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Conservação de espécies florestais protegidas ou ameaçadas de extinção

em Belo Horizonte, MG
Laryssa Chaves de Mendonça Henriques1, Mívia Rosa de Medeiros Vichiato2 e Marcelo Vichiato3
1 2
Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais/ICB/UFMG (laryssahenriques88@outlook.com) Bióloga, DSc. em
3
Agronomia/Fitotecnia, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte, MG (miviavichiato@gmail.com) Eng. Agrônomo, DSc. em
Agronomia/Fitotecnia, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte, MG (vichiato@hotmail.com)

Resumo - Este trabalho objetivou ampliar o conhecimento sobre as espécies arbóreas e palmáceas protegidas e/ou
ameaçadas de extinção ocorrentes no município de Belo Horizonte, MG, com vistas a direcionar medidas para a
conservação e proteção às mesmas, facilitar o eventual emprego dessas espécies em projetos de recomposição
vegetal ou paisagísticos e mitigar a ação de degradação da biodiversidade. A partir das listas das espécies protegidas
condicionadas por legislação federal e estadual, foram selecionadas as espécies arbóreo-palmáceas categorizadas
como vulnerável, rara e em perigo. O município possui 12 espécies protegidas por legislação federal ou estadual e 20
espécies ameaçadas de extinção. Concluiu-se que todas as espécies selecionadas podem ser utilizadas na
recomposição vegetal de áreas degradadas e apresentam potencial ornamental que podem ser utilizadas na
preservação e melhoria ambiental no paisagismo de suas áreas verdes.

Palavras-chave: espécies ameaçadas de extinção, paisagismo, plantas autóctones, recuperação ambiental.

Conservation of forest species protected or endangered in Belo Horizonte,


Minas Gerais
Abstract - This study aimed to increase knowledge about the trees and palms protected or endangered species
occurring in the city of Belo Horizonte, Minas Gerais state, Brazil, with a view to direct measures for the conservation
and protection to them, facilitating the possible employment of these species in landscape or revegetation projects
and mitigate the effects of biodiversity degradation. From the lists of species protected by the federal and state laws,
were selected tree and palms species categorized as vulnerable, rare and endangered. It was verified the occurrence
of thirteen species protected by federal or State legislation and twenty two species threatened by extinction. It was
concluded that all the selected species can be used for recovery of degraded areas and offer ornamental potential to
conservation and environmental improvement.

Keywords: threatened of extinction species, landscaping, autochthonous plants, environmental recovery.

Introdução diferentes estados de conservação para considerar uma


espécie ameaçada de extinção: vulnerável, rara e em
O Brasil detém a maior biodiversidade da flora perigo (MMA, 2014).
mundial (14%), sendo a Mata Atlântica o bioma que A conservação da biodiversidade é uma preocupação
apresenta a maior diversidade de espécies arbóreas por mundial e a identificação das espécies protegidas e/ou
unidade de área (454/ha), muitas delas endêmicas e em risco de extinção e dos fatores que as ameaçam são
correm risco de extinção (Stehmann et al., 2009). importantes para a adoção de estratégias
As perdas de biodiversidade não descaíram nas conservacionistas.
últimas quatro décadas e as áreas protegidas, apesar de O emprego de espécies nativas nos espaços urbanos
representarem uma das principais estratégias para a permite alcançar objetivos de educação ambiental,
conservação da biodiversidade, raramente têm sido difundindo a identidade paisagística natural e regional.
capazes de proteger sozinhas todos os habitats e espécies Também pode representar custos mais baixos de
de interesse (Silva & Perelló, 2010). instalação e manutenção dos espaços e contribuir com a
Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e biodiversidade regional, tornando viáveis as populações
habitats estão desaparecendo rapidamente, de forma a da flora atualmente ameaçadas de extinção (Silva &
colocá-las em risco de tornarem-se extintas. O processo Perelló, 2010).
de extinção está relacionado ao desaparecimento de O cultivo de espécies protegidas é uma solução
espécies ou grupos de espécies em um determinado emergencial, pois o genoma é protegido contra os
ambiente ou ecossistema. A relação de espécies impactos no ambiente natural, permitindo a manutenção
ameaçadas do Brasil, em sua última revisão oficial, da espécie e sua reintrodução durante a recuperação das
apontou 2.113 espécies vegetais ameaçadas e há áreas degradadas. A utilização de plantas nativas

