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Instituto de Geociências
Disciplina GA-117
Pós-Graduação
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Alunos: Edson Rogério Batello; João Luis dos Santos; Melina Souza; e, Carolina M. Stolfi
Professora: Sueli Yoshinaga Pereira
ÍNDICE
ANEXOS
Anexo A: Figuras 1 a 7
Anexo B: Tabelas 1 a 3
1.0 INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
Este trabalho é produto do aprendizado dos alunos da disciplina GA-117 (Gestão de Recursos Hídricos
Subterrâneos) durante o 2º semestre de 2010, sendo desenvolvido no Instituto de Geociências (IGE) da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sob orientação da Professora Doutora Sueli Yoshinaga
Pereira. Os alunos que compuseram o grupo de trabalho são: Edson Rogério Batello, João Luis dos Santos,
Melina Souza e Carolina M. Stolfi.
Durante o desenvolvimento deste trabalho foi realizado o levantamento e análise documental dos poços
existentes na área da UNICAMP, baseados em informações e dados disponibilizados, de visitações locais e
uma revisão bibliográfica envolvendo os aspectos fisiográficos, hidrogeológicos, Hidrodinâmicos e de
vulnerabilidade.
O estudo focou as informações de 8 poços tubulares profundos (PTP) existentes em área da UNICAMP, sendo
que hoje 4 estão em operação. Toda documentação disponível foi reunida de forma a integrar uma analise mais
profunda da caracterização do aqüífero compreendido na área do Campus da UNICAMP.
1.2 Objetivo
Primariamente esse documento tem como objetivo atualizar os dados existentes, levantar novos dados ainda
não catalogados e organizar de forma sistemática toda informação obtida.
Após analise dos dados disponibilizados, caracterizar o aqüífero e montar um programa de testes de
bombeamento que deverá indicar um novo perfil de uso dos recursos hídricos disponíveis na área objeto de
estudo.
A Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Anhumas ocupa a porção central do município de Campinas, circunscrita
pelas coordenadas 22º52’ e 22º43’ S, e 47º06’ e 46º L. A bacia está sistemicamente incluída na grande Bacia
do Rio Piracicaba através de seu afluente, o Rio Atibaia, que se encontra cada vez mais poluído, especialmente
por ser receptor das águas do Ribeirão Anhumas. O Anhumas está incluído numa importante Unidade de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) do Estado de São Paulo, a Unidade 5, formada pela bacia de 3
(três) importantes rios, Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).
Dentre os usos pode-se relacionar: banheiros, restaurantes, limpeza, água de bebida (bebedouros), construção,
rega de canteiros, lavanderias, hospital, etc.
A integração das redes de abastecimento da UNICAMP com o serviço da rede pública, oferecido pela
Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (SANASA), os poços poderão tornar-se uma
importante fonte de abastecimento autônomo, reduzindo o consumo de água fornecido pelo serviço público.
2.0 METODOLOGIAS
Os trabalhos que se destinaram à caracterização hidrogeológica da área compreendida pelo Campus da
UNICAMP tiveram como principais bases de trabalho o mapa topográfico, o mapa geológico, os perfis
construtivos dos poços de captação e respectivos cadastros, foto aérea da área entre outros estudos que
auxiliaram no desenvolvimento do trabalho.
A partir da obtenção das informações, seções geológicas foram construídas para análise das características do
substrato local, de maneira análoga com características dos poços tubulares e parâmetros hidrodinâmicos,
favorecendo, desta forma uma interpretação sobre o comportamento da produtividade de alguns poços
localizados na área.
O cálculo de recarga do aqüífero local pode ser feito utilizando-se o método de TUCCI (1993), o qual descreve
a sua equação em função da precipitação média anual, vazão média e evapotranspiração. No entanto, para o
cálculo da vazão, foi utilizado o método de Regionalização Hidrológica com cálculo da Vazão Média de Longo
Período (DAEE, 1983).
Cálculos de vazão específica e rebaixamento disponível foram feitos para se calcular a vazão para instalação
do poço. Estes cálculos foram realizados com base no Manual Prático de Orientação para Execução de Testes
de Bombeamento em Poços Tubulares, elaborado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Naturais (CPRM,
1998).
Para a determinação da vulnerabilidade da área estudada, utilizou-se como base o método de GOD, o qual
considera o produto das pontuações dos seguintes parâmetros: grau de confinamento hidráulico da água
subterrânea, ocorrência de extratos geológicos e profundidade do nível d’água subterrâneo.
