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4º Ano
Universidade Licungo
Quelimane
2021
3º Grupo
Universidade Licungo
Quelimane
2021
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Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 3
3. Conclusão .......................................................................................................................... 17
1. Introdução
Neste presente trabalho irmos abordar sobre o contexto actual da saúde e segurança no trabalho,
onde a saúde e a segurança do trabalhado nunca estiveram tão em pauta. As legislações
nacionais, bem como as convenções e tratados internacionais, não acompanham as necessidades
atuais dos trabalhadores no tocante à questão da saúde, da segurança, do meio ambiente do
trabalho e da sua dignidade. Entretanto teremos como os principais aspectos na qual
influenciam na saúde e segurança no trabalho como, os quistos polemicas, O surgimento da
medicina do trabalho e os obstáculos a proteção plena, e finalmente falaremos da terceirização
de mão de obra e as doenças do trabalho.
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A saúde do trabalhador encontra referencias jurídicas nas esferas do Código do Processo Penal
(CPP), Código do Processo Civil (CPC) e no Supremo Tribunal Federal (STF)
Por outro lado, a essa forma inconsequente de lidar com a saúde e a vida, une-se a resistência
dos indivíduos em aceitarem a condição de doentes. Nos dizeres de Minayo-Gomez (1997):
“O medo de perder o emprego – garantia imediata de sobrevivência – aliado aos mais variados
constrangimentos que marcam a trajetória do trabalhador doente, “afastado” do trabalho,
mascara, em muitos casos, a percepção dos indícios de comprometimento da saúde ou desloca-
os para outras esferas da vida, inibindo ou protelando, frequentemente, ações mais incisivas de
reivindicação às instâncias responsáveis pela garantia da saúde no trabalho” (MINAYO-
GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997).
A estratégia adotada pelos produtores, como sugestão de um médico chamado Robert Becker,
foi a de colocar em suas fábricas seus próprios médicos. Dessa forma, estes profissionais
poderiam ter livre acesso às salas e aos ambientes de trabalho, com liberdade para terem
conversas diretas com os trabalhadores, identificarem seus problemas e fazerem a
intermediação entre os obreiros, seus patrões e os consumidores. Assim, após a identificação
dos males que acometiam o ambiente de labor, caberia aos médicos de cada empresa fazer
cessar as causas dos danos, e tal responsabilidade se restringia apenas a este profissional,
portanto, havendo doença relacionada ao ambiente de trabalho, era dever do médico extinguir
seus efeitos, pois recairia sobre este a responsabilidade pelos danos causados por estas
enfermidades. (MENDES; DIAS, 1991)
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Este modelo rapidamente se expandiu para o restante da Europa e, logo após, para os países
periféricos.
“A inexistência ou a fragilidade dos sistemas de saúde, quer como expressão do seguro social,
quer diretamente providos pelo Estado, via serviço de saúde pública, fez com que os serviços
médicos de empresas passassem a exercer um papel vicariante, consolidando, ao mesmo tempo,
sua vocação enquanto instrumento de criar e manter a dependência do trabalhador ao lado do
exercício direto do controle da força de trabalho” (MENDES; DIAS, 1991).
Com efeito, importante que se destaque, desde logo, a conotação e o respeito que se deu à
questão da saúde mental do trabalhador. Vedou-se a exposição do trabalhador a agentes
causadores de danos psíquicos, ambientes desumanos e degradantes, além de impor a
necessidade de adequar o local de labor às condições e atribuições de cada obreiro, tratando-os
de forma diferenciada e respeitosa, vez que estes são “objetos” ou “meios” de destaque na
produção, na movimentação econômica e devem ter sua dignidade protegida de forma crucial.
“Em primeiro lugar, a seleção de pessoal possibilita a escolha de uma mão de obra menos
geradora de problemas futuros como o absentismo e suas consequências (interrupção da
produção, gastos com obrigações sociais, etc). Em segundo lugar, o controle deste absentismo
na força de trabalho já empregada, analisando os casos de doenças, faltas, licenças, obviamente
com mais cuidado e controle da empresa. Outro aspecto é a possibilidade de obter um retorno
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mais rápido da força de trabalho e produção.” (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986 apud MENDES;
DIAS, 1991).