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ameaçadas na ornamentação de jardins, parques, praças, 900 metros, sendo caracterizado por verão com chuvas e
ruas, residências poderá manter um banco genético temperaturas elevadas e inverno com baixas
muito maior que aquele de instituições de pesquisa, temperaturas e pouca precipitação.
jardins botânicos e bancos de germoplasma (Barroso et A vegetação nativa de Belo Horizonte é marcada pela
al., 2007). prevalência de dois biomas específicos: o Cerrado e a
Salvar a espécie protegida e/ou ameaçada de extinção Mata Atlântica. Atualmente essa cidade preserva pouco
exige esforços em duas frentes principais: reduzir as de sua vegetação original e, como ocorre em toda a
ameaças e viabilizar as populações (Sbrissa & Melo, região metropolitana, grande parte dos ambientes
2012). Para atingir esses objetivos é necessário o naturais foi extensamente modificado pelo homem
desenvolvimento de um programa de conservação, sendo (Vichiato & Vichiato, 2016).
o mesmo composto por pesquisas que visem identificar a
situação dessas espécies na natureza e a formulação de Levantamento das Listas da Flora Brasileira Ameaçada
medidas para a conservação e proteção às mesmas, de Extinção
facilitando o eventual emprego dessas espécies em
projetos de recomposição vegetal ou paisagísticos e A lista das espécies arbóreas e palmáceas protegidas
mitigar a ação de degradação da biodiversidade. e/ou ameaçadas de extinção foi obtida por meio dos
A legislação ambiental brasileira determina a sítios eletrônicos do Instituto Brasileiro do Meio
recuperação ambiental e paisagística para as ações Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
antrópicas degradadoras da paisagem e do meio (www.ibama.gov.br), do Instituto Instituto Estadual de
ambiente utilizando-se espécies nativas. Entretanto, a Florestas (www.ief.mg.gov.br) e do Ministério do Meio
carência de pesquisas no Brasil na área de plantas nativas Ambiente (www.mma.gov.br) - lista oficial atualizada de
protegidas e/ou ameaçadas de extinção causa a espécies da flora ameaçadas de extinção.
subutilização do potencial que a flora oferece,
contribuindo para a redução da biodiversidade. Triagem das espécies arbóreas e palmáceas ocorrentes
Considerando que a literatura, até o momento, não no município de Belo Horizonte – MG
registra trabalho sobre a flora protegida e/ou ameaçada
de extinção para a capital mineira, é imprescindível o Como este trabalho trata da flora arbórea e palmácea
conhecimento desse tipo de vegetação para a seleção e protegida ou ameaçada de extinção ocorrente no
recomendação de espécies para a recuperação ambiental município de Belo Horizonte, MG, realizou-se a separação
e paisagística no Município e também como subsídio a das espécies que ocorrem nessa região a partir das listas
quem deseja pesquisar a propagação e/ou cultivo dessas obtidas. Posteriormente, foram excluídas as
plantas, permitindo seu uso sem depredar o ambiente, Monocotiledôneas (mantendo-se apenas a família
uma vez que a Portaria no 122-P do IBAMA, de Arecaceae), as briófitas e pteridófitas. As espécies de
19/03/1985 proíbe a coleta de plantas silvestres para a hábito arbóreo e palmáceo classificadas como ameaçada
comercialização (BRASIL, 1985). de extinção (vulnerável, rara e em perigo) foram
Este trabalho objetivou ampliar o conhecimento sobre mantidas, e as demais (lianas, herbáceas e arbustos)
as espécies arbóreas e palmáceas protegidas e/ou foram excluídas.
ameaçadas de extinção ocorrentes no município de Belo
Horizonte, MG, com vistas a direcionar medidas para a Uso de espécies nativas protegidas no paisagismo e na
conservação e proteção às mesmas, facilitar o eventual recomposição vegetal
emprego dessas espécies em projetos de recomposição
florestal ou paisagísticos e de mitigação da ação de Características de hábito e ocorrência das espécies
degradação da biodiversidade. foram extraídas da bibliografia pertinente, incluindo
trabalhos clássicos (Lorenzi, 1998; 2000; 2009; Lorenzi et
Material e Métodos al., 2004; Souza e Lorenzi, 2012), além de sites
consultados na internet (www.florabrasiliensis.cria.
Caracterização da Região estudada org.br; www.biodiversitas.org.br; www.floradobrasil. jbrj.
gov.; www.mobot.org; www.plantasraras.org.br; www.
Belo Horizonte é a capital do Estado de Minas Gerais, cncflora.jbrj.gov.br).
um dos principais centros econômicos brasileiros, situada As informações foram organizadas em tabelas as quais
na região Sudeste do Brasil. Possui uma população total reúnem aspectos sobre a biologia, o cultivo e o emprego
de 2.502.557 habitantes, área de 331,4 km² e densidade paisagístico e de recomposição vegetal das espécies.
demográfica de 7.167,02 habitantes/km² (IBGE, 2015). Sempre que uma determinada informação sobre alguma
O clima de Belo Horizonte é classificado como tropical espécie não era encontrada, utilizou-se a informação
de altitude (Cwa - Köppen), devido à altitude média de disponível para seu gênero ou sua família. Quanto aos

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aspectos relacionados ao emprego paisagístico das Resultados e Discussão
espécies, foram compiladas informações sobre: porte
(altura máxima), persistência foliar, fenologia (períodos Identificação das espécies arbóreas e palmáceas
de floração) e caracteres ornamentais. protegidas e/ou ameaçadas de extinção ocorrentes no
Pesquisa através das bibliotecas eletrônicas na Município
Internet elucidou a comercialização das espécies
protegidas com potencial ornamental ocorrentes na Foram identificadas 12 espécies protegidas por
cidade de Belo Horizonte no mercado brasileiro de legislação federal e/ou estadual, sendo proibido o seu
plantas (viveiros comerciais e floriculturas que corte (Tabela 1) e 20 espécies ameaçadas de extinção
comercializam sementes, bulbos e mudas de plantas), ocorrentes no município de Belo Horizonte, MG (Tabela
buscando-se dados nas bases no endereço eletrônico 2), totalizando 28 espécies, uma vez que quatro espécies
http://www.google.com.br, por meio dos descritores: eram coincidentes nas duas tabelas.
mercado brasileiro de plantas, venda de muda e o nome
científico da planta.

