogênico para controle do psilídeo e outras pragas
da citricultura

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E REGIONAIS


Identificação de fatores que favorecem ou desfavorecem a inci-
dência do greening nas regiões do cinturão: as mais quentes e secas
(Norte e Noroeste) e mais fria (Itapetininga) são as menos favoráveis
à criação do psilídeo e multiplicação da bactéria. Regiões com alta
densidade de pomares são mais favoráveis à dispersão do psilídeo. Já
regiões com menor número de propriedades, menor proporção de
pequenas propriedades e com maior participação no manejo regio-
nal são mais favoráveis ao controle do inseto e da doença

NOVAS TECNOLOGIAS EM DESENVOLVIMENTO


Estudos que trarão aplicações diretas para feromônio do psilídeo); plantas repelentes ao
o manejo: práticas para a faixa de borda dos psilídeo; planta atraente e letal ao psilídeo; e
pomares (direção e densidade de plantio, vi- plantas resistentes ao greening com a busca
gor das plantas, poda como atrativo, faixa de da identificação dos genes que conferem re-
aplicação frequente de inseticidas, plantio-is- sistência em Microcitrus e Eremocitrus e sua
ca com murta e bergera, caulim processado e posterior introdução em laranjeiras.

36 REVISTA
LEVANTAMENTO

CC CVC
CVC
6,42 0,12

ESTIAGEM
CC
13,3 0,45

CC CVC
45,78 0,55

PROVOCA
TRIÂNGULO MINEIRO CC CVC
0,43 4,28

CC CVC VOTUPORANGA
CC CVC
37,99 0,57

QUEDA DO
S. J. RIO PRETO
BEBEDOURO
1,28 1,88
ALTINÓPOLIS

MATÃO CC CVC
P. FERREIRA

CANCRO
2,63 0,27
DUARTINA
CC CVC BROTAS LIMEIRA
22,93 0,00

CÍTRICO
AVARÉ
CC CVC
10,67 0,00
ITAPETININGA

CC CVC
CC CVC
2,1 0,00
2,07 0,00
APESAR DA DIMINUIÇÃO, É PROVÁVEL CC CVC
1,53 0,00
QUE A DOENÇA CONTINUE PRESENTE NAS
PROPRIEDADES E QUE NOVAS INFECÇÕES Consulte o relatório
completo para mais
OCORRAM COM O RETORNO DAS CHUVAS informações sobre a
SE NÃO HOUVER MANEJO ADEQUADO incidência de cancro
cítrico e CVC

O
cancro cítrico está presente em 15,61% dos talhões
de laranja e em 10,76% das árvores. Contrariando CVC ATINGE MENOR PATAMAR DE
a tendência de anos anteriores, há uma redução de,
respectivamente, 36% e 38% em comparação a 2020, quan-
INCIDÊNCIA: MENOS DE 0,5% DE
do a incidência foi de 24,59% de talhões e de 17,26% de PLANTAS DOENTES
plantas afetados. A CVC já foi a doença mais severa da
As regiões com maiores incidências de plantas contami- citricultura no início dos anos 2000, com
nadas são Votuporanga (45,78%) e São José do Rio Preto 46,8% de plantas doentes. Entretanto, nos
(37,99%). As menores incidências estão nas regiões de Altinó-
últimos anos, com todo o conhecimento ad-
polis (0,43%), Itapetininga (1,53%) e Porto Ferreira (1,28%).
quirido e as medidas de manejo adotadas,
A presença da doença foi menor na grande maioria das
regiões e em todos os setores, tamanhos de propriedade e
sua incidência caiu drastimamente – atual-
idades de pomar. Essa queda já era esperada devido ao cli- mente, o número é 100 vezes menor.
ma desfavorável e menor precipitação, já que a ocorrência Neste ano, a incidência média é de
de chuvas acompanhadas de ventos é a principal forma de 0,46% (contra 1,04% em 2020), com o
disseminação da bactéria dentro e entre pomares. maior valor em Altinópolis (4,28%) e o
Apesar da menor prevalência da doença nos últimos menor no Triângulo Mineiro (0,12%). Em
meses, as medidas de manejo devem continuar sendo Duartina, Matão, Brotas, Avaré e Itapeti-
adotadas, de forma mais rigorosa especialmente durante a ninga, a CVC não foi detectada.
primavera e o verão, indica o pesquisador do Fundecitrus "Isso é uma vitória que deve ser cele-
Franklin Behlau. brada. Esse é o menor índice dos últimos
“É provável que o cancro cítrico continue presente nas 20 anos e um exemplo a ser seguido no
propriedades previamente identificadas com a doença e que, manejo do greening", diz o gerente-geral
com o retorno das chuvas, novas infeções ocorram se o po- do Fundecitrus, Juliano Ayres.
mar não estiver adequadamente protegido”, pontua.

