Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O recurso em sentido estrito conhecido como RESE foi elaborado para aplicação restrita, ou
seja, estritamente nos casos assinalados em lei. Ele é usado como medida judicial adequada para a
impugnação de decisões interlocutórias desprovidas de caráter definitivo ou terminativa, uma vez
que estas desafiam recurso de apelação.
PRAZO
O prazo para interposição será de 5 dias (art. 586, caput, CPP), que poderá ser feito por
uma petição simples (sem as razões) ou termo nos autos.
O recurso será interposto no prazo de cinco dias, por petição ou por termo nos autos (arts.
578 e 586, CPP), e subirá ao tribunal nos próprios autos, nos casos do art. 583 do CPP, ou por
instrumento (por cópia das peças indicadas pelas partes e daquelas obrigatórias previstas no
parágrafo único do art. 587, CPP).
Para o oferecimento das razões o prazo será de 2 dias (art. 588, caput, CPP), a contar da
intimação (art. 798, § 5º, “a”, CPP) do recorrente para o oferecimento das razões.
No prazo de 2 dias, a contar da intimação, a parte recorrida deverá oferecer contrarrazões.
Se a interposição for feita pelo assistente de acusação não habilitado, o prazo será de 15
dias para interposição (arts. 584, § 1º, c/c 598, parágrafo único, CPP).
Para quem entende que não houve a revogação do inciso XIV, exclusivamente nessa
hipótese, o prazo para recorrer será de 20 dias para a interposição, a contar da data da publicação
da lista de jurados.
A tempestividade do recurso será considerada no prazo de interposição, de modo que o
oferecimento das razões fora do prazo de 2 dias “é mera irregularidade que não prejudica a
admissão do recurso.” (Lopes Jr. , 1213)
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO
Competente para julgar o recurso em sentido estrito é o Tribunal competente para julgar a
apelação, que pode ser o Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Federal e Tribunal Regional
Eleitoral, conforme o caso.
JUÍZO DE RETRATAÇÃO
No recurso em sentido estrito, há previsão de juízo de retratação (art. 589, caput, CPP),
pondendo o juiz reformar sua decisão, após o oferecimento das razões e das contrarrazões.
Quando há retratação, o recorrido passa a ter interesse recursal, razão pela qual poderá
recorrer mediante simples petição (art. 589, parágrafo único, CPP). Em tal caso, não será
apresentado novo arrazoado e o juiz não mais poderá retratar-se.
Essa hipótese só será cabível se houver a previsão de recurso para a decisão contrária. Por
exemplo, é cabível o recurso em sentido estrito no caso de rejeição da inicial, mas não é cabível no
caso de recebimento. Desse modo, em caso de rejeição da denúncia se, após o oferecimento das
razões do Ministério Público e das contrarrazões do denunciado, o juiz se retrata e recebe a
denúncia, o denunciado não poderá recorrer. Isso porque a decisão do juiz equivale ao recebimento
da denúncia e contra tal decisão não há previsão de recurso.
Como o código não estabeleceu qual o prazo para que a parte interponha o recurso por
“simples petição”, entende-se que é o prazo de 05 dias, previsto para a interposição do recurso.
LEGITIMIDADE
Podem recorrer o Ministério Público, querelante, réu e defensor (art. 577, caput, CPP),
além do assistente de acusação.
Contudo, para que tenha legitimidade, é necessário que tenha interesse na reforma da
decisão recorrida (art. 577, parágrafo único, CPP). Segundo Aury, é necessário para ter
legitimidade que a parte tenha sofrido “um gravame gerado pela decisão impugnada” (Lopes Jr.,
Aury. Direito Processual Penal…, p. 1195).
Assim, no caso do inciso I, que comporta o recurso em sentido estrito no caso de rejeição
da inicial, só pode recorrer o autor, Ministério Público ou querelante, pois a defesa jamais terá
interesse em recorrer se a inicial foi rejeitada.
EFEITOS
Como em todo recurso, está presente o efeito devolutivo. O recurso em sentido estrito
possui o efeito regressivo, pois o juiz deverá, no prazo de dois dias, reformar ou sustentar sua
decisão, instruindo o recurso com as cópias, se necessário for. Tal decisão deverá ser
fundamentada, devendo o Tribunal ad quem converter o julgamento em diligência, se a
fundamentação for insuficiente.
Já o efeito suspensivo é cabível no caso de perda da fiança e nos incisos XV, XVII e
XXIV. FORMA DE INTERPOSIÇÃO
Será interposto perante o juiz a quo, que fará o juízo de admissibilidade e poderá reformar
sua decisão, por previsão do juízo de retratação (art. 589, caput, CPP). Mantida a decisão, o juiz
determinará a subida dos autos.
Não há previsão de arrazoar em segunda instância, ao contrário da apelação.
O recurso em sentido estrito poderá subir nos próprios autos ou mediante instrumento, nos
termos do que dispõe o art. 583, CPP.
No caso de pronúncia, se forem dois ou mais réus e um deles se conformar com a decisão
ou não tiver sido intimado, será feito o traslado para a remessa ao Tribunal (art. 583, parágrafo
único, CPP).
No caso em que o recurso sobe por instrumento, o recorrente deverá indicar as peças que
entende necessárias à formação do instrumento, além das obrigatórias. São peças obrigatórias:
decisão recorrida, certidão de intimação, petição ou termo de interposição (art. 587, parágrafo
único, CPP).
Além das obrigatórias e indicadas pelo recorrente, o juiz poderá determinar que outras
peças integrem o instrumento (art. 589, CPP).
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz,que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os
traslados que Ihe parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples
petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-
la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em
traslado.
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei,poderá o juiz
prorrogá-lo até o dobro.
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de cinco dias
da publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo.
Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos ser
devolvidos, dentro de cinco dias, ao juiz a quo