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1. Autoridades monetárias
O termo “autoridades monetá rias” é usado há muito tempo para se referir ao
ó rgã o do Ministério da Economia e Finanças e ao banco central. Agora, na maioria
dos países, o banco central é o responsá vel pela política monetá ria.
preços e a independência do banco central para apoiá -lo" (Goodhart 1992, p. 32).
O Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) e o Banco Central Europeu (BCE) foram criados em 1 de
junho de 1998 ao abrigo do Tratado de Maastricht (assinado em 1992).
O Sistema Europeu de Bancos Centrais é composto pelo BCE e pelos bancos centrais nacionais dos países
membros da Uniã o Europeia.
O Eurosistema, por seu lado, reú ne o BCE e os BCN dos países que adoptaram o euro.
O Banco Central Europeu é responsá vel pela definiçã o e implementaçã o da política monetá ria na á rea do
euro. O BCE é chefiado por um conselho de governadores que reú ne os seis membros da comissã o
executiva e os presidentes dos bancos centrais nacionais dos países membros da á rea do euro. Desde 1
de janeiro de 2015, a adesã o da Lituâ nia à á rea do euro conduziu ao estabelecimento de um sistema de
rotação de votos no Conselho do BCE. Os seis membros do conselho de administraçã o têm direito de
voto permanente. Entre os governadores dos BCN, o direito de voto é atribuído mensalmente. Os cinco
países economicamente mais importantes compartilham quatro direitos de voto e os outros países
compartilham onze direitos de voto. Os países economicamente mais importantes, portanto, votam com
mais frequência do que os outros.
O Conselho do BCE reú ne-se normalmente duas vezes por mês e toma todas as decisõ es relacionadas
com a política monetá ria.
Os membros do conselho de administraçã o são nomeados por maioria qualificada pelo Conselho
Europeu.
O BCE possui também um conselho geral, que reú ne o presidente e o vice-presidente do conselho de
administraçã o, bem como os governadores de todos os BCN dos países membros da Uniã o Europeia. Em
princípio, este conselho é de transiçã o, deve ser dissolvido quando todos os países da UE aderirem ao
euro.
O Eurogrupo reú ne os ministros das finanças dos países membros da zona. Reú ne-se informalmente
todos os meses, uma vez que este grupo não é uma instituiçã o da Uniã o Europeia.
1.2 A função de credor de último recurso
A chamada questã o do “credor de ú ltima instâ ncia” é fundamental para a
existência dos bancos centrais, uma vez que, como vimos, os primeiros bancos
centrais foram criados para garantir a estabilidade financeira e financiar o Estado.
Mas é Walter Bagehot (1826-1877) o fundador da teoria do emprestador de ú ltima
instâ ncia. Vindo de uma família de banqueiros, jornalista influente dentro do The
Economist, ele publicou em 1873 seu livro Lombard Street, que descreve o mundo
financeiro e bancá rio de Londres. Este mundo está abalado por crises bancá rias e,
a cada vez, o governo deve suspender a aplicaçã o do Bank Charter Act de 1844
para permitir que o Banco da Inglaterra ajude bancos em dificuldade devido a
corridas bancá rias. . É funçã o de credor de ú ltima instâ ncia. Para Bagehot, essa
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A inflaçã o é o aumento contínuo e cumulativo do nível geral de preços. No rescaldo da Segunda Guerra
Mundial, os responsá veis pela política econô mica lembram os erros da hiperinflaçã o alemã na década de
1920 e as consequências desastrosas da deflaçã o na década de 1930. Existe, portanto, um amplo
consenso sobre a necessidade de controlar a economia. evolução do nível geral de preços. Mas existem
debates sobre as causas da inflaçã o. Durante o boom do pó s-guerra, o foco está em quatro fatores
importantes:
- inflaçã o impulsionada pela demanda: os preços aumentam porque a oferta nã o consegue atender à
demanda nominal. A situaçã o imediatamente apó s o fim da guerra ilustra isso: o aparelho produtivo
está em muito mau estado e o aumento da demanda se reflete em preços mais altos;
- inflaçã o de custos: os preços aumentam porque aumentam os custos de produçã o, quer em termos de
salá rios, de produtos importados ou, de uma forma mais geral, de aumento dos preços de consumo
intermédio;
- a inflaçã o ligada à distribuiçã o de renda: a luta entre os grupos sociais pela repartiçã o do valor
adicionado leva cada um deles a aumentar os preços que pode influir (preços agrícolas para o
campesinato, salá rios para empregados, margens comerciais para empresá rios, etc.);
- inflaçã o pelo dinheiro: os preços aumentam porque a quantidade de dinheiro aumenta mais rá pido do
que a produçã o.
