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O abolicionismo foi um movimento político que se desenvolveu durante o

iluminismo do século XVIII e teve como objetivo a abolição da escravatura e comércio de


africanos, tornando-se numa das formas mais representativas do ativismo político do
século XIX até a atualidade.
Portugal foi o pioneiro do abolicionismo, mas a escravatura só acabou muitos anos
depois. A 19 de setembro de 1761 Sebastião José de Carvalho e Melo emitiu um alvará,
assinado pelo rei D. José, para que todos os escravos negros provenientes da América,
África ou Ásia fossem libertados assim que chegassem a Portugal continental, após o
desembarque. Apesar desta lei ter sido expandida em novos alvarás, não era válida nas
colónias portuguesas, mas mesmo assim foi o primeiro passo para a abolição da
escravatura no mundo.
Por pressão da parte da Grã-Bretanha, no início do século XIX Portugal proibiu o
comércio atlântico de escravos. Em 1854, foi decretada a libertação dos escravos cativos
e dois anos mais tarde todos os escravos da Igreja Católica nas colónias também foram
libertados. O tráfico clandestino de escravos ainda era persistente e por isso, a 25 de
fevereiro de 1869, foi executada a abolição “prática” e completa da escravatura em todo
o Império Português. A última escrava em Portugal faleceu na década de 1930 e tinha
120 anos de idade.
Ao contrário de Portugal, os Estados Unidos foi o país que mais praticou a
escravidão. Nos Estados Unidos o movimento abolicionista foi formado em 1830 nos
estados do norte do país e em 1831, foi fundada a New-England Anti-Slavery Society
(Sociedade anti-escravatura da Nova Inglaterra).
O movimento teve as suas origens no século XVIII, pretendendo a proibição do
tráfico de escravos. A posse de escravos foi permitida até o final da Guerra da Secessão,
particularmente nos estados do sul. Todos os estados a norte de Maryland aboliram a
escravidão entre 1789 e 1830, gradualmente e em diferentes momentos. Contudo, o
status da escravidão permaneceu inalterado no Sul, e os costumes e o pensamento
público fortaleceram-se no sentido na defesa da escravidão como resposta ao crescente
fortalecimento da atitude anti-escravatura do Norte. O ponto de vista contra a
escravidão que muitos homens do Norte mantinham após 1830 foi tendendo de forma
lenta e sutil para o movimento abolicionista. A maioria dos nortistas aceitava a
existência da escravidão e não tinha, como objetivo, mudar isso, mas favorecer uma
política de libertação indenizada e gradual. Os abolicionistas, por outro lado, queriam
terminar com a escravidão para sempre e o movimento caracterizou-se pelo apoio da
aplicação da violência para acelerar o fim da escravidão, como mostram as atividades de
John Brown.
Muitos abolicionistas americanos desempenharam um papel ativo contra a
escravidão no Underground Railroad, que tinha como objetivo ajudar os escravos
fugitivos, apesar das grandes penas que isto podia originar segundo a lei federal que
entrou em vigor em 1850. Através da Declaração de Emancipação, decretada pelo
presidente Abraham Lincoln, onde foi declarada a liberdade de todos os escravos em
1863 e que entrou em vigor pela primeira vez no final da Guerra Civil (1865), os
abolicionistas americanos obtiveram a libertação dos escravos nos estados onde ainda
havia escravidão.
O feminismo é um conjunto de movimentos políticos e sociais, filosofias e
ideologias que tem como objetivo os direitos iguais entre homens e mulheres, uma
vivência humana através do empoderamento feminino e da queda de padrões
patriarcais baseados em normas de género, além de lutar pelos direitos das mulheres e
os seus interesses. Segundo Maggie Humm e Rebecca Walker, a história do feminismo
pode ser dividida em três “ondas”. A primeira teria acontecido no século XIX e início do
século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970 e a terceira na década de 1990 até os
dias de hoje.
A primeira onda do feminismo refere-se a um período extenso de atividade
feminista que ocorreu durante o século XIX e início do século XX no Reino Unido e nos
Estados Unidos, focada originalmente na promoção da igualdade nos direitos
contratuais e de propriedade para homens e mulheres, na oposição de casamentos
arranjados e as mulheres casadas serem propriedade dos seus maridos. No entanto, no
fim do século XIX, o ativismo passou a focar-se principalmente na conquista de poder
político, especialmente o direito ao voto por parte das mulheres. Ainda assim,
