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3.

Estudo de Curto-Circuito

1
3.1. Corrente de Curto-circuito
➢ Quando ocorre uma falta em um sistema elétrico a corrente que circula é
determinada pelas f.e.m das máquinas, suas respectivas impedâncias internas,
e pelas impedâncias da rede entre as fontes de curto-circuito (máquinas) e o
ponto de falta.

➢ A falta origina-se pela falha de isolação de algum ou alguns componentes


do sistema.

2
3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Nas condições de regime, o circuito apresentado na figura abaixo pode ser
utilizado para calcular as correntes de carga do sistema:

▪ 𝐸 = 𝑉𝑀á𝑥 . 𝑠𝑒𝑛 ω𝑡 + α
▪ 𝑍𝑆 = Impedância do sistema de alimentação;
▪ 𝑍𝐶 = Impedância do Circuito;
3
▪ 𝑍𝐿 = Impedância da Carga.
3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Considere o sistema ilustrado abaixo:

➢ A corrente de carga pode ser calculada como mostrado a


seguir(admitindo-se a carga como uma impedância constante). 4
3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de carga:
▪ Representação do sistema em PU
o Sistema

𝑆𝑏𝑎𝑠𝑒 100
𝑍𝑠 = = = 0,4∠86,19° 𝑝𝑢
𝑆𝑐𝑐 𝑋
250∠ arctg
𝑅
𝒁𝒔 = 𝟎, 𝟎𝟐𝟔𝟔 + 𝒋 𝟎, 𝟑𝟗𝟗𝟏 𝒑𝒖
o Cabo
𝑍𝑐𝑎𝑏𝑜 = 0,2020 + 𝐽0,2040 × 0,1
𝑍𝑐𝑎𝑏𝑜 = 0,02020 + 𝐽0,02040 𝛺

(𝑘𝑉)2 13,82
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = = = 1,9044 Ω
𝑀𝑉𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 100 5
3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de carga:
▪ Representação do sistema em PU
o Cabo

𝑍𝑐 Ω 0,02020 + 𝐽0,02040
𝑍𝑐 = =
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 1,9044
𝒁𝒄 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟎𝟔 + 𝒋 𝟎, 𝟎𝟏𝟎𝟕 𝒑𝒖
o Carga

(𝑘𝑉)2 13,82
𝑍𝐿 = = = 272,0571∠ − 18.19° Ω
𝑀𝑉𝐴𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 0,7∠ − acos(0,95)

(𝑘𝑉)2 13,82
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = = = 1,9044 Ω
𝑀𝑉𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 100
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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de carga:
▪ Representação do sistema em PU
o Carga
𝑍𝐿 Ω 272,0571∠ − 18.19°
𝑍𝐿 = = = 142,8571∠ − 18.19°
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 1,9044
𝒁𝑳 = 𝟏𝟑𝟓, 𝟕𝟏𝟒𝟑 + 𝒋 𝟒𝟒, 𝟔𝟎𝟕𝟏 𝒑𝒖
o Diagrama unifilar simplificado

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de carga:
▪ Corrente de carga

𝐸 1∠0°
𝐼𝐿 = =
𝑍𝑐 + 𝑍𝑠 + 𝑍𝐿 143.0210∠18,35°

𝐼𝐿 = 0,0070∠ − 18.35° 𝑝𝑢

100000
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = = 4183,7 𝐴
3 × 13,8

𝑰𝑳 = 𝟐𝟗, 𝟐𝟓𝟐𝟑∠ − 𝟏𝟖, 𝟑𝟓° 𝑨

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de carga:

▪ Como pode ser observado, a impedância de carga (ZL ) é normalmente


a maior de todas, sendo, então, a impedância determinante no cálculo do
valor da corrente e, devido ao fator de potência da carga ser próximo de
1, esta impedância é predominantemente resistiva, fazendo com que a
corrente esteja quase que em fase com a tensão da fonte.

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de curto-circuito:

▪ O curto-circuito pode ser idealizado como sendo um condutor que


curto-circuita algumas das impedâncias de um sistema enquanto outras
permanecem inalteradas. O exposto abaixo representa o exemplo
abordado.

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de curto-circuito:
▪ Representação do sistema em PU
o Diagrama unifilar simplificado

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de curto-circuito:
▪ Corrente de curto-circuito

𝐸 1∠0°
𝐼𝑐𝑐 = =
𝑍𝑐 + 𝑍𝑠 0,4115∠84,81°

𝐼𝑐𝑐 = 2,4301∠ − 84.81° 𝑝𝑢

100000
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = = 4183,7 𝐴
3 × 13,8

𝑰𝒄𝒄 = 𝟏𝟎𝟏𝟔𝟔, 𝟔∠ − 𝟖𝟒, 𝟖𝟏° 𝑨

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Cálculo da corrente de curto-circuito:

▪ Durante o curto as únicas impedâncias que restringem a corrente são as


impedâncias do cabo e do sistema. Devido isso, tem-se uma corrente de
curto-circuito bem maior que a corrente da carga.

▪ Devido as impedâncias do cabo e do sistema equivalente serem


predominantemente indutivas, o valor da corrente de curto-circuito fica
atrasada da tensão em valores próximos de 90º.

▪ Conclui-se que a carga pouco influencia no estudo de curto-circuito e


pode ser até desprezada.

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Dos exemplos mostrados anteriormente, percebe-se que o valor da corrente
muda rapidamente do valor de carga (~30A) para o de curto-circuito (10kA) e
este transitório é simulado através da solução da equação retirada do circuito
abaixo.

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ O equacionamento do circuito da página anterior é apresentado a seguir:

𝐿𝑑𝑖 𝑡
𝑉𝑀 . 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 𝛼 = 𝑅. 𝑖 𝑡 + (26)
𝑑𝑡

➢ Resolvendo a equação diferencial para 𝑖(𝑡), tem-se:

𝑉𝑀 −
𝑅
𝑡
𝑖 𝑡 = 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 𝛼 − 𝜃 − 𝑠𝑒𝑛 𝛼 − 𝜃 . 𝑒 𝐿 (27)
𝑍

𝑍 = 𝑅2 + 𝑋 2 (28)

𝑋
𝜃= tg −1 (29)
𝑅

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Tem-se que 𝛼 é o ângulo da tensão entre o último instante, passando por
zero (no semiciclo positivo) até o instante em que ocorre a falta.

➢ Observando a equação 27 para 𝑖(𝑡), observa-se que a corrente possui duas


parcelas, uma periódica(senoidal), conhecida como componente alternada
(ac), e outro que é unidirecional e amortecida, conhecida como componente
continua (dc).

➢ Componente AC:

𝑉𝑀 𝑉𝑟𝑚𝑠
𝑖𝐴𝐶 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 𝛼 − 𝜃 = 2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛼 − 𝜃)
𝑍 𝑍

𝑖𝐴𝐶 𝑡 = 2. 𝐼𝑐𝑐𝑠 . 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 − 𝛼 + 𝜃 (30)

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Componente DC:

𝑅
− 𝑡
𝑖𝐷𝐶 𝑡 = 2. 𝐼𝑐𝑐𝑠 𝑠𝑒𝑛(𝛼 − 𝜃). 𝑒 𝐿

2𝜋𝑓
− 𝑋 𝑡
𝑖𝐷𝐶 𝑡 = 2. 𝐼𝑐𝑐𝑠 . 𝑠𝑒𝑛 𝛼 − 𝜃 . 𝑒 𝑅 (31)

➢ Corrente eficaz total:

2 2
𝐼= 𝐼𝐴𝐶 + 𝐼𝐷𝐶 (32)

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Componentes da corrente de falta:

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3.2. Natureza do Curto-circuito
➢ Componentes da corrente de falta:

➢ É importante lembrar que a componente que causa o deslocamento é a


componente DC. A partir destas informações, pode-se definir a simetria da
corrente de curto-circuito.

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3.3. Simetria da Corrente de Curto-circuito
➢ A corrente é dita simétrica quando a envoltória da corrente de curto-circuito
é simétrica em relação ao eixo dos tempos. Caso contrário, a corrente é dita
assimétrica.