A derrapagem no nível geral de preços é tanto mais pronunciada quanto as situaçõ es de monopó lio e
gargalos permitem que certos atores da economia usem seu poder de mercado. Além disso, em um
contexto de expectativas inflacioná rias, cada agente consegue repassar os aumentos de custos sobre os
preços de venda, o que confere à inflaçã o seu cará ter autossustentá vel. A existência de regras para
indexar certas rendas ao nível geral de preços funciona na mesma direçã o.
A inflaçã o tem efeitos adversos sobre a competitividade de preços da economia em questã o quando os
preços internos aumentam mais rapidamente do que os preços externos. Em taxas de câ mbio fixas, isso
nã o é compensado pela depreciaçã o da taxa de câ mbio, mas pode levar a desvalorizaçõ es perió dicas.
A inflaçã o também favorece os agentes endividados (inclusive o Estado) e em detrimento dos
poupadores. Além disso, nem todas as categorias de agentes conseguem se proteger da inflaçã o obtendo
indexaçã o de suas receitas. A inflaçã o, portanto, constitui um procedimento mais ou menos opaco de
redistribuição de renda, o que contribui para o agravamento das desigualdades.
Por fim, a inflaçã o também afeta o funcionamento adequado do mecanismo de preços ao reduzir a
qualidade da informaçã o sobre as mudanças nos preços relativos.
Embora haja um consenso geral de que a inflaçã o moderada pode ser boa para a economia, acelerar a
taxa de inflaçã o e especialmente a estagflaçã o exige a implementaçã o de políticas voltadas para a
desinflaçã o (ou seja, isto é, a desaceleraçã o na taxa de aumento de preços).
Durante a maior parte dos Anos Gloriosos, a ênfase foi colocada nos fatores nã o monetá rios da inflaçã o.
Os poderes pú blicos recorreram entã o (consoante o país e o período) ao bloqueio ou controlo de preços,
política de rendimentos, medidas a favor da concorrência, controlo do crédito, políticas de investimento.
pretende aumentar a oferta de bens e serviços, etc. No entanto, o desenvolvimento da Grande Inflaçã o
levou a uma influência crescente da explicaçã o monetá ria da inflaçã o e, portanto, a políticas monetá rias
baseadas no controle da quantidade de dinheiro.
Taylor, portanto, tem o grande mérito de reorientar a teoria da política monetá ria
para o que é realmente o objetivo dos bancos centrais, a saber, a fixaçã o da taxa de
juros.
No final, quaisquer metas escolhidas , as políticas monetá rias dos anos 1980-
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bancos menos líquidos e considerou-se na altura que isso reduzia a propensã o dos
bancos a concederem empréstimos.
Com efeito, desenvolve-se uma situaçã o em que se integram a política
monetá ria, a política de crédito e a regulamentaçã o bancá ria. É “política monetá ria
sem juros” que ... Monnet (2016). Deve-se notar que essa política monetá ria
rigidamente administrada foi compatível com o forte crescimento econô mico da
França durante esse período. Da mesma forma, deve-se destacar que, para todos os
países industrializados, o período 1945-1974 foi marcado por uma diminuiçã o
significativa na freqü ência das crises financeiras.
