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Teoria das dobras

Eng° Josemairon Prado Pereira

I. INTRODUÇÃO

A teoria das dobras é baseada no princípio de enrijecimento das chapas lisas através de
dobras. No caso do aço é a proteção da chapa lisa através da dobra ou vinco feito nela,
ou seja, é o quanto se pode deixar rígida a chapa lisa após a dobra, sem que ela tenha
flambagem local em um comprimento limitado à seção. O que limita o comprimento da
seção é o índice de esbeltez. Em testes realizados em Julho/1994 junto à empresa do
ramo conclui-se que o aço sendo um material dúctil a temperatura localizada no momento
da dobra é o equivalente aos efeitos de 345ºC sobre a chapa metálica resfriada, o que
prova a alteração da matéria física. Ao decorrer do tempo para demonstrar na prática a
teoria das dobras foi adotado o seguinte critério, utilizando-se de uma chapa quadrada de
comprimento e altura “x” (o considerado no caso do teste 200mm) e aumentando o
número de dobras retas aumenta-se, esquecendo as propriedades geométricas,
consideravelmente a sua resistência à compressão; é fácil demonstrar isso com um filme
de papel que se trata de uma dimensão linear. Para provar que as dobras são
independentes e pontes de ligação das chapas lisas para compor qualquer seção
geométrica, toma-se um retalho de papel 60 g quadrado de 7x7cm e fazem-se os
seguintes testes:

1. Não há estabilidade de pé, portanto resistência nula. Sem dobra.

2. Faz-se uma dobra ao meio com ângulo reto e coloca-se um copo plástico de 50ml
sobre uma base de papelão e com uma seringa gradativamente acrescenta-se
água para carregamento conforme demonstra o desenho abaixo. Há um ganho de
estabilidade e resistência através das dobras..

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3. Para finalizar da mesma forma acima faça duas dobras nas metades em qualquer
direção com ângulo reto, observe que a resistência é aumentada bastante em
relação à situação anterior.

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Conclusão: À medida que moldamos o papel teremos diversas formas com capacidade
de até 5 x o carregamento inicial, com n dobras.

Este teste simples prova que a dobra protege a parte lisa e conseqüência disto, existe
um aumento de resistência. Posteriormente, checando as propriedades geométricas da
seção dando-se uma espessura, há a confirmação dos testes acima, quanto ao raio de
giração da secção no sentido x e no sentido y.

No dimensionamento das estruturas, uns dos pontos comuns geralmente que determina
os perfis são as barras sujeitas à compressão ou flexo-compressão. No caso do aço um
estudo criterioso da seção, pode levar em determinadas situações a um resultado
econômico e muito satisfatório com o ganho de rigidez e qualidade da obra. As dobras
realizadas no sentido da distorção da seção irão levar a seção mais rígida e adequada
para a que se destina.

Também por meio desta teoria pode-se definir com grande precisão, para perfis dobrados,
regras que limitam as mais diversas geometrias para cada tipo e função.

Juntamente com isso, observa-se abaixo que a geometria e suas características


baseadas nesta teoria chegam também a limites superiores que muitos perfis adotados
nas estruturas do passado. Não desmerecendo o uso de qualquer geometria.

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Destaca-se aqui somente os perfis mais utilizados hoje o U, Cartola e C que pode ser
definidos em uma tabela de perfis estruturais. Porém, podem ser definidas tabelas para o
L, Z , Z enrijecido etc...

II. COMPORTAMENTO FÍSICO DO AÇO

Agora veremos de uma forma básica, o que acontece com a chapa dobrada quando se
faz uma dobra, a região curva muda de característica mecânica, devido ao aquecimento
localizado das moléculas, delineando uma linha neutra onde as moléculas superiores são
tracionadas e as inferiores comprimidas de tal maneira que há uma plastificação deixando
assim o aço daquela região no sentido z (comprimento da seção) com fator de resistência
mecânica diferente das partes lisas. Sendo que hoje não se leva isso em consideração no
cálculo. É questionável o que alguns profissionais experientes da área dizem no sentido
de que na deformação da peça a ruptura da seção começaria na dobra, porque ali está o
ponto mais forte ou seja, existe ali um residual de tensão diluída no perfil ou seja o
aquecimento e o atrito das moléculas levou a uma queima de carbono. Observamos nas
estruturas que se romperam, na maioria dos casos, não foi por rasgamento e sim torção
ou deformação excessiva que atingiu a chapa lisa deixando a dobra intacta.
A tensão residual deixada no ato do dobramento é o suficiente para tornar a seção mais
resistente.
Em laboratório é fácil provar que o cálculo baseado simplesmente governado pela seção
geométrica pode ser em alguns casos mal colocado e uma inverdade. Pois dependendo
do número de dobra, segundo a sua dimensão pode-se aumentar ou diminuir a sua
resistência.
A proteção que cada dobra promove a chapa lisa funciona como um apoio para a chapa.
Como numa laje que se apóia em vigas ou paredes.

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Vamos analisar agora a chapa dobrada: Definindo alguns limites de rigidez.
1- Chapa grossa: quando a base em relação a sua espessura é menor que 15
2- Chapa mediana: quando a base em relação a sua espessura está entre 16 a 50
3- Chapa fina: quando a base em relação a sua espessura está entre 51 a 777.

b/e>15, 16>b/e>50, 51>b/e<777

Outras definições:
1- Chapa rígida : quando não há deformação. L/e<7
2- Chapa semi-rigida: quando a deformação é muito pequena, quase nula.
(<0,3/1000) . 74>L/e>57
3- Chapa flexível: quando existe deformação para chapa lisa não tendendo ao infinito.
777>L/e>74

III. LIMITES DE ESBELTEZ, BASEADO EM CÁLCULOS NUMÉRICOS:

É necessário analisar a espessura da chapa com relação a sua altura, para se chegar a
um limite que possa garantir a sua estabilidade.