No entanto, conforme será demonstrado nas linhas subsequentes, o actual sistema tornou-se um
tanto defasado diante das mudanças ocorridas, principalmente no que se refere à economia, à
necessidade de produção em larga escala, a mercantilização dos serviços (terceirização) e às
novas doenças do trabalho que surgiram, quer seja devido à exposição a agentes novos, quer
seja devido à pouca quantidade de descanso a que os trabalhadores desfrutam, quer seja pela
terceirização desenfreada de mão de obra, ou até mesmo pelos atrasos salariais, maus tratos e
humilhações sofridas pelos obreiros nos dias atuais. Todas essas questões capazes de gerar
danos na esfera psíquica e consequentemente à saúde daquele que é a força que movimenta o
mundo moderno.
É certo que o Brasil é um dos países do mundo cuja legislação trabalhista é uma das mais
completas, mas nem sempre as qualidades dos dispositivos significam o seu cumprimento e sua
eficácia.
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“O Brasil, em particular, possui uma forte retaguarda normativa no tema da segurança e saúde
no trabalho e o mesmo não se dá nos demais países [do Mercosul]. Cabe destacar que a extensa
normatização brasileira pode ser ‘confundida’ com um excesso de regulamentação
governamental nas questões privadas e entrar no bojo das propostas flexibilizadoras do
neoliberalismo.” (RIBEIRO, 1997 apud OLIVEIRA; VASCONCELLOS, 2000).
Portanto, apesar de incontáveis normas protetivas, a tal proteção que se espera não é o que se
vê na prática. A todo o momento vemos trabalhadores tendo seus direitos lesados e nunca houve
tantos acidentes e doenças do trabalho como hoje. Nos últimos vinte anos, considerando-se
apenas os casos ocorridos no Brasil com trabalhadores segurados pela Previdência Social,
houve mais de meio milhão de mortes ou incapacidades permanentes para o trabalho. No total,
considerando-se os acidentes de trabalho oficialmente notificados (com a emissão da CAT),
sem considerar os trabalhadores acidentados, que não são contratados pela Consolidação das
Leis do Trabalho, e apesar de conhecida subnotificação dos acidentes, nos últimos 20 anos
ocorreram em torno de trinta milhões de eventos (POSSAS, 1989; MACHADO, 1991 apud
OLIVEIRA; VASCONCELLOS, 2000).
Ora, nunca o trabalhador esteve tão desprotegido. Frise-se que grande parte da culpa deverá
recair sobre os empregadores, pois são nestes meios que o trabalhador é visto apenas como
objeto de produção. A necessidade de avançar para almejar conquistas cada vez mais lucrativas
acaba “vendando” os olhos do empregador no que concerne ao carro chefe do seu sucesso: o
empregado. O crescimento desenfreado da economia gera uma concentração de esforços do
empresário apenas no trabalho do obreiro e em sua produção, tornando os empreendedores
omissos no que se refere às medidas preventivas de acidentes e de doenças laborais.
Outro entrave reside no fato de a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ser
de responsabilidade dos empregadores. Como sabemos, muitas empresas ainda resistem em
atender à legislação e emitir este comunicado e, muitas vezes, só o fazem quando os agravos à
saúde já são irreparáveis e o trabalhador já é considerado incapaz para o trabalho e insuscetível
de reabilitação para o exercício de qualquer atividade (MIRANDA, 2006).
A preferência dos empregadores por não lançar a CAT acaba por prejudicar os trabalhadores
como um todo, eis que os dados do INSS sobre acidentes de trabalho passam a serem
desactualizados e precários de informações, e, quando se omite a ocorrência de uma doença
laboral, não há como o Estado interferir na questão preventiva específica.
Nos dizeres de Mendes & Dias (1991): “Apesar das mudanças estabelecidas na legislação
trabalhista, foram mantidas na legislação previdenciária/acidentária as características básicas
de uma prática medicalizada, de cunho individual, e voltada exclusivamente para os
trabalhadores engajados no setor formal de trabalho. Caberia saber porque o modelo da saúde
ocupacional não conseguiu atingir os objetivos propostos. Dentre os fatores que poderiam ser
listados estão: a) o modelo mantém o referencial da medicina do trabalho firmado no
mecanicismo; b) não concretiza o apelo à interdisciplinaridade: as atividades apenas se
justapõem de maneira desarticulada e são dificultadas pelas lutas corporativas; c) a capacitação
de recursos humanos, a produção de conhecimento e tecnologia de intervenção não
acompanham o ritmo da transformação dos processos de trabalho; d) o modelo, apesar de
enfocar a questão do coletivo de trabalhadores, continua a abordá-los como “objeto” das ações
de saúde; d) a manutenção da saúde ocupacional no âmbito do trabalho, em detrimento do setor
saúde.”