Este período também é caracterizado por taxas de juros relativamente baixas e,
em geral, por um controle da inflaçã o. . As taxas de juros reais (ou seja, excluindo a
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acordo com a primeira, em uso desde 1945, a política monetá ria baseia-se
essencialmente na regulaçã o quantitativa. Segundo o segundo, “a criaçã o de moeda
pode e deve ser controlada sobretudo por taxas”. Os autores acrescentam: “Ao
contrá rio do que acontece no caso da regulaçã o, a distribuiçã o da disponibilidade
passa a ser feita de acordo com as leis do mercado e nã o por decisã o
administrativa que é sempre rígida e arbitrá ria” (Marjolin, Sadrin, Wormser, 1969,
p. 14) . O relató rio começou em dezembro de 1968, logo apó s a crise do franco, e
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- o canal da taxa de juro do banco significa que os bancos transferem as alteraçõ es das taxas directoras,
para cima ou para baixo, às taxas que aplicam aos seus clientes. Taxas mais altas reduzem a atividade
econô mica e taxas mais baixas a estimulam.
O canal da taxa de câ mbio, que nã o está presente no diagrama do Banque de France, significa que uma
queda na taxa bá sica de juros leva (todas as outras coisas sendo iguais) a uma depreciaçã o da taxa de
câ mbio, que que estimula as exportaçõ es e, portanto, a atividade econô mica (e vice-versa no caso de um
aumento nas taxas bá sicas).
- a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez é a taxa aplicada aos empréstimos de 24 horas
que os bancos de segunda linha solicitam quando nã o conseguem encontrar a liquidez de que precisam
no mercado. Essa taxa é, de fato, o teto do mercado monetá rio: nenhum banco está preparado para
pagar mais no mercado do que a taxa que certamente obterá do banco central. Este também é um
acordo de recompra do BCE;
- a taxa da facilidade permanente de depó sito refere-se ao rendimento dos depó sitos de liquidez que os
bancos de segunda linha podem depositar no BCE. Estas sã o transaçõ es de 24 horas e a taxa da
facilidade permanente de depó sito é a taxa mínima do mercado monetá rio. Nenhum banco aceitará no
mercado um retorno inferior ao que certamente obterá do banco central.
Utilizando as suas três taxas directoras (ver destaque 9.6), o BCE actua no
refinanciamento da moeda central dos bancos de segunda linha (ver figura 9.2). Os
BSRs obtêm o dinheiro do banco central que é necessá rio para a sua liquidez no
â mbito da Operaçã o Principal de Refinanciamento. A taxa das operaçõ es principais
de refinanciamento é fixada pelo Conselho do BCE (tal como as outras duas taxas
directoras). É comumente chamada de "taxa de refi" (para refinanciamento) e mais
frequentemente, no modelo dos Estados Unidos, de "taxa de recompra", por se
tratar de transaçõ es compromissadas. . No â mbito da política monetá ria
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BSRs indicam quanto dinheiro central eles querem e a taxa de juros pela qual estã o
dispostos a pagar ao BCE. Há uma taxa mínima de lance que é a taxa de recompra.
Uma vez recolhidas as ofertas, o BCE decide sobre o montante total de dinheiro
central que concede e serve principalmente os bancos que ofereceram as taxas
mais elevadas até que o montante total de liquidez que o BCE planeja colocar seja
esgotado. no mercado. Alguns bancos (que ofereceram taxas muito baixas) podem,
portanto, nã o receber nada e a liquidez é concedida a taxas mú ltiplas (cada banco
paga o preço anunciado). Além disso, os bancos administram sua liquidez
diariamente por meio de intervençõ es no mercado interbancá rio: aqueles que,
apó s a compensaçã o interbancá ria, Se houver excesso de liquidez, coloque-os no
mercado (atuam como ofertantes); aqueles que nã o têm dinheiro suficiente no
banco central tomam emprestado a liquidez de que falta no mercado interbancá rio
(eles se aplicam). A comparaçã o de ofertas e pedidos (para transaçõ es de 24 horas)
determina a taxa overnight conhecida como EONIA (Euro OverNight Index
Average) na zona euro. Essa taxa é o custo efetivo do refinanciamento bancá rio.