Tabela 1. Espécies de árvores e palmeiras protegidas por lei ou imunes de corte, conforme legislação federal e/ou
estadual. Belo Horizonte, MG, 2018

Família / Espécie Nome comum Legislação Observação Bioma


Araucariaceae
o
Araucaria angustifolia (Bertol.) Pinheiro- Portaria do IEF n 151, de Restringe o corte do pinheiro brasileiro Mata
OR RV GP PE PR
Kuntze* brasileiro 28/12/2001 plantado no Estado de Minas Gerais. Atlântica
Declara de interesse comum, de
o
Decreto Estadual n 46.602, preservação permanente e imune de
de 19/09/2014 corte o pinheiro brasileiro.

Arecaceae
OR RV MP PE PR o
Euterpe oleracea Mart.* Açaizeiro Lei Federal n 6576/1978 Proíbe o abate do açaizeiro em todo o Mata
AT PR
território nacional. atlântica e
Cerrado
OR RV GP PE o
Mauritia flexuosa Mart.* Buritizeiro Lei Estadual n 13.635, de Declara de interesse comum e imune Cerrado
12/07/2000 de corte a palmeira buriti - Mauritia sp.
Anacardiaceae
OR
Astronium fraxinifolium Schott* Gonçalo-alves Decreto 91 da Lei Federal Proibição de corte, beneficiamento, Cerrado
RV MP GP SD PR
de 31/05/1991 e Portaria transporte e comercialização da aroeira
o
do IBAMA n 83-N, de do Gonçalo-alves.
26/09/1991
Deliberação COPAM nº 367,
de 15 de dezembro de 2008
Myracrodruon urundeuva Fr. All.* Aroeira do Decreto 91 da Lei Federal Proibição de corte, beneficiamento, Mata
RV MP SD IN
sertão de 31/05/1991 e Portaria transporte e comercialização da aroeira Atlântica e
o
do IBAMA n 83-N, de do sertão. Cerrado
26/09/1991
Bignoniaceae
OR RV GP CA PR o
Tabebuia sp.* Ipê amarelo Lei Estadual n 9743, de Declara de interesse comum, de Cerrado e
Obs.: Gênero reclassificado como 15/11/1988 preservação permanente e imune de Mata
Handroanthus corte o ipê amarelo dos gêneros Atlântica
Tabebuia e Tecoma.
Caryocaraceae
OR RV MP o
Caryocar brasiliense Camb.* Pequizeiro Portaria do IBDF n 54/87 Proibição do abate e a comercialização Cerrado
SD PR o
Lei Estadual n 1088, de do pequizeiro.
02/10/1992 Declara de interesse comum, de
preservação permanente e imune de
corte, no Estado de Minas Gerais, o
pequizeiro.
Euphorbiaceae
OR RV GP SD PR o
Hevea spp.* Seringueira Decreto Federal n Proibição de exploração para fins Floresta
5.975/2006 madeireiros em florestas naturais, Amazônica
primitivas ou regeneradas.
Fabaceae
OR RV
Dimorphandra wilsonii Rizzini Faveiro-de- Lei Estadual no 43904/2004 Declara de interesse comum, de Cerrado
MP SD VE
wilson preservação permanente e imune de
corte, no Estado de Minas Gerais, o
faveiro de Wilson.

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OR RV
Melanoxylon Brauna Schott.* Braúna Decreto 91 da Lei Federal Proibição de corte, beneficiamento, Mata
GP SD VE
de 31/05/1991 e Portaria transporte e comercialização da Atlântica
o
do IBAMA n 83-N, de braúna.
26/09/1991
Deliberação COPAM nº 367,
de 15 de dezembro de 2008
Lecythidaceae
o
Bertholletia excelsa Humboldt & Castanheira-do- Decreto Federal n Proibição de exploração para fins Floresta
OR RV GP SD VE
Bonpland.* Brasil 5.975/2006 madeireiros em florestas naturais, Amazônica
primitivas ou regeneradas.
Meliaceae
OR RV o
Swietenia macrophylla King.* Mogno Decreto Federal n 6472, de Proibição de corte. Floresta
GP SD PR
05/06/2008 Amazônica
TOTAL 12
OR
Legenda: Em Perigo: EN, Vulnerável: VU, Crítica: CR; Comercializada no Mercado Brasileiro de Plantas: *; Potencial ornamental: , Potencial de
RV BP MP GP PE CA SD PE
recomposição vegetal: ; Baixo Porte: ; Médio Porte: ; Grande Porte: ; Perenifólia: ; Caducifólia: ; Semidecídua ; Perenifólia: ;
CA SD
Caducifólia: ; Semidecídua . Belo Horizonte, MG, 2018

Tabela 2. Espécies de árvores e palmeiras ocorrentes em Belo Horizonte (MG) e presentes na Lista da Flora Ameaçada
de Extinção, segundo a Portaria MMA 443/2014. Belo Horizonte, MG, 2018