REVISTA 37
PESQUISA

Novo Laboratório de Química


fortalece pesquisa do Fundecitrus
COM APOIO DA FAPESP, ÁREA ABRIGA EQUIPAMENTO MULTIUSUÁRIO DE ALTA TECNOLOGIA
EM ANÁLISES QUÍMICAS PARA PESQUISAS SOBRE O GREENING

O
novo Laboratório de Quí- Um dos experimentos dentro trus Rodrigo Facchini Magnani.
mica do Fundecitrus foi deste projeto temático sobre a do- Além de trazer mais autono-
construído especialmente ença estuda maneiras de repelir o mia para a área de Química, o
para receber um equipamento de psilídeo a partir de compostos vo- equipamento também contribui
alta tecnologia em análises quími- láteis, ou seja, moléculas emitidas com os estudos de Biotecnologia –
cas, o cromatógrafo gasoso GC- pelas plantas. “Somos capazes de e a ciência no país como um todo
-MS/MS, concedido pela Fundação capturar os odores que são emitidos também é fortalecida visto que
de Amparo à Pesquisa do Estado de pelas plantas ou outros organismos o equipamento foi concedido na
São Paulo (Fapesp) como parte de e, com o cromatógrafo gasoso, sepa- modalidade multiusuário (EMU),
um projeto de pesquisa, em desen- ramos as moléculas e as identifica- possibilitando que pesquisadores
volvimento desde 2019, que busca mos, buscando entender quais são de outras instituições também o
aprimorar as técnicas de manejo in- atrativas e repelentes ao psilídeo”, utilizem, conforme descrito no
tegrado para controle do greening. explica o pesquisador do Fundeci- site do Fundecitrus.

VIVIANE MOURA

38 REVISTA
REVISTA 39
CLIMA

SECA, CALOR, GEADA


MEMBRO DO IPCC, PAULO ARTAXO DIZ QUE ATIVIDADES ECONÔMICAS DO
CENTRO-OESTE E SUDESTE TÊM DE SER PLANEJADAS DENTRO DESTA
NOVA REALIDADE, MAIS QUENTE, COM MENOS CHUVAS E COM MAIS
EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS

A
ARQUIVO PESSOAL
Pesquisa de Estimativa
de Safra (PES) do Funde-
citrus calcula que 1,356
milhão de laranjeiras, que não
chegaram a ser colhidas, mor-
reram na safra 2020/21 devido
à deficiência hídrica e às altas
temperaturas que acometeram
principalmente o Noroeste do
cinturão citrícola de São Paulo
e Triângulo e Sudoeste Mineiro.
O período mais crítico de es-
tresse hídrico ocorreu de maio
a outubro de 2020, variando de
55 a 145 dias consecutivos sem
chuva significativa, dependendo
da região.
De acordo com a Agência
Nacional de Águas e Saneamen-
to Básico (ANA), sete dos 14
reservatórios da bacia do Rio
Paraná adentraram o período
de estiagem em 2021 com o
menor nível desde 1999. Em cinturão citrícola, incluindo re- "A CIÊNCIA COLOCA DE
Porto Primavera (SP), na di- giões improváveis, como Triân- MODO MUITO CLARO
visa com Mato Grosso do Sul, gulo Mineiro, Bebedouro, São QUE OS EVENTOS
sempre segundo a ANA, as va- José do Rio Preto e Votuporanga. CLIMÁTICOS EXTREMOS
zões afluentes em 2021 são as Inspetores de praga de Colôm- ESTÃO AUMENTANDO
menores dos últimos 91 anos, bia (SP), na divisa com Minas EM INTENSIDADE E
ou seja, desde o início da série Gerais, relataram temperaturas
FREQUÊNCIA"
histórica, em 1910. muito baixas, próximo de 0ºC,
As geadas de julho de 2021 em madrugadas. Talhões em
atingiram praticamente todo o baixadas, ao pé de declives, e