Em tempos normais, é idêntico à taxa de refi ou muito pró ximo a essa taxa. Se, em
princípio excepcionalmente, um banco nã o encontrar no mercado o dinheiro do
banco central de que precisa (o que significa que no mercado interbancá rio a
demanda é racionada), entã o, pode ir diretamente ao banco central e tomar
emprestado a liquidez de que falta à taxa da facilidade permanente de empréstimo.
Por outro lado, se um banco nã o colocar todo o excesso de liquidez à sua
disposiçã o no mercado (a oferta é racionada), ele pode colocar o dinheiro do banco
central em sua conta no BCE e é remunerado à taxa do facilidade de depó sito.
A taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez (taxa má xima) e a taxa
da facilidade permanente de depó sito (taxa mínima) definem um “corredor” no
qual encontramos tanto a taxa de política principal como a taxa de mercado que
flutua à vontade. Ofertas e pedidos.
Em ú ltima aná lise, o BCE determina essas taxas de política com base em dois
pilares de aná lise:
• um pilar econô mico que diz respeito à aná lise da inflaçã o e, mais
amplamente, de um grande nú mero de indicadores relativos à produçã o,
emprego, taxa de câ mbio, etc .; ;
• um pilar monetá rio que se baseia, em particular, mas nã o exclusivamente, na
evoluçã o do agregado monetá rio M3.
5. Bagehot é muito apegado ao liberalismo econômico. Ele escreve : " qualquer governo que se intrometa em qualquer comércio prejudica esse
comércio. O que um governo pode fazer de melhor, sem dúvida, pelo mercado financeiro, é deixá-lo funcionar como bem entender ”(Bagehot,
1873-2009, p. 123).
6. Isso levanta a questão do credor internacional de ú ltimo recurso.
7. Em seu trabalho histó rico sobre a Escó cia no século 17 ou os Estados Unidos na segunda metade do século 19, os defensores do Free
Banking enfatizam que o banco central é imposto pelo estado, enquanto os bancos são capazes de criar e gerenciar câmaras de compensação
por conta pró pria.
8. Com exceção do Japão, que tem implementado políticas não convencionais desde a década de 1990. Voltaremos a isso no Capítulo 10.
9. Contamos aqui com o “triângulo de incompatibilidades” de Robert Mundell (Prêmio Nobel de 1999).
10. Sobre o trade-off inflação / desemprego, consulte o enfoque 5.1, capítulo 5.
11. Ele foi reconduzido para um novo mandato de quatro anos pelo presidente Reagan em 1983.
12. Mesmo que o pró prio P. Volcker não seja monetarista, permanece o fato de que a escolha de todos os bancos centrais de se dedicarem ao
combate à inflação por meio do controle da quantidade de dinheiro é uma vitó ria das ideias monetaristas. Em nenhum lugar a regra de k%
(ver 1.1, capítulo 5) foi consagrada na Constituição, como o Sr. Friedman desejava, mas as políticas monetárias, e mais amplamente as políticas
econô micas, são parte de uma ló gica monetarista e rompendo com o consenso keynesiano que caracterizou os Trinta Anos Gloriosos.
13. Sobre dinheiro endó geno, veja o capítulo 6; sobre o divisor de crédito, consulte o ponto 2.5, capítulo 3.
14. Na mesma perspectiva, ver Creel e Sterdyniak (1999).
15. Em relação às metas, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, disse ao Congresso dos Estados Unidos, em fevereiro de 2006, que
a estabilidade de preços não era um fim em si mesma, mas que tornava possível alcançá-la outros objetivos do FED, ou seja, pleno emprego e
taxas de juros moderadas de longo prazo: “Alcançar a estabilidade de preços não é importante apenas em si; também é fundamental para
atingir os outros objetivos mandatados pelo Federal Reserve de emprego máximo sustentável e taxas de juros de longo prazo moderadas
”(citado por Bentoglio e Guidoni, 2009, p. 293).
