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MANDADO DE SEGURANÇA

1. Conceito e natureza jurídica

Segundo o artigo 5, inciso conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas datas, ato
este praticado com ilegalidade ou abuso de poder por autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuição do poder público.

2. Direito líquido e certo

Por direito líquido e certo, entende-se aquela situação jurídica cuja


demonstração e comprovação deverá ser feita de plano, mediante prova
documental, ou seja, que não demande de dilação probatória.

Súmula 625 STF - a controvérsia sobre matéria de direito não impede a


concessão do mandado de segurança.

3. Autoridade coautora

Considera-se autoridade pública para fins de impetração de mandado de


segurança os agentes públicos da administração direta e indireta, bem como
particulares, desde que no exercício da função pública.

O parágrafo segundo, do artigo 1, determina que não cabe mandado de


segurança contra os atos de gestão das empresas públicas e sociedades de
economia mista. Isto porque as empresas públicas e sociedades de economia
mista possuem natureza jurídica de direito privado, e embora submetida ao
regime jurídico híbrido os atos de gestão estão inseridos na esfera particular.

Observação: súmula STJ 333. Cabe mandado de segurança praticado por


agente público em licitação promovida por empresa pública ou sociedade de
economia mista.

A súmula 510 do STF, no que diz respeito à competência delegada prescreve


que praticado o ato por autoridade no exercício de competência delegada,
contra ela cabe o mandado de segurança.
Por fim, nos termos do artigo 6°, parágrafo 3°, considera-se autoridade coatora
aquela que tenha praticado o ato impugnado, ou da qual emane a ordem para
a sua prática.

Mandado de segurança 12.016/2009

4. Prazo para impetrar Mandado de Segurança

O artigo 23 da lei do mandado de segurança determina que o direito à


utilização do mandado de segurança é decadencial de 120 dias, a contar da
ciência do ato. Nesse caso então

Sucessivo, de modo que o prazo decadencial se renovará na mesma


periodicidade.

I. Decadência = Perda do direito material, não se interrompe nem se


suspende.
II. Prescrição = Perda da pretensão, não pode se valer de ação judicial.

Nas hipóteses onde a violação ao direito líquido e certo se dá por ato omissivo,
ou por trato sucessivo, a violação ao direito se dá dia a dia ou pelo período
trato sucessivo. De modo que, o prazo decadencial se renovará na mesma
periodicidade.

5. Ato ilegal ou abuso de autoridade

O ato praticado com abuso de autoridade, em sua essência é, também, um ato


ilegal. Contudo, parte da doutrina entende que ato ilegal estaria ligado a ideia
de ato administrativo vinculado e abuso de autoridade ligado aos atos
administrativos discricionários.

No entanto, para efeito de impetração de mandado de segurança, tanto um


como outro podem ensejar o manejo do Mandado de Segurança.

6. Petição Inicial

A inicial do mandado de segurança seguirá as regras do artigo 319 e seguintes


do CPC, e que deverá ser apresentada com a prova documental da violação do
direito líquido e certo.
Nos termos do artigo 6, p1, no caso em que o documento necessário a prova
do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público, o juiz ordenará
a entrega do documento no prazo de 10 dias.

E caso estejam de posse da autoridade que cometeu o ato ilegal ou com abuso
de autoridade, o juiz concederá dentro do prazo de 10 dias para a entrega do
documento, sendo que a ordem será dada no mandado de citação/intimação.

7. Legitimidade ativa

O artigo primeiro, da lei do mandado de segurança, confere legitimidade ativa a


qualquer pessoa física ou jurídica desde que tenham o direito líquido e certo
seu violado.

Embora sem personalidade jurídica, é franqueado legitimidade ativa para


impetrar o mandado de segurança alguns entre despersonificados, tais como o
espólio, massa falida, etc.

