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EM 13/03/2019 JUSTIÇA AUTORIZA MILITAR A REALIZAR O CURSO DE ATUALIZAÇÃO

PARA OS OFICIAIS DO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS (CAQAO)

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
1ª Vara Federal de Cascavel
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PROCEDIMENTO COMUM Nº 5001979-30.2019.4.04.7005/PR


AUTOR: ALDORI JUNKER JARDIM

ADVOGADO DO AUTOR: FLÁVIO TAVARES - WHATSAPP: (32) 98874-0100

RÉU: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO

DESPACHO/DECISÃO
1. Relatório
Trata-se de demanda de procedimento comum proposta por ALDORI JUNKER
JARDIM em face da UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO, objetivando, inclusive
liminarmente, a determinação de que o Exército Brasileiro, por intermédio da União Federal, adote as
devidas providências matriculando o autor no Curso de Atualização para Oficiais do Quadro
Auxiliar de Oficiais (CA-QAO), previsto para o período 11 de março de 2019 a 31 de maio de
2019.

Informa que a realização do curso possibilitará a majoração do seu Adicional de


Habilitação dos atuais 20% (vinte por cento) para 30% (trinta por cento) sobre o soldo e que o autor
preenche todos os requisitos para a realização do referido curso.

Alega que está recebendo tratamento diferenciado, vez que há militares já promovidos
a Oficiais do QAO, que ingressaram no Oficialato mediante a conclusão do Curso de
Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS) com a habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficial (QAO), como
é o caso do autor, recebendo o Adicional de Habilitação no importe de 20% (vinte por cento) sobre o
soldo. De outro lado, há militares que, para ingressarem no Oficialato, têm a oportunidade de realizar
o Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (CHQAO), recentemente regulamentado pela
Administração Militar, os quais recebem o Adicional de Habilitação no importe de 30% (trinta por
cento) sobre o soldo. Por fim, há um terceiro grupo, composto pelos militares já Oficiais do QAO,
oriundos do CAS, que terão a oportunidade de realizar um novo curso recentemente criado pelo
Exército Brasileiro na tentativa de corrigir a distorção acima. Trata-se do Curso de Atualização para
Oficiais do Quadro Auxiliar de Oficiais (CAQAO), os quais também passarão a receber o Adicional
de Habilitação no importe de 30% (trinta por cento), sendo este o curso que o autor pretende realizar,
uma vez que preenche todos os requisitos exigidos pela legislação específica.

Enfatiza que os militares que realizaram o CAS e foram promovidos ao Oficialato,


permaneceram estagnados, recebendo apenas 20% a título de Adicional de Habilitação, enquanto
aqueles militares que tiveram a oportunidade de realizar o CHQAO para serem promovidos também
ao Oficialato, passaram a receber 25% a título de Adicional de Habilitação quando a Portaria 190 de
16 de março de 2015 equiparou o CHQAO ao curso de altos estudos categoria II e, posteriormente,
passaram a receber 30% a título de Adicional de Habilitação, quando a Portaria nº 768 de 5 de julho
de 2017, equiparou o CHQAO ao curso de altos estudos categoria I. Porém, a Administração Militar
indeferiu a inscrição do autor no citado Curso de Atualização para Oficiais do Quadro Auxiliar de
Oficiais (CAQAO), conforme publicado no Aditamento da DCEM 4-I ao Boletim do DGP, nº 14, de
1º de fevereiro de 2019 (Anexo I), sob o seguinte fundamento:
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1395 - O militar tem previsão de passagem para a reserva remunerada, ex officio,
por completar 56 anos de idade, conforme letra b) do inciso I do art. 98, da Lei n°
6.880, de 9 DEZ 1980 (Estatuto dos Militares), fator de indisponibilidade de
aplicação dos conhecimentos após a realização do curso, conforme previsto no inciso
VII do art. 17, da Diretriz para o Planejamento de Cursos e Estágios no âmbito do
SEE, aprovada pela Portaria n° 372-EME, de 17 AGO 16. (destacamos)

Em suma, o autor completará 10 (dez) meses após a realização do curso, quando


atingirá a idade limite de permanência na ativa, faltando-lhe apenas dois meses para completar 01 ano
de permanência exigido pela Administração Militar, conforme Modelo do Termo de Compromisso
assinado pelos demais militares acostados nos autos (Anexo II). Ademais, ao completar a idade
limite, o militar deve ser transferido para a reserva remunerada ex-offício, nos termos da letra b,
inciso I, do Art. 98 do Estatuto dos Militares; contudo, tal transferência para a inatividade não ocorre
automaticamente, dependendo da conclusão do respectivo procedimento administrativo, o que
geralmente perdura em média por cerca de dois a três meses.

Por fim, ressalta que, em razão da inequívoca reforma da previdência dos militares que
está sendo elaborada pelo atual governo, haverá alteração na idade limite para permanência na ativa,
corroborando assim os motivos pelos quais, não é razoável que a Administração negue ao autor o
direito de realizar o curso em questão, sob o fundamento de que não irá aplicar os conhecimentos
adquiridos em razão de uma passagem ex-offício para a inatividade em março de 2020.

Intimado para que comprovasse sua condição de hipossuficiência, além de justificar o


valor atribuído à causa, o autor se manifestou no E06, apresentando emenda à petição inicial.

