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IGUATU – CE
2021
➢ De acordo com o vídeo sobre a Revolução Industrial, faça comparações sobre a
economia e a sociedade do Estado do Ceará e a inglesa no período. Que
características sociais inglesas se assemelham com as do cearense do século XVIII? E
do século XIX? Como ocorreu o processo evolutivo da sociedade na zona urbana na
Inglaterra e no Ceará? E o mercado de trabalho? E a tecnologia? Que indicadores
foram importantes para inserção do Ceará no comércio internacional?
No começo do século XVIII, na Inglaterra, ainda não existia cidades, apenas aldeias
com fazendas e pequenas propriedades rurais de extensos pastos abertos e grandes florestas. A
maior parte da sociedade dedicava-se à lavoura ou exercia outras atividades rurais.
Semelhantemente à Inglaterra, no Ceará, a sociedade dedicava-se a uma atividade rural, o
pastoreiro. O caráter salino do solo, as pastagens abundantes (na época das chuvas), as vastas
áreas sertanejas foram algumas das razões que possibilitaram essa atividade.
Durante o inverno da Inglaterra, que era rigoroso, havia pouco alimento para os
animais de criação e a maioria morria. No Ceará acontecia algo parecido, mas, em vez de ser
o inverno, eram as calamitosas secas que dizimavam o rebanho.
Por volta de 1760, a nação inglesa começou a se transformar e o estilo de vida do povo
inglês iria sofrer uma transformação radical. Essa transformação é a chamada Revolução
Industrial. No ano de 1765, a máquina de fiação manual foi aperfeiçoada passando a ter fusos
múltiplos. Dessa forma, em vez de fiar um fio de cada vez, fiava-se oito fios,
simultaneamente, movidos com uma manivela. Logo depois, foi desenvolvida uma outra
máquina, que fiava dezesseis fios ao mesmo tempo. Uma pessoa podia realizar o trabalho que
antes era executado por mais de cem pessoas. Em 1784, foi criado o tear mecânico, uma
máquina na qual era movimentada através da fonte de energia produzida pela força da água
corrente. Essa máquina acelerou, assim, o processo de industrialização e o trabalho manual,
na indústria têxtil, como também o sistema doméstico de manufatura foram abandonados. A
produção passou a ser realizada em prédios aonde funcionavam vários teares. Dessa forma, a
partir dessa época, o tecelão passou a morar em um lugar e a trabalhar em outro. Por volta de
1781, o motor a vapor, desenvolvido para retirar água das minas de carvão, foi aperfeiçoado e
convertido em grande fonte de força. Ele era barato e podia ser utilizado para dar movimento
a todos os tipos de máquina. Com esse novo motor a vapor e com o aperfeiçoamento dos
métodos de beneficiamento do ferro e do aço, a Revolução Industrial era um fato consumado.
Com isso, a máquina de fiação e o tear manual foram abandonados. Começaram a surgir as
grandes cidades e no lugar do mestre tecelão apareceu o capitalista, proprietário de muitos
teares e empregador de centenas de trabalhadores. Já no Ceará, nessa época, não era
desenvolvido nada na área da tecnologia. Nessa época, os rebanhos bovinos eram conduzidos
pelos tangerinos para a venda em outras capitanias. Percorriam muitas “estradas sertanejas” e,
nos cruzamentos de muitas destas, surgiram algumas cidades. A venda de gado em algumas
capitanias não era tão lucrativo – o gado emagrecia, perdia-se, morria por ataque de feras, era
assaltado. Havia ainda o peso dos impostos. Assim, os criadores do gado do litoral passaram a
vender seus rebanhos na forma de charque (carne seca salgada ao sol), produzido nas oficinas
ou charqueadas. Para o desenvolvimento das charqueadas no litoral cearense, contribuíram,
entre outros aspectos, o próprio fato da técnica salineira não exigir muitos conhecimentos e
nem muito investimento. O charque trouxe mudanças socioeconômicas para o Ceará.
