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Dualismo de Propriedades

A mente humana é um campo vasto e obscuro de estudo da ciências e da filosofia. Muitas

áreas do conhecimento envidam esforços em tentar elaborar conceitos e teorias para tentar se

aproximar das suas reais propriedades e funcionalidades, porém, não há um consenso e a produção

de trabalhos nesse campo se multiplicam em várias direções.

O interesse em desvelá-la deve ter surgido desde tempos remotos, quando as espécimes

mais rudimentares do gênero homo sapiens sapiens se aperceberam das suas faculdades mentais e

se tornou célebre na constatação de Descartes, na qual verificou que era um ser pensante,

eliminando assim qualquer aspecto de dúvida sobre sua existência.

Tentar compreendê-la, ou melhor conhecê-la, é com certeza uma empreendimento árduo,

pois estaremos tendo como objeto, algo que hipoteticamente pode ser incorpóreo ou então se o

materialismo radical estiver correto, imensamente complexo para as experiências científicas. Além

disso, se a abordagem for a filosófica, teremos um outro problema: a mente como desbravadora da

própria mente.

O problema fundamental da especulação da Filosofia da Mente é a determinação da

natureza substancial dos estados mentais, ou seja, se ela é essencialmente um fenômeno físico, ou se

possui um propriedade não física. Com a refutação e a descrença do dualismo forte defendido por

Descartes, por falta de explicação convincente da relação mente e corpo, as teorias materialistas

acabaram, por fim, ascendendo e ocupando os espaços nessa disciplina, porém, a dificuldade em

desvendar e apresentar a mente de forma clara e consistente permanece, pois a maioria destas

teorias apresenta insuficientes elementos ou então negam a existência da mente.

Apresentar sucintamente a descrição e diferenças das duas correntes filosóficas: monismo

e dualismo.

Juntamente com o espantoso andar da neurociência, fixou-se a crença indubitável que os

estados mentais possuem uma relação intrínseca com o corpo, mais especificamente com o centro
nervoso, de modo que o cérebro e suas ramificações nervosas tem como efeito a mente: o primeiro

como elemento de causação do segundo. Tudo reduzido ao mundo material. Da afirmação anterior,

surge um problema fundamental dessa concepção: o que seria a mente? Apenas efeitos dos

processos físicos do corpo? Porém para esta ideia estar correta é preciso encontrar uma relação

exata de causa e efeito ou melhor uma lei que representa essa correspondência.

Talvez o grande entrave, que este tipo de materialismo enfrenta, me parece, é querer

encontrar algo no corpo que corresponda ao que apresenta na mente. Pois, o primeiro se apresenta a

experiencia com aspectos fisiológicos e mecanicistas, enquanto os fenômenos da mente como o

pensamento, sentimentos e emoções, em formas humanas e naturalizadas, peculiares e sentidas

desde sempre pela espécie, tanto que que existem uma linguagem própria pra referenciar aquilo que

é intangível e assimétrico entre indivíduos.

Um meio termo entre as correntes monistas e dualistas, é o dualismo de propriedade, que

defende que os estados mentais possuem um atributo material e outro imaterial. De forma que nos

fenômenos desta natureza, além dos efeitos físicos necessários, estes viriam acompanhados por um

conteúdo mental, não físico.

As relações de causalidade puramente físicas, são relativamente fáceis de se conceber

através dos instrumentos consolidados da física, química e biologia, porém será possível coexistir

um efeito puramente mental ou então, algo material provocar dois efeitos: um da mesma espécie e

outro não material.

Talvez uma resposta a esta questão esteja em estabelecer que o arranjo físico do que pode

ser chamado mente tem um centro consolidador ou capacidade interligada de reunir as informações

apresentadas pelas reações e interações físicas responsáveis pelos estados mentais de forma que o

resultado é o processamento e a leitura destes. O que é pensado fica registrado de forma material

porém o pensamento em si como é apresentado a consciência na forma de linguagem é imaterial.

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