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Cimentação Provisória e Cimentação Definitiva

Convencional
P. Fixa Lab – Aula 4.2 – Wagner

▪ Vamos estudar nesse tópico o processo de cimentação tanto para


coroas provisórias como para as coroas definitivas (esta, utilizando
Victória Oliveira, out/20

cimentos convencionais).
▪ A cimentação adesiva, abordada em outro momento, é um
procedimento cada vez mais utilizado na Odontologia. É de uso
final/definitivo, onde usamos cimentos resinosos. Usado em laminados
cerâmicos, inlays, onlays, coroas, próteses totais ou parciais fixas e até
mesmo.
▪ Apenas para conceituar, é bom relembrar:

“A cimentação descreve o uso de uma substância moldável, para se adequar às


reentrâncias da prótese e do remanescente dentário, e assim selar um espaço
ou unir 2 elementos. Estes termos descrevem os agentes de cimentação
odontológica.”

Anusavice, 2005

COROA

FENDA COROA

FENDA

DENTE DENTE

▪ Em ambos tipos de cimentação (as abordadas nessa aula), o ideal é


que o tamanho das fendas seja o menor possível; portanto, a
adaptação de uma coroa/PF tem que ser a melhor possível, na ordem
entre 25-50 micrômetros, pois mais que 50 micrômetros podem
ocasionar uma solubilização, ocasionando uma possível infiltração
marginal, culminando na perca do tratamento em um tempo bem mais
rápido.
▪ Breve roteiro da aula:
1. Cimentação provisória versus definitiva/final
2. Tratamento de superfície
3. Substratos
4. Técnicas
5. Considerações finais

Tomar como objetivos ao fim desta aula:

- Quais são os cimentos provisórios e como usá-los?


- Como cimentar uma coroa metalocerâmica? E um núcleo metálico
fundido?
- O que é uma cerâmica ácido sensível? E uma ácido resistente?
- Como cimentar uma coroa metalfree?
- Como cimentar um pino de fibra de vidro?

▪ Funções gerais de quaisquer cimentos:


a) Fixação entre o dente e a prótese;
b) Selamento marginal;
Não vai ocorrer se a fenda não for a menor possível.
c) Retenção friccional;
d) Preenchimento das discrepâncias existentes entre o dente e a
prótese.
Victória Oliveira, out/20

Obs: Não adianta eu usar o melhor cimento da melhor forma se o preparo


não tiver um preparo adequado, uma adaptação marginal boa.
Obs 2: O contato entre as paredes da restauração e o preparo é
fundamental que seja adequado. Por isso é importante o reembasamento
das próteses provisórios e que o processo de moldagem seja o melhor
possível para captar os detalhes e culminar numa retenção friccional o
mais desejado possível.

▪ De acordo com Pegoraro (1998), a cimentação pode ser dividida em


duas categorias de acordo com o agente cimentante: a) Cimentação
provisória e b) Cimentação definitiva.
▪ É interessante saber que cimentos provisórios são normalmente
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utilizados para coroas provisórias, e que é importante que eles


tenham a) boa resistência à compressão, mas em contrapartida,
tenham também uma b) baixa resistência à tração e ao cisalhamento.
Mas por quê? Porque subsequente à inserção do provisório, o
profissional vai ter que remover o provisório para executar os passos
seguintes da fixa final, tipo, ter que colocar um pino de fibra, aí vai
recimentar e recolocar o provisório de novo, e assim vai, até colocar a
coroa ou prótese definitiva.
▪ Por que é importante fazer um bom provisório e cimentar uma
restauração provisória?
Este tipo de restauração está indicado para qualquer prótese, pois
permite:

- Avaliar tecidos periodontais;


Ver como está o processo de condicionamento gengival, possíveis
processos inflamatórios etc.

- Avaliar grau de higienização;

- Avaliar a função mastigatória;

- Recuperar do complexo dentina-polpa;


Preparo em dentes vitais pra saber durante a parte provisória se o dente
vai sobreviver sem passar por um processo de pulpite irreversível e se
vai aguentar todo o preparo.

- Correções estéticas;
Principalmente de forma, contorno e textura.

- Avaliar a qualidade do contato proximal;


Não existe provisório sem contato proximal adequado.

- Avaliar a oclusão e desoclusão;


Observar em M.I.H., guias laterais, anteriores, checagem dessas
posições.

- Assentamento definitivo da peça.