➢ A assimetria da corrente de curto-circuito depende fundamentalmente do


instante em que estava a tensão no momento em que tiver ocorrido a falta,
bem como do valor do X/R do circuito.

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Corrente Simétrica Corrente Assimétrica
3.3. Simetria da Corrente de Curto-circuito
➢ Fatores de Assimetria
▪ Para valores eficazes(RMS):
o O fator de assimétrica para valores eficazes(rms) é calculado a
partir da seguinte equação:
4𝜋
− 𝑋 𝑡𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴−𝑅𝑀𝑆 = 1+ 2. 𝑒 𝑅 (33)

o 𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴−𝑅𝑀𝑆 é o fator de assimetria RMS (valor eficaz);

o O valor de X/R é tomado do ponto de falta no qual está sendo


calculada a corrente;

o t 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 é o tempo em ciclos para o instante em que se deseja


calcular o fator de assimetria.
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3.3. Simetria da Corrente de Curto-circuito
➢ Fatores de Assimetria
▪ Para valores eficazes(RMS):
o Apresenta-se, abaixo, o gráfico deste fator para ½ ciclo em função
do X/R.

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3.3. Simetria da Corrente de Curto-circuito
➢ Fatores de Assimetria
▪ Para valores eficazes(RMS):
o Quando se conhece apenas as correntes de curto-circuito simétricas
e assimétricas, o valor de X/R pode ser obtido a partir da expressão
abaixo, para t = ½ ciclo:

𝐼𝐶𝐶−𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀É𝑇𝑅𝐼𝐶𝐴
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴−𝑅𝑀𝑆 = 𝐹𝐴 =
𝐼𝐶𝐶−𝑆𝐼𝑀É𝑇𝑅𝐼𝐶𝐴

𝑋 2𝜋
= (34)
𝑅 𝐹𝐴2 − 1
ln
2

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3.3. Simetria da Corrente de Curto-circuito
➢ Fatores de Assimetria
▪ Para valores de pico:
o O fator de assimetria para valores de pico é calculado a partir da
seguinte equação:

2𝜋
− 𝑋 𝑡𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴−𝑃𝐼𝐶𝑂 = 2 × 1 + 𝑒 𝑅 (35)

o A norma VDE/IEC utiliza para o cálculo do fator de assimetria de


½ ciclo a equação apresentada a seguir:

3
− 𝑋
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴−𝑃𝐼𝐶𝑂−𝐷𝐼𝑁 = 2 × 1,02 + 0,98𝑒 𝑅
𝑟
−3×𝑋
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴−𝑃𝐼𝐶𝑂−𝐷𝐼𝑁 = 2 × 1,02 + 0,98𝑒 (36)
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3.3. Simetria da Corrente de Curto-circuito
➢ Fatores de Assimetria
▪ Para valores de pico:
o Apresenta-se, na figura abaixo, o gráfico do fator X e do fator de
assimetria de pico ( IEC/DIN) em função do valor de r/X, para ½
ciclo.

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3.4. Fontes de Curto-circuito
➢ As fontes mais relevantes de curto-circuito são:
▪ Concessionária
▪ Geradores
▪ Motores síncronos
▪ Motores de indução
▪ Capacitores

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3.4. Fontes de Curto-circuito
➢ Contribuição da Concessionária

▪ Quando os sistemas de geração estão interligados, como a maior parte


do Sistema Interligado Nacional (SIN) no Brasil, os mesmos costumam
possuir elevada constante de inércia (H) e este fato faz com que os curtos-
circuitos sejam alimentados como se fossem cargas, praticamente sem
alteração do módulo da corrente de falta simétrica.

▪ Em etapas de projeto é prudente utilizar barramento infinito atrás de


transformadores, considerando que não se sabe como irá crescer a
impedância do sistema atrás do transformador e também quando se vai
conectar aos sistemas concessionários, é fundamental obter o curto-
circuito máximo futuro.

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3.4. Fontes de Curto-circuito
➢ Contribuição dos Geradores

▪ Os geradores instalados dentro das plantas industriais alimentam o


curto-circuito, mas não conseguem manter a corrente de falta no mesmo
valor do instante inicial, decaindo com o tempo.

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3.4. Fontes de Curto-circuito
➢ Contribuição dos Motores Síncronos

▪ Ocorrendo um curto-circuito na rede elétrica que supre o motor


síncrono, devido a alta inércia de sua rotação, seu rotor continua girando,
induzindo tensões nas bobinas da armadura que, por sua vez passam a
suprir o defeito com uma corrente de curto-circuito proveniente do motor.

▪ Portanto, durante o curto-circuito, o motor síncrono passa a operar


como gerador. Este gerador não é mais síncrono, pois sua velocidade vai
diminuindo lentamente, até parar.

29
3.4. Fontes de Curto-circuito
➢ Contribuição dos Motores de Indução

▪ Em um curto-circuito próximo dos terminais do motor de indução, a


tensão nas bobinas do estator deixa de existir, consequentemente
deixando de existir, quase de maneira instantânea, a excitação no rotor.

▪ O fluxo magnético residual existente no núcleo magnético do rotor não


pode desaparecer e nem variar bruscamente. Seu valor vai caindo
rapidamente de modo contínuo e se extingue em 2 ciclos.

▪ Deste modo, o motor de indução de grande porte se comporta como


gerador elétrico, e contribui com corrente elétrica de curto-circuito até
dois ciclos.

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3.4. Fontes de Curto-circuito
➢ Contribuição dos Bancos de Capacitores
▪ Os bancos de capacitores, no instante do curto-circuito, apresentam uma
tensão maior do que no ponto de falta e contribuem para o curto-circuito,
todavia, com a uma corrente de alta frequência.

2 𝑉𝐹𝐹 𝑅
− 𝑡
𝐼𝐵𝐶−𝑃𝐾 = × × 𝑒 2𝐿 . 𝑠𝑒𝑛 𝜔0 𝑡 (37)
3 𝑍0

1 𝐿
𝜔0 𝑟𝑎𝑑𝑠 = 𝑍0 (Ω) =
𝐿𝐶 𝐶

𝐼𝐵𝐶−𝑃𝐾 é a corrente de contribuição de pico do banco de capacitores [A]


𝑉𝐹𝐹 é a tensão entre fases do banco de capacitores [V]
R é a resistência entre o banco de capacitores e o ponto de falta em [Ω]
L é a indutância entre o banco de capacitores e o ponto de falta em [H]
31
C é a capacitância do banco de capacitores em [F]
3.5. Períodos da Corrente de Curto-circuito
➢ Embora o transitório eletromagnético durante o curto-circuito apresente
variações analógicas dentro das máquinas, os estudiosos das máquinas
síncronas dividiram, didática e tecnicamente, em três períodos, ou degraus,
chamados de período subtransitório, cuja duração é de 9 a 12 ciclos, o período
transitório, de duração aproximada de 90 ciclos, e o período permanente, que
sucede ao transitório.

➢ Estes períodos podem ser visualizados na forma de onda da corrente de


curto-circuito nos terminais de um gerador, como mostra a figura abaixo.

32
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Neste tópico serão tratados os seguintes tipos de falta:
▪ Curto-circuito trifásico(𝐼𝑐𝑐3∅ );
▪ Curto-circuito fase-terra(𝐼𝑐𝑐1∅ );
▪ Curto-circuito bifásico(𝐼𝑐𝑐2∅ );
▪ Curto-circuito a terra por arco(𝐼𝐴𝐹 );
▪ Curto-circuito bifásico com contato a terra(𝐼𝑐𝑐2∅𝑇 )

➢ Para que se possa estuda-los, faz-se necessário conhecer os circuitos de


sequência.

33
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Circuitos de Sequência:

▪ Idealmente(se todos os sistemas fossem simétricos e equilibrados),


deveria existir apenas circuito de sequência positiva. Devido a isso, este é
o único que possui fonte.