Segundo Yoshinaga (1996), na RMC (Região Metropolitana de Campinas) podemos encontrar dois sistemas de
aqüíferos regionais: Sistema Aquífero Tubarão e o Sistema Aquífero Cristalino, podendo ocorrer também,
corpos de diabásios, considerados aquíferos locais e aquíferos com porosidade de intersticial com
produtividade limitada.
O Município de Campinas localiza-se no Estado de São Paulo entre as coordenadas 47°15’W e 46°45’L. O
mesmo abrange, a grosso modo, três tipos de terrenos geológicos que seriam: a Leste, rochas pré-cambrianas
de alto a médio graus metamórficos intrudidas por granitos e; a Oeste, rochas sedimentares do Subgrupo
Itararé e diabásios do mesmo magmático gerador da Formação Serra Geral. Entre as unidades
litoestratigráficas para o Município de Campinas temos: Complexo Itapira, Suíte Granítica Jaguariúna, Suíte
Granítica Morumgaba, rochas Miloníticas, Subgrupo Itararé e diabásios do Juro-Cretáceo.
Campinas caracteriza-se por compreender uma região de transição entre dois compartimentos geomorfológicos
distintos, o Planalto Atlântico, que corresponde a relevos de morros, e serras do Planalto de Jundiaí (Ponçano
et al. 1981) que por sua vez são sustentados por rochas cristalinas com idade pré-cambriana, onde
predominam gnaisses diversos, granitos e migmatitos. A Depressão Periférica é constituída por relevos de
colinas e morrotes, que são suportados por rochas sedimentares do Subgrupo Itararé: arenitos, siltitos,
conglomerados e lamitos, e por sills de diabásio da Formação Serra Geral.
O clima local pode ser considerado como Subtropical de Altitude, com verão quente e úmido e, inverso seco e
frio, apresentando temperatura média anual de 20,6°C. A precipitação média é de aproximadamente 1.700 mm,
concentrados no período mais chuvoso, de outubro a março. (não tem referencia?)
O Município de Campinas vem tendo um alto índice de crescimento populacional e industrial nos últimos anos,
e conseqüentemente aumentou a demanda de água potável, e a taxa de explotação de água subterrânea, que
reflete no aumento de número de poços perfurados no Município, onde ocorre três sistemas aquíferos:
Diabásio, Tubarão e Cristalino.
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O sistema Aquífero Diabásio com 19% do total de 790 km é constituído por rochas intrusivas básicas,
considerada uma unidade independente, por apresentar características diferenciadas dos outros aquíferos
presentes na área.
O sistema Aqüífero Tubarão/Itararé ocorre na parte Oeste, com cerca de 31% do território, é suportado por
rochas sedimentares do Subgrupo Itararé. A gênese do Aqüífero Tubarão data do Carbonífero Superior, sendo
que a deposição dos sedimentos ocorreu em ambiente glacial continental (fluvial e lacustre) com ingressões
marinhas e também em ambiente marinho raso. É constituído por várias formações geológicas, sendo o Grupo
Itararé a unidade aqüífera principal (DAEE et al.2005).
Por fim, o sistema Aquífero Cristalino é constituído por rochas do Embasamento Cristalino, com 50% da área do
Município.
No município existem registrados 672 poços cadastrados, sendo que desses 542 poços possuem informações
sobre a época de sua perfuração.
O Distrito de Barão Geraldo ocupa a porção Norte do Município de Campinas, e a maior parte do seu terreno é
ocupada por córregos, rios e açudes que fazem parte da Bacia do Rio das Pedras, que nasce entre o Alto do
Taquaral e o Jardim Primavera e desemboca na margem esquerda do Ribeirão das Anhumas. Este rio por sua
vez, se forma nas partes altas da sede urbana de Campinas.
O Ribeirão das Pedras drena as águas que passam pelo Distrito de Barão Geraldo. O mesmo, desaguar no
Ribeirão Anhumas que por sua vez deságua no Rio Atibaia. Outro curso formador do Ribeirão das Pedras é o
que leva até ele as águas que chegam a UNICAMP, três córregos deságuam de maneira incomum ao açude
(lago artificial), dois destes córregos chegam por meio de tubulações, e o outro através de um curso d’água
barrado.