Decido.

2. Da emenda à petição inicial (E06)

Preliminarmente, recebo a emenda à petição inicial apresentada pela parte autora no


E06, na medida em que promoveu a desistência quanto ao pedido de deferimento da assistência
judiciária gratuita, e atribuiu como novo valor à causa o montante de R$ 10.962,00, correspondente à
diferença de 10% sobre o soldo, no período de 12 meses, que pretende receber em razão do
deferimento do pedido inicial, tudo conforme o disposto no art. 292 do Código de Processo Civil.

À Secretaria para as anotações necessárias.

3. Do pedido de tutela de urgência

A antecipação dos efeitos da tutela, medida destinada à garantia da efetividade da


tutela jurisdicional, está disciplinada no artigo 300 do CPC/2015, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

Portanto, para a concessão da tutela antecipada torna-se necessária a existência de


elementos que evidenciem: a) a probabilidade do direito (fumus boni iuris); b) o perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo (periculum in mora).

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Ressalte-se, ainda, que a antecipação de tutela, sem ouvir a outra parte, é medida de
exceção, devendo ser concedida somente em casos de premente necessidade e prevalência do direito
da parte autora.

Passo à análise dos requisitos pertinentes.

Cinge-se a discussão acerca da possibilidade de matrícula do autor no Curso de


Atualização para Oficiais do Quadro Auxiliar de Oficiais (CA-QAO), que lhe foi
administrativamente negado sob a justificativa de que não haveria tempo hábil para a aplicação dos
conhecimentos após a realização do curso, na medida em que atingirá idade de passagem ex officio
para reserva remunerada.

De pronto, verifica-se que, embora não se negue a existência de regulamentação acerca


da passagem do militar para reserva remunerada quando do alcance de idade limite (art. 98 do
Estatuto dos Militares) e mesmo da existência de períodos mínimos para a aplicação dos
conhecimentos, de acordo com a duração do curso (Portaria nº 372/2016), o fato é que carecem de
esclarecimentos dados como os termos de contagem do referido período, e não podem ser
simplesmente ignoradas as variantes aventadas pela parte autora, em especial o tempo de conclusão
do processo administrativo de transferência para a inatividade e a iminente alteração da idade limite
para permanência na ativa oriunda da reforma da previdência dos militares.

Todos estes fatos influem diretamente na motivação apresentada nas razões


administrativas ao indeferimento do pleito do autor (E01-COMP7), porquanto não se tem a certeza,
pelo menos a par do contexto ora apresentado, que o autor realmente não poderá cumprir com o fator
de disponibilidade de aplicação dos conhecimentos após a realização do curso.

Indo além, conclui-se que, neste momento processual, existirão maiores e inegáveis
prejuízos ao autor em não participar do curso de aperfeiçoamento almejado, mormente em caso de
eventual sentença de procedência ao final desta demanda, de tal forma que a concessão da tutela de
urgência pleiteada é medida que se impõe, com vistas a resguardar o objeto e, por conseguinte, o
efeito prático de eventual tutela jurisdicional final, evitando seu “esvaziamento”.

Trata-se, pois, de uma situação-limite, chamada de “irreversibilidade de mão dupla” ou


“recíproca irreversibilidade”, na qual caberá ao juiz a ponderação do direito mais provável no
momento de análise do pedido da tutela antecipada, aplicando-se o princípio da razoabilidade,
valorando comparativamente os riscos e balanceando os dois males para escolher o menor (NEVES,
Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado. Salvador: Ed. JusPodivm,
2016. p. 479).

3. Conclusão

Ante o exposto, defiro o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, tão somente
para que o Exército Brasileiro, por intermédio da União Federal, adote as devidas providências,
matriculando o autor no Curso de Atualização para Oficiais do Quadro Auxiliar de Oficiais (CA-
QAO), previsto para o período 11 de março de 2019 a 31 de maio de 2019.

4. Determinações

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4.1. Intimem-se as partes acerca da presente decisão.

Nesse sentido, tendo em vista a necessidade de cumprimento em regime de


urgência, autorizo a Secretaria a se valer do meio mais expedito para que promova a intimação
da parte ré, promovendo as diligências cabíveis e expedindo o necessário.

4.2. Considerando versar a ação sobre direito indisponível no qual, em regra, há


contestação pelo réu, com apoio na exceção prevista no § 4º do inciso II do art. 334 do NCPC,
determino a CITAÇÃO da parte ré para que, querendo, ofereça contestação no prazo legal (art. 335,
III, NCPC), observadas as advertências legais, devendo, no mesmo prazo, especificar as provas a
serem produzidas, nos termos dos artigos 336 do CPC.

4.3. Apresentada a contestação, intime-se o autor para impugná-la no prazo legal,


especificando as provas que pretende produzir, justificando-as.

4.4. Havendo especificação das provas a serem produzidas, voltem conclusos. Do


contrário, registrem-se para sentença.

Documento eletrônico assinado por LÍLIA CÔRTES DE CARVALHO DE MARTINO, Juíza Federal na
Titularidade Plena, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª
Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
700006448387v2 e do código CRC 07d9a2dc.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): LÍLIA CÔRTES DE CARVALHO DE MARTINO
Data e Hora: 13/3/2019, às 13:43:50

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