A jurisprudência, por sua vez, no que diz respeito à órgãos públicos, confere
legitimidade ativa a esses, desde que para a defesa de seus interesses
institucionais, ou seja, embora não tenham personalidade jurídica, eles
possuem a denominada personalidade judiciária. (Súmula 525 STJ)

É admitido o litisconsórcio ativo no mandado de segurança, porem nos termos


do art. 10, parágrafo segunda da lei, o ingresso do litisconsórcio só será
admitido antes do despacho inicial.

8. Legitimidade passiva

No que diz respeito à legitimidade passiva do mandado de segurança, existem


diversos pontos controversos. O primeiro diz respeito a quem figura no Polo
passivo: se o agente público que pratica o ato ilegal ou a pessoa jurídica a qual
ele integra.

Parte da doutrina entende que o legitimado passivo seria a pessoa jurídica já


que o agente pratica o ato em nome dessa.

Na segunda corrente, defende que o polo passivo deve ser ocupado pela
própria autoridade coautora, pois é esta que nos termos do artigo 7, inciso
primeiro, prestará as informações do mandado de segurança.
Por fim, uma terceira corrente entende que haverá um litisconsórcio passivo
necessário entre autoridade coautora e personalidade jurídica a qual ela
integra. O fundamento para esse entendimento é de que o artigo 14, p2 da lei,
confere legitimidade recursal a autoridade coautora.

No que diz respeito à dúvida relativa a quem seria a autoridade coautora, o


STF e depois o STJ, por meio da súmula 628, adotou a teoria da encampação.
Por esta teoria, considerará legitimado passivo a autoridade, ainda que não
praticante do ato ilegal, desde que preenchidos 3 requisitos

I. Subordinação hierárquica entre elas;


II. Que haja defesa de mérito;
III. Que não ocorra modificação da competência.

No que diz respeito à indicação errônea da autoridade coatora, existem dois


posicionamentos dentro do STJ:

O primeiro deles entende pela extinção do feito sem resolução do mérito.

O segundo posicionamento entende que o juiz poderá determinar a emenda da


inicial ou ainda corrigir ex ofício o polo passivo, desde que não ocorra
modificação da competência.

 Cabe litisconsórcio passivo no mandado de segurança!!!

Embora a lei do mandado de segurança determine a aplicação subsidiária do


CPC, doutrina e jurisprudência entendem que não é cabível as modalidades de
intervenção de terceiros na marcha célere do mandado de segurança.

A única exceção seria a figura do "amicus curiae" (amigo da corte, muito


semelhante à assistência, porém tem uma conotação de defesa de interesses
coletivos)

9. Competência

A competência para o mandado de segurança será fixada com base na função


da autoridade coatora (critério funcional), inclusive devendo-se observar as
autoridades com prerrogativa de foro.
Será fixada, no entanto, a competência em razão da matéria, as causas que
envolvem direito no trabalho e direito eleitoral.

10. Causa de pedir do mandado de segurança


I. Não se admitirá mandado de segurança contra lei em tese (súmula STF
266).
II. Não caberá mandado de segurança contra ato do qual caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo independente de caução (art. 5°,
inciso I)
III. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial de que caiba
recurso com efeito suspensivo. (art. 5°, inciso II)
IV. Por fim, não cabe mandado de segurança contra decisão transitado em
julgado.

11. Liminar em mandado de segurança

As liminares em MS poderão ser tanto de natureza antecipatória como de


natureza cautelar.

Concedida a liminar em mandado de segurança, a lei determina que o feito terá


tramitação prioritária.

Observação: concedida a liminar, a autoridade coatora deverá no prazo de 48h


encaminhar a notificação, informações preliminares e providências adotadas ao
órgão de representação judiciária da pessoa jurídica ao qual pertence a
autoridade.