Em linhas gerais, a bacia está localizada na transição entre o Planalto Atlântico e a Depressão Periférica, desse
modo, estende-se por terrenos de rochas cristalinas na sua porção sudeste e sedimentares associadas com
magmáticas no restante de sua área. Grande parte do sítio urbano da cidade de Campinas está dentro de seus
divisores, além de importantes áreas industriais e de comércio deste município paulista.
Dos 8 poços existentes, 6 possuem perfis litológicos/construtivos, bem como posicionamento das seções
filtrantes e/ou fraturas.
Em termos de locação, alguns poços possuem posições relativas próximas um ao outro. Já em relação a suas
cotas altimétricas, o maior desnível relativo apresenta valor aproximado de 16 metros (Poços 02 e 04 com cotas
de 597 e 581 metros, respectivamente).
Complexo Cristalino: formado essencialmente por rochas gnáissicas e graníticas. Estas rochas aparecem em
todo o substrato do Campus onde estão os poços tubulares. Em termos de gênese, os gnaisses são mais
antigos, sendo possível observar algumas intrusões sofridas por rochas graníticas.
Também é possível observar mantos de alteração menos desenvolvidos em algumas áreas e mais
desenvolvidos em outras.
As seções geológicas confeccionadas através dos perfis construtivos dos poços tubulares existentes,
demonstram que os sedimentos aparecem sotopostos aos metassedimentos, sendo recobertos por uma
camada de solo.
Diabásio: conforme mencionado anteriormente, na área da UNICAMP é possível observar uma sequência de
diques e sills de diabásio, em geral aparecendo nos contatos das rochas gnáissicas com as graníticas. São as
rochas mais recentes observadas na área, sendo possível observar um alinhamento sudeste-noroeste, de
acordo com informações observadas nos perfis dos poços tubulares existentes. Pode-se mencionar que as
mesmas sugerem um desenvolvimento preferencial ao longo das zonas de cisalhamento observadas na área.
Baseado nas informações contidas nas seções geológicas construídas (Seções A – A’, B – B’ e C – C’, Figuras
2, 3 e 4 do Anexo A) pode-se notar caimentos/inclinações/intrusões/basalto em porções limitadas/sistemas de
fraturas/etc. Estas estruturas geológicas, condicionam diferentes sistemas aqüíferos, sendo nesta área
caracterizados como Cristalino e Itararé, os quais apresentam diferentes propriedades hidrodinâmicas e
hidroquímicas, conforme apresentado nos itens subseqüentes.
• Aqüífero Itararé: apresenta como principal litologia drenante junto aos poços instalados na área da
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UNICAMP, os arenitos consolidados da Formação Itararé, com vazões variando de 8 a 24 m /h nos
Poços 07 e 02, respectivamente. O nível estático varia de 17,95 no Poço 07 a 71,76 no Poço 02. O
nível dinâmico apresenta variação de 86,6 a 136,79 nos Poços 07 e 02, respectivamente.
A profundidade deste aqüífero, observada nos poços tubulares existentes na UNICAMP, varia de 30 a
65 metros, conforme informações observadas nas Seções Geológicas das Figuras 2 a 4 do Anexo A.
• Aqüífero Cristalino: este aqüífero caracteriza-se por apresentar sistemas de fraturas drenantes, com
profundidades variando de 40 a 218 metros nos Poços 10 e 09, respectivamente. Cabe ressaltar que as
porções drenantes (fissuras) do Poço 10 encontram-se principalmente no diabásio, havendo apenas
uma zona de fraturas na base do poço em meio à rocha gnáissica.
Apresenta como principais litologias drenantes as rochas graníticas, gnáissicas e diabásios, cujas
vazões variam de 3,5 a 20 nos Poços 09 e 10, respectivamente. O nível estático varia de 5,1 nos Poços
08 e 10 a 73,2 no Poço 01. Já o nível dinâmico apresenta variação de 44,95 a 150,96 nos Poços 08 e
09, respectivamente.
Mediante as observações feitas acima para os Poços 01 e 10, pode-se concluir que o bombeamento no Poço
01 não deve interferir, pelo menos de forma acentuada, no Poço 10. No entanto o contrário certamente afetará
o nível d’água e vazão do Poço 01, isto porque este poço possui como principais zonas de fissura aquelas em
meio ao granito que provavelmente estão interconectadas com aquelas observadas em profundidades
semelhantes no Poço 10 (ver Figura 2 do Anexo A - Seção Geológica A – A’), sugerindo não haver outro tipo
de entrada de água para o Poço 01, quando da realização do bombeamento pelo Poço 10, interferindo
diretamente na vazão deste primeiro.