Antes de falar sobre os agentes cimentantes, vamos lembrar dos
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principais pontos de uma prótese provisória em posição:


1. Excelente adaptação cervical;
2. Retenção friccional às paredes do preparo desejável;
3. Contatos proximais desejados/adequados para auxiliar a
estabilização do dente em posição.
4. Contato oclusal adequado (tá repetindo isso, de novo..).
5. Bom acabamento e polimento.
6. Como eu cimento esse provisório? Posso usar ZnO (Óxido de Zinco)
ou Ca(OH)2 [hidróxido de cálcio], que são os mais usados, ou resinas
devido a coloração adequada e aplicação recente.

TIPOS DE CIMENTOS PROVISÓRIOS

I. CIMENTO DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO


✓ Essas marcas, ilustradas nas figuras abaixo, vem com duas pastas;
✓ É o mesmo cimento utilizado para forramento de restaurações
profundas que estão em contato íntimo com o tecido pulpar.

✓ Indicação: casos de preparos em dentes vitais que acusam


sensibilidade.
✓ Vantagens:
- Favorece a formação de dentina reparadora;
- Protege a polpa de estímulos térmicos e elétricos;
- Possui propriedades antimicrobianas favoráveis.
✓ Desvantagens:
- Altíssima solubilidade (é o grupo de cimento provisório que mais pode
perder a sua integridade principalmente se a fenda for grande)
Victória Oliveira, out/20 - Tempo de presa curto, então nós temos que ser ágeis na manipulação
da pasta base-catalisadora colocando rapidamente nas paredes
laterais.
Esse tempo de presa é tão pequeno, que se for uma ponte fixa
(restaurações de 4 ou 5 elementos com pilares) às vezes não dá tempo
manipular o cimento e inserir em todos os dentes em posição.

II. CIMENTOS À BASE DE ÓXIDO DE ZINBO [COM OU SEM


EUGENOL]
✓ Muito utilizados, talvez sejam os materiais de eleição na cimentação de
próteses provisórias;
✓ Outra marca que ele falou: “Temp Bond” ?

✓ Vantagens:
- Menor solubilidade (principalmente se comparado ao Cimento de
CaOH2);
- Ação anti-inflamatória;
- Ação sedativa e terapêutica em casos de irritação pulpar;
Mas não se indica para casos de muita profundidade em dentes vitais porque pode
gerar uma inflamação, uma vez que o Eugenol é uma substância flogística e pode
gerar um aquecimento/calor do tecido.
- São de baixo custo;
- Fácil manipulação;
- Facilidade de limpeza das superfícies internas da peça protética.
✓ Desvantagem:
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- Compromete a polimerização do cimento resinoso.

Obs: Por isso o professor falou que prefere utilizar no cotidiano dele o
cimento de óxido de zinco sem eugenol, porque reduz consideravelmente
a preocupação de comprometer tal polimerização.

Alguns trabalhos mostram que mesmo usando o óxido COM EUGENOL, se


eu fizer previamente à cimentação uma boa limpeza com pedra pomes,
escova de Robinson nova e água, eu consigo limpar bem o tecido dentário
e o esmalte e fazer uma cimentação adesiva de qualidade.

III. CIMENTOS À BASE DE RESINA

✓ Desvantagem:
- Materiais de difícil remoção (esses aí de cima);

✓ Vantagens:
- Polimerização química;
- Excelente fluidez;
- Transparentes (grande vantagem, pois alguns
provisórios estéticos – de pré a pré, eles podem
ter uma espessura muito fina e aí os outros tipos
de cimento podem dar uma aparência
amarelada); grande indicação dos cimentos à
base de resina.
- Baixa solubilidade em fluidos bucais; se uma restauração provisória tiver
que ficar em posição por um grande período e eu quiser usar uma
cimentação provisória, esse tipo de cimento é mais vantajoso em
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detrimento dos outros dois; caso eu tenha que escolher entre o óxido de
zinco e o hidróxido de cálcio, então eu vou preferir o óxido de zinco pela
sua menor solubilidade também.

Professor mostrou mais tipos de cimentos à base de resina (abaixo):

✓ Polimerização por luz ou por química.

Prestem bastante atenção no próximo tópico:


Nós também realizamos cimentação provisória de próteses definitivas.
Mas por quê?
Exemplo: próteses extensas; se um pcte vai receber uma prótis de canino
a canino, mas os pilares são apenas os caninos, então esse paciente não
tem dentes (os 4 incisivos). Temos que é uma prótese extensa, estética,
que tem que ser bem higienizada e que vai interferir bastante na fonética
do paciente.
Daí, em vez de chegar com a prótese pronta na última sessão e cimentar
logo com um cimento definitivo, o que é indicado? Cimentar essa prótese
definitiva com um cimento provisório e espero 15 dias a 1 mês pra
observar todos esses parâmetros supracitados. É pra fazer tipo um test
drive da prótese.