16. Este regulamento só será abolido em 1986.
17. A Alemanha Federal praticava refinanciamento de taxa fixa até a mudança para o euro em 1999.
18. Na França, entre 1958 e 1973, os controles de crédito não foram usados de forma permanente, mas apenas durante os períodos em que
a política monetária era mais restritiva.
19. As contas são consideradas “mobilizá veis” quando podem ser objeto de operação de desconto ou redesconto, o que equivale a afirmar
que são “elegíveis” para o desconto.
20. Na verdade, na medida em que existe um mercado profundo e líquido de títulos do tesouro, um banco ameaçado de iliquidez ainda
poderia vender parte dos títulos do tesouro que possuía e, assim, obter dinheiro do banco central.
21. Quando os ativos de um banco aumentam, ele deve aumentar a quantidade de títulos do tesouro que mantém em seu “piso”. Como
resultado, deve dedicar parte da moeda central que possuía para comprar títulos do tesouro.
22. Deve-se notar, entretanto, que de 1949 a 1966, a França experimentou uma taxa de inflação de 5,2%, superior à de outros países
ocidentais: 1,7% para a Alemanha Federal; 1,8% nos Estados Unidos; 3,3% no Reino Unido; 3,4% para a Itália. Além disso, a economia
francesa experimentou um aumento da inflação entre 1964 e 1974.
23. Os autores são personalidades eminentes: Robert Marjolin desempenhou o papel de assessor econô mico da Frente Popular, mais tarde
será comissário geral para o planejamento e membro da Comissã o Europeia; Jean Sadrin tinha responsabilidades importantes no Ministério
das Finanças; Quanto a Olivier Wormser, trabalhou no Ministério das Relaçõ es Exteriores (e em particular nas negociaçõ es do Tratado de
Roma) e foi nomeado governador do Banque de France em 1969, logo apó s a apresentação do relató rio.
24. O termo “caixa” usado na cotação refere-se à moeda do banco central mantida pelos bancos e, de forma mais ampla, à poupança líquida
arrecadada pelo sistema financeiro.
25. Esses empréstimos e empréstimos de moeda central entre bancos de segunda linha geralmente assumem a forma de “pensõ es”. O banco
tomador oferece títulos que se compromete a recomprar no vencimento (geralmente 24 horas, mas às vezes uma semana, um mês, três meses
ou seis meses) como garantia. Diz-se que está recomprando esses títulos. O banco que concede o empréstimo aceita os títulos mediante
recompra. No vencimento, ele devolve os títulos ao banco tomador, que reembolsa a liquidez.
26. A quantidade oferecida pelo banco central é de fato menor do que a quantidade total demandada pelos bancos.
27. No sentido estrito, as operaçõ es de mercado aberto são compras diretas no mercado monetário. Em sentido lato, denominamos
operaçõ es de mercado aberto todas as intervençõ es do banco central no mercado monetário, incluindo, portanto, as intervençõ es destinadas a
regular a liquidez no mercado interbancário.
28. Para uma apresentação mais detalhada, consulte Mishkin (1996).
29. “Repo” é a abreviatura usual para “Acordo de Recompra”, que em inglês designa uma transação repo.
30. Este é o procedimento em uso de 28 de junho de 2000 a 15 de outubro de 2008. De 1º de janeiro de 1999 a 28 de junho de 2000, as
licitaçõ es ocorreram a uma taxa fixa. Esse também tem sido o caso no contexto da política não convencional desde 15 de outubro de 2008 (ver
capítulo 10).
