Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LINGUÍSTICA APLICADA
CADERNO DE RESUMOS
São Luís
2018
Copyright © 2018 by EDUFMA
CONSELHO EDITORIAL
Revisão
Os autores
Diagramação
Wellington Silva
Impresso no Brasil
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida,
armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por
qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, microfilmagem, gravação ou outro, sem
permissão do autor.
ORGANIZAÇÃO
COORDENAÇÃO GERAL
Naiara Sales Araújo Santos – UFMA
Michele de Sousa Bahury – IFMA
COMISSÃO ORGANIZADORA
Cristiane Navarrete Tolomei – UFMA
Ana Cristina Marinho Lúcio – UFPE
Manuela Maria Cyrino Viana – UFMA
Francisco Wellinton Borges Gomes – UFPI
Sueleny Ribeiro Carvalho – UFSM
Sílvia Maria Fernandes Alves da Silva Costa – UFPB
Soraya de Melo Barbosa Sousa – UESPI/UEMA
Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin – UFC
Elenice Maria Nery – SEDUC /PI
Josilene Pinheiro-Mariz – UFCG
Silvana Maria Pantoja dos Santos – UESPI/UEMA
Monica Fontenelle Carneiro – UFMA
Fabio Henrique Novais de Mesquita – IFMA/UFMA
Leonildes Pessoa Facundes – UFSCAR/UEMA
Ana Cláudia Oliveira Silva – UFPI
Algemira de Macêdo Mendes – UESPI
Vânia Soares Barbosa – UFPI
Ana Graça Canan – UFRN
Cesar Roberto Campos Peixoto – UFMA
Emanoel Cesar Pires de Assis – UEMA
APRESENTAÇÃO...................................................................................................... 6
MINICURSOS.......................................................................................................... 8
PÔSTERS............................................................................................................... 88
O
I Congresso Nacional de Linguística Aplicada (I CONALA) e IV ENCONTRO
NACIONAL DE FICÇÂO, DISCURSO E MEMÓRIA ( IV ENAFDM) foram realizados
nos dias 21, 22 e 23 de novembro de 2018, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA), Campus Dom Delgado. Esse encontro possibilitou aos pesquisadores e estudantes de
diferentes instituições brasileiras a realização de debates acerca do ensino de línguas em nível
nacional.
O Grupo de estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada (GEPELA) e o Ficção Científica,
Gêneros Pós-modernos e Representações Artísticas na Era Digital (FICÇA) uniram-se para fomentar
reflexões e pesquisas realizadas no estado a fim de propor diálogos e parcerias com pesquisadores
e instituições em âmbito regional, nacional e internacional. O evento foi materializado pelas
contribuições de reconhecidos pesquisadores nacionais e internacionais e pelas centenas de
trabalhos aprovados pela Comissão Científica para três dias intensos de discussões, trocas de
experiências e reflexões.
Esta edição inaugural registra 5 conferencistas nacionais, 7 minicursos, 17 mesas
coordenadas, 174 comunicações em simpósios, 173 comunicações livres e 23 painéis. Entre
os participantes, a maioria é de brasileiros vindos das cinco regiões geográficas. A partir da
disseminação de conhecimento produzido nacional e internacionalmente, espera-se contribuir
com trocas de conhecimento entre graduandos e pós-graduandos nos estudos da linguagem e
áreas afins, professores de educação básica da rede pública e privada, além de pesquisadores
nacionais e internacionais.
Agradecendo aos participantes pelo seu interesse, engajamento, sugestões, críticas e apoio.
Desejamos a todos (as) excelentes aprendizagens!
A ORGANIZAÇÃO
21 DE NOVEMBRO (QUARTA-FEIRA)
08h às 09h CREDENCIAMENTO HALL DO CCH
22 DE NOVEMBRO (QUINTA-FEIRA)
23 DE NOVEMBRO (SEXTA-FEIRA)
SIMPÓSIOS/
08h às 10h AUDITÓRIOS E SALAS – CCH
COMUNICAÇÕES
MESAS REDONDAS/
14h às 16h AUDITÓRIOS E SALAS – CCH
COMUNICAÇÕES
RESUMO: Os gêneros de texto permitem a articulação entre as práticas sociais e/ou profissionais
e os objetos escolares, contribuindo para a promoção de letramento e o desenvolvimento das
capacidades de linguagem dos alunos, garantindo-lhes um melhor domínio dos instrumentos
da cultura letrada, para que possam utilizá-los na vida diária e profissional, ou mesmo, para
prosseguirem em seus estudos. Como ensinar a comunicação oral e escrita? Sem pretender
abraçar a totalidade do ensino de produção oral e escrita, este minicurso objetiva apresentar
como elaborar uma “sequência didática” (Bronckart, 2007; Dolz; Schneuwly, 2008), um conjunto
de atividades escolares organizadas de maneira sistemática em torno da leitura e produção de
gêneros de texto orais e escritos como dispositivo para o ensino e aprendizagem de línguas em
situação de sala de aula. Tal abordagem encontra toda sua dimensão quando ela se inscreve em
um ambiente escolar no qual múltiplas ocasiões de escrita e de fala são oferecidas aos alunos,
sem que cada produção se torne necessariamente um objeto de ensino sistemático. Criar os
contextos de produção precisos, conduzir as atividades ou múltiplos e variados exercícios: isso que
irá permitir os alunos de se apropriarem das noções, das técnicas, das ferramentas necessárias
para desenvolver suas capacidades de comunicação oral e escrita nas situações de comunicação
diversas: este será o desafio deste minicurso como também: refletir sobre a teoria e a prática da
sequência didática em sala de aula de línguas; estudar a didática da produção de texto oral e
escrito; analisar a sequência didática como dispositivo para uma didática de ensino de leitura e
produção de textos. Como metodologia, em primeiro lugar, apresentaremos o quadro teórico do
Interacionismo Sociodiscursivo (Broncakart, 2007), que respaldam as sequências didáticas: zonas
de desenvolvimento (Vygotski, 1993); estudo de conceitos de texto, leitura e produção de textos
(Schneuwly, Dolz, 2007) e em seguida, a prática de leitura e de produção de textos em sala de aula
(Araujo, 2009).
Palavras-chave: Interacionismo Sociodiscursivo; Sequência Didática; Gênero de Texto.
RESUMO: O minicurso aqui proposto se relaciona ao trabalho desenvolvido nos estudos de pós-
doutoramento na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, o qual tem como objeto de
investigação a modalidade deôntica no gênero peça de teatro. A modalidade deôntica se situa no
domínio do “dever”, relacionando-se aos eixos do obrigatório, do proibido e do permitido. Tal
modalidade é, portanto, uma modalidade intersujeitos, pressupondo uma relação hierárquica
entre o falante, origem deôntica, e o ouvinte, alvo deôntico. Analisada sob o olhar funcionalista,
que nos possibilita levar em consideração forma e sentido, a modalidade deôntica revela
ao pesquisador efeitos de sentidos que subjazem a superfície de um texto. Assim, tentaremos
compreender por meio do minicurso o caráter plurissignificativo que envolve a modalidade em
especial, os modais. De acordo com Tomasell (2008), consideramos que na atividade interativa
há o cumprimento de determinados propósitos discursivos e, para isso no contrato interativo,
locutor e interlocutor compartilham ações e intenções. Então, entendemos que os personagens
podem fazer uso de diversos tipos de marcadores da modalidade deôntica tais como modais
(poder), expressões (ter quer), imperativos e outros, empreendendo-lhes cargas semânticas
dependentes do contexto situacional de uso e/ou da intenção do falante Dessa forma, em nosso
minicurso, o apoio teórico se norteia por autores como Palmer (2001), Dik (1997) e Neves (2006),
dentre outros, para, em um primeiro momento, conceituarmos o tipo de modalidade em questão
e estabelecermos suas características. Na sequência, trataremos das categorias de análise mais
recorrentes em investigações sobre a modalidade deôntica, como as propostas em Bybee, Perkins
e Pagliuca (1994), Lopes (2009, 2012). Na questão do gênero Marcuschi (no prelo), será nosso
foco. Por fim, nossa explanação conterá o gênero textual peça em oposição a um outro gênero.
Dessa maneira, apresentaremos o tratamento da modalidade deôntica em material autêntico.
Por fim, entendemos que a investigação é relevante uma vez que o entendimento acerca dos
modalizadores deônticos veiculados podem gerar orientações mais seguras aos profissionais do
ensino e melhor entendimento sobre gênero textual.
Palavras-chave: Modalidade deôntica; Gêneros textuais; Peça de teatro.
RESUMO: Este minicurso pretende mostrar aos professores de língua inglesa uma tendência
que está crescendo no cenário mundial: o ensino de Inglês para Fins Específicos. Apesar de não
ser algo novo, o ensino de Inglês para Fins Específicos ou ESP (English for Specific Purposes) gaha
uma nova perspectiva ao incorporar a Análise de Necissidades como ponto fundamentam para
compor o seu programa de ensino. COm o apelo de ser mais eficiente e ter um custo menor
para os estudantes e/ou instituição, o ensino de idiomas para fins específicos tem se mostrado
bastante eficaz. Nesse minicurso, serão apresentados case studies que se utilizaram de Análise de
Necessidades para constituir o programa de ensino de disciplinas de ESP no Brasil e no mundo,
além de apresentar o panorama de cursos superiores no IFCE que utilizam o ESP para a área
de Informação e Comunicação. Como apoio utilizaremos autores como Dudley-Evans e St. John
(1998), Rochards (2001), Long (2005), Huhta (2010, Basturkmen e Elder (2013, Huhta et al
(2013) e Flowerdew (2013).
Palavras-chave: Ensino de Línguas; Inglês para Fins Específicos; Língua Inglesa.
RESUMO: Há uma resistência, por parte dos estudantes, com relação à leitura de textos literários
clássicos em sala de aula, atividade vista como um desafio pelos professores. A adaptação
intersemiótica aparenta ser uma saída para o aparente fracasso da leitura, abrindo novas
possibilidades para a formação de leitores e apontando um caminho para a sobrevivência de obras
literárias (Lefevère, 2007). A adaptação intersemiótica consiste na leitura da obra e sua releitura
a partir de outras linguagens, como: quadrinhos, audiovisual (desenho animado, curta e longa-
metragens), desenhos ou fotos de maneira geral. A cultura contemporânea apoia-se na imagem,
colocando o texto em segundo plano (Freitas, 2013), desta forma, existe uma necessidade de se
trabalhar estes textos de uma maneira mais atrativa, de acordo com as atuais necessidades dos
leitores. O prazer pela leitura também pode ser ensinado, segundo Kleiman e Moraes (1999) a
partir de uma abordagem de leitura que leve o aluno ao prazer da descoberta. Para isso, a leitura
deve ser encarada como um jogo, uma atividade lúdica para o aprendiz. Segundo Dalvi (2013)
sempre é que possível atualizar o texto literário, dar uma nova roupagem ao texto, reinventando-o.
A adaptação intersemiótica do texto literário passa por uma relação direta com a intertextualidade
(Koch, Bentes e Cavalcante, 2008). Os objetivos deste minicurso são: escolher algumas obras
literárias clássicas para serem adaptadas; mostrar algumas adaptações intersemióticas já
existentes; e utilizar alguns recursos multimodais no processo de adaptação intersemiótico;
e propor oficinas de adaptação intersemiótica em sala de aula a fim de formar leitores. Para
tanto, os dois organizadores, após se apresentarem aos componentes do minicurso, abordarão
temas sobre o ensino de literatura em sala de aula, adaptação imtersemiótica e multimodalidade.
Em seguida, serão expostos alguns clássicos da literatura, tanto nacional como internacional,
no original e algumas adaptações intersemióticas. Para cada adaptação, serão analisados quais
aspectos multimodais foram utilizados e como estes podem aprimorar o processo de adaptação,
adequando-os a novos gêneros textuais. Os participantes receberão orientações para que, em
pequenos grupos, desenvolvam as adaptações de alguns clássicos, os títulos destas obras serão
sorteadas no minicurso. Para cada tipo de clássico sorteado, os participantes deverão escolher
01 (uma) linguagem para a adaptação, preferencialmente bastante diferente da original. Em
paralelo com essa atividade, serão dadas informações a fim de que os participantes desenvolvam
as adaptações intersemióticas. Cada tipo de adaptação ficará a critério dos grupos.
Palavras-chave: Textos literários; Adaptação intersemiótica; Multimodalidade.
MESAS REDONDAS
RESUMO: Falar do ensino de línguas é rememorar práticas educacionais que podem ter marcas
que resistem até os dias atuais. Portanto, é deveras importante discutir como o sujeito professor
em formação se insere nas discussões acerca de acontecimentos que instituem a Língua Inglesa
(LI) como internacional em tempos globalizados e pós-estruturalistas (BAUMAN, 2000).
As considerações que serão feitas buscam evidenciar uma memória discursiva que possibilita
reconhecer no professor atual o que tem constituído discursivamente sua imagem desde a chegada
de Dom João VI ao Brasil e sua contribuição para algumas ações educacionais começarem a
surgir como a reorganização do Seminário de São Joaquim, durante o Brasil Imperial, convertido
em colégio de instrução e a inauguração em 1837 do Colégio de Pedro II (CHAGAS, 1957).
Posteriormente, urge ressaltar que em 1931, a Reforma Francisco de Campos que visava tirar o
ensino de línguas modernas de um cenário negativo e para tanto, nessa época houve a introdução
do Método Direto nas escolas secundárias (MATOS, 2013). Outros fatores cruciais na história
do ensino de línguas foram a implantação do Centro de Linguística Aplicada Yázigi (CLA) em
São Paulo e a equiparação do Liceu Maranhense ao Colégio de Pedro II. Assim, propomos a
discussão da concepção de ensino e metodologia, os entraves entre a decisão de um sujeito querer
e a de tornar-se professor e, principalmente o início dos estudos de Linguística Aplicada no Brasil
e em São luís (ALMEIDA FILHO, 2016).
Palavra- chaves: Língua Inglesa; História do ensino de línguas. Linguística Aplicada.
RESUMO: O estudo sobre identidades tem sido alvo de interesse de pesquisadores nacionais
e internacionais por fazer parte de uma discussão complexa e interativa que depende de como
os docentes se veem e a imagem que os outros fazem deles a partir da atribuição de valores
subjacentes ao ato docente (HALL, 1992). Em pleno século XXI, o panorama que vivenciamos
é de fronteiras linguísticas que se afunilam e a hegemonia da língua inglesa impera em diversos
setores do cotidiano do sujeito moderno. Assim, buscamos a Análise do Discurso (AD) francesa,
baseada nos estudos de Foucault (1986), para o entendimento sobre como o sujeito professor em
formação se enuncia diante dos efeitos da globalização (BAUMAN, 2003) e da posição de uma
língua estrangeira comum. Nesse ínterim, o professor é direcionado a seguir um padrão onde sua
identidade é provisoriamente construída enquanto sua formação é significada pelo discurso. É
nesse contexto que propomos a discussão do processo de formação de professores prestes a se
graduar em Letras, analisando como seu discurso evidencia traços de seu processo identitário
desenvolvido durante os anos de academia. A presente análise tem por objetivo verificar os efeitos
de sentido refletidos no discurso produzido pelos alunos do curso de Letras – Inglês da universidade
Federal do Maranhão (Ufma) campus Dom Delgado, sobre a relação entre teoria e prática e como
isso se reflete na construção de suas identidades. Os resultados demonstram que suas identidades
são construídas por uma preparação ainda carente de exposição à língua estrangeira, o fato de
os pesquisados participarem de projetos/programas de extensão como professores proporciona
neles uma visão diferenciada sobre si mesmos em relação aos outros licenciandos do curso de
Letras, a escolha pela profissão se deu a partir da aptidão com a língua inglesa, e que a graduação
representa para eles como uma possibilidade de um saber legitimado pelo poder institucional da
universidade.
Palavras-chave: Análise do discurso. Identidades. Língua inglesa. Formação de professores.
RESUMO: A história do ensino de línguas em São Luís tem muitos pontos de encontro com a
educação em nível nacional, pois muitos são os traços que denunciam uma filiação bem próxima
de contextos histórico e social. A exemplo disso, temos que ligação da Igreja com as instituições de
ensino alude ao período de colonização brasileira, quando a educação estava sob a responsabilidade
de sacerdotes da Igreja Católica representada pelo velho Convento do Carmo, o Liceu Maranhense
(anos mais tarde equiparado com o Colégio Pedro II), estabelecimento de ensino secundário em
atividade até os dias atuais; o Seminário de Santo Antônio fundado a fim de servir como centro
de ensino religioso e de educação humanístico (ARQUIDIOCESE DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO,
2016). Ao longo dessas transformações, São Luís já necessitava de uma academia que formasse
profissionais na área de linguagem e foi assim que o curso de Letras da Ufma surgiu mais de vinte
anos após a primeira universidade no Brasil. Desde sua fundação, podemos citar que mudanças
foram necessárias para que o currículo fosse cada vez mais adequado às exigências da sociedade
e, por isso algumas Reformas foram elaboradas a fim de ofertar a modalidade licenciatura, que
ainda vigora (BRASIL, 2006). A partir da década de 50 alguns cursos de idiomas começam a se
instalar em São Luís, como o Instituto Cultural Brasil Estados Unidos (Icbeu) que inicia uma
larga implantação em todo país, com o intuito de ser uma instituição de ensino de língua inglesa
e difusão das culturas brasileira e norte-americana reconhecida pela Embaixada americana como
uma espécie de agência consular, haja vista o grande número de estrangeiros trabalhando na
Aluminum Company of América (Alcoa), O Instituto Jhon Kennedy Center dirigido pela professora
Jean Camarão (in memorian), YES, CIFPROMAR, Yázigi, Pink and Blue, Aliança Cultural Franco-
Brasileira (Aliança Francesa) (ARAUJO, 2016). O primeiro Círculo Linguístico de São Luís surgiu
e meio a esse cenário de inovações enriquecedoras para a formação linguística dos professores a
fim de discutir questões relacionadas ao crescimento profissional dos docentes de idiomas.
Palavra- chaves: Língua Inglesa; História do ensino de línguas. Linguística Aplicada.
RESUMO: A partir dos anos 60, com a intensificação dos fluxos migratórios entre diferentes
regiões do globo, assim como com o desenvolvimento de sistemas de comunicação cada vez mais
eficazes, os contatos entre culturas, e os conflitos decorrentes delas, tornaram-se o foco de debate
nas mais diversas áreas. Nos estudos sobre a aquisição, ensino e aprendizagem de línguas (tanto
materna quanto estrangeira), esse fenômeno se reflete com frequência nas discussões sobre o
papel dos contatos linguísticos na promoção de oportunidades de aprendizagem, assim como
sobre o papel da cultura na formação identitária de aprendizes de línguas. Nesse contexto, um
dos principais desafios é estabelecer diferenças entre nacionalidade e cultura, de forma a enxergar
a cultura do aprendiz como um sistema complexo decorrente da interrelação entre diversas outras
culturas, por meio das quais a língua se constrói e se materializa, não estando limitada às fronteiras
geográficas de um país, tampouco se manifestando de forma uniforme ou isolada das mais diversas
influências. A partir dessa perspectiva intercultural, essa mesa redonda pretende refletir sobre o
papel dos contatos linguísticos e culturais em contextos formais e informais de aprendizagem/
aquisição de línguas, tanto por meio de debates de cunho teórico sobre a interculturalidade no
ensino quanto por meio de resultados de investigações que focam diferentes aspectos da relação
entre culturas e línguas. Inicialmente, discutiremos sobre o papel dos conhecimentos culturais
que envolvem as línguas estrangeiras na mediação didática do professor, buscando mostrar que
língua e cultura são indissociáveis. Em seguida, debateremos sobre experiências de ensino de
português brasileiro como língua estrangeira em uma universidade federal brasileira, enfatizando
o modo como a experiência modificou a percepção dos alunos e professores envolvidos nesse
processo a respeito da sua própria cultura e da cultura do outro. Por fim, discutiremos sobre o
papel das TICs na promoção do contato linguístico e cultural à medida que apresentamos um
estudo de caso de aquisição bilíngue mediado pela TV.
Palavras-chave: Interculturalidade; Ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras; Contatos
linguísticos.
RESUMO: Ensinar uma língua implica, ainda que informalmente, ensinar a cultura do (s) povo (s)
que fala (m) esta língua. No entanto, como definir cultura? O que é cultura? Conceituar cultura
não é uma tarefa nada fácil. Para além das questões etimológicas e semânticas, o aporte teórico
utilizado configura-se como basilar para a elaboração e discussão não apenas do conceito,
mas também de saberes e práticas culturais de um determinado povo. Independente das lentes
teóricas referenciadas para empreender ambiciosa empreitada, entre todas há um denominador
comum: nós, seres humanos, temos cultura; apenas nós somos simultaneamente produtores e
produtos de nossa cultura. Os saberes e as práticas culturais determinam, moldam, orientam,
impõem, entre outros, as formas de pensar, sentir e agir de um povo. Diante disso, dentre as
demandas profissionais que envolvem o ser professor de Língua Estrangeira (LE, doravante) hoje,
conhecer a cultura do povo que fala a língua ensinada emerge como uma interface colaborativa
para o processo ensino-aprendizagem da língua em questão. Nesse sentido, essa apresentação,
resultado de uma pesquisa bibliográfica, de cunho explicativo, fundamentada em autores como
Byram (1989), Kramsch (1993,1998), Erikson (1997), Garcez (1998), Genc e Bada (2005),
busca problematizar os conceitos de cultura visível e invisível, relacionando-os ao ensino e à
aprendizagem de uma LE, ao mesmo tempo em que questionamos os conhecimentos e saberes
culturais como quinta habilidade (ou seria competência intercultural) necessária à formação
do professor de LE. Trataremos, ainda, dos benefícios de uma educação inter/multicultural
tanto para professores quanto para os estudantes de uma LE por meio do compartilhamento
de experiências profissionais vivenciadas pela pesquisadora como professora da disciplina de
Cultura dos Povos no curso de Letras-Inglês da UESPI, campus Parnaíba-PI. Se por um lado, os
aspectos relacionados à cultura não são condição essencial para a aprendizagem de uma LE,
por outro lado, possuir conhecimentos e saberes culturais é indispensável não apenas para uma
comunicação bem sucedida, mas, sobretudo, para a formação de cidadãos mais humanos, mais
tolerantes, mais compreensivos e muito mais críticos.
Palavras-chave: Saberes e práticas; Cultura e inter/multiculturalidade; Ensino de Línguas.
RESUMO: Segundo o Novo Atlas da Língua Portuguesa (Reto, Esperança, Machado, 2016), o
português é falado atualmente por cerca de 261 milhões de pessoas, sendo a quarta língua mais
falada no mundo, atrás do chinês, do espanhol e do inglês; a terceira mais falada na Europa
e na internet; e a mais falada no hemisfério sul do planeta. Presente em todos os continentes,
além de ser é a língua oficial em 9 países, estima-se que atualmente 200 mil pessoas a aprendem
como língua estrangeira, revelando- se uma língua de muitas culturas que interagem entre si de
modo dinâmicos e multifacetado. Nesse contexto, as projeções para o crescimento da presença
da língua portuguesa no mundo, de acordo com o documento supracitado, estimam que ao
final desse século poderá haver mais de 487 mil falantes no globo, com o continente africano
assumindo o posto de região com maior número de usuários da língua. Considerando esses
dados, neste estudo, fazemos uma reflexão sobre aspectos interculturais no ensino-aprendizagem
de português brasileiro para estrangeiros em contexto de imersão em uma universidade pública
do Brasil. Para tanto, faz-se necessário argumentar que o usuário dessa língua deve ser ativo e
perceptivo para tirar proveito das oportunidades de comunicação e assim sentir-se mais integrado
e autossuficiente. Defendendo uma perspectiva intercultural, (Mendes, 2010; Gimenez, 2002;
Viana, 2003, Gomes e Silva, 2011, para citar alguns que me inspiram) acredito que as relações
interpessoais são mediadas por diversos meios presentes em cada ambiente ecolinguístico, sendo
assim é possível descobrir culturas globais e locais, descobrir o outro, e, por intermédio do outro,
a si mesmo. A língua, por sua vez, é compreendida como instrumento de inserção social, cultural,
educacional, profissional, dentre outros. Os resultados inicias sugerem que a inclusão de aspectos
interculturais no ensino de línguas em imersão torna o seu aprendiz mais atento à língua que
aprende, e portanto, a si mesmo.
Palavras-chave: Português brasileiro para estrangeiros; Interculturalidade; Ensino de línguas.
RESUMO: Josué Montello é um romancista por excelência da cidade de São Luís. Uma significativa
parte da sua vasta produção literária diz respeito ao lugar em que nasceu: as ruas, os becos, as
ladeiras, as igrejas, os sobrados, os costumes, as religiões, as famílias, etc. Nos seus romances, a
história da sociedade maranhense pulsa, os costumes são descritos, as portas dos ricos sobrados
se abrem, trazendo à tona toda uma riqueza de nossa história social. A Presente Mesa-Redonda
pretende investigar três romances do autor de Largo do Desterro: Noite sobre Alcântara, Perto da Meia-
Noite e Cais da Sagração. Na primeira narrativa, Paloma Veras Pereira investigará os aspectos do
texto ficcional montelliano e sua relação indissolúvel com a chamada memória coletiva, tomando
por referência o ponto de vista do narrador ao acompanhar o personagem Natalino em sua
longa noite sobre Alcântara, na qual há uma simbiose entre o individual e o coletivo. Na segunda
narrativa, Kerllen Norato abordará a relação entre o romance Perto da Meia-Noite e a memória
coletiva, isto é, de que maneira as personagens, a trama, a sociedade descrita na obra se entrelaça
com a memória da própria cidade. No terceiro romance, Dino Cavalcante traçará um paralelo
entre a história, a sociedade e a ficção em Cais da Sagração, além de unir a questão do espaço
e da memória em torno da narrativa. Para tanto, serão utilizados dos apontamentos teóricos
de Halbwachs (2006), no que se refere às distinções entre as memórias individual, coletiva e
histórica, Pollak (1989 e 1992), a fim de compreender os elementos constitutivos da memória e o
conceito de memória seletiva, Gaston Bachelard (2003), para analisar do espaço, Nora (1993)
no que concerne à distinção entre memória e história, Antônio Candido (2010), para construir a
representação entre ficção e história, além dos historiadores: Barbosa de Godóis (2008), Mario
Meirelles (2006), Lourdes Lacroix (2012).
Palavras-chave: Literatura Maranhense; Memória Coletiva; Josué Montello.
RESUMO: Josué Montello, ao longo dos vinte e seis romances que publicou, teve um olhar
direcionado a São Luís – sobretudo a parte histórica. Os Tambores de São Luís, Cais da Sagração, Perto
da Meia-Noite, A Coroa de Areia, A Décima Noite, Uma sobra na Parede, Um Beiral para os Bentivis, Largo do
Desterro, Os Degraus do Paraíso são alguns exemplos contundentes de um resgate de uma memória
da cidade. Dessas narrativas, Cais da Sagração é a mais importante obra a referir-se ao espaço
urbano e à memória de São Luís, justamente no momento em que esse espaço estava condenado à
decadência, tendo em vista a construção de um novo porto para a Ilha do Maranhão: o Itaqui. O
romance representa o olhar do homem sobre a cidade velha e como essa cidade poderia sucumbir
diante da mudança do Cais da Praia Grande. Para tecer esse olhar, o narrador se serve de um
homem do mar: Severino. O mestre, como é denominado, vive em dois mundos: a sua terra natal
e São Luís – com o mar fazendo a união desses dois mundos. Mas é na cidade velha que o romance
se detém na questão do espaço e da memória, sobretudo em relação ao movimento do Porto,
que havia transformado o Maranhão, nos séculos XVIII e XIX, numa terra agroexportadora. A
presente fala discorrerá acerca da representação do espaço e da memória na narrativa de Josué
Montello. Dito de outro modo: como o romance aborda a questão da memória do lugar e do
espaço urbano, com grande movimento, cheio de armazéns, cafés, pensões, cabarés, homens e
mulheres, etc. Para a análise em questão, buscaremos os seguintes teóricos: Halbwachs (2006),
para tratar da memória, Gaston Bachelard (2003), para analisar do espaço, Antônio Candido
(2010), para construir a representação entre ficção e história, além dos historiadores: Barbosa de
Godóis (2008), Mario Meirelles (2006), Lourdes Lacroix (2012).
Palavras-chave: Literatura Maranhense; Espaço e Memória; Cais da Sagração.
RESUMO: O presente trabalho, com base no romance Noite sobre Alcântara (1978), do celebrado
escritor maranhense Josué Montello, expõe uma análise acerca da construção narrativa da obra, a
qual, em nossa concepção, é perpassada pela presença da memória coletiva, que surge enquanto
importante estratégia textual responsável pela arquitetura da narrativa, uma vez que, penetrando-
se o passado a partir do presente, observamos as relações sociais de personagens que compunham
e viviam na cidade de Alcântara no tenso momento de transição do século XIX para o século
XX. Como ponto de partida para esta análise, valemo-nos, sobretudo, da representatividade
do personagem Natalino, o qual reflete sobre suas experiências em grupo no seio da cidade de
Alcântara e no período em que esteve na Guerra do Paraguai. Nesse sentido, na citada obra
montelliana, a memória é articulada por meio do reconhecimento e da reconstrução, pois à medida
que o personagem Natalino cria uma atmosfera de rememoração ao contemplar sua cidade e
reconstrói mentalmente os laços, as heranças e os conflitos nela construídos, notamos um resgate
dos acontecimentos e vivências que não só o marcaram profundamente, mas que também se
revigoraram em um quadro de preocupações permanentes para ele e para sua comunidade. Dessa
forma, o objetivo principal do estudo ora exposto é descrever em quais aspectos o texto ficcional
montelliano apresenta uma relação indissolúvel com a chamada memória coletiva, tomando por
referência o ponto de vista do narrador ao acompanhar o personagem Natalino em sua longa
noite sobre Alcântara, na qual há uma simbiose entre o individual e o coletivo. Para tanto,
utilizamo-nos dos apontamentos teóricos de Halbwachs (2006), no que se refere às distinções
entre as memórias individual, coletiva e histórica, Pollak (1989 e 1992), a fim de compreender
os elementos constitutivos da memória e o conceito de memória seletiva, e Nora (1993) no que
concerne à distinção entre memória e história.
Palavras-chave: Literatura Maranhense; Memória Coletiva; Alcântara.
RESUMO: A memória é, segundo Le Goff (2013), o fio que entrelaça o tempo. As reminiscências
individuais são, na verdade, ecos de uma memória coletiva, na qual a memória individual se apoia,
uma vez que esta é um ponto de vista sobre aquela (cf. Halbwachs, 2003). Nas relações entre
literatura e memória, o texto literário constitui um bojo que armazena essas lembranças e perpetua,
pelo registro escrito, as ruínas daquilo que, de outro modo, perder-se-ia para sempre pela ação
inexorável do tempo e do esquecimento (cf. Rodrigues, 2012). Nesse contexto, a obra do ilustre
romancista, mas também professor, historiador e memorialista, Josué Montello, alinhava-se com
as reminiscências do autor, natural de São Luís, lugar de sua infância e juventude, entrelaçando
realidade e ficção por meio dos lugares nos quais a memória se apoia (cf. Nora, 1993) A exemplo
disso, o presente trabalho pretende analisar as memórias de São Luís, a partir do romance Perto
da meia-noite, publicado em 1985, no qual, paralelamente ao drama de Glorinha, a personagem
central, que casa-se com o seu professor do Liceu Maranhense, Daniel, mas ao ser acometida de
uma enfermidade que comprometeu gravemente seus pulmões, apaixona-se pelo Dr. Teixeira, o
médico que a tratou em um sanatório do Rio de Janeiro, ao ponto de abandonar o marido e a
filha, Maria Emília, para viver seu romance, é possível percorrer as ruas do centro de São Luís, nas
primeiras décadas do século XX, bem como rememorar o modo de viver do narrador, estudante
do Liceu Maranhense e depois, professor em outra escola, com as correspondências entre a trama
ficcional e as reminiscências de seu autor, apoiadas na memória coletiva. Para isso, discutiremos
o conceito de memória e seus desdobramentos a partir de Le Goff (2013), as relações entre
memória individual e coletiva, na visão de Halbwachs (2003) e os lugares de memória em Nora
(1993) e ainda as relações entre literatura e memória em Rodrigues (2012). Desse modo, assim
como cantou Bandeira Tribuzi, (re)vive-se a cidade, com suas “ruas, fontes, cantarias, torres e
mirantes, igrejas, sobrados”, na prosa de Montello, que vai costurando as linhas de seu enredo e
personagens com os fios das memórias de sua querida São Luís.
Palavras-chave: Memória; Romance; Josué Montelo.
RESUMO: Desde seu surgimento no cenário científico ao seu status atual como componente das
ciências sociais ou, por outro lado, uma subárea da linguística, como foi apresentada, a linguística
aplicada (LA), provoca, a cada estudo publicado, a aparição de muitos questionamentos sobre
quais são os seus objetos de pesquisa, quais as suas finalidades na linguística ou nas ciências
sociais. Pode-se constatar alguns cenários de atuação do Linguista Aplicado nas mais diversas
áreas de aquisição no ensino de Línguas, mas a presente mesa propõe três olhares distintos
sobre a Linguística Aplicada no viés dialógico de muita relevância, atualmente para a aquisição
da Língua Estrangeira, sendo eles: a internalização para a mobilidade acadêmica de estudantes do
Instituto federal do Maranhão através do programa Ciência sem Fronteiras, ambicioso programa
de mobilidade para estudantes de graduação e pós-graduação. Em seguida abordar-se-á a visão das
políticas linguísticas a partir dos renomados linguistas brasileiros: Kanavillil Rajagopalan (2005),
Gilvan de Oliveira (2016) e Hilario Bohn (2000) que desnaturalizam as questões linguísticas e
deixam à mostra a ideologia de exclusão e de dominação política pela língua, tão impregnada na
sociedade moderna e, finalmente o último olhar faz-se um relato da importância da linguística
aplicada para a prática docente, pois o ensino e a pesquisa na área de formação de professores de
línguas tem se transformado com frequência nas últimas décadas e essas transformações não têm
acontecido de forma isolada, mas vinculadas às diferentes maneiras de se conceber a realidade e
o conhecimento, ou seja, às diferentes perspectivas epistemológicas. Formar o professor, segundo
Almeida Filho (2005) e Moita Lopes (2008) é, portanto, condicioná-lo por meio de treinamento
e isso, dará ao discente a aquisição de uma Língua Estrangeira mais sólida. Desta forma a
singularidade dos temas – internacionalização, politicas linguísticas e formação de professores –
impõem um diálogo que se edificam no princípio de que é preciso inovar o projeto dos programas
de graduação e pós-graduação, com o objetivo de formar profissionais que possam atuar nas
esferas de decisão das politicas linguísticas.