▪ As figuras a seguir mostram os diagramas de sequências positiva,


negativa e zero, respectivamente e indicam a impedância reduzida no
ponto sob análise.

34
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Circuitos de Sequência:

▪ Circuito de sequência positiva

E = Va1 + Z1 . Ia1

35
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Circuitos de Sequência:

▪ Circuito de sequência negativa

Va2 = −Z2 . Ia2

36
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Circuitos de Sequência:

▪ Circuito de sequência zero

Va0 = −(Z0 + 3𝑍𝐺 ). Ia0

37
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Circuitos de Sequência:

▪ Os pontos N1 , N2 e N0 , via de regra, não são o mesmo ponto e assim


não tem necessariamente o mesmo potencial;

▪ Os circuitos de sequência apresentados são desacoplados;

▪ O número 3 que a aparece multiplicando a impedância 3ZG , no circuito


de sequência zero, deve-se ao fato de que a tensão real que irá aparecer
será ZG . 3Ia0 , como no circuito de sequência zero a corrente que circula
é Ia0 , a impedância ZG deve ser multiplicada por 3 para manter a tensão.

38
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Trifásico:

▪ No curto circuito trifásico, as três fases são “curto-circuitadas”


simultaneamente e a condição de contorno para este tipo de falta é:

𝑉𝑎 = 𝑉𝑏 = 𝑉𝑐 = 0

▪ Utilizando a equação de análise para as tensões de fase:


𝑉𝑎0 1 1 1 12 0
𝑉𝑎1 = . 1 𝑎 𝑎 . 0
3
𝑉𝑎2 1 𝑎2 𝑎 0

▪ Resulta em:
𝑉𝑎1 = 𝑉𝑎2 = 𝑉𝑎0 = 0

▪ Isto significa que os três circuitos de sequência ficam com suas tensões
em zero(“curto-circuitadas”). 39
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Trifásico:

▪ Modelo de sequência para um curto-circuito trifásico:


Seq. positiva Seq. negativa

Seq. zero

40
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Trifásico:

▪ Pelos circuitos de sequência mostrados anteriormente, tem-se que:


o Para sequência positiva:
𝐸 = 𝑉𝑎1 + 𝑍1 . 𝐼𝑎1 = 𝑍1 . 𝐼𝑎1

𝐸
𝐼𝑎1 =
𝑍1
o Para sequência negativa e sequência zero:

𝑉𝑎2
𝐼𝑎2 =− =0
𝑍2

𝑉𝑎0
𝐼𝑎0 = − =0
𝑍0 + 3𝑍𝐺
41
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Trifásico:

▪ Utilizando a equação de síntese para as correntes de sequência:

0
𝐼𝑎 1 1 1 𝐼𝑎0 1 1 1 𝐸
𝐼𝑏 = 1 𝑎2 𝑎 . 𝐼𝑎1 = 1 𝑎2 𝑎 .
𝑍1
𝐼𝑐 1 𝑎 𝑎2 𝐼𝑎2 1 𝑎 𝑎2
0
▪ Resulta em :

𝐼𝑎 = 𝐼𝑎1 𝐼𝑏 = 𝑎2 𝐼𝑎1 𝐼𝑐 = 𝑎𝐼𝑎1

𝐸
𝐼𝑐𝑐3∅ = (38)
𝑍1

42
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Fase-Terra:

▪ No curto circuito fase-terra, uma fase vai à terra e as outras duas ficam
“sãs”. As condições de contorno para este tipo de falta são (desprezando
as correntes de falta pré-falta):

𝑉𝑎 = 0 𝐼𝑏 = 𝐼𝑐 = 0

▪ Utilizando a equação de análise para as correntes de fase:


𝐼𝑎0 1 1 1 12 𝐼𝑎
𝐼𝑎1 = . 1 𝑎 𝑎 . 0
3
𝐼𝑎2 1 𝑎2 𝑎 0

▪ Resulta em:
𝐼𝑎
𝐼𝑎1 = 𝐼𝑎2 = 𝐼𝑎0 =
3

▪ Além disso, 𝑉𝑎 = 𝑉𝑎1 + 𝑉𝑎2 + 𝑉𝑎0 = 0. Portanto, os circuitos 43 de


sequência estão conectados em série, como mostra a figura a seguir:
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Fase-Terra:

▪ Modelo de sequência para um curto-circuito fase-terra:

44
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Fase-Terra:

▪ Pela condição de contorno da tensão e da corrente, tem-se que:


𝑉𝑎 = 𝑉𝑎1 + 𝑉𝑎2 + 𝑉𝑎0 = 0
0 = 𝐸 − 𝑍1 𝐼𝑎1 − 𝑍2 𝐼𝑎2 − 𝑍0 + 3𝑍𝐺 𝐼𝑎0
𝐸 = 𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍0 + 3𝑍𝐺 𝐼𝑎1

𝐸
𝐼𝑎1 = 𝐼𝑎2 = 𝐼𝑎0 =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍0 + 3𝑍𝐺
𝐼𝑎 = 𝐼𝑎1 + 𝐼𝑎2 + 𝐼𝑎0 = 3𝐼𝑎1

3𝐸
𝐼𝑐𝑐1∅ = (39)
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍0 + 3𝑍𝐺

45
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico:

▪ No curto circuito fase-fase, as condições de contorno, para uma falta


entre as fases “b” e “c”, e desprezando-se a corrente de carga pré-falta,
para este tipo de falta são:

𝑉𝑏 = 𝑉𝑐 𝐼𝑎 = 0 𝐼𝑏 = −𝐼𝑐

▪ Utilizando a equação de análise para as correntes de fase:


𝐼𝑎0 1 1 1 12 0
𝐼𝑎1 = . 1 𝑎 𝑎 . 𝐼𝑏
3
𝐼𝑎2 1 𝑎2 𝑎 −𝐼𝑏

▪ Resulta em:
𝑗 3 𝑗 3
𝐼𝑎0 = 0 𝐼𝑎1 = 𝐼 𝐼𝑎2 = −𝐼𝑎1 = − 𝐼
3 𝑏 3 𝑏

46
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico:

▪ Utilizando a equação de análise para as tensões de fase:


𝑉𝑎0 1 1 1 12 𝑉𝑎
𝑉𝑎1 = . 1 𝑎 𝑎 . 𝑉𝑏
3
𝑉𝑎2 1 𝑎2 𝑎 𝑉𝑏

▪ Resulta em:
𝑉𝑎1 = 𝑉𝑎2

▪ Isto significa que os circuitos de sequência positiva e negativa estão em


série, porém com correntes em sentidos opostos.

47
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico:

▪ Modelo de sequência para um curto bifásico:

48
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico:

▪ Pelo modelo de sequência mostrado anteriormente, tem-se que:


𝐸 − 𝑍1 𝐼𝑎1 = −𝑍2 𝐼𝑎2
𝐼𝑎2 = −𝐼𝑎1
𝐸 = 𝑍1 𝐼𝑎1 + 𝑍2 𝐼𝑎1
▪ Substituindo a expressão de 𝐼𝑎1 :

𝑗 3
𝐸 = (𝑍1 +𝑍2 ) × 𝐼
3 𝑏

−𝑗 3𝐸 𝑗 3𝐸
𝐼𝑏 = 𝐼𝑐 =
𝑍1 + 𝑍2 𝑍1 + 𝑍2

49
3𝐸
𝐼𝑐𝑐2∅ = (40)
𝑍1 + 𝑍2
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico-Terra:

▪ No curto circuito bifásico-terra, as condições de contorno para uma


falta são:

𝑉𝑏 = 𝑉𝑐 = 0 𝐼𝑎 = 0

▪ Utilizando a equação de análise para as tensões de fase:


𝑉𝑎0 1 1 1 12 𝑉𝑎
𝑉𝑎1 = . 1 𝑎 𝑎 . 0
3
𝑉𝑎2 1 𝑎2 𝑎 0

▪ Resulta em:
𝑉𝑎
𝑉𝑎0 = 𝑉𝑎1 = 𝑉𝑎2 =
3

▪ Isto significa que os circuitos de sequência devem ser conectados como


50
mostra a figura a seguir.
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico-Terra:

▪ Modelo de sequência para o curto circuito bifásico-terra:

51
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico-Terra:

▪ Pelo modelo de sequência mostrado anteriormente, tem-se que:

𝐸 𝐸 𝑍0 + 𝑍2 + 3𝑍𝐺
𝐼𝑎1 = =
𝑍 𝑍 + 3𝑍𝐺 𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2 + 𝑍1 𝑍𝐺 + 𝑍2 𝑍𝐺
𝑍1 + 2 0
𝑍0 + 𝑍2 + 3𝑍𝐺

▪ Para essa análise, podemos desprezar 𝑍𝐺 :

𝐸 𝑍0 + 𝑍2
𝐼𝑎1 =
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

52
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico-Terra:

𝐸 𝑍0 + 𝑍2
𝑉𝑎1 = 𝐸 − 𝑍1 𝐼𝑎1 = 𝐸 − 𝑍1
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

𝐸 𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2 − 𝑍0 𝑍1 − 𝑍1 𝑍2
𝑉𝑎1 =
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

𝐸 𝑍0 𝑍2
𝑉𝑎1 =
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

▪ Portanto:

𝑉𝑎2 𝑉𝑎1 1 𝐸 𝑍0 𝑍2
𝐼𝑎2 =− =− =− .
𝑍2 𝑍2 𝑍2 𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

𝐸𝑍0 53
𝐼𝑎2 =−
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico-Terra:

𝑉𝑎0 𝑉𝑎1 1 𝐸 𝑍0 𝑍2
𝐼𝑎0 =− =− =− .
𝑍0 𝑍0 𝑍0 𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

𝐸𝑍2
𝐼𝑎0 = −
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

54
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Curto-Circuito Bifásico-Terra:

▪ Utilizando a equação de síntese para as correntes de sequência, tem-se:

𝐼𝑎 1 1 1 𝐼𝑎0
𝐼𝑏 = 1 𝑎2 𝑎 . 𝐼𝑎1
𝐼𝑐 1 𝑎 𝑎2 𝐼𝑎2

▪ Resulta em:

−𝑗 3𝐸 𝑎2 + 1 𝑍2 + 𝑍0
𝐼𝑏 = (41)
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

𝑗 3𝐸 𝑎 + 1 𝑍2 + 𝑍0
𝐼𝑐 = (42)
𝑍0 𝑍1 + 𝑍0 𝑍2 + 𝑍1 𝑍2

55
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico

▪ O arco elétrico é uma descarga que pode surgir sempre que houver o
rompimento (falha) do dielétrico (isolação) de um ponto energizado em
relação à um terra (ou massa) ou entre dois pontos de potenciais
diferentes. A interrupção de correntes também provoca arcos.

▪ Para efeito da análise do comportamento das faltas por arco o circuito


correspondente é o mostrado logo abaixo, uma fonte senoidal em série
com uma impedância em série com um “gap”. Os terminais do gap
representam os condutores e o ar é o gap. corrente

tensão

56
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Principais características de uma falta por arco:
o As faltas por arco são intermitentes;
o As faltas por arco são descontínuas;
o As ondas de corrente de arco são não senoidais;
o A teoria fasorial não é aplicável.
o Tem características resistivas;
o O valor da corrente de arco é menor que a do curto-circuito franco;
o Atinge temperaturas elevadas;
o Pode atingir o estado do plasma(4ª estado da matéria);
o Em painéis, a potência máxima instantânea pode atingir 40 MW;
57
o Abaixo de 150 V, praticamente se auto-extingue.
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Principais características de uma falta por arco:
o Em média, a tensão do arco atinge de 500 a 1000V;
o As faltas por arco caminham para a fonte;
o A luminosidade do arco pode chegar a 2000 vezes a de um escritório;
o Gera elevada pressão internamente aos painéis;
o Podem derreter os componentes internos da gaveta/cubículo;
o Costumam danificar toda a coluna onde ocorreu a falta;
o Podem danificar várias colunas;
o Podem queimar cabos em leitos próximos ao painel;
o Arcos numa mesma fase não são identificados pelos relés de
sobrecorrente. Para a proteção, é necessário utilizar relé
58
fotossensível.
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Principais efeitos do arco:
o Temperatura – Como mencionado, as temperaturas são
elevadíssimas durante o arco e este efeito térmico provoca o
derretimento e a queima de todos os componentes próximos, pois
nada na natureza fica no estado sólido nestas temperaturas.

o Pressão – A rápida elevação da temperatura promove a expansão


instantânea do ar e, consequentemente, um deslocamento de ar que
atua como um impacto explosivo.

59
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Principais efeitos do arco:
o A pressão do arco pode ser calculada como segue:

2. 𝑁 𝑈 𝐼 𝑡 105
𝑃=
𝑉

𝑃 é a pressão do arco [Pa];


𝑁 é o número de arcos;
𝑈 é a tensão de arco;
𝐼 é a corrente de arco [kA];
𝑡 é o tempo de arco [s];
𝑉 é o volume do compartimento em m³.
60
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Principais efeitos do arco:
o Vapores e gases contaminantes – Com o aquecimento da isolação
dos materiais instalados no local do arco, ocorre desprendimento de
vapores e gases prejudiciais à saúde que podem causar o
envenenamento e levar, inclusive à morte.

61
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Cálculo do valor da corrente de arco:
o Como a teoria fasorial não é aplicável no cálculo do arco, o valor da
corrente de arco não pode ser calculado com precisão.

o O IEEE[7] realizou pesquisas e chegou aos seguintes fatores a


serem aplicados aos valores das faltas francas em sistema de BT:

o Existem literaturas que indicam valores de falta por arco tão baixos
quanto 20% do valor da falta franca. 62
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Cálculo do valor da corrente de arco:
o O IEEE Std 1584[75] prescreve metodologia para o cálculo das
faltas por arco e indicam como podem ser estimadas as correntes por
arco:

Para 𝐕𝐍 𝐝𝐚 𝐛𝐚𝐫𝐫𝐚 < 𝟏𝐤𝐕 e 𝟕𝟎𝟎 𝐀 < 𝐈𝐁 < 𝟏𝟎𝟔𝐤𝐀:

𝐼𝑎 = 10[𝐾+0,662×log 𝐼𝐵 +0,0966×𝑉+0,000526×𝐺+0,5588×𝑉×log 𝐼𝐵 −0,00304×𝐺×log(𝐼𝐵 )]

𝐼𝑎 é a corrente de falta por arco para a barra;


𝐾 é -0,153 para configuração aberta e -0,097 para configuração fechada;
𝐼𝐵 é a corrente de falta franca – trifásica em kA – rms para a barra;
𝑉 é a tensão entre fases da barra em kV;
63
𝐺 é o espaçamento entre barra em mm;
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Cálculo do valor da corrente de arco:
Para 𝐕𝐍 𝐝𝐚 𝐛𝐚𝐫𝐫𝐚 > 𝟏𝐤𝐕 e 𝟕𝟎𝟎 𝐀 < 𝐈𝐁 < 𝟏𝟎𝟔𝐤𝐀:

𝐼𝑎 = 10[0,00402+0,983×log(𝐼𝐵)]

o Estas correntes são usadas para a definição do indicador ATPV


(Arc Thermal Perfomance Value), que é utilizado para medir o
desempenho de tecidos retardantes à chama (FR = Flame retardant)
contra arcos elétricos.

o Limites de aplicação da fórmula:


• Tensão na barra entre 208 V e 15 kV;
• Icc de falta franca na barra entre 700 A e 106 kA;
64
• Espaçamento da barra entre 13 mm e 153 mm.
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Energia do arco:
o Sabe-se que:
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 = 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 . 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ∝ 𝐼2 → 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 ∝ 𝐼2 . 𝑡
o Como se vê, tanto a corrente como o tempo são importantes. A
própria evolução do tipo de sistema de aterramento demonstra que é
importante a redução do valor da corrente de falta à terra. O sistema
de aterramento através de resistor de baixo valor surgiu para diminuir
os danos em caso de faltas à terra no estator de máquinas girantes
para preservar a chaparia das máquinas. A corrente é calculada como
demonstrado anteriormente. O tempo é o tempo de eliminação da
falta que deve ser retirado do estudo de seletividade.