Com efeito, o Estado não tem se atentado que a grande problemática da relação trabalho-saúde
está sob o seu poder. O modelo de prevenção concentra-se no trabalhador como o “objeto das
ações de saúde”, quando o entrave está numa questão muito mais abrangente e geral: a saúde
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como um todo. Quando as políticas públicas voltadas à promoção da saúde não estão em ordem,
não há como existirem ações específicas eficazes.
“Alguns órgãos atuam na prevenção, outros nas consequências e outros ainda na reparação, mas
ninguém tem visão nítida do conjunto. O fracionamento dessas competências faz com que o
grande problema da saúde do trabalhador seja transformado numa questão menor, diluída no
quadro de atribuições de cada um desses órgãos”. (OLIVEIRA, 1996).
Nesse passo, fica compreensível porque é tão difícil diagnosticar e tratar uma doença do
trabalho: as passagens por processos produtivos diversos podem mascarar os nexos causais e
diluir a possibilidade de estabelecê-los (MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997).
Políticas como essa permitirão que o obreiro se sinta valorizado, seguro, abraçado pela lei e
pelas ações de governo nesse sentido. Outro modo de elevar a estima do empregado, e forçar o
cumprimento das ações preventivas pelo empregador, é a criação de um certificado de qualidade
de vida no trabalho, como sugerem os autores acima citados. Para terem direito ao certificado,
os empreendedores deveriam cumprir determinadas metas, dentre elas possuírem um sistema
de controle de riscos para os trabalhadores. Assim, receberiam incentivos fiscais, o que
engrandeceria ainda mais os cuidados a serem tomados.
Voltando-se a atenção governamental para a questão do meio ambiente do trabalho, muito mais
protegidos estarão os trabalhadores, pois, em tese, as forças estarão direcionadas para a
prevenção, tornando digno e adequado o local de labor, reduzindo, assim, a probabilidade de
ocorrências de doenças ou acidentes de trabalho.
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Nos dizeres de Raimundo Simão de Melo (2011): “O meio ambiente de trabalho é o local onde
as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio
está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a
incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentam
(homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos,
etc) (…) O meio ambiente de trabalho adequado e seguro é um dos mais importantes e
fundamentais direitos do cidadão trabalhador, o qual, se desrespeitado, provoca agressão a toda
a sociedade, que, no final das contas, é quem custeia a Previdência Social”. (DE MELO, 2011).
A terceirização de mão de obra é um dos institutos mais polêmicos nos dias atuais. O que
deveria ser a exceção virou a regra. Como analisa Carlos Roberto Miranda (2006): “O processo
de globalização dos mercados com a exigência de novos programas de gestão da produção, de
reorganização do trabalho e de inovação tecnológica, obrigou as empresas no país a se
reciclarem para enfrentar a concorrência”. Deste modo, a necessidade de cortes de gastos e,
consequentemente, aumento de lucratividade amparou o surgimento de um instituto antes
rechaçado, que encontrou brechas na lei e se instalou de forma perigosa no Brasil.
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As contratações por empresa interposta avançaram de forma tão feroz que pegaram o judiciário
de surpresa, abarrotando-os de ações referentes a questões de terceirização. Para tanto, o TST
editou o enunciado 256, reconhecendo a ilegalidade do instituto, salvo nos casos de trabalho
temporário e de vigilância. Nos dizeres de Carlos Roberto Miranda, as controvérsias
continuaram envolvendo as empresas de prestação de serviços enquanto o processo de
terceirização avançava concreta e aceleradamente. A súmula 331 do TST indicou a não
formação de vínculo entre os empregados terceirizados e a empresa contratante de mão de obra,
desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação direta.
No nosso entender, reside aí a grande questão: não havendo vínculo, abrem-se portas para que
hajam mais e mais contratações de empregados terceirizados, deixando-os mais expostos aos
riscos, com mais dificuldades de garantirem seus direitos trabalhistas e sendo os mesmos
“lançados” de uma empresa para outra, num modelo em que nenhuma das duas (contratante e
contratada) querem assumir os riscos e as responsabilidades em casos de ocorrências de
eventuais acidentes.