Palavras-chave: Internacionalização; Políticas linguísticas; Língua estrangeira; Formação de
professores.
RESUMO:A ênfase deste trabalho consiste em demonstrar a relevância da Linguística Aplicada para
a formação do professor de Língua Estrangeira. Pode-se perceber que a LA vem se aprimorando
ao longo dos anos e posicionando os seus mais diversos pesquisadores num contexto cada vez
mais amplo. Refletiremos teoricamente sobre como o docente deverá refletir, analisar e pesquisar
mais estudos no campo da linguística aplicada (LA), direcionados com maior ênfase à formação
de professores de línguas estrangeiras, objeto deste trabalho. É nesse contexto que este estudo
faz um breve relato da linguística aplicada no viés dos renomados linguistas aplicados tais como:
Almeida filho (2005), Cavalcante (1986), Kleiman (1998) Moita Lopes, (1996), Oliveira (2006),
Rojo (2006), Rajagopalan (2006). Nessa perspectiva, elencaremos, para essa discussão, três
temas atuais no campo da LA, tais como: a educação linguística, a LA transgressiva e o letramento
do professor de línguas estrangeiras. A educação linguística vem remeter a defesa de um ensino
pautado na linguagem em sentido macro; A LA transgressiva traz ricas contribuições com temas
essências para o debate com base no estudo da linguagem em sala de aula; e os estudos sobre
letramento surgem como medida de conscientização da comunidade docente acerca de seus
papeis enquanto aprendizes quando exercem o trabalho de agentes nas práticas de letramento. O
desenvolvimento de estudos no campo da LA, possibilita o entendimento da atuação do linguista
aplicado como a de um pesquisador do campo das ciências sociais. O linguista aplicado não
se limita a atuar apenas na sala de aula, mas em outras esferas públicas e privadas em que a
linguagem atua através do processo de interação verbal e não-verbal. Pode- se destacar ainda que
a LA abre cada vez mais espaço para ser abrangida no cenário científico, criando pressupostos
teóricos, metodológicos e práticos para se estudar a linguagem em sentido macro e micro, nas
mais variadas línguas. Concluímos que a linguística aplicada está distante da linguística teórica e
com o avanço das pesquisas está casa vez mais se aproximando dos Estudos sociais e das Ciências
Sociais, pelo seu caráter transgressivo e crítico, oriundo da necessidade de se problematizar a área
e expandi-la. (Moita Lopes, 2013)
Palavras-chave: Linguística aplicada; Formação de professores; Educação linguística; Letramento
docente.
RESUMO: Autores como Kanavillil Rajagopalan (2005), Gilvan de Oliveira (2016) e Hilario
Bohn (2000) desnaturalizam as questões linguísticas e deixam à mostra a ideologia de exclusão
e de dominação política pela língua, tão impregnada na sociedade moderna. Esses preconceitos
vão além das opiniões pessoais e passam a agir nas práticas sociais, e consequentemente nas
educacionais. Eles se mostram nas abordagens e conteúdos de ensino, nos livros didáticos, na
formação docente e até nos financiamentos de pesquisa. Após a redemocratização brasileira,
ensaiou-se introduzir um modelo mais inclusivo de cidadania, com diretrizes normativas mais
abertas ao reconhecimento da diversidade e da legitimidade das diferenças culturais e linguísticas
dos brasileiros, abrindo espaço para a valorização das línguas indígenas, das línguas de herança,
da LIBRAS, do ensino de português pra estrangeiros (PLA), do ensino da língua espanhola e das
escolas de fronteiras e, mais recentemente, com incentivos à internacionalização da educação
superior. Contudo, estas transformações mostram-se frágeis às reviravoltas do contexto político-
partidário nacional, entre grandes retrocessos e lentos avanços. Desde 2012, para a participação
de estudantes universitários brasileiros em programas de mobilidade acadêmica internacional,
as línguas estrangeiras, especialmente a inglesa, têm sido vistas como barreiras, concentrando
os esforços do Estado brasileiro em algumas ações emergenciais, tais como, os programas E-tec
Idiomas (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia) ou Idiomas sem Fronteiras
(Secretaria de Educação Superior/Ministério da Educação), lançados em diferentes versões. Se
por um lado, é positivo pensarmos a expansão das políticas que se orientam pela ideia de ‘língua
como recurso’ (RUIZ, 1984) fundamental para ao fluxo de pesquisadores e de conhecimento in
e out, por outro, estas ações fazem parte de um processo de internacionalização passiva (LIMA;
MARANHAO, 2009) e subordinado aos países hegemônicos. Portanto, se mostram limitadas
e desarticuladas de políticas linguísticas e educacionais de base, pouco capazes de provocar
transformações profundas em direção à democratização do sistema educacional brasileiro.
Palavras-chave: Políticas Linguísticas; Línguas Estrangeiras; Internacionalização da educação
superior.
RESUMO: Nesta mesa redonda, temos o intuito de refletir e discutir sobre a questão do sujeito
articulada a uma proposta didática para o ensino-aprendizagem de Língua Materna sob uma
ótica enunciativa. Acreditamos que para a realização deste trabalho, torna-se necessário, então,
submetermos o estudo de língua a uma abordagem dialógica, por meio da descrição e compreensão
do funcionamento de diferentes marcas linguísticas − tais como a modalidade apreciativa, valores
de determinação, deslocamentos enunciativos de pessoa-espaço-tempo − que serão abordados
nas comunicações que compõem esta temática. O aparato teórico que parece reunir as citadas
características e adequação ao objeto de estudo é o sistema de representação metalinguística
elaborado por Antoine Culioli no quadro da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas.
A opção teórica por esse enquadramento justifica-se pelo fato de investigar o funcionamento
da linguagem de uma perspectiva global do texto, além da elaboração de um trabalho formal
que subjaz à produção e ao reconhecimento das formas interpretáveis, concebendo, assim, os
denominados enunciados. Desse modo, propomos o dialogismo como sustentação teórica,
levando-se em consideração a articulação entre gramática, produção e interpretação de texto. Em
relação à linguagem, esta é conceituada como atividade de representação, atividade de referenciação
e atividade de regulação. Nesta última atividade referida, de regulação, são instauradas relações
de alteridade, concomitantemente complexas e formalizáveis entre enunciador e coenunciador.
Indissociável das operações de representação e de referenciação, incide sobre a relação entre noções
e marcadores, incluindo a relação intersubjetiva, que constitui o foco de nossas discussões aqui.
Interessa, assim, o modo como o diálogo se constrói, o modo como as marcas linguísticas se engedram
para significar, considerando que esses processos explicitam as operações subjacentes de linguagem,
fruto de relações psicossociológicas, uma vez que envolvem operações de ordem cognitiva que são
realizadas pelo sujeito em sua relação com o mundo, mediadas por fatores físico-culturais. Por fim,
é imprescindível para o desenvolvimento de nossa análise linguística, recorrermos à construção de
uma representação formal, sob o viés culioliano, das observações dos dados extraídos do corpus por
meio de um sistema de representação metalinguística. A metodologia se baseia na observação dos
textos, nas operações enunciativas e atividades de glosas e paráfrases, para, por meio de uma análise
metalinguística, reconstituir os processos geradores de constituição do enunciado.
Palavras-chave: Operações enunciativas; Produção de textos; Ensino de língua materna.
RESUMO: O presente trabalho busca mostrar que os alunos do Ensino Fundamental Maior
promovem na produção textual do gênero Biografia a partir do gênero Entrevistaos deslocamentos
enunciativos de pessoa-espaço-tempo, com ênfase no funcionamento do Sujeito. A pesquisa tem
como suporte teórico a Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE) do pesquisador
francês Antoine Culioli que entende que a Linguística tem como objeto de estudo “a atividade de
linguagem apreendida através da diversidade das línguas naturais”, isto é, a tarefa do linguista
é estudar o funcionamento da linguagem enquanto atividade significante de representação, ou
melhor, enquanto atividade de produção e reconhecimento de formas linguísticas. A atividade de
linguagem é entendida como tendo um espaço intersubjetivo em que dois sujeitos enunciadores
são a condição constitutiva da própria enunciação. Como explica Franckel (1989), uma das
propriedades essenciais da linguagem é comportar o traço das operações que a constitui. Dessa
forma, a organização dos operandos (marcadores) permite reconstruir o encadeamento das
operações (de localização enunciativa, de predicação e de determinação) que estão na origem dos
textos. Os marcadores referem-se às operações e não a valores estáveis, ou seja, as operações têm
um estatuto puramente teórico, na medida em que são uma representação do agenciamento de
marcadores, que por sua vez, são a marca de operações mentais realizadas na situação de enunciação
pelos sujeitos enunciadores (enunciador origem e co-enunciador). A pesquisa encontra-se em
andamento, mas, diante das análises iniciais, foi possível observar que na produção da Biografia a
partir dos dados da Entrevista, os alunos realizaram várias operações, em especial, a operação de
Predicação, que, por sua vez, traz subjacente as operações de qualificação e quantificação. Além
disso, este tipo de pesquisa tem sua relevância por apresentar uma abordagem enunciativa quanto
à produção do texto Biografia, haja vista, que quando se fala e/ou estuda gênero só temos estudos
na perspectiva da Linguística Textual ou da Teoria dos Gêneros e não na perspectiva enunciativa.
Palavras-chave: Atividade de Linguagem; Operações; Produção Textual.
RESUMO: Nesta comunicação, temos o intuito de promover uma reflexão sobre o trabalho com
produção de textos e a linguagem em aulas de Língua Portuguesa, partindo da discussão sobre dois
fenômenos linguísticos distintos que se articulam: a intersubjetividade e a modalidade apreciativa
em relatos autobiográficos de alunos de Ensino Fundamental − Anos Finais. Enquadrando nossa
investigação na Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, de Antoine Culioli (1990), a
linguagem é concebida como um processo de constituição de significação no qual concorrem
as operações de representação mental, de referenciação linguística e de regulação intersubjetiva.
Nesta última operação citada, o sujeito vê as coisas do mundo e vai construindo as suas noções
dependendo de suas experiências realizadas em relação com o mundo, mediadas por fatores
físico-culturais. No caso, o sujeito que nos interessa é o aprendiz, que se apropria do cenário
psicossociológico que antecede a produção de um texto, facilitando a sua produção criativa e
não-mecânica ou padronizada. A nossa opção teórica considera a articulação entre linguagem e
a pluralidade das línguas naturais, possibilitando observar os processos geradores da linguagem.
Desse modo, visamos a explorar com mais profundidade o processo de constituição de planos
enunciativos que envolve mecanismos linguísticos como marcas de regulação intersubjetiva,
sobretudo a modalidade apreciativa, que assinala o ponto de vista do enunciador sobre um
conteúdo que constrói linguisticamente, evidenciando inclusive o seu posicionamento em relação
a um coenunciador. Portanto, é necessário para o desenvolvimento de nossa análise linguística,
conforme orientações de Culioli (1999), recorrermos à construção de uma representação formal
das observações dos dados extraídos do corpus por meio de um sistema de representação
metalinguística. Nossa metodologia se baseia na observação dos textos, nas operações enunciativas
e atividades de glosas e paráfrases, para, por meio de uma análise metalinguística, reconstituir os
processos geradores de constituição do enunciado.
Palavras-chave: Operações enunciativas; Produção de textos; Ensino de língua materna.
RESUMO: O gênero de ficção científica é hoje uma expressão artística que podemos chamar de
“multifacetada”, pois adentra diversas mídias como cinema, televisão, teatro, videogame etc., além
da própria literatura. A despeite de sua popularidade, dentro dos estudos acadêmicos, o gênero
ainda encontra muitas barreiras para legitimar-se enquanto objeto de estudo, o qual, pela crítica
canônica, é considerado apenas um produto da “Indústria Cultural”, uma literatura de massa.
Esta mesa tem como objetivo levantar discussões sobre a formação identitária do homem na pós-
modernidade bem como analisar as figurações dos gêneros especulativos no Brasil e no mundo,
levando em consideração suas relações com as mais diversas representações tais como cinema,
música e vídeo game, dentre outras. Tal objetivo fundamenta-se na necessidade de reavaliar as
tradicionais críticas e parâmetros que excluem e/ou silenciam diversas obras e autores do universo
crítico literário.
RESUMO: O presente estudo tem como objetivo apresentar um panorama geral da história da
ficção científica brasileira e sua leitura expressiva do contexto econômico e político do Brasil,
focando nas transformações sociais e culturais no final dos anos 80. Com o fim do regime militar,
os escritores tenderam a explorar o contexto social enfocando as contradições do processo de
modernização e seus resultados negativos para a sociedade brasileira. Nesse contexto, os escritores
de ficção científica não hesitaram em combinar tecnologia e alienação cultural em uma perspectiva
política do Terceiro Mundo. Analisando a obra “Stuntmind (1989)” de Bráulio Tavares, é possível
ver sua crítica aos efeitos da globalização na cultura brasileira, bem sua reflexão em relação ao
desenvolvimento político e econômico do Brasil. Como aporte teórico para esta análise, traremos
à baila os apontamentos críticos de Yolanda Molina-Gavilan (2007), Elizabeth Ginway (2004),
Naiara Araújo (2017), dentre outros.
Palavras-chave: ficção científica brasileira; globalização; Stuntmind; BráulioTavares
RESUMO: É impossível se falar em ficção científica sem considerar a contribuição dos avanços
tecnológicos para a sua constituição. Na literatura de ficção científica, tanto anglófona como
brasileira, um ícone recorrente é o do robô, um ser artificial criado através da tecnociência e
cujos propósitos são sempre questionados pelos humanos, sejam ou não fornecidos motivos que
corroborem para essa desconfiança. O termo robô surgiu pela primeira vez na peça de teatro R.
U. R (“Robôs Universais de Rossum”) do tcheco Karel Capek no ano de 1920, nela era utilizado
o termo robota (que significava escravo em tcheco) para se referir aos seres artificiais, frutos da
tecnologia, que eram obrigados pelos homens a praticar toda sorte de trabalho degradante e/ou
enfadonho que os humanos não gostariam de realizar. Esse estudo pretende demonstrar que é
possível se constatar a presença destes seres artificiais na literatura bem antes de Capek utilizar o
termo robota para caracterizá-los. E ainda, irá investigar como a robótica se manifesta na literatura
de ficção científica, fazendo um breve apanhado histórico das primeiras obras sobre essa temática
e discorrendo sobre como os seres artificiais eram representados nelas. Como suporte teórico
para embasar o presente estudo utilizar-se-ão as proposições de pesquisadores e professores como
Adams Roberts (2018), Isaac Asimov (1984), Muniz Sodré (1978), Raul Fiker (1985), Georges
Giralt (1997) e outros.
Palavras-chave: Literatura. Ficção científica. Robótica.
RESUMO: Esta mesa - intitulada Pesquisas em Língua Portuguesa: aspectos diversos tem o
objetivo de discutir diferentes contextos em que se realizam as investigações em Língua Portuguesa,
sobretudo nestes tempos de globalização. A tecnologia, as relações virtuais, o encurtamento das
distâncias, a mobilidade das pessoas no mundo têm tirado a possibilidade de escolher aprender
mais uma língua ou não. Tem afetado a relação com língua materna, tem alterado o sentido
de língua estrangeira e incluído a noção linguística de herança que não é apenas cultural, mas
psicanalítica e existencial. As investigações sobre o ensino de Língua Portuguesa têm descoberto
que a questão linguística é muito mais complexa do que possa ser considerada, porque se insere na
amplitude da linguagem, para além da gramática, mas para além também do social, da perspectiva
variacionista e da interacionista. Nesse sentido, esta mesa abarcará três aspectos específicos para
a pesquisa em Língua Portuguesa: Língua Materna e a problemática do Português Brasileiro e
Europeu; Língua 1 – língua de herança como fundamento identitário; língua estrangeira: riscos
do distanciamento pela denominação. No que tande à Língua de Herança, serão consideradas
as seguintes autoras: Almeida e Heath (2017); quanto à Língua Materna, Castilho (2016). Essas
publicações tratam do
Português Brasileiro e do Português Europeu e sua interferência em todas as esferas de investigação.
É uma diferença primordial para o tratamento linguístico da herança, de vez que a língua de herança
resgata o lugar, neste caso o Brasil, pela musicalidade que é gerada da organização sintática, das
escolhas lexicais e da apropriação dos conceitos que é cultural. Por outro lado, interfere no ensino
da Língua Materna e da Língua Estrangeira porque conduz a direções completamente diferentes
para o trato de efeitos que são distintos para Portugal e Brasil. Ancora-se, fundamentalmente,
em Lakoff e Johnson (1980, 1999) e Kovecses (1999, 2002 e 2005), a investigação concernente à
abordagem da metáfora no Ensino do Português Língua Estrangeira. E na pesquisa sobre Língua
Materna, a base teórica inclui os trabalhos de Labov (1994), Travaglia (2006), Antunes (2007),
Neves & Casseb-Galvão (2014), Rodolfo Ilari (2014).
RESUMO: Lakoff e Johnson (1980,1999) desenvolveram estudos sobre a metáfora que foram
publicados na obra Metaphors we live by, em 1980, na qual propõem a Teoria da Metáfora Conceitual
(TMC), apresentando seus postulados, que se opõem à tradicional visão que a considera adorno
da linguagem, presente essencialmente no âmbito da retórica e da poesia. Com sua proposta que
provocou uma drástica mudança nos paradigmas que eram prevalentes até então, demonstraram
que a metáfora conceitual permeia nossa linguagem do cotidiano e que, por ser o nosso pensamento,
em grande parte, metafórico, a metáfora é, também, uma figura do pensamento que licencia as
expressões linguísticas metafóricas por nós usadas no dia a dia. Para discutirmos as relações que se
estabelecem entre essa metáfora conceitual e o Ensino do Português Língua Estrangeira/ Adicional
(PLE/A), numa análise sobre o tratamento que lhe é dado em materiais didáticos adotados em
alguns cursos existentes nessa área, ancoramo-nos, principalmente, nos trabalhos de Lakoff e
Johnson (1980, 1999) sobre a TMC e seus refinamentos, assim como naqueles desenvolvidos por
Kovecses (1999, 2002, 2005), que têm como foco os aspectos universais e culturais da metáfora
conceitual. Entendemos que esse estudo pode fornecer dados que sinalizem para a relevância
de sua contribuição para o aprimoramento da compreensão do aprendiz no que concerne ao
vocabulário da Língua Estrangeira/Adicional (LE/A), já que envolve nossa manifestação sobre
tudo aquilo que somos, bem como as formas de nos relacionarmos com o mundo e o modo como
nossa mente se estrutura, tendo como base nossa experiência física e sociocultural, O corpus da
investigação é composto por materiais adotados em cursos de Português Língua Estrangeira no
Brasil e no exterior. Destacamos os principais aspectos dessa interface e concluímos, reiterando a
importância da metáfora como ferramenta de organização e produção de sentidos na relação do
homem com o mundo à sua volta.
Palavras-chave: Linguística Cognitiva, Linguagem Figurada, Metáfora Conceitual, Léxico, Português
Língua Estrangeira/Adicional (PLE/A).
RESUMO: Objetiva-se pontuar sobre o ensino de língua portuguesa nas escolas de educação
básica. Fazendo uma análise do ensino da língua padrão, confrontado com as variações da língua
em uso. Sabe-se que a escola deve ensinar língua portuguesa ou, é um meio de se dar condições
para o aprendiz para que ele aprenda a língua portuguesa; a Constituição Federal também oferece
garantias para esse ensino, conservando-se como o idioma oficial da República Federativa do
Brasil. A questão fundamental reside no fato de ensinar português para as pessoas que já se
comunicam usando a língua. Nessa perspectiva, apresenta-se o objetivo macro do ensino de
português – mostrar os mecanismos da língua através da linguagem, mostrar o funcionamento
desse código linguisticamente organizado. Dessa forma, o professor deve ensinar aos alunos o
que é uma língua, quais as propriedades e usos que ela realmente tem, qual o comportamento da
sociedade e dos indivíduos com relação aos usos linguísticos, nas variadas situações de suas vidas.
Com o advento dos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, uma nova perspectiva de ensino
tem se mostrado eficaz nas escolas. Contudo, ainda se percebe que existe muita necessidade de
reflexões do que se está ensinando nas escolas; é necessário que as variedades linguísticas sejam
respeitadas, porém confrontadas com as diversas situações de uso, inclusive, o uso da língua
padrão. Para embasar este estudo revisitaremos os estudos de: Labov (1994), Travaglia (2006),
Antunes (2007), Neves & Casseb-Galvão (2014), Rodolfo Ilari (2014) e outros que se fizerem
necessários. Para o desenvolvimento da pesquisa usar-se-á a metodologia indutiva, partindo
dos dados empíricos encontrados no corpus, observando os fenômenos ocorridos em relação ao
objetivo do trabalho. Os resultados obtidos demostrarão um descompasso entre a normatividade
da língua e o uso nas comunicações.
RESUMO: Nesta comunicação tenho como objetivo analisar como professores em formação inicial
orientam práticas de ensino e aprendizagem de escrita na educação básica. Trata-se de experiências
vivenciadas por alunos da graduação em Letras que participaram como bolsistas do Programa de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID): uma importante política de formação docente, conforme
diferentes estudos já amplamente divulgados. Os dados analisados são provenientes de uma extensa
coleta realizada pelo grupo do PIBID/Português/UFAL/Campus Maceió, no decorrer de 2010 a
2015, no qual eu atuava como coordenadora de área. As discussões serão realizadas com base
nos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Aplicada correlacionados com estudos
sobre letramento docente. Na análise, interessa-me, particularmente, observar as concepções
de escrita, linguagem, ensino e aprendizagem que predominam nas práticas desenvolvidas pelos
professores na educação básica, no decorrer das ações realizadas pelo PIBID, como também como
eles refletem sobre essas práticas nos diários que produzem acerca das orientações adotadas
no cotidiano das aulas. Resultados obtidos até então indicam que a formação desenvolvida no
âmbito do PIBID contribui significativamente para que os professores desenvolvam um trabalho
pedagógico no qual se reconheçam como agentes de letramento.
Palavras-chave: Formação docente; escrita; PIBID
RESUMO: O objetivo do nosso artigo é analisar o gênero plano de atuação docente como lugar
privilegiado de planejamento, prospecção e reconfiguração do agir do futuro professor no contexto
do Estágio Supervisionado na Unilab. Analisamos, assim, as representações do trabalho docente
construídas pelos estagiários, tendo como foco a sua introdução ao ofício do professor. Para
investigar essas representações, adotamos como categoria de análise os tipos de discurso mobilizados
na construção do texto (BRONCKART, 1999), na medida em que essa categoria evidencia as
escolhas enunciativas dos estagiários, colocando em interfase representações individuais e
coletivas utilizadas pelos alunos para planejar e reconfigurar o seu agir profissional. Nesse sentido,
o nosso olhar para os dados tem como base o quadro teórico-metodológico de análise que está na
base dos trabalhos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2006, 2007, 2008),
privilegiando os conceitos de agir, de trabalho docente e de tipo de discurso. Para composição de nosso
corpus, analisamos dez justificativas retiradas de projetos de atuação construídos na disciplina
Estágio de Regência em Língua Portuguesa no período de 2017.2; inicialmente, investigamos o
plano geral da justificativa do projeto; em seguida, etiquetamos tematicamente os fragmentos
do texto; depois, analisamos a mobilização dos tipos de discurso e, por último, reinterpretamos os
dados à luz do conceito de trabalho docente utilizado pelo ISD. Nas análises, verificamos que há
uma tendência de ordem temática nas justificativas dos planos de atuação, em que, normalmente,
o estagiário realiza a introdução de sua ação; depois, justifica a sua ação utilizando bases teóricas
para isso; e, por último, planeja o seu agir, fazendo uma prospecção da sua ação. Quando à
análise dos tipos de discurso, podemos perceber que há uma predominância do discurso teórico ou
do misto teórico-interativo, que evidencia um posicionamento enunciativo não marcado em relação
aos agentes produtores do texto, possibilitando uma construção mais abstrata do agir professoral
condizente com o gênero projeto de atuação, uma vez que a ação está apenas no âmbito do
planejamento, da ação futura que o estagiário irá realizar.
Palavras-chave: Estágio Supervisionado; representações, trabalho docente; tipos de discurso.
RESUMO: Os saberes dos professores para atuar no contexto de Português como Língua
Estrangera (PLE) devem ser alvo de reflexão, especialmente com relação à questão da análise,
utilização e reelaboração de material didático, pois entendemos a prática do professor em sala
de aula está prioritariamente pautada neste. Como sabemos, dentro do conjunto de materiais
didáticos utilizados pelo professor, o livro didático possui um lugar de destaque, sendo, muitas
vezes, o maior norteador do trabalho docente, ainda que, comumente, os objetivos traçados pelos
autores de livros didáticos não correspondem aos objetivos traçados pelos próprios professores.
Nosso objetivo, nesta apresentação, é apresentar uma proposta de formação de professor de PLE/
PLA, cujo foco é o desenvolvimento de mecanismos de análise, produção e utilização crítica de
materiais didáticos de PLE, considerando os saberes docentes necessários para estas práticas. A
pesquisa realizada envolve dados provenientes do material didático do Curso de português língua
estrangeira: língua e cultura brasileiras, realizado na Universidade Federal do Ceará, os principais
livros didáticos utilizados nos cursos de maior expressão de português língua estrangeiras em
capitais brasileiras. Também faz parte da pesquisa dados gerados em uma formação de professores
que atuam em sala de aula de português língua estrangeira na cidade do Rosário na Argentina e na
formação de professores que atuam no curso de português língua estrangeira. Este curso se realiza
na Universidade Federal do Ceará. Além disso, também faz parte do corpus desta pesquisa os
questionários aplicados e as entrevistas realizadas com os participantes brasileiros e argentinos.
Trabalhos realizados (GONDIM, 2017, 2012; GONDIM & LEURQUIN, 2017, 2015; LEURQUIN,
2015, 2014; LEURQUIN & MENDES, 2017) mostram que nosso material carece de melhorias em
diferentes aspectos. Outro resultado com desdobramento importante para a equipe envolvida na
formação citada é a construção das apostilas utilizadas nos níveis A1, A2 e B1 no curso já citado.
PALAVRAS-CHAVE: PLE. Formação de professores. Saberes docentes. Material didático.
RESUMO: Nesta mesa redonda serão apresentados quatro trabalhos frutos das pesquisas
realizadas no Programa de Pós-graduação em Letras – Mestrado - PGLETRAS, da Universidade
Federal do Maranhão. Nesta perspectiva, serão abordadas as diferentes perspectivas da AD
exploradas no Brasil, materializadas nas análises dos objetos de pesquisa tratados durante o
processo de construção epistemológica. O objetivo é propor uma discussão sobre as múltiplas
formas do fazer científico, o qual está atrelado ao olhar e aos recortes de séries propostos pelos
pesquisadores.
Palavras chaves: Análise do Discurso. Identidade. Discurso
RESUMO: Desde sua fundação, na década de 1960, a Análise do Discurso, que nasce no interior
de uma Linguística baseada no quadro teórico estruturalista, é uma disciplina que impulsiona
grandes avanços nos estudos da linguagem. Em meio a revoluções que ocorreram na década de
1960, capazes de sacudir o estatuto teórico de diversas correntes das ciências humanas, a Análise
do Discurso emerge diante da necessidade de explicar as relações existentes entre a política e
sociedade, que se materializam por meio da linguagem. Esse nascimento operado por Michel
Pêcheux e Catherine Fuchs, é reconhecido como o “acontecimento mais importante depois do
estruturalismo na França” (ORLANDI, 2012). Assim, nossas discussões partem da concepção
inicial da Análise do Discurso, concebida por Pêcheux e Fuchs, cujo interior articulava três regiões do
conhecimento, a saber, Materialismo Histórico, Linguística e Psicanálise. Para o presente trabalho,
damos ênfase o Materialismo Histórico, considerando a leitura que Pêcheux fez de Althusser, e este
de Karl Marx, respondendo a questão: quais contribuições o Materialismo Histórico trouxe para a
concepção de uma vertente específica de Análise do Discurso? Respondemos tal questionamento
por meio de uma análise sobre a forma de mobilização desse quadro teórico no interior da Ciência
Linguística para voltar novos olhares para os estudos da linguagem, saturados pelo Estruturalismo
vigente, constituindo uma disciplina que observará a língua como lugar material das formas de
dominação pela ideologia. Assim, nessa vertente, os analistas têm à disposição um maquinário
de ferramentas capazes de dar conta de diversas produções linguageiras, respondendo questões
que envolvam a linguagem, considerando que esta não se acomoda meramente num sistema
finito de regras, mas que é determinada historicamente, advém de práticas sociais específicas
e materializa-se nos dispositivos comunicativos, o que põe em xeque a corrente estruturalista.
Nossa análise permitiu julgar em que medida os conceitos advindos da concepção materialista da
História moldaram a Análise do Discurso fundada por Pêcheux, dando-lhe sustentação filosófica
e política.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Materialismo Histórico; Resistências.
RESUMO: Os professores de Língua Inglesa vivenciam e enfrentam diversos dilemas que circundam
todo o processo de aquisição de línguas, quer seja em sala de aula ou fora dela, principalmente
quando se deparam com uma gama de representações simbólicas, que são inerentes a esse
contexto. Essas representações configuram os sujeitos envolvidos como operados e operadores,
em relação à multiplicidade de inferências diante do processo de vivência e prática da Língua
Inglesa. Nesse processo, ao falar uma língua, somos tomados por dois âmbitos de representação,
o político e o linguístico, imbricados entre si, em um fio discursivo. Representação não é algo
que se dá automaticamente, apesar das escolhas conscientes que o sujeito faz, acredita ou se
insere em um determinado grupo ou crença. Ela acompanha as transformações do mundo, num
percurso histórico, se tornando um objeto discutível na base do inconsciente e materializado por
meio do seu discurso. Nesse sentido, tomando como base o envolvimento do sujeito-professor
no programa de educação bilíngue (Português-Inglês), bem como suas práticas e imbricação
entre línguas por meio da instrução, comunicação e representações simbólicas em torno da
Língua Inglesa, buscamos identificar por meio do discurso, quais representações discursivas são
construídas sobre ser bilíngue, fluência e contato com estrangeiros, e como elas se relacionam para
a construção de sentido, revelando aspectos identitários por meio das posições-sujeito no fio
discursivo. Para tal, este trabalho tem como embasamento teórico a Análise do Discurso de linha
francesa de PÊCHEUX (1997/2005/2011) e ORLANDI (2012/2015) e os estudos culturais na pós-
modernidade de HALL (2011) e WOODWARD (2014). Constatamos a partir das representações
discursivasque os sujeitos, marcados pela heterogeneidade e clivados pela dispersão, enunciam
sem perceber que dentro de um enunciado, existem outras vozes e sentidos, ou seja, outros que
o constitui, o que nos fez perceber, de maneira mais clara, o deslocamento de posições e sua
fragmentação identitária por meio da discursividade.
Palavras-chave: Discurso; Identidade; Professor bilíngue.
RESUMO: Os estudos acerca das relações entre memória e literatura já vem de longa data,
mobilizando as reflexões de teóricos com Adeítalo Manuel Pinho (2011), Jerusa Pires Ferreira
(1991), entre outros, atestando o quão profícuas tem sido as investigações acerca desse recorte.
A memória, “a mais épica de todas as faculdades” (BENJAMIN, 1985) vai além dos limites do
relato objetivo de fatos acontecidos para se espraiar, através da subjetividade que lhe é inerente,
pelos campos da imaginação, no que se assemelha aos processos criativos dos textos de natureza
ficcional. Paralelamente a esse campo frutífero de pesquisa, as representações do espaço,
tanto o social, em que a vida se configura, quanto dos “espaços imaginários”, atendem às mais
diversas funções e intencionalidades, como o caráter de denúncia das mazelas sociais, assim
como a construção de ambiências capazes de compor atmosferas plasmadas para abrigar as
subjetividades de personagens e narradores ficcionais, em narrativas ficcionais circunscritas aos
mais diversos gêneros. Em vista disso, desdobram-se estudos acerca das relações entre espaço e
literatura, em abordagens que vão desde as teorias bakthinianas sobre o conceito de cronotopo
(BAKTHIN, 1998), até enfoques que entrelaçam às representações literárias do espaço social
aspectos simbólicos, culturais e discursivos, lançando mão de teorias que transitam nos campos
da Tradução, da Filosofia, bem como dos Estudos Culturais. Tendo em vista tais possibilidades de
abordagem, que ora se alternam, ora se fundem e complementam de acordo com as exigências dos
objetos literários em análise, a presente Mesa Redonda visa o compartilhamento das pesquisas
e reflexões de pesquisadores cujos trabalhos, embora diversificados em suas perspectivas
teóricas e focos de abordagem, dialogam através de seus pontos em comum, a saber: as relações
entre Literatura, Espaço e Memória. A busca por elucidar aspectos caros à ficção narrativa,
notadamente o romance brasileiro, em obras de dois escritores amazônidas do século XX,
Dalcído Jurandir e Raimundo Holanda Guimarães, e um carioca, Machado de Assis (enfocando-
se a comparação entre duas traduções francesas de seu Memórias Póstumas (1881) feitas em dois
importantes momentos históricos século XX), pode trazer importantes contribuições e trocas no
sentido do compartilhamento do olhar dos pesquisadores a partir de suas perspectivas teóricas
e metodológicas, bem como do amadurecimento individual das pesquisas a partir das arguições,
intervenções e acréscimos hauridos das colaborações dos demais colegas pesquisadores.
Palavras-chave: Literatura; Espaço; Memória.