40 REVISTA
Fonte dos dados: SPEI Global Drought Monitor (https://www.gov.br/mcti/pt-br)

Os ciclos úmidos, definidos a cada 12 meses, consideram valores positivos maiores que 0,5; normais entre 0,5 e -0,5; e
secos valores maiores que -0,5. Períodos de estiagem aumentaram no Sudeste a partir de meados da década de 1980

perto de cursos d’água ou repre- Analisando dados do SPEI


sas foram os mais impactados. (Índice Padronizado de Evapo-
Seca, calor, formação de cris- transpiração-Precipitação, da si-
tais de gelo. Estamos falando de gla em inglês) Global Drought POMAR EM BROTAS
situações pontuais ou de novos Monitor, pesquisadores do Insti- QUE VINHA SENDO
padrões? O cientista brasileiro tuto Nacional de Pesquisas Espa- CASTIGADO PELA SECA
Paulo Artaxo, integrante do Pai- ciais (INPE) concluíram, em di- E EM JULHO TEVE
nel Intergovernamental sobre vulgação de julho de 2021, que FOLHAS E FRUTOS
Mudanças Climáticas (IPCC), a quantidade de períodos secos QUEIMADOS PELA
laureado com o Prêmio Nobel aumentou 10% na região Sudes- GEADA
da Paz em 2007, diz que a ciên-
FOTOS: RODRIGO BRANDÃO
cia coloca de modo muito claro
que os eventos climáticos extre-
mos estão aumentando em in-
tensidade e frequência.
“É exatamente isso que es-
tamos observando em 2021 no
Brasil e em várias outras regiões
do planeta. Os setores energé-
tico e agrícola são os mais afe-
tados pelos eventos climáticos
extremos e também pelo novo
clima no Brasil, em geral mais
seco do que algumas décadas
atrás”, comenta Artaxo. “Temos
que planejar nossas atividades
econômicas com este novo cli-
ma, mais quente, com menos
chuvas e com mais extremos”,
completa.

REVISTA 41
CLIMA

chuvas no Sudeste brasileiro,


como o fluxo de umidade que
vem da Amazônia para as re-
giões Centro-Oeste e Sudeste
do Brasil.
“Este fluxo está sendo altera-
do pelo desmatamento e tam-
bém pelas mudanças climáticas
globais”, afirma. Mas Artaxo é
cauteloso. Ele explica que como
as chuvas no Sudeste também
têm como fonte a umidade do
Oceano Atlântico e das frentes
frias vindas da Argentina, são
necessários mais estudos para
quantificar a parcela exata do
impacto do desmatamento da
Floresta Amazônica no regime
de chuvas do Sudeste.
Mesmo diante de tantos aler-
tas da ciência sobre mudanças
climáticas, camada de ozônio, co-
bertura florestal, disponibilidade
de água doce, poluição da atmos-
fera, lixo e poluentes, acidificação
te nas últimas décadas. CHUVAS MUITO dos oceanos, ciclo de nutrientes e
Mas a escassez de chuvas ABAIXO DA MÉDIA EM biodiversidade, que ameaçam a
tem mais a ver com mudanças TODO O CINTURÃO estabilidade do planeta, Artaxo é
climáticas ou é resultado de fe- PREJUDICARAM O adepto de discursos moderados,
nômenos atmosféricos especí- CRESCIMENTO DAS em que a argumentação se so-
ficos, como La Niña, que está LARANJAS DA SAFRA brepõe à estridência, e prefere a
relacionado com o resfriamento 2021/22, QUE FICARAM oportunidade à catástrofe.
das águas do Oceano Pacífico, e EXCESSIVAMENTE “Um ponto de vista possível
Oscilação Antártica? MIÚDAS sobre as mudanças climáticas
Artaxo diz que em 2021 não é compreendê-las como uma
foi observada a ocorrência signi- oportunidade para a humanida-
ficativa nem de La Niña nem de Estes fenômenos de larga escala de transformar o atual modelo
El Niño, relacionados a altera- parecem estar mudando de ca- socioeconômico em um novo
ções na distribuição da tempe- racterística, talvez pelo aqueci- modelo, com maior produtivi-
ratura da superfície da água do mento diferencial dos oceanos”, dade, menor pegada ecológica,
Oceano Pacífico. pondera. menos desigualdade, mais sus-
“Mas a precipitação no Bra- Especialista ainda em temas tentável”, sugere. “A direção que
sil é influenciada por fenôme- do meio ambiente ligados à estamos seguindo hoje não é
nos de larga escala envolvendo Amazônia, o cientista diz que sustentável nem sequer a curto
os oceanos Atlântico e Pacífico. muitos fatores influenciam as prazo”, lamenta Artaxo.