Família / Espécie Nome comum Bioma Categoria


Araucariaceae
OR RV GP PE PR
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze* Pinheiro-brasileiro Mata Atlântica EN
Arecaceae
OR RV GP PE AT
Euterpe edulis Mart.* Palmito-juçara Mata Atlântica VU
OR RV BP GP PE IN
Syagrus glaucescens Glaz. ex Becc.* Palmeira-azul Cerrado, exclusivamente em MG VU
OR RV GP PE IN
Syagrus macrocarpa Barb. Rodr. * Palmeira-maria-rosa Mata Atlântica EN
Bignoniaceae
OR RV GP PE PR
Paratecoma peroba (Record) Kuhlm.* Ipê-peroba Mata Atlântica EN
OR RV GP SD VE
Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau ex Verl.* Ipê-bolsa-de-pastor Cerrado e Mata Atlântica VU
Fabaceae
OR RV GP CA PR
Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr.* Amarelinho Mata Atlântica e Cerrado VU
OR RV GP SD PR
Caesalpinia echinata Lam.* Pau-brasil Mata Atlântica EN
OR RV GP PE VE
Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. * Jacarandá-da-bahia Mata Atlântica VU
OR RV MP SD VE
Dimorphandra wilsonii Rizzini Faveiro-de-wilson Cerrado CR
OR RV GP SD VE
Melanoxylon brauna Schott * Braúna Mata Atlântica VU
Lauraceae
OR RV BP SD VE
Cinnamomum erythropus (Nees & Mart.) Canelinha Cerrado VU
OR R GP PE PR
Ocotea odorífera (Vellozo) Rohwer* Canela-sassafrás Mata Atlântica VU
Lecythidaceae
OR RV GP SD VE
Cariniana legalis (Mart.) Kuntze* Jequitibá-rosa Mata Atlântica EN
Meliaceae
OR RV GP CA VE
Cedrela fissilis Vell. Cedro rosa Cerrado VU
OR RV GP CA PR
Cedrela odorata L.* Cedro cheiroso Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica VU
OR RV GP SD PR
Swietenia macrophylla King* Mogno Amazônia e Mata Atlântica VU
Myrtaceae
OR RV BP SD VE
Campomanesia hirsuta Gardner* Gabiroba grande Mata Atlântica EN
Pentaphylacaceae
OR RV MP PE
Ternstroemia cuneifolia Gardner Congonhinha Mata Atlântica VU
Proteaceae
RV MP PE VE
Euplassa incana (Klotzsch) I.M.Johnst. Carvalho-da-serra Cerrado VU
TOTAL 20
Legenda:
Em Perigo: EN, Vulnerável: VU, Crítica: CR; Comercializada no Mercado Brasileiro de Plantas: *; Potencial ornamental: OR, Potencial de
recomposição vegetal: RV; Baixo Porte: BP; Médio Porte: MP; Grande Porte: GP; Perenifólia: PE; Caducifólia: CA; Semidecídua SD; Perenifólia: PE;
Caducifólia: CA; Semidecídua: SD.

Sobre a proteção das espécies Araucaria angustifolia, Dimorphandra wilsonii,


Melanoxylon brauna e Swietenia macrophylla.
Das espécies de árvores e palmeiras protegidas por A Tabela 2 mostra que as famílias com predomínio de
legislação federal e/ou estadual (Tabela 1), cinco vegetação arbórea e palmácea ameaçadas de extinção
(33,33%) são também consideradas ameaçadas de são Fabaceae (25%), Arecaceae (15%), Meliaceae (15%),
extinção pela Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014): Bignoniaceae (10%) e Lauraceae (10%). Essas espécies