65
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Energia do arco:
o Energia Incidente Normalizada
• Na metodologia do IEEE 1584 o processo de obtenção dos
níveis de energia incidente é realizado através de ensaios com
diversos tipos de equipamentos. Como a variedade e os tipos de
equipamentos são muitos, foram escolhidos dois valores padrão
para os ensaios:
❖ Tempo de atuação - 0,2 segundos.
❖ Distância do operador em relação ao arco elétrico – 610
mm(24”).

66
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Energia do arco:
o Energia Incidente Normalizada
• Com os dois valores de ensaios informados, calcula-se a
chamada “energia incidente normalizada”, baseada em ensaios e
efetuando-se a obtenção da curva de tendência. Como, na
prática, raramente a condição ensaiada corresponde à real, deve-
se referir os cálculos a esta nova condição:

𝐸𝑁 = 10[𝐾1+𝐾2+1,081×log 𝐼𝑎 +0,0011×𝐺]

𝐾1 = -0,792 (configuração aberta);


𝐾1 = -0,555 (configuração em caixa);
𝐾2 = 0,000 (sist. isolados/aterrados por resistência de alto valor);
67
𝐾2 = -0,113 (sistemas aterrados).
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Energia do arco:
o Energia Incidente Real
• Como a condição do equipamento nunca é a da energia
incidente normalizada, deve-se ajustar o valor desta energia que,
segundo o IEEE 1584[75], a energia incidente real é calculada
com:

𝑡 610 𝑥
𝐸= 4,184. 𝐶𝑓 . 𝐸𝑁
0,2 𝐷

D é a distância do arco elétrico [mm];


t é o tempo de duração [s];
𝐸 é a energia incidente [J/cm²];
68
𝐶𝑓 = 1 (>1kV) e 1,5 (<1kV).
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Energia do arco:
o Energia Incidente Real
• De posse da energia incidente real, pode-se determinar as
vestimentas com base na norma NFPA 70E [76]:

69
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Resistência do arco:
o A natureza da corrente de arco não é determinística e, assim, a
resistência do arco não é constante em nenhum ciclo devido à cada
reignição no ambiente onde se instaura o arco ser diferente. Pela falta
de um modelo exato, as equações aproximadas propostas pelo IEEE
Std 551-2006[108] podem ser utilizadas:

1
𝑉 𝑃 6 Ω 1 4
= 59 2 = 59. 𝑃6 . 𝐼 3
𝑐𝑚 𝐼 𝑐𝑚

P é a pressão em atmosfera;
I é a corrente em kiloampères;
V/cm é a tensão em volts/centímetro;
70
Ω/cm é a resistência em ohm/centímetro.
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Resistência do arco – Método A.R Van C. Warrington:
o Este método tem sido muito utilizado para determinar a resistência
de arco para ajuste de relés de distância. Sabe-se que sempre quando
há ionização propicia-se a ocorrência do arco elétrico. Assim, em
alguns casos, tais como na análise de faltas múltiplas ou
desbalanceadas, pode ser desejável fazer a modelagem da resistência
do arco.

o O valor da resistência do arco elétrico pode ser calculado pelo


modelo apresentado na equação estudada por Warrington, mostrada a
seguir:
8750 × 𝐿
𝑅𝐴𝑅𝐶𝑂−𝐸𝐿É𝑇𝑅𝐼𝐶𝑂 = 1,4
[Ω]
𝐼

o Se há vento, o comprimento L fica alterado, como segue:


71

𝐿 = 3𝑣𝑡 + 𝐿0
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Resistência do arco – Método A.R Van C. Warrington:
I é a corrente em ampères (deve ser abaixo de 1000A);
L é o comprimento do arco em pés;
𝐿0 é o comprimento inicial do arco em pés;
v é a velocidade transversal do vento em milhas/hora;
t é o tempo após o início do arco em segundos;

o Valores típicos de R ARCO [16]:para faltas entre fases(em sistemas


de132 a 400kV) = 2 Ω; para faltas fase-terra = 0,7 Ω.

72
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Resistência do arco – Método J.Lewis Blackburn[65]:
o O valor da resistência de arco por este método é calculado como
segue:
440 × 𝐿
𝑅𝐴𝑅𝐶𝑂−𝐸𝐿É𝑇𝑅𝐼𝐶𝑂 = [Ω]
𝐼

I é a corrente em ampères;
L é o comprimento do arco em pés;

73
3.6. Tipos de Faltas Mais Comuns
➢ Faltas por Arco Elétrico
▪ Principais causas de arco:
o Mau contato;
o Sobrecarga;
o Umidade;
o Contaminação (pó, sal, etc);
o Animais;
o Deterioração da isolação por idade;
o Deterioração da isolação por ataque químico;
o Objetos estranhos;
o Aproximação de objetos;
o Mau encaixe de gavetas/disjuntores;
o Sobretensões de regime ou transitórias;
o Erros humanos;
o Perfuração da isolação;
o Abertura de disjuntores sem o meio de extinção (Vácuo/Gás
74
SF6/Óleo);
3.7. Corrente de Decremento de Geradores

➢ Quando ocorre um curto-circuito em um sistema alimentado por geradores


locais, a corrente de curto-circuito apresenta um pico inicial e a seguir começa
a decair rapidamente, uma vez que os mesmos não têm inércia suficiente para
sustentar o valor inicial permanentemente, como uma concessionária.

➢ Na maioria dos casos, a corrente de curto-circuito permanente pode,


inclusive, ser menor que a corrente nominal do gerador. Isto ocorre quando
Xd é maior que 1pu e depende também do carregamento do gerador no
instante da falta.

➢ A corrente de decremento de geradores é obtido através das equações a


seguir, conforme IEEE Std 242:

𝑡 2 𝑡 2
𝑡 − ′ −𝜏

𝐼𝑐𝑐𝑔 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 = 𝐼"𝑘 − 𝐼′ 𝑘 𝑒 𝜏"𝑑 + 𝐼′ 𝑘 − 𝐼𝑘 𝑒 𝜏𝑑 + 𝐼𝑘 + 2 𝐼"𝑘 𝑒 𝑔
75
(43)
3.7. Corrente de Decremento de Geradores

′′ ′
𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝐼𝑘′′ = ′′ 𝐼𝑘′ = ′ 𝐼𝑘 = ′′
𝑋𝑑 + 𝑍𝑁 𝑋𝑑 + 𝑍𝑁 𝑋𝑑 + 𝑍𝑁

𝐸𝛾′′ = 𝑈𝛾 + 𝑗𝑋𝑑′′ . 𝐼 𝐸𝛾′ = 𝑈𝛾 + 𝑗𝑋𝑑′′ . 𝐼 𝐸𝛾 = 𝑈𝛾 + 𝑗𝑋𝑑 . 𝐼

𝐸𝛾′′ = 𝑘 ′′ . 𝑈𝛾 𝐸𝛾′ = 𝑘 ′ . 𝑈𝛾 𝐸𝛾 = 𝑘. 𝑈𝛾

′′
′′ 𝑋𝑑 + 𝑋𝑁 ′′ 𝑋𝑑′ + 𝑍𝑁 𝑋𝑑′′ + 𝑍𝑁
𝜏𝑑 = ′ .𝜏 𝜏𝑑′ = ′
. 𝜏𝑑0 𝜏𝑔 =
𝑋𝑑 + 𝑋𝑁 𝑑0 𝑋𝑑 + 𝑍𝑁 𝜔(𝑅𝑎 + 𝑅𝑁 )

