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Raça: Elfo

Sub-raça: Drow

Nome: Manen Fran

Alinhamento: L/B

Motivação: Servir à Senhora Pálida, em sua manifestação mais poderosa por ele presenciada, a lâmina
“Lua Argêntea”, guardá-la e encontrar sempre um portador digno para ela

Classe: Druida

Subclasse: Estelar
BG:

“Naquela caverna eu conhecia apenas a escuridão, cinza e negra, como os olhos de um dragão que
te engolem no simples pensamento de escapar das suas garras”

Eu percebo, hoje, que não sabia de nada naquela época, mas como poderia saber algo além daquela
gruta? Os dedos com a pele fina igual papel de tanto roçarem na rocha áspera e arenosa, assim como
meus sentidos já habituados a ignorar os sons do bater de asas de morcegos, e as gotas ecoantes que
escorriam das estalactites, contudo, sem dúvidas o maior engano e a coisa que mais evitava naquele
tempo era a luz. Ouvi histórias de um tal de Zeref, que um dia olhou pra luz e nunca mais foi visto, é
engraçado pensar que talvez alguém diga o mesmo sobre mim hoje em dia, lá naquela caverna,
naquele lugar húmido esquecido pelos deuses, ou pelo menos por quase todos eles.

“Antes de saber seu nome, eu disse Theá, que pra mim era a personificação do belo e perfeito, mas
hoje a conheço como Lua”

Naquele cinza pálido e apático que meus dias corriam diante dos meus olhos incapazes de perceber a
verdade, ouvia com atenção os conselhos do ancião que dizia - Não olhem para o monstro, o “olho de
fogo” consome qualquer um que tente vê-lo, e sempre volta para observar se algum outro tolo ousa
confrontá-lo – mas por algum motivo, apesar de aceitar, nunca me convenci de que um olho
simplesmente vinha nos matar só por olhar pra ele, mas também não queria por minha vida em risco
pra testar minhas jovens teorias sobre o mundo, até o dia que o mundo resolveu me testar. Na noite
da lua completa, a noite do “olho de fogo” todos sairam correndo para buscar seus abrigos e fugir da
morte certa, e claro que jovem e enérgico como ainda era fui rápido buscar um abrigo, e quando já
havia me coberto por trás de umas rochas e coloquei algas por cima da cabeça, eu ouço uma voz
serena, como se as ondas do mar parassem para ouvir sua fala silábica e pausada – Preciso, da sua
ajuda – ela dizia, e normalmente ignoraria por achar que outra pessoa mais capacitada iria tomar as
rédeas da situação, mas algo me impeliu a ir, como um fôlego logo que você sai da água após prender
muito tempo a respiração, e foi quando sai de meu esconderijo e busquei pela origem da voz. - Eu não
consigo sozinha, preciso de você - a voz continuava, até q meus pés foram inundados pela água do
lago e eu percebi onde estava, um frio percorreu desde meu dedão até a nuca, imediatamente
enrijecendo o pescoço que se recusava a levantar para ver o que estava adiante. Minha visão ficou
turva e, na época não entendia, mas hoje sei que aquilo esquisito para mim que parecia ser tão
anormal, eram na verdade cores, e fui inundado pela sensação daquele azul pálido refletido pelas
águas do lago. Um toque na água, podia ser qualquer coisa, até mesmo uma gota que escorreu
naquele ponto, mas na verdade era ela se aproximando - Vocês, meus filhos, sinto muito que estejam
aqui nesse lugar horrível como almas perdidas, mas preciso da sua ajuda, estou tão fraca, e vocês não
ouvem meu lamento – ao erguer meus olhos eu a vi, o ser mais belo que poderia descrever, um círculo
branco com crateras escuras ao longe, e bem diante de mim uma criança com vestes azuladas, seu
robe esvoaçava com o vento como se fossem ondas marítimas dançando na sua presença. - Theá - eu
disse num suspiro profundo e rouco, e foi ali que minha vida começou.

“Os que não querem conhecer a verdade, permanecerão cegos mesmo após alguém tirar-lhes as
vendas”

Família, naquele tempo o único conceito que eu tinha era de família, afinal éramos poucos e tínhamos
apenas uns aos outros, mas mesmo eles não me ouviram quando contei do que vi, disseram que tive
sorte e acabei tendo um sonho, outros achavam que havia enlouquecido, mas no fim, ninguém me
deu ouvidos. Suportei isso por três noites, até saber o que devia fazer: ir embora.
Bem no centro do lago, havia um cristal translúcido que quando minha Theá alcançava o ângulo
correto, me mostravam histórias que no primeiro dia não sabia ler, e pouco a pouco fui desvendando-
as, e guardando em minha mente, até que uma delas me contou sobre “A força da Senhora Pálida”,
que um dia era passada nas mãos de guerreiros dignos até se perder em batalha, hibernando,
aguardando pelo seu momento retornar, e eu soube que era disso que ela precisava para reunir forças,
seu campeão faltava, e era meu motivo de vida encontrá-lo. Fiz de algumas estalagmites afiadas o
suficiente para entrar nas rochas porosas da caverna e suportar meu peso, quebrei cuidadosamente
a ponta do cristal que ficava no centro e subi suas íngremes paredes, e lá de cima, numa noite de lua
cheia, com minha sombra refletida pela luz da senhora, eu vi as pessoas que amava gritando
desesperadas com a “fenda do olho” que se projetava no solo da caverna.