Capítulo 10
Políticas monetárias não
convencionais
A crise de 2007-2008 foi um grande choque global. Choque financeiro, em
primeiro lugar: há um consenso de que esta é a crise financeira mais grave desde
1929. Choque macroeconô mico, entã o: em 2009, a produçã o mundial e o comércio
mundial caíram valor absoluto e agora nos perguntamos sobre a perspectiva de
estagnaçã o secular. Choque teó rico, finalmente e sobretudo, no que diz respeito à
política monetá ria: enquanto os banqueiros centrais eram apresentados como
"magos" que descobriram os meios para derrotar a Grande Inflaçã o e depois
manter as economias na Grande Moderaçã o (1985-2007 ), embora fossem
independentes e credíveis, que a política monetá ria implementada (especialmente
nos Estados Unidos) permitiu conciliar crescimento e estabilidade de preços, a
crise de 2007-2008 levou a desafios radicais. É necessá rio, ao mesmo tempo,
redefinir as missõ es e os objetivos dos bancos centrais, gerenciar as consequências
da crise e traçar as perspectivas para uma nova política monetá ria, o que implica
uma saída ordenada das políticas monetá rias nã o convencionais que foram postas
em prá tica.
que os rá cios prudenciais (rá cio entre o capital pró prio e o passivo total) sejam
progressivamente reduzidos durante os períodos de expansã o e parcialmente
relaxados durante a recessã o. Essa política macroprudencial deve dar atençã o
especial aos bancos sistêmicos. O princípio do “grande demais para falir” de fato
cria um risco moral: os bancos sistêmicos que pensam estar imunes à falência
tendem a assumir riscos excessivos, o que representa uma grande ameaça à
estabilidade financeira. Seria, portanto, do interesse geral exercer uma supervisã o
especial desses bancos sistêmicos e impor-lhes restriçõ es mais onerosas em
termos de gestã o de risco. Em 2011, A. Cartapanis publica uma vasta síntese do
trabalho disponível sobre a questã o da política macroprudencial e observa que nã o
podemos nos limitar a uma simples mudança nas regulamentaçõ es existentes
quando o que é necessá rio é uma verdadeira mudança de paradigma. Ele observa
que “o G20 agora se refere implicitamente a uma leitura da crise que até entã o era
qualificada como heterodoxa” (Cartapanis, 2011). Os comunicados de imprensa do
G20 falam da pró -ciclicidade nas finanças, enfatizando os efeitos perversos de
avaliar os ativos pelo seu valor de mercado ("Valor justo" e "Mercado a mercado")
Ele observa que “o G20 agora se refere implicitamente a uma leitura da crise que
até entã o era qualificada como heterodoxa” (Cartapanis, 2011). Os comunicados de
imprensa do G20 falam da pró -ciclicidade nas finanças, enfatizando os efeitos
perversos de avaliar os ativos pelo seu valor de mercado ("Valor justo" e "Mercado
a mercado") Ele observa que “o G20 agora se refere implicitamente a uma leitura
da crise que até entã o era qualificada como heterodoxa” (Cartapanis, 2011). Os
comunicados de imprensa do G20 falam da pró -ciclicidade nas finanças,
enfatizando os efeitos perversos de avaliar os ativos pelo seu valor de mercado
("Valor justo" e "Mercado a mercado") . Eles se concentram na regulamentaçã o, em
2
sinal ao mercado quanto à sua vontade de combater a ameaça deflacioná ria), mas
mudaram os seus sistemas de intervençã o. Assim, em dezembro de 2007, o Federal
Reserve dos Estados Unidos criou o Term Auction Facility (TAF), que lhe permite
alocar liquidez aos bancos por um período de 28 dias (considerando que
normalmente, concede liquidez em 24 horas). Além disso, o AFT está acessível a
mais de 7.000 bancos, ao passo que, tradicionalmente, o FED abastece o mercado
com liquidez por meio de um pequeno nú mero de grandes bancos (Dealers
Primá rios), que entã o redistribuem esses fundos. liquidez no sistema bancá rio . No 6
depó sito a partir de junho de 2014. Como resultado, a EONIA também se tornou
negativa desde o outono de 2014 (ver capítulo 10, ponto 3.2). Se essas medidas
permitiram evitar de imediato a crise de liquidez e seu efeito de contá gio, ao
aproximarem as taxas directoras de zero, os bancos centrais perderam um
instrumento de política essencial. De fato, quando atuam sobre a taxa de juros
overnight ou de curtíssimo prazo no mercado interbancá rio, os bancos centrais
enviam um sinal ao mercado e pretendem atuar sobre as expectativas e, portanto,
sobre as taxas de juros longo prazo que sã o decisivos para o investimento e o
crescimento. Com uma taxa zero, os agentes econô micos só podem antecipar um
aumento da taxa nominal e, portanto, um aumento da taxa real tanto mais forte
quando a inflaçã o está muito baixa e a deflaçã o ameaça. Mas se os agentes
antecipam um aumento nas taxas reais, eles podem apenas formar expectativas
pessimistas sobre o crescimento, o que deprime a demanda e exacerba a ameaça
deflacioná ria. Para evitar cair na armadilha deflacioná ria, devemos, portanto,
inovar na política monetá ria.