Observação 2: concedida a liminar e caso o impetrante cause obstáculos ou


não dê andamento ao processo no prazo de 3 dias úteis, poderá o juiz se ofício
ou a requerimento do MP decretar a caducidade da medida.
Antecipação de tutela (antecipa o pedido)

Cautelares (natureza assecuratória)

Tutela de urgência

(Risco ao resultado útil do processo. Verossimilhança)

Tutela provisória

Tutela de Evidência

 LIMINAR: Instrumento processual que leva as tutelas ao processo

12. Informações da autoridade coatora

Nos termos do art. 7º, I, a autoridade coatora será notificada, para que no
prazo de 10 dias apresente notificações.
Parte da doutrina entende que as informações não terão conteúdo de defesa,
mas sim, servirão de elemento de prova.
Outra parte entende que por haver manifestação de mérito as informações
teriam conteúdo de contestação.
Independentemente do entendimento, o fato é que, ainda que não preste as
informações, não haverá presunção de veracidade dos fatos.
 Prazo será em dias uteis, 10 dias, NÃO prorrogando por ser
autoridade pública.

13. Oitiva do MP

Apresentadas as informações pela autoridade coatora, deverá o MP se


manifestar no prazo de 10 dias. A ausência de manifestação não acarretará na
nulidade do processo. Porém, a ausência de intimação do MP poderá acarretar
esta consequência.
14. Sentença

A estrutura da sentença do mandado de segurança seguirá a mesma estrutura


do disposto no CPC.
No entanto, o art. 25 da lei prescreve que não haverá condenação em
honorários advocatícios. Súmula STF 512; súmula STJ 105.
Não obstante não haja condenação de honorários, o STJ reconhece a
possibilidade da condenação da parte em litigância de má-fé, informático 592
do STJ.
15. Coisa julgada

Nas hipóteses em que o juiz extingue o mandado de segurança sem resolução


de mérito e não cabendo mais recursos, ocorrerá a coisa julgado formal, ou
seja, a parte poderia rediscutir a matéria pelas vias ordinárias ou pela via do
próprio mandado de segurança desde que no prazo decadencial de 120 dias.
Caso haja decisão de mérito e não caiba da decisão mais recurso ocorrerá a
coisa julgada material.
16. Reexame necessário

A lei de mandado de segurança no artigo 14, p. 1°, prescreve que, concedida a


segurança a sentença, estará obrigatoriamente sujeita ao duplo grau de
jurisdição (reexame necessário).
A lei de mandado de segurança não faz distinção em relação a quem ocupa o
polo passivo da ação, diferentemente do que ocorre no CPC, que apenas para
as pessoas jurídicas de direito público haveria o cabimento do reexame
necessário.
Assim, o STJ entende que mesmo que para as pessoas jurídicas de direito
privado (empresas públicas e sociedades de economia mista) haveria previsão
do reexame necessário - por ser a lei do mandado de segurança, lei especial.
17. Recursos

Com relação ao pedido de liminar perante o juízo de primeiro grau, a lei de


mandado de segurança prevê tanto para decisão que concede, quanto para a
decisão que indefere, a possibilidade interposição do recurso de agravo de
instrumento. Art. 7, p.1
Nos mandados de segurança de competência originária haverá possibilidade
de interposição do denominado agravo interno/regimental.
Da sentença que concede ou denega a segurança, caberá recurso de
apelação.
Da sentença que concede a segurança, a apelação será recebida apenas no
efeito devolutivo, significa dizer que poderá a parte proceder a execução
provisória. (MS na primeira instância).
Quando o mandado de segurança for de competência originária - da decisão
denegatória da segurança (improcedência), caberá recurso ordinária
constitucional. Para o STJ quando se tratar de competência originária do TJ ou
TRF artigo 105, inciso II, alínea b, da constituição, ou para o STF quando se
tratar de competência originária dos tribunais superiores.
*OBS: súmula STF 272 diz que não se admite como recurso ordinário o recurso
extraordinário de decisão denegatória de segurança - ou seja, não existe
princípio da fungibilidade recursal.
Da decisão que concede a segurança, caberá aos sucumbentes a interposição
dos recursos extraordinário ou especial, a depender da matéria discutida.
O prazo para interposição do recurso contar-se-á a partir da intimação do diário
oficial.
No entanto, a quinta turma do STJ entende que para as pessoas jurídicas de
direito público, o prazo iniciará com a intimação pessoal.
 15 dias.