RESUMO: O tradutor belga Victor Orban organizou uma das primeiras antologias de literatura
brasileira na França (1914), com contos de Machado de Assis traduzidos para o francês. Viveu no
Brasil e conheceu intelectuais brasileiros de sua época. Foi também o primeiro tradutor de Memórias
póstumas de Brás Cubas para o francês. Décadas depois, o General René de Chadebec de Lavalade,
em missão militar no Brasil na Embaixada, traduziu novamente o romance do Bruxo (1944). Como
estes defensores das letras brasileiras, com percursos de vida tão singulares, traduziram durante as
duas guerras que marcaram a Europa e o mundo? Em que suas traduções de Memórias póstumas de
Brás Cubas pertencem a épocas marcadas pela guerra? Proponho nesta comunicação desta mesa
me apoiar em documentos históricos e literários para recompor o percurso destes dois intelectuais.
Esta reflexão minha se inscreve dentro de um projeto de pesquisa mais amplo, Histoire des Traductions
en Langue française, (dirigido por BANOUN, MASSON e POULAIN, 2018), e no projeto específico
tratando dos tradutores em guerra, dirigida pela Christine LOMBEZ, que busca entender em que
medidas a guerra interfere na tradução literária. E como a Ocupação alemã durante a segunda
guerra mundial na França afetou especificamente a prática da tradução literária, caracterizada
pela abertura à cultura e linguagens do estrangeiro? Ou seja, trata-se de se perguntar como foram
resolvidas as necessidades de compreender, traduzir e incorporar o outro, na tradução literária do
maior romance de Machado, nestes ambientes de tensão político e humano? Tentarei responder a
estas problemáticas a partir de dois eixos de leitura. O primeiro seria o retrato propriamente dito
destes tradutores tão originais e valentes que além de homens públicos, diplomatas ou militares,
se armaram para o trabalho da divulgação da literatura brasileira em tempo de conflito europeu.
Tentarei também pensar a tradução do Machado de Assis na dimensão tradutológica, isto é, como
desempenhou o seu papel, observando especificamente os reflexos da ideologia dominante, ou
contestadora, da época.
Palavras-chave: Biografias de tradutores; Machado de Assis; Guerras mundiais.
RESUMO: O presente trabalho visa problematizar as relações entre espaço “real” e espaço
imaginário, bem como as relações entre memória e ficção no romance Chibé (1964), de
Raimundo Holanda Guimarães. O romance é um exemplar de roman à clef, gênero surgido na
França no século XVII, no qual pessoas reais são retratadas através de personagens ficcionais,
tendo seus nomes verdadeiros ocultados por pseudônimos (BOYDE, 2009). Possuir as chaves de
um roman à clef equivale a saber a quais pessoas reais as personagens ficcionais fazem referência.
Esses romances desmascaravam a hipocrisia de pessoas ilustres expondo suas infâmias íntimas,
gozando tais obras de grande sucesso, bem como de implacável perseguição pelas autoridades
francesas (DARNTON, 2012). O romance Chibé esteve também envolto em muitas polêmicas
quando de sua publicação. Ambientado na Vila do Apeú (Castanhal-Pará) em 1930, ele relata
escândalos envolvendo importantes personalidades locais, o que rendeu ao autor ameaças de
morte e apreensão de sua obra, restando dela seis exemplares conhecidos. Holanda Guimarães
corporifica poeticamente em seu romance espaços reais facilmente reconhecíveis por pessoas
que conheçam a Vila do Apeú, além de diversos acontecimentos passados daquele lugar,
reavivados pelas cores da memória, da subjetividade e da imaginação, hauridos dos sucessivos
relatos coligidos pelo autor junto aos moradores mais antigos da Vila, fundindo ficção e
realidade, e fornecendo importantes pistas ao leitor que estivesse apto a apreender as chaves
desse roman à clef. Portanto, buscar-se-á aqui relacionar as representações dos espaços da Vila
do Apeú às opções e intenções estéticas e políticas do autor. Para isso, lançar-se-á mão do
conceito de cronotopo (BAKHTIN, 1998), visando-se apreender a forma como o autor constrói
as representações de espaço e ambiência em seu texto. Além disso, buscar-se-á fundamento em
algumas conceituações em torno da memória (BENJAMIN, 1985; BOSI, 1979; FERREIRA, 1991;
PINHO, 2011; POLLAK, 1989) de modo a dar suporte às nossas reflexões acerca das relações
entre realidade e ficção presentes no romance.
Palavras-chave: Chibé; Espaço; Memória.
RESUMO: A Toponímia se ocupa do estudo dos nomes de lugares, cidades, aldeias etc., além de
elementos geográficos. Esta pesquisar se volta, portanto, para a toponímia maranhense, com foco
precisamente na hidronímia de origem indígena relativa à região compreendida pela Mesorregião
Norte Maranhense que se situa dentro da Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental
maranhense. Essa área, também conhecida como Frente Litorânea de expansão do espaço
maranhense, reúne uma densa rede hídrica (rios, lagos, lagoas, riachos, igarapés, brejos) que
permitiu/permite o deslocamento e a sobrevivência do homem na região. O Maranhão, como parte
integrante do território que pertenceu, no século XVIII, ao Estado Colonial do Maranhão, possuía
uma população indígena formada por cerca de 30 povos, aproximadamente 250.000 indivíduos,
sendo assim um dos centros brasileiros de maior densidade de falares indígenas pertencentes a
dois troncos linguísticos – Macro-Jê e Tupi-Guarani ou Macro-Tupi. Atualmente o Maranhão conta
com uma população autodeclarada indígena de 37.272 indivíduos (IBGE, 2010). Considerando
essa realidade, objetivamos delinear tendências gerais da hidronímia maranhense, com ênfase nos
nomes de origem indígena que se inserem na área delimitada para este estudo. Para coleta dos
dados realizamos, pesquisa indireta, nos acervos públicos do Estado do Maranhão, com vista
à recolha de mapas antigos. Ainda, em documentos e em sites oficiais, para a busca de mapas
atuais. Para obtenção do corpus, foi realizado o levantamento de: (i) a hidronímia da Mesorregião
Norte Maranhense, por meio de mapas atuais do IBGE (2010) e (ii) da hidronímia em mapas do
território maranhense dos séculos XVII-XX, e em trabalhos de cronistas. Os estudos de Dauzat
(1926), Vasconcelos (1931), Dick (1990, 1992, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007), Isquerdo (2006,
2009, 2011), Seabra (2006, 2008, 2012), Isquerdo e Seabra (2010) entre outros, fundamentaram
esta pesquisa. Com esse material constituímos o corpus da pesquisa com: (i) mapas atuais que
estão inseridos em seis microrregiões e somam 60 municípios maranhenses e (ii) mapas antigos
cujos dados revelam uma considerável presença indígena na hidronímia maranhense da região
investigada. Desse modo a influência do ambiente foi significante na nomeação dos hidrônimos
coletados. Com base nesses dados, foi possível entender a relação que o homem estabelece com
a língua, a cultura e o ambiente, uma vez que o topônimo, como parte do léxico de uma língua,
reflete valores e crenças de uma comunidade linguística.
Palavras-chave: Onomástica; Hidronímia; Línguas Indígenas.
RESUMO: Um atlas linguístico é composto por um conjunto de cartas linguísticas que armazenam
dados sobre a linguagem de uma determinada região, por sua vez, um atlas semântico-lexical
retrata o léxico em uso numa dada comunidade. Em geral, um atlas busca apresentar frequência e
distribuição de um dado item lexical numa determinada região. A realidade linguística é reveladora
das formas de pensamento e organização do universo humano, além de permitir a recuperação
da história, dos hábitos e dos costumes das comunidades. É ao léxico que cabe a função de
“nomear os seres, os objetos, as ações e processos que identificam o mundo fenomenológico e
aquele percebido pelo homem.” (Krieger, 2006, p. 163). E a Geolinguística e a Dialetologia, por
meio dos atlas linguísticos, acrescentam a essas informações dados de natureza diatópica e social
que possibilitam identificar, descrever, analisar e situar uma forma e suas variantes, segundo o
uso real da língua. Desse modo, o presente trabalho visa registrar o português falado, com base
no Atlas Linguístico de Icatu-Maranhão- ALiNI, buscando as particularidades da língua em uso
nessa região, como exemplos as lexias chupa-água, aurinus, barreiro e caiporal, que correspondem,
respectivamente, aos termos arco-íris, estrela d’alva, joão de barro e cigarro de palha. O estudo tem
como base os trabalhos de Brandão (1991), Cardoso (2010), Coseriu (1954), Silva Neto (1957). O
corpus desta pesquisa é constituído das respostas obtidas por meio da aplicação do Questionário
Semântico-Lexical (QSL), com contém 227 questões, elaborado pelo Projeto Atlas Linguístico do
Maranhão (ALiMA). O questionário foi aplicado a 24 informantes, distribuídos igualmente em três
faixas etárias – 18 a 30 anos, 45 a 65 anos e acima de 70 anos –, em dois sexos – homem e mulher,
os informantes foram selecionados segundo grau de escolaridade, naturalidade e ocupação ou
profissão. Com base nos dados obtidos foram elaboradas cartas semântico-lexicais. Esta pesquisa
contribui para a descrição do português falado no Maranhão.
Palavras-chave: Dialetologia; Atlas Linguístico de Icatu; Maranhão.
RESUMO: As histórias em quadrinhos vêm a constituir um gênero discursivo pelo qual trafega um
contexto lingüístico, cultural e político social do qual nem sempre são percebidas as suas nuances,
dado seu caráter popular. Segundo Ramos (2004), é nas histórias em quadrinhos que temos
uma vasta fonte de oralidade, pois a construção do texto, contida nos balões, evidencia a língua
falada, num processo interacional. Ainda, conforme afirma Ramos (2004), geralmente o texto
representativo da fala nos quadrinhos aparece por turnos, o que se chama turno conversacional,
em torno de algum assunto, que seria o tópico discursivo. Assim, a língua falada apresenta
várias expressões ou palavras próprias à oralidade. Como diz o já citado autor, com uma dose de
maior ou menor fidelidade, os quadrinhos procuram representar na escrita, através dos balões,
vários aspectos da fala; simplificando essa ideia, a função do balão é colocar palavras na boca
dos personagens; à exemplo do recurso do discurso direto em textos literários. Corroborando
o exposto, Marcuschi (2000 apud DIONISIO et al, 2002) demonstra que a concepção de uma
história em quadrinhos parte de uma ideia escrita, cuja narrativa tem por base um roteiro escrito,
do qual deverá ser transmutado em fala, numa reprodução da oralidade, através de elementos
como interjeições, reduções, onomatopéias, marcadores conversacionais, gírias e expressões
peculiares dos personagens e evidenciados através do desenho.Assim, procuraremos discorrer
sobre as marcas de oralidade encontradas nas histórias em quadrinhos, por serem um veículo
de fácil acesso a todo e qualquer público, independentemente da idade ou classe social, e que
nos últimos anos tem sido um gênero que está encontrando seu valor reconhecido nos estudos
acadêmicos, nas feiras de livro, nos festivais de leitura , em nível nacional e internacional. Para
melhor diversificação do tema, procuraremos discorrê-lo numa breve análise, tendo como objeto
quadrinhos nacionais e internacionais, este último, sobretudo na língua inglesa, cuja contribuição
cultural e linguística tem sido relevante.
Palavras-chave: Oralidade. Quadrinhos. Língua. Discurso.
RESUMO: Diversas são as concepções de ensino de Línguas Estrangeiras (LE) existentes em nossa
sociedade atual. O critério de escolha de uma dada abordagem causa a seleção de um método
e suas técnicas, bem como a determinação de um processo de ensino-aprendizagem, podendo
ser este definido nos padrões tradicionais ou na modalidade a distância para a expansão das
quatro habilidades lingüísticas em uma LE – ouvir, falar, ler e escrever. Nossa pesquisa investigou o
desenvolvimento do ouvir e falar, nos cursos de Letras a distância, na tentativa de identificar a posição
por ele ocupado no processo de aprendizagem de uma LE no cenário social contemporâneo, cujos
fazeres perpassam pela inserção das novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC).
Esta pesquisa buscou fundamentação teórica nos estudos propostos pela Análise do Discurso
(AD), à luz das reflexões de Pêcheux (1988, 1997 e 1999) e de Foucault (1999 e 2008). Para a
realização desta pesquisa foram definidos como corpus os enunciados de documentos jurídicos
e pedagógicos e respostas a entrevistas e questionários aplicados juntamente aos coordenadores
e aos tutores de LE a distância. Após o término da investigação chegamos à conclusão que a
oralidade está situada em uma posição secundária nessa modalidade de ensino nos cursos de
Letras, em razão, em especial, pela falta de infraestrutura tecnológica, pela permuta das atividades
orais por escritas e pela diminuição da carga horária para a execução de práticas que viabilizem a
interação entre as habilidades de ouvir, interpretar e falar.
Palavras-chave: Oralidade. Ensino. Língua estrangeira. Educação a distância.
RESUMO: Revelando novas possibilidades de estilo na construção ficcional literária, o conto “No
seu pescoço” – da autora Chimamanda Adichie, inscrito em obra homônima – narra a história
de uma moça negra, nigeriana que sob grande expectativa familiar de obter sucesso, migra
para os Estados Unidos a fim de vivenciar o “sonho americano”, traduzido pelo desejo de obter
prosperidade em uma sociedade “sem obstáculos”. As decepções, privações e desafios imputados
à personagem, Akunna, bem como seu relacionamento amoroso com um americano branco,
pontuam o desenrolar da história que, contada na segunda pessoa do singular, causa o efeito
intimista de convidar o leitor a se colocar no lugar da protagonista. Tais elementos fazem com que
a narrativa ficcional de Adichie, que possui similitudes biográficas com a personagem – pelo fato
da autora ser uma escritora jovem, nascida em 1977, na Nigéria e ter vivenciado a experiência de
migração para os Estados Unidos em 1996 – possa ser tomada aqui como paradigma para a análise
de algumas reflexões da pensadora Hannah Arendt (1906 – 1975) sobre a condição humana de
enraizamento e/ou desenraizamento, suscetível a qualquer membro de uma comunidade. Judia-
alemã que fugiu de sua terra natal em 1933, quando da ascensão de Hitler ao poder, Arendt viveu
dezoito anos como refugiada e apátrida, uma desplace person, como ela mesma intitulava pessoas
em sua condição: privadas dos diretos básicos e, principalmente, da cidadania. Ora, sabe-se que
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, ao separar “homem” e “cidadão”
em categorias distintas reconheceu e diferenciou os direitos individuais (subjetivos) dos direitos
políticos, isto é, essenciais para as democracias que perpetravam o próprio Homem como fonte
da Lei. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, a dicotomia homem/cidadão
parecia superada já que os direitos humanos foram consagrados como inalienáveis – conceito que
supunha que tais direitos tivessem uma existência independente de todo e qualquer Governo.
Todavia, como é possível acompanhar na atualidade a situação caótica de milhares de refugiados
em todo mundo e também, no registro literário-artístico de Adichie, principalmente no conto em
questão, nota-se que, ainda hoje, apátridas e refugiados ao serem privados dos direitos nacionais
acabam por perder também seus direitos humanos. Logo, o mote primordial deste trabalho
acadêmico é uma abordagem que coaduna ficção e realidade através dos discursos literários e
filosóficos, a fim de proporcionar um sentido maior à melhor convivência humana em sociedade.
Palavras-chave: Adichie; Arendt; Literatura; Política.
RESUMO: Entre os anos de 1967 a 1969. Hilda Hilst produziu uma dramaturgia eivada de elementos
alegóricos para falar das inúmeras perseguições empreendidas durante o regime militar no Brasil.
Através das peças: A empresa, O rato no muro, O visitante, Auto da barca de Camiri, Aves da noite,
O novo sistema, O verdugo e A morte do patriarca, a autora buscou uma aproximação imediata
com o público por meio do teatro. Segundo Hilst, havia uma necessidade de comunicação urgente
a fim de evidenciar os horrores que violentavam a dignidade humana em suas múltiplas nuances.
Neste sentido, o trabalho tem como base pensar a dramaturgia de HH à luz da ideia de violência
enquanto uma categoria que se instaura de um ethos onipresente a bordejar as oito peças que
constitui a obra teatral. A dramatugia de Hilda possui como premissa básica a comunicação dos
estados extremos de perseguição a qual os sujeitos estão expostos. Para falar da violência que os
impede de serem completude, a autora posiciona um conjunto de personagens em espaços em
que a ideia de individuação é sobreposta por mecanismos de regulação dos corpos e das ideias.
Seu teatro, tal como um breviário dos conflitos humanos, delega à capacidade de expressão por
meio da fala a principal arma contra os sistemas de opressão sobre os sujeitos. Dessa relação, a
violência se torna polimorfa espraiando-se nos vários componentes que movimentam os conflitos
entre as personagens. Deste modo, o estopim para grande parte das tramas está na necessidade de
uma personagem ultrapassar os limites que lhe são impostos, e ela tentará por meio da linguagem.
Nas oito peças de Hilda Hilst a palavra cria o mundo, as intenções das personagens, os embates e
tantos outros desdobramentos. Ela é a pulsão de vida e morte a movimentar os eixos das tramas.
As personagens pensam a palavra como algo das materialidades que efetivam o cerceamento das
livres ideias ou a sua evocação para a liberdade.
Palavras-chave: Hilda Hilst; Violência; Dramaturgia.
RESUMO: Para Michel Haar, “toda grande obra apresenta uma coesão, uma unidade orgânica
tão poderosa, que remete mais a si mesma que a qualquer outro ente no mundo”. E, ao se retirar
da realidade, em seu propósito autorreflexivo ainda nos impele a “ver de um modo novo nosso
universo cotidiano”. No atual contexto de avanço das forças conservadoras e da progressiva
degradação das bases democráticas que assentam o Estado brasileiro, faz-se procedente e
estratégica a releitura crítica de “O artista da fome”, conto da última produção de Franz Kafka
(1883 – 1924), bem como do ensaio “O Direito à Literatura”, texto seminal de Antonio Cândido.
Ao compreendermos o ofício do jejuador como uma alegoria do fazer artístico e da verdade
indeclinável do artista, o qual não sucumbe à indústria da cultura e do entretenimento, a resistência
assumida por esse “artista da fome” ilustra a angústia que acomete o homem moderno, imerso
nas contradições entre o progresso tecnológico e a exclusão social. Tal situação narrativa se alinha
ainda ao recente episódio de censura à exposição “Queermuseu – Cartografia da Diferença na
América Latina”, em função de ataques homofóbicos de pessoas da sociedade, grupos religiosos
e partidos políticos, encerrada pelo banco Santander Cultural no dia 10 de setembro de 2017, na
cidade gaúcha de Porto Alegre. Além de abordarmos os aspectos relacionados às inovações formais
– seja na narrativa kafkiana, seja na expressão pictural das telas e esculturas da referida mostra-,
pretendemos, com esta comunicação, apontar como a arte e a literatura configuram poderosos
e humanizadores instrumentos de educação e instrução, além de subsequentes apreensão crítica
da realidade e engajamento político, capazes, por fim, do esperado desenvolvimento da “cota
de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a
sociedade, o semelhante”, como aponta Cândido.
Palavras-chave: Kafka; Queermuseu; Cândido; Arte; Resistência.
RESUMO: Dois objetos distintos se lançam como vetores da nossa comunicação: a música e
a literatura. Este trabalho tentar compreender a canção e alguns cancionistas populares, como
matéria também do mundo literário, como elementos importantes na formação cultural e humana
do brasileiro. O texto poético, aqui posto como palavra cantada, nos vem como objeto instável,
situado tanto no campo musical quanto literário e tema de interesse para a filosofia da arte, a
crítica literária, a música e o pensamento estético de forma geral. Nas palavras de Tatit (2004),
os cancionistas são “artistas híbridos que não se consideravam nem músicos, nem poetas, nem
cantores, mais um pouco de tudo isso e mais alguma coisa.” Discutiremos sobre o interesse
contemporâneo pelas relações entre a palavra poética e a linguagem musical e suas sucessivas
modificações, pondo em destaque os laços de parentesco e parceria que conectam poesia e
música, salientados por Claudia Neiva Matos (2008). Estudando o modo como poesia e música
se vinculam e se adequam na construção dos fatos de palavra cantada, procuramos realçar a
intervenção de um terceiro fator: a voz humana (Paul Zumthor). A poesia, ainda que apresentada
em forma de canção, pode ser compreendida como “fatalidade do espírito humano” (Sant´Anna,
2009). Mantém-se nas palavras cantadas pelo artista para extrapolar o natural, resistente ao
tempo e compreendendo “uma linguagem que combina arranjos verbais próprios com processos
de significação pelos quais sentimento e imagem se fundem em um tempo denso, subjetivo e
histórico.” (Bosi, 2008) Sabemos que a poesia, como linguagem, é o espaço do descentramento
do sujeito. Quando se inscreve na letra, sua voz (do sujeito) deixa de lhe pertencer e passa a
pertencer a muitos. Desapropriado de si, necessariamente perdido de si, a palavra toma então seu
lugar. Pensar a canção popular é entender as letras de canção como exercício de linguagem e como
forma poética que diz sobre experiências, dramas e infortúnios humanos.
Palavras-chave: Poesia; Canção; Voz; Literatura.
RESUMO: Cada vez mais, as novidades tecnológicas invadem nosso dia a dia, como: telefones
celulares, música tecno, próteses, implantes, engenharia genética, microcomputadores, consoles
de jogos, CD-ROM multimídia, Internet com suas comunidades virtuais, dentre outros aparatos
tecnológicos. No caso da Internet, podemos afirmar que ela tem criado um novo sistema
de comunicação o qual utiliza cada vez mais uma língua universal. Essa língua promove a
integração global da produção e distribuição de palavras, de sons e de imagens de nossa cultura,
personalizando-os ao gosto das identidades e humores dos usuários da língua, no contexto da era
digital. A Internet transformou radicalmente a natureza da comunicação escrita, introduzindo,
além de novos gêneros textuais, práticas discursivas diferenciadas das convencionais, estabelecendo
um novo paradigma nas ciências da linguagem. No processo de comunicação, ela potencializa
o funcionamento de redes sociais no mundo inteiro, as quais podem utilizar diversos recursos
como: e-mails, fóruns, chats, listas de discussão, newsletters e softwares sociais, como orkut,
twitter, myspace, dentre outros softwares, recursos que, para serem operacionalizados, se valem
da língua como um instrumento de interação entre o homem e o meio que o rodeia. No acesso
a qualquer um desses recursos, a escrita se faz presente e deve tornar-se tão dinâmica quanto
a fala, mostrando-se, assim, capaz de preencher vazios que, na fala, são supridos por recursos
paralinguísticos como os gestos, o tom da voz, a expressão facial, um olhar ou até mesmo o
silêncio. É uma escrita leve, compacta, econômica e cheia de símbolos brincalhões que poupam
palavras e toques, como os símbolos usados para expressar emoções, os chamados emoticons ou
ícones emocionais, cujo objetivo é representar o estado emocional ou atitude de quem escreve,
ou seja, são códigos elaborados a partir de sinais de pontuação, para expressarem sentimentos,
emoções. Como lidar, então, com essa escrita no contexto da era digital? Vale tudo na produção
escrita realizada nas redes sociais da web? Como lidar com a forma dinâmica e criativa de uso
da língua escrita no ciberespaço? Nesse sentido, a Mesa busca ampliar a discussão sobre o uso
da língua escrita no contexto da era digital, considerando que essa língua tem modificado não
apenas nossa inter-relação com o mundo, como também nossa percepção da realidade e nossa
interação com o espaço/tempo vivido.
Palavras-chave: Linguagem e Tecnologia; Língua escrita; Contexto digital.
RESUMO: A chegada da internet contribuiu para que a população ganhasse novas possibilidades
sociointerativas. Aqueles que precisam aprender uma segunda língua, também encontraram na
Web uma nova ferramenta de comunicação entre pessoas de diferentes línguas. A internet tem
motivado mudanças em diversas áreas de atuação e tem sido utilizada para viabilizar formas de
interação entre pessoas, entre consumidores, entre produtores, entre intelectuais, entre cidadãos,
e o surdo vem se inserindo cada vez mais nesse universo digital (CORRADI; VIDOTTI, 2014),
abandonando as antigas mensagens de texto, para aderir à natureza “ubíqua da web” (MOGLIOLI;
SOUZA, 2015, p. 59), provando, assim, que a sociedade muda a cada dia por meio de novas
invenções que surgem a todo o momento. Nosso objetivo é analisar a produção escrita em Língua
Portuguesa como segunda língua de surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais, nas redes
sociais. Recorremos, primeiramente, aos teóricos cujos trabalhos versam sobre LIBRAS, língua
portuguesa, português escrito, português como segunda língua, verbo, redes sociais, escrita e
surdez. Como procedimentos metodológicos, primeiramente, realizamos a criação de um grupo
na rede social WhatsApp composto por 20 (vinte) surdos usuários de LIBRAS como L1. Depois
construímos um corpus a partir dos textos produzidos no WhatsApp pelos 20 surdos selecionados.
Analisamos o corpus construído à luz da Fenomenologia, vivenciando dois momentos: o da análise
ideográfica e o da análise nomotética. Apresentamos a relação do surdo usuário de LIBRAS
como L1, demonstrando a influência que essa língua exerce na vida dos sujeitos da pesquisa,
as dificuldades/facilidades por eles encontradas na escrita do português. Nessa perspectiva,
o trabalho contribuirá na construção de propostas para a educação do surdo, fornecendo-
nos subsídios para a formação de cidadãos conscientes e integrados socialmente. A partir da
compreensão/interpretação que a atitude de reflexão e de desvelamento nos proporcionou,
sugerimos novos estudos, no sentido de estreitar os laços entre a LIBRAS como L1 e o português
como L2, para que o surdo possa estabelecer uma relação interativa mais proficiente na sociedade
que tem o português como L1.
Palavras-chave: Português como L2; Era Digital; LIBRAS como L1.
RESUMO: A rede mundial de computadores maximizou o alcance das interações, que hoje
independem da presença física e de um espaço temporal compartilhado, podendo ser mediadas
pelo meio digital, a par da antiga prática de conversação face a face. O presente trabalho tem
como objetivo investigar o português escrito no Facebook, buscando apreender os marcadores
conversacionais como fenômenos linguísticos em uso e identificando as funções desempenhadas
por eles na tessitura e construção de sentido dos discursos produzidos na interação digital. Como
aporte teórico, utilizamos os estudos de autores como Marcuschi (1986, 2004, 2007), Castells
(2005), Castilho (1989, 2010, 2014), Hilgert (2000), Crystal (2001, 2005), Shepherd e Saliés (2013),
Recuero (2008, 2014), Barton e Lee (2015), Santos (1997, 2006), Urbano (1993), Xavier (2013a,
2013b), dentre outros teóricos que discutem a relação entre sociedade, tecnologia e comunicação
e que possibilitaram o desvelamento de nosso fenômeno de investigação. Os procedimentos
metodológicos estão fundamentados na Fenomenologia Hermenêutica de Paul Ricoeur (1989,
1991, 1996) e, para a coleta de dados, optamos pela construção de um corpus constituído por
textos/discursos capturados da página Perfil do Facebook. Para a análise dos dados, guiamo-nos
pela seguinte questão norteadora: Como os marcadores conversacionais se manifestam nos
textos escritos no Facebook? Dentre os textos do corpus construído, foram selecionados apenas
7 (sete) para análise. A partir da compreensão que a atitude de reflexão nos proporcionou,
procuramos demonstrar que os marcadores conversacionais, elementos típicos da conversação
face a face, também são utilizados na conversação digital, organizando a costura das interações
e demonstrando também a flexibilidade da língua aos influxos do contexto histórico, social e
tecnológico. Os resultados apontam que as realizações linguísticas produzidas pelos interagentes
do Facebook são afetadas pelo contexto imediato, revelando um código escrito reinventado para
favorecer a comunicação e evidenciando a necessidade de ver as diferenças entre a fala e a escrita
sob o ponto de vista dos usos da língua em situações concretas de produção.
Palavras-chave: Tecnologia e Comunicação; Conversação Digital; Marcadores Conversacionais.
RESUMO: Estudo sobre a representação da língua escrita nas redes sociais. O trabalho faz um
recorte da pesquisa que desenvolvemos no Grupo de Pesquisa “Tecnologia e Ensino”-GPTECEN que
tem como objetivo investigar a escrita em redes sociais da web, para melhor compreender a língua
em uso, uma vez que se manisfesta por meio de uma escrita com plasticidade e heterogeneidade
diferentes da escrita tradicional, contribuindo para provocar mudanças no ler/escrever e exigindo
estratégias metacognitivas diferentes daquelas empregadas na leitura/escrita do texto-papel linear.
O referido estudo se desenvolve embasado em teóricos que discutem a linguística da Internet,
como Crystal (2002), Castells (2005), Marcuschi (2005), Shepherd e Saliés (2013), Recuero
(2011), dentre outros. Os procedimentos metodológicos são de base qualitativa, tendo como
princípio de coleta de dados a construção de um corpus composto de 10 textos produzidos por
internautas no perfil da rede social Facebook. Esses textos foram capturados dessa rede social e
identificados como discursos, recebendo a letra (D) e a numeração de 1 a 10. A escolha dessa
rede social como locus da pesquisa decorreu da seguinte característica: ela favorece a participação
de internautas ligados entre si digital e socialmente, por meio de postagens de perfis que “trazem,
na interface, a possibilidade do acréscimo de comentários, de compartilhamento da informação
para amigos da rede e do ato de ‘curtir’” (CARVALHO; KRAMER, 2013, p.85). Essas postagens
revelam um duplo efeito: uma mudança no caráter formal da língua e uma possibilidade maior
de uso da escrita (CARVALHO; KRAMER, 2013). Do corpus construído, selecionamos uma média
de 5 (cinco) discursos para análise. Foram feitas várias leituras dos textos e descobrimos que eles
apresentavam, praticamente, os mesmos fenômenos linguísticos: uns apresentavam os fenômenos
encontrados com mais frequência e outros sem muita recorrência. Após a convergência dos
discursos, os fenômenos linguísticos encontrados foram analisados de forma criteriosa, à luz de
teóricos que fundamentaram a pesquisa, procurando revelar a multidimensão da língua, por meio
da interpretação da língua, tanto como sistema e código quanto práxis\ação atualizadora desse
sistema. Os resultados esperados são os de que a língua das redes sociais da web se caracteriza
por meio de um processo de hibridação entre o oral e o escrito.
Palavras-chave: Língua escrita; Redes sociais; Multidimensão da língua.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES:
TEORIA E PRÁTICA EM DIÁLOGOS
Eulália Leurquin (UFC)
Fatiha D. Parahyba (UFPE)
Mônica Fontenelle Carneiro (UFMA)
Lúcia Maria de Assunção Barbosa (UnB)
RESUMO: Durante a formação inicial do professor de língua materna, o estudante deve cursar as
disciplinas obrigatórias de estágio (Estágio em ensino de leitura, Estágio em Ensino de oralidade, produção
e análise linguística e Estágio de regência de língua portuguesa). Ao final destas disciplinas cursadas, ele
deve entregar um relatório. No Curso do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), uma
das disciplinas obrigatórias é Leitura de textos literários e ao final desta disciplina, o mestrando deve
entregar o Diário do professor que é produzido durante o semestre. Nesta apresentação, mostro
resultados de um estudo, que abrange as duas disciplinas por mim ministradas (uma da graduação
e outra da pós-graduação), realizado durante os dois semestres do ano letivo 2017.1, cujo foco é o
letramento acadêmico. O primeiro conjunto de dados traz em evidência a interação mediada pelo
gênero textual Relatório de estágio e o segundo ressalta a interação mediada pelo gênero acadêmico
Diário do professor. O objetivo do relatório é descrever e analisar práticas docentes, numa expectativa
de que o futuro professor possa desenvolver uma reflexão sobre a formação inicial de professor. O
objetivo do Diário do professor é registrar cenas da memória que mais se aproximem da relação
inicial do professor com a escrita em contexto de leitura. Por um lado, tenho 15 estudantes
em formação no Curso de Letras, que nunca tinham assumido a sala de aula, por outro lado,
tenho 15 professores com experiência de mais de dez anos em sala de aula de língua portuguesa.
No relatório, o meu objetivo é discutir sobre os saberes (HOFSTETTER e SCHNEUWLY, 2009;
VANHULLE, 2009, PARAHYBA e LEURQUIN, 2015), mobilizados pelos futuros professores de
português língua materna, constituidores do repertório didático (CICUREL, 2010) e as figuras de ação
(BULEA, 2010), ressaltando o envolvimento do futuro professor de língua portuguesa no seu dizer
e os desdobramentos na sua formação inicial; analisar as condições de trabalho do estagiário,
oriundas do jogo de impedimentos e intenções, marcado pelo modalizadores do agir professoral
(LEURQUIN, 2014). Nos diários, o meu objetivo é analisar o contexto de produção, os tipos de
discurso e os mecanismos enunciativos (BRONCKART, 1999) enquanto elementos importantes
para a construção do perfil do professor-aluno do PROFLETRAS em vistas a sua didática do
ensino de leitura.
Palavras chave: formação de professores; letramento acadêmico; saberes.
RESUMO: O presente trabalho tem como propósito apresentar algumas reflexões acerca
do letramento acadêmico no âmbito da formação inicial de alunos de licenciatura em língua
inglesa. Vincular as duas áreas tem como objetivo examinar como o aluno de graduação traduz
seus saberes sobre a docência na e por meio da linguagem (HOFSTETTER e SCHNEUWLY, 2009;
VANHULLE, 2009; PARAHYBA e LEURQUIN, 2015). Subjacente a esse propósito, interessa-nos
analisar os temas relativos à docência que se sobressaem nas pesquisas dos alunos como possíveis
elementos indicadores da realidade do ensino de línguas estrangeiras. As pesquisas tanto no nível
nacional quanto no internacional evidenciaram e continuam relatando as dificuldades referentes
ao ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras a exemplo da produção escrita (ASSIS, 2015;
DOLZ; GAGNON; DECÂNDIO, 2010; PEREIRA; GRAÇA, 2015; SCHNEUWLY, 2008). Dessa
maneira, surge o seguinte questionamento: quais possíveis entraves dificultam a mudança desse
cenário? A hipótese que fundamenta nosso trabalho é que vários fatores contribuem. Esta
afirmação configura um amplo espaço de análise e de discussão. Com base nos pressupostos
teóricos de análise textual (BRONCKART, 1999, 2006), analisamos o gênero acadêmico Trabalho
de Conclusão de Curso – TCC que foi objeto de ensino no contexto de uma disciplina de língua
inglesa. A ação de ensino do gênero em foco foi realizada com base no procedimento sequência
didática. Ocorreu, dessa maneira, um processo de didatização do discurso científico, de forma a
ajudar os alunos a se apropriarem dele. Tomando como base os diferentes níveis da arquitetura
textual, examinamos as capacidades de linguagem dos alunos relativas à produção escrita do
gênero estudado, ou seja, como o estudante escreve e apresenta seu texto e sua pesquisa e como
se posiciona discursivamente em relação a ela. Paralelamente, analisamos os temas estudados
em conjunto com os saberes e o agir docente salientes. Os resultados preliminares indicam a
transformação nas capacidades de produção escrita e a apropriação do objeto ensinado. Ao
mesmo tempo, ressaltam que as práticas de ensino de línguas merecem ampla discussão.