Outro detalhe importante: Vale a pena fazer isso em uma coroa unitária?
Geralmente não, porque a unitária compreende apenas aquele preparo,
facilmente se observa o contato proximal, e aquele dente, talvez, não
interfira consideravelmente na estética e fonética como o exemplo
anterior.
Lá vai mais um detalhe importante (hm kkk bjs):
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Em algumas situações eu posso cimentar uma prótese ou uma coroa


PROVISÓRIA com um cimento DEFINITIVO;
Em que situações?
a) Preparos curtos em molares;
Alguns pacientes, principalmente mulheres, tem coroas clinicas muito
baixas (curtas), com 5 ou 6 mm de oclusal-cervical, aí no preparo fica 4 mm
de altura, porém são dentes largos (daí fere aquele princípio de altura x
largura lá da aula 1) e o provisório pode largar/soltar facilmente. Daí eu
posso facilmente usar um cimento de fosfato de zinco para
segurar/adaptar melhor até o paciente voltar daqui 15 dias.

b) Próteses que vão ficar em posição durante longos períodos;


Exemplo: se o paciente tem um preparo no 2º molar e um na região do 1º
pré-molar e não tendo nem o 2º pré-molar e nem o 1º molar. Aí a gente
faz a provisória que tem o pilar no 1º pré e no 2º molar, tendo 2 pônticos.
Vamos supor que eu vou fazer um enxerto de levantamento/elevação do
seio maxilar para pôr implantes. Realizo o enxerto e vou cimentar aquela
prótese provisória.
O enxerto vai demorar 6 a 8 meses para ocorrer o seu processo de
reparação final. Aí vou colocar implantes, o que demora mais 3 a 4 meses
para ficar “ok”. Ou seja, o provisório vai ficar em posição quase por um ano.
Se eu usar um cimento provisório nesse período, ele vai viver soltando. Por
isso, a gente taca logo um cimento definitivo (à base de fosfato de zinco ou
ionomérico convencional).

CIMENTAÇÃO DEFINITIVA CONVENCIONAL

Ao escolher qual vai ser meu agente cimentante na fase definitiva, eu


tenho que ponderar, o que é que vai estar em contato com o dente? Um
metal ou uma cerâmica (e qual cerâmica?)?

Tratamento de superfície
O profissional tem que entender sobre este tratamento de superfície.

- Condicionamento ácido;
Técnica de Simonsen e Calamia (1980) de condicionamento com Ácido
Fluorídrico (HF) 5 a 10% em cerâmicas ácido-sensíveis [que possuem
matriz vítrea, facilitando a adesividade], permitindo a exposição dos cristais
e criando microrretenções.
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Laminados cerâmicos ou ultrafinos precisam apenas de 5% de HF


Demais restaurações, mais espessas, demandam cerca de 8% de HF.

- Silanização;
O silano, relembrando, é uma molécula bifuncional (união da sílica à
resina).
Uso associado a HF ou silicatização.
Tratamento padrão ouro para superfícies adesivas.

Então, só lembrando, mais uma vez, lá da aula 2:


O HF cria microrretenções, aumenta a molhabilidade do cimento e
aumenta a energia livre de superfície, enquanto o silano une a sílica da
cerâmica e a matriz orgânica dos cimentos resinosos, criando o que
chamamos de uniões siloxanas.

Quem são essas cerâmicas?


TENSÃO Tempo de
TIPO Comentários
(miliPascal) condicionamento
Feldspáticas Onde o técnico aplica pó e
90 MPA 1 a 2 min
convencionais líquido.
Cristais de leucita são
Feldspáticas grandes, mas com bom
reforçadas por 140 MPA 1 minuto conteúdo de matriz vítrea,
leucita podendo ser ainda
silanizadas.
Feldspáticas
Ainda tem 50% de matríz
reforçadas por 180 MPA 2 a 4 minutos
vítrea
alumina 50%
Dissilicato de É uma das cerâmicas mais
350 MPA 20 segundos
lítio usadas hoje no mundo.
Lembrando que esse tipo de cimentação resinosa limita a propagação de
microtrincas, suporta a infraestrutura cerâmica e aumenta a resistência à
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fratura DA RESTAURAÇAO, não do dente.