18. Mandado de segurança individual – execução da sentença

A lei do MS é silente em relação ao cumprimento de sentença, aplicando-se


subsidiariamente o CPC.
Em regra, o MS terá provimento jurisdicional de natureza mandamental
(obrigações de fazer ou não fazer).
Porém, nada impede que o MS contenha provimentos jurisdicionais de
natureza declaratória, constitutiva ou desconstitutiva.
No entanto, nos termos da súmula 271 do STF, o MS não será substituto de
ação de cobrança.
Assim sendo, caso o ato ilegal ou abusivo gere reflexos patrimoniais ao
impetrante, estes só poderão ser executados em sede de MS da impetração do
mesmo para frente, sendo que os danos pretéritos deverão ser discutidos pela
via administrativa ou judicial autônoma.
19. Ms coletivo

Legitimidade ativa: nos termos do art. 21, caput da Lei do MS, serão
legitimados ativos os:
I. Partidos Políticos (Rep. do Congresso);
II. Entidades sindicais de classe e associações.
Para impetração do MS coletivo, a PJ deverá demonstrar como condição da
ação (interesse processual) a denominação pertinência temática.
Significa dizer que os partidos políticos poderão impetrar o MS coletivo relativo
a interesses dos seus integrantes ou em relação a finalidade partidária.
Para as entidades e associações, as mesmas deverão estar legalmente
constituídas e deverão atuar tão somente na defesa do interesse de seus
integrantes ou associados.
OBS.: Para as associações, a lei exige como pré-requisito a pré-constituição
há, no mínimo, 1 ano.
20. Autorização das associações para MS coletivo

Nos termos do art. 21, caput e súmula 629, STF, é dispensada a autorização
dos associados para impetração do MS.
A súmula 630 STF, prescreve que a associação ou entidades poderão impetrar
o MS coletivo ainda que na defesa do interesse de parte dos seus integrantes.
Por fim, o MS coletivo não induz litispendência para as ações individuais.
Contudo, para que o autor da ação individual se beneficie dos efeitos da ação
do MS, coletivo, deverá desistir da ação individual no prazo de 30 duas a
contar da ciência da propositura da ação coletiva.
21. Liminar

O art. 22, parágrafo 2º condiciona a concessão da liminar no MS coletivo a


oitiva do representante judicial da PJ e que deverá manifestar no prazo de
72horas.
22. Causas de pedir e efeitos da coisa julgada

A causa de pedir do MS coletivo é a lesão a direitos coletivos e individuais


homogêneos.
E nos termos do caput do art. 22, os efeitos da coisa julgado atingirão os
membros do grupo ou categoria substituída pelo impetrado.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

1. Conceito e lei de regência


7347/85 - A ação civil pública é a ação de natureza constitucional e coletiva
que tem por objeto a tutela a interesses relativos ao meio ambiente, ao direito
do consumidor, a tutela de bens e direitos de valores artísticos, estéticos, e
históricos, a ordem urbanística, ao patrimônio público e social, a honra e a
dignidade de grupos raciais ou religiosos ou qualquer infração à interesses
difusos e coletivos.

2. Ação civil pública e outras ações de natureza coletiva


2.1. Ação civil pública e ação popular
A principal diferença entre a ação civil pública e a ação popular está
relacionada a legitimidade, já que essa terá como legitimado ativo o cidadão e
a ação civil pública, órgãos ou pessoas jurídicas de direito público ou privado
de representação coletiva.
A ação civil pública não impede a propositura de uma ação popular já que não
haverá litispendência entre elas, podendo, no entanto, haver conexão, já que o
objeto da ação civil pública e mais amplo do que o da ação popular

2.2 Ação civil pública e ação de improbidade


A ação civil pública pode ter como fundamento ato previsto na lei de
improbidade administrativa.
Caso se busque tão somente a reparação do dano, esta poderá ser feita
exclusivamente pela ação civil pública.
Mas caso se busque as sanções específicas na lei de improbidade, deverá ser
observado o rito específico da lei de improbidade administrativa.