Uma condição semelhante à observada no Poço 01 também pode ser observada no Poço 09, principalmente
em termos de zona de captura, vazão e condição de confinamento. Em relação a esta última característica,
pode-se dizer que o Poço 09 indica condição de confinamento mais acentuada em relação ao Poço 01,
especialmente por não haver uma condição de interconexão, como observado entre os Poços 01 e 10.
Em termos hidrodinâmicos, pode-se dizer que as zonas de contato pelas intrusões de diabásio (diques) e entre
os metassedimentos da Formação Itararé e as rochas cristalinas, oferecem as melhores condições de vazão de
exploração, nesta ordem de primazia.
A Tabela 2 do Anexo B sumariza os cálculos de vazão para instalação do poço, os quais se aproximam
daquelas calculadas durante a realização dos testes de bombeamento. Certamente os valores obtidos quando
da realização dos testes possuem maior precisão em relação àqueles calculados com base nas informações de
disponíveis nos perfis construtivos dos poços tubulares. No entanto, estes cálculos são importantes para
Trabalho – Disciplina GA-117
Caracterização Hidrogeológica na Região onde está Localizada a UNICAMP
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subsidiarem o bom planejamento dos testes de bombeamento, bem como a comparação dos resultados para
identificação de eventuais distorções que merecem reavaliações para um melhor entendimento da
hidrodinâmica do meio.
Baseado nas informações existentes, foi possível identificar que os Poços 07, 08 e 10 indicam as maiores
recargas junto à porção sudeste da UNICAMP, com menores cargas hidráulicas identificadas nos poços
circunvizinhos localizados em posições opostas. Esta interpretação sugere que nesta faixa, onde parece haver
um lineamento de dique de diabásio, há uma maior recarga do aqüífero, formando, desta forma, um cone
inverso.
O Poço 09 é uma exceção, visto ser o que indica a maior carga hidráulica. Porém, não foi considerado nesta
interpretação em função de eventuais aportes superficiais de água que possam estar ocorrendo no mesmo,
mascarando, assim a medição do nível estático.
Certamente algumas limitações devem ser consideradas em relação a estas interpretações, especialmente me
função das profundidades das seções filtrantes e zonas de fratura não estarem exatamente na mesma
profundidade.
Os únicos poços que apresentaram o mesmo valor de carga hidráulica, e, portanto com padrão pouco diferente
que o mencionado, foram os Poços 03 e 04. No entanto, não há informações sobre os perfis construtivos destes
poços, não sendo possível uma interpretação mais aprofundada sobre os mesmos. Isto reforça a necessidade
de se conseguir as informações sobre estes poços, bem como daqueles tamponados.
Analisando os níveis estáticos (NE), pode-se observar que os Poços 01 e 02 possuem valores muito próximos,
apesar da diferença de aproximadamente 10 metros na cota potenciométrica. No entanto, é um exemplo bem
típico de que não há quaisquer relações hidrodinâmicas entre ambos, pois um apresenta característica de
confinamento e outro de aqüífero livre. Adicionalmente, a geologia e zonas de captura de água destes poços
são totalmente diferentes.
A partir de então foi aplicado o método de TUCCI (1993), o qual calcula a recarga através de sua equação em
função da precipitação média anual, vazão média e evapotranspiração. No entanto, para o cálculo da vazão, foi
utilizado o método de Regionalização Hidrológica com cálculo da Vazão Média de Longo Período (DAEE,
1983).
As equações abaixo demonstram a base de cálculos, bem como o resultado de uma recarga para a microbacia
avaliada na ordem de 56 mm/ano.
Q = [a + b.P].A
Sendo:
Q = [a + b.P].A => a b P A
-26,23 0,0278 1330,00 16,30
-26,23 36,97 16,30
10,74 16,30
175,13 L/s
Km3/ano Km2
0,005522811 16,3
Q= 0,000339 Km/ano
0,000339 0,000001
339 mm/ano
Desta forma, usando a Equação de TUCCI (1993), temos o seguinte cálculo para Recarga:
∆S = (P-Q-ET)*∆t => P Q ET
1330 339 935
∆S = 56 mm/ano
Sendo que:
Os parâmetros considerados para avaliação da qualidade das águas são aqueles requisitados pela Portaria Nº
518 do Ministério da Saúde, de 25 de Março de 2004. Entre as águas analisadas apenas a amostra coletada do
Poço 09 (datada de 05/01/2005 e analisada pela QUIMI SAN) não foi considerada potável quando avaliada
segundo os critérios previstos na Portaria Nº 518, dada a presença de bactérias heterotróficas. Porém em nova
coleta e analise (05/03/2007 pelo laboratório AMPRO) a água foi considerada potável. Este poço possui
revestimento até 27 metros de profundidade, estando sua base sustentada sobre a rocha sã. Como o topo
desta rocha sã apresenta na área uma inclinação de nordeste para sudoeste (dos lagos sentido ao Poço 09), há
grande potencial de estar havendo aportes de águas superficiais para dentro do poço junto à base do
revestimento do poço, criando as alterações de qualidade de água.