“Da necessidade, surge o desespero, e dele o entendimento de todas as coisas, e então teremos
auxílio”

Podemos viver por muitos séculos graças a dádivas dadas aos elfos em tempos ancestrais hoje pouco
lembrados, mas assim como as histórias se perdem com o tempo, perdeu-se também o sentido de
tantos anos de vida. Minha família da caverna achava que aquilo era o mundo, e as paredes suas
bordas, assim como tudo era uma questão de sobreviver até o dia da sua morte onde ajudará aos
demais que ficam a se manterem vivos por mais um dia, em minha jornada encontrei muitos, em
realidade, incontáveis humanos de todos os jeitos, tamanhos, solitários ou em grupos, mas até mesmo
fora da minha casa pude perceber que eles tinham suas próprias cavernas, com seus bordes e estilo
imutável de vida e, assim como minha família, era impossível você explicar que havia outro jeito, que
o olho de fogo não era um olho e que as paredes não eram a borda do mundo. Saindo das temperadas
florestas temperadas de Nigurd, fui guiado por Theá para Aures, ela me levou pra casa, ou pelo menos
onde costumava ser, essas terras me causavam um sentimento muito controverso sobre lar, ao
mesmo tempo que algo me dizia que era para onde eu devia voltar tudo que encontrei me dizia para
fugir daquele lugar, principalmente os elfos que encontrei pelas estradas, demorei um pouco para
assimilar que era perigoso mostrar meu rosto ou minhas orelhas e que eles me chamavam de “elfo
negro” enquanto se espantavam ou jogavam algo na tentativa de me ferir, como se eu fosse algum
tipo de mau agouro. Porém, nas florestas conheci um povo acolhedor, eles eram governados por um
dragão esmeralda com muitas cicatrizes, um olhar feroz e voz destoante do silêncio da floresta, mas
ainda assim com um jeito sereno e seguro em cada afirmação proferida, os outros tão poderosos e
imponentes quanto ele se colocavam em uma mesa semilunar, eram conhecidos como Arquidruidas
e líderes daquela floresta, eles me capturaram, claro, mas em seguida os expliquei e compreenderam
minha jornada, me ensinaram o druidismo, e a partir dali pude entender a conexão de todos os seres,
além da língua comum, mas ainda me faltava muito. Fui até as montanhas, nunca havia sentido tanto
frio, pelo menos até então, e lá pude ter a contemplação mais bela da minha senhora e suas estrelas,
foi onde consagrei e me vinculei com aquele pequeno cristal que carreguei da minha casa, e para
nordeste fui levado as áridas e desérticas Terras Livres, mas não estava preparado para aquilo.

O deserto me testou, primeiro estragando o pouco de comida que comprei numa cidade perto do rio
que passei no caminho, em seguida foi a água que acabou sem que eu mesmo percebesse o cantil se
esvaziando, claro que daquela caverna que vivi toda minha vida, acostumado com humidade nunca
soube que a água podia evaporar, mas aprendi minha lição e o problema agora era não ter mais
nenhuma fonte dela para encher o cantil. Passaram-se dias e dias de areia e visões de uma pequena
gruta com sombra, quase fiquei cego com o reflexo do sol, e não adiantou fechar ou cobrir os olhos
com minhas vestes, aquela luz era irredutível.

Na noite do vigésimo quinto dia, vinte dias após perder meus mantimentos, minhas forças se
esgotaram no crepúsculo, e a noite fria e congelante chegou, assim como minha querida Theá.
Supliquei, por seu auxílio, mas não houve resposta, exclamei meu amor e devoção e ainda assim nada,
me restou aceitar o fardo de minhas escolhas, com as costas na areia ardente e o céu extenso por
além do deserto, aprendi a lição mais valiosa de todos meus anos de vida, a insignificância. Olhei para
os lados, até onde a areia e o céu se tocavam, com o soprar dos ventos vez ou outra um grão entrava
nos meus olhos, e assim somos todos nós, grãos de areia que na imensidão de tudo que existe podem
no máximo incomodar algo superior, mas quando reunidos somos capazes de formar desertos
instransponíveis. Eu sou apenas um grão nesse cósmos infinito.... cósmos? Eu mesmo não entendia
de onde tirei aquela palavra, mas parecia perfeita pro que tentei descrever, e naquela noite choveu,
uma tempestade poderosa caiu, ao observar o céu para agradecer notei que não havia uma única
núvem cobrindo as estrelas ou Theá. - Obrigado, minha senhora -.

“Se você sabe seu lugar no cósmos, então não passará sua vida sem ser vivida”

Muito se passou, desde o dia que encontrei Lua Argêntea e a levei até Enicchia, uma família até então
se provou aos olhos de Theá digna em várias gerações consecutivas. É estranho, que agora com 600
anos sinta uma urgência em cumprir meu destino, assim como a vontade de voltar para as florestas
de Aures, algo me chama de volta, sonho com aquele céu que pude contemplar da montanha, meu
corpo parece cada dia mais pesado, mas nada disso vai me desanimar, afinal o pequeno Kariell está já
alcançou a idade certa para o ritual de passagem, e as estrelas estão se alinhando...

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