RESUMO: Dizem que traduzir poemas representa um dos maiores desafios para o tradutor.
Quanto ao gênero do teatro, o trabalho do tradutor consiste na “fixação” do texto e dos diálogos
dos personagens, muitas vezes em parceria com o diretor da peça, ou seja, lidando com um caráter
mutável da própria obra. Assim aparece seu caráter em transformação, passando por variações
em cada apresentação. Em ambos os casos, poemas e peças de teatro pertencem e convivem,
de maneira singular, na esfera da oralidade, com a presença inegável de sonoridades, ritmos e
musicalidade. Talvez por estes motivos, os desafios de traduzi-los apresentam especificidades tão
louváveis. A mesa “Traduzir poemas e peças de teatro: perspectivas e desafios” propõe abordar
várias culturas de línguas fontes e alvas diferentes: o português e o francês como línguas de recepção,
e o inglês, o tupi e guarani, o latim e o grego, como línguas de origem. Falar sobre literatura
traduzida, cotejada com os originais, nos permite valorizar as variações linguísticas, e as escolhas
de cada tradutor, inscritas em épocas específicas, enfrentando dificuldades de ordem poéticas
e éticas particulares (como é o caso de cortes ou da censura de certos termos). Os palestrantes
desenvolvem a variação nas traduções do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe, traduzido pelos
grandes escritores de língua portuguesa, Machado de Assis e Fernando Pessoa ; a tradução de
peças clássicas greco-latinas (como as do Aristófanes) para o Brasil, e seus desafios linguísticos
específicos ; e ao final, a tradução recente de poemas e cantos indígenas em tupi e guarani, entre
outros, cantos kadiwéus recolhidos por Darcy Ribeiro, traduzidos para o português, e em seguida
para o francês, numa antologia de poesia brasileira publicada na França. Neste sentido, as três
comunicações oferecem um diálogo possível entre literatura e outras artes – considerando os
textos de teatro, associados às artes cénicas, e os poemas vinculados à música. Desta forma, a
mesa propicia uma visão mais ampla sobre a questão de tradução dos gêneros poético e teatral,
destacando a polissemia tanto do texto original, trazendo possiblidades múltiplas de traduções,
quanto dos recursos linguísticos e poéticos de cada tradutor. A mesa-redonda traz um apanhado
de reflexões sobre os desafios e as perspectivas de traduzir poemas e peças teatrais, da Antiguidade
à idade contemporânea.
Palavras-chave: Tradução; poemas; peças de teatro.
RESUMO: Quando o Jesuíta José de Anchieta chega ao Brasil, no século 16, seu profundo interesse
para a cultura indígena o conduz a estabelecer uma gramática em língua tupi-guarani, Artes de
gramática da língua mais usada na Costa do Brasil, publicadas em 1549, o primeiro e uma das raras
referências até hoje (NAVARRO, 2005). Desde então, ele escreveu suas peças de teatro, poemas
em língua tupi, no intuito de evangelizar os Índios na língua deles e através de uma cultura que o
fascina e que ele respeitava. De origem espanhola, Anchieta constrói uma obra representando um
primeiro exemplo de literatura traduzida na língua migrante. Seu teatro Auto da Aldeia de Guaraparim,
escrito em tupi, lembra a obra do teatro de rua popular português Gil Vicente, do século 18, escritos
em português e espanhol, da mesma forma que Auto de São Guaraparim, escrito em três línguas:
tupi, português, e espanhol. Em um movimento inverso, a Europa, e particularmente a França,
também através da antropologia (LÉVI STRAUSS, 1955, CLASTRES, 1972), se interessa de maneira
ainda reservada, na « poesia » tupi e guarani traduzida para o francês, como mostra a antologia
poética La poésie du Brésil, traduzido por Max de Carvalho, 2011, com seu capítulo intitulado « Os
imemoriais » [« Les immémoriaux »] onde figuram mitos, cantos e poemas indígenas, em três
línguas guarani- português e -francês, ou a antologia La poesia guarani de Bareiro e Villagra Marsal,
2000. A pesar da produção fascinante de “literatura” de tradição oral (mitos, narrativas e poemas)
dos Tupis e Guaranis ser praticamente desconhecida no Brasil, e na França, o livro La poésie du
Brésil, organizado e traduzido por Max de Carvalho (Chandeigne, 2011), oferecendo três séculos
de poesia brasileira em edição bilíngue, abre-se com um capítulo de cantos e encantos nas línguas
tupi, guarani, portuguesa e francesa. Um deles, o “Canto de Vicença”, realizado por uma mulher
xamã, pertence à cultura Kadiwéu, revelando um rico imaginário e uma linguagem complexa. Na
minha comuniação, me questionarei sobre as características das traduções destes textos em língua
francesa. Partindo de reflexões teóricas sobre a especificidade oral dos cantos-poemas (VIVEIROS
DE CASTRO, 2009), podemos considera-los apenas como simples poemas, já que se aproximam
de outros gêneros literários, como o teatro (FALEIROS, 2011), ou a performance artística ? Estas
características trariam para o tradutor outras dificuldades e exigências, não apenas de natureza
interlingual, intercultural, mas também, de certa forma, intergenérica.
Palavras-chave: Cantos guaranis; Tradução; francês.
RESUMO: Um dos mais célebres poemas da língua inglesa “The Raven”, em português, “O
Corvo”, do escritor estadunidense Edgar Allan Poe foi publicado pela primeira vez no dia 29 de
janeiro de 1845. Sua primeira tradução em língua portuguesa é a do escritor Machado de Assis,
em 1883 – e que integra parte da breve análise aqui iniciada, como parte de estudos literários que
desenvolvo. Posteriormente, já em 1924, publica-a Fernando Pessoa, possibilitando que o leitor de
língua portuguesa possa contrapor elementos dispostos e mecanismos empregados às maneiras
peculiares de cada tradução. Considera-se que a autoria das mesmas se deu por escritores em
dois diversos países – Brasil e Portugal - e diferentes períodos. Além da pesquisa em textos que
estudam as traduções do poema, procurarei fazer um paralelismo das traduções com o ensaio de
autoria do próprio Edgar Allan Poe, Filosofia da Composição, publicado em 1846 (em que, o escritor
apresenta o modus operandi utilizado para construir “O Corvo”) como um exercício de reflexão e
validação da ideia de reconhecimento do texto poético como extremamente elaborado e pensado,
escapando às ideias transcendentalistas tão em voga à sua época. Também será utilizado o estudo
prévio de Adriano Mafra e Munique Scrull, publicados em 2010 e que versa sobre traduções deste
poema para a língua portuguesa.
Palavras Chave: “O Corvo”, Allan Poe, Tradução.
RESUMO: Bakhtin (1992) define os gêneros discursivos como processos interativos com três
dimensões essenciais e indissociáveis – conteúdo temático, forma composicional e estilo verbal –
determinados pelos parâmetros da situação de produção. “Em cada época de seu desenvolvimento”,
diz Bakhtin, “a língua escrita é marcada pelos gêneros do discurso e não só pelos gêneros secundários
(literários, científicos, ideológicos), mas também pelos gêneros primários (os tipos de diálogo oral:
linguagem das reuniões sociais, linguagem familiar, quotidiana, sociopolítica, filosófica etc.)” (p.
285). Como se pode notar, à noção de gêneros discursivos subjaz a de variantes linguísticas. Cada
gênero discursivo se distingue pela utilização seletiva de uma linguagem para adaptar a expressão
a um determinado público ou finalidade. Assim, um é o registro linguístico presente numa peça
de teatro e outro numa narrativa histórica; também não se verá a mesma variante linguística na
poesia e em tratados de caráter científico. Em 1845, Neófitos Dúkas, levantou o “problema da
tradução de Aristófanes”. Esse problema, segundo ele, consistia, por um lado, na dificuldade de
acomodação da língua popular do poeta antigo no grego arcaizante que ele, Dúkas, utilizava e,
por outro lado, na questão delicada do obsceno. Sempre que alguém se propõe a traduzir obras
em que a fala está presente, o problema da língua alvo aparece, impondo ao tradutor a escolha
entre a sua fala quotidiana e um registro linguístico arcaizante. De acordo com Várnalis (1970),
deve-se buscar a recriação qualitativa do texto original e a reprodução fiel do seu estilo. No
caso específico de Aristófanes, “o tradutor deve buscar uma língua que disponha de vivacidade e
força tal como o grego falado durante o V século a. C, uma língua que possa passar do obsceno
ao elevado sem parecer intrusa a nenhum desses espaços” (KARAGEORGHIOU, 2011: 816),
uma língua que represente “pessoas pertencentes às mais variadas classes sociais” (CARDOSO,
2011:26, DUPONT, 1999: 109, 118-120). Várnalis ainda observa que “não se deve esquecer que o
drama antigo se dirige a espectadores/ouvintes e não a leitores ”. Nessa mesma linha de raciocínio,
Dupont (1999: 5), referindo-se especificamente às obras do teatro latino, afirma que elas são
destinadas “unicamente à representação e o único critério de valor é o sucesso da representação”.
Na comunicação que proponho, apresentarei um histórico das traduções brasileiras do teatro
greco-latino, verificando até que ponto elas atendem aos desiderata enunciados pelos diversos
especialistas em tradução do teatro clássico.
Palavras-chave: Tradução; teatro; variação linguística
RESUMO: Esta mesa redonda versará exclusivamente sobre o principal romance de Raduan Nassar,
Lavoura arcaica, publicado em 1975. As três apresentações que comporão a mesa abordarão três
diferentes momentos do livro, a saber: a cena inicial (André e o espaço confinado do quarto),
o cortejo incestuoso de André endereçado à irmã (Ana) e o diálogo de André com o pai. As
diferentes perspectivas sobre as referidas passagens do romance acentuarão o caráter multívoco
do livro, aberto a visadas teóricas diversas e leituras múltiplas, característica que endossa o lugar
de clássico da literatura contemporânea brasileira que o romance já ocupa e que ajudou seu autor
a receber o prêmio Camões de literatura em 2016.
Palavras-chave: Lavoura arcaica. Linguagem. Alteridade. Erotismo.
RESUMO: Dividida em duas partes intituladas: A partida e O retorno, o romance Lavoura Arcaica,
de Raduan Nassar, é um convite ao extremo, à ruptura dos padrões da linguagem, da forma
literária como uma maneira de repensar os desejos interditos, reprimidos pelo tempo. Nesse
sentido, temos a imagem de um mundo individual que se restringe ao quarto de uma velha
pensão interiorana, onde são consagrados “nos intervalos da angústia [...] os objetos do corpo”
(NASSAR, 2009, p. 7). Nos propomos aqui ao estudo da cena inicial deste romance, a do quarto
de pensão – descrito pelo narrador como inviolável –, o cenário das rememorações, confissões
silenciadas e, interditas no espaço da fazenda, reveladas a Pedro que tem a missão de resgatar o
irmão pródigo. Diante disso, objetivamos refletir sobre as transgressões da linguagem e do corpo,
entendidas respectivamente, como formas de questionamento dos modelos estéticos tradicionais
e valores arcaicos patriarcais. Nessa subjetividade em que perpassam os conflitos do narrador-
personagem, como diz Adorno (2012, p. 59), este “[...] parece fundar o espaço interior [...] como
se a estranheza do mundo lhe fosse familiar. Imperceptivelmente, o mundo é puxado para esse
espaço interior. [...]”. A partir dessa compreensão, é o corpo que está em cena, impelido numa
embriaguez profunda, consumido pelo vinho, exposto às dualidades: sagrado e profano; desejo
e reparação. Assim, o corpo é o próprio abjeto1, visto não só na dimensão erótica, mas também
questionadora, posicionando-se contra a tradição milenar representada pelo pai, Iohána, que
ao sustentar a lei, atrai a transgressão. O abjeto (corpo) está em busca de um informe, de uma
definição das coisas e, por sua vez, atinge o excesso, transborda os limites – as fronteiras erigidas
na fazenda da família –, contrariando toda e qualquer lucidez repassada pelo pai durante os
sermões, tenta fundar um espaço no qual possa criar as próprias normas, expondo-se da forma
como veio ao mundo. Esse corpo é impulsionado a um outro espaço, pois não se encaixa nessa
moldura arcaica, então, na busca de um recomeço, excede os próprios limites, atinge o fim em
si mesmo. Após esgotar-se, ocorre o retorno. Do mesmo modo a linguagem busca um espaço
para consolidar-se em meio a tradição literária moderna. Nesse sentido, corpo e linguagem em
Lavoura Arcaica são ambivalentes. Desde o início, a narrativa do romance, de Nassar, acolhe um
lirismo ritmado para dizer aquilo que está nos subterrâneos da linguagem, transgredindo a forma
na busca de um lugar em que possa se firmar, contudo está sempre oscilando entre a diferença
e a repetição (DELEUZE, 1988). Temos, então, uma abertura, para a recriação de uma forma
(prosa poética) que não se encaixa na moldura do moderno, que impulsiona um novo lugar,
um recomeço. Tal como na pintura contemporânea que a imagem invade a moldura, em Lavoura
Arcaica, a linguagem transborda às margens da página, impõe, nega, como diz Paz (2013, p. 38)
“É uma ruptura contínua, um incessante separar-se de si mesma”, ou segundo as palavras de
Barrento (2013, p. 12), a linguagem na literatura de Nassar é um “ jardim de muitos canteiros em
que se semeiam ideias esperando daí que nasça alguma coisa [...]. Uma força de prosa reflexiva-
narrativa-poética que nasceu para a modernidade”.
1 Mesmo que informe, segundo Bataille (2016) seria algo que busca uma forma, um sentido, pois é impreciso,
indecifrável, produzindo sempre um movimento de repetição. Desse modo, esta tarefa é atribuída às palavras;
RESUMO: Para Bakhtin um diálogo consiste na pressuposição comunicativa com outros discursos
e o discurso do outro, em Lavoura Arcaica, o diálogo (face a face) entre André e o pai, após o retorno
daquele ao lar, releva um distanciamento entre aquilo que o pai tem de representação de si mesmo
diante da família - ou seja, como o pai se vê - e a imagem que o filho o define. Nesse sentido o
presente trabalho visa mostrar, através do diálogo estabelecido entre pai e filho, a relação não
equidistante do pai em relação ao discurso proferido pelo filho, a partir da dialogicidade interna
estabelecida pelos enunciados. Nesse processo enunciativo, em que as relações se agregam, cabe
verificar que Bakhtin compreende o mundo romanesco como um lugar de encontro do homem
dotado de fala. Assim, as relações dialógicas no caminho da autoconscientização, só terão sentido no
estabelecimento entre enunciados produzidos na interação verbal.
RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo fundamental proferir uma avaliação de conteúdos
específicos da linguística textual na aprendizagem de alunos do Ensino Médio pertencentes às
escolas públicas de São Luís (MA) e que participaram do Projeto de extensão Entretextos, oferecido
pela Universidade Federal do Maranhão no ano de 2017-2018. Projeto esse que visa despertar
os alunos de escolas públicas para atividades de leitura e produção textual. Ao utilizar-se dos
estudos realizados por Fávero e Koch (1994) que nos apresenta o texto em sentido lato, no
qual seria definido como toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano,
desempenhada por meio de um sistema de signos, observaremos sua unidade de sentido
e o conteúdo significativo e contextual, além dos critérios ou padrões de textualidade, muito
abordado na obra dos estudiosos citados. E em conjunto com a contribuição desses autores,
também tomaremos como base a ideia de Marcuschi (1983), que concede uma análise do texto,
observando também as condições gerais dos indivíduos, com a ideia de produção e recepção
do texto, sendo esta vinculada a processos sociais e configurações ideológicas. Desta forma,
destacaremos a partir dos conceitos estabelecidos na linguística textual por esses estudiosos,
a contribuição para a compreensão e prática de textos de assuntos variados, principalmente
na noção do que é um texto e no estudo de coerência e coesão textual, não pela aplicação de
reprodução de conceitos, mas por meio da didática sócio-construtivista de Vygotsky nos estudos
de Gauthier e Tardif (2013). Ressaltamos também que a maioria dos alunos que participaram
do projeto estava na fase final do Ensino Médio e que o objetivo de quase todos era desenvolver
técnicas para elaboração da redação dissertativo-argumentativa, pois essa produção é uma das
principais notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Por conta disso, o projeto de
extensão priorizou assuntos mais propícios para a execução da redação no Enem, apresentando
sempre temáticas atuais e que tinham probabilidade de estarem no exame. No decorrer desta
pesquisa, se perceberá se houve ou não uma evolução no desempenho nas produções textuais dos
alunos envolvidos no projeto e se houve, o porquê e de que forma percebeu-e essa evolução.
Palavras-chave: Projeto EntreTextos; Linguística textual; Produção textual.
RESUMO: Longe de ser uma mera técnica de comentário de texto, a Análise do Discurso não
estaciona na prática de interpretação do texto/discurso, trabalha, porém, seus limites, as estratégias
e mecanismos utilizados e demais fatores que contribuem para os processos de significação.
Seguindo por esta linha teórica, o presente trabalho buscou fazer uso dos conhecimentos teóricos/
científicos da Análise do Discurso para realizar um estudo acerca do discurso humorístico. Tendo
este tipo de discurso como alvo primário, definimos o objeto da pesquisa o discurso humorístico
do youtuber Whindersson Nunes, uma vez que os discursos propagados por meios digitais, neste
caso, uma plataforma de compartilhamento de vídeos via WEB, o Youtube, tem grande poder
de propagação, podendo, desta forma, atingir um elevado número de pessoas, tornando-o um
discurso com demasiados interlocutores. O que de fato ocorreu com o sujeito em questão. Seu
discurso humorístico “cativou” um surpreendente número que gira em torno dos 20 milhões de
pessoas, ultrapassando as fronteiras nacionais e continentais. Considerando os dados anteriores,
o objetivo do nosso trabalho consiste em identificar quais são as características discursivas do
discurso humorístico do youtuber Whindersson Nunes e como elas contribuem, se for o caso, para
tornar o discurso em questão tão audível e compartilhado. Para tanto, a empreitada consiste em
uma pesquisa de natureza bibliográfica e documental contando com as contribuições de teóricos
como Focucolt (1986), Pêcheux (1993), Mainguenau (2007), Charaudeau (2006), Possenti
(1998), Orlandi (2003) e Maldidier (2003). Os resultados apontam que o fator social, dentre
outros, presente no discurso estudado - assim como em muitos outros - possui grande relevância
para sua aceitação ou recusa por parte dos interlocutores. No caso do discurso humorístico do
Whinderson Nunes, o discurso é “próximo” das grandes camadas da sociedade, além do fator
humor - uma estratégia discursiva bastante utilizada para “ganhar” o público/interlocutor - é
quase que um relato de vida comum a muitas pessoas, o que o torna cativante, nostálgico e
pessoal uma vez que muitos interlocutores se identificam com o conteúdo do discurso e, por
conta disso, ajudam na propagação do mesmo compartilhando-o.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Discurso Humorístico; Youtuber.
RESUMO: Para Silva (2003), a identidade se constitui pela diferença, sendo esta, pois, a condição
de existência daquela. Em sites brasileiros de turismo, observamos que muitos aspectos do passado
da cidade de São Luís são apresentados como traços que diferem a capital maranhense de outros
lugares. Uma dessas diferenças está em seu acervo arquitetônico, localizado no Centro. Segundo
Abreu (2014, p. 21), uma das razões para a valorização do antigo, nas cidades brasileiras, “é o
fato de o país ser um lugar de cidades novas”, sendo poucas as urbes que “apresentam vestígios
consideráveis do passado”. Neste trabalho, com base em um levantamento das edificações
antigas mais citadas em alguns sites de turismo do Brasil, analisamos regularidades discursivas,
repetições, que permeiam textos que descrevem museus e casarões antigos do centro histórico
de São Luís. O trabalho tem como referencial teórico alguns conceitos propostos pela Análise
de Discurso francesa, campo do saber que entende o discurso como resultado da articulação
entre língua, história e sujeitos. Para essa perspectiva dos estudos discursivos, a história, e toda
exterioridade, é parte constitutiva da linguagem e, portanto, da produção de sentidos. Situamos,
também, nosso estudo, em algumas reflexões de Michel Foucault (2012) em relação ao seu conceito
de história e de enunciado, considerado pelo autor a “molécula” do discurso. Para o filósofo
francês, todo enunciado é formado por uma historicidade e tem suas margens sempre povoadas
por outros enunciados, constituindo uma rede de relações de significados, que se (re)velam ao
longo do tempo. O corpus desta pesquisa se compõe de dois sites: www.turismo.ma.gov.br, www.
matraqueando.com.br, selecionados por destacarem, com mais detalhes que outros aspectos do
passado da cidade. Os resultados demonstram que nas formas enunciativas de apresentação dos
atrativos da arquitetura colonial da capital maranhense existe um trabalho de instauração não
apenas de histórias e memórias, mas de identidades, na medida em que certas culturas são mais
comentadas que outras, nesses textos.
Palavras-chave: Identidade; Discurso; Sites de Turismo.
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo principal investigar a realização do arquifonema
/S/ em travamento silábico, mais especificamente em posição de coda medial, entre os falantes
da cidade de São Luís, Maranhão. O universo da pesquisa contempla o que geograficamente
denomina-se de Microrregião da Aglomeração Urbana de São Luís, que além da capital,
compreende os municípios de Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. O estudo, de teor
quali-quantitativo, está alicerçado sobretudo nos pressupostos teóricos das áreas da fonética e da
fonologia (Cagliari, 2002; Silva, 2007; Câmara Jr, 2006; Bisol, 1989). Permeada, ainda, por viés
sociolinguístico variacionista, a pesquisa se ampara nos estudos de Labov (1972), Tarallo, (1985)
e Cardoso (2010), principalmente. O desenvolvimento do trabalho contou com a participação
de quarenta informantes, considerando as seguintes variáveis linguísticas: diagenérica (gênero),
diatópica (localidade), diageracional (faixa etária) e diastrática (grau de escolaridade). Dados
preliminares indicaram que, de modo geral, os sujeitos informantes ao fazerem uso de linguagem
espontânea palatalizaram o arquifonema /S/ em posição de coda quando seguido das consoantes
oclusivas alveolares /t/ e /d/, da lateral alveolar /l/ e da nasal alveolar /n/, como verificamos, por
exemplo, nos vocábulos festa, desdobrar, desligar e asno, respectivamente. Tal ocorrência era
esperada e ratifica estudos fonológicos que apontam o fenômeno como predominante nos estados
da região nordeste do país (Silva, 2001). Entretanto, percebemos que alguns desses falantes, em
contexto de entrevista, utilizaram linguagem monitorada, não emitindo pronúncia palatalizada
conforme o padrão da localidade, mas articulando pronúncia fricatizada caraterística das regiões
sul e sudeste do país. Assim, podemos inferir que ambientes de maior formalidade, como entrevistas
e gravações, podem de alguma forma influenciar no ato de fala dos indivíduos, deixando-os mais
tendenciosos ao uso de uma suposta “variedade de prestígio”. Dessa forma, pretendemos traçar
um mapeamento das áreas sob investigação conforme a realização do processo de palatalização,
bem como verificar mudanças fonéticas e identificar fatores linguísticos e extralinguísticos que
influenciam o comportamento variacional.
Palavras-chave: Arquifonema /S/; Palatalização; Comportamento variacional.
RESUMO: O presente estudo objetiva-se, por apresentar uma visão holística de como o educador
pode lançar mão dos conhecimentos fonéticos e fonológicos em seu trabalho constante na sala de
aula quando detectado em seus alunos dificuldades na aquisição e desenvolvimento da linguagem.
Assim, utilizou-se como metodologia, a revisão bibliográfica, usando o método dedutivo,
descritivo e interpretativo para a análise das pesquisas apresentadas. Desse modo, teve-se como
os apontamentos teóricos: Vagones (1980); Saussure (2006); Bechara (2009); Oliveira (2005)
e Cagliari (1995). Vale enfatizar que muitas crianças sofrem com desvio de fala, por não haver
a implementação de programas de prevenção e estimulação da linguagem oral, na maioria das
escolas de educação básica possuem classes pré-escolares, por falta de conhecimento do índice
de prevalência de tais desvios pelas autoridades competentes. Tornando a educação deficitária e
causando grandes transtornos na vida escolar do estudante, quando este não consegui corrigir
determinadas alterações na linguagem. As reflexões expostas constituem uma problemática
com grande notoriedade nos dias atuais, em relacionar conceitos e contribuições dos estudos
fonéticos e fonológicos na área da educação, ratificando a sua importância para o docente, na
qual algumas vezes passa despercebida ou desconhecida por parte de alguns, deixando assim,
o ensino linguístico com defasagens, perpetuando-se no decorrer das séries posteriores. Através
dessas pesquisas fica evidente a fomentação da necessidade desses estudos principalmente nas
séries iniciais, devido ao processo de alfabetização. Desta forma, pontuam-se os resultados
da investigação, nos quais foram detectados que a prática, o educador, valendo-se da teoria
fonológica tornará o seu trabalho mais seguro, além de possibilitar um desempenho profissional
mais produtivo e agradável. Com base nisso é fundamental que os docentes compreendam como
se configuram sistematicamente a aquisição da fala e seus processos fonológicos para conhecer
intimamente a aquisição da linguagem escrita. Lembrando que é significativo refletir sobre o
aprofundamento da relação teoria e prática, no âmbito da fonética e da fonologia.
Palavras-chave: Docente. Fonética. Fonologia.
RESUMO: Com o grande aumento e a massificação da informação, vem sendo de total valia a
criação de glossários, pois o registro dos termos que fazem parte de um universo de especialidade
bem como suas definições tem contribuído de forma significativa para a melhora do diálogo entre
técnicos, especialistas e a comunidade em geral, uma vez que a multidisciplinaridade de muitos
universos obriga constantemente a troca de saberes. E, para que isso ocorra de forma fluída, é
necessário que os interlocutores conheçam as entidades que fazem parte desses universos. Nesse
sentido, o presente trabalho apresenta a metodologia da elaboração do glossário dos termos do
Técnico em Edificações do Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Para elaboração do glossário,
tomam-se como base os trabalhos de (LIMA, 2010), (RODRIGUES, 2010) e (BORGES, 2011).
Para concretização deste projeto foram realizadas pesquisas bibliográficas de textos técnicos da
área de edificações que constam na ementa das disciplinas ofertadas nos três anos do Curso
Técnico em Edificações do IFMA e de textos da área disponíveis na internet, dentre eles: teses,
dissertações, artigo e cartilhas. Após o levantamento, foram identificados e selecionados os termos
pertinentes para compor o glossário. O levantamento dos termos foi feito de duas maneiras: (i)
de forma manual e (ii) de forma automática, por meio do programa computacional Antconc. Na
etapa seguinte, de definição dos termos, foram buscados os contextos nos quais os termos foram
encontrados, para então, partir para a elaboração das definições dos termos selecionados. Vale
ressaltar, que os contextos selecionados para fazer parte do conjunto de textos para ajudar na
elaboração foram retirados não só do próprio corpus, mas também de textos da área extraídos da
internet, como já explicitado, com vistas a facilitar o trabalho de elaboração das definições, já que
muitos textos que constituem a ementa do curso, não possuem informações suficientes para a
construção da definição do termo, levando em consideração o público-alvo: os alunos do curso
de Edificações do IFMA. Pretende-se com este trabalho, apresentar os passos percorridos desde a
coleta até a elaboração da definição dos termos, apresentando alguns exemplos que constituirão
o glossário dos termos da área de Edificações.
Palavras-chave: Terminologia; Glossário; Edificações; Ifma.
RESUMO: No dicionário (HOUAISS, 2009), o vocábulo morfologia está definido como o estudo da
constituição das palavras e dos processos pelos quais elas são construídas a partir de suas partes
componentes, os morfemas, além dessa definição, o dicionário eletrônico Houaiss se divide
em dois, a saber: Dicionário da língua portuguesa e Dicionário de elementos mórficos. No que
concerne ao dicionário de elementos mórficos, é possível observar uma vasta lista de elementos
que constituem a palavra, como prefixos e sufixos e, ainda, informações como origem e função.
Nesse sentido, é notório observar a importância dos estudos morfológicos para a compreensão
das palavras que compõem a língua, neste caso, a língua portuguesa. No entanto, ainda são pouco
expressivas no cenário brasileiro as pesquisas envolvendo questões morfológicas, sobretudo, em
universos especializados. Considerando essa realidade, o presente projeto objetiva analisar no viés
morfológico os termos que constituem o universo terminológico da área de Edificações. O trabalho
ora apresentado toma como base os pressupostos teóricos dos estudos morfológicos, sobretudo,
nos trabalhos de (SANDMANN, 1997), (CORREIA, 2004) e (ALVES, 2004). Metodologicamente,
foram selecionados termos que constituem o universo do Técnico em Edificações do Instituto
Federal do Maranhão (IFMA). O corpus da pesquisa foi extraído de textos técnicos da área de
edificações que constam na ementa das disciplinas ofertadas nos três anos do Curso Técnico
em Edificações do IFMA e de textos extraídos da internet, são eles: teses, dissertações, artigos,
cabrtilhas. Em seguida, selecionou-se termos que, em sua formação, são construídos por meio
de processos de derivação (prefixal e sufixal), composição (coordenada e subordinada) e, ainda,
compostos sintagmáticos, para então, partir para a análise morfológica dos termos. Com base
nas análises iniciais, foi possível observar que as formações por derivações prefixais e sufixais
oferecem subsídios linguísticos de padrões morfológicos que dão pistas evidentes da origem da
palavra, qual área ela se insere e ainda a função dela num contexto geral.
Palavras-chave: Morfologia; Edificações; IFMA.
RESUMO: No dicionário (HOUAISS, 2009), o vocábulo morfologia está definido como o estudo da
constituição das palavras e dos processos pelos quais elas são construídas a partir de suas partes
componentes, os morfemas, além dessa definição, o dicionário eletrônico Houaiss se divide
em dois, a saber: Dicionário da língua portuguesa e Dicionário de elementos mórficos. No que
concerne ao dicionário de elementos mórficos, é possível observar uma vasta lista de elementos
que constituem a palavra, como prefixos e sufixos e, ainda, informações como origem e função.
Nesse sentido, é notório observar a importância dos estudos morfológicos para a compreensão
das palavras que compõem a língua, neste caso, a língua portuguesa. No entanto, ainda são pouco
expressivas no cenário brasileiro as pesquisas envolvendo questões morfológicas, sobretudo, em
universos especializados. Considerando essa realidade, o presente projeto objetiva analisar no viés
morfológico os termos que constituem o universo terminológico da área de Edificações. O trabalho
ora apresentado toma como base os pressupostos teóricos dos estudos morfológicos, sobretudo,
nos trabalhos de (SANDMANN, 1997), (CORREIA, 2004) e (ALVES, 2004). Metodologicamente,
foram selecionados termos que constituem o universo do Técnico em Edificações do Instituto
Federal do Maranhão (IFMA). O corpus da pesquisa foi extraído de textos técnicos da área de
edificações que constam na ementa das disciplinas ofertadas nos três anos do Curso Técnico
em Edificações do IFMA e de textos extraídos da internet, são eles: teses, dissertações, artigos,
cabrtilhas. Em seguida, selecionou-se termos que, em sua formação, são construídos por meio
de processos de derivação (prefixal e sufixal), composição (coordenada e subordinada) e, ainda,
compostos sintagmáticos, para então, partir para a análise morfológica dos termos. Com base
nas análises iniciais, foi possível observar que as formações por derivações prefixais e sufixais
oferecem subsídios linguísticos de padrões morfológicos que dão pistas evidentes da origem da
palavra, qual área ela se insere e ainda a função dela num contexto geral.
Palavras-chave: Morfologia; Edificações; IFMA.
RESUMO: Diante das divergências encontradas entre teoria e prática na educação de surdos no
Brasil, a proposta deste trabalho é apresentar noções fundamentais relacionadas ao ensino do
português na modalidade escrita para surdos, suas peculiaridades e desafios desde o processo
de aquisição da linguagem. Os estudos iniciaram através de um levantamento e estudo do
material teórico relacionado ao tema proposto. O texto inicia-se discorrendo a respeito da teoria
gerativista de Chomsky (1959), conhecimento indispensável à elaboração de quaisquer estudos
ou conhecimento base para profissionais que atuam na educação de surdos. Desenvolve-se
tratando dos aspectos da educação bilíngue, considerada ideal pela comunidade surda e assim
como a LIBRAS, exalta a importância da disciplina “Português para Surdos”. Finaliza defendendo
a mais nova proposta voltada ao ensino do português como segunda língua para surdos o PPE-
Português-Por-escrito. Metodologia apresentada por Grannier (2002). Segundo a autora, para
ampliar o seu poder de comunicação, bem como para ocupar o seu lugar de direito na sociedade e
na cultura que a rodeiam e ter acesso aos benefícios de uma educação formal, a criança usuária da
Língua de Sinais Brasileira precisa adquirir também a língua dominante em seu país, o português
na modalidade escrito. Esta proposta de ensino leva em consideração o conceito do ser “bilíngue”
de Macnamara (1967), que afirma que bilíngue é a pessoa que possui uma competência mínima
de pelo menos uma das habilidades linguística: ler, escrever, falar ou ouvir em outra língua
diferente da sua L1. Souza e Grannier (2016) destacam que o surdo pode não querer aprender ou
mesmo não conseguir desenvolver a capacidade de falar, mas ainda sim saberá escrever ou ler em
Português por escrito com alguma proficiência para ser considerado bilíngue. O estudo ainda está
em andamento e ainda não temos os resultados práticos de sua aplicação.