Dentre os poços em operação (02, 03, 04 e 10) nem todos tiveram suas águas analisadas, sendo a situação do
3
poço 04 a mais preocupante, uma vez que este apresenta a maior vazão de exploração (29 m /h) e contribui
significativamente para o abastecimento do Campus.
No geral, as águas coletadas apresentam um abaixo teor de íons em solução, sendo o bicarbonato o ânion
principal com valores de pH em torno da neutralidade (entre 6,2 a 7,8). O Quadro 1 a seguir resume os dados
disponíveis sobre a qualidade das águas amostradas dos poços da UNICAMP.
Na última coluna estabelece-se um comparativo com a Portaria Nº 518 levando em conta que um dos
motivadores do trabalho é adequar o recurso hídrico para fins de consumo humano envolvendo as diversas
atividades do Campus.
A falta de analises mais detalhadas impediram a construção de diagramas de Piper dos poços, o que
contribuiriam para a caracterização dos aqüíferos e conseqüentemente; para uma análise mais profunda da
hidrogeologia local e das possíveis interferências nos testes de bombeamento.
Quadro 1 - Resumo dos Laudos Analíticos para as Águas dos Poços da UNICAMP
Poços 1 2 3 4 7 8 9 10
Operação não sim sim sim não não não não sim Portaria Nº 518
Data da Coleta 28/2/2007 1/3/2007 não não 27/12/2000 3/1/2001 5/1/2005 5/3/2007 12/12/2000
possui possui Consumo Humano
Laboratório * AMPRO AMPRO QUIMI SAN QUIMI SAN QUIMI SAN AMPRO QUIMI SAN
dados dados
Análise Química dos Poços VMP
Temperatura ºC 28.5 27.4 - - - - - 25.7 - -
pH - 7.8 7.7 - - 7.1 6.2 7.3 7.7 7.7 >8,0
I. A analise de poluentes orgânicos não foi realizada ou não apresentou valores superiores ao permitido na Portaria Nº
518;
II. A contagem de bactérias heterotróficas, genericamente definidas como microrganismos que requerem carbono
orgânico como fonte de nutrientes, fornece informações sobre a qualidade bacteriológica da água de uma forma ampla.
O teste inclui a detecção, inespecífica, de bactérias ou esporos de bactérias, sejam de origem fecal, componentes da
flora natural da água ou resultantes da formação de biofilmes no sistema de distribuição, servindo, portanto, de indicador
auxiliar da qualidade da água, ao fornecer informações adicionais sobre eventuais falhas na desinfecção, colonização e
formação de biofilmes no sistema de distribuição.
No caso específico, da presença de bactérias heterotróficas em alguns poços, pode apontar o indício
de um processo de contaminação dos mesmos. Observa-se ainda que os poços que apresentam
maior contaminação, estão numa mesma linha, (Poços 09, 01 e 08) que seguem o curso da rede
fluvial e do córrego canalizado. O Poço 02 também fica próximo a rede fluvial.
Embora as analises realizadas não apontem para um quadro grave deve-se levar em conta que
algumas estão muito desatualizadas e necessitam de nova avaliação.
Com uma população fixa em torno de 27.000 pessoas e flutuante de 2.300 por dia o consumo de
água; apenas no HC; chega a 390m³/dia com uma média de 1.159 litros por leito ocupado por dia e
uma ocupação média de 342 leitos ao longo do ano. (Jornal da UNICAMP – Abril de 2005)
População da UNICAMP
Ativos Totais: 9.900 (funcionários/docentes);
Total de alunos matriculados: 16.984;
Consultas Atendidas: 564.952/ano.