42 REVISTA
PARA RESTRIÇÃO DE USO NOS ESTADOS, CONSULTE A BULA.
©Syngenta, 2021.

REVISTA 43
PES

Fundecitrus faz novo


mapeamento completo
do cinturão
DADOS AJUDAM A CONHECER AS CARACTERÍSTICAS E MUDANÇAS
NO PARQUE CITRÍCOLA; ELES SERÃO APRESENTADOS EM 2022
FOTOS: CAMILA SOUZA

A
equipe da Pesquisa de Estimativa de Safra
(PES) do Fundecitrus está visitando todas as REESTIMATIVA DA SAFRA 2021/22
propriedades de citros para a coleta de dados
do novo mapeamento do cinturão citrícola de São A safra de laranja 2021/22 do cinturão de
Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais. SP e MG foi reestimada em 267,87 milhões
O objetivo é atualizar as informações obtidas em de caixas, em setembro, uma redução de
2017, trazendo dados detalhados e com alta precisão 26,3 milhões de caixas (9%) em relação à
sobre os plantios de laranja, limão e tangerina, possibi- estimativa inicial. O clima foi o principal
litando a comparação e acompanhamento da evolução responsável, com a combinação da inten-
dos pomares, como área, variedades, número e idade sa estiagem que afetou todas as regiões do
das árvores, uso de irrigação e número de propriedades, parque e as geadas ocorridas em julho.
dentre outras informações. A próxima atualização da estimativa da sa-
Os resultados serão apresentados no primeiro se- fra é no dia 10 de dezembro. Para ler, acesse
mestre de 2022 e darão embasamento para estimar fundecitrus.com.br/pes/estimativa.
a próxima safra.

44 REVISTA
A melhor estratégia para
2 modos
CITROS de ação
controle do psilídeo:
ALTA EFICIÊNCIA NO COMBATE AO PSILÍDEO. Rápido efeito de choque
AÇÃO DE CHOQUE E LONGO PERÍODO DE CONTROLE. Longo residual
Ideal para o manejo integrado de pragas

/uplbr /brasilupl upl-ltd.com/br

REVISTA 45
TECNOLOGIA
FOTOS: IGOR MAEHARA PEREIRA PINHO

APLICAÇÕES MAIS
EFICIENTES PARA O
MANEJO DA LEPROSE
TODOS OS EQUIPAMENTOS E OS TIPOS DE
PULVERIZAÇÃO APRESENTARAM CONTROLE
SEMELHANTE DO ÁCARO E DA DOENÇA A