Fonte: P. Artus, “A combinação de políticas dos países da OCDE tornou-se muito expansionista: quais as consequências? », Natixis
Economy Flash, n ° 1352, 9 de dezembro de 2016.
Podemos verificar no grá fico anterior que entre 2007 e 2016, a base monetá ria
dos principais países da OCDE aumentou cerca de quatro vezes (tanto em valor
absoluto como em percentagem do PIB em valor). Para alcançar esse resultado, os
bancos centrais realizaram compras de ativos em grande escala nos mercados
financeiros. Nos Estados Unidos, havia três operaçõ es de Quantitative Easing (QE):
• QE1: de dezembro de 2008 a março de 2010: $ 1.150 bilhõ es (compras de
títulos hipotecá rios e títulos do governo);
• QE2: novembro de 2010 a junho de 2011: compra de US $ 600 bilhõ es em
títulos do governo (Long Term Tresury Securities);
pelos bancos à s ANF. Uma novidade nas LTROs é o vínculo estabelecido entre o
empréstimo à economia real e o refinanciamento de longo prazo. Graças a este
instrumento, o BCE pretende atuar nas condiçõ es de crédito.
O Credit Easing baseia-se na observaçã o de um bloqueio relativo (ou
recuperaçã o insuficiente) dos créditos concedidos à economia: os bancos centrais
estã o, portanto, a criar vá rios mecanismos com o objetivo de encorajar os bancos a
emprestar mais.
Finalmente, a terceira categoria principal de medidas consiste em “ orientação
futura ". A Orientação Futura consiste em um banco central assumir um
compromisso público quanto à evolução futura das taxas directoras. Pode fazê-lo por
um determinado prazo (pelo menos até essa data) ou por um período. Pode tornar as
taxas de juros dependentes da situação macroeconômica (por exemplo, manter as
taxas baixas até um certo nível de inflação ou desemprego). O Banco Central da Nova
Zelândia usou a Orientação Futura já em 1997, o Banco do Japão a usou a partir de
1999, quando as taxas principais eram próximas de zero, e o Federal Reserve usou
este instrumento não convencional a partir de 2008 Em relação ao BCE, que o utiliza
desde julho de 2013, um estudo do Banco Nacional da Bélgica afirma: “O Forward
Guidance […] consiste em dar indicações sobre a evolução futura das taxas
directoras. Assim, por exemplo, ao comunicar que essas taxas permanecerão baixas
por um longo período de tempo, o banco central pode afetar as expectativas sobre as
taxas curtas e reduzir a incerteza em seu desenvolvimento. Dessa forma, tem a
oportunidade de pesar mais nas taxas de longo prazo. Essas indicações foram
fornecidas pelo BCE a partir de julho de 2013. O Conselho do BCE indicou então que
esperava que '' as taxas de juro directoras do BCE permaneceriam nos seus níveis
actuais ou em níveis mais baixos por um período prolongado '', especificando que
esta antecipação foi baseada `` na manutenção, a médio prazo, uma perspectiva
geral de inflação moderada, dada a fraqueza geral da economia real e a lentidão da
dinâmica monetária '' ”(Cordemans et al., 2016, p. 39). Durante o verão de 2016, o
Banco do Japão anunciou sua intenção de manter sua principal taxa de juros em 0%
pelos próximos dez anos.