76
3.7. Corrente de Decremento de Geradores
➢ Em que:
▪ 𝐼𝑘′′ = Corrente de curto-circuito subtransitória;
▪ 𝐼𝑘′ = Corrente de curto-circuito transitória;
▪ 𝐼𝑘 = Corrente de curto-circuito permanente;
▪ 𝜏𝑑′′ = Constante de tempo subtransitória;
▪ 𝜏𝑑′ = Constante de tempo transitória;
▪ 𝐸𝛾′′ = F.E.M atrás da reatância subtransitória saturada de eixo direto;
▪ 𝐸𝛾′ = F.E.M atrás da reatância transitória saturada de eixo direto;
▪ 𝐸𝛾 = F.E.M atrás da reatância síncrona saturada;
▪ 𝑋𝑑′′ = Reatância subtransitória saturada de eixo direto;
▪ 𝑋𝑑′ = Reatância transitória saturada de eixo direto;
▪ 𝑋𝑑 = Reatância síncrona saturada;
▪ 𝑍𝑁 = Impedância externa ao gerador (até o ponto de falta);
▪ 𝑈𝛾 = Tensão nos terminais da máquina;
▪ 𝐼 = Corrente de carga do gerador;
▪ 𝜏𝑑0′′ = Constante de tempo subtransitória a vazio;

▪ 𝜏𝑑0 = Constante de tempo transitória a vazio;
▪ 𝜏𝑔 = Constante de tempo da componente de corrente contínua (da armadura); 77
▪ 𝑅𝑎 = Resistência da armadura.
3.7. Corrente de Decremento de Geradores
➢ Curva típica de decremento de gerador:

78
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência positiva:
o É o valor de impedância que aparece na placa do transformador. O
valor desta impedância é calculado com base na potência de
ventilação normal do transformador. Quando a impedância do
transformador não é conhecida os valores da tabela a seguir podem
ser utilizados.

79
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência negativa:
𝑍2 = 𝑍1
▪ Impedância de sequência zero:
o Os valores de sequência zero de transformadores dependem muito
do tipo de sua conexão e também do tipo de núcleo: envolvido ou
envolvente.

80
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência zero:
o Transformador de núcleo envolvido:

81
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência zero:
o Transformador de núcleo envolvente:

82
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência zero:
o Diagramas para núcleo envolvido:

83
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência zero:
o Diagramas para núcleo envolvido de três enrolamentos:

84
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência zero:
o Diagramas para núcleo envolvente:

𝑍0 = 𝑍1

𝑍0 = 𝑍1

𝑍0 = 𝑍1 85
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência zero:
o Diagramas para núcleo envolvente:

𝑍0 = 𝑍1

𝑍0 = 𝑍1

𝑍0 = 𝑍1

𝑍0 = 𝑍1

86
𝑍0 (𝑎𝑢𝑡𝑜)
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Transformadores
▪ Impedância de sequência zero:
o Diagramas para núcleo envolvente de três enrolamentos:

87
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Cabos
▪ Impedância de sequência positiva:
o Sempre que possível deve-se recorrer ao catálogo do fabricante para
a obtenção dos valores de 𝑍1 e 𝑍0 .

88
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Cabos
▪ Impedância de sequência negativa:
𝑍2 = 𝑍1
▪ Impedância de sequência zero:
o Na prática os valores Z0 dificilmente são conseguidos com
facilidade. Apresenta-se, na tabela abaixo a impedância para cabos de
baita tensão.

89
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Linhas Aéreas
▪ Impedância de sequência positiva de linhas de circuitos simples:
o É calculada de acordo coma seguinte equação:

𝐺𝑀𝐷
𝑋1 = 28,935325 × 10−4 . 𝑓. log (44)
𝐺𝑀𝑅
3
𝐺𝑀𝐷 = 𝑑𝑎𝑏 . 𝑑𝑏𝑐 . 𝑑𝑎𝑐

𝑑𝑎𝑏 é a distância entre as fases “a” e “b” em metros;


𝑑𝑏𝑐 é a distância entre as fases “b” e “c” em metros;
𝑑𝑎𝑐 é a distância entre as fases “a” e “c” em metros;
𝑓 é a frequência em hertz;
90
GMR é o raio médio geométrico.
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Linhas Aéreas
▪ Impedância de sequência positiva de linhas de circuitos simples:
o O 𝐺𝑀𝑅1𝑐 de um condutor depende da quantidade de fios do cabo
podendo-se escrever o seguinte:

𝐺𝑀𝑅1𝑐 = 0,726 × 𝑟 – Para cabos com 7 fios;


𝐺𝑀𝑅1𝑐 = 0,758 × 𝑟 – Para cabos com 19 fios;
𝐺𝑀𝑅1𝑐 = 0,768 × 𝑟 – Para cabos com 37 fios;
𝐺𝑀𝑅1𝑐 = 0,772 × 𝑟 – Para cabos com 61 fios;
𝐺𝑀𝑅1𝑐 = 0,774 × 𝑟 – Para cabos com 91 fios;
𝐺𝑀𝑅1𝑐 = 0,776 × 𝑟 – Para cabos com 127 fios;

o Conforme se aumenta o número de fios, a tendência é o valor do


𝐺𝑀𝑅1𝑐 convergir para 0,778 × 𝑟. Onde 𝑟 é o raio do fio elementar
do cabo.
91
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Linhas Aéreas
▪ Impedância de sequência positiva de linhas de circuitos múltiplos:
o Quando existe mais de um circuito por fase, o conceito de GMR1c é
estendido para o espaçamento médio geométrico(GMS) entre
condutores de uma fase em relação a um condutor, ou seja:

𝑛
𝐺𝑀𝑆 = 𝐺𝑀𝑅1𝑐 . 𝐷12 . 𝐷13 … 𝐷𝑖𝑛

o Onde 𝐷12 . 𝐷13 … 𝐷𝑖𝑛 = distância entre subcondutores de uma


mesma fase em metros.

o O valor da reatância indutiva passa a ser calculado como segue:

𝐺𝑀𝐷
𝑋1 = 28,935325 × 10−4 . 𝑓. log (45)
𝐺𝑀𝑆 92
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Linhas Aéreas
▪ Impedância de sequência positiva:
o Resistência e GMR para cabos de cobre para LTs.

93
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Linhas Aéreas
▪ Impedância de sequência positiva:
o Resistência e GMR para cabos de cobre para LTs.

94
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Linhas Aéreas
▪ Impedância de sequência positiva:
o Resistência e GMR para cabos de cobre para LTs.

95
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Linhas Aéreas
▪ Impedância de sequência negativa:
𝑍2 = 𝑍1
▪ Impedância de sequência zero:
𝑅0 = 𝑅1 + 0,002961. 𝑓 [Ω/𝑘𝑚] (46)

𝑋0 = 𝑋𝑎 + 𝑋𝑒 − 2𝑋𝑑 (47)

0,304
𝑋𝑎 = 0,002894. 𝑓. log
𝐺𝑀𝑅

4665600𝜌
𝑋𝑒 = 0,004341. 𝑓. log
𝑓

𝐺𝑀𝐷
𝑋𝑑 = 0,002894. 𝑓. log 96
0,304
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Geradores
▪ Impedâncias de sequência positiva, negativa e zero:

97
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Motores de Indução
▪ Impedância de sequência positiva:
o Para motores de indução, a reatância subtransitória pode ser
calculada conforme apresentado no capítulo 1:
𝐼𝑁
𝑋 ′′ % =
𝐼𝑃
o Utilizando-se uma corrente típica de partida de 6 × 𝐼𝑁 , obtém-se
uma reatância de 16,67% ~ 17%. Este é o valor da reatância sugerido
pelo IEEE Std 141.

o Quando não se dispõe da corrente de partida, mas da Letra Código,


a tabela NEC[23] pode ser utilizada, como é abordado no capítulo 1.

