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CLASSICISMO

Quatro séculos depois do inicio do trovadorismo, surge em Portugal o classicismo, também chamado de Quinhentismo por
ter se manifestado no século XVI, em 1527 (pela data), quando o poeta Sá de Miranda retorna da Itália trazendo as
características desse novo estilo.

Contexto histórico do classicismo: renascimento

As grandes navegações fazem com que o homem do inicio do século XVI se sinta orgulhoso e confiante em sua capacidade
criativa e em sua força: desafiar os mares, percorrer os oceanos, descobrir novos mundos, produzir saberes, desenvolver
as ciências e transformá-las em tecnologia, tudo isso resulta no surgimento de um Homem muito diferente daquele
existente na idade media e esse homem volta a ser o centro da sua própria vida (antropocentrismo).

O que esse homem faz de melhor é em prol de si mesmo e isso se reflete também na arte e na literatura que ele produz
nessa época. Esse caráter humanista ou antropocêntrico estava esquecido nas “trevas” da idade media, mas já havia
existido na antiguidade (na civilização grega, por exemplo) e é porque, no inicio do século XVI, ocorre o ressurgimento ou
renascimento do Antropocentrismo, que esse período da historia é chamado de renascimento.

O renascimento é o momento histórico em que o homem produz grande quantidade e qualidade de obras artísticas e
literárias; elas perdem o primitivismo e a ingenuidade de obras medievais e ganham um aprimoramento técnico que
supera ate as obras da antiguidade: as cores se multiplicam, surge à noção de perspectiva, as formas humanas são
concebidas de maneira mais nítida, no caso da arte. O “berço” do renascimento é a Itália.
O tema predominante nas obras artísticas e literárias do renascimento é sempre o homem e tudo que diz respeito a ele.

A Literatura produzida no renascimento : O CLASSICISMO

À volta do mesmo espírito antropocêntrico da antiguidade faz com que o homem renascentista busque inspiração nos
modelos artísticos e literários – nas obras – das antigas civilizações, principalmente nas da Grécia antiga. Assim, as
características das obras da antiguidade são trazidas de volta e são também chamada de idade clássica e as obras
produzidas naquela época são igualmente chamadas de clássicas. Como a obra renascentista possui as mesmas
características da obra da antiguidade, também ela é chamada de clássica e esse período artístico e literário, de
classicismo.

Características do clacissismo renascentista :

Antropocentrismo
Presença de elementos da mitologia
Presença de elementos do cristianismo
Preciosismo vocabular
Obediência á versificação
Figuras (em especial de personificação )
Racionalismo (=objetividade)
Universalismo (=generalização)

Características do classicismo:

1- Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc...
2- Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras dos clássicos gregos e latinos a parecem também nos clássicos
renascentistas: Os Lusíadas: (Vênus) = a deusa do amor; Marte (o deus da guerra), protegem os portugueses em suas
conquistas marítimas.
3- Predomínio da razão sobre os sentimentos: A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismos
e de figuras, porque procura coar, através da razão, todas os dados fornecidos pela natureza e, desta forma expressou
verdades universais.
4- Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras literárias.
5- Idealismo: O classicismo aborda os homens ideais, libertos de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens
centrais das epopéias (grandes poemas sobre grandes feitos e heróicos) nos são apresentados como seres superiores,
verdadeiros semideuses, sem defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotado de virtudes extraordinárias,
incapaz de cometer qualquer erro.
6- Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a idéia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro,
não-físico.
7- Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas e
despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.
Luis de Camões

Características da poesia de Luis Vaz de Camões

1-Poesia elaborada sobre uma experiência pessoal múltipla

2- Síntese entre a tradição literária portuguesa e as inovações introduzidas pelos ilalianizozntes do "dolce stil nuevo":
redondilhas > inovações formais (decassílabo) Mote glosado > inovações temáticas (amor platônico e seus paradoxos)

A lira de Luis Vaz de Camões

1- Visão da natureza (idal clássico que se caracteriza pela harmonia, ordem e racionalidade (a natureza é um exemplo)).
2- Concepção do amor: (Platonismo: O verdadeiro amor, amor puro, está no mundo das idéias).
3- O desconcerto do mundo (a razão desvenda o mundo sem sentido e sofre).

Classicismo em Portugal

O marco inicial do Classicismo português é em 1527, quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma viagem
feita à Itália, de onde trouxe as idéias de renovação literária e as novas formas de composição poética, como o soneto. O
período encerra em 1580, ano da morte de Luís Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre Portugal.