Palavras chave: Português-por-escrito – PPE; Aquisição da Linguagem; Bilinguismo.
RESUMO: Este trabalho tem como foco a produção de contos literários clássicos e regionais no
processo ensino-aprendizagem do aluno surdo visto que, segundo Campelo (2008) “estes sujeitos
Surdos se constituem a partir da visualidade na construção do seu “ser”. O ato de “ver” ou de
“olhar” o mundo exige uma mediação semiótica, uma interação entre a propriedade suprida
pelo signo e a natureza do sujeito que olha ou observa”. Na mesma linha de raciocínio, Karnopp
(2008) afirma que a literatura estimula a criatividade do indivíduo, mas as escolas devem propor
a aprendizagem através da visualização ao sujeito surdo e utilizar a Língua de Sinais como primeira
Língua ou a escrita de sinais. Sobre a escrita de sinais, Stumf (2005) diz que os surdos precisam
escrever nas suas Línguas de Sinais, precisam intercambiar através de grafismos suas expressões
linguísticas, como os ouvintes o fazem utilizando os diferentes alfabetos inventados para as
diversas línguas orais, esta ação, se faz necessário, para familiarizar como, quem sabe, uma
futura escrita destes surdos. Realizamos a escolha de alguns contos clássicos e regionais, com o
intuito de valorizar nossa região e, procuramos, através de imagens fotográficas, vídeos e a Libras,
construir um material pedagógico que o aluno surdo se identifique e tenha interesse em aprender.
Constatamos, parcialmente, ao apresentar os contos em Libras para os alunos surdos, um maior
interesse em interagir com as obras trabalhadas, fortalecendo, de fato, o processo e, com a
identificação com a Libras e a Escrita de Sinais, a aula fluiu naturalmente, contribuindo para a
construção de um saber significativo. Os Contos trabalhados e adaptados foram: o clássico “O
Mágico de OZ” de L. Frank Baum, “a flor”, uma produção de um autor desconhecido, e as ledas:
da Iara, do Saci, da Cobra Grande e Bumba meu boi, além do conto “o urso e os dois viajantes”.
Palavras-chave: Literatura surda, Libras, Escrita de Sinais.
RESUMO: O estudo tem por objetivo analisar traços do modelo de educação abordado por
Ruth Rocha no terceiro capítulo de sua obra literária “Este admirável mundo louco”. No capítulo
em análise, “Quando a escola é de vidro”, a autora retrata características da cultura escolar
tradicional apresentando no final da narrativa o que ela chama de “modelo experimental”, com
o qual procuraremos estabelecer paralelos com o paradigma pedagógico escolanovista. Na
construção da análise, nos parece útil a categoria Cultura Escolar. Para (JULIA, 2001) a Cultura
Escolar abrange normas e práticas: normas que definem o que deve ser ensinado e práticas
que permitem não apenas a transmissão de conhecimentos, mas também a incorporação de
comportamentos. O enfoque do estudo é historiográfico. A partir dos estudos de (LOPES, 2012)
podemos compreender a literatura como fonte alternativa nos estudos da História da Educação
por representar acontecimentos pautados no cotidiano da humanidade face às transformações
históricas. Na esteira da renovação do campo historiográfico, (BURKE, 1992; 2003) apresenta
uma abordagem sobre a possibilidade de novas fontes elencadas pela História Cultural a partir da
segunda metade do século XX, tendo em vista que apenas as chamadas “fontes oficiais” podiam
ser consideradas verdadeiras, anteriormente. Essa corrente historiográfica faz a interpretação dos
símbolos inventados pelo homem no intuito de compreender os fatos. No campo pedagógico,
buscamos compreender aspectos das concepções pedagógicas tradicional e escolanovista,
estabelecendo-se traços comparativos entre esses dois paradigmas e a narrativa em questão.
Assim, procuramos compreender os traços simbólicos da relação entre professor-aluno, da relação
aluno-aluno, da disciplina dos corpos associada ao comportamento, do modelo escolar dividido
em séries e o método de avaliação classificatória, cuja sentença para a reprovação se caracteriza
pela permanência na mesma série, sem levar em consideração as diferenças. Dessa maneira,
ao utilizarmos a obra literária de Ruth Rocha para a captura de um passado que apresenta
características das concepções pedagógicas representadas no modelo de escolas presente na obra,
constatamos que, até os dias atuais, os dois paradigmas, tradicional e escolanovista, encontram-
se no campo de disputas no espaço pedagógico.
Palavras-chave: História da educação; Literatura; Concepções pedagógicas.
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo propor o ensino da variação linguística dentro
da sala de aula, sob o auxílio da Matriz de Referência de Língua Portuguesa a partir do descritor
13 “D13”. A matriz de referência nacional foi desenvolvida pelo Sistema Nacional da Avaliação
da Educação Básica (SAEB), a fim de avaliar e estimular as competências dos alunos em cada
disciplina série/ano. Cada Matriz se diferencia de acordo com as disciplinas que serão trabalhadas
e essas se dividem em descritores que implicam habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos.
Através desta pesquisa notamos a importância da matriz para o campo do ensino, com ela os
alunos serão capazes de realizar leitura de textos variados e não só interpreta-los, mas também
reconhecer as marcas linguísticas que os diferenciam, e distinguir os seus locutores. Diante de
tantas mudanças na língua a variação linguística é constante, mas é notável que alguns professores
vão além do livro didático para trabalhar essa questão. Entre as metodologias disponíveis para
o ensino, especialmente o de língua, as Sequências Didáticas “SDs” se apresentam como uma
alternativa com excelentes resultados, por isso vem ganhando cada vez mais espaço. Essas
sequências didáticas nada mais são que uma forma de o professor induzir o aluno a construir
seus próprios conhecimentos através de propostas elaboradas por ele de forma sequenciada.
Muitas instituições públicas e privadas já oferecem capacitação para os seus professores sobre
a elaboração de sequências didática. Como corpus do nosso trabalho utilizamos como exemplo
duas sequências didáticas do livro COLETÂNEA DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA (COSTA, 2017), com intuito de mostrar como a metodologia das sequências
didáticas pode ser eficaz para melhor introduzir o ensino da variação linguística dentro da sala
de aula. O embasamento teórico deste trabalho se apoia nos autores: (Bagno, 1999), (Antunes,
2014) e (Marcuschi, 2008).
Palavras-Chave: Matriz de Referência; Variação Linguística; Sequências Didáticas.
RESUMO: O presente artigo apresenta reflexões importantes sobre o ensino de língua portuguesa
no que se refere à prática da oralidade em contextos formais, chamando a atenção para o ensino
dos estilos monitorados da língua, também chamados de gêneros secundários, em relação de
como a escola pode fazer para garantir o ensino monitorado, em que contextos podem ser usados,
quem geralmente usa este estilo monitorado e que esse ensino exige todo um planejamento e
metodologia própria ficando ao docente a função de trabalhar o monitoramento inserindo o
aluno em contextos reais de comunicação oral, assim, o aluno será capaz de fazer isso dentro
e fora dos muros da escola. A modalidade oral como conteúdo a ser trabalhado na escola já
vem sendo enfatizada por diversos estudiosos da linguagem, como Gomes (2015), Irandé (2003),
Costa (2007), entre outros, que serviram como base de aprofundamento teórico para nossa
pesquisa. Portanto, neste artigo, nosso objetivo é apresentar a importância de se trabalhar à
oralidade desde cedo, principalmente a oralidade em contextos formais, refletir sobre o dever da
escola como ferramenta principal para que o estilo monitorado seja ensinado, garantindo aos
alunos o domínio do uso da língua em contextos reais de comunicação oral. O professor tem a
função primordial de desenvolver práticas reais no ensino monitorado, mostrando ao aluno que
é necessário fazer uso correto da língua porque em determinados momentos ele precisará utilizar
a linguagem mais formal e não porque a sua forma de falar (variante) é errada, ou seja, o aluno
deve está ciente de quando usar a linguagem formal e a informal. Muito tem se discutido sobre
o ensino dos gêneros secundários em sala de aula, tendo em vista que esse gênero exige maior
monitoramento, podendo se manifestar na escrita e na fala, pois há momentos que devemos
nos policiar, sobre como falar diante de várias situações no meio social. Não cabe mais à escola
apenas ensinar o aluno a ler e escrever: é preciso instruí-los a relacionar a língua às suas práticas
sociais. A escola tem como papel fundamental estimular os alunos na monitoração dos estilos
orais de aprendizagem. Qual a importância de inserir os alunos em contexto reais de comunicação
oral de estilos monitorados?
Palavras-chave: Língua; Monitoramento; Ensino.
RESUMO: O uso de ditongos decrescentes tem sido bastante discutido nas pesquisas de base
sociolinguística variacionista. O nosso objetivo é analisar quais são os fatores que possibilitam
a interferência da fala na escrita de crianças das séries iniciais. Discutiremos a importância
de considerar a variação linguística na abordagem de língua materna, e apresentaremos
algumas descrições relacionadas a variações fonológicas pelo processo de monotongação. A
monotongação consiste no apagamento de uma semivogal de um ditongo decrescente reduzindo
um encontro vocal a uma vogal única. No português brasileiro, dinheiro passa a ser pronunciado
como /dinhero/, roupa /ropa/, frouxo como /froxo/. Isso acontece devido a algum fator que
possibilita essa variação no desenvolvimento da linguagem. As variações de pronúncia podem
afetar a aprendizagem da língua escrita e a distinção entre língua escrita e língua falada. É sabido
que a obtenção da consciência fonológica contribuirá efetivamente no processo de alfabetização
(LEMLE, 1991). A aplicação da sociolinguística laboviana ao ensino de língua materna muito
vem contribuindo para o aprimoramento dos métodos de ensino da modalidade padrão, tanto
na metodologia dos professores no que tange ao ensino de determinados conteúdos, quanto na
melhoria dos livros didáticos. Resultante da interação entre fatores internos e externos à língua,
a mudança não pode ser entendida fora da vida social de uma comunidade de fala porque são
os seres humanos, que vivem em sociedades complexas, hierarquizadas, heterogêneas, instáveis
e sujeitas a conflitos e transformações, que mudam a língua (LABOV, 2008). Como pressuposto
teórico-metodológico para esta pesquisa, adotamos a teoria da variação e mudança linguística,
à luz da Sociolinguística Variacionista proposta por William Labov, que consiste na análise e
descrição da variação das estruturas básicas de funcionamento da língua.
Palavras-chave: Variação fonológica; Monotongação; Escrita.
RESUMO: O presente estudo tem como objetivo apresentar uma leitura do romance Galiléia, de
autoria do escritor brasileiro Ronaldo Correia de Brito, publicado em 2008, no qual fomenta a
história de uma família que gira em torno de seu patriarca, Raimundo Caetano. Tal leitura tem
o intuito de delinear uma interpretação da representação feminina elaborada nessa narrativa, na
perspectiva das personagens Maria Raquel esposa de Raimundo Caetano e Tereza Araújo, negra
que foi morar ainda muito nova com seu padrinho Raimundo, chegando a ter 2 filhos com o
mesmo, na qual viveram ou ainda vivem suas dores, amores, angústias e conflitos, constituindo
assim, uma memória de um clã, ligada a fatores tradicionalistas, mostrando os contrastes entre a
vida no mundo contemporâneo e as tragédias de uma família tradicional . Busca entender como
constitui a configuração neorregionalista e quais efeitos e tensões causam na representação
feminina na referida obra, Maria Raquel esposa que foi obrigada criar 2 filhos fora do casamento
e conviver sobre o mesmo teto com Tereza Araújo, estabelecendo assim uma convivência de
ódio e rancor, tudo pelo mesmo propósito: não anunciar socialmente o adultério, evitando uma
ruptura dos valores tradicionalistas. A pesquisa tem como referencial teórico, Cândido (2002)
observador da sociedade e um estudante da psique humana, Bakhtin (2008) para análise das
práticas de linguagem do dia a dia, bem como o Neorregionalismo Brasileiro do escritor Herasmo
Brito(2017), no qual corteja em sua obra que a presença da memória funciona como instrumento
de resistência e manutenção da cultura popular regional como registro e identificação de quem
somos, das nossas identidades, pois memória e identidade são unidades indissociáveis, uma não
existe sem a outra.
Palavras – chave: Tradicionalismo; Representação Feminina; Neorregionalismo.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo abordar o ensino das variantes da língua em sala de
aula e apresentar propostas para professores aplicarem técnicas para o desenvolvimento eficaz
do ensino das variações linguísticas. Como se sabe, quando tratamos de variações da língua nos
deparamos diante de diversos paradigmas, um deles é o preconceito linguístico. Trazendo para
a sala de aula, o que vemos é que quando o aluno comete um “erro” na sua fala é notório a
repulguinância e a conclusão de que aquele determinado aluno não domina a norma padrão e
que este não sabe falar de maneira “correta”. Muitas vezes o professor não está preparado para
intervir em situações como estas e de maneira grosseira apenas corrige o aluno falando a palavra
de acordo com a norma culta da língua. Trataremos então da importância de se trabalhar as
variações linguísticas presentes no meio social, usando como ponto de partida a sala de aula,
trazendo assim a significação de se conhecer as variantes. Apresentaremos sugestões e propostas
das quais o professor poderá desenvolver juntamente com os alunos maneiras de inserir os atos de
fala no que diz respeito ao ensino em sala de aula, de modo que todos compreendam a relevância
de se dar uma atenção maior a este assunto. No primeiro momento comentaremos um pouco
sobre as variantes e como ela se faz presente no nosso cotidiano, pois não tem como deixa-las
de lado nem dizer quem se fala “certo ou errado” é necessário conhecer as variações da língua e
ensinar para os alunos que elas servem para enriquecer o vocabulário e é o que particulariza cada
comunidade. Em seguida mostraremos como acontece o ensino dessas variantes nas escolas, a
importância de se trabalhar este assunto e por fim, apresentaremos propostas pedagógicas para
o trabalho em sala de aula. O referencial teórico se dá com o apoio dos autores: (BORTONI-
RICARDO, 2005), (ANTUNES, 2003) e (BAGNO,1999, 2000).
Palavras-chave: Variantes Linguísticas; Ensino; Propostas Pedagógicas.
RESUMO: Esta pesquisa, ainda em fase inicial, vinculada ao projeto Aplicativos digitais na
aprendizagem de línguas, tem como objetivo analisar a emergência de estratégias de aprendizagem
(EA) no âmbito do uso de aplicativos digitais móveis (app) por aprendizes de português como
língua estrangeira. Para tal, partimos da seguinte questão norteadora: que estratégias de
aprendizagem (EA) (OXFORD,1990) emergem no âmbito do uso de aplicativos digitais móveis
(app) por aprendizagem de português como língua estrangeira? As Estratégias de Aprendizagem
(EA) de LE, na visão de Oxford (1990) constituem um amplo conjunto de ações, pensamentos e
habilidades usados pelos aprendizes de LE para aprenderem e para usarem a língua alvo nos mais
diversos contextos de aprendizagem e de comunicação. Nesse sentido, entendemos o processo
de aprendizagem como um Sistema Adaptativo Complexo (SAC), o qual envolve uma série de
fatores (agentes) que interagem de forma dinâmica e aleatória (PAIVA, 2009; LARSEN-FREEMAN,
1997). Dentre tais fatores (agentes) temos o uso de tecnologias digitais, especificamente os
aplicativos digitais, no processo de aprendizagem de línguas estrangeiras (LE). Para viabilizar o
estudo, analisaremos questionários aplicados a aprendizes de português como língua estrangeira
usuários do Aplicativo Hello Talk. Para a análise das EA, tomamos como base o inventário de
estratégias de Oxford (1990). Nessa perspectiva, esta pesquisa parte da ideia de que estudantes
de português como língua estrangeira ao utilizarem aplicativos móveis durante o processo de
aprendizagem podem obter um resultado mais satisfatório, uma vez que mobilizam estratégias
individuais que favorecem o desenvolvimento da autonomia, sobretudo em sua dimensão social
(ARAÚJO-JÚNIOR, 2013).
Palavras-chave: português como língua estrangeira; aplicativos digitais; estratégias de
aprendizagem.
RESUMO: Ensinar língua Inglesa nas escolas tem sido cada vez mais difícil para os profissionais
que atuam nessa área que, por sua vez, enfrentam inúmeras dificuldades como a falta de material
para estudo, professores prejudicados pela falta de disciplina, alunos desanimados, falta de um
ambiente adequado para aprendizagem do idioma e outros inúmeros fatores que contribuem
para uma má qualidade no ensino e na educação. Sabe-se, portanto, que devido a uma infinidade
de metodologias que são apresentadas ao longo da vida do estudante, o qual passa por muitos
percalços no processo de aprendizagem, de modo que irá refletir por um longo período de tempo
na vida desse indivíduo. De acordo com Lima (2009) o estudo da língua inglesa leva o aluno a
expandir o seu vocabulário, fazendo com que o mesmo se expresse melhor no meio social e cultural
abrindo as portas para a comunicação. Levando-se em consideração esses aspectos mencionados,
a presente pesquisa tem por objetivo apresentar as principais dificuldades enfrentadas por
professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem da língua inglesa, trazendo assim
uma compreensão da realidade da nossa educação. Para a realização desse estudo, utilizou-se
a pesquisa descritiva e bibliográfica sobre a temática que tem como fundamento os seguintes
teóricos: “Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: conversas com especialistas”, de Diogenes
Lima (2009); “Jogos e atividades para o ensino de inglês”, de Elisabeth Prescher (2010) e “O
Ensino de Língua Inglesa e suas metodologias”, de Jessé Mourão (2012). Estes deram consistência
a esse trabalho através de estudos desenvolvidos na área. De acordo com o que foi abordado,
pode-se concluir que a importância de profissionais qualificados na área de educação em língua
pode levar o aluno a despertar o interesse do Inglês que é a principal língua usada na comunicação
internacional nos dias atuais. Por isso, é necessário estimular os alunos cada vez mais e demonstrar
para eles que é possível conseguir conhecimentos no decorrer de suas vidas.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, dificuldades, língua inglesa
RESUMO: Essa pesquisa objetiva investigar qual é a função das imagens em um Livro Didático (LD)
de Língua Espanhola destinado para o ensino de línguas estrangeira. Optamos por realizar uma
investigação do tipo qualitativo descritiva, para realizar-la, primeiro fizemos um levantamento da
quantidade de imagens presentes em um capítulo do livro investigado, em seguida avaliamos a
existência da relação imagem-texto (BARTHES, 1977), para ele as imagens se relacionam com o
texto de três formas distintas por: ancoragem (texto apóia-se nas imagens); ilustração (imagem
apóia-se os textos) e relay (um modo apóia-se no outro, a imagem e o texto são complementar).
Partimos da concepção da Semiótica Social (HODGE, KRESS, 1988) onde defende que toda
comunicação é multimodal, por isso utilizamos as metafunções da Gramática do Desing Visual
(GDV) para compreender o que as imagens representavam (KRESS, VAN LEEUWEN, 2006), A GDV
é uma gramática descritiva e explicativa das imagens, suas metafunção expressam que os modos
presentes em uma imagem servem para comunicar. As metafunções são três a: representacional- as
pessoas constroem representações sobre o mundo, sobre suas ideias e experiências; interacional-
expressa as relações sociais entre os envolvidos no evento comunicativo (leitor e representados)
e a composicional- expressa a organização dos elementos que compõem os significados, onde
a posição, destaque e a moldura representam modos. Também destacamos a importância d e
repensar o livro didático e a função do professor reflexivo (LUCAS, 2016). Constatamos que em
nenhuma das atividades em que as imagens apareciam com textos verbais havia a leitura das
imagens, ao seu conteúdo ou a qualquer relação que elas tivessem com o texto verbal. Vimos que
a relação entre a imagem e texto verbal presentes nos textos analisados estão de acordo com a
classificação ilustração de Barthes (1977), ou seja, o texto verbal é o principal elemento e a imagem
o interpreta (ou tenta). As imagens apresentadas no livro não estão conforme o letramento visual,
para isso, deveria está direcionado ao entendimento que as informações visuais não são apenas
adorno do verbal, más elementos semióticos que agrega valor ao texto.
Palavras-chave: Letramento visual, Material didático, Gramática de Desing Visual (GDV)
RESUMO: Esta pesquisa analisa o processo de formação dos professores de Inglês em um curso
de idiomas em São Luís – MA, no intuito de traçar um perfil quanto à formação acadêmica de
nível superior destes profissionais, a escolha em exercer esta função bem como a relação de suas
experiências prévias com o idioma e seu papel enquanto professor. O referencial teórico que dá
suporte a este trabalho enfatiza a importância em revelar como o especialista em Língua Inglesa
vem se formando nesta instituição de ensino e a origem das teorias que embasam suas escolhas
pedagógicas em sala de aula além de suas crenças sobre o ensino de Inglês como língua estrangeira.
Assim, fundamenta-se, entre outros, nos seguintes autores: Almeida filho (1993), Moita Lopes
(1996), Ramalho, Nuñez e Gauthier (2004), Moita Lopes e Bastos (2010), Bahury e Araújo (2011),
Miller (2013) e Oliveira (2015). Para materialização desta pesquisa de campo, que tem como
metodologia o estudo de caso, selecionamos um curso livre de idiomas conhecido na cidade e
com um corpo significativo de professores. Quanto à abordagem, foram gerados dados quanti e
qualitativos pelos vinte docentes participantes por meio da aplicação de um questionário contendo
dez questões, sendo sete fechadas e três abertas, além de informações pessoais e dados a respeito
da formação escolar (desde a educação básica até a formação continuada). As questões abertas
foram tratadas utilizando-se a análise de conteúdo das falas das amostras obtidas e os dados
quantitativos foram categorizados em gráficos percentuais. Os resultados parciais apontam uma
formação acadêmica insuficiente visto que 60% da amostra possui formação acadêmica inicial
em outras áreas, que não seja em Letras, Pedagogia nem em qualquer outra licenciatura. Assim,
pudemos confrontar os dados da pesquisa com teorias que tratam sobre a formação inicial dos
professores de Inglês, a necessidade da conscientização da sua autoformação e a importância de
incentivos das instituições para qual lecionam.
Palavras-chave: Formação de professores; Professor de Inglês; São Luís - MA
RESUMO: El aula debe ser el espacio, por excelencia, de la percepción del enlace existente entre
lo lingüístico, lo social, lo cultural y lo ideológico. Teniendo en cuenta que en las clases de lengua
española en las escuelas públicas brasileñas el libro didáctico aun es el elemento central de la
enseñanza y del aprendizaje, esa percepción solo se puede concretar mediante el uso de ese material.
Por lo dicho, el objetivo de esta investigación en desarrollo es analizar el tratamiento dado a la
temática étnico-racial en los libros didácticos de español del PNLD (Programa Nacional de Libros
Didácticos), trienio 2018-2020, utilizados en la Enseñanza Secundaria en Brasil. El acicate del
análisis propuesto es la investigación sobre el espacio y el tratamiento dado a la diversidad étnico-
racial sobre todo de América Latina, en especial, a la diversidad de origen africana e indígena.
Para el razonamiento de la temática se basa en los presupuestos teóricos de Lopéz (2015), Moita
Lopes y Bastos (2002, 2009, 2010 y 2012), Silva (2010, 2015), Quijano (2009, 2014), Munanga
(2005, 2008), Walsh (2009), Daher, Freitas e Sant’Anna (2013), Vargas y Zorzo-Veloso (2013) y
Cunha (2009). Los resultados parciales apuntan, mismo frente a los avances legales obtenidos, la
necesidad de mayor visibilidad de aspectos lingüísticos, culturales y sociales de voces disidentes de
América Latina para la legitimación de una cultura antirracista en las prácticas escolares y sociales
cotidianas.
Palavras-chave: Libro didáctico; PNLD; Enseñanza secundaria
RESUMO: A sociedade moderna cada vez mais tecnológica tem buscado novos meios de atrair
o público e a combinação de diversos modos se mostra uma boa alternativa para isso, pois as
pessoas buscam recursos tecnológicos inovadores, com recursos diferentes, com mais ferramentas
e mais possibilidades de uso, e o layout de apresentação também se mostra fator conquistador
do publico. O mesmo ocorre em sala, com o uso dos textos, essa nova tecnologia também se
manifesta nos textos, que se apresentam com novos layouts, combinando modos/ signos para criar
sentido, são os chamados hoje “textos multimodais”, que numa linguagem simples são aqueles
que apresentam uma combinação de elementos verbais e não verbais. O professor, devendo estar
atento às transformações sociais e aos anseios dos alunos, se depara com maior freqüência com
textos com essas características, e deve saber trabalhar com eles, mostrando as relações entre esses
diversos modos (texto, imagem, tipografia, cores...) que colaboram para dar sentido ao texto.
Os professores de língua estrangeira também se inserem nesse contexto moderno multimodal da
comunicação. E esse contexto pode ser entendido pelo professor como um dos meios que ele pode
usar com seus alunos para que esses conheçam a história e/ou aspectos culturais e lingüísticos
dos países falantes de espanhol. Sendo, portanto, nosso objetivo neste trabalho refletir sobre o
aproveitamento dos textos multimodais no aprendizado da língua espanhola levando o professor
a repensar suas práticas no uso do texto em sala. Essa reflexão será feita através de um apanhado
teórico embasado em autores como (DIONISIO, 2014), (DIONISIO; VASCONCELOS, 2013);
(KRESS, 2009) e (KRESS; JEWITT et.al.,2014) além de apresentar algumas sugestões de exploração
do texto multimodal para aulas de língua espanhola. Percebemos que o uso do texto multimodal,
em especial, tirinhas, charges e anúncios publicitários por apresentarem textos verbais curtos,
possibilita ao professor de língua espanhola trabalhar de maneiras diversas e instigar a criticidade
do aluno, possibilitando que tenha um novo olhar para textos multimodais identificando a
intencionalidade presente neles, além de abordar aspectos lingüísticos característicos do idioma e
aspectos regionais do espanhol além das situações em que são usados, identificando até mesmo
o porquê do uso em determinadas situações.
Palavras-chave: Texto multimodal, Ensino, Professor, Língua Espanhola
RESUMO: A Onomástica e a Lexicologia são áreas que têm em comum o estudo dos nomes
e do léxico de uma determinada língua, assim, temos também a Toponímia e a Antroponímia
que se ocupam, respectivamente, do estudo dos nomes de lugares (topônimos) e dos nomes
de pessoas (antropônimos). Uma análise onomástico-toponímica do topônimo nos permite,
além de conhecermos sua motivação física ou antropocultural, verificar fenômenos linguísticos
como a ressemantização, o esvaziamento linguístico, assim como características etimológicas.
Dessa forma, a presente pesquisa visa conhecer a motivação do léxico toponímico de sete nomes
genéricos que nomeiam bairros ludovicenses atualmente: Loteamento (do Valian), Parque dos
(Sabiás), Parque (Vitória), Conjunto (Habitacional Jardim das Oliveiras – COHAJOLI), Recanto
(Fialho), Residencial (Esperança) e Sítio (Pirapora). Nossos procedimentos metodológicos
se fundamentam nas propostas de Dick (1990) e de Curvelo (2009) a partir do Sistema de
Taxionomias classificatórias, dos passos para coleta e arquivamento dos dados, assim como
de sua análise e mensuração. Após a coleta de dados através do Mapa Temático dos Bairros e
Arruamento de São Luís (PREFEITURA, 2012), fizemos a pesquisa bibliográfica/documental em
fontes bibliográficas como livros, revistas, teses, dissertações e artigos científicos. Já a pesquisa
de campo, esta foi feita por meio de entrevistas orientadas por um questionário lexicográfico-
toponímico composto por dados que identificam o informante (ficha do informante) e de seis
perguntas direcionadas aos moradores da localidade (questionário) para que descrevam sobre a
história e particularidades do topônimo. O perfil dos informantes prevê que ele more no bairro
por mais de 10 anos, que desenvolva, preferencialmente, alguma atividade comunitária no bairro
ou que tenha sido um dos fundadores da localidade. Os resultados preliminares indicam que na
microtoponímia ludovicense as lexias antropoculturais são mais recorrentes do que as físicas já
que o fator humano é o que mais percebemos representados nos termos genéricos loteamento,
parque, conjunto, recanto e residencial.
Palavras-chave: Lexicologia; Onomástica; Toponímia ludovicense
RESUMO: Esta pesquisa objetiva mapear o fenômeno de variação pronominal que ocorre no
sistema de tratamento na segunda pessoa do singular no uso das formas tu, você, senhor e senhora
quando na posição de sujeito no português falado no Maranhão. Os pronomes de segunda pessoa
demostram de maneira objetiva as relações contidas na língua, que é usada pelos falantes como
formas de tratamento, convencimento, reverência e outros. A fim de compreender a natureza e a
extensão do encaixamento desses pronomes no sistema linguístico das localidades pesquisadas,
objetiva-se, ainda, investigar as possíveis causas que levaram os informantes a escolherem as
formas utilizadas durante as entrevistas de cunho geossociolinguísticas, realizadas pelo projeto
ALiMA – Atlas Linguístico do Maranhão e do Projeto ‘Análise e mapeamento de fenômenos
morfossintáticos no português falado no Maranhão’. Tendo isso em consideração, nosso aparato
teórico-metodológico baseia-se nos pressupostos da Teoria da Variação e Mudança Linguística e
da Dialetologia, através de estudos como os de (Labov, 2008 [1972]), (Marroquim, 1996), (Tarallo,
2006), e ainda em estudos mais recentes que complementam e ajudam a explicar o fenômeno
presente na língua, e sobretudo, no português maranhense, como o trabalho de (Alves, 2010).
Serão analisados os condicionamentos do fenômeno em questão correlacionando-o a grupos
de fatores linguísticos e sociais, como localidade, faixa etária, sexo, tipo de referência e efeito de
interação por meio do programa computacional GOLDVARB X. Para tanto, estão sendo analisados
os dados extraídos de quatro localidades maranhenses – Caxias, Codó, Imperatriz e São João dos
Patos – que juntos, compõem uma amostra de 16 entrevistas realizadas com 4 informantes, sendo
2 homens e 2 mulheres distribuídos igualmente em cada município. Esta pesquisa de IC, mostra
resultados que partem da hipótese de que para a referência específica, há uma maior recorrência
do tu, enquanto que para a genérica, a preferência é para a forma pronominal você. Já as formas
de tratamento senhor e senhora aparecem com números significativos na referência específica,
principalmente ao fator faixa etária, onde os informantes mais jovens tendem a fazer o uso desses
pronomes diante de pessoas mais velhas.
Palavras-chave: Variação pronominal, Sistema Linguístico, Português falado no Maranhão
RESUMO: O presente trabalho ganha forma a partir de um recorte de uma pesquisa mais
ampla, de iniciação científica, intitulada “A variação denominativa no campo temático fauna
no português falado no Maranhão: o que mostram os dados do ALiMA”, dando continuidade
aos estudos de Castro (2017). Neste recorte, tem-se como objetivos: (i) identificar as variações
denominativas referentes ao campo semântico fauna nos municípios que fazem parte da rede de
pontos linguístico do projeto Atlas Linguístico do Maranhão - ALiMA; (ii) contrapor os dados
que constituem o corpus do ALiMA com os de alguns atlas estaduais e regionais do Brasil, já
publicados, a saber: Bahia (ROSSI; ISENSÉE; FERREIRA, 1963), Paraíba (ARAGÃO; BEZERRA DE
MENEZES, 1984), Sergipe (FERREIRA et al, 1987), Paraná (AGUILERA, 1994), Região Sul (KOCH;
KLASSMANN; ALTENHOFEN, 2002), Ceará (BESSA, 2010) e Amapá (RAZKY, 2017). O estudo
é composto pelas respostas dadas as questões do Questionário Semântico Lexical (QSL) do
ALiMA, que apuram a variação lexical relativa aos itens urubu, gambá e pernilongo. Constituem
os pressupostos teórico-metodológico, os estudos de Brandão (1991), Ferreira e Cardoso (1994),
Cardoso (2010) e Callou (2010), para temas que concernem à Dialetologia, à Geolinguística e à
Sociolinguística; de Biderman (2001) e Krieger (2010), para os temas relativos ao léxico; e Ramos et
al. (2012) e Pereira (2013), para as questões relativas ao léxico da fauna maranhense. Os resultados
preliminares apontam que alguns itens, como urubu, a exemplo, são bastante produtivos, apesar
de não apresentarem uma grande diversidade de formas para denominá-los; por outro lado, no
tocante ao contraponto, foi possível constatar que as questões objeto deste estudo que já haviam
sido propostas por Antenor Nascentes, em sua obra Bases para elaboração do Atlas Linguístico
do Brasil (1958-1961), para compor o questionário do futuro Atlas Linguístico do Brasil, estão
presentes em grande parte dos atlas pesquisados.
Palavras-chave: Léxico, Variação lexical, Fauna, Atlas linguísticos, ALiMa
RESUMO: Esta pesquisa, em andamento no Mestrado em Letras da UFMA, tem por objetivo
levantar, descrever e sistematizar o léxico especializado em uso pelo Corpo de Bombeiros Militar
do Maranhão, doravante denominado CBMMA, na capital do estado, para fins de registro desse
léxico em um glossário especializado. Nosso estudo justifica-se, principalmente, pela emancipação
do CBMMA ocorrida em 1993, uma vez que essa autonomia possibilitou o desmembramento
de atividades dessa Instituição, o que acreditamos ter gerado o uso de um léxico especializado
dentro dessa corporação. Anteriormente a isso, no Maranhão, existiam somente as unidades do
1º grupamento de bombeiros e a seção de combate a incêndio em aeronaves, ambas em São
Luís, e o grupamento de bombeiros de Imperatriz. Atualmente, o CBMMA se encontra em nove
municípios do estado, mas, somente na capital, além do combate ao incêndio, essa instituição
executa suas atividades em segmentos especializados, tais como: busca, salvamento terrestre,
atendimento pré-hospitalar, resgate veicular, salvamento aquático e ambiental. Outro motivo que
justifica a importância do presente trabalho é que, segundo as informações que temos, até o
presente momento, existe somente um “glossário de gírias” sobre o Corpo de Bombeiros Militar
de Santa Catarina – CBMSC, o que atesta que a investigação do léxico especializado do CBMMA
nunca foi feita antes e confere a originalidade exigida a um trabalho desta natureza. Pelo exposto,
as principais questões de investigação sobre as quais se pauta esta pesquisa são: a) existe um
léxico especializado atuante no cotidiano dos homens do CBMMA?; b) como os novos membros
incorporam esse léxico?; c) como se dá a interação entre os integrantes de faixas etárias e sexos
diferentes dos diversos segmentos do CBMMA? Para respondermos a esses questionamentos,
nos fundamentaremos no aparato teórico-metodológico da Lexicologia, da Lexicografia e da
Terminologia desenvolvido, sobretudo, por Biderman (1981), Barbosa (1995), Haensch (1982)
e Esquivel (2011). O presente trabalho tem sua relevância na medida em que o léxico de uma
determinada comunidade de fala, independentemente do surgimento de variações, tem a
capacidade de reproduzir o patrimônio sociocultural dessa comunidade.