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arbóreas são visadas devido às características de seu silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional
fuste que apresentam grande potencial exploratório, ou em âmbito estadual, assim declaradas pela União ou
sendo assim, são muito procuradas por indústrias pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento
madeireiras. puserem em risco a sobrevivência dessas espécies;
A maior proporção de espécies fabáceas protegidas exercer a função de proteção de mananciais ou de
pode ser explicada pelo fato dessa ser a terceira maior prevenção e controle de erosão; formar corredores entre
família de plantas do mundo e, no Brasil, ocupa o topo da remanescentes de vegetação primária ou secundária em
Lista de Espécies da Flora do Brasil, com 2.735 espécies estágio avançado de regeneração; ou proteger o entorno
catalogadas, amplamente distribuídas; podendo ser das unidades de conservação.
encontradas em quase todos os biomas e ecossistemas Segundo o Artigo 30o desta Lei, é vedada a supressão
brasileiros (Lima et al., 2014), além de possuir um grande de vegetação primária do Bioma Mata Atlântica, para fins
número de espécies economicamente importantes, onde de loteamento ou edificação, nas regiões metropolitanas
três (Caesalpinia echinata, Dalbergia nigra e Melanoxylon e áreas urbanas consideradas como tal em lei específica,
brauna) são usadas para fins madeireiros, assim como os aplicando-se à supressão da vegetação secundária em
jequitibás pertencente à família Lecythidaceae. estágio avançado de regeneração as seguintes restrições,
Lauraceae também se destaca por sua abundância na sendo que nos perímetros urbanos aprovados até a data
região tropical e possui grande número de espécies de início de vigência desta Lei, a supressão de vegetação
economicamente importantes. A madeira de boa secundária em estágio avançado de regeneração
qualidade e o alto valor comercial de seus óleos colocou dependerá de prévia autorização do órgão estadual
em risco essas espécies devido à intensa exploração competente e somente será admitida, para fins de
sofrida (Lima et al., 2013). Entre as espécies arbóreas loteamento ou edificação, no caso de empreendimentos
estão algumas de valor econômico como a madeira do que garantam a preservação de vegetação nativa em
cedro (Cedrela sp.), do mogno (Swietenia sp.). Para as estágio avançado de regeneração em no mínimo 50%
arecáceas, a destruição do habitat, as pressões (cinquenta por cento) da área total coberta por esta
antrópicas, a baixa taxa de germinação das sementes e a vegetação.
exploração do palmito (Euterpe edulis) têm sido a causa No que se refere à supressão de exemplares arbóreos
desse declínio. nativos isolados ameaçados de extinção ou objeto de
Quanto à categoria de extinção das espécies de proteção especial em Minas Gerais, inclusive dentro dos
árvores e palmeiras ocorrentes no município e presentes limites do Bioma Mata Atlântica, a Deliberação Normativa
na Portaria MMA 443/2014 (Tabela 2), 65% estão COPAM nº 114/2008 (SIAM, 2008) prevê que
inseridas na categoria Vulnerável (VU), enfrentando altos excepcionalmente poderá ser autorizada a supressão
riscos de extinção na natureza; 30% na categoria Em desses exemplares desde que ocorra uma das seguintes
Perigo (EN), indicando que essa espécie provavelmente condições: risco à vida ou ao patrimônio desde que
será extinta num futuro próximo (é o segundo estado de comprovados por meio de laudo técnico, realização de
conservação mais grave para a natureza); e uma, a pesquisas científicas, utilidade pública ou quando a
Dimorphandra wilsonii, na categoria Criticamente em supressão for comprovadamente essencial para o
Perigo (CR), isso é, enfrenta riscos de extinção desenvolvimento do empreendimento, desde que
extremamente altos na natureza. aprovado o projeto de recuperação, incluindo plantio e
Das espécies elencadas na Tabela 1, três (25%) são tratos silviculturais, pelo Instituto Estadual de Florestas,
típicas dos biomas Cerrado e Mata Atlântica (Euterpe IEF. Este instrumento legal também prevê que, para o
oleracea, Myracrodruon urundeuva e Tabebuia sp.), duas último caso, deverá haver compensação na proporção de
(16,67%) do bioma Mata Atlântica (Araucaria angustifolia 50:1 (cinquenta indivíduos para cada indivíduo retirado),
e Melanoxylon brauna), três (25%) do bioma Floresta com espécies nativas típicas da região, preferencialmente
Amazônica (Hevea spp., Bertholletia excelsa e Swietenia do grupo de espécies que foi suprimido.
macrophylla) e quatro (33,33%) são típicas do bioma Ressalta-se que, independente do bioma, a Portaria no
Cerrado (Mauritia flexuosa, Astronium fraxinifolium, 443/2014 (MMA, 2014) determina que as espécies
Caryocar brasiliense e Dimorphandra wilsonii). inseridas nas categorias Criticamente em Perigo (CR), Em
Para as espécies protegidas típicas do bioma Mata Perigo (EN) e Vulnerável (VU) ficam protegidas de modo
Atlântica das Tabelas 1 e 2 (41,67% e 75%, integral, incluindo a proibição de coleta, corte,
respectivamente), ressalta-se que o Art. 11º da Lei transporte, armazenamento, manejo, beneficiamento e
Federal no 11.428 de 22/12/2006 - Lei da Mata Atlântica comercialização. A não observância desta Portaria
(PLANALTO, 2006) determina que o corte e a supressão constitui infração sujeita às penalidades previstas na Lei
de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, sem prejuízo dos
de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados dispositivos previstos no Código Penal e demais leis
quando a vegetação abrigar espécies da flora e da fauna

Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.12, n.2, p.15-24, jun. 2018 19
vigentes, com as penalidades nelas consideradas (Artigo Cinco espécies protegidas não são comercializadas no
7º). mercado brasileiro de plantas: Dimorphandra wilsonii,
A supressão de vegetação que envolve espécies Cinnamomum erytropus, Ternstroemia cuneifoli e
constante das listas nacionais oficiais de espécie da flora Euplassa incana. Apesar do elevado potencial ornamental
é regida pela Instrução Normativa MMA no 02 de destas espécies, sua utilização ainda é restrita e muitas
10/07/2015. vezes essencialmente extrativista, podendo ocasionar o
O Novo Código Florestal, instituído pela Lei no risco de extinção de espécies. Serão necessários estudos
12.651/2012 (BRASIL, 2012), alterado pela Lei no de produção e comercialização dessas espécies, além de
12.727/2012, estabelece, através do Art. 27, que a um efetivo controle e fiscalização, para que não se
supressão de vegetação de áreas passíveis de uso acentue a coleta predatória.
alternativo do solo, que abriguem espécies da flora ou da Para Dimorphandra wilsonii (faveiro-de-wilson), está
fauna ameaçadas de extinção - segundo a lista oficial em desenvolvimento, desde 2003, o Projeto Conservação
publicada pelos órgãos federal, estadual, ou municipal, e Manejo do Faveiro-de-wilson pelo Jardim Botânico da
do SISNAMA - dependerá da adoção de medidas Fundação de Parques Municipais e Zoo-Botânica de Belo
compensatórias e mitigadoras que assegurem a Horizonte (FPMZB/PBH), em parceria com o Instituto
conservação da espécie. Estadual de Florestas (IEF), a Universidade Federal de
O corte, a extração e a supressão de espécies Minas Gerais (UFMG), a International Union for
protegidas por legislação estadual e federal serão Conservation of Nature (IUCN) e o Instituto Chico Mendes
admitidos, excepcionalmente, mediante prévia de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - Fernandes
autorização do IEF e do Instituto Brasileiro do Meio et al., 2007.
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/IBAMA,
respectivamente, quando necessários à execução de Potencial ornamental e de recomposição florestal
obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública,
respeitada a legislação ambiental do Estado. Dentre as espécies protegidas registradas, todas
Nas áreas urbanas, a autorização para intervenção em foram classificadas como plantas com potencial
espécies protegidas por legislação estadual poderá ser ornamental de parques e grandes jardins e/ou de
concedida pelo órgão municipal competente, desde que recomposição vegetal (Lorenzi, 1998, 2000, 2009; Lorenzi
possua Conselho Municipal de Meio Ambiente. Em Belo et al., 2004 e Souza & Lorenzi, 2012). Resultados
Horizonte, a Deliberação Normativa no 67, de 14 de abril semelhantes foram obtidos por Barroso et al. (2007), que
de 2010 (BELO HORIZONTE, 2010), determina que a analisaram o uso ornamental de plantas raras ou
compensação ambiental por supressão de árvores e ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul.
demais formas de vegetação deverá ser realizada, através Entretanto, algumas espécies apresentam restrições
do plantio de novas árvores. No caso de árvores que de uso. Em atendimento ao Art. 1º da Deliberação
possuem algum tipo de proteção legal isoladas ou em Normativa Municipal nº 69 / 2010 (BELO HORIZONTE,
pequenos grupos com altura até 3 metros, superior a 3 a 2010), apesar do potencial paisagístico da copa piramidal
até 9 metros e superior a 9 metros, deverão ser plantadas de Myracrodruon urundeuva, esta espécie que se
para cada árvore suprimida, 4, 6 e 15 mudas arbóreas, encontra na categoria Vulnerável somente poderá ser
respectivamente. utilizada nas áreas verdes do Município sem acesso
público, pela possibilidade de causar reações alérgicas a
Comercialização das plantas protegidas pessoas sensíveis que entrem em contato com a planta.
Além disso, a folhagem dessa árvore é fortemente
Constatou-se que 83,24% das espécies arbóreas e decídua na estação seca, quando a planta encontra-se em
palmáceas protegidas e/ou ameaçadas de extinção floração e frutificação.
ocorrentes no Município era comercializada no mercado No paisagismo, Syagrus glaucescens e Cinnamomum
brasileiro de plantas (viveiro de plantas e floriculturas), erythropus, Eupalssa incana e Ternstroemia cuneifolia,
sendo encontrada em consulta pela internet. Esse fato que se desenvolvem preferencialmente em campos
denota que é possível a utilização de espécies protegidas rupestres e/ou de altitude, apenas poderiam ser
na recuperação ambiental e paisagística do Município de utilizadas em composições ou preenchimentos de
forma sustentável e sem depredar o ambiente. espaços com substrato fora do padrão tradicional.
A propagação em viveiros legalizados diminui a Cedrella fissilis e Swietenia macrophylla, muito
pressão por coletas na natureza. Porém, quando se apropriadas para o paisagismo pela sua beleza, não
aborda o uso de plantas raras ou ameaçadas de extinção devem ser plantadas em agrupamentos homogêneos
em projetos de recomposição vegetal ou paisagísticos, devido ao ataque da broca-do-cedro (Hypsipyla grandella
questões como a pressão de coleta, a diversidade gênica Zeller), que causa deformações e até a morte em várias
e a seleção de variedades devem ser consideradas. plantas (Pereira et al.; 2016; Rocha et al., 2016).