A
pulverização de acaricidas bia (SP), em talhões de laranjeira
é a principal medida no Valência sobre citrumelo Swingle
manejo integrado da le- com dez anos de idade e 70 m3 de
prose dos citros, doença que vem copa (2,5 m de largura x 4,5 m de
crescendo em importância nos profundidade x 5,5 m de altura),
últimos anos. Diferentes tipos de em duas condições: no período
pulverização e equipamentos po- chuvoso, com alta carga de frutos
dem ser utilizados no combate ao próximos à maturação e colheita e
ácaro causador da leprose. a aplicação do acaricida espirodi-
Em uma pesquisa do mestra- clofeno (4,8 g do ingrediente ativo
do profissional do Fundecitrus - por 100 L de água); e no período
MasterCitrus, foram comparadas seco e com menor carga de frutos
a qualidade da pulverização, a em fase de crescimento e aplicação
eficácia de controle do ácaro e a do acaricida ciflumetofem (8,0 g
capacidade de campo e custo ope- do i.a. por 100 L de água).
racional proporcionadas por três Dentro de cada posição da
B
modelos de turbopulverizadores: planta, as coberturas de pulveri-
FMCopling Guliver 4000 em pul- zação não foram diferentes entre
verização bilateral (A), Jacto Arbus os equipamentos e tipos de pul-
Valência 4000 em pulverização bi- verização – ficando acima de 50%
lateral (B) e Jacto Arbus Valência em todas as posições da copa. De
4000 com defletor do tipo voluta maneira geral, as coberturas foram
em pulverização unilateral (C). maiores no terço inferior da copa
Nesse estudo, os turbopulve- que nos terços médio e superior,
rizadores foram tracionados na principalmente para o FMCo-
velocidade de 1,6 km/h, com ro- pling, cujo centro da turbina se
tação de 540 rpm na tomada de encontrava abaixo da altura média
potência, e calibrados para aplica- da copa das plantas. A mortalida-
ção do mesmo volume de calda de de foi superior a 98% ao terceiro
150 mL/m3 de copa, com gotas de dia após a transferência dos ácaros
DMV de 150 micra. para as folhas destacadas que re-
Os experimentos foram reali- ceberam o acaricida. Consequen-
zados no município de Colôm- temente, em cada época de apli- C

46 REVISTA
RESULTADOS DOS EXPERIMENTOS DE COMPARAÇÃO DOS TURBOPULVERIZADORES E TIPO DE APLICAÇÃO

Equipamento e tipo Mortalidade de Período de Incidência de Capacidade de Custo


Cobertura de
de pulverização ácaros (%)b controle (dias)c leprose (%)d campo operacional (R$/ha)e
pulverização (%)a
(horas/ha)
Plantas Frutos

FMCopling Guliver 61,5 ns


98,9 ns
203,7 ns
7,0 6,7 ns
1,84 b 480,12 b
4000 Bilateral

Jacto Arbus Valência 63,8 99,9 210,9 9,2 10,4 1,56 b 469,73 b
4000 Bilateral

Jacto Arbus Valência 66,5 100 231,2 9,9 8,9 3,27 a 531,98 a
4000 Unilateral
Médias com letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. ns Diferença não significativa.

a
Cobertura média da pulverização em papeis hidrossensíveis colocados em três alturas no interior da copa da planta. Média de dois experimentos com 20 repetições.
b
Mortalidade média do ácaro aos três dias após a aplicação dos acaricidas em folhas destacadas colocadas em três alturas no interior da copa da planta. Média de dois experimentos com 20
repetições.
c
Tempo médio entre a aplicação do acaricida e a reinfestação de 5% de frutos/ramos inspecionados. Média de dois experimentos e quatro repetições por tratamento.
d
Avaliação da incidência de sintomas novos de leprose. Média de dois experimentos e quatro repetições por tratamento.
e
Custo da operação de pulverização, incluindo o custo do tratorista, óleo diesel e acaricida. Média de dois experimentos e quatro repetições por tratamento.

cação, não houve diferença entre dos os equipamentos e os tipos de 5,5 metros, em que teoricamen-
os equipamentos e o tipo de pul- pulverização apresentaram eficácia te a pulverização unilateral teria
verização quanto ao período de semelhante no controle do ácaro uma maior vantagem por permitir
controle do ácaro e à incidência da leprose e da doença, e a escolha a aproximação adequada do tur-
da doença. entre eles deve ser feita com base bopulverizador em relação à copa
A capacidade de campo opera- na capacidade de campo operacio- da planta jovem e uma melhor
cional efetiva da pulverização bila- nal e nos custos de aquisição, ma- cobertura no terço superior com o
teral foi cerca de duas vezes maior nutenção e operação. defletor do tipo voluta na planta
que a pulverização unilateral. En- Esses resultados obtidos podem mais alta.
tretanto, os custos médios de pul- ser diferentes em condições de po- Consulte a dissertação na
verização foram 10 a 14% maiores mares jovens com plantas muito íntegra no site do Fundecitrus:
para a pulverização unilateral na distantes do turbopulverizador ou fundecitrus.com.br/mestrado/
comparação com a pulverização bi- com plantas de altura acima de dissertacoes
lateral. Isso ocorreu porque o custo
do acaricida representou mais de
75% do custo total da pulveriza- Renato Beozzo Bassanezi, pesquisador do Fundecitrus
ção. Para as condições de pomar Marcelo da Silva Scapin, engenheiro agrônomo do Fundecitrus
em que o trabalho foi realizado, to- Igor Maehara Pereira Pinho, aluno MasterCitrus