98
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Motores de Indução
▪ Impedância de sequência negativa:
o Para motores de indução temos

𝑋2 ≈ 𝑋1
▪ Impedância de sequência zero(𝑍0 ):
o É importante lembrar que a maioria dos motores é conectada em
estrela não aterrada e, neste caso, não contribui para faltas à terra, ou
seja, a reatância 𝑋0 é infinita.

o Quando o neutro da estrela é aterrado, vale a seguinte expressão:


𝑋0 ≈ 0,2𝑋1

99
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Motores Síncronos
▪ Impedância de sequência positiva:

▪ Impedância de sequência negativa e zero:


o Pode-se adotar as mesmas considerações feitas para os geradores.

10
0
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Motores Equivalentes
▪ Nos estudos de curto-circuito, normalmente, os motores de baixa tensão
são representados por um único motor denominado MOTOR
EQUIVALENTE.

▪ Impedância de sequência positiva:


o Para grupos de motores de baixa tensão, o IEEE Std 141 sugere o
valor indicado abaixo para fins de cálculo de curto-circuito para a
seletividade:
𝑋 ′′ = 25%(𝐺𝑟𝑢𝑝𝑜 − 𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠)

10
1
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Motores Equivalentes
▪ Potência do motor equivalente:
o A potência total a ser designada ao motor equivalente deve ser igual
à soma das potências nominais individuais dos motores que estão
rodando. Quando não se dispõe desta informação, uma alternativa
razoável consiste na utilização de 60% da potência nominal do
transformador, pois, normalmente, os transformadores são
dimensionados em 80% da carga, sendo que 80% das cargas são
motoras.

▪ Impedância de sequência negativa:


𝑋2 = 𝑋1
▪ Impedância de sequência zero:
o Visto que a maioria dos motores é conectada em estrela não
aterrada, sendo aterrada apenas a carcaça, a impedância de sequência
zero é infinita. Caso o neutro da estrela seja aterrado, pode-se 10
considerar: 2

𝑋0 = 0,2𝑋1
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Bus-Ways (Barramento Blindado)
▪ Impedância de sequência positiva:
o Sempre que possível, deve-se recorrer ao catálogo do fabricante
para a obtenção dos valores de 𝑍1 e 𝑍0 . Apresentam-se a seguir, as
impedâncias de sequências positivas extraídas do IEEE Std 141, Red
Book[7].

10
3
3.8. Impedâncias de Sequência
➢ Impedâncias de Sequência de Bus-Ways
▪ Impedância de sequência negativa:
𝑍2 = 𝑍1
▪ Impedância de sequência zero:
o Na prática, os valores de 𝑍0 não são obtidos com facilidade.
Obtiveram-se da referência [107] os valores de 𝑅0 /𝑅𝐹 e 𝑋0 /𝑋𝐹
apresentados na tabela abaixo:

10
4
3.9. Particularidades – Curto-Circuito Fase-Terra
➢ Sistema Aterrado por Resistência:
▪ O valor da corrente de curto-circuito fase-terra, praticamente, é
determinado pela característica da resistência de aterramento, visto que o
valor da resistência é predominante no valor da corrente de falta.

▪ Exemplo – Imaginemos um sistema alimentado por um


transformador de 7500kVA, 138 /13,8 kV, Z% = 8, conexão triângulo-
estrela, com o neutro aterrado por resistência de 400A – 10s.
Supondo que o barramento fosse infinito e 𝒁𝟎 = 𝒁𝟏 = 𝒁𝟐 para o
Trafo.

▪ RESPOSTA
o Passando as impedâncias para PU na base de 100MVA:
• Mudança de base do trafo para a base do sistema:
𝑗8 100𝑀𝑉𝐴 (13.8𝑘𝑉)2
𝒁𝟏𝑻𝑹 = 𝒁𝟐𝑻𝑹 = 𝒁𝟎𝑻𝑹 = × × = 𝒋 𝟏, 𝟎𝟔𝟔𝟕 𝒑𝒖
100 7,5𝑀𝑉𝐴 (13,8𝑘𝑉)2
10
5
3.9. Particularidades – Curto-Circuito Fase-Terra
➢ Sistema Aterrado por Resistência:
▪ RESPOSTA
o Passando as impedâncias para PU na base de 100MVA:
• Resistência de aterramento:
𝑉𝑁 13,8𝑘𝑉
𝒁𝑮 = = ≈ 𝟐𝟎 + 𝒋𝟎[Ω]
𝐼 3 3 × 400

13,8𝑘𝑉 2
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 = = 1,9044Ω
100𝑀𝑉𝐴
20 20
𝒁𝑮 = = ≈ 𝟏𝟎, 𝟓𝟎𝟐𝟎 𝒑𝒖
𝑍𝑏𝑎𝑠𝑒 1,9044

10
6
3.9. Particularidades – Curto-Circuito Fase-Terra
➢ Sistema Aterrado por Resistência:
▪ RESPOSTA
o Cálculo da corrente de curto-circuito fase-terra:

3𝐸
➢ 𝐼𝑐𝑐1∅ =
𝑍1 +𝑍2 +𝑍0 +3𝑍𝐺

3 × 1∠0°
𝐼𝑐𝑐1∅ =
𝑗1,0667 + 𝑗1,0667 + 𝑗1,0667 + 31,5060
𝑰𝒄𝒄𝟏∅ = 𝟎, 𝟎𝟗𝟒𝟕∠ − 𝟓, 𝟕𝟗𝟗𝟓° pu

1000000
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = = 4183,7𝐴
3 × 13800
𝐼𝑐𝑐1∅ = 𝐼𝑐𝑐1∅𝑝𝑢 × 𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑰𝒄𝒄𝟏∅ = 𝟑𝟗𝟔, 𝟑𝟑∠ − 𝟓, 𝟕𝟗𝟗𝟓°𝑨 10
7
3.9. Particularidades – Curto-Circuito Fase-Terra
➢ Sistema Aterrado por Resistência:
▪ RESPOSTA
o Como pode ser visto, assumir que o valor do curto-circuito fase-
terra seja igual ao valor de limitação da resistência, quando o sistema
é aterrado por resistência de baixo valor, é razoável. Neste nosso
exemplo, o erro foi menor que 1 %. Os dados utilizados no estudo
normalmente não apresentam esta precisão.

10
8
3.9. Particularidades – Curto-Circuito Fase-Terra
➢ Sistema Solidamente Aterrado:

▪ O valor da corrente de curto-circuito fase-terra franco pode ser


considerado, praticamente, igual ao da corrente de curto-circuito trifásico.

▪ Esta consideração é plenamente aceitável, visto que, em sistemas


industriais, há predominância de transformadores com conexão triângulo
–estrela e, neste caso, o valor da reatância de sequência zero varia de 0,93
a 1 vez o valor da impedância de sequência positiva.

▪ A 𝐼𝑐𝑐1∅ é dada pela equação 39:

3𝐸
𝐼𝑐𝑐1∅ =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍0 + 3𝑍𝐺

10
9
3.9. Particularidades – Curto-Circuito Fase-Terra
➢ Sistema Solidamente Aterrado:

▪ Para o caso de equipamentos estáticos(transformadores, cabos, linhas,


etc.), utiliza-se:
𝑍2 = 𝑍1

▪ Em sistemas solidamente aterrados, tem-se que:

𝑍𝐺 = 0
▪ Para transformadores com as características mencionadas
anteriormente:
𝑍0 ~ 𝑍1

▪ Portanto:

3𝐸 3𝐸 𝐸
𝐼𝑐𝑐1∅ = = = = 𝐼𝑐𝑐3∅
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍0 + 3𝑍𝐺 3𝑍1 𝑍1 11
0
3.10. Exemplos
➢ 1 – Calcular os valores das correntes de curto-circuito trifásica simétrica
e assimétrica, no nível de 0,48 kV, para o sistema da figura abaixo,
admitindo-se barramento infinito na entrada. Utilizar a base de 100MVA.