Características do Classicismo

Imitação dos gregos e latinos Ao redescobrirem os valores do ser humano, abafados pela Igreja durante a Idade Média, os
artistas deste período voltam-se para a Antiguidade. O próprio nome desse estilo de época – Classicismo – tem sua origem
no aprofundamento dos textos literários e filosóficos estudados nas escolas. Na Idade Média, esses textos eram
reproduzidos nos conventos e difundidos entre os estudiosos, mas passavam por uma censura religiosa, que só mantinha
os aspectos que não feriam a moral cristã. Com o Renascimento, houve um retorno a esses textos, mas em sua versão
original, completa.

Foi da Arte Poética de Aristóteles que os artistas do Classicismo retiraram o conceito de imitação ou mímesis. Segundo
Aristóteles, a poesia devia imitar a perfeição da natureza ou da sociedade ideal, além de retomar idéias de outros poetas,
reconhecidamente importantes por sua obra. Não se trata de copiar outros autores, e sim de assemelhar-se à sua obra.
Petrarca comparava esta semelhança à que existe entre pai e filho: é inegável que se pareçam, mas o filho tem suas
características próprias, que o individualizam. O mesmo aconteceria à obra literária: seria semelhante à de Virgílio, Horácio
e outros autores da Antiguidade, usando o que eles tivessem de melhor, mas conservando seus traços próprios.

O universalismo Para os clássicos, a obra de arte prende-se a uma realidade idealizada; uma concepção artística
transcendente, baseada no Bem, no Belo, no Verdadeiro – valores passíveis de imitação. A função do artista é a de criar a
realidade circundante naquilo que ela tem de universal.
O racionalismo Os autores clássicos submetem suas emoções ao controle da razão. Ao abandonar o teocentrismo, o
homem deste período afasta os temores da Idade Média e passa a crer em suas potencialidades, incluindo nelas a
habilidade de raciocinar. A cultura clássica é uma cultura da racionalidade.

A perfeição formal Preocupados com o equilíbrio e a harmonia de seus textos, os autores clássicos adotam a chamada
medida nova para os poemas: versos decassílabos e uso freqüente de sonetos (anteriormente, usava-se medida velha:
redondilhas).
Elitismo Os clássicos evitam a vulgaridade. O Classicismo tende à realização de uma arte de elite, o que reflete a
organização social da época (a aristocracia era a classe dominante).

A concepção clássica foi introduzida em Portugal por Sá de Miranda, ao regressar da Itália, onde conheceu novos conceitos
de arte e novas formas poéticas. Uso da mitologia Voltados para os valores da Antiguidade, os autores clássicos utilizam-
se, com freqüência, de cenas mitológicas, as quais simbolizam com propriedade as emoções que o autor quer exteriorizar.

Assim, a imagem do Cupido, por exemplo, simboliza o amor.

Classicismo Literário

Os escritores classicistas retomaram a idéia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das
emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação
universal da realidade, desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular.

Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que passa a ser chamada medida velha
– e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que recebeu a denominação de medida nova.
Introduz-se o soneto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos.

Luís de Camões (1525?-1580): poeta soldado

Escritor de dados biográficos muito obscuros, Camões é o maior autor do período. Sabe-se que, em 1547, embarcou como
soldado para a África, onde, em combate, perdeu o olho direito.
Em 1553, voltou a embarcar, dessa vez para as Índias, onde participou de várias expedições militares.
Em 1572, Camões publica Os Lusíadas, poema épico que celebrava os recentes feitos marítimos e guerreiros de Portugal.
A obra fez tanto sucesso que o escritor recebeu do rei D. Sebastião uma pensão anual – que mesmo assim não o livrou da
extrema pobreza que vivia.
Camões morreu no dia 10 de junho de 1580.

A Poesia Épica de Camões

Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu a história de Portugal, intenção explicitada no título do
poema: Os lusíadas.

O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de Vasco da Gama às Índias.A palavra “lusíada” é um neologismo
inventado por André de Resende para designar os portugueses como descendentes de Luso (filho ou companheiro do deus
Baco).

A EstruturaOs lusíadas apresenta 1102 estrofes, todas em oitava-rima (esquema ABABABCC), organizadas em dez cantos.

Divisão dos Cantos1ª parte:


Introdução: Estende-se pelas 18 estrofes do Canto I e subdivide-se em:
Proposição: é a apresentação do poema, com a identificação do tema e do herói (constituem as três primeiras estrofes do
canto I).
Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo a elas inspiração para fazer o poema.
Dedicatória: o poeta dedica o poema a D. Sebastião, rei de Portugal.

2ª parte: Narração
Na narração (da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X), o poeta relata a viagem propriamente dita dos
portugueses ao Oriente.

3ª parte: Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do Canto X), em que o poeta pede às musas que o inspiraram que calem a
voz de sua lira, pois está desiludido com uma pátria que já não merece as glórias do seu canto.

O herói
Como o título indica, o herói desta epopeia é coletivo, os Lusíadas, ou os filhos de Luso, os portugueses.

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