Conforme dito, a principal mudança no mundo do trabalho continua sendo a redução de custos
– que provoca uma lenta precarização das condições de trabalho e de emprego. Os objetivos
das empresas é concentrar as tarefas e responsabilidades em relação à produção, deixando em
segundo plano serviços não menos essenciais como segurança, informática, limpeza, etc – há
quem já terceirize serviços administrativos e de secretários,bem como de atendimento ao
consumidor (os SAC’s). Para estes serviços, as tomadoras contratam empresas especializadas
em determinada atividade para trabalhar em seu ambiente de trabalho e, como não são seus
empregados efetivos, é evidente que não serão tratados com o mesmo cuidado.
Além do exposto acima, estudos apontam que os níveis salariais e o empenho em ações
preventivas de doenças do trabalho são inferiores nas empresas subcontratadas. Dados do
DIEESE mostram que quase 70% das empresas subcontratadas pagavam salários menores do
que as contratantes, e em 32% das empresas a terceirização estava associada à ausência de
equipamentos de proteção individual, menor segurança e maior insalubridade (MIRANDA,
2006).
E o mesmo autor continua sua explanação citando um relatório publicado pela OIT que mostra
que até três quartos dos empregados de uma plataforma de petróleo são terceirizados. Em
relação à frequência dos acidentes de trabalho, as análises estatísticas revelam uma incidência
muito maior entre trabalhadores terceirizados.
“Dentre as causas para isto é citado o fato de estes trabalhadores realizarem a maioria das
atividades perigosas ao mesmo tempo que possuem tanto menor capacitação e treinamento,
como desfrutam menos direitos quando comparados aos trabalhadores diretos das empresas,
tendo isto diversas implicações em termos de segurança”. (MIRANDA, 2006).
Portanto, há de se alertar para essa situação, pois é grave. A necessidade de legislação com
maior poder de abraçar e proteger o trabalhador terceirizado é urgente, pois os mesmos estão
sendo lesados pelas irresponsabilidades das empresas contratantes e contratadas. A Justiça do
Trabalho está inundada de processos envolvendo terceirizações – muitas delas ilegais – em que
as empresas pretendem se esquivar de suas responsabilidades na promoção da segurança, de
condições dignas de trabalho e de um salário justo. As empresas contratantes alegam não ser
delas o empregado acidentado, enquanto as empresas contratadas defendem a tese de que o
ambiente de trabalho alheio não é de responsabilidade delas.
Neste ínterim o obreiro fica a mercê da escassa boa vontade das empresas ou do poder público
para ver resolvida sua questão.
O que ocorre no presente é que os produtores não são mais como antes. O setor de alimentos
no país vem crescendo de forma descomunal, clamando pela necessidade de transformação do
que antes era uma pequena propriedade rural, de economia familiar, em indústrias
multinacionais dos alimentos, das matérias primas de vestuários, da madeira para construção e
de tudo o que possa ter sua fonte primária produzida em meio à natureza – também explica a
necessidade de terceirização dos serviços conforme analisado tópico acima.
“Todo esse processo constitui o arcabouço da chamada modernização agrícola que, se por um
lado tem gerado aumento da produtividade, por outro tem provocado exclusão social, migração
rural, desemprego, concentração de renda, empobrecimento da população rural e danos à saúde
e ao meio ambiente – desmatamento indiscriminado, manejo incorreto do solo, impactos do uso
de agrotóxicos, contaminação dos recursos hídricos, etc.”
Tendo essa concepção como base, é admissível que se relacione os principais riscos e danos
que acometem os agricultores: a) acidentes com ferramentas manuais, com máquinas ou
implementos agrícolas; b) acidentes com animais peçonhentos; c) exposições a radiações
solares por longos períodos; d) ruídos e vibrações presentes em equipamentos como
motosserras, colheitadeiras e tratores; e) exposição à partículas de grãos, ácaros e pólen; f)
exposição a fertilizantes e agrotóxicos. (DA SILVA; NOVATO-SILVA; FARIA; PINHEIRO,
2005).
Ora, havemos de tirar uma conclusão sobre o que acabamos de citar. Ao contrário do que ocorre
com trabalhadores comuns (de áreas urbanas), que, em casos de exposição à agentes insalubres,
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ficam vulneráveis apenas a um ou outro malefício (por exemplo: o gari que tem como risco o
mau cheiro e o triturador do caminhão; ou o agente comunitário de saúde que fica exposto
somente ao sol e às endemias), o trabalhador rural, em sua maioria, permanece indefeso diante
de todos ou quase todos os riscos citados nas linhas acima. Ou seja, serão estes trabalhadores
sempre expostos ao sol, a animais, ao maquinário e, dependendo do tamanho da propriedade e
o objeto de sua produção, ao pior de todos os agentes causadores de doenças: o agrotóxico.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Industria para a Defesa Agrícola (Sindag), em 2001,
o Brasil foi o oitavo país mais consumidor de tóxicos agrícolas no mundo. As lavouras em que
mais são utilizados estes produtos são nas de soja, milho, arroz e algodão.