- Jateamento com óxido de alumínio;


Pode se ter a maquininha do jateamento no consultório; mas podem vir
já jateadas do laboratório (as próteses)
Parâmetros avaliados:
a) Tamanho da partícula
b) Pressão: 2,8 bar
c) Tempo de jateamento: 10 segundos.
d) Distância entre jateador e a superfície (10mm).
QUAIS MATERIAIS EU USO ESSE JATEAMENTO?
!!!!!!! Metais (Ni-Cr, Au – ouro, Zircônia)
Cerâmicas feldspáticas e de dissilicato de lítio não devem ser jateadas,
somente as que possuem alto conteúdo cristalino e metais..

A figura acima ilustra o choque entre as partículas de alumínio contra a estrutura, causando
pequenos defeitos/orifícios que vão ser responsáveis pelas microrretenções mecânicas com o
cimento resinoso.
- Jateamento com óxido de alumínio revestido com sílica (silicatização)
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- Primers cerâmicos:
Aplicados após o jateamento, supracitados nos últimos dois subtópicos.

. Pincela-se duas camadas e espera secar.


. MDP é um composto complexo

Então, o tratamento de superfície de eleição para cerâmicas ácido-


resistentes é justamente jateamento + aplicação de primer cerâmico +
cimento resinoso
ou......
Jateamento de óxido de alumínio + Fosfato de Zinco / Cimento ionomérico
/ Cimento ionomérico modificado

Lembrem que são um grupo de cerâmicas que não conseguem ter uma
adesão efetiva com o cimento resinoso. Não sofrem microrretenções, o
silano não vai servir de nada e aí já viu.... zero eficácia.

Opções de cimentos para cimentação final ou definitiva:


a) Fosfato de zinco (CFZ)
-Técnica fácil
-Baixo custo
-Mais utilizado, ainda..
-Sua retenção é puramente mecânica (não é
micromecânica nem química).
- Macrorugosidades do dente/preparo dental e rugosidades da superfície
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interna da restauração. Por isso que é importante que antes da


cimentação de uma coroa metalocerâmica o técnico ou o CD executem o
jateamento com óxido de alumínio na superfície interna dessa
restauração; para que se criem microrretenções que culminem no
imbricamento mecânico do CFZ.
É fundamental que sua manipulação seja correta para que se evite a
altíssima solubilidade e baixas resistência à tração e ao cisalhamento. Daí,
colocar a medida certa conforme as determinações do fabricante. Coloca
a colherzinha na placa de vidro, divide em 4, divide ¼ na metade e assim
vai dividindo para manipular aos poucos (bem Juliano Sartori feelings). A
placa deve estar resfriada (geladeira ou frigobar) porque aí eu aumento o
tempo de trabalho para fazer a espatulação com mais tranquilidade. Usar
relógio para, a cada 10 segundos, manipular uma porçãozinha. Sempre
manipular de pouquinho em pouquinho em pó/líquido. A espátula usada
é a no. 24. Observar a formação do ponto de exclamaão quanto levanta o
material com a espátula.
Indicações: “odontologia metálica”
- N.M.F.;
- Coroas metálicas (RMFs);
- Coroas metalocerâmicas;
- Cerâmicas puras policristalinas (alumina e/ou zircônia).

Professor mostrou um caso clínico onde ia


cimentar uma coroa com ponticos. Mostrou a
importância de colocar amarrias com o fio
dental com o fim de remover os excessos de
cimento após o procedimento de cimentação.
Além disso, passar VASELINA pela periferia
externa das restaurações, se eu passar na periferia interna eu não vou ter
o imbricamento mecânico proporcionado pelo CFZ. Importante usar um
pincel para inserção do cimento (é a melhor maneira), sempre colocando
nas paredes laterais..
Interpretar gráfico ao lado. O pincel
promove maior espalhamento uniforme
para assentamento adequado da peça
protética.
Victória Oliveira, out/20
b) Ionômero de vidro (CIV)
c) Cimentos resinosos (maior indicação, versatilidade e segurança pra
utilização na atualidade).

b) Cimento de ionômero de vidro (CIV):


- Processo de selamento melhor que o CFZ;
- Adesão química;
- Não vai gerar – a adesão – uma grande
resistência à tração e ao cisalhamento não...
- Biocompatibilidade com o dente (devido ao
ácido poliacrílico);
- Liberação de Flúor.

Indicações: “odontologia metálica”


- Pinos metálicos;
- N.M.F.;
- Coroas metálicas (RMFs);
- Coroas e próteses metalocerâmicas;
- Cerâmicas reforçadas (policristalinas).

c) Cimentos modificados por resina (muito versáteis):

Indicações: “odontologia metálica”


- Pinos metálicos;
- N.M.F.;
- Coroas metálicas (RMFs);
- Coroas e próteses metalocerâmicas;
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- Cerâmicas reforçadas (policristalinas);


- Pinos de fibra de vidro

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