Palavras-chave: Léxico especializado, Glossário, Corpo de Bombeiros do Maranhão
RESUMO: A metáfora, tema que suscita grande interesse por parte dos estudiosos, tem sido abordada
em diferentes perspectivas. Vista enquanto recurso cognitivo da língua, passa a ser entendida
como um mecanismo fundamental para a compreensão das diversas experiências humanas e está
presente no cotidiano, deixando de ser vista apenas como um mecanismo estilístico da linguagem,
restrito à retórica e à literatura. Assim, a metáfora, como estratégia produtiva de nomeação,
torna-se um relevante objeto para os estudos terminológicos descritivos de base linguística. Nesse
sentido, o presente trabalho objetiva analisar a metáfora e identificar as influências das diferentes
culturas na conceptualização e na denominação dos conceitos da terminologia do petróleo nos
países que compõem a Comunidade dos países de Língua Portuguesa (CPLP), destacando, para
este trabalho: Brasil, Portugal e Angola. Tomam-se como base, no âmbito da terminologia, os
trabalhos (TEMMERMAN, 2000) e, no âmbito da metáfora, o trabalho proposto por (LAKOFF
E JOHNSON, 1980), da Teoria da Metáfora Conceitual. Metodologicamente, considerou-se
como referência de partida uma fonte terminográfica, a qual precisou passar por diversas etapas
metodológicas para que os dados pudessem ser manipulados e analisados. A partir de nossa
análise, foi possível observar que cada país, ao nomear uma determinada entidade, evidencia
traços semânticos diferentes, muita das vezes relacionados à função e à forma. Pretendemos, pois,
na ocasião, apresentar uma série de termos da mesma língua e da mesma terminologia, mas que
comprovam a diversidade de conceptualização da realidade.
Palavras-chave: Terminologia; Metáfora; Petróleo.
RESUMO: Durante o período colonial, mais especificamente no período do tráfico negreiro, que se
estendeu do século XVI ao século XIX, a língua portuguesa, falada pelo europeu, experimentou no
Brasil um intenso e prolongado processo de contato linguístico com as línguas africanas. Por esse
motivo, alguns estudiosos defendem como principal consequência desse contato a diferenciação
do que hoje se conhece por Português Brasileiro em relação ao português europeu. Contudo, a
discussão sobre essa temática não é novidade, haja vista a divulgação de estudos sobre a influência
das línguas africanas no português falado no Brasil ainda no século XIX, conforme aponta Bonvini
(2014). Sendo assim, o objetivo deste artigo é analisar o tratamento dado à questão do contato
das línguas africanas com o português europeu, em duas obras escritas na segunda metade do
século XIX, período em que a busca pela nacionalidade influenciou os estudos linguísticos da
época, buscando elementos que pudessem diferenciar a língua falada no Brasil daquela falada
em Portugal, são elas: Os africanos no Brasil, de Raimundo Nina Rodrigues, escrita entre 1890 e
1905, mas publicada somente em 1932, considerada, por Bonvini (2014), a obra que enuncia o
problema da influência das línguas africanas no português falado em terras brasileiras; e Estudos
Lexicográficos do dialeto brasileiro, de Antônio Joaquim de Macedo Soares, considerado, por
Coelho (2012), um dos filólogos pioneiros no tratamento do tema, tendo sido publicada em 1942,
mas escrita no período que se estende de 1874 a 1890. Por se tratar de obras contemporâneas
entre si, buscar-se-á evidenciar neste trabalho linhas de continuidade ou descontinuidade entre as
ideias defendidas pelos autores a respeito da temática tratada. Para tanto, será utilizada como
base teórica e metodológica a Historiografia Linguística, campo de estudos que tem, como objeto
de pesquisa, o conhecimento linguístico ao longo da história.
Palavras-chave: Historiografia linguística, Línguas africanas, Contato linguístico
RESUMO: Estudos sobre o português brasileiro (PB), como os de Alves (2015, 2010), Scherre et al
(2015), Andrade (2015, 2010) e Dias (2010), entre outros, mostram um amplo uso dos pronomes
tu, você, cê, senhor/a no português falado no Brasil. Frente a essas possibilidades de usos para
referência ao interlocutor, Alves (2015) afirma que, na comunidade de fala de São Luís/MA, o sistema
pronominal é composto por, no mínimo, três formas de tratamento: tu (com e sem concordância)
e você. Partido dessa perspectiva – a de mapear o uso da segunda pessoa no PB – este trabalho,
recorte de uma pesquisa maior (cf. ALVES, 2015), objetiva apresentar a configuração do sistema
pronominal na comunidade de fala ludovicense, apontando todos os contextos morfossintáticos
de ocorrência de tu, você, cê, senhor/a no falar ludovicense. Com base na teoria sociolinguística
de Labov (2008 [1972], 2001) e nos estudos sobre a variação intrafalantes desenvolvidos por Bell
(1984, 2001) e Irvine (2001), foram analisados os dados de sujeitos escolarizados, gravados em
situações de interação em suas redes sociais, uma das alternativas metodológicas encontradas para
fuga da ‘fala formal da entrevista’, ou seja, estudando “a pessoa em seu contexto social natural –
interagindo com a família ou com seus pares” (LABOV, 2008, p. 63). Os resultados permitiram
observar a recorrência de outros contextos morfossintáticos, apesar de ser notória a tendência de
os pronomes ocuparem a posição de sujeito, conforme evidenciado nas frequências a seguir: tu
sem concordância (66,8%), tu com concordância (11,7%), você (14,1%), cê (2%) e senhor/a (5,4%).
O registro de “te”, “ti”, “contigo” e do “tu”, por exemplo, em ambientes morfossintáticos de ‘não
sujeito’, nos permite afirmar que o sistema pronominal ludovicense pode oferecer resistência à
difusão de formas como o cê que, por sua vez, não transitam em todas as posições sintáticas.
Por outro lado, já se nota a coexistência do clítico te junto ao você o que nos leva a inferir que
as formas de tratamento têm seu uso motivado por fatores de ordem sociais visto que o sistema
pronominal ludovicense oferece várias possibilidades de uso, em situações concretas de fala.
Palavras-chave: Pronomes de segunda pessoa. Morfossintaxe. Maranhão.
RESUMO: A ação de nomear e individualizar localidades está, muitas vezes, relacionada a fatores
sociais, políticos, culturais, geográficos, históricos da memória coletiva e estabelece um vínculo
de identidade entre o termo escolhido e o lugar nomeado, desse modo, os topônimos podem
representar valores e traços culturais muito particulares de um povo, de uma comunidade, de
uma nação. Diante do que dissemos, nossa pesquisa tem como objetivos principais (i) descrever
o léxico toponímico de 10 localidades do município de Paço do Lumiar (Cururuca, Iguaíba,
Maiobão, Maracajá, Mercês, Mojó, Pau Deitado, Tendal, Tibumba, Vila Pedro Careca) com a
finalidade de demonstrar quais foram as suas causas denominativas ao longo de sua origem e
evolução histórica; (ii) pesquisar se há, na microtoponímia luminense, contribuições históricas da
língua portuguesa, indígenas e africana na nomeação das 10 localidades e, (iii) analisar o perfil
atual da rede onomástica das 10 localidades do Município, com o intuito de descrever as taxes
físicas e antropoculturais que são produtivas na nomeação toponímica das localidades. Para a
coleta dos topônimos oficiais, usamos o Mapa de Macrozoneamento Urbano e Rural do Plano
Diretor 2006 de Paço do Lumiar, onde constam as 75 localidades que compõem o município. Para
fazermos nosso estudo, seguiremos os pressupostos teóricos-metodológicos propostos por Dick
(1990), Curvelo (2009, Curvelo-Matos (2014, 2015), Vasconcelos (1931) entre outros. A partir
do conhecimento dos nomes oficiais das localidades de Paço do Lumiar, pudemos eleger os 10
topônimos luminense seguindo os critérios metodológicos da (i) escolha de regiões topográficas
considerando pontos cardeais distintos: 4 topônimos situados ao sul (Cururuca, Maiobão,
Maracajá, Vila Pedro Careca) e 6 situados a leste (Iguaíba, Mercês, Mojó, Pau Deitado, Tendal,
Tibumba) e (ii) o do macrozoneamento rural e urbano: 6 topônimos situados na zona urbana
(Iguaíba, Pau Deitado, Cururuca, Maracajá, Maiobão, Vila Pedro Careca) e 4 na zona rural
(Mojó, Tendal, Mercês, Tibumba). Metodologicamente, estamos fazendo a pesquisa bibliográfica
em livros, teses, dissertações, artigos e, a pesquisa de campo, orientada por um questionário
léxicográfico-toponímico que possibilitará o levantamento da motivação toponomástica relativa
às 10 localidades que compõem esta pesquisa. Ainda não há resultados preliminares porque esta
proposta de estudo se constitui de nosso projeto de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, que
está em fase de finalização.
Palavras-chave: Lexicologia, Toponímia maranhense, Topônimos de Paço do Lumiar
RESUMO: Este trabalho objetiva realizar uma análise comparativa sobre a representação da
religiosidade e do espaço nos contos escritos por Sophia de Mello Breyner Andresen, intitulados
“O jantar do Bispo” e “O retrato de Mônica”, presentes no livro Contos Exemplares (2014), obra
célebre e de importante engajamento político e social, escrita em um momento no qual a palavra,
segundo a ótica da autora, tinha sido desonrada. Sophia a fim de reestruturar a sua sacralidade
reage através da literatura. A análise será realizada utilizando como pressuposto teórico e crítico os
estudos sobre o sagrado e o profano (ELIADE, 1986) e sobre o espaço e suas implicações (TUAN,
2013; BACHELARD, 2008). Contos exemplares é uma obra dotada de engajamento em relação às
questões enfrentadas pela sociedade, sobretudo, das camadas mais baixas. O Salazarismo, regime
político liderado por Antônio Salazar, pôs fim ao liberalismo em Portugal, e o fato do governador
afirmar que sua política era baseada na doutrina católica ofendia a consciência cristã de Sophia.
O livro nasce dessa inquietação e busca retratar personagens reais. A priori, pode-se ressaltar a
temática da religiosidade como uma das principais, máxime, nos contos selecionados para este
trabalho. No entanto, o texto não se esgota nela, por isso, busca-se identificar, nos contos, o
momento em que o espaço constitui valor à narrativa. Em suma, em “O jantar do Bispo” as
personagens principais não recebem nomes, mas apostos. Trata-se do Dono e da Dona da Casa,
do Padre de Varzim, do Bispo e do Homem Importantíssimo. Há ainda a figura do mendigo,
importante personagem do conto. O Bispo, em nome do teto da Igreja de Nossa Senhora da
Esperança faz um acordo com o Dono da Casa, pondo em dúvida suas ações. Outrossim, o
“Retrato de Mónica”, traz a história de uma mulher que apresenta-se de forma perfeita para
a sociedade, mas o que na verdade pode-se perceber, é que Mônica é um acumulado de todos
os defeitos da classe dominante durante o salazarismo. A narrativa conta ainda com mais duas
personagens, o marido de Mónica e o Príncipe deste Mundo, homem com quem Mónica mantém
negócios obscuros. O homem importantíssimo, que em “Retrato de Mônica” aparece como
aposto é uma das personagens centrais de “O Jantar do Bispo”. Dessa forma, um dos objetivos do
texto é relacionar as características que ligam essas personagens.
Palavras-Chave: Literatura Portuguesa; Religiosidade; Espaço.
RESUMO: Cecília Meireles levou o mar em sua obra a grandes níveis de criação e de experiência
poéticas. Tal potência exercida pelo mar em sua poesia dá-se, em muitos poemas, como uma
herança deixada pelos antepassados, sendo o eu-lírico também um ser que almeja que outras
pessoas conheçam essa herança. Portanto, de que maneira o eu-lírico, enquanto ser destinado a
viver de e/ ou no mar, experiencia-o? A resposta a essa questão será delineada por meio de uma
pesquisa bibliográfica/ exploratória e do método fenomenológico, que está no cerne da Geografia
Humanista Cultural e seu diálogo com a literatura. Assim, pretendemos analisar se o eu-lírico
mantém uma geograficidade com o espaço marinho, ou seja, se há uma relação de cumplicidade
entre ser e espaço, e de que forma o eu-lírico, neste ínterim, percebe e vive o mar como herança.
Experiência (TUAN, 2012; 2013) e geograficidade (DARDEL, 2011) constituem conceitos basilares
para nossa análise, haja vista que ambos os autores os abordam a partir da perspectiva do conceito
hursserliano de mundo vivido (Lebenswelt). Enquanto a experiência, segundo Tuan, possibilita
relações cambiantes entre sentimento e pensamento, definidos por meio das percepções que o
homem vivencia no espaço (liberdade), produzindo – ou não – um sentimento de acolhimento (o
espaço torna-se, pois, lugar), a geograficidade parte do princípio de que o Homem deve estreitar
seus laços com a Terra, a fim de que ambos sejam cúmplices na construção da história humana.
Tal cumplicidade só é viável se o Homem aceitar os elementos geográficos como são em seu
estado natural, isto é, sem que sejam alterados. O eu-lírico ceciliano permite que esses conceitos
sejam analisados, o que de certo modo mostra-nos que a análise do mar como herança será,
antes de tudo, uma visão do ser que vive a experiência poética, repercutindo-a no espaço textual e
possibilitando sua emersão enquanto espaço geográfico. Em face desse aspecto, ressaltamos que
a herança, a qual o eu-lírico traz à tona, está ligada indelevelmente a toda uma tradição marítima
própria da literatura, constituindo-se, portanto, como um dos tópoi da criação literária.
Palavras-chave: Mar, Experiência, Geograficidade
RESUMO: O propósito do artigo aqui apresentado é, de início, fazer considerações gerais sobre
o que é testemunha e testemunho, partindo especialmente, de reflexões de Giorgio Agamben
(2008) sobre “testemunha”, Paul Ricoeur (2007) sobre “testemunho” e de Márcio Seligmann-
Silva (2009) sobre o testemunho do trauma. Além de indicar traços e características que podem
ajudar a identificar um texto como “literatura de testemunho”, ilustrando cada um dos traços a
partir da obra A costa dos murmúrios (1988), da autora portuguesa contemporânea, Lídia Jorge.
Partindo do testemunho da personagem Evita/Eva Lopo, desenvolve-se, nessa obra, a busca pelo
autoconhecimento, assim, investigaremos de que modo se realiza a ação entre os finais dos anos
60 e princípio dos anos 70, em pleno ambiente de Guerra Colonial. A obra jorgiana apresenta uma
incursão pela vida das mulheres portuguesas da segunda metade do século XX meio as experiências
de guerra. Por fim, analisaremos brevemente a obra citada dando ênfase a esse testemunho de
guerra que parte da voz feminina, ilustrada nessa obra pela personagem Eva Lopo, considerando
sobretudo a concepção de linguagem e de escrita que é expressada na obra. Assim, esse artigo
se vale de reflexão de Jeanne Marie Gagnebin (2009) sobre memória e testemunho em que ela
defende que o testemunho não serviria somente para não esquecer-se do passado, mas também
para agir sobre o presente.
Palavras-chave: Literatura contemporânea, Memória, Testemunho, Guerra
RESUMO: Em busca dos mistérios da vida materializados nos instantes, Clarice Lispector
distancia-se dos modelos tradicionais de sua época, que se caracterizam como um reflexo da
época, reproduzindo situações sociais e econômicas. Seus textos narram por meio do fluxo da
consciência, causando indefinição entre o limiar da voz das personagens e do narrador. Rompe-
se com o modelo da narrativa referencial, ligada a acontecimentos e fatos para surgir, no lugar
dela, uma narrativa com foco na vivência interior das pessoas. Acontecimentos exteriores
suscitam o desencadear do fluxo da consciência da personagem e despertam ideias que chegam
ao inconsciente. Deste modo, torna-se um processo para mostrar aspectos psicológicos das
personagens de ficção. Assim, para a escritora, importava mais a geografia interior, pois o
extraordinário, na escrita de Clarice, surge não do aspecto exterior de seus personagens, mas
do que lhe sucede no íntimo, pois seus personagens, mesmo parecendo estranhos e bem ao
contrário de tipos épicos e dramáticos, são tipos convencionais, situados numa atmosfera de
mistério, vivenciando relações profundas dentro do mais ordinário cotidiano. O presente trabalho
analisa o conto Feliz aniversário, publicado no livro Laços de família (1960). No referido texto, o
espaço, enquanto elemento constituinte da narrativa, ganha dimensão privilegiada, uma vez que
está diretamente vinculado às ações dos personagens, ao espaço que é dado a cada sujeito na
configuração familiar e no modo como este é e se percebe no mundo. Por isso, elegemos analisar
o espaço no texto citado. Inicialmente apresentamos a escritora Clarice Lispector no contexto da
literatura brasileira e peculiaridades da sua escrita, a partir de pesquisa biográfica realizada. Para
embasar a análise do conto, utilizamos como aporte teórico as reflexões de Bachelard (2008)
sobre o espaço e os pressupostos da Geografia Humanista Cultural, a partir dos geógrafos Eric
Dardel (2015) e Tuan (2012, 2013), com a finalidade de promover o diálogo entre a Literatura e
a Geografia.
Palavras-chave: Literatura; Espaço; Geografia Humanista Cultural
RESUMO: Objetiva-se com este trabalho uma análise da livro infanto-juvenil As aventuras do
Calunga (1997), do escritor maranhense Josué Montello, que narra a história de um pobre velho
chamado João Sapateiro, que vive seus dias sozinho a remontar sapatos em uma tristeza sem fim
tendo, desde de menino, o sonho de correr terras e conhecer o mundo. A tristeza o cerca ainda
mais quando da velhice, até ganhar um boneco mágico que poderá realizar o seu maior sonho,
viajar pelo mundo, pois o lugar que vive não lhe confere mais tanta afeição. Sobre a perspectiva
da velhice nosso trabalho busca enfocar a representação do espaço estético-literário a partir das
categorias Espaciosidade, que se configura como a liberdade sobre o espaço e Apinhamento, a
privação de agir sobre ele, Dois conceitos que se materializam durante toda narrativa nas ações e
sentimentos do velho João. Para a análise proposta, recorreremos aos pressupostos da Geografia
Humanista Cultural, de base fenomenológica, tendo como principais teóricos Tuan (2013), Relph
(2014) e Buttimer (2015). Intencionamos demonstrar, no texto, os momentos de figuração do
espaço e as experiências de espaciosidade e apinhamento vividas por João Sapateiro.
Palavras-chave: Espaciosidade; Apinhamento; Josué Montello
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar de que forma as experiências vivenciadas
em um determinado lugar são capazes de influenciarem na construção da memória individual
e coletiva de um indivíduo. Para isso, analisaremos o livro Teias do Tempo (1993) da escritora
maranhense Conceição Aboud. O romance narra a trajetória de Miss Maude, uma inglesa viúva
que vive isolada em um velho casarão no Centro Histórico de São Luís desde o falecimento do seu
marido e, que vivencia o mundo lá fora através dos seus alunos particulares de inglês, especialmente
Diana e Otávio, personagens que possuem histórias que se entrelaçam com a vida secreta da
protagonista. É através das experiências vividas por esses personagens na cidade de São Luís e no
próprio casarão de Miss Maude, espaço de refúgio e conforto dos personagens, que as memória
coletiva e individual desses indivíduos são formadas, demostrando assim que a memória está
associada as experiências vividas em determinados locais, sendo essas experiências fundamentais
para a construção da memória e identidade de uma determinada pessoa. Como suporte teórico
para essa análise, utilizaremos os apontamentos sobre espaço de Bacherlard (1993) e Tuan; as
relações entre memória coletiva e espaços de Halbwachs (2015) e Nora (1993) e; os apontamentos
sobre Geograficidade, no que tange a relação entre espaço e lugar, de Dardel (2011).
Palavras-chave: Memória, Espaço, Literatura Maranhense
RESUMO: Conforme Glauber Rocha, a originalidade das narrativas da América Latina é a sua
fome, que mesmo quando sentida, não é compreendida, e nisso consiste sua maior miséria. Tal
característica, denominada de Estética da Fome e tida como a marca do Cinema Novo, reverbera,
desde a década de 1970, em obras literária, que diferente das obras regionalistas de 1930, buscam
assumir a tarefa de retratar a fome, não apenas como um sintoma alarmante, mas como o próprio
nervo da identidade latina, discutido-a como um problema político. Assim, conforme defende
Silviano Santiago (2000) essas narrativas literárias pretendem, em vez de tranquilizar o leitor,
de garantir seu lugar de cliente pagante na sociedade burguesa, o despertar, transformando-o,
radicalizando-o, servindo para acelerar o processo de expressão de sua própria experiência.
Dentro desse cenário, aparecem obras como Feliz ano novo (1973), de Rubem Fonseca, Favelário
Nacional, (1984) de Carlos Drummond de Andrade, Cidade de Deus (1997), de Paulo de Lins
e Sol na cabeça (2018), de Geovani Martins. Diante disso, propõe-se problematizar paisagens
construída na literatura brasileira sobre a Estética da Fome, levando em consideração que
a paisagem “não é a região, mas um aspecto da região tal como se apresenta ao olhar de um
observador. Assim, a paisagem se distingue da extensão, objetiva, geométrica ou geográfica [...]
é um espaço percebido e [...] irredutivelmente subjetivo;” (COLLOT, 2013, p. 25-26). Por isso,
propõe-se também discutir de que maneira os olhares desses autores transformam o mesmo local
em paisagens diversas e tornam possível diferentes ‘artializações’ de uma mesma realidade. Nesse
percurso investigativo, serão utilizados os conceitos de Mirada Estrábica, de Ricardo Piglia, que
consiste em um olhar dirigido simultaneamente a inteligência europeia e as entranhas da pátria; e
o conceito de Lugar de Fala, de Djamila Ribeiro. Espera-se ao fim deste estudo, conforme defende
Paul Ricouer, ressaltar a importância da narração para a representação, pois o ato de narrar
sempre foi importante ao salvar o passado (ou a paisagem) pela palavra que, sem essa retomada,
desapareceria no silêncio. Além de ressaltar, orientados pelas ideias de Maurice Halbwachs e de
Michel Collot, que mirar diferentes paisagens de um determinado local torna-se um pressuposto
necessário para a relevância de seu estudo, pois o objeto da visão nunca existe em estado puro e
acabado, e será a convergência dos olhares que fará desse objeto um lugar comum para mim e
para os outros.
Palavras-chave: Paisagem; Memória; Literatura brasileira; Estética da fome.
RESUMO: Este trabalho constitui-se de uma análise da relação entre sujeito poético, espaço e
memória na obra Inspiração Nordestina (2003) de Patativa do Assaré. Parte-se do princípio de
que o espaço é fundamental para a compreensão da subjetividade, pois a relação entre sujeito e
lugar é intrínseca, dinâmica e permanente. Entende-se também que a memória é um processo que
atua na construção da subjetividade, de modo que sem memória inexiste sujeitos. Fundamenta-se
em Bachelard (2008), Tuan (1980; 1983) e Candau (2012). Questiona-se que tipos de relações são
construídas a partir da interação sujeito-lugar em Inspiração Nordestina de Patativa do Assaré?
E como a memória, e mais especificamente a recordação, conecta o sujeito poético ao seu lugar
e o que resulta dessa conexão? Segundo Bachelard (2008), o homem estabelece uma relação
muito forte com o espaço de referência, ao ponto de o espaço transmitir sensação de proteção
aos seus habitantes. Assim, o eu lírico revisita sua infância na cidade de Assaré, recordando de
momentos emocionalmente intensos e significativos que constroem sua subjetividade. Segundo
Bachelard (2008) tudo o que acolhe a infância tem uma virtude de origem. Recordar-se da
infância é regressar ao estado inicial da vida, revisitar as experiências mais significativas do ponto
de vista emocional, que explicam comportamento e sentimento atual do indivíduo, imprimindo-
lhe sentidos. Candau (2012) diz que o tempo da lembrança é inevitavelmente diferente do tempo
vivido. As lembranças apresentam-se como a reconstrução do tempo vivido, transformando-o em
imagem (imago mundi); e a cada reconstrução, uma nova imagem configura-se e novos sentidos
e relações são estabelecidos. As recordações, por conseguinte, são reconstruções de imagens de
acontecimentos passados que não se repetem mais no tempo presente, sendo revisitados pela
memória, movidas por intensas emoções. Tuan (1980) denomina de topofilia os laços afetivos
que o indivíduo estabelece com o meio ambiente ou lugar, desse modo a cidade de Assaré é mais
do que um espaço geográfico, físico, constitui-se num espaço sentimental. É o lugar afetivo em
que o sujeito poético viveu experiências íntimas e idiossincráticas registradas em sua memória, que
o inserem dentro da cidade, assim como a cidade se insere nele, numa relação de pertencimento
e identidade. Depreende-se, portanto, que o espaço e a memória atuam no processo de
subjetividade do eu poético, construindo um sujeito ligado sentimentalmente ao seu lugar e que
recorre mnemonicamente a este lugar, encontrando nele acolhimento, afeto, pertencimento e
identificação.
Palavras-chave: Eu poético; Memória; Espaço; Patativa do Assaré.
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo o estudo do conto “Noturno Amarelo”, de
Lygia Fagundes Telles, sob o aspecto da memória e suas relações com elementos espaciais e
afetivos, visto que a autora tece o drama de suas personagens envolta de sugestões e sutilezas
espaciais. Seus mais diversos temas, - como morte, loucura, desencontro amoroso e vingança,
- emergem não apenas nos diálogos de suas personagens, mas também dos espaços carregados
de simbolismo: veredas, jardins, casas, quartos, escadas... Os contos da autora são constituídos
por microuniversos de tensões afetivas de latentes relações com os espaços de experiências das
personagens. A análise do conto será feita a partir da perspectiva teórica do geógrafo chinês Yi-Fu
Tuan, em seu livro Espaço e lugar: a perspectiva da experiência (2013) nos quais evidencia-se a ligação
dos laços afetivos do homem com o meio material. Meio este que evoca memórias e significações
dentro da exegese da narrativa, para este esclarecimento será pertinente os estudos dos autores
Maurice Halbwachs (2006) e Pierre Nora (1993). Uma vez que o conto é analisado dentro da
perspectiva da literatura fantástica traremos as contribuições dos teóricos Todorov (1980), Filipe
Furtado (1980), e David Roas (2014). Buscaremos assim a compreensão do conto perfazendo
o cruzamento entre memória, espaço e afetividade, que consideremos eixo condutor do conto
“Noturno Amarelo”.
Palavras-chave: Lygia Fagundes Telles; Experiência; Paisagem.
RESUMO: Com o advento da Internet, a forma como as pessoas se comunicam vem sofrendo
mudanças significativas, sobretudo no que diz respeito à escrita. Esse fato tem atraído a atenção
de estudiosos da linguagem, que vêm procurando compreender como as teorias já consagradas
pela Linguística podem ser aplicadas à descrição de fenômenos linguísticos no ambiente digital.
Neste trabalho, voltamo-nos ao processo de referenciação no texto digital, visando investigar a
relação entre a anáfora encapsuladora e a construção da argumentação em comentários na rede
social Facebook. Nesse propósito, discutimos incialmente sobre a Linguística da Internet, um novo
ramo da Linguística que se ocupa em estudar o uso da linguagem nas interações comunicativas
na Web. Para tanto, analisaremos o gênero textual Comentário, texto capturado do Facebook, e
um dos principais espaços de escrita nessa rede social; em seguida, apresentamos os fundamentos
teóricos da referenciação, situando-a nas áreas de estudo da Linguística Textual e mostrando
seus principais processos, que garantem a progressão referencial no texto, com destaque
especial à anáfora encapsuladora, sua característica resumitiva e sua influência na construção da
argumentação. E nesse processo de investigação, contamos com um aporte teórico constituído
por autores como: Adam (2008), Antunes (2017), Barthes (1992); Barton (2015), Bentes (2012),
Cavalcante (2012, 2013, 2014, 2016); Chizotti (1995); Critelli (1992); Crystal (2001); Dudeney
(2016); Husserl (1982, 2006); Koch (2010, 2014, 2015, 2016), Lévy (2010, 2011), Martins
(1992); Merleau-Ponty (1971); Paisana (1990); Recuero (2014); Rezende (1990); Ricoeur (1989),
Shepherd e Saliés (2013), dentre outros. Para a efetivação da pesquisa, adotamos como método
a Fenomenologia, dentro de uma abordagem qualitativa, o que nos possibilita uma relação direta
com o nosso objeto de estudo, concretizada pela análise de um corpus formado por comentários
extraídos do Facebook. Os resultados permitem-nos concluir que a anáfora encapsuladora está
ligada à argumentação nos comentários facebookianos, uma vez que resume os tópicos em
discussão e sinaliza para as posições críticas tomadas pelos interlocutores nesses comentários.
Palavras-chave: Anáfora encapsuladora. Argumentação. Texto digital.
RESUMO: O objeto de estudo deste trabalho é a coerência textual nos hipertextos produzidos
na rede de discussão Movimento Belém Livre disponibilizada no Facebook. O trabalho tem como
objetivo analisar a coerência como um elemento de textualidade dos hipertextos capturados nessa
rede de discussão, uma vez que, como textos, estão sujeitos aos mesmos princípios básicos de
textualidade. Os principais autores que darão suporte teórico são: Costa Val (1994), Marcuschi
(2012), Santaella (2004), Koch (2002, 2009), Antunes (2005), Castell (2005), Lèvy (2000), dentre
outros que discutem sobre texto, textualidade, hipermídia, hipertexto, cibercultura e ciberespaço,
categorias de fundamental importância para a compreensão das pesquisas linguísticas sobre a
produção textual no meio digital. O suporte da fenomenologia dará a base teórico-metodológica
para desenvolver o estudo, buscando desvelar os elos semânticos empregados pelos interagentes
na construção do sentido dos textos produzidos na rede de discussão Movimento Belém Livre, o
locus da pesquisa. Esses elos semânticos são construídos num processo de negociação entre o
texto e os coenunciadores, fazendo parte de umas das perspectivas mais recentes da Linguística
Textual: a perspectiva sociocognitiva interacionista. A análise dos hipertextos se fundamentará nos
pressupostos dessa área de conhecimento, ou seja, da Linguística Textual, mais especificamente
na coerência como um princípio de textualidade o qual se realiza por meio dos links que conduzem
a informações complementares cuja função é ampliar os sentidos dos textos produzidos no
ambiente digital. A coerência, como um princípio de textualidade, é responsável pela progressão
das informações no desenvolvimento da textualidade. Os resultados decorrentes da análise dos
hipertextos contribuirão para entendermos que, na estrutura hipertextual peculiar aos ambientes
virtuais, tanto o texto produzido pelo autor quanto a justaposição coerente de textos são de
fundamental importância para a construção de sentidos, uma vez que o leitor do hipertexto vai
construindo, de link em link, seu espaço e seu percurso de leitura.
Palavras-chave: Textualidade; Hipertexto; Coerência.
RESUMO: As páginas a seguir fazem menção a um projeto de pesquisa que tem como publico
alvo os discentes da escola Cavalcante Brito, no município de Zé Doca MA. Onde se tem como
objetivo geral a investigação do uso das redes sociais como ferramenta para o ensino da língua
portuguesa, apresentando como objetivos específicos: a) identificar como as redes sociais são
abordadas nas aulas de língua portuguesa; b)verificar a utilização das redes sociais em sala de
aula; c) avaliar a colaboração das tarefas usadas como metodologia para o uso das redes sociais
como forma de ensino da língua portuguesa. E para alcançar tais objetivos será utilizado no
primeiro momento à pesquisa- ação estratégica, como forma de abordagem qualitativa, usando
como forma de instrumento de recolhimento de dados e a observação, o uso de questionários
com perguntas fechadas e abertas e entrevistas. Teremos como sujeito da pesquisa os estudantes
das series finais do segundo ciclo do ensino fundamental do colégio Cavalcante Brito, aqui será
apresentado o referencial teórico que ira compor parte da dissertação de mestrado, conceituando
e caracterizando o conceito de redes sociais e suas potenciais utilizações no âmbito educacional,
será exposto também à metodologia da pesquisa e os instrumentos utilizados para a obtenção
de dados, as fases do processo da pesquisa, o tipo de tratamento utilizado para analise dos
dados obtidos e o produto da pesquisa. Para a execução desse trabalho espera-se demonstrar
a comunidade docente e discente que as redes sociais por vezes tão abominadas no contexto da
sala de aula podem ser utilizadas como método facilitador no processo de ensino aprendizagem
Palavras-chave: Redes Sociais. Ensino e aprendizagem. Língua Portuguesa.
RESUMO: O livro didático no processo de ensino aprendizagem é tido como ferramenta elementar
que auxilia o aluno na construção de conhecimento relevante. No entanto, ao buscar material
didático para o ensino da Língua Brasileira de Sinais como L2, o professor se depara com uma
quantidade de opções de recursos didáticos ainda escasso. Em vista disso, professores, instrutores
e aprendizes ouvintes, buscam nas tecnologias digitais e internet de materiais didáticos para uso
virtual ou impressos a serem aplicados nesse ensino. O presente trabalho tem por objetivo analisar
a proposta de material didático para o ensino de Libras como L2, a saber para ouvintes, a nível
básico desenvolvido pelos pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Tecnologia Simbólica (NUPETS),
vinculado ao departamento de Letras, da Universidade Federal do Maranhão. Do ponto de vista
metodológico, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de caráter descritiva-analítica,
documental, do tipo estudo de caso, tendo como produção e coleta de dados entrevista,
observação não participante e modelo do material didático. Tendo como aporte teórico Quadros
e Karnopp (2004) tratando dos estudos linguísticos da língua de sinais brasileira; Brasil (2002) e
Brasil (2005) a respeito da legislação que reconhece Libras como meio de expressão e comunicação
utente da comunidade surda brasileira e seu uso e difusão no território nacional, Richter (2005)
e Leffa (2009) sobre a produção de materiais didático no ensino de línguas e Gesser (2010) sobre
metodologia de ensino de Libras como segunda língua e avaliação de materiais didáticos para o
ensino de Libras. A pesquisa busca responder as seguintes perguntas: Como se dá os processos
que englobam a produção de material didático para ensino de Libras como L2? É necessária uma
metodologia diferenciada para a construção do material didático de Libras para ouvintes, por se
tratar de uma língua com modalidade diferente das línguas orais? As questões que norteiam a
presente pesquisa se justificam por apresentarem fatores que envolvem a prática pelos ouvintes,
motivada pela difusão da língua de sinais como língua no país.