3. Prescrição
A CF diz que a reparação ao erário será imprescritível.
Contudo, o STF deu interpretação restritiva a este dispositivo - traçando os
seguintes entendimentos: 1) se tratar-se de ato de improbidade doloso, a ação
será imprescritível; 2) prescreverá no prazo de 5 anos a contar da ocorrência
do dano quando se tratar de ato cometido com ilícito civil.
Igualmente ocorre com os danos ambientais, já que a reparação do dano é
imprescritível, mas a pretensão da administração pública em promover a
cobrança da multa por infração ambiental prescreverá no prazo de 5 anos.
Súmula STJ 467.

4. Causa de pedir da ação civil pública


O parágrafo único do artigo 1° da lei, estabelece que não será cabível a ação
civil pública que trata sobre tributos, contribuições previdenciárias, fundo de
garantia por tempo de serviço, ou outros fundos de natureza institucional.
Obs. o STJ conferiu interpretação restritiva ao parágrafo único do artigo 1°,
quando as pretensões listadas por ele não se caracterizarem como pedido
quando, por exemplo, tiverem outro fundamento como ato de improbidade por
cobrança de taxas ou valores acima do estabelecido em lei.
5. Competência
O art. 2° da lei estabelece que a competência para a ação civil pública será o
local do dano, cujo o juízo TERÁ COMPETÊNCIA FUNCIONAL - ou seja -
significa dizer que o local do dano será competente ainda que um dos réus da
ação tenha prerrogativa de função.
Outro critério para fixar a competência é em relação a extensão do dano, já que
neste caso aplica-se o artigo 93,inciso II, do CDC, em que será competente o
foro da capital do estado (se o dano for regional), ou da capital, se o dano for
de âmbito nacional. - Se for distribuída em Santos, por exemplo, prevento.

6. Cautelar
O artigo 4° da ação civil pública poderá os legitimados propor ação cautelar
para evitar o dano aos bens tutelados pela lei.
Obs. no entanto, em razão da interpretação sistemática do ordenamento
processual, o artigo 4° se refere a qualquer tutela provisória de urgência.

7. Legitimidade ativa
São legitimados ativos para cautelar e ação principal: O Ministério Público.
Nos termos do artigo 5°, p 1°, se o MP não intervier como parte,
obrigatoriamente atuará como fiscal da ordem jurídica.
Portanto, a intimação do MP para atuar nos autos é obrigatória, e a sua
ausência por si só, não dá ensejo a nulidade processual, salvo se comprovado
o prejuízo.
O parágrafo 3° do artigo 5° da lei, estabelece que no caso de desistência
infundada ou abandono da ação civil pública por parte de associações, os
demais legitimados têm a faculdade e o MP tem a obrigação de assumir a
titularidade ativa da ação.
Contudo, caso o promotor entenda pela desistência da ação, e haja a
discordância do juiz, existem três correntes:
1) Aplicação por analogia do artigo 28 do Código de Processo Penal;
2) Encaminhamento dos autos ao Conselho Superior do Ministério Público
(corrente majoritária);
3) Trata-se de um poder discricionário do MP, de modo que o juiz deverá
extinguir sem resolução do mérito.
Defensoria Pública: a legitimidade ativa da defensoria pública foi incluída pela
lei 11418/07, cuja constitucionalidade foi confirmada pelo STF.
Contudo, doutrina e jurisprudência entendem que a defensoria pública somente
será legitimada se houver interesse de pessoas necessitadas.
Entendem ainda que mesmo a existência de pessoas não necessitadas no
grupo de beneficiados não elide a legitimidade da defensoria.
Terceiros legitimados ativos: pessoas jurídicas da administração direta e
indireta.
Quarta legitimado: associações.
Obs. Embora a lei mencione apenas a associação como legitimado ativo, o
entendimento que prevalece é a de que a legitimidade é extensível às
entidades sindicais, de classe e partidos políticos.