20 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.12, n.2, p.15-24, jun. 2018
A fenofase de florescimento das espécies nativas nas e bancos de germoplasma, concordando com Barroso et
quatro estações do ano é importante ferramenta para al., 2007.
avaliar o potencial ornamental de uma espécie (Leal &
Biondi, 2006). Quanto às épocas de florescimento das Quanto ao uso de espécies protegidas na recomposição
espécies protegidas ocorrentes no Município, constatou- florestal ou paisagística em BH
se a predominância de florescimento na primavera e
verão (ambas com 42,86%), 10,71% apresentou o Apesar de serem classificadas na literatura consultada
florescimento predominante no inverno e somente como plantas com potencial ornamental e/ou de
Euterpe edullis (3,57%) apresentou florescimento em recomposição vegetal nos trabalhos clássicos, somente
todas as estações do ano. Essa constatação evidencia que Caesalpinia echinata e Dalbergia nigra e o gênero
as fases reprodutivas são estimuladas pela maior Tabebuia - reclassificado como Handroanthus, são
exposição solar e pelo aumento de temperatura, sendo frequentemente utilizadas no Município. A maioria
esses dados semelhantes aos obtidos por Leal & Biondi (57,14%) das espécies registradas é pouco utilizada no
(2006). paisagismo ou na recomposição florestal. Não há
Quanto a persistência foliar, constatou-se a registros da utilização das seguintes espécies no
predominância de espécies perenifólias (42,28%), sendo Município: Syagrus glaucescens, Syagrus macrocarpa,
que 39,87% eram semidecíduas, perdendo folhas durante Apuleia leiocarpa, Dimorphandra wilsonii, Cinnamomum
todo o ano, mas não totalmente, e 17,85% eram erythropus, Lecythis schwackei, Campomanesia hirsuta,
caducifólias, perdendo totalmente as folhas, Ternstroemia cuneifólia e Euplassa incana (35,72%).
principalmente no inverno. Em Belo Horizonte, deve-se
priorizar a utilização de espécies de folhagem Proteção das espécies de Belo Horizonte, MG
permanente e, quando selecionada espécie caducifólia,
deverão ser avaliados o tamanho e a textura da folha, de Constatamos que as tentativas de preservação das
maneira a evitar entupimento de calhas e bueiros (Artigo espécies florestais protegidas ocorrentes no Município
4º da Deliberação Normativa Municipal nº 69 / 2010). foram realizadas somente por normas proibitivas,
A capital mineira conta com uma quantidade declarando a imunidade de corte ou proibindo a
expressiva de cursos d’ água. Parte deles encontra-se em supressão dessas espécies.
áreas de preservação ambiental, como os parques Considerando que árvores são seres vivos que
municipais, favorecendo o uso paisagístico da palmeira possuem um ciclo de vida que engloba o nascimento,
buriti (Mauritia flexuosa). crescimento, reprodução e morte, entende-se que a
Um aspecto importante a ser observado quando da simples preservação das árvores adultas existentes, sem
escolha de espécies para arborização de vias públicas é o contemplar a introdução de indivíduos jovens, não será
porte das árvores quando adulta. Em relação a este eficiente para a preservação das espécies ameaçadas de
parâmetro, este estudo revelou que 56,60% são de extinção.
grande porte e 29,6% de porte médio e Syagrus Fernandez (2011) relatou que é absolutamente
glaucescens, Cinnamomum erythropus, Campomanesia temeroso apostar todos os esforços de conservação
hirsuta apresentam baixo porte (13,8%), segundo a apenas em normas proibitivas que têm como
Deliberação Normativa Municipal no 69/2010, que consequência a manutenção de indivíduos senescentes e
estabelece normas para o plantio de árvores em que impede o desenvolvimento de descendentes, assim
logradouros públicos no município. como apostar somente em unidades de conservação
As espécies que apresentam maior porte são isoladas.
recomendadas para praças, parques, grandes jardins e A preservação de espécies florestais protegidas e/ou
reflorestamentos, locais que não conflitam com os ameaçadas de extinção somente por normas proibitivas
equipamentos urbanos (redes de energia elétrica, rede pode acarretar na desvalorização econômica da espécie e
telefônica, postes de iluminação, calçadas, edificações, consequente perda de interesse em sua conservação,
sarjetas, sinais de trânsito etc.). além de estimular as supressões ilegais. Para A.
Considerando que a cidade de Belo Horizonte possui angustifolia, a realidade que tem se constatado em todo
importante composição de áreas verdes, sendo interior do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
considerada a terceira capital mais arborizada do país, a além do enclave de Ombrófila Mista na Serra da
utilização de plantas nativas protegidas e/ou ameaçadas Mantiqueira na Região Sudeste, é a absoluta ausência de
de extinção na ornamentação de jardins, parques, praças, novos plantios de araucárias, a constante preocupação
ruas, residências ou na recomposição vegetal das áreas dos agricultores em evitar o recrutamento de novas
verdes, poderá manter um banco genético muito maior plântulas de araucária e a derrubada clandestina da
que aquele de instituições de pesquisa, jardins botânicos espécie, que geralmente tem por objetivo principal a
abertura de novas áreas para a agropecuária, sendo a

Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.12, n.2, p.15-24, jun. 2018 21
madeira aproveitada como subproduto ou até mesmo Conclusões
queimada e descartada. Portanto, é evidente que a
legislação atual não está surtindo o efeito esperado de 1. No município de Belo Horizonte, MG, ocorrem 12
proteção da espécie e da Floresta Ombrófila Mista, da espécies protegidas por legislação federal ou estadual e
qual faz parte (Pinto, 2009). 20 espécies ameaçadas de extinção.
Para estimular a conservação da A. angustifolia, Pinto 2. Todas as espécies protegidas e/ou ameaçadas de
(2009) concluiu que é imprescindível a alteração da extinção podem ser utilizadas na recomposição vegetal
legislação vigente que declarou a sua imunidade de corte, de áreas degradadas e apresentam potencial ornamental
uma vez que esta vem contribuindo para a desvalorização que pode ser utilizado na preservação, melhoria
da espécie e desestimulando a sua conservação. ambiental e no paisagismo de suas áreas verdes.
As espécies protegidas e/ou ameaçadas de extinção 3. As tentativas de preservação das espécies florestais
deveriam também ser valorizadas e preservadas por meio protegidas e/ou ameaçadas de extinção ocorrentes o
do uso (ornamentação e recomposição vegetal) e não Município foram realizadas somente por normas
somente pela proibição de sua supressão, haja vista suas proibitivas, declarando a imunidade de corte ou
inúmeras possibilidades de utilização no paisagismo e proibindo a supressão dessas espécies.
recomposição florestal do Município. 4. 83,24% das espécies arbóreas e palmáceas
Sugere-se ao Poder Público que sejam instituídos protegidas e/ou ameaçadas de extinção ocorrentes no
dispositivos legais e políticas que estimulem o plantio, Município é comercializada no mercado brasileiro de
utilização e conservação das espécies florestais plantas (viveiro de plantas e floriculturas), possibilitando
protegidas e/ou ameaçadas de extinção ocorrentes no a recuperação ambiental e paisagística de suas áreas
Município, visto que essas espécies, como qualquer outra verdes de forma sustentável e sem depredar o ambiente.
planta, são um recurso renovável.
Para incentivar o plantio de frutíferas no Município, a Referências
Lei Municipal no 6248/1992 (BELO HORIZONTE, 1992)
obriga o executivo a destinar, ao exclusivo plantio de BARROSO, C.M.; DELWING, A.B.; KLEIN, G.N.; BARROS,
árvores frutíferas, no mínimo 5% (cinco por cento) da I.B.I.; FRANKE, L.B. Considerações sobre a propagação e o
área total de cada parque a ser criado no Município e, uso ornamental de plantas raras ou ameaçadas de
nos projetos de parcelamento do solo urbano, quando extinção no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de
necessária a arborização de locais destinados a áreas Agroecologia, Seropédica, v.2, n.1, p. 426 - 429, fev.
verdes de domínio público, o plantio deverá 2007.
compreender uma percentagem de árvores frutíferas
definida em laudo técnico elaborado por órgão BELO HORIZONTE. Deliberação Normativa n.º 67, de 14
competente. Legislação semelhante pode ser instituída de abril de 2010. Disciplina a compensação ambiental nos
para o uso de espécies florestais protegidas e/ou casos de supressão de vegetação. Disponível em:
ameaçadas de extinção ocorrentes no Município. <http://www. portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/files.do?
Em Belo Horizonte, a Deliberação Normativa no 67, de evento=download&urlArqPlc=DN67-10. Acesso em: 10
14 de abril de 2010 (BELO HORIZONTE, 2010), out. 2017.
determinou que a compensação ambiental por supressão
de árvores e demais formas de vegetação deverá ser BELO HORIZONTE. Lei no 6.248, de 14/10/1992. Dispõe
realizada através do plantio de novas árvores. No caso de sobre plantio, extração, poda, substituição de árvores e
árvores que possuam algum tipo de proteção legal, a dá outras providências. Disponível em: <http.://
Deliberação supracitada estabelece apenas o número de leismunicipais.com.br/a/mg/b/belo-horizonte/lei-
mudas a serem plantadas por cada árvore suprimida. ordinaria/1992/624/6248/lei-ordinaria-n-6248-1992-
A isenção tributária é um mecanismo que pode ser dispoe-sobre-areas-destinadas-ao-plantio-de-arvores-
instituído no Município como forma de valorização e frutiferas-em-parques-a-serem-criados-em-projetos-de-
incentivo à preservação das espécies florestais protegidas parcelamento-do-solo-urbano-e-da-outras-providencias.
e/ou ameaçadas de extinção. A Legislação Municipal de Acesso em: 10 out. 2017.
Curitiba (PR), através da Lei Municipal no 9.806/00,
determina a redução de 10% (dez por cento) no Imposto BRASIL. Lei n° 12, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a
Territorial Urbano (IPTU) por espécime de A. angustifolia proteção da vegetação nativa. Portal da legislação.
que se encontre isolada no imóvel, com DAP superior a Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
50 cm, até o máximo de 50% (cinquenta por cento), ato2011 - 2014/2012/lei/l12651.htm >. Acesso em:
mesmo que o imóvel contenha número igual ou superior 08/01/2018.
a 05 (cinco) árvores (Pinto, 2009).

22 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.12, n.2, p.15-24, jun. 2018
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Flora, 2009. 384p. autorização de supressão de exemplares arbóreos nativos
isolados, inclusive dentro dos limites do Bioma Mata
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Arborização Urbana – REVSBAU, Piracicaba, v.5, n.4, Rio de Janeiro, 2009, 516p.
p.01-21, 2010.
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SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia de Belo Horizonte, Minas Gerais. Tecnologia & Ciência
ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas Agropecuária, João Pessoa, v.10, n. 5, p. 7-17, jul. 2016.

24 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.12, n.2, p.15-24, jun. 2018

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