Deste modo, conforme pudemos observar, e nem sempre nos atentamos, os agrotóxicos não
estão apenas no campo, pelo contrário: já estão em nossas mesas.
Além disso, continua a mesma autora em sua análise, alertando que se soma a estes fatores de
risco outras condições que tornam o trabalhador rural diferenciado e prejudicado: os baixos
salários, as condições sanitárias inadequadas, a carência de alimentos e da deficiência nos
serviços de saúde.
Sobre este último ponto, cumpre destacar que a dificuldade enfrentada pelos trabalhadores
rurais para terem acesso aos órgãos de saúde é um dos fatores mais graves, que desencadeiam
perigosos males. Devido às grandes distâncias dos centros de saúdes, nem sempre se chega a
um médico em tempo hábil havendo situações de emergência. Ademais, as cidades
circunvizinhas às regiões rurais são, grande partes das vezes, desequipadas, com aparelhamento
defasado e profissionais despreparados para atender casos mais graves. Isto, ao contrário do
que se possa imaginar, influencia diretamente no diagnóstico e no tratamento a ser receitado ao
paciente.
Não para por aí. Dados do Censo Agropecuário de 2006, revelam que 18,6% dos trabalhadores
rurais são compostos por crianças menores de 14 anos que, apesar de serem mais frágeis do
ponto de vista físico e biológico, são submetidas a jornadas de trabalho exaustivas e expostas
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aos mesmos agentes danosos que os demais empregados. Não obstante, essas crianças acabam
por terem seus direitos ofendidos, no sentido de que praticamente perdem a infância, a
capacidade de socialização, a possibilidade de terem lazer e, consequentemente, não frequentam
a escola.
Diante do exposto, o empresário rural revela-se um tanto promissor, porém não podemos
afirmar o mesmo em relação aos seus trabalhadores. Estes últimos estão cercados de potenciais
agentes agressores durante todo o período de trabalho. Infelizmente em nosso país a saúde e a
segurança do trabalho ainda não tem uma implementação e uma atuação eficaz em zonas
distanciadas.
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3. Conclusão
Devemos observar que o amparo ao trabalhador exige muito mais que uma série de leis
específicas ou a criação de inúmeros órgãos governamentais de fiscalização. Necessita-se de
empenho, dedicação exclusiva para que se tenha eficácia.
Não é razoável que se proteja o trabalhador brasileiro apenas com uma caneta e um papel. São
necessários projetos, discussões e audiência públicas, porque o problema que estamos
enfatizando é de ordem social, e não uma questão particular de cada empregado. Ações como
essa atingem o âmago da sociedade como um todo, afinal segurança do trabalho está na
legislação e na doutrina como direito de primeira grandeza, portanto deverá ser oferecido pelo
Estado de forma contínua e rígida.
4. Referências Bibliográficas
DA SILVA, Jandira Maciel; et all ;Agrotóxico e trabalho: uma combinação perigosa para a
saúde do trabalhador rural. 2005.
DE MELO, Raimundo Simão. Direito Ambiental do Trabalho e Saúde do Trabalhador. 3ª
Edição – LTR. Material da aula 1ª da disciplina: Segurança e saúde do trabalhador, ministrada
no curso de pós-graduação televirtual de Direito e Processo do Trabalho – Anhanguera-
Uniderp | Rede FLG, 2011.
FRANCO, T. (org.). Trabalho, Riscos Ambientais e Meio Ambiente: Rumo ao Desenvolvimento
Sustentável?. Salvador, Ed. EDUFBA, 1997. p. 15-32.
GRISOLIA C.K. Agrotóxicos: mutações, câncer & reprodução. Editora Universidade de
Brasília, Brasília, 2005.
MENDES, René; DIAS, Elizabeth Costa. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador..
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rsp/v25n5/03.pdf. Acessado em 18 out 2012.
MIRANDA, Carlos Roberto. Ataque ao mundo do trabalho: terceirização e seus reflexos na
segurança e saúde do trabalhador. 2006.