8. Requisitos
Desistência:
Para que possam ter legitimidade, as associações deverão apresentar dois
requisitos:
a) estar constituída há pelo menos 1 ano, nos termos da lei civil;
b) pertinência temática, ou seja, incluir entre as suas finalidades institucionais a
proteção ao meio ambiente, ao consumidor, etc.
OBs. A doutrina e a jurisprudência entendem que a expressão associações se
estende também às entidades sindicais, entidades de classe e aos partidos
políticos com representação no congresso
OBS2. O requisito da pré constituição poderá ser dispensado nas hipóteses em
que houver manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano e;
b) pela relevância do bem jurídico a ser protegido. (art. 5,p 4°).

9. Termo de Ajustamento de Conduta


O TAC é o compromisso formulado entre o órgão público e os cíveis réus da
ação civil pública para ajustamento da conduta a às exigências legais, e que
terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Natureza jurídica do TAC é de negócio jurídico bilateral sui generes.
Isto porque, muito embora o artigo 841 do código civil vede a transação de
direitos individuais indisponíveis, é possível realizar compromisso de
ajustamento que envolvam direitos coletivos latu sensu.
De acordo com a lei de ação civil pública, qualquer doa órgãos públicos
legitimados poderão celebrar o TAC, o que exclui, portanto, a possibilidade das
associações realizarem o TAC.
Inexistência de coisa julgada no TAC extrajudicial.
O TAC na esfera extrajudicial não atinge os titulares da ação civil pública, não
impedindo assim, o seu ajuizamento para outros legitimados.
Contudo, o magistrado tem a liberdade de diante da complexidade das
matérias versadas, e havendo cumprimento efetivo do TAC, entender de forma
motivada, pelo extinção da ação, por ausência do interesse de agir.
Falta de assinatura do membro do MP
O STJ entende que a ausência de anuência do representante do MP constitui a
nulidade do TAC.
O ordenamento jurídico brasileiro não confere obrigatoriedade para que o MP
ofereça o TAC.
Não obstante a limitação referente a propositura de TAC pelas associações, o
STF flexibiliza este entendimento para permitir que as associações promovam
o termo de Ajustamento em ações civis por ela promovida. (informativo STF
892).
INQUÉRITO CIVIL

