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COMO EVITAR A PREVISÃO DE STEPHEN HAWKING DE QUE A

HUMANIDADE SÓ TEM MAIS 100 ANOS DE VIDA NA TERRA

Fernando Alcoforado*

Este artigo tem por objetivo apresentar o que foi dito pelo falecido cientista Stephen
Hawking que afirmou em 2018 que a espécie humana poderia ser levada à extinção em
100 anos e que, devido a isto, forçaria os seres humanos a saírem da Terra, bem como
demonstrar que as ameaças de extinção da espécie humana citadas por Hawking podem
ser enfrentadas sem que haja a necessidade de fuga de seres humanos da Terra. Stephen
Hawking, falecido em 2018, foi um físico teórico e cosmólogo britânico, reconhecido
internacionalmente por sua contribuição à ciência, sendo um dos mais renomados
cientistas do século XX. As declarações de Hawking foram feitas no
documentário Expedition New Earth apresentado pela BBC na série Tomorrow's World.
Hawking explicou que, até o início do século 22, a Terra passará por outro período de
extinção em massa ocasionado por vários motivos, entre eles a mudança climática
causada pelo aquecimento global, o aumento desenfreado da população mundial, guerras
nucleares e a criação de vírus geneticamente modificados que, segundo ele, forçariam os
seres humanos a saírem da Terra. Além disso, Hawking acreditava que será ainda maior
o risco de colisão de asteroides com a Terra, o que forçaria os seres humanos a colonizar
outros planetas. Ele explica que já temos tecnologia suficiente para destruir o planeta,
mas não para escapar dele o que deveria ser feito dentro de um século.

Ressalte-se que, em novembro de 2016, Hawking fez declaração afirmando que os


humanos deveriam se preparar para uma possível extinção da própria espécie, caso não
saíssem do planeta no próximo milênio. O prazo para ele agora é de 100 anos. Este prazo
de 100 anos dado por Hawking parte da premissa de que a extinção da espécie humana
ocorrerá se nada for feito para evitar os eventos catastróficos por ele citados. Em 2017,
Hawking afirmou que, apesar de serem muito pequenas as chances de um desastre natural
destruir o planeta Terra em um determinado ano, é preciso destacar que essas chances
têm aumentado com o passar do tempo e vão acabar se tornando uma certeza para os
próximos mil a 10 mil anos. Hawking estava correto quando disse que a humanidade
deveria estar espalhada por todo o espaço sideral há tempos para que um desastre na Terra
não signifique o fim da espécie humana. No entanto, as ameaças apontadas por Hawking
não justificam a fuga de seres humanos da Terra e sim a busca de sua solução conforme
apontamos em nosso livro A Humanidade ameaçada e as estratégias para sua
sobrevivência publicado pela Editora Dialética de São Paulo.

As ameaças representadas pela mudança climática causadas pelo aquecimento global,


pelo aumento desenfreado da população mundial, por guerras nucleares e pandemias
citadas por Hawking podem ser enfrentadas sem que haja a necessidade de fuga de seres
humanos da Terra. Em nosso livro, acima citado, foi proposto que, para lidar com a
ameaça da mudança climática, pode-se adotar o modelo de desenvolvimento sustentável
em cada país e globalmente e implantar um governo democrático mundial para ordenar o
meio ambiente do planeta e, para eliminar as guerras, podem ser constituídos um governo
democrático mundial e um parlamento mundial para mediarem os conflitos internacionais
e assegurarem a paz mundial. Por sua vez, para evitar as pandemias podem ser adotadas
por um governo mundial políticas globais que façam com que o ser humano passe a viver
em harmonia com a natureza, pare imediatamente de degradar e desmatar florestas e haja

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fortalecimento dos sistemas de vigilância em saúde de todos os países, proibição
internacional do comércio de espécies de alto risco de transmissão de vírus, erradicação
do consumo de carne silvestre no mundo e criação de uma biblioteca da genética de vírus,
que ajude no mapeamento de locais de onde possam surgir novos patógenos de alto risco.
No caso da colisão sobre a Terra de asteroides, pode-se adotar como estratégia desviar
suas trajetórias ou destruí-los com bombas nucleares se estiverem distantes da Terra.

Cabe observar que o alerta do grande cientista Hawking de extinção da espécie humana
não incorpora todas as ameaças que pairam contra a humanidade a curto prazo. Hawking
não incluiu outras ameaças, como, por exemplo, grandes erupções de vulcões similares
às ocorridas há 250 milhões de anos que acabaram com um ciclo de vida na Terra, a
colisão de cometas/pedaços de cometas com 20 km, 50 km, 100 km e 150 km de diâmetro
que transportam 107 megatons de energia de impacto e a emissão de raios gama
resultantes da explosão de estrelas supernovas como o que atingiu a Terra há quase 450
milhões de anos. Ameaças que pairam, também, contra a humanidade a médio e longo prazo
não foram consideradas por Hawking como, por exemplo, a colisão com a Terra de
planetas do sistema solar, especialmente Mercúrio, e de planetas órfãos, as consequências
do afastamento da Lua em relação à Terra, a morte do Sol, a colisão das galáxias
Andrômeda e Via Láctea e o fim do Universo. Em nosso livro A Humanidade ameaçada
e as estratégias para sua sobrevivência admitimos que deveriam ser adotadas estratégias
de fuga de seres humanos para locais alternativos habitáveis mais viáveis no sistema solar
como Marte, a lua Titan de Saturno e a lua Callisto de Júpiter apenas nos casos de grandes
erupções de vulcões, da colisão com a Terra de planetas do sistema solar e de planetas
órfãos, das consequências do afastamento da Lua em relação à Terra e da explosão de
raios gama emitidos em direção à Terra. Em nosso livro formulamos, também estratégias
de fuga de seres humanos do planeta Terra para exoplanetas situados, por exemplo, no
sistema estelar Alpha Centauri antes da morte do Sol, para exoplanetas situados nas
galáxias mais próximas da Via Láctea como a Galáxia Anã do Cão Maior ou a Grande
Nuvem de Magalhães antes da colisão das galáxias Andrômeda e Via Láctea e para
universos paralelos antes do fim de nosso Universo.