MEDIDAS PARA CONTROLE DO ÁCARO DA LEPROSE


Além da escolha do turbopulverizador e da sua regulagem correta quanto ao volume de calda,
tamanho das gotas, posição do centro da turbina em relação à metade da altura da copa das plantas
e distância entre o cruzamento dos cones de aplicação e a copa da planta, alguns cuidados adicionais
devem ser adotados para a obtenção de um bom controle do ácaro da leprose:

Realizar o monitoramento Iniciar a pulverização Rotacionar a aplicação Evitar aplicar


do ácaro pelo menos a do acaricida antes de acaricidas com modos acaricidas misturados
cada 14 dias, em no mínimo que o ácaro esteja de ação diferentes. com outros produtos
1% das plantas do talhão, presente em mais Nunca usar o mesmo incompatíveis
vistoriando mais de três que 5% dos frutos ou acaricida em aplicações no tanque de
frutos ou ramos por planta; ramos amostrados; sucessivas no ano; e pulverização.

REVISTA 47
CONTROLE MAIS SUSTENTÁVEL

PIN
TA
P
DUAS
R

ET
A
DOENÇAS,
UM
ÚNICO
ICO R
CÍT

MANEJO
RO

NC
CA

CITRICULTORES ALCANÇAM MAIOR EFICIÊNCIA OPERACIONAL E AMBIENTAL


COM O CONTROLE CONJUNTO DE CANCRO CÍTRICO E PINTA PRETA

O
“A COMPATIBILIZAÇÃO parque citrícola paulista é uma ção, gera maior eficiência operacional”,
DAS MEDIDAS DE das poucas regiões do mundo afirma o pesquisador do Fundecitrus
CONTROLE TORNA que enfrenta o cancro cítrico e Franklin Behlau.
O COMBATE AO a pinta preta simultaneamente e com O pesquisador explica que o manejo
CANCRO CÍTRICO potencial de causar danos econômicos conjunto não consiste apenas em sin-
significativos. Nas últimas quatro safras, cronizar o controle realizado para cada
E À PINTA PRETA
a queda de frutos provocada pelas duas doença, mas também aplicar a dose
MAIS EFICIENTE E doenças foi em torno de 3% ao ano, o mais eficiente para maximizar os efeitos
SUSTENTÁVEL" equivalente a mais de 40 milhões de dos produtos, como o cobre, que tem
caixas acumuladas no período. ação para cancro cítrico e pinta preta.
Diante deste cenário, diversos estu- Antes do início do manejo do can-
dos conseguiram otimizar o manejo cro cítrico, o cobre era aplicado após a
dessas doenças, como a identificação do queda de pétalas em doses mais altas,
período crítico de controle e a redução de aproximadamente 2 kg de cobre
da dose e do volume de calda dos pro- metálico/ha/aplicação e em intervalos
dutos utilizados no controle químico. de até 28 dias para o controle da pin-
Agora, o foco está no manejo conjun- ta preta (que também é composto por
to. “A compatibilização das medidas de aplicações de estrobilurina) e de outras
controle torna o combate ao cancro cí- doenças de menor importância, como
trico e à pinta preta mais eficiente e sus- melanose e verrugose.
tentável, pois ao otimizar os recursos e Mas, com o estabelecimento do ma-
prevenir aumentos nos custos de produ- nejo conjunto, pesquisas demostraram