O levantamento cadastral e a caracterização do tipo de uso dos pontos e/ou aparelhos de consumo,
foram feitos separadamente, conforme apresentado a seguir:
Laboratórios:
Torneira de uso geral (tipo "tanque"): 2.038 (44%);
Torneira de pia: 1.362 (29%);
Torneira de lavatório: 229 (5%);
Ponto de água para destilador: 172 (4%);
Outros: 875 (19%).
Copas:
Torneira de uso geral (tipo "tanque"): 54 (11%);
Torneira de pia: 363 (71%);
Torneira de lavatório: 11 (2%);
Outros: 85 (17%).
Segundo dados do IBGE, mais de 75% dos casos de diarréia com mortes registrados no Brasil
ocorrem onde o atendimento pelas companhias de abastecimento é inferior a 50% e a fonte destes é
alternativa, principalmente poços sem tratamento adequado.
Além da questão de segurança e saúde no consumo desta água, o uso dos poços representará um
forte impacto econômico para a universidade.
Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/atlas_saneamento/pdfs/mappag86.pdf
As porções mais altas, indicando a presença de rochas básicas (diabásio), associado à profundidade
elevada do nível d’água estimado, acabam por indicar uma vulnerabilidade baixa para a as porções
nordeste e extremo norte do Campus.
A porção mais central da área, onde já se tem informações do perfil de poços de captação, indicam
uma vulnerabilidade moderada para o aqüífero freático. Em termos geológicos, há uma
predominância de substrato metassedimentos do Subgrupo Itararé.
Já o substrato que confere uma maior vulnerabilidade (alta) na área de interesse, é o solo formado
por aluviões especialmente na margem do córrego que atravessa o Campus e ao redor dos lagos,
onde há um nível d’água raso, permitindo que qualquer migração de contaminantes para a
subsuperfície alcance o aqüífero freático.
É válido mencionar que muitas destas informações são inferidas com base em mapa geológico local,
topografia do terreno e estimativa de nível d’água, devendo haver detalhamentos para melhores
embasamentos de trabalhos que tenham objetivos mais específicos.
Entretanto, para os pontos onde estão instalados os Poços Tubulares da UNICAMP, pode-se fazer
uma boa interpretação da vulnerabilidade, cujas classificações estão apresentadas na Figura 7 do
Anexo A e detalhadas na Tabela 2 do Anexo B.
Com relação à potenciometria da área, pode-se dizer que sistemas de fraturas em diques de diabásio
na direção dos Poços 07 e 10, acabam por proporcionar uma zona de maior recarga e
consequentemente formando um cone invertido em relação às cargas potenciométricas. No entanto,
a quantidade de informações disponíveis acaba sendo insuficientes para se tirar maiores conclusões
a respeito.
Dentre as principais conclusões que se pode obter a partir das informações hidrogeológicas, observa-
se que os Poços 01 e 10 sofrem interferência entre si e, em função da observação de sistemas de
fraturas com o mesmo padrão e na mesma profundidade. O Poço 01 acaba sendo o mais afetado em
temos de interferência, porque possui como únicos sistemas drenantes as fraturas que estão
interconectadas com as do Poço 10. Assim, quando há um bombeamento por parte do Poço 10, o
Poço 01 acaba por diminuir significativamente sua vazão.
Em termos de vulnerabilidade, pode-se dizer que as porções mais vulneráveis à contaminação são
aquelas localizadas às margens dos recursos hídricos do Campus, onde ocorre um solo aluvionar
que indica maior suscetibilidade à contaminação.
Com relação à qualidade das águas subterrâneas dos poços tubulares, atenta-se para a divergência
de resultados entre os laboratórios, ou seja, de reportes indicando potabilidade por um laboratório e
outro não potável. Entende-se que uma nova avaliação criteriosa é necessária e caso a
contaminação se confirme, investigações de detalhe são recomendadas para se identificar a fonte de
contaminação, bem como para traçar uma proposta de mitigação e para impedir que o problema se
espalhe para os demais poços.
Um indicativo em relação à qualidade pode ser observado no Poço 09, o qual pode ter sua qualidade
alterada em função de caminhos preferenciais da região dos logos existentes no Campus sentido ao
Poço 09. Este caminho desenvolve-se sobre o contato (topo) da rocha sã formada por um gnaisse e
eventual interconexão com a base do revestimento do poço, favorecendo o aporte de água com
alteração de qualidade para dentro do poço.
Embora com uma maior gama de aplicações e com metodologias sofisticadas de execução e
interpretação, recomenda-se sua execução com o objetivo específico de orientar a determinação de
uma vazão referencial para cada poço objeto deste estudo para futura gestão e uso de seus recursos.