𝑰𝒄𝒄 𝟑∅

11
𝑰𝒄𝒄 𝟑∅ 1
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Representação do sistema em PU
o A representação em pu do cabo e do transformador foi abordada
nos exemplos 1 e 3, respectivamente, do capítulo 1. Considerando o
barramento infinito, tem-se que a impedância de entrada é nula.
Abaixo são apresentados os valores em pu dos componentes do
sistema:


𝒁𝑪 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟖𝟎 + 𝒋 𝟎, 𝟎𝟎𝟕𝟔 𝒑𝒖
𝒁𝑻𝑹 = 𝟎, 𝟑𝟕𝟐𝟏 + 𝒋 𝟐, 𝟗𝟕𝟔𝟖 𝒑𝒖
𝒁𝑺 = 𝟎 + 𝒋 𝟎 𝒑𝒖

11
2
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Diagrama de impedâncias:
o Para o cálculo da corrente de curto-circuito trifásica, utiliza-se
apenas o diagrama de impedâncias de sequência positiva.

11
3
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Cálculo da impedância reduzida(Equivalente de Thevenim):


𝑍𝐸𝑄 = 𝑍𝑠 + 𝑍𝑐 + 𝑍𝑇𝑅
𝑍𝐸𝑄 = 0,0 + 0,0180 + 0,3721 + 𝑗(0,0 + 0,0076 + 2,9768)
𝒁𝑬𝑸 = 𝟑, 𝟎𝟎𝟗𝟖∠𝟖𝟐, 𝟓𝟓° 𝒑𝒖

𝑋
→ = tg 82,55° = 7,6503
𝑅

11
4
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Cálculo da corrente de curto-circuito trifásica simétrica:

𝐸 1
𝐼𝑐𝑐3∅ = =
𝑍𝐸𝑄 3,0098∠82,55°
𝐼𝑐𝑐3∅ = 0,3322∠ − 82,55° 𝑝𝑢

100000000
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = = 120281,31 𝐴
480 × 3

𝐼𝑐𝑐3∅𝑝𝑢
𝑰𝒄𝒄𝟑∅ = = 𝟑𝟗𝟗𝟔𝟑∠ − 𝟖𝟐, 𝟓𝟓° 𝑨
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒

11
5
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Cálculo da corrente de curto-circuito trifásica assimétrica(1/2 ciclo):
o Pela equação 33, tem-se que:

4𝜋
− 𝑋 𝑡𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠
𝑋
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴 = 1+ 2. 𝑒 𝑅 = 7,6503
𝑅

2𝜋
− 𝑋
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴 = 1+ 2. 𝑒 𝑅

2𝜋
− 7,6503
𝐹𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀𝐸𝑇𝑅𝐼𝐴 = 1 + 2. 𝑒

𝑭𝑨𝑺𝑺𝑰𝑴𝑬𝑻𝑹𝑰𝑨 = 𝟏, 𝟑𝟕𝟏𝟎 11
6
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Cálculo da corrente de curto-circuito trifásica assimétrica(1/2 ciclo):

𝐼𝐶𝐶−𝐴𝑆𝑆𝐼𝑀É𝑇𝑅𝐼𝐶𝐴
𝐹𝐴 =
𝐼𝐶𝐶−𝑆𝐼𝑀É𝑇𝑅𝐼𝐶𝐴

𝐼𝑐𝑐3∅𝑎𝑠𝑠𝑖 = 𝐹𝐴 × 𝐼𝑐𝑐3∅𝑠𝑖

𝐼𝑐𝑐3∅𝑎𝑠𝑠𝑖 = 1,3710 × 39963

𝑰𝒄𝒄𝟑∅𝒂𝒔𝒔𝒊 = 𝟓𝟒𝟕𝟗𝟏∠ − 𝟖𝟐, 𝟓𝟓°𝑨

11
7
3.10. Exemplos
➢ 2 – Calcular os valores das correntes de curto-circuito fase-terra, no nível
de 0,48 kV, para o mesmo sistema do exemplo anterior, admitindo-se
barramento infinito na entrada. Utilizar a base de 100MVA.

11
𝑰𝒄𝒄 𝟏∅ 8
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Representação do sistema em PU
o Abaixo são apresentados os valores das impedâncias de sequência
positiva, em pu, dos componentes do sistema:

𝒁𝟏𝑪 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟖𝟎 + 𝒋 𝟎, 𝟎𝟎𝟕𝟔 𝒑𝒖


𝒁𝟏𝑻𝑹 = 𝟎, 𝟑𝟕𝟐𝟏 + 𝒋 𝟐, 𝟗𝟕𝟔𝟖 𝒑𝒖
𝒁𝟏𝑺 = 𝟎 + 𝒋 𝟎 𝒑𝒖
o Para o cabo, tem-se que:
𝑅0 𝑋0
= 3,2 𝑒 = 4,8
𝑅1 𝑋1

o Logo, a impedância de sequência zero do cabo será:


𝒁𝟎𝑪 = 𝟎, 𝟎𝟓𝟕𝟔 + 𝟎, 𝟎𝟑𝟔𝟓𝒋 𝒑𝒖 11
9
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Representação do sistema em PU
o Para o transformador 𝑍0 = 𝑍1 , portanto:
𝒁𝟎𝑻𝑹 = 𝒁𝟏𝑻𝑹 = 𝟎, 𝟑𝟕𝟐𝟏 + 𝒋 𝟐, 𝟗𝟕𝟔𝟖 𝒑𝒖
o Na entrada:
𝒁𝟎𝑺 = 𝒁𝟏𝑺 = 𝟎, 𝟎 + 𝒋 𝟎, 𝟎 𝒑𝒖

12
0
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Diagrama de impedâncias:

Seq. positiva Seq. negativa Seq. zero

12
1
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Cálculo da impedância reduzida(Equivalente de Thevenim):
o Sequência positiva:
𝑍𝐸𝑄 = 𝑍1𝑠 + 𝑍1𝑐 + 𝑍1𝑇𝑅
𝑍1𝐸𝑄 = 0,0 + 0,0180 + 0,3721 + 𝑗(0,0 + 0,0076 + 2,9768)
𝒁𝟏𝑬𝑸 = 𝟎, 𝟑𝟗𝟎𝟏 + 𝒋 𝟐, 𝟗𝟖𝟒𝟒 𝒑𝒖
o Sequência negativa:
𝒁𝟐𝑬𝑸 = 𝒁𝟏𝑬𝑸 = 𝟎, 𝟑𝟗𝟎𝟏 + 𝒋 𝟐, 𝟗𝟖𝟒𝟒 𝒑𝒖
o Sequência zero:
𝒁𝟎𝑬𝑸 = 𝒁𝟎𝑻𝑹
𝒁𝟎𝑬𝑸 = 𝟎, 𝟑𝟕𝟐𝟏 + 𝒋 𝟐, 𝟗𝟕𝟔𝟖 𝒑𝒖
12
2
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Cálculo da corrente de curto circuito fase-terra:
o No cálculo de faltas fase-terra, como já mostrado no tópico 3.6, as
correntes de sequência são iguais. Isso significa que os circuitos
ficam em série. Isso resulta em:

12
3
3.10. Exemplos
➢ RESPOSTA:
▪ Cálculo da corrente de curto circuito fase-terra:

𝐸
𝐼𝑎1 = = 0,1109∠ − 82,66° 𝑝𝑢
𝑍1𝐸𝑄 + 𝑍2𝐸𝑄 + 𝑍3𝐸𝑄 + 3𝑍𝐺

𝐼𝑐𝑐1∅ = 𝐼𝑎 = 𝐼𝑎1 + 𝐼𝑎2 + 𝐼𝑎0 = 3 × 𝐼𝑎1

𝐼𝑐𝑐1∅ = 3 × 0,1109∠ − 82,66°

𝑰𝒄𝒄𝟏∅ = 𝟎, 𝟑𝟑𝟐𝟔∠ − 𝟖𝟐, 𝟔𝟔° 𝒑𝒖

100000000
𝐼𝑏𝑎𝑠𝑒 = = 120281,31 𝐴
3 × 480

𝑰𝒄𝒄𝟏∅ = 𝟒𝟎𝟎𝟕∠ − 𝟖𝟐, 𝟔𝟔° 𝑨 12


4

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