feministas como Voltairine de Cleyre e Margaret Sanger já faziam campanhas pelos
direitos sexuais, reprodutivos e econômicos das mulheres nesta época.
Em 1918, o Representation of the People Act foi aprovado, concedendo o direito
ao voto às mulheres acima de 30 anos de idade que possuíssem uma ou mais casas e em
1928, este direito foi concedido todas as mulheres acima de vinte e um anos de idade.
Nos Estados Unidos, líderes deste movimento incluíram Lucretia Mott, Lucy Stone,
Elizabeth Cady Stanton e Susan B. Anthony, que já tinham lutado pela abolição da
escravidão antes de defender o direito das mulheres ao voto. A primeira onda do
feminismo, nos Estados Unidos, envolveu uma ampla variedade de mulheres; algumas,
como Frances Willard, pertenciam a grupos cristãos, como a Woman's Christian
Temperance Union; outras, como Matilda Joslyn Gage, eram mais radicais e
expressavam-se dentro da National Woman Suffrage Association, ou de maneira
independente. Considera-se que a primeira onda do feminismo nos Estados Unidos
tenha terminado com a aprovação da Décima Nona Emenda à Constituição dos Estados
Unidos, em 1919, que concedeu às mulheres o direito ao voto em todos os estados.
A primeira onda de feministas, ao contrário da segunda, preocupou-se muito
pouco com a questão do aborto; no geral, eram contrárias ao conceito. Embora nunca se
tenha casado, Anthony publicou os seus pontos de vista sobre o casamento, afirmando
que uma mulher deveria ter o direito de recusar ter relações sexuais com o marido. Até
então, a mulher americana não tinha qualquer recurso legal contra a violação pelo seu
marido. Na sua opinião, era importante conceder à mulher o direito ao seu próprio
corpo, que ela via como um elemento essencial na prevenção de gravidezes indesejadas,
através do uso de abstinência como método contracetivo.
Em meados do século XX as mulheres ainda não tinham alguns direitos
importantes nalguns países europeus. As feministas nesses países continuaram a lutar
pelo direito de voto. Na Suíça, as mulheres ganharam o direito de votar em eleições
federais apenas em 1971 e no cantão de Appenzell Interior as mulheres obtiveram o
direito de votar em questões locais só em 1991, quando o cantão foi forçado a fazê-lo
pelo Supremo Tribunal Federal da Suíça.
As feministas continuaram a campanha para a reforma das leis de família que
davam aos maridos total controlo sobre as suas esposas. As feministas também
trabalharam para abolir a «isenção conjugal» nas leis de violação, que impediam o
julgamento dos maridos que violavam as suas próprias esposas. As tentativas anteriores
das feministas da primeira onda, como Voltairine de Cleyre, Victoria Woodhull e
Elizabeth Elmy, para criminalizar a violação conjugal no final do século XIX não tiveram
sucesso, todavia isso foi apenas conquistado um século mais tarde na maioria dos países
ocidentais, mas ainda não foi conquistado em muitas outras partes do mundo.
A filósofa francesa Simone de Beauvoir forneceu uma solução marxista e uma
visão existencialista sobre muitas das questões do feminismo com a publicação de Le
Deuxième Sexe em 1949. O livro expressa o sentimento de injustiça das feministas. A
segunda onda do feminismo é um movimento que começou no início de 1960 e
continua até o presente. Portanto, coexiste com o feminismo de terceira onda.
A terceira onda do feminismo começou no início da década de 1990, como uma
resposta às supostas falhas da segunda onda e também como uma retaliação a
iniciativas e movimentos criados por esta. Uma interpretação pós-estruturalista do
gênero e da sexualidade é central à maior parte da ideologia da terceira onda. As
feministas da terceira desafiam os paradigmas da segunda onda sobre o que é e o que
não é bom para as mulheres. A terceira onda teve origem no meio da década de 1980
onde as líderes feministas com raízes na segunda onda, como Gloria Anzaldúa, Bell
Hooks, Cherrie Moraga, Audre Lorde, Maxine Hong Kingston e diversas outras
feministas, procuraram negociar um espaço dentro da esfera feminista para a
consideração de subjetividades relacionadas à raça.
A terceira onda do feminismo também apresenta debates internos. O chamado
feminismo da diferença defende que há importantes diferenças entre os sexos,
enquanto outras vertentes creem não haver diferenças inerentes entre homens e
mulheres defendendo que os papéis atribuídos a cada gênero instauram socialmente a
diferença.

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