Palavras-chave: Material didático; Ensino de Libras; L2.
RESUMO: Neste trabalho abordo o sentimento de amor como pressuposto fundamental à autêntica
aproximação do sujeito da esfera literária. O mote surge da prosa do escritor pernambucano
Osman Lins (1924 – 1978), mais especificamente de sua última obra publicada em vida, A
rainha dos cárceres da Grécia (1976), na qual é apresentado o diário fictício de um professor
secundarista de História Natural dedicado à análise do romance não publicado de sua amante. De
imediato, pode-se perceber nesta configuração romanesca a problemática dos gêneros literários
(simbolizada por uma prosa escrita em forma de diário/ensaio), a controvérsia em relação acerca
da negação, ou não da subjetividade daquele que analisa uma ficção, o questionamento acerca
do grau acadêmico adequado para se validar o estudo de uma obra crítica e a discutível falta de
reconhecimento literário por livros não publicados. Além de suas observações sobre o romance da
amente morta, o Professor revela também em seu diário/ensaio desabafos, dúvidas, elucidações
biográficas e o registro de algumas notícias de jornais que foram publicadas na época da escritura
de sua análise. Assim, embora possa-se perceber que várias temáticas se agregam ao ensaio-diário
do professor, seu eixo temático primordial apresenta-se como sendo a leitura de um romance que,
apesar de feita de modo apaixonado, não dispensa o rigor próprio de uma apreciação crítica. A
narrativa se ocupa do ato de ler. O personagem principal é um romance e a ficção romanesca
é a temática fundamental do livro, sendo, portanto, uma obra metaficcional. Cabe considerar
ainda que o romance de Julia, cujo título é homólogo ao livro de Lins, A Rainha dos Cárceres da
Grécia – e que só se revela ao leitor na medida em que o professor alude ou transcreve alguns dos
seus trechos – versa sobre a vida miserável da nordestina Maria de França que, em meio a crises de
demência, realiza uma peregrinação pelo então INPS - Instituto Nacional de Previdência Social – a
fim de obter uma aposentadoria temporária que sempre lhe é negada. Tem-se, deste modo, em
contraste ao sentimento amoroso que move o Professor rumo a compreensão da obra de Julia,
um universo de opressão, burocratização, injustiça, corrupção e violência, cabendo, portanto,
analisar a dicotomia.
Palavras-chave: Osman Lins, Literatura, Amor
RESUMO: O presente estudo busca empreender uma reflexão sobre o rigor do fiar e do tecer da
tradução realizada por Osman Lins em O urso polar e outras novelas, do escritor dinamarquês
Henrik Pontoppidan, Nobel de Literatura em 1917. A tradução foi publicada em 1963 no Brasil.
Nessa perspectiva, será discutido o cenário da tradução brasileira na época, o rigor de Lins em
relação à caracterização da tradução de Pontoppidan, bem como os mecanismos definidos por
Osman Lins para a construção de uma tradução de qualidade, pois “em literatura, toda conquista
árdua atinge o público, mais cedo ou mais tarde. E são essas conquistas que enriquecem o leitor,
não os caminhos já conhecidos” (LINS, 1979. p. 137). Portanto, as experiências visuais, mentais
e intelectuais do escritor e do tradutor serão pontuadas ao analisar a tradução de O urso polar e
outras novelas para o português.
Palavras-chave: Henrik Pontoppidan, Osman Lins, Tradução, O urso polar e outras novelas.
RESUMO: Análise do romance Avalovara, de Osman Lins a partir dos traços tântricos que o autor
decidiu utilizar na obra como forma de reforçar a ideia da criação de um romance – a cópula como
representação da criação literária. O caráter sagrado subjacente a esta escolha e o resultado (o
romance) como a materialização de uma obra de arte que, como essa, tenham o mote do amor
como impulso primordial para que se faça. Para a elaboração de seu romance Avalovara (1973),
Osman Lins lançou mão de três obras em especial que tratam do amor ligado a divindades ou a
escrituras sagradas e que versam sobre o amor carnal sagrado, a saber: L’Art amoureux des Indes,
de Max-Pol Fouchet – poeta, escritor e crítico de arte – bem como autor das belíssimas fotografias
que integram este livro de onde Lins retira uma das cinco epígrafes que integram a abertura de
seu romance - já indicando aí ser esta uma das vertentes que tomará no enredo da obra. O outro
trata-se do livro bíblico do antigo testamento Cântico dos Cânticos (também chamado Cantares
de Salomão) que emprega à narrativa (através de alguns dos diálogos entre os amantes – Abel e
?) a própria forma dialógica por sua vez empregada no livro bíblico e, por fim, o Ananga Ranga -
tratado do amor conjugal, do arquipoeta hindu Kalyanamalla.
Palavras-chave: Avalovara, Tantra, Criação literária.
RESUMO: A ditadura militar é lembrada como um dos momentos mais obscuros da história
brasileira, um período em que a liberdade de escolher, falar ou pensar era duramente combatida.
Porém, mesmo com toda censura ao pensamento livre, artistas de várias áreas procuraram formas
de protestar e lutar contra essa dura realidade, um desses artistas foi o escritor pernambucano
Osman Lins. Para ele, o escritor não deve ficar calado em meio a tremenda opressão, ficar
calado significa fazer parte desse sistema. Para lutar contra todo esse sistema terrível que havia
se instalado no país ele utilizou de suas obras. Avalovara, segundo o próprio escritor, é um
romance de vanguarda, onde ele expõe suas necessidades como escritor, não a receitas, nesse
caso, criticando a realidade a realidade vivida no país. Segundo Afonso Arinos, obras que tendem
a mostrar a realidade social de uma localidade costumam ser combatidas pelas instituições que
detêm o poder. Para lutar contra a opressão e ao mesmo tempo conseguir que sua mensagem
seja divulgada a outras pessoas, e não censurada, Osman Lins utiliza de diversos símbolos que
estão ordenados em seu livro, fazendo de Avalovara sua maior obra e sua maior arma. Avalovara
apresenta viagens por diversas culturas, história greco-romana, obras de vários escritores e
pintores diferentes, geografia, arquitetura e muitas outras áreas, uma obra de protesto que não
deixa de ser uma obra de arte. É certo que esse livro tem diversos símbolos e tentar contemplar
tudo isso seria praticamente impossível em um único trabalho. Por isso esse estudo pretende
abarcar apenas as alegorias utilizadas nessa obra para retratar a liberdade e a opressão, mais
precisamente, analisaremos como os animais, tanto os que existem no mundo real como os que
existem apenas na obra, são utilizados para representar a liberdade, a arte e a vida (que na obra
por vezes se tornam uma única coisa), e também a opressão, a violência e a morte.
Palavras-chave: Opressão, liberdade, resistência, arte, simbolos
RESUMO: O tempo é uma figura literária de suma importância no registro escrito de uma obra.
Na prosa é o tempo quem rege os acontecimentos, fatos, reminiscências, entre outros que figuram
como recurso de complemento ao espaço de um trama. É no tempo que podemos sentir o decorrer
da obra, ou simplesmente nos situarmos na leitura. Porém, quando o tempo é um fator relativo
na obra, o que nos sobra a pensar sobre o mesmo? Imaginar uma obra na qual o tempo não
é uma linearidade, e sim uma espiral, logo: o que é início? O que é fim? Não podem então ser
ambos? Osman Lins tem em sua obra Avalovara um vasto campo de análise, no qual o tempo é
um dos recursos usados com o cuidado de um matemático, mas com a sensibilidade de um poeta,
levando-nos a refletir sobre a importância do elemento tempo e como ele se mostra na obra.
Esta apresentação tem como intuito analisar o tempo na obra citada do escritor pernambucano,
apontando suas diferentes concepções, ilustrando alegorias ligadas ao presente, passado e futuro
tanto com relação às personagens, quanto ao espaço e memória. Por fim, será mostrado o
princípio de reversibilidade do tempo, ou seja, a reafirmação da não-linearidade do tempo na
obra, e como fatos ocorridos em um tempo podem influenciar n’outro, como uma grande espiral.
Palavras-chave: Tempo, Avalovara, Osman Lins
RESUMO: Reconhecendo ser Nove, novena um conjunto de narrativas que podem ser lidas e
dissecadas a partir de uma vertente que leva em consideração a crença, por parte do autor, no
poder criador da palavra, depreende-se, por assim dizer, que Osman Lins se vale de ornamentados
recursos discursivos, construídos de modo a permitir a apreensão de rastros de seu percurso
criador, apontando as marcas dialógicas que são estabelecidas com a tradição, principalmente ao
estabelecer distinto contraponto com o livro fundante do imaginário ocidental, que é composto
do conjunto de textos bíblicos, e ao configurar, como consequência, textos breves constituídos
de memórias do acervo intelectual cristão-católico e de seu universo mítico milenar. Repleto de
referências e remissões a textos antológicos da história da literatura, como os próprios livros
bíblicos, além de resgatar e contemplar amplo acervo do milenar imaginário que o cristianismo
deixou como legado para a cultura ocidental, como se pode observar já desde alguns dos títulos
da própria coletânea (‘Retábulo de Santa Joana Carolina’, ‘Conto barroco ou unidade tripartita’,
‘Pastoral’, ou ‘Noivado), Nove, novena evidencia a maturidade do autor, no contexto da produção
nacional contemporânea, e o vasto aporte simbólico presente em suas breves narrativas, as quais
se tecem enredando, na ficcionalidade de seus relatos, todo um acervo relacionado à tradição
litúrgica engendrada pelo catolicismo desde os primeiros registros literários da civilização do
Ocidente. Essa composição de signos permeia a vasta produção literária de Osman Lins, que
opera, com genialidade, a transposição desses elementos simbólicos para suas formas breves.
Seu traço criativo demonstra o rigor com que tece seus enredos. O que define a modernidade do
escritor é a assimilação que ele faz do conjunto iconográfico recolhido em vestígios intertextuais,
que contemplam as origens da imagética do cristianismo, passando pelas figurações herdadas da
Idade Média, pela ornamentação barroca, até alcançar modernidade literária, em sua pulsante
originalidade inventiva, de onde brota sua ficcionalidade que alia o passado ao presente,
prenunciando o porvir revelado pela memória redentora de suas tramas, repletas de densidade
psicológica e de profundidade alegórica.
Palavras-chave: Palavras-chaves: Nove, Novena; Cristianismo; Vestígios.
RESUMO: Análise sobre o texto teatral e as relações entre as concepções de literatura e cinema na
obra Lisbela e o prisioneiro, produção literária do escritor brasileiro Osman Lins (1924 - 1978).
Considerada a primeira peça teatral da obra osmaniana, Lisbela e o prisioneiro (1960), ganhou
expressiva projeção no cenário da literatura nacional, mas foi através da adaptação para o cinema
em 2003 que ela se popularizou entre as camadas mais populares.A obra osmaniana conta a
historia de uma confusão formada pela filha de um delegado que se apaixona e foge com um
homem que tinha sido preso por seu pai por crime de bigamia (IGEL, 1988). Considerada pelo
próprio autor uma comédia de caracteres a obra reúne valores do contexto social regionalista,
em que o autor utiliza de recursos linguísticos e textuais que vão dar o toque cômico da peça,
porém para além disso, de ser apenas ser vista como “entretenimento” ela também promove a
reflexão sobre os problemas sociais da época e que, não obstante, ainda hoje persistem. Nesse
sentido, o desafio do presente artigo é analisar como o texto teatral se transforma a partir do
olhar cinematográfico buscando compreender os contrastes, confrontos e inspiração de uma
mesma obra, em formatos artísticos distintos visando entender que relações se estabelecem entre
esses dois textos. Buscar-se-á analisar de que maneira a leitura dramática do texto teatral pode
proporcionar e incentivar o gosto pela leitura desses textos no ambiente escolar e universitário,
por meio do relato da experiência com texto teatral osmaniano do grupo de pesquisa GRIFO da
Universidade Federal do Maranhão.
Palavras-chave: Osman Lins, Literatura e Cinema, Lisbela e o Prisioneiro.
RESUMO: No romance Avalovara (1973), o escritor Osman Lins (1924 – 1978) deslinda o percurso
de um homem/escritor em busca do amor em sua plenitude, do apuro artístico máximo e do êxtase
existencial –, em uma complexa arquitetura narrativa sustentando densidades poética e simbólica
e imprimindo, ainda, à galeria de personagens e ao leito textual, ousados e inventivos recursos
expressivos, além de um estreito diálogo com os imaginários judaico-cristão e de outras tradições
antigas. E é justamente a falta que impele o aflitivo Abel ao “ato de buscar”, o que o filia à frágil
e controvertida condição do homem moderno, com seu porvir incerto e afastado do sagrado,
sem refúgio e redenção. Tanto a sua acidentada história com as três mulheres que integram a
sua jornada amorosa quanto a sua obsedante trajetória como escritor aportam contradições,
instabilidades e incertezas, filiando-se, assim, à filosofia de Jean-Paul Sartre: a radicalidade
da liberdade e da angústia como condição da existência, o homem como medida e futuro do
homem. Em aproximação ao horizonte osmaniano e ao pensamento sartreano, bem como ao que
chamamos de “Poética da Queda”, associa-se ainda a irrequieta figura de Álvaro de Campos, do
fenômeno da heteronímia de Fernando Pessoa, o homem febril de olhos atentos ao real, de espírito
inconformado e contestador, cuja sensação de não pertencimento é flagrante em poemas como
Lisbon Reviseted, Passagem das Horas, Ode Marítima e Tabacaria. Nesta comunicação, dispomos
os dramas de ordem existencial, a consciência do fim e a responsabilidade em se constituir o
próprio destino, a partir da postulação de Sartre, a qual emblematicamente conforma o ser-estar
no mundo de Abel osmaniano e do Álvaro de Campos pessoano.
Palavras-chave: Avalovara, Osman Lins, Álvaro de Campos, Fernando Pessoa, Jean-Paul Sartre
RESUMO: Os movimentos de criação e recriação são incessantes. Aquilo que era aquilo a
qualquer instante pode não mais ser aquilo, que preserva ou estabelece um diálogo com seu
formato anterior. O sistema dos signos artísticos funciona como um rizoma sem fronteiras, para
além de sua matriz de origem, mas que diz muito do seu processo, do seu resultado e de quem
o produziu. Seja com as terminologias de adaptação, recriação, transposição, transmutação,
tradução, transcriação... o debate da literatura com as outras artes ou sistemas semióticos
segue sempre atual, revestido de discussões profícuas e com novos sentidos acrescentados. Daí
o incessante ciclo de produção e de transferências de uma arte para outra. Com este simpósio
temático, objetivamos discutir, apresentar, debater o diálogo da literatura com as artes – pintura,
cinema, música, dança, fotografia, escultura, canção – e também com as diferentes mídias
como: HQ’s, RPG, telenovelas, séries, blogs, vídeo games. Pensamos aqui a literatura mais que
um produto e fenômeno social, bem como inserida e parte do mass media, e também de como
essas mídias e signos utilizam o objeto literário enquanto fonte primeira ou secundária. As
contribuições para este simpósio temático podem vir/partir de vários estudiosos e pesquisadores
do tema ou que pretendam se lançar no estudo da literatura com outros sistemas e relações, nos
estudos comparatistas. Pretendemos, ainda, expandir e discutir os atuais conceitos de literatura
que atravessam e fazem parte dos cotidianos humanos em diálogo com as diferentes expressões
artísticas, às vezes mais explícitas outras nem tanto. Portanto, na contemporaneidade, nenhum
objeto permanece isolado, trocas culturais, artísticas e midiáticas ocorrem a todo instante. É isto,
sobretudo, que aqui analisaremos.
Palavras-chave: Literatura e outras artes; Literatura e mass media; Recriação/Adaptação/
Apropriação; Mídias.
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar as relações intersemiótica presentes
tanto no o texto literário como no texto fílmico em A hora da estrela de Clarice Lispector/ Suzana
Amaral, respectivamente. A adaptação de obras literárias para o cinema vem sendo feitas desde o
início do século XX. Essas adaptações vem se expandindo, proporcionando prêmios aos cineastas
que trabalham com essa caracterização. Nessa conjuntura cinematográfica, a intertextualidade
surge a partir da adaptação proposta pela cineasta Suzana Amaral que traz a obra A hora das estrela
para o cinema, dando destaque a personagem Macabéa, nordestina, ingênua e desumanizada
perante a sociedade. Levando ao cinema essa adaptação, Suzana ganha vários prêmios nacionais
e internacionais, entre esses o Prêmio da crítica: Suzana Amaral (também indicada ao Urso de
Ouro) no Festival de Berlim (1986) e Urso de Prata para Marcélia Cartaxo como melhor atriz.
Essa adaptação da narrativa ao cinema passa a ganhar uma linguagem audiovisual que constitui
várias cenas que são projetadas numa sequência de ações projetadas nas telas dos cinemas. Nesse
sentido tenta aproximar-se o máximo possível da obra original, com a perceptiva de conservar a
fidelidade da obra. Para análise dos objetos em estudo será traçado sob perspectiva intersemiótica
as matrizes de tradução: tradução icônica, tradução indicial e tradução simbólica de Júlio Plaza.
Sendo que essas são categorias indispensáveis na linguagem cinematográfica. O marco teórico
que subsidiará esta pesquisa serão: Santaella (1993) Benjamin (1985), Plaza (1987), Peirce (1995)
dentre outros que fundamentarão esta pesquisa, duas artes que se expressam de forma diferente,
por apresentar linguagens próprias, mas trata-se da trajetória da vida de Macabéa. Conhece
Olímpico de Jesus e os dois começam a namorar, a relação não se prolonga, pois logo a troca
por Glória. Por consequência do destinado traçado por uma cartomante, então, Gloria rouba
o namorado de Macabéa e sugere a que visite essa cartomante, que prever a hora da estrela,
momento triunfal da personagem
Palavras-chave: Intersemiose; A hora da Estrela; Clarice Lispector/ Susana Amaral.
RESUMO: O artigo objetiva discutir as relações intersemióticas entre a obra literária The Turn of
the Screw (Henry James, 1898) e sua única tradução fílmica brasileira Através da Sombra (Walter
Lima Jr, 2016). Tal temática, na verdade, se caracteriza como a pesquisa de Pós-Doutorado que se
encontra em estágio inicial e vem sendo desenvolvida na Universidade Estadual do Mato Grosso
(UNEMAT) com apoio da CAPES. Neste momento, pretende-se destacar o objetivo da pesquisa,
sua importância no cenário acadêmico, a motivação e justificativa para sua realização, elencando
os elementos norteadores do estudo. Cabe ressaltar que o projeto está embasado na Crítica
Cinematográfica Contemporânea, que se preocupa, entre outros aspectos, em analisar as versões
fílmicas, o signo estético do cinema a fim de compreender como funcionam os significados
subjacentes. A pesquisa apoia-se ainda na Teoria de Tradução Intersemiótica, a qual rejeita a
noção de fidelidade e vê a obra cinematográfica como uma tradução do texto de partida, haja
vista que o processo de interpretação de uma obra está baseado no fato de que mudanças são
inevitáveis no momento em que se abandona o meio linguístico e se passa para o visual. Nesse
sentido, o filme é encarado como uma releitura do hipotexto, ou seja, uma obra autônoma que
dialoga com o texto de partida, mas não está subordinada a ele. Por essa razão, no percurso
analítico devem ser considerados contexto de produção, ideologia dos realizadores, público-
alvo, escolhas autorais, processos adaptativos, os quais caracterizam as intersecções estéticas
das produções. Através da Sombra é um filme de gênero que dialoga com The Turn of the Screw,
mas também evidencia elementos próprios que o particularizam. Vê-se que Walter Lima Jr.
apresenta uma releitura contemporânea do clássico jamesiano mantendo muitos elementos da
novela, a saber: temática, caracterização das personagens, narratividade, o elemento sombrio e
fantasmagórico, a ambientação como personagem, entre outros. Entretanto, o longa-metragem se
distancia em muitos aspectos, tais como: o refinamento psicológico dos protagonistas, a escolha
por um desfecho alternativo, a contextualização histórica, a construção do discurso ambíguo e
ambivalente e a intenção dos realizadores que define o leitor das obras. Isto posto, ao final do
artigo, intenciona-se sinalizar os possíveis desdobramentos que a pesquisa poderá ter, ou seja,
as relações que hipotexto e hipertexto estabelecem entre si bem como apontar os elementos que
foram transformados quando se passa do meio verbal para o icônico.
Palavras-chave: Literatura e Cinema, Tradução Intersemiótica, Cinema Brasileiro.
RESUMO: Os versos da canção Caribenha nação – Tuaregue nagô, de Lenine e Bráulio Tavares,
conduzem o leitor ao questionamento sobre a identidade de um povo que, mesmo longe do
Caribe ainda assim se identifica como parte da nação caribenha. Cada verso responde um pouco
sobre a comunidade que se formou banhada pela mistura das águas de rios e mar. Todos os
versos de Caribenha Nação são enfim para apresentar a diversidade de uma nação que se fez da
junção dos povos que atravessaram o mar do Caribe e aportaram no Brasil. Segundo Glissant,
“O Caribe foi o lugar do primeiro desembarque dos escravos vítimas do tráfico, dos africanos que
vivenciaram o tráfico - e que depois eram orientados para a América do Norte, para o Brasil, ou
para as ilhas da região” (2005, p. 15). Um mundo negro fora da África, possível apenas pelo mar
que transportava não só homens e mulheres, mas também a cultura, por meio da memória. A
teoria de Édouard Glissant sobre o fenômeno da crioulização e da poética da relação, explicitadas
na obra “Introdução a uma poética da diversidade”, assim como os estudos de Paul Gilroy sobre
cultura negra, sistematizados na obra “O atlântico negro”, fundamentaram nosso trabalho que,
analisa a forma como esses processos estão representados na letra da canção Caribenha Nação –
Tuaregue Nagô. Para a compreensão dos fenômenos da crioulização e da relação, Glissant leva-nos
a revisitar, como não poderia deixar de ser, a história dos povos que primeiramente habitaram as
Américas e a importância do Caribe na ocupação de parte do continente americano. As Américas,
para Glissant, estão divididas em três, pensamento que partilha com três outros pesquisadores: o
brasileiro Darcy Ribeiro, o mexicano Emmanuel Bonfil Batalla e o jamaicano Rex Nettleford. Da
divisão constariam a Meso-América, a Euro-América e a Neo-América. Lenine e Bráulio Tavares
apresentam em “Caribenha Nação” uma pacífica nação crioula, na qual as relações só puderam
se concretizar porque de acordo com o pensamento arquipélago foi eleito, o ambíguo que existe
em cada ser, em cada povo, em cada cultura teve o direito de ser representado.
Palavras-chave: Caribenha Nação – Tuaregue Nagô. Crioulização. Poética da relação.
RESUMO: Este trabalho objetiva analisar através da Psicanálise os elementos andróginos presentes
nas telas A Virgem com o Menino e Santa Ana c. (1502-1516) e São João Baptista c. (1513-1516),
do pintor Leonardo da Vinci. Freud (1910) parte de uma lembrança de infância guardada no
inconsciente de Leonardo para justificar a presença do feminino e do masculino nos personagens
que o artista concebe. Visto que, estes elementos representam o recalque sexual que reprimiram as
pulsões sexuais de Leonardo. Neste sentido, o fazer artístico será analisado como um mecanismo
de defesa que sublima os sofrimentos psíquicos do artista vivenciados ao longo de sua vida afetiva.
Assim como, a androginia o prazer está relacionado a lembrança de infância com certa dualidade
que oscila entre a cartase e a repressão. Por sua vez, Freud questiona se o artista é diferente do
senso comum, no sentido de ter melhor disposição para sublimar o sofrimento. Deste modo, a
ressignificação do androginismo nas pinturas de Da Vinci é compreendida através da lembrança
infantil que também dialoga com o hibridismo das divindades egípcias. Nesta tessitura, da Arte
e da Psicanálise, outro mecanismo analisado é o da projeção que está evidenciada em abandono
do pai Da Vinci que o afeta, resultando em muitas obras inacabadas, ‘abandonadas’ do artista.
Portanto, os aspectos psicológicos do artista influenciarão inconscientemente no fazer artístico.
Palavras-chave: Freud; Da Vinci. Psicanálise;
RESUMO: A relação da Literatura com outros signos traça um caminho por onde muitos já
trilharam, e ainda hão de trilhar. E quando essa relação é com a música, é mais acessível ainda,
dada a diversidade de estilos e gêneros musicais com a qual um texto literário pode se inter-
relacionar. Nas sociedades modernas, em que o individualismo e a fragilidade dos laços humanos
têm uma carga de representação muito grande, numa sociedade em que o “homem sem vínculo”
é o protagonista, os relacionamentos entre pessoas, em quaisquer que sejam as situações, passam
a ser perigosos demais. Os “tempos líquidos” exigem de seus sujeitos um desdobramento para o
qual não estão preparados e isso os fragmenta e os transforma em seres em constante busca da
felicidade. Neste sentido, esse artigo propõe discutir a fragilidade dos relacionamentos em tempos
de pós-modernidade, a partir da música Fugiu com a novela de Vanessa da Mata. Nessa empreitada
músico-literária, serão utilizadas as contribuições de Bauman (2001, 2004, 2005, 2007, 2008) e
a teoria das coisas líquidas; Balandier (1997) e Gilles Lipovetsky (1989, 2007), para entender a
modernidade e sua condição efêmera de existência. Da teoria musical, utilizamos Wisnik (1999)
e os estudos de Souza (2009).
Palavras-chave: Literatura. Música. Intencionalidade. Fugiu com a novela. Vanessa da Mata.
RESUMO: Em se tratando de Gilda de Mello e Souza (1919-2005), melhor seria dizer que a
professora de Estética da Universidade de São Paulo (USP) não fez crítica “de arte”, entendida
esta, comumente, como restrita às artes plásticas, mas crítica “das artes”. Em seus escritos, Mello
e Souza tratou de diversas artes: além das plásticas, também literatura, cinema, teatro, música,
dança e fotografia. Com isso, ela não pretendia inserir-se em uma especialidade, como a análise
comparada, mas colocar as artes em diálogo em busca de uma “iluminação”, como bem ressaltou
o filósofo Bento Prado Jr. sobre o trabalho da professora. Pertencente ao grupo Clima, que, nas
palavras de Antonio Cândido, se caracterizava pela paixão pelo “concreto” e não pela teoria,
pretendemos mostrar, nesta comunicação, que Mello e Souza pratica um tipo de crítica que
podemos chamar de “fenomenológica”, que se debruça sobre o objeto e deixa que ele convoque
todos os saberes necessários a sua compreensão, sejam eles artísticos, filosóficos, históricos etc.
Palavras-Chave: Gilda de Mello e Souza. Crítica de Arte. Fenomenologia.
RESUMO: As relações entre Literatura e Pintura remontam às origens dessas duas modalidades
artísticas. De fato, se tomarmos as primeiras narrativas registradas pela escrita, tais como a epopeia
(Odisséia e Eneida, por exemplo) e o proto-romance (As Etiópicas, Daphnis e Cloé, Decamerão,
como padrão de prosa), constataremos nesses textos a existência não somente de referências
pictóricas, mas até mesmo de alguns procedimentos que seriam restritos à Pintura e que estão
presentes, visivelmente, nessas narrativas. O trabalho visa apresentar paralelismos formais e de
conteúdo existentes entre as duas modalidades artísticas e dar alguns exemplos literários que são
constitutivos da repercussão de uma arte dentro da outra. Para tanto, apresentaremos alguns
trechos comprobatórios das afinidades entre Literatura e Pintura. Serão retirados das obras de
Graciliano Ramos (Cubismo e Expressionismo), Madame de Lafayette (pintura renascentista ou
clássica), Dany Laferrière (pintura primitiva), Claude Simon (pintura modernista, das vanguardas),
dentre outras. O resultado será o de confirmar que as afinidades entre Literatura e Pintura são
mais profundas e frequentes do que supõe a teoria da literatura e a pretensa separação das artes
em blocos estanques. O que demonstram, portanto, uma relação profícua da literatura e dos
estudos interartes.
Palavras-Chave: Literatura e interartes. Romance. Pintura. Literatura e Pintura
RESUMO: Neste trabalho, detenho-me em torno de um dos tempos narrativos do romance Tenda
dos Milagres (1969), de Jorge Amado, e do filme homônimo de 1977 recriado por Nelson Pereira
dos Santos, em torno da figura do personagem-narrador Fausto Pena – sociólogo, poeta, escritor,
jornalista –, que foi incumbido pelo estadunidense e Nobel, James D. Levenson de pesquisar,
registrar e levantar dados sobre a vida do intelectual baiano Pedro Archanjo. Quando Levenson
publica sua enciclopédia, põe o nome do baiano entre os homenageados, entretanto, para
decepção de Fausto Pena, a pesquisa que realizou (levantamento de dados) não foi utilizada e
“Nem ao menos uma vez meu nome é citado”. No enredo de Amado é suscitado, delicadamente,
a questão da autoria. Dos que contribuem para uma pesquisa e não têm seu nome veiculado
ou referenciado. A presente narrativa dá margem à discussão de autores que se veem subtraídos
em publicações que tiveram sua participação. Lançar um olhar sobre a autoria, e os escritos
encobertos e renegados, é o que pretendo nesta comunicação. Discuto, por fim, a questão: todo
aquele que escreve quer ser lido e referenciado, ou como diz o personagem, “ao menos citado”?
Exemplificarei essas questões nas narrativas romanesca e fílmica. Utilizarei aportes teóricos de
autores que tratam sobre autoria e escrita como Lejeune (2008), Bakhtin (2003) e as relações de
psicanálise e escrita a partir de Michel Schneider (1990).
Palavras-Chave: Tenda dos Milagres. Fausto Pena. Autoria. Escrita.
RESUMO: A alegoria é tropo relevante nos escritos poéticos do Seiscentos ibérico, atestado pelo
seu registro em inúmeras das preceptivas poéticas coevas. A alegoria como recurso retórico pode
ser construída de formas diversas, transpondo a barreira material que distingue as artes, podendo
assim, ser configurada na forma de imagem. No século XVI, essa prática é observada no livro
do autodenominado perugino Cesare Ripa, Iconologia, uma coleção de alegorias criadas como
auxílio aos produtores das artes em geral, inclusive poetas, nas suas construções engenhosas. A
alegoria como imagem é possível pela relação que se faz entre a poesia e a pintura, elaborado
no princípio horaciano ut pictura poesis (assim como é a pintura é a poesia). Bastante explorada é
essa formulação horaciana, em que a analogia entre as duas artes é evidenciada e termina por se
propagar por meio desse hemistíquio, metade de um dos versos da Arte poética ou Carta aos Pisões
de Horácio. A origem desse pensamento está no que torna as duas artes próximas, a definição
aristotélica de mimesis, designação antiga de imitação. Esse é o assunto que envolve este trabalho,
o entendimento de como a alegoria construída na forma de imagem pode refletir as mesmas
características da alegoria construída como texto. Trata-se ainda de conferir que por meio da
alegoria imagética fica mais evidente a construção da alegoria textual, atentando para a relação
que a alegoria estabelece com a metáfora também na forma pictórica. O pensamento da mímesis
que une as artes, concebida por Aristóteles na Poética, é uma representação das coisas naturais,
uma recriação delas e não uma simples cópia. Pela imitação é possível corrigir suas imperfeições no
intuito de melhorá-la. A metáfora e a alegoria, dentro do sistema de imitação que se estabeleceu
no Seiscentos e regeu todo o pensamento discursivo, demonstram certa estabilidade em sua
relação, ao menos dentro dos textos até então estudados. Mais evidente fica a regularidade dessa
relação nas alegorias de Cesare Ripa, que na sua construção valorizam o padrão do elemento
metafórico como base.
Palavras-chave: alegoria; metáfora; seiscentos ibérico.
RESUMO: Este simpósio tem como objetivo promover discussões a respeito do processo de
aprendizagem de línguas mediado por tecnologias digitais. Nesse sentido, acolheremos estudos
relacionados a: mediação tecnológica no processo de aprendizagem de línguas adicionais;
Possibilidades e especificidades do ensino e da aprendizagem de línguas mediados por tecnologias
digitais; aprendizagem de línguas e autonomia no contexto tecnológico contemporâneo; tendências
e desafios contemporâneos do ensino e da aprendizagem de línguas mediados por tecnologias; e
aplicativos digitais para ensino e aprendizagem de línguas.
RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo central analisar as estratégias de aprendizagem (EA)
de natureza social mobilizadas por aprendizes cegos no âmbito do uso de recursos de Tecnologia
Assistiva (TA), na tentativa de estabelecer uma relação entre o uso de TA por aprendizes de línguas
adicionais e a emergência de EA sociais. O presente trabalho está pautado em dois pressupostos
principais: 1) as discussões de que o uso de recursos de TA é cada vez mais corrente na aprendizagem
de línguas por cegos e traz implicações significativas para a atuação estratégica dos aprendizes;
e 2) os recursos de TA constituem um importante suporte para a mobilização de estratégias de
aprendizagem. Nesse sentido, analisamos as estratégias sociais mobilizadas pelos aprendizes com
base na tipologia de Oxford (1990) e identificamos a recorrência/emergência de determinadas
EA no âmbito do uso de recursos de TA, como, por exemplo, o Braile, materiais gráficos com
textura e relevo, softwares de leitura e outros. Para realizarmos este estudo, que se caracteriza
como qualitativo e de natureza exploratória, aplicamos questionários estruturados com base no
inventário de estratégias de aprendizagem (IEALE), proposto por Oxford (1990). Os resultados
deste estudo refletem a priorização de determinadas EA em detrimento das de natureza social,
como, por exemplo, as estratégias cognitivas traduzir e pronunciar. Concluímos que a análise das
EA, no contexto de uso de recursos de TA, contribuiu para atestar a relevância dos estudos em EA
na aprendizagem de línguas adicionais por cegos, uma vez que o uso dos recursos constitui uma
potencialização das possibilidades de mobilização de estratégias não somente de natureza social,
mas de uma pluralidade de EA que pode contribuir para a aprendizagem significativa da língua
adicional.