• atentar para a qualidade da água captada e distribuída deve ser uma das preocupações
primarias tendo em vista que a avaliação hidroquímica apontou para uma possível
vulnerabilidade dos poços a contaminações antrópicas com a presença de bactérias
heterotróficas;
• a execução de analise química mais detalhada da água de todos os poços deve ser realizada
objetivando num primeiro momento o controle químico e microbiológico da mesma e em
segundo uma caracterização mineralógica que permita a construção de diagramas de Piper e
contribuam para a identificação dos aqüíferos que servem a universidade. Recomenda-se
analisar 20% das amostras para detecção de bactérias heterotróficas e adotar medidas de
prevenção para mitigar o problema;
obter resultados satisfatórios em relação ao padrão geral do substrato. Também devem ser
utilizadas possíveis informações existentes sobre geofísica da área de interesse;
• perfilagens ópticas junto aos poços tubulares existentes previamente à realização dos
trabalhos de locação dos novos poços, também poderão agregar informações aos propósitos
futuros;
• atenção especial deve ser dada quando da execução da perfuração para a instalação dos
poços tubulares, visto que a área da UNICAMP apresenta locais com alta vulnerabilidade à
contaminação podendo assim permitir a inutilização de poços frente à qualidade imprópria da
água captada, caso a proteção sanitária e selamento lateral não sejam efetuadas de maneira
adequada;
1. Ponçano, W.L.; Carneiro, C.D.R.; Bistrichi, C.A.; Almeida, F.F.M. de; Prandini, F.L.
1981. Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas. 94 p. (Publicação no. 1183).
2. DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA - DAEE. CONSÓRCIO JMR-
ENGECORPS. 2005. Síntese dos Planos de Bacia - Plano Estadual de Recursos
Hídricos, 2004-2007. São Paulo: DAEE/ Consórcio JMR-ENGECORPS, (Relatório nº
1/2005).
3. Domingues, V.O.; Tavares, G.D.; Stuker, F.; Michelot, T.M.; Reetz, L.G.B.; Bertoncheli,
C.M.; Horner, R. 2007. Contagem de bactérias heterotróficas na água para consumo
humano: Comparação entre duas métodolgias. Departamento de Análises Clínicas e
Toxicológicas. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal de Santa Maria. vol 33,
n 1: p 15-19.
4. Yoshinaga-Pereira S. 1996. Proposta de representação cartográfica na avaliação
hidrogeológica para o estudo de planejamento e meio ambiente, exemplo da região
metropolitana de Campinas-SP. Tese de Doutoramento IG/USP. São Paulo 190p.
5. Cavalcanti, M. A. M. P. 2002. A modelagem matemática associada ao sistema de
informação geográfica como instrumento de previsão no estudo do impacto
hidrogeológico de reservatórios. Tese de Doutoramento IG/USP. São Paulo/SP, 188p;
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ANEXO A
Figuras 1 a 7
ANEXO B
TABELAS
Coordenadas (UTM) Diâmetro Prof. do Revestimento Profundidade das Seções Profundidade das Vazão de Exploração Período de Bombeamento
Identificação Localização Cota (m) Profundidade (m) Aquífero(s) Explorado(s) Nível Estático (m) Nível Dinâmico (m) Nível Piezométrico (m) 3 Tipo de Aquífero Tipo de Uso da Água Condição do Poço
Km Norte Km Leste (Polegadas) (m) Filtrantes (m) Fraturas (m) (m /h) (h/dia)
- Itararé;
Poço 01 Carvão / UNICAMP 7.475,14 288,08 589 211 12"/10"/6" 38,00 ----- 166 a 192 73,2 143,39 515,8 4,5 18 Confinado Doméstico / Sanitário Sem Operação
- Cristalino.
- Itararé;
Poço 02 Zoologia / UNICAMP 7.474,85 287,61 597 220 15"/12"/10"/6" 68,25 62,90 a 66,40 ----- 71,76 136,79 525,24 24 18 Livre Doméstico / Sanitário Em Operação
- Cristalino.
- Itararé;
Poço 03 Ginásio / UNICAMP 7.475,71 287,27 584 200 Sem informações --- Sem informações Sem informações 51,85 127,18 532,15 9 18 Semi-confinado Doméstico / Sanitário Em Operação
- Cristalino.