48 REVISTA
MANEJO CONJUNTO
POMAR JOVEM EM FORMAÇÃO - Proteção de brotações contra cancro cítrico

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar


Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr

COBRE | Intervalo: 14 a 21 dias | Dose: 30 a 40 mg cobre metálico/m3 | Volume de calda: 40 a 70 mL/m3

POMAR EM PRODUÇÃO - Proteção de frutos contra cancro cítrico e pinta preta

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar


Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr
50 mm

COBRE | Intervalo: 14 a 21 dias | Dose: 0,7 a 1,0 kg cobre metálico/ha | Volume de calda: 40 a 70 mL/m3
COBRE | Quando houver frutos jovens (< 50 mm) e/ou brotações | Dose: 0,7 a 1,0 kg cobre metálico/ha | Volume de calda: 40 a 70 mL/m3

ESTROBILURINA | Intervalo: até 42 dias | Dose: 2,8 mg/m3 | Volume de calda: 70 mL/m3

que as aplicações com doses mais bai- cinco anos. Neste período, reduzimos UTILIZE O SISTEMA
xas (30 - 40 mg/m3 de copa em pomares em 25% as aplicações em comparação DE PULVERIZAÇÃO
jovens ou até 0,7 - 1 kg de cobre metáli- com controles separados. Esse ganho é INTEGRADO DO
co/ha/aplicação em pomar adulto para relacionado ao cobre, às horas máqui-
FUNDECITRUS (SPIF)
aplicações a cada 14 ou 21 dias, respecti- nas e homens empregados no manejo”,
PARA CALCULAR O
vamente) e a frequência de cobre usadas conta o supervisor fitossanitário da JF
para o manejo do cancro cítrico, realiza- Citrus, Rene Sanches de Souza Lima. VOLUME DE CALDA
das durante a primavera e verão, são su- E PARA REALIZAR
ficientes para também suprir o controle COMO FAZER O MANEJO CONJUNTO A REGULAGEM DOS
dessas doenças fúngicas. “Essa integra- EQUIPAMENTOS
ção do manejo de cancro e pinta e o uso Em um pomar em produção, Behlau
de dose por metro cúbico de copa das explica que o controle com cobre deve
plantas permitiu reduzir pela metade a ser feito a cada 14 a 21 dias, desde a que-
dose do produto para o combate à pin- da de pétalas até os frutos atingirem 50
ta preta, sem interferir na qualidade do mm – de setembro/outubro a janeiro/
controle”, comenta o pesquisador do fevereiro, dependendo das chuvas e da
Fundecitrus Geraldo Silva Jr. presença de frutos jovens. Depois desse SPIF
A conciliação do período de controle, período (até março/abril), as aplicações
do intervalo de aplicação e da combina- podem ser realizadas somente quando
ção e quantidade de produtos já alcança houver brotação associada à ocorrência
resultados menos onerosos ao citricultor. de chuvas – ou mesmo encerradas, de-
“Realizamos o manejo conjunto há pendendo da idade do pomar, variedade

