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Wilhelm Dilthey (1833 - 1911)

Introdução às Ciências do Espírito (1883)

O fundamento de toda a ciência é a experiência, mas a experiência depende das


condições da nossa consciência.

 a Natureza como fenómeno (uma sombra da realidade)


 a realidade dos factos da experiência interior

Enquanto Kant colocou a questão do conhecimento, partindo de uma ideia do Homem


como ser dotado de razão (a razão pura), Dilthey procura as condições do conhecimento
no Homem como um todo - na sua vontade, nos seus sentimentos e nos seus
pensamentos.

 é preciso explicar o conhecimento da realidade a partir da natureza do Homem como


um todo.

O objecto de estudo das Ciências do Espírito: a realidade histórico-social

A distinção entre Ciências da Natureza e Ciências do Espírito:

O motivo da distinção tem as suas raízes na auto-consciência humana: a ideia da


soberania da vontade, da responsabilidade dos actos, do domínio da razão distingue o
Homem da Natureza.

A constituição das Ciências do Espírito tem o seu fundamento na diferença entre


processos que resultam da combinação de dados sensitivos e factos que resultam da
experiência interior.

A nossa ideia da realidade resulta de uma cooperação dos nossos órgãos sensitivos com
a experiência interior.

A impossibilidade da dedução de factos espirituais a partir de uma ordem da Natureza,


resultado da diferença de origem destes elementos, define os limites de um
conhecimento da Natureza e o ponto de partida de uma Ciência do Espírito.
A relação entre Ciências da Natureza e Ciências do Espírito:

O Homem como organismo

As impressões do mundo exterior através dos órgãos sensitivos

A vontade do Homem produz efeitos no mundo material - a acção humana.

O significado da Natureza a nível dos fins e dos meios da intervenção do Homem.

A oposição entre o ponto de vista transcendental e o ponto de vista empírico:

A Natureza depende das condições da consciência  a evolução do espírito depende


das condições da Natureza.

A solução da oposição:

Prova da realidade objectiva da experiência interior; demonstração de existência de um


mundo exterior.
No mundo exterior encontramos factos espirituais em consequência de um processo de
transferência a partir do nosso interior. Este processo corresponde a uma analogia da
nossa vida interior através de determinadas manifestações com fenómenos do mundo
exterior.

O mundo histórico (1910)

O objecto de estudo das Ciências do Espírito: a Humanidade respectivamente a


realidade histórico-social

Na Humanidade não há separação entre físico e psíquico.


A Natureza manifesta-se no nosso interior através das pulsões.
Os estados de consciência encontram uma expressão em gestos, expressões mímicas,
palavras e ganham objectividade em instituições, estados, igrejas e estabelecimentos de
ensino e investigação.

É preciso descobrir a relação entre as Ciências do Espírito e a Humanidade como


objecto de estudo:
Esta relação é caracterizada por uma atitude de reflexão. Neste sentido interpreta-se
toda a manifestação da vida para encontrar o estado interior de onde emana.
Há duas orientações principais no trabalho científico:
- Queremos dominar o mundo físico através do estudo das suas leis. Só podemos
encontrar as suas leis, reprimindo as impressões subjectivas da Natureza para dar
lugar a um conhecimento abstracto da mesma de acordo com as relações de espaço,
tempo, massa e movimento. Esta atitude resume-se a uma exclusão do Homem para
construir a Natureza como uma ordem de leis.
- A outra orientação no trabalho científico é o regresso do Homem à vivência, na qual
encontra a Natureza e a vida como algo dotado de significado, valor e utilidade.
Tudo o que a Humanidade produz, os seus actos, a organização exterior da
sociedade, encontra uma unidade na vivência. A compreensão parte dos dados
sensitivos da História para regressar a uma realidade não-sensível que se manifesta,
no entanto, no exterior.

Os critérios para uma distinção entre Ciências do Espírito e Ciências da Natureza:

A Humanidade, entendida como realidade física, só podia ser objecto de conhecimento


das Ciências da Natureza. Ela passa a ser objecto das Ciências do Espírito quando o
Homem vive situações e se exprime em manifestações da vida que, por sua vez,
permitem uma compreensão.

A relação entre vivência, expressão e compreensão distingue o processo através do qual


a Humanidade passa a ser objecto de estudo das Ciências do Espírito.

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