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BODAS DE CANÁ: JO 2,13;

 Jo 2, 1-12- Bodas de Caná -Abertura do ciclo de Caná (cap. 2-4) JO 2,1-12

Vinculados à Lei e à Aliança com Israel. Aparecem os dois primeiros milagres de


Jesus (Primeiro: 2,11; segundo: 4,54).

A mãe do Senhor: Estava lá: Pertence a Tradição de Israel. No IV Ev. Maria é


chamada pelo nome, ela é a Mãe. Mãe e talhas: ambos estavam lá, ou seja, pertencem a
tradição de Israel. Jesus entra nesta tradição, expressão da encarnação. A mãe, recorda a
resposta dos Israelitas que disseram no passado ao selarem o contrato com os
mandamentos da Lei: nós faremos e obedeceremos – Fazei tudo o que ele vos disser. As
talhas de pedra ficavam à porta da casa para purificação. O número seis é o número da
criatura, do homem. Água e talha de Pedra (Ez 36,5) evoca a ação do Espírito Santo. O
mestre-sala (sumo-sacerdote). A água somente é transformada quando dada ao
sacerdote. Jesus é o Noivo, o vinho bom, a nova aliança (tradição de Jeremias) melhor e
com cláusulas melhores.

18.09 - JESUS E A SAMARITANA: JO 4

V.:1-3 Preâmbulo. Jesus se encontra na Samaria (indicação teológica), pois o


Povo de Deus consiste em Galileu, Samaritano, Judeu. Fonte de Jacó (1000 a.C.- 500
d.C.)- o lugar é uma referência teológica, quando referido a Jacó, resgata todas as
tradições do Norte, que tem por eixo teológico a tradição mosaica e a tradição patriarcal.
É lugar de aliança. Jacó e diversos personagens conhecem suas esposas na fonte-
Séfora, Raquel... (Ex 2,15).

Para o judaísmo do Sul, a concepção da mulher é de constante impureza, por


isso não se pede nada a mulher judaica, diferente concepção da mulher do sul. Esta
regra de pureza só se aplica para uma mulher do sul, uma judia sulista. Em Oseias, o
Norte é tipo como um povo que prostituiu. Disto parte a base para a personagem da
mulher samaritana. O diálogo entre Jesus e a Samaritana aponta como característica o
pentateuco samaritano, que é diferente do pentateuco de Jerusalém, foi escrito no
hebraico pré-exílico (templo de Garizim), diferente do de Jerusalém que já foi escrito
com influência do aramaico.

A mulher, quando questiona acerca do lugar onde se se adorar a Deus, apresenta


uma profundidade teológica da Tradição do Sul. Jerusalém não pertence a Terra
Prometida, é um anexo comprado por Davi, logo, o lugar de adoração de Deus não
deveria ser dentro da Terra da promessa? Jesus responde: Nem no templo de Jerusalém,
nem no templo de Garizim, pois os dois são legítimos, mas o lugar de adoração de
Deus, que é onde Deus habitará é uma pessoa, não um espaço físico. Toda a
prerrogativa de templo é transposta para a pessoa de Jesus. A casa de Deus é
espiritualizada na pessoa de Jesus, afinal, ele é lugar de adoração e de culto. “Nem nesta
montanha, nem nesta montanha adorareis o pai... Pois, a salvação vem dos Judeus. Mas
vem a hora que os verdadeiros adoradores, adoração o Pai em Espírito e verdade.” A
adoração é um ato mais interno que externo, o culto do coração. Há uma mudança no
tipo de culto e adoração, não mudando a modalidade dos templos. Mas este culto
assume uma forma elevada, centrado na pessoa de Jesus.

O Messianismo samaritano difere do messianismo Jerosolosumitano, há muitas


tradições messiânicas que estão se constituindo ao período anterior à chegada de Jesus:
o messianismo Real, o Davídico, o profético, o sacerdotal... dentre outros modelos, estes
são os principais. O messianismo profético é o centro do messianismo samaritano,
advindo da tradição, ou seja, o messias seria um novo Moisés (Ml 2,4-8). O ungido
esperado pelo Samaria é do Tipo de um Moisés, mas com características supra-
humanas: Àquele que restaura, que converte. O profeta e que fala tudo o que a pessoa
faz, e este foi o testemunho da mulher: Ele me disse tudo que eu fiz: esta é figura de
profeta (Messias Samaritano).

Os apóstolos são continuadores da obra do Pai.

Jesus, o profeta, é rejeitado pelos seus, os judeus, mas reconhecido na Samaria, e


bem recebido pelos galileus. Com a cura do filho do funcionário real, Há a conclusão do
ciclo de Caná: são fundamentais a transformação da água em vinho e a cura do filho
do funcionário real.

02.10 -MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES: JO 6

 6,1-15 MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES (num dia)


 6,16-21 caminhando sobre as águas (pela noite)
 6,22-71 discurso sobre o pão da vida (no dia seguinte, na sinagoga de
Cafarnaum)

CAPÍTULO 6: MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES


A Páscoa Judaica celebra a Libertação do Egito: saída, multidão que o chegue,
passagem pelo mar, chegada e subida monte Sinai (dado histórico). Jesus é o Novo
Moisés, o profeta revelado, novo profeta.

A Narrativa apresenta Jesus subindo a Jerusalém três vezes: Jo 2,13; Jo 6,4; Jo


11,55. Particularmente na primeira e terceira, o tema base é purificação. De fato, Jesus
realiza a purificação do templo (2,13) e o Lava-pés (11,55).