A dobra protege a chapa contra a deformação local e dificulta a distorção da mesma.

E fácil demonstrar isso pegando uma chapa de corte 200x200#1/4“, no vácuo ela estaria
perfeitamente de pé mantendo seu centro de gravidade centrado na base. Em condições
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normais esta estabilidade desaparece, mas se for feita uma dobra ao meio, em qualquer
ângulo em base plana ela se estabiliza em pé.

As dobras melhoram em muito a estabilidade de qualquer seção.

Vamos ver agora uma chapa fina (ex. 200x3,04mm) e altura grande (ex. 700mm).
Existe uma flambagem local da chapa em grandes proporções, se conseguirmos fazer
dobras no seu percurso no caso de um U essa flambagem aproxima-se de zero.

O raio da dobra equivale, aproximadamente, no eixo da chapa 1,5 vez a sua espessura.

Cada dobra garante o aumento da rigidez da chapa. Isso é muito significante, porque
quem governará a esbeltez da chapa será o conjunto das dobras, definindo assim qual
será realmente o perfil estrutural perfeito.

A seção carregada axialmente a compressão muitas vezes tem sua resistência diminuída,
quando protegemos a seção com dobras criteriosas, teremos quase a mesma tensão de
tração a um comprimento de flambagem a compressão maior.

Essa é uma nova linha de estudo que deveria ser aprofundada para que as tensões
obtidas em laboratório sejam compatíveis com o calculado. Dependo do tipo de aço e
seção.

A alteração física do material nas dobras devido ao aquecimento e atrito localizados das
moléculas torna o aço mais duro e rígido fortalecendo um longo percurso da chapa. Essa
seção sai da linha de escoamento e tem um aumento 2%00 no diagrama tensão x
deformação do aço. Não pode ser aplicada aqui a lei de hooke pois a pequena seção está
plastificada.

Realizando os devidos cálculos e integrais de áreas e tensões, chegamos a conclusão de


como seria a dimensão de chapas dobradas estruturais, ou seja os limites que as dobras
protegem a chapa lisa dependendo somente da espessura:

Para e=espessura da chapa

5 a 28e (perfil compacto) <- 14 a 48e (perfil ideal para aproveitamento máx. de
capacidade) -> acima de 48e (perfil esbelto) limitando ao máximo de 210e

tendo uma seção unitária e trabalhando com superposição de efeitos em condição de


homogeneidade aceitável e obedecendo a teoria da elasticidade, temos

I = e^4/12 ; S = e² ; r = e/(2raiz(3))
Lambda = KL/r = 77 para comprimento de flambagem ideal

Encontramos o comprimento do perfil ideal com proteção máxima pelas dobras acontece
quando o comprimento de flambagem for igual a 22e e final de borda da chapa 7e.

Baseado nestes cálculos pode-se definir parâmetros para perfis de chapa dobrada com
função especificamente estrutural.

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IV. CONSIDERAÇÕES DE DOBRAMENTO

Para borda livre, a dobra protege o máximo de chapa lisa 22e do início da curva.
Sempre que a composição do perfil se tratar de varias ligações chapa mais dobra a borda
final ou enrijecimento final evitar ultrapassar a região compacta (22e).
Apesar de que a curva tem aprox. 3e adotaremos 2e pois em alguns casos pelo tipo do
aço esse valor chegou a ser um pouco menor que 3e.
Para se formar qualquer perfil basta fazer a ligação curva – chapa. Ex.

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LIMITES DE RIGIDEZ GEOMÉTRICA DA SEÇÃO

0 A 5e 5e A 28e 28e A 48e ACIMA DE 48e


Seção Seção semi-
Não se dobra compacta compacta Perfil esbelto de aba frágil
PERFIL IDEAL

Para finalidade de componentes principais estruturais como banzo, vigas e colunas


Adotaremos, o perfil U
os limites para altura do perfil 48e (semi-compacta)
Aba final = 24e (compacta)

Aba

Altura

Espessura- mm Altura- mm Aba- mm Corte- mm


2.25 108 54 207
2.65 127 64 244
3.04 146 73 280
3.75 180 90 345
4.75 228 114 437

Para o perfil Cartola,


Altura = Aba = 48e
Enrijecimento = 10e (compacto)

Aba

Altura

Enrijecimento

Espessura- mm Altura- mm Aba- mm Enrijecimento- mm Corte- mm


2.25 108 108 23 351
2.65 127 127 27 413
3.04 146 146 30 474

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3.75 180 180 38 585
4.75 228 228 48 741
O perfil C tem comum finalidade para terças não sendo peças principais como as vigas, usaremos
então
uma aba menor.
Para o perfil C, com a mesma altura
Aba= 28e (semi-compacta)
Enrijecimento = 10e

Aba

Enrijecimento

Altura

Espessura- mm Altura- mm Aba- mm Enrijecimento- mm Corte- mm


2.25 108 63 23 261
2.65 127 74 27 307
3.04 146 85 30 353
3.75 180 105 38 435
4.75 228 133 48 551

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