Verificou-se uma divisão de trabalho na capitania (áreas para criar gado e áreas para
charquear), uma maior integração comercial entre sertão e litoral, um crescimento do
pequeníssimo mercado interno local, o enriquecimento de um grupo de latifundiários e
comerciantes, o crescimento de centros urbanos e uma diversificação de produção
(comercialização e até exportação de couro). Contudo, no final do século XVIII, o charque
local entrou em decadência, devido às calamitosas secas do período (que dizimavam os
rebanhos), a concorrência com Rio Grande do Sul, e a atenção que os cearenses passaram a
dar ao algodão (que então alcançava bons preços no mercado externo). Foi então que a
atividade de cotonicultura começou a ser desenvolvida no Ceará. Isso devido, principalmente,
aos bons preços do algodão no mercado internacional e à demanda da Inglaterra, que usava a
fibra em suas fábricas têxteis, típicas da primeira fase da Revolução Industrial. Pela primeira
vez o Ceará tinha um produto voltado diretamente para o mercado internacional.
O problema social, na Inglaterra, era dramático e ela seria fatalmente tragada por uma
revolução civil sangrenta, mas, apesar de tudo, a revolução sangrenta não foi tão severa como
foi na França, e isso por dois motivos: a reforma e a produtividade. Durante anos houve muito
debate público pela reforma dos males sociais causados pela Revolução Industrial. Em 1842,
o parlamento aprovou a primeira de uma longa série de reformas, a Lei das Minas,
determinando que, a partir daquela data, o trabalho de mulheres e crianças menores de 10
anos, nas minas de carvão, estava proibido. Em 1847, foi aprovada a Lei das 10 horas, na qual
determinava que, a jornada de trabalho de mulheres e crianças, na indústria têxtil, não deveria
ser superior a 10 horas. Em 1875, os sindicatos, que até aquela data tinha os seus poderes de
negociação limitados por lei, ganharam proteção legal. A partir de então, o operário tinha o
amparo legal para se reunir com seus companheiros em defesa de melhores condições de
trabalho, redução da jornada e aumento salarial. Assim como a reforma, a produtividade
evitou outros problemas sociais da industrialização que causassem uma revolução civil. Um
exemplo referente à produção é que, na época do trabalho manual, antes do advento das
máquinas, a produção de um sapato exigia, aproximadamente, 18 horas de trabalho, pois um
único artesão executava todas as etapas de produção. O preço do sapato feito a mão era
elevado e consequentemente poucas pessoas podiam pagar. Com o advento da máquina, a
produtividade dos trabalhadores cresceu espantosamente e implementou-se a divisão do
trabalho. Do beneficiamento do couro até o produto acabado, cada operário executava
somente uma operação, repetindo-a várias vezes. Desde que o couro estivesse beneficiado,
um sapato podia ser produzido em menos de 20 minutos. Dessa forma, cada homem produzia
mais, graças à máquina, e sua produtividade cresceu. As horas de trabalho em toda indústria
foram diminuídas, o salário aumentou e os preços dos produtos baixaram. Assim, o operário
podia comprar o seu próprio produto e mais pessoas podiam se beneficiar da crescente riqueza
do país. No Ceará, na segunda metade do século XIX, o comércio de algodão favoreceu
Fortaleza, que passou a crescer a passos largos, superando Aracati (abalada com a crise do
charque) e assumindo a condição de principal núcleo urbano cearense. Fortaleza começou a
ser dotada de uma infra-estrutura administrativa (porto, estrada, alfândega, etc.), que
possibilitou tornar-lhe o grande centro coletor e exportador de algodão do Ceará. No final do
período colonial, devido à recuperação da cotonicultura dos EUA, o algodão e, por
conseqüência, o próprio Ceará entraram em crise, o que contribuiu para o envolvimento de
cearenses na “Revolução” Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador. O auge do
algodão cearense aconteceu nesse período, beneficiado com a desorganização da produção
americana em virtude da Guerra da Secessão (1861-65).