O planeta Marte é, no momento, a principal alternativa de fuga da espécie humana no


sistema solar em caso de ameaça de extinção da espécie humana. Já existem planos de
colonização de Marte como os da NASA, de Elon Musk, CEO do Space X, e da China.
Só daqui a duas décadas é que a NASA planeja enviar os primeiros astronautas ao planeta
vermelho. Para a NASA, muitos desafios que ainda precisam ser superados antes que os
humanos possam ocupar o planeta Marte, como radiações cósmicas, efeitos da
microgravidade e contaminações fatais ao homem. O plano da NASA consiste em,
inicialmente, realizar experimentos sobre a saúde e o comportamento humanos no planeta
Marte, o desenvolvimento de sistemas para cultivar comida e reciclar água e, também,
avaliar como viver e trabalhar na superfície de Marte e em trânsito em naves espaciais
para sustentar a vida humana durante anos fazendo apenas manutenções de rotina. Os
astronautas que viajarem para Marte podem passar até três anos no espaço, onde a
radiação cósmica é alta e, portanto, são maiores os riscos de desenvolver câncer, perder
densidade óssea e sofrer outros problemas de saúde. Elon Musk declarou em entrevista
que a SpaceX vai poder levar pessoas com destino a Marte em 2026 no momento de maior
proximidade entre a Terra e Marte, que é uma oportunidade favorável para lançamentos
de espaçonaves, que só ocorre uma vez a cada 26 meses, e colonizar Marte com um
milhão de humanos até 2050. A China, por sua vez, planeja a primeira missão tripulada a
Marte para 2033 com as missões subsequentes fazendo parte de um plano de longo prazo

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para construir uma base habitada permanente no planeta vermelho, extrair seus recursos,
aproveitar a água sob a superfície do planeta, produzir oxigênio no local e gerar
eletricidade. A China pretende, também, desenvolver a tecnologia para enviar os
astronautas de volta à Terra. Uma missão não tripulada de ida e volta para obter amostras
de solo marciano deve ocorrer até o final de 2030.

O esforço de colonização de Marte requer, entretanto, que seja comprovada a presença de


água em um planeta que é seco e bastante frio. A temperatura média da superfície de
Marte varia desde -125 graus Celsius no inverno marciano até 22 graus Celsius no verão
marciano. A atmosfera de Marte é composta de mais de 95% de dióxido de carbono. Os
outros 5% correspondem a substâncias como o nitrogênio e o oxigênio. A atmosfera é,
portanto, rarefeita e com baixa quantidade de oxigênio. Marte possui gelo em seus polos,
que não é feito de água, mas de gás carbônico. As tempestades de areia no planeta
vermelho possuem ventos que podem chegar a 150 km por hora. Elas duram semanas, ou
meses, e podem tomar conta do planeta inteiro. Esta situação pode mudar com a
terraformação de Marte. A utilização de cianobactérias e fitoplânctons em Marte é uma
forma de converter CO2 em oxigênio respirável. Para melhorar a questão da temperatura
superficial, cogita-se a implantação de indústrias. Com esta ação, a pressão atmosférica
provavelmente aumentaria pela passagem do CO2 na forma de gelo seco do estado sólido
diretamente para gás e também derreteria possivelmente as calotas polares, localizadas
na criosfera do planeta. A passagem das calotas polares do gelo seco do estado sólido
diretamente ao gasoso seria importante para aumentar a espessura da atmosfera marciana,
o que ajudaria a aumentar a temperatura e a pressão atmosférica do planeta. A utilização
de dois espelhos de modo estático para que direcione os raios solares para as calotas
polares visando passagem do estado sólido diretamente ao gasoso da camada de gelo de
CO2 pode contribuir com o aumento do efeito estufa de Marte.

Pelo exposto, pode-se afirmar que que as ameaças de extinção da espécie humana citadas
por Hawking podem ser enfrentadas sem que haja a necessidade de fuga de seres humanos
da Terra desde que sejam adotadas as estratégias apresentadas em nosso livro A
Humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência visando combater a
mudança climática, a explosão populacional, guerras nucleares e pandemias por ele
citadas e foi demonstrado que outras ameaças à vida humana, sobretudo as vindas do
espaço sideral, exigem que sejam adotadas estratégias que contribuam para planejar a
fuga de seres humanos para locais possíveis de serem habitáveis dentro e fora do sistema
solar e que a colonização de Marte poderá ocorrer a partir da década de 2030.

* Fernando Alcoforado, 81, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema


CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento
Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor
nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de
sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC-
O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil
(Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de
doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização
e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século
XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions
of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o
progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo,
São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV,
Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI

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(Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o
Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba,
2017), Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-
autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019) e A humanidade
ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021).

, atualizada em 25/06/2021 16h16

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