A política de Forward Guidance visa atender à s expectativas dos agentes
econô micos e reduzir as taxas de juros de longo prazo de forma a promover o
investimento e o crescimento.
evitada. Além disso, a cooperaçã o entre os bancos centrais tem sido forte
(particularmente na forma de trocas de moeda entre o FED e os bancos centrais
europeus para que os BSRs europeus nã o acabem sem liquidez em dó lares). No
entanto, surgem questõ es sobre a eficá cia das políticas monetá rias nã o
convencionais e a saída dessas políticas para voltar a uma situaçã o “normal”.
A razã o para esta situaçã o reside na manifesta falta de ligaçã o entre a base
monetá ria, a oferta monetá ria e a inflaçã o. Os bancos centrais podem criar dinheiro
central (à s vezes chamado de M0), mas, na maior parte, sã o os BSRs que criam o
dinheiro quando concedem empréstimos a seus clientes. O efeito esperado da
flexibilizaçã o quantitativa por parte dos bancos centrais baseia-se na ló gica do
multiplicador de crédito. No entanto, a moeda é endó gena e a existência de
reservas excedentes na moeda central nã o é uma condiçã o necessá ria nem
suficiente para que o BSR conceda mais empréstimos. Na verdade, as políticas
monetá rias nã o convencionais levaram a um forte crescimento da base monetá ria,
mas a oferta de moeda em circulaçã o cresceu em proporçõ es muito menores. Isso
pode ser verificado no Grá fico 10.5 abaixo, no caso da zona do euro. A situaçã o é
compará vel em todos os países da OCDE. Quanto ao nível geral de preços, está
aumentando ainda mais lentamente do que a oferta de moeda. A natureza
sistemá tica da relaçã o monetarista entre uma quantidade de dinheiro aumentando
mais rá pido do que a produçã o e um aumento no nível geral de preços é, portanto,
posta em questã o. É claro, aliá s, que o aumento das reservas monetá rias centrais
excedentá rias nã o é suficiente para desencadear a concessã o de crédito pelos
bancos, nem a procura de crédito por agentes nã o bancá rios (ver ponto 2.5,
capítulo 3). está crescendo ainda menos rapidamente do que a oferta monetá ria. A
natureza sistemá tica da relaçã o monetarista entre uma quantidade de dinheiro
aumentando mais rá pido do que a produçã o e um aumento no nível geral de
preços é, portanto, posta em questã o. É claro, aliá s, que o aumento das reservas
monetá rias centrais excedentá rias nã o é suficiente para desencadear a concessã o
de crédito pelos bancos, nem a procura de crédito por agentes nã o bancá rios (ver
ponto 2.5, capítulo 3). está crescendo ainda menos rapidamente do que a oferta
monetá ria. A natureza sistemá tica da relaçã o monetarista entre uma quantidade
de dinheiro aumentando mais rá pido do que a produçã o e um aumento no nível
geral de preços é, portanto, posta em questã o. É claro, aliá s, que o aumento das
reservas monetá rias centrais excedentá rias nã o é suficiente para desencadear a
concessã o de crédito pelos bancos, nem a procura de crédito por agentes nã o
bancá rios (ver ponto 2.5, capítulo 3).
Figura 10.5. Base monetária e massa monetária na área do euro Base 100 =
2007
18. O nú cleo da inflação é uma medida de inflação que não leva em consideração as variaçõ es de preços mais voláteis (preços de
commodities, variaçõ es sazonais de preços, etc.). Portanto, o nú cleo da inflação mede a dimensão mais estrutural da inflação.