- Itararé;
Poço 04 Educação Física / UNICAMP 7.475,55 287,4 581 171 Sem informações --- Sem informações Sem informações 48,5 64,3 532,5 29 18 Livre Doméstico / Sanitário Em Operação
- Cristalino.
- Diabásio;
Poço 07 SIARQ / UNICAMP 7.475,05 287,44 596 252 20"/10"/8"/6" 18,50 49 e 140 ----- - Itararé; 17,95 86,6 578,05 8 18 Confinado Doméstico / Sanitário Sem Operação
- Cristalino.
- Itararé;
Poço 08 Correios / UNICAMP 7.475,74 287,6 581 222 10"/8"/6" 48,50 ----- 80 e 120 5,1 44,95 575,9 5 18 Confinado Doméstico / Sanitário Sem Operação
- Cristalino.
Gráfica / Marcenaria -
Poço 09 7.474,69 288,31 596 240 10"/8"/6" 27,00 ----- 210 - Cristalino. 14,6 150,96 581,4 3,5 18 Confinado Doméstico / Sanitário Sem Operação
UNICAMP
- Diabásio;
- Cristalino;
Poço 10 IMEC / UNICAMP 7.475,46 287,9 585 191 6" 36,80 ----- 40, 150 e 190 5,1 147,95 579,9 20 18 Confinado Doméstico / Sanitário Em Operação
- Diabásio;
- Cristalino.
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Trabalho de Caracterização Hidrogeológica Tabela 2 - Cálculos de Vazão Referencial, baseado nos Testes de Bombeamento dos Poços de Captação de Água Subterrânea da UNICAMP Disciplina GA-117
Rebaixamento Rebaixamento Vazão Específica Vazão Específica Rebaixamento Disponível Rebaixamento Disponível Vazão para Inst. do Poço Vazão para Inst. do Poço
Diâmetro Profundidade das Seções Profundidade das Vazão de Exploração
(m3/h/m, em 12h (m3/h/m, em 24h
(1) (2) (3)
Identificação Cota (m) Profundidade (m) Nível Estático (m) Nível Dinâmico (m) Nível Piezométrico (m) (m, em 12h (m, em 24h RD = 0,6 (FP - NE ) RD = 0,6 (PC - NE) RD = Vazão Espec. x Rebaix. Disp. RD = Vazão Espec. x Rebaix. Disp.
(Polegadas) Filtrantes (m) Fraturas (m) (m3/h)
- para rochas cristalinas) - para rochas sedimentares) - para rochas cristalinas) - para rochas sedimentares) (m, para rochas cristalinas) (m, para rochas sedimentares) (m3/h, em 12h - para rochas cristalinas) (m3/h, em 24 - para rochas sedimentares)
Poço 01 589 211 12"/10"/6" ----- 166 a 192 73,2 143,39 515,8 4,5 60,91 ----- 0,07 ----- 63,48 ----- 4,69 -----
Poço 02 597 220 15"/12"/10"/6" 62,90 a 66,40 ----- 71,76 136,79 525,24 24 ----- 65,03 ----- 0,37 ----- 46,94 ----- 17,33
Poço 03 584 200 Sem informações Sem informações Sem informações 51,85 127,18 532,15 9 ----- ----- ----- ----- ----- ----- ----- -----
Poço 04 581 171 Sem informações Sem informações Sem informações 48,5 64,3 532,5 29 ----- ----- ----- ----- ----- ----- ----- -----
Poço 07 596 252 20"/10"/8"/6" ----- 49 e 140 17,95 86,6 578,05 8 14 ----- 0,57 ----- 18,63 ----- 10,65 -----
Poço 08 581 222 10"/8"/6" ----- 80 e 120 5,1 44,95 575,9 5 123,85 ----- 0,04 ----- 68,94 ----- 2,78 -----
Poço 09 596 240 10"/8"/6" ----- 210 14,6 150,96 581,4 3,5 133,5 ----- 0,03 ----- 117,24 ----- 3,07 -----
Poço 10 585 191 6" ----- 40, 150 e 190 5,1 147,95 579,9 20 111,7 ----- 0,18 ----- 86,94 ----- 15,57 -----
(1)
FP = profundidade da Fenda mais Profunda
(2)
NE = profundidade do Nível Estático
(3)
PC = Profundidade do Crivo da bomba ou injetor
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Trabalho de Caracterização Hidrogeológica Tabela 3 - Cálculos para Determinação da Vulnerabilidade do Aquífero Freático em Área do Campus da UNICAMP Disciplina GA-117
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