REVISTA 49
CONTROLE MAIS SUSTENTÁVEL

O MANEJO e incidência da doença. Em pomares com com cobre, já que a estrobilurina não
CONJUNTO JÁ múltiplas floradas, é necessário estender o tem efeito contra o cancro e será dire-
TRAZ RESULTADOS calendário até março/abril para proteger cionada para os pomares em produção
EXPRESSIVOS, os frutos menores até o fim do período para proteção dos frutos contra a pinta
COM MENORES chuvoso. Após esse período, em função preta”, destaca Silva Jr.
de seca e das baixas temperaturas, não há Cancro cítrico e pinta preta são doen-
IMPACTOS
formação de novas lesões de cancro cítri- ças favorecidas por situações opostas nos
AMBIENTAIS co. No caso de pomares mais velhos de pomares. O cancro cítrico tende a ser mais
E ECONÔMICOS variedades menos suscetíveis, como Va- severo em pomares mais novos de varie-
lência, pesquisas recentes demonstraram dades precoces. Por outro lado, a pinta
que as pulverizações não precisam mais preta ocorre com maior intensidade em
ser realizadas após fevereiro. pomares mais velhos de variedades tar-
Já a estrobilurina deve ser aplicada dias. Essas informações são importantes
em intervalos de no máximo 42 dias, de para direcionar o manejo conjunto.
meados de novembro até o fim do pe- Veja o período de aplicação, o interva-
ríodo chuvoso. “A utilização do manejo lo, a dose e o volume de calda a ser utili-
conjunto com cobre a cada 21 dias e es- zado no manejo conjunto, em cada tipo e
trobilurina a cada 42 dias apresentou o fase do pomar, nas págs. 49 e 51.
melhor custo-benefício para o controle
conjunto das duas doenças”, diz Silva Jr. COMBATE A OUTRAS DOENÇAS
“É importante não usar as estrobilurinas
em excesso para evitar seleção de fungos O controle conjunto de cancro cítrico e
resistentes no pomar”, alerta. pinta preta, em algumas situações, pode-
Em laranjeiras jovens em formação rá englobar o manejo de outras pragas e
(ainda sem frutos), é necessário prote- doenças. Por exemplo, floradas secundá-
ger as brotações com o cobre a cada 14 rias podem ocorrer de novembro a março
ou 21 dias, de setembro até março/abril, e o controle da podridão floral pode ser
quando as chuvas intensas e frequentes feito de forma integrada. “Neste caso, de
geralmente se encerram no parque ci- coincidência de flores e frutos em perío-
trícola paulista. “Como nessa primeira dos com climas favoráveis para podridão
fase do pomar não há frutos, o foco pas- floral e pinta preta, o citricultor deve usar
sa a ser apenas a proteção de brotações misturas comerciais de estrobilurina com

50 REVISTA
SINCRONIZAÇÃO DE INTERVALOS
Exemplo para pomar adulto com florada principal definida

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar


MANEJO 1 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr
Intervalo

21 dias Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre


42 dias Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina

MANEJO 2
14 dias
Intervalo

Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre Cobre
42 dias Estrobilurina Estrobilurina Estrobilurina

triazol e não somente produtos que cional e ajuda a reduzir os custos com
contenham apenas estrobilurina”, reco- aplicação”, reforça Behlau.
menda Silva Jr. O manejo conjunto já traz resultados
A sincronização do manejo dessas expressivos, com benefícios ambientais
doenças também possibilita a integra- e econômicos. Mas as pesquisas conti-
ção com o controle do psilídeo, vetor nuam para, principalmente, reduzir
do greening. Como o cobre pode ser ainda mais o período de aplicação, de
feito a cada 14 ou 21 dias de intervalo, acordo com a variedade e a idade do O PROGRAMA DE
a conciliação pode ser realizada com os pomar, e também para desenvolver MANEJO CONJUNTO
diferentes calendários já estabelecidos medidas mais sustentáveis ao meio DO CANCRO CÍTRICO
pelo citricultor para o inseto. “Pode-se ambiente. De acordo com Silva Jr., a E DA PINTA PRETA
integrar os manejos respeitando o in- adição do óleo à calda com estrobiluri- É BASEADO NOS
tervalo máximo de aplicação dos pro- na já pode ser feita com doses variáveis RESULTADOS
dutos recomendados, o que não afeta em diferentes perfis de pomares, inclu-
DE PESQUISAS
o controle do psilídeo. Ao contrário, sive com doses mais baixas em poma-
aumenta ainda mais a eficiência opera- res precoces e mais novos.
REALIZADAS PELO
FUNDECITRUS E SEUS
VARIAÇÃO DE INTENSIDADE DE CANCRO CÍTRICO PARCEIROS, QUE
INCLUEM TRABALHOS
E PINTA PRETA EM FUNÇÃO DA IDADE E VARIEDADE DO MESTRADO
PROFISSIONAL
DA INSTITUIÇÃO
Pomares mais jovens (< 8 anos) (MASTERCITRUS)
Cancro cítrico

Precoces Meia-estação Tardias


Pinta preta

Pomares mais velhos (> 8 anos)

Precoces Meia-estação Tardias

Pinta preta
Cancro cítrico

REVISTA 51
Pensando a
citricultura de
EMPRESA AMIGA
hoje e planejando DO CITRICULTOR

a do futuro

52 REVISTA

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