O fundamento de toda a ciência é a experiência, mas a experiência depende das
condições da nossa consciência.
a Natureza como fenómeno (uma sombra da realidade)
a realidade dos factos da experiência interior
Enquanto Kant colocou a questão do conhecimento, partindo de uma ideia do Homem
como ser dotado de razão (a razão pura), Dilthey procura as condições do conhecimento no Homem como um todo - na sua vontade, nos seus sentimentos e nos seus pensamentos.
é preciso explicar o conhecimento da realidade a partir da natureza do Homem como
um todo.
O objecto de estudo das Ciências do Espírito: a realidade histórico-social
A distinção entre Ciências da Natureza e Ciências do Espírito:
O motivo da distinção tem as suas raízes na auto-consciência humana: a ideia da
soberania da vontade, da responsabilidade dos actos, do domínio da razão distingue o Homem da Natureza.
A constituição das Ciências do Espírito tem o seu fundamento na diferença entre
processos que resultam da combinação de dados sensitivos e factos que resultam da experiência interior.
A nossa ideia da realidade resulta de uma cooperação dos nossos órgãos sensitivos com a experiência interior.
A impossibilidade da dedução de factos espirituais a partir de uma ordem da Natureza,
resultado da diferença de origem destes elementos, define os limites de um conhecimento da Natureza e o ponto de partida de uma Ciência do Espírito. A relação entre Ciências da Natureza e Ciências do Espírito:
O Homem como organismo
As impressões do mundo exterior através dos órgãos sensitivos
A vontade do Homem produz efeitos no mundo material - a acção humana.
O significado da Natureza a nível dos fins e dos meios da intervenção do Homem.
A oposição entre o ponto de vista transcendental e o ponto de vista empírico:
A Natureza depende das condições da consciência a evolução do espírito depende
das condições da Natureza.
A solução da oposição:
Prova da realidade objectiva da experiência interior; demonstração de existência de um
mundo exterior. No mundo exterior encontramos factos espirituais em consequência de um processo de transferência a partir do nosso interior. Este processo corresponde a uma analogia da nossa vida interior através de determinadas manifestações com fenómenos do mundo exterior.
O mundo histórico (1910)
O objecto de estudo das Ciências do Espírito: a Humanidade respectivamente a
realidade histórico-social
Na Humanidade não há separação entre físico e psíquico.
A Natureza manifesta-se no nosso interior através das pulsões. Os estados de consciência encontram uma expressão em gestos, expressões mímicas, palavras e ganham objectividade em instituições, estados, igrejas e estabelecimentos de ensino e investigação.
É preciso descobrir a relação entre as Ciências do Espírito e a Humanidade como
objecto de estudo: Esta relação é caracterizada por uma atitude de reflexão. Neste sentido interpreta-se toda a manifestação da vida para encontrar o estado interior de onde emana. Há duas orientações principais no trabalho científico: - Queremos dominar o mundo físico através do estudo das suas leis. Só podemos encontrar as suas leis, reprimindo as impressões subjectivas da Natureza para dar lugar a um conhecimento abstracto da mesma de acordo com as relações de espaço, tempo, massa e movimento. Esta atitude resume-se a uma exclusão do Homem para construir a Natureza como uma ordem de leis. - A outra orientação no trabalho científico é o regresso do Homem à vivência, na qual encontra a Natureza e a vida como algo dotado de significado, valor e utilidade. Tudo o que a Humanidade produz, os seus actos, a organização exterior da sociedade, encontra uma unidade na vivência. A compreensão parte dos dados sensitivos da História para regressar a uma realidade não-sensível que se manifesta, no entanto, no exterior.
Os critérios para uma distinção entre Ciências do Espírito e Ciências da Natureza:
A Humanidade, entendida como realidade física, só podia ser objecto de conhecimento
das Ciências da Natureza. Ela passa a ser objecto das Ciências do Espírito quando o Homem vive situações e se exprime em manifestações da vida que, por sua vez, permitem uma compreensão.
A relação entre vivência, expressão e compreensão distingue o processo através do qual
a Humanidade passa a ser objecto de estudo das Ciências do Espírito.