Porque Jesus está na Galileia, sendo que ele deve estar em Jerusalém? Todo
varão deve apresentar-se diante de Deus, portando as primícias para Ele, é proibido
apresentar-se de mãos vazias (Ex 16,14-37). Há uma multidão de homens que deveria
também encontrar-se em Jerusalém, mas que estão na Galileia em extrema miséria. É
um escândalo que sobe aos céus, pois a Lei não está sendo cumprida (cf. Dt 6: garantia
da terra, de fartura e segurança)

Festa dos Judeus não quer dizer a distinção que o texto é apresentado para os
gentios, mas quer afirmar que o ato está acontecendo na Galileia, é um elemento da
judeia, celebrada no templo de Jerusalém.

Já a segunda referência coloca Jesus na Galileia (6,4) no mar de Tiberíades. No


Antigo testamento este mar aparece com o nome de mar de Quineret” (Nm 34,11; 3,17;
Js 12,3; 13,27; no Novo testamente aparece “Lago de genesaré” Lc 5,1; ou Mar da
Galileia, em Mateus e Marcos Mt 4,18; 15,29; Mc 1,16; 7,31. É, portanto, um espaço de
água doce, a reserva de água doce de Israel. Vento forte, proveniente do Oriente
(fenômeno climático) gera o chamado sarkiye, acontece entre março e abril, durante a
Páscoa. É isto que gera o movimento agitado do Mar (14,22-24; Mc 6,45-48; Mc 6,39;
Jo 6,4). Tiberíades, recém criada, é a Capital da Galileia, só é mencionada no quarto
Evangelho. A multiplicação dos pães acontece dentre Tiberíades e Cafarnaum.
Tiberíades assume o título de capital no período do governo de Herodes Antipas, que
em outrora pertencia a Séforis. Flávio Josefo cita a sua construção, além de ser um lugar
estratégico, afirmado que foi encontrado lá um velho cemitério, que foi mal visto pelos
Judeus pela questão da impureza do solo para a habitação.

Cafarnaum (Vila de Naim) 15 km ao Norte de Tiberíades. Faz fronteira com o


território de Filipe (cidade fronteirista) motivo pelo qual ela possui uma alfândega.
Lugar do cobrador de imposto em Mt 9,9. Possuía guarnições românicas Mt 8,5; Lc 7,2
e era o maior centro populacional e comercial. Sua maior característica é a produção
agrícola, tanto que Magdala e Cafarnaum eram chamadas de jardim da Palestina pela
sua produção de frutas vegetais, grãos, castanhas. Abrigavam uma próspera indústria
pesqueira. Tinham, também, produção e manutenção de barcos e redes. Se destaca
ainda, por estar no centro da rota comercial internacional, ligando a palestina ao Egito,
síria, mesopotâmia, por isto a sede de um posto da alfandega.

A partir disto se pode entender que Mateus apresenta esta cidade enquanto
centro da Missão de Jesus (Mt 4,13; 9,1; Mt 4,12; Mc 1,14; Lc 4,14). Ele a condenará
ao fogo do inferno, dizendo que será tratada pior que sodoma e gomorra, pois mesmo
exercendo muitos milagres, a população o ignora (Mt 11,23-24; Lc 13-15). É uma
região extremamente rica e no meio desta realidade existe uma massa populacional de
extrema miséria. A narrativa dos quatro Evangelhos se desenvolve frente a este dado
social. Pessoas famintas, literalmente na miséria, escândalo que sobe aos céus, pois a
terra prometida foi da aos desterrados no Egito, para que jamais passassem fome, porém
não é o que acontece.

Neste capítulo acontecem dois milagres: a multiplicação e a caminhada sob as


águas. “Onde compraremos pães para eles comerem”. Esta pergunta não deveria ser
feita a Felipe, sim ao que cuidava das finanças do grupo (Judas Iscaríotes). A pergunta é
deslocada. Felipe é da região, de Cafarnaum, pescador. Seu nome é a junção da palavra
filós e hippós: amigo dos cavalos, ou seja, amigo dos grandes. Para ele, a resolução dos
problemas passa pelas questões financeiras. Esse discurso expressa a mentalidade dos
governantes. “nós não podemos solucionar o problema da fome, da miséria” “a
condição pela vida é determinada pela condição financeira “quem não tem dinheiro,
deve morrer”, “não tem direito à vida”. 200 denários era o salário anual de um
trabalhador comum, que não custaria nem uma migalha a cada um dos famintos daquela
multidão.

Um menininho com cinco pães de cevada e dois peixinhos aparece. 5 mil


representa a numeração de uma corte/tropa romana, pode haver uma aproximação a esta
estrutura militar. As gramas recordam o salmo 23. A expressão “dar graças e distribuir”
faz parte da fórmula eucarística paulina. A eucarística não é consequência da
condivisão, partilha, mas ao contrário, a eucaristia precede e legitima.
Nos sinóticos são os apóstolos que fazem a distribuição dos alimentos, em João
não, é o próprio Jesus que o faz. Os apóstolos ficam encarregados de fazer a
organização. Após o alimento, Jesus manda recolher as sobras, recordação do Maná do
deserto em que as sobras apodreciam, fora a sobra recolhida para o sábado. Sobram
doze cestos, símbolo das tribos de Israel. Aqui há um sinal messiânico “o messias que
vem saciar a fome dos pobres”. A multidão qualifica Jesus como o “Messias profeta”,
messianismo samaritano, típico do Norte. O Norte tem uma expectativa diferente de
Judá (expectativa de Messias Rei, Messianismo Davídico; Messias sacerdotal,
expectativa do movimento sadoquita, dos que foram expulsos de Jerusalém junto da
revolta macabaica). O Messias profeta é como apresenta Dt 18,9-15, Ex 33,11.20; Nm
12,6-8; Dt 34,10, taheb (=aquele que restaura, converte).

Jesus sabendo que o fariam rei, refugiou-se na Montanha, assim como Adonai
faz quando o povo deseja manipulá-lo.

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