Trata-se de procedimento administrativo de natureza inquisitiva por meio do


qual são buscados os elementos de convicção para o ajuizamento da ação civil
pública ou para formalização do termo de Ajustamento de Conduta, de
titularidade exclusiva do Ministério Público.
Trata-se de procedimento facultativo.
A doutrina de modo geral e o STJ entendem que há uma mitigação do princípio
do contraditório e ampla defesa nos inquéritos civis, ou seja, o contraditório não
é imprescindível.
As provas coletadas no inquérito civil terão valor probatório relativo, já que
colhidas sem obrigatoriedade da observância do contraditório, admitindo a
contraprova, ou até mesmo a sua repetição, caso promovida a ação civil.
O STF decidiu que o habeas corpus não é meio hábil para que questionar
aspectos relacionados ao inquérito civil. Habeas Coepus STF 90.378/RJ
Caso a informação requisitada pelo MP seja sigilosa, ela poderá ser negada.
Nada impedindo que a ação seja proposta sem o documento e determinado
pelo juiz a sua apresentação em juízo.
Com relação à vistas do inquérito pelo advogado, o STJ vem aplicando
analogicamente a súmula vinculante 14.
O STJ considera válida denúncia criminal baseada em elementos colhidos
durante o inquérito civil público.
Caso o MP, esgotadas as diligências, se convencer da inexistência de
elementos para a ação civil pública, promoverá o arquivamento do inquérito
civil, de forma fundamentada, devendo obrigatoriamente encaminhar is autos
do inquérito civil no prazo de 3 dias para o Conselho Superior do MP, que
poderá homologar o arquivamento ou indicará outro promotor para promover a
ação civil.
1. ASTREINTES
O artigo 11 da ação civil pública prescreve que na ação que tenha por objeto o
cumprimento de uma obrigação de fazer ou não fazer o juiz determinará o
cumprimento da atividade devida, ou a cessação da atividade nociva sobre
pena de multa diária (astreintes) compatível e suficiente, independentemente
de pedido do autor.
As astreintes podem ser direcionadas tanto ao ente estatal como pessoalmente
às autoridades coagentes responsáveis pelo comprimento da decisão judicial.
2. RECURSOS
Com relação aos recursos prescreve o artigo 14 da lei que o juiz poderá
conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano a parte.
Efeitos e limites da sentença
O artigo 16 da lei da ação civil pública determina que a de sentença terá efeito
erga omnes nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto
quando o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, quando
poderá outro legitimado propor outra ação com o mesmo objeto desde que com
novas provas.
Obs. o STJ excepciona a regra do artigo 16 quando a ação civil pública tratar
de direitos individuais homogêneos, onde mesmo julgada improcedente por
insuficiência de provas, não poderá ser proposta nova ação. Informático 575 do
STJ.
Com relação aos limites subjetivos da coisa julgada a doutrina e a
jurisprudência possuem dois entendimentos:
1) O artigo 16 não é válido e os efeitos da eficácia da sentença não terão
limites geográficos.
2) O artigo 16 é válido, porém só se aplica às ações civis públicas que
versarem sob direitos individuais homogêneos.
AÇÃO POPULAR

1. Conceito e lei de regência


A ação popular é a ação de índole constitucional, de natureza cognitiva
(processo de conhecimento), cujo procedimento é o comum previsto no CPC.
A ação popular terá por objeto pleitear a anulação ou declaração de atos
lesivos ao patrimônio público da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como das entidades autárquicas e das empresas públicas e
sociedades de economia mista, conforme o disposto no artigo 1 da lei 4717/65.

2. Legitimidade ativa
Será legitimado ativo para propositura da ação popular qualquer cidadão.
O cidadão para fins de propor a ação popular é o eleitor, inclusive sendo
exigida a juntada só título de eleitor com a petição inicial.
O indivíduo que tiver com direitos políticos suspensos não terá legitimidade
ativa para propor a ação popular.
Tanto o MP, como a defensoria pública, como órgãos, NÃO terá legitimidade
ativa para a ação popular.
Especificamente em relação a defensoria esta poderá postular em favor de
algum cidadão.
A pessoa jurídica NÃO tem legitimidade ativa para a ação popular, nem mesmo
o partido político.
O maior de 16 e menor de 18 anos, desde que possua título de eleitor, terá a
capacidade de ser parte, mas não terá capacidade processual, ou seja, caso
não seja emancipado, só poderá propor a ação popular se assistido por seu
representante legal.
O artigo 6, parágrafo 3 da lei da ação popular, prevê a possibilidade das
pessoas jurídicas de direito público e de direito privado (empresas públicas e
sociedades de economia mista) se abstenham de contestar e figurem no polo
ativo da ação, em litisconsórcio com o autor.

3. Legitimidade passiva
A ação popular será proposta em face das entidades federadas e/ou das
pessoas jurídicas da administração pública direta e indireta, bem como dos
agentes políticos que tenham praticado o ato lesivo.
4. Procedimento
A ação popular, nos termos do art. 7, é a ação de conhecimento de
procedimento comum, mas com algumas modificações:

1) o prazo para contestação será de 20 dias, prorrogáveis por mais 20 dias, a


requerimento da parte e da complexidade da demanda, juiz deve deferir.

DIAS UTEIS

OBS: não se admite reconvenção em ação popular.

2) a regra na ação popular, é a isenção de custas processuais, mas quando


devidas custas e preparo, serão pagos no final do processo.

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