Palavras-chave: Aprendizagem de Línguas, Estratégias de Aprendizagem, Tecnologia Assistiva.
RESUMO: Esta pesquisa, ainda em fase de desenvolvimento, tem como objetivo investigar as
implicações dos usos das tecnologias digitais (TD) nas condições iniciais de aprendizagem de
línguas estrangeiras (LE) por aprendizes brasileiros. Para tal, partimos da seguinte questão: quais
os efeitos do uso de tecnologias por aprendizes de LE nas condições iniciais da aprendizagem de LE
por brasileiros? À luz da teoria da complexidade, observamos que a aprendizagem de uma língua,
considerado aqui como um sistema adaptativo complexo, envolve uma série de fatores (agentes)
que interagem de forma dinâmica e aleatória (LARSEN-FREEMAN, 1997). Dentre esses inúmeros
agentes temos o uso de tecnologias digitais nas condições iniciais do processo de aprendizagem de
LE, uma vez que os sistemas complexos, como é o caso do processo de aprendizagem, apresentam
sensibilidade a tais condições. Embora que pela instabilidade dos sistemas complexos, não seja
possível assegurar o resultado da aprendizagem, é possível aumentar as chances de sucesso
com o uso de tecnologias. Metodologicamente a pesquisa baseia-se na análise de narrativas de
aprendizagem (NA) de aprendizes de língua espanhola. A pesquisa mostra-se bastante apropriada
aos objetivos deste estudo, uma vez que ela nos permite penetrar o universo idiossincrático dos
aprendizes, particularmente no que tange ao uso de estratégias individuais de aprendizagem, e
compreender o processo de aprendizagem a partir da perspectiva dos sujeitos mais diretamente
nele envolvidos (ARAÚJO JÚNIOR, 2013). Nessa perspectiva, este estudo parte da ideia de que
o aprendiz pode desfrutar de um resultado eficaz ao utilizar tecnologias digitais no início da
aprendizagem. Considerando essa análise, constatamos que o uso de tecnologias dentro das
condições iniciais pode ampliar as possibilidades de aprendizagem, tornando-a mais atraente e
promovendo o desenvolvimento da autonomia dos aprendizes. Para viabilizar o objetivo proposto,
nos orientamos pelo paradigma da complexidade, sobretudo no que tange às noções de Sistema
Adaptativo complexo e de Condições iniciais (PAIVA, 2009).
Palavras-chave: Aprendizagem de Línguas, Condições iniciais, Paradigma da Complexidade,
Tecnologia.
RESUMO: A pesquisa tem como questão central a aprendizagem móvel na escola pública e o uso de
aplicativos móveis no contexto de língua inglesa. Parte da premissa de que os dispositivos móveis
possuem um potencial para expandir as atividades de sala de aula, considerando sua utilização
no dia a dia dos estudantes, que estão conectados à rede via smartphones, acessam seus sites
e aplicativos favoritos na escola e em diversos contextos. Os estudantes conhecem ferramentas
e outros dispositivos que podem interferir no desenvolvimento da agência na aprendizagem de
inglês. A aprendizagem móvel pode oferecer oportunidades exclusivas para o desenvolvimento
de pedagogias de ensino-aprendizagem centradas nos estudantes. Pode influenciar em práticas
pedagógicas que favorecem a agência, alterando as maneiras de se apropriar dos benefícios que
as tecnologias oferecem em uma comunidade escolar. Nas propostas sobre desenvolvimento de
agência dos estudantes, a sequência didática pretende contribuir como veículo de ligação entre
aprendizagem dentro de sala de aula e outros contextos, de maneiras mais compatíveis com as
necessidades da sociedade atual, suas tecnologias portáteis, seus estilos de aprendizagem e anseios.
No ponto de vista de que as sequências didáticas são maneiras criativas de encadear e articular as
diferentes atividades ao longo de uma unidade didática, a pesquisa propõe sua utilização aliadas à
aprendizagem móvel, por possibilitar práticas mais significativas, motivadoras e contextualizadas,
ensinando de modo localmente situado e criticamente balizado. “Mobile Learning” é uma área
de conhecimentos promissora, entretanto as escolas ainda não acolhem essa metodologia como
ensino realizado dentro do espaço escolar. Isso ainda pode causar estranhamento no contexto da
escola pública, portanto a proposta de desenvolver uma sequencia didática como instrumento
de expansão da sala de aula pode ser uma solução a esses desafios. A pesquisa é realizada em
Belo Horizonte-MG (9º ano EF) A coleta de dados segue a metodologia qualitativa, que inclui
a aplicação de questionários, criação de grupo de Whatsapp, sequência didática e análises de
participação. As perguntas giram em torno de: 1) De que maneira os dispositivos móveis podem
servir de fio condutor para ampliar o contato dos alunos com a língua inglesa? 2) De quais recursos
eles se apropriam para aprender inglês via esses dispositivos e aplicativos? 3) É possível observar
indícios de agência durante a apropriação desses dispositivos e o desenvolvimento das sequencias
didáticas? Os resultados esperados devem configurar melhorias para a educação e agência dos
estudantes de língua inglesa com uso das plataformas tecnológicas móveis.
Palavras-chave: Aprendizagem Móvel, Sequências Didáticas, Contextualização, Agência.
RESUMO: Na contemporaneidade o uso das novas tecnologias tem se tornado essencial para a
interação social e no âmbito escolar percebe-se sua relevância em muitos aspectos. O ensino de
língua estrangeira vem se modificando devido ao incremento das novas tecnologias em sala de
aula, pois estas são os principais instrumentos de acesso ao conhecimento em nossos dias. Por
isso, é preciso que os educadores estejam conscientes da responsabilidade de oferecer ao aluno
habilidades necessárias para seu desenvolvimento pessoal e profissional (LEVY, 1999). Dentre
estas, destaca-se o domínio da tecnologia de informação com a capacidade técnica de leitura,
interpretação e busca de dados (BEAUGRANDE, 2002), permitindo ao aprendiz a oportunidade
de usar a língua-alvo com o intuito de tornar-se linguística e culturalmente competente (LOPES,
2014). Tais recursos objetivam utilizar a língua em contextos autênticos e significativos, viabilizar
uma comunicação dinâmica, flexível e multimidiática, incrementando a autonomia do aprendiz.
As novas tecnologias ainda contribuem para os conhecimentos interculturais, promoção do
desenvolvimento de uma consciência intercultural, consolidando conceitos de pluralismo,
equidade e respeito mútuo (SOARES, 2000). Pensando nisso, a comunicação objetiva mostrar
a importância do vídeo para o aprendizado de Língua Inglesa fomentando o protagonismo e a
autonomia dos aprendizes. O estudo foi desenvolvido com alunos do primeiro ciclo do Curso de
Comércio Exterior da Fatec Itapetininga/SP no primeiro semestre de 2018. Além da perspectiva
teórica, o estudo discute a elaboração dos vídeos pelos próprios alunos, o surgimento da ideia, a
temática, os recursos utilizados, a importância da interatividade, as dificuldades, os momentos
de superação e o aprendizado com a experiência. Ao final do estudo, gerou-se uma reflexão a
respeito da relevância da atividade nas aulas de Língua Inglesa não apenas como elemento lúdico
e dinâmico, mas também como ferramenta que propicia protagonismo e autonomia além de
produção cultural que promove o trabalho em equipe, a comunicabilidade, a imaginação e a
sensibilidade.
Palavras-chave: Recursos Digitais; Novas Tecnologias; Línguas Estrangeiras Modernas; Linguística
Aplicada.
RESUMO: As mudanças tecnológicas que aconteceram nas últimas décadas ofereceram facilidades,
comodidades, mas também dúvidas em como fazer uso de forma proveitosa destes avanços que
hoje encontram-se disponíveis, facilitando o acesso a bancos, cursos on-line, bibliotecas virtuais,
jogos, informações em geral. Acompanhar este avanço nas formas de interação e comunicação
tornou-se desafiador. Na educação, por exemplo, percebe-se que várias escolas de ensino médio
no Piauí contam com projetores, computadores, internet WI-FI, que são aparatos tecnológicos
designados para a instrução do educador e educando. Mas, cabe investigar como esta área tem
acompanhado estas novidades, pois percebe-se que os alunos de hoje, principalmente os nativos
digitais (Prensky, 2001), precisam de métodos atuais e condizentes com suas realidades e práticas.
Ao avaliar a rotina de uso de ferramentas e aplicativos de alunos do ensino médio, percebe-se
facilmente o contato com sites de interação social, plataformas de trocas de mensagens, jogos
digitais, aplicativos para diversos fins, entre outros. Várias possibilidades estão disponíveis para
determinados objetivos, porém é interessante avaliar se uso destas condizem com sua total
utilidade. Entre estas, destacam-se os jogos digitais que, como valiosos materiais pedagógicos
que são, podem ser utilizados como ferramentas facilitadoras por integrar tecnologia, promover a
interação (com o jogador/ outro jogador/ produtor do jogo) e possibilitar a aprendizagem de uma
língua estrangeira. Assim, tomando por base a Gramática do Design Visual (Kress e van Leeuwen
2006) e suas metafunções interativa e representacional, objetiva-se avaliar a contribuição dos
jogos digitais como material didático no aprendizado de língua estrangeira em turmas do ensino
médio e verificar de que forma podem favorecer este aprendizado, uma vez que encontram-se
inseridos nas atividades diárias e promovem o aprendizado de forma espontânea.
Palavras-chave: Jogos Digitais; Letramento Digital; Material Didático.
RESUMO: Este simpósio pretende discutir a produção poética e teórica sobre poesia do século XXI
sob o viés tanto das mutações atuais sofridas pelo gênero lírico quanto das variações de perspectiva
assinaladas pela teoria e pela crítica atual sobre poesia. Tais mudanças não necessariamente
precisam pertencer ao âmbito do que se convencionou chamar pós-modernidade (ou pós-
modernismo), mas incluem também as mutações enfeixadas pela noção de “modernidade tardia”
ou simplesmente de “contemporâneo”. Serão aceitos trabalhos que versem sobre a poesia do
século XXI, sobre a produção crítica e teórica desse período e também leituras contemporâneas
de autores de qualquer outro período literário desde que assinalem um viés atual de apreciação
do passado.
Palavras-chave: Poesia lírica. Teoria sobre poesia. Contemporaneidade.
RESUMO: O tema do fingimento poético, eternizado por Fernando Pessoa em seu poema
“Autopsicografia”, baseia-se na racionalização do sentimento, ou seja, o poema é fruto de um
processo cerebral que, portanto, não pode ser construído em um momento de emoção e sim de
recordação da emoção. O tema não é novo, Aristóteles, na Poética, já expôs que não é função
do poeta contar os fatos justamente como eles são, mas sim aquilo que poderia ser real, possível
de acontecer, seguindo uma verossimilhança. Assim sendo, a poesia resulta não necessariamente
do sentimento vivido, mas da representação dele, uma construção mental do mesmo. Sendo,
pois, o poema, não uma exposição do que se sente, mas a (re)criação intelectual do sentimento,
a elaboração do poema configura-se como um fingimento. A teoria do fingimento poético está
ligada à supremacia da razão sobre a emoção, desta arte, Fernando Pessoa foi exímio autor. Tendo
por base esses pressupostos, a presente comunicação objetiva discutir a questão do fingimento
no livro Balada do impostor de Geraldo Carneiro (2006), o qual se inicia com a premissa de que
ele (o poeta) é um impostor e simula tudo o que diz ser. Tal simulação é sugerida no título, se
entendermos que “balada” são poemas e “impostor” é alguém que finge ser o que não é. Tendo
por base a afirmação de que tudo que ele escreveu foi uma simulação (fingimento) e levando em
conta que o poema escolhido dá também título ao livro, investigaremos o fingimento em toda
obra. Usaremos como referencial teórico Francisco Achcar e Graça Videira Lopes que constroem
reflexões críticas sobre o tema em questão, associando o fingimento à sinceridade. Propõe-se,
portanto, analisar esse livro de poemas de Geraldo Carneiro à luz dos autores citados a fim de
perceber como o poeta trabalha o tema de forma criativa.
Palavras-chave: Fingimento poético; Geraldo Carneiro; Balada do Impostor
RESUMO: essa apresentação surge a partir de estudos sobre o diálogo entre a Filosofia e a
Literatura desde os clássicos até uma perspectiva mais moderna, com o objetivo de discutir o lugar
da poesia no que diz respeito à verdade, contrastando o pensamento de Platão com o pensamento
de Martin Heidegger. Para o filósofo grego, a poesia nada mais é do que imitação da imitação,
estando três graus afastada da verdade, constituindo assim um papel nocivo à formação do
Estado Ideal. Dessa forma, a poesia é relegada a um lugar inferior em relação à razão (Filosofia).
Por outro lado, Heidegger, com a preocupação de desvelar o Ser, a traz de volta a um lugar de
proeminência. O filósofo alemão do século XX afirma a necessidade do diálogo entre o pensamento
e a poesia, pois ambos estão em uma relação privilegiada com a linguagem, que precede as outras
formas de desocultamento do Ser. Para ele, uma obra de arte não somente revela um mundo,
mas estabelece um. Como a poesia é linguagem e arte, ela é um dizer projetivo, um construir em
sentido originário. É ela que permite ao homem habitar sua essência. No corpus deste trabalho,
podemos perceber no livro de poemas de Hilda Hilst, Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974),
uma reivindicação desse lugar quando o eu-lírico exalta o fazer poético, defendendo-se do caráter
supérfluo empregado à poesia por Platão, destacando a perenidade da poesia e sua capacidade
de descortinar o Ser. Como fundamentação teórica, utilizou-se A República de Platão (2000), e
as obras Ensaios e Conferências (2008), A Caminho da Linguagem (2003) e A Origem da Obra de
Arte (1999) de Martin Heidegger. Propõe-se, portanto, analisar o livro de poemas de Hilda Hilst
a fim de perceber como é construída a visão do lugar da poesia nesta obra à luz desses autores.
Palavras-chave: Heidegger, Poesia contemporânea, Hilda Hilst
RESUMO: Do ponto de vista da teoria clássica, a obra poética corresponde a uma imitação da
natureza, com funções de agradar e instruir. Durante séculos disseminou-se a visão segundo a
qual o poeta busca conhecer a realidade para imitá-la e o leitor encontra deleite naquilo que
lê, aplicando à sua existência lições advindas daquela obra. Ao longo da história da literatura,
entretanto, outras concepções foram concebidas, tais como a defendida no Romantismo, de poder
livrar o indivíduo da alienação e da opressão, dentre outras, como as adotadas pelos movimentos
de “vanguarda”, afirmando a autonomia da arte e do artista, mas recusando a exigência de
verdade ou de moral em suas obras. Segundo a análise de Tzvetan Todorov, no texto “Poderes da
poesia” (LOPES; CICERO, 2012), a conjuntura sócio-econômica em que a modernidade se insere
tem provocado afastamentos entre a sociedade e as contribuições que a literatura pode oferecer
ao homem. Inclusive, é possível perceber, na visão do autor, que as concepções empregadas ao
longo da teoria literária no meio contemporâneo apresentaram uma tendência à valorização da
forma (herança das correntes de índole formalista/estruturalista), pregando a produção do efeito
estético – porém sem relação com o exterior - reduzindo assim, os “poderes” da poesia. Portanto,
queremos dar destaque, durante nossa análise exploratória do texto, aos argumentos de Todorov
empregados no sentido de “defender” o lugar da poesia na sociedade atual. Pois, em razão das
teorias que nos dizem que a literatura só fala de si mesma e/ou serve para representação do belo,
a sociedade perde em conhecimento de valores humanos, já que aquele que lê e compreende,
de acordo com Todorov, tende a ser um exímio conhecedor do ser humano. Isso ocorre porque,
geralmente, o grande poeta se torna capaz de dar um alcance universal às experiências pessoais,
à expressão de sentimentos, empregando uma relação nossa com o mundo mais harmoniosa,
fazendo-nos compreendê-lo melhor, pois tende a nos revelar esse mundo. Sob o olhar da literatura
como elemento essencial para a humanidade, no sentido de que ela possui princípios que ativam
valores pessoais, sociais, éticos; contribuindo para a absorção de saberes que dizem respeito a
mim e ao outro, em uma convivência de aceitação e respeito, propomos discutir a necessidade de
que esses elementos devem ser valorizados, tendo um papel de destaque nos meios acadêmicos e
educacionais.
Palavras-chave: Literatura; Poesia; Função social.
RESUMO: O assunto da embriaguez foi tratado em O Spleen de Paris na prosa poética intitulada
“Enivrez-vous” (Charles Baudelaire, 1869) que se fundamenta na passagem do tempo, no prazer e
na melancolia. O tema em questão é antigo, na ode “Canto Báquico” do livro Odes de Anacreonte
e suas traduções (Almeida Coussin, 1983) destaca-se o tema da embriaguez como a desvinculação
do bom-senso que leva ao êxtase, ao louvor para o deus Baco e tem como pano de fundo a
consciência da morte. Dessa maneira, o prazer está relacionado à loucura sagrada, ou seja, ao
estado que permite a saída de si e a comunhão com a divindade. O vinho, então, proporciona
a euforia destinada ao deus Dionísio, a fuga da realidade através dos estágios gradativos do
entusiasmo. O vinho, tanto na poesia como na mitologia dionisíacas, é visto ora como catalisador
da explosão de múltiplas facetas do eu e da imaginação criadora, ora como veneno em potencial,
uma vez que em excesso conduz o homem ao descontrole das emoções e até mesmo à selvageria.
O primeiro gole representa o passo inicial no caminho da estranheza do ser e das coisas, a fim de
que as “máscaras” sejam retiradas para a expansão da alma. Logo, representa o reencontro do
ser e o alívio das preocupações humanas. Na ode 1,18 em Horácio, o poeta da festa. Navegar não
é preciso. 28 odes latim, português (Dante Tringali, 1985) pode-se analisar uma crítica àqueles
que são “secos”, isto é, aqueles que não bebem e que rechaçam o comportamento daqueles
que sorvem do fruto da “sacra vide”. Tendo como base essas reflexões, a presente comunicação
pretende discutir a necessidade da embriaguez que produz o prazer, a melancolia e o esquecimento
dos males. Objetiva, portanto, analisar o referido livro de prosa poética de Charles Baudelaire
tendo como referencial teórico o “Problema XXX” de Aristóteles que dispõe de pensamentos sobre
o tema em questão.
Palavras-chave: Embriaguez; Charles Baudelaire; Spleen.
RESUMO: Nicanor Parra (1914-2018) foi um poeta (professor de matemática) que está entre
os grandes da poesia chilena como são Gabriela Mistral e Pablo Neruda, mas sua longevidade
permitiu-lhe passar pelo convulsionado século XX e chegar aos desafios do novo milênio, entre
as quais se destaca a problemática ecológica, pois dela depende a sobrevivência do planeta que
os homo sapiens conquistaram e dominaram, mas que ainda não aprenderam a preservar. O
próprio poeta se definiu assim: “Nicanor Parra: nem socialista nem capitalista/ Ecologista”. Isso
porque a experiência do socialismo real não mostrou ser uma alternativa ecológica ao capitalismo
depredador. De forma paralela, a desconstrução feita nos seus “antipoemas” da poesia tradicional
lhe deu um tom vanguardista e pós-moderno a sua obra e com isso o alicerce para uma “ecologia
profunda” presente nos seus “ecopoemas” publicados no livro Poesía Política, de 1983. Nesse
contexto, as letras de Nicanor Parra, assim como seu trabalho visual e conceitual, precisam de uma
sensibilidade ontológica do leitor contemporâneo para desfrutar tanto das engenhocas irónicas
quanto das inquietudes pelo futuro da humanidade. A ecocrítica ocidental (Greg Garrard, 2006)
e uma ecologia latino-americana (Eduardo Galeano, 1994) nos ajudam a entender a poesia de
Parra no âmbito global e regional, pois quando o poeta fala do pedestre atropelado pela máquina
poluidora e do mapuche usurpado das suas terras há cenários diferentes para uma mesma
problemática, que deve ser trabalhada com focos diferenciados. De forma paralela, a poética da
poesia, nesse ensaio, provém de uma experiência integrativa por meio da qual, graças a autores
como Antonio Candido e Terry Eagleton, podemos estabelecer as pontes entre o signo poético e
seus contextos socioculturais.
Palavras-chave: poesia chilena, ecopoema, ecocrítica.
RESUMO: Objetiva-se com este simpósio promover discussões e análises sobre o ensino de língua
portuguesa em situações de uso, pontuando sobre as modalidades da língua, a normatividade, bem
como sobre as variações existentes nas sociedades lusófonas. Essas análises poderão se estender,
dentro desse contexto, até aos ensinos de lingua portuguesa contidos nos manuais didáticos;
percorrendo caminhos sobre as apresentações dos conteúdos ensinados e suas realidades entre os
usuarios da língua. Ainda poderão ser percorridos caminhos sobre o ensino de língua portuguesa,
perpassando pela formação docente, sinalizando uma urgência de se efetivar um ensino de
qualidade que atenda às necessidades e anseios dos educandos, com vistas a sua acessibilidade
e ascençao social. Acredita-se que não é o ensino de língua portuguesa que vai mal, mas todo o
sistema educacional do nosso país tem tido dificuldades. Em se tratando de língua portuguesa, o
caso se torna mais visível, visto que é a língua constitucionalizada que serve de meio comunicativo
para trazer o ensino de outras áreas do conhecimento; daí se chega a seguinte conclusão: se o
educando não consegue interpretar ou se expressar, consequentemente não saberá responder uma
questão de outra disciplina, que dependa de interpretação. A escola tem avançado positivamente
quando se propõe a ensinar a língua portuguesa, mostrando sua heterogeneidade, valorizando as
variedades constatadas pelos usuarios. A insistência para continuar sendo ensinadas as normas
prescritivas, não apontam para uma resposta positiva que apresente ao finalmente um educando
com dominio sobre a língua padrão. Contudo, essa insistencia apenas se torna uma fundamentação
teórica que serve de base para serem descobertas as diversidades linguísticas, as diferentes
características nas modalidades oral e escrita. Nesse particular, está a linguística que muito tem
contribuído para a desconstrução de um ensino pautado tão-somente na normatividade. Dessa
forma, e frisando que se vive em uma sociedade globalizada e de informação urge que se pense
saídas contributivas para um exitoso ensino-aprendizagem de língua portuguesa.
Palavras-chave: Língua portuguesa; Ensino; Análise.
RESUMO: Ao fazer uma rápida busca na internet com o tema “Preconceito Linguístico” surge uma
enxurrada de artigos relacionados ao assunto. São centenas de milhares de textos, livros, artigos
e palpites, comentários acertados e muitos equívocos circulando na rede. A questão da variação
ou da diversidade interna presente em qualquer língua, e do preconceito gerado por aqueles que
não a reconhecem como legítimos falares é um tema atual, polêmico e um debate incontornável
para quem se interessa pelo estudo e pelo ensino da língua portuguesa. Percebe-se no debate uma
forte polarização, onde todos saem perdendo, coloca-se em extremos opostos linguistas contra
gramáticos, língua falada contra língua escrita, o que se fala contra o que se aprende, variantes
desprestigiadas contra variantes da elite e assim por diante. O presente trabalho pretende analisar
os posicionamentos opostos dessa discussão e a partir do parecer de linguistas renomados e
respeitados como Sírio Possente demonstrar que o objetivo da escola deve ser ensinar o português
padrão e demonstrar ainda que qualquer outra hipótese seria um equívoco. Há quem afirme
que o ensino da norma padrão nas escolas é uma forma de impor a cultura da classe dominante
sobre as classes desfavorecidas, uma forma de violência simbólica, utilizando aqui o célebre
termo cunhado pelo sociólogo Bourdieu, um cerceamento, uma regulação, uma forma dos ricos
continuarem ricos e dos pobres continuarem pobres. O que se percebe desse discurso é um forte
teor ideológico, uma tese de natureza político e cultural que diz basicamente ser uma injustiça
impor a um grupo social os valores de outro grupo e que dessa forma a língua se torna instrumento
de opressão resultando desse processo o preconceito como fruto da intolerância em relação à
variação popular. Quem defende essa tese diz que as línguas são vivas, mudam, evoluem, isto é um
fato inegável, e que a norma é arcaica e inflexível. Então ela (a norma) deveria ser deixada de lado?
Refletindo todas essas questões, nota-se como esses embates são uma grande perda de energia,
os diversos saberes constituídos da área de Letras, que passam pela Filologia, pela Gramática,
pelos diversos campos da Linguísticos, e mesmo pela Literatura, no lugar de competirem entre
si, deveriam se somar para uma melhor compreensão e por conseguinte, um melhor ensino deste
fenômeno altamente complexo que é a linguagem. Acredita-se que com uma verdadeiramente
democratização do ensino da língua portuguesa todos têm muito mais a ganhar.
Palavras-chave: Ensino de Português, Noma Padrão, Variantes Linguísticas
RESUMO: Em um sistema linguístico, as variações que ocorrem não são produtos de mistura
irregular ou incoerente. Elas devem ser entendidas como propriedade inerente e regular desse
sistema, e, portanto, devem ser avaliadas a partir do contexto social da comunidade de fala em que
se realizam. Assim, à luz da Sociolinguística, que tem seu foco no estudo da língua falada em relação
ao contexto social, partindo da comunidade linguística, entendida como o conjunto de indivíduos
que, além de interagirem verbalmente, também compartilham um conjunto de normas relativas
aos usos; e, correlacionando variação linguística aos processos de letramento escolar e social,
levantou-se a problemática de como a fala do trabalhador de baixa escolaridade pode apresentar
variações quando está inserido em ambiente de trabalho marcado pela influência da convivência
com outros indivíduos que possuem alto nível de escolarização, fato que, possivelmente, assegura-
lhes maior grau de letramento escolar; bem como, quando é exposto a práticas letradas de
escrita. Estabelece-se como hipótese que o convívio em ambientes ocupacionais letrados interfere
em alguns aspectos específicos da fala desse trabalhador, principalmente no de concordância
verbal. Dessa forma, com o estudo proposto, objetiva-se analisar a ocorrência da concordância
verbal de 1ª e 3ª pessoas na fala desses indivíduos, empregados de indústrias ludovicenses. Como
categorias teóricas analisadas nessa investigação, tem-se a concordância verbal, a variação
linguística e o letramento, ancorando-se nos trabalhos de Castilho (2010), Labov (2006 [1968];
2008[1972]), Lucchesi (2015), Street (2014) e Kleiman (1991; 2016). Esta é uma pesquisa de
natureza qualitativa, observacional e interpretativa, observando os procedimentos do método
sociolinguístico variacionista, cujo corpus será obtido por meio de entrevistas/eventos discursivos
envolvendo os participantes. Assim, como resultado, estima-se que os dados obtidos indiquem
que a realização da concordância verbal dos trabalhadores com pouca escolarização tende a se
aproximar daquela produzida por indivíduos com maior letramento escolar.
Palavras-chave: Concordância verbal; Variação Linguística; Letramento.
RESUMO: Dizer que há lugares no país em que o português é mais bem falado pressupõe a crença
que uma formar de falar é melhor que outra. Esse tipo de postura também dar origem ao que,
na sociolinguística, convencionou-se chamar de preconceito linguístico. Refletir e reavaliar os
argumentos que justificam o preconceito linguístico são os objetivos principais desse estudo. Para
isso, utilizamos a crença largamente difundida de que no Maranhão é o lugar onde se fala o melhor
português do Brasil. Para alcançar os objetivos propostos, tomamos por base os pressupostos da
Sociolinguística Variacionista de Labov (1972), as proposições sobre preconceito linguístico de
Bagno (2007), além de pesquisas sobre o falar do Maranhão, como Silva (2012). Em seu estudo
sobre a concordância verbal com pronome tu no falar ludovicense, Silva (2012) explica que para
justificar a afirmação do Maranhão como o lugar que fala melhor o português, é afirmado
que independentemente da faixa etária, nível de escolaridade e classe social, em situações de
comunicação espontânea, os falantes nem sempre realizam a concordância conforme prescreve
a gramática tradicional. Em contrapartida, os dados apresentados pela pesquisa da autora,
desmentem essa afirmação, empregando os procedimentos metodológicos da Sociolinguística
Variacionista laboviana. Além disso, conforme Bagno, dizer que há uma língua melhor que
outra, tomando como argumento sua proximidade com a norma culta prescrita pela gramática
normativa, só perpetua e incentiva o preconceito linguístico. Outra reflexão que trazemos do
autor é sobre a importância de respeitar e valorizar todas as variedades do português falado no
Brasil, pois todas tem valor cultural. Este estudo contribui para desmistificação de argumentos que
produzem preconceitos linguísticos, principalmente no que diz respeito a ideia de melhor e pior
português falado. Contribui ainda para a formação de alunos de letras conscientes, que levarão
essas reflexões para suas futuras salas de aula e colaborando, dessa forma, para o combate ao
preconceito linguístico.
Palavras-chave: Sociolinguística Variacionista, preconceito linguístico, Maranhão.
RESUMO: Estudos vêm sendo realizados com o objetivo de dinamizar as aulas de Língua Portuguesa,
numa tentativa de levar a língua nas suas formas de uso, não apenas considerando a estrutura
gramatical num padrão de estudo dos seus elementos isoladamente. Os estudos gramaticais
aqui propostos serão observadas sob a ótica da Enunciação, levando em consideração que os
elementos pronominais que fazem parte da enunciação são vistos diferentemente da ótica da
gramática tradicional que os mostra segundo os parâmetros da conjugação verbal, e segundo as
três pessoas pronominais. A natureza desses elementos gramaticais, de acordo com a Teoria, são
considerados no momento da enunciação. Nesse processo, o uso do sistema linguístico é tido de
forma particular por parte do enunciador. A enunciação consiste em um processo único. Cada
novo processo é considerado como um novo acontecimento de expressão enunciativa por parte
de um ‘eu’ e um ‘tu, bem como um ‘aqui’ e um ‘agora’. Para compreender a Teoria da Enunciação
é preciso caracterizá-la a partir das contribuições das concepções da tradição gramatical sob
suas relações de contribuição com Benveniste (1989). E sob a ótica da normatividade gramatical,
salienta-se a importância de se compreender que não é o próprio sujeito que será estudado nessa
teoria, mas sim as marcas desse sujeito na enunciação. Para apresentar a Teoria, observamos o
posicionamento de Fiorin (2016), numa perspectiva baseada em Benveniste (1989). Inicialmente,
o foco do trabalho será a importância da gramática normativa para a compreensão dos
componentes da língua portuguesa no processo da enunciação, especificamente os pronomes
retos, advérbios e verbos. É nesse paralelo entre a Teoria da Enunciação e a Gramática Normativa
Tradicional que pretendemos apresentar uma proposta em que língua será observada em situações
de uso, a partir da aplicabilidade dessas relações gramaticais na enunciação. Este trabalho tem
como objetivo principal refletir sobre as concepções gramaticais abordadas na sala de aula no
que diz respeito às marcações pronominais, adverbiais e verbais no contexto de aplicação da
Enunciação. Através de uma proposta de análise de tirinhas, propagandas e notícias jornalísticas,
identificaremos os comportamentos linguísticos que são responsáveis pela construção da
enunciação, compreendendo como os pronomes, advérbios e verbos são utilizados nesse processo,
segundo a função que cada um desses elementos exerce.
Palavras-chave: Enunciação, Gramática, língua em uso.
RESUMO: A “crise” que se instalou no ensino da crase está relacionada ao fato de esta ser
um “problema” meramente visual e gráfico, configurando-se apenas como uma convenção de
escrita, sem efeito acústico aos ouvidos dos brasileiros (BAGNO, 2012, p. 873). Considerando
esse contexto, uma alternativa para se insistir na crítica e para propor alternativas a esse ensino
tradicional seria a de recuperar, à luz da Historiografia Linguística (HL), as ideias linguísticas de
autores que se debruçaram sobre temáticas relacionadas ao ensino de língua portuguesa (LP) no
Brasil, como Herbert Parentes Fortes (doravante Fortes), filólogo e intelectual piauiense. O resgate
das ideias permitirá melhor (re)conhecer os movimentos de continuidades e descontinuidades na
produção de obras linguísticas brasileiras que trazem discussões fundamentadas acerca dessa
temática. Partindo disso, esta pesquisa objetiva investigar, com base nos princípios historiográficos
da contextualização, imanência e adequação (KOERNER, 2014), as ideias linguísticas de Fortes
em relação ao tratamento dado ao ensino da crase no Brasil, na obra Uma interpretação da
crase portuguesa (1954). De modo mais específico, busca-se: i) contextualizar a época em que
Fortes atuou, a fim de se estabelecer as bases teóricas sobre as quais está fundamentado seu
pensamento crítico; ii) observar o espaço de reflexão dado ao processo de ensino de língua
materna no Brasil, a partir das críticas feitas pelo autor acerca do fenômeno “crase”; iii) rastrear
historicamente a tradição do uso da crase nos autores de gramáticas (brasileiros e portugueses)
selecionadas previamente; iv) estabelecer a perspectiva de Fortes, para, em comparação com o
discurso de autores da tradição e contemporâneos, evidenciar continuidades ou descontinuidades
no tratamento dado ao fenômeno fonético “crase”; v) elucidar as contribuições do autor para os
estudos linguísticos no Brasil e para o ensino de LP, por meio dos estudos em HL. Para tanto,
num recorte histórico determinado, buscar-se-á respaldo nos estudos historiográficos e nas suas
diferentes propostas teórico-metodológicas para o tratamento da linguagem, baseado em autores
como Koerner, Swiggers, Altman, dentre outros. A análise parcial dos dados permitiu resgatar/(re)
conhecer o pensamento linguístico de Fortes a respeito do tratamento dado ao tópico da crase
e suas implicações no ensino de LP no Brasil. O autor revela um posicionamento não favorável
ao ensino deste fenômeno em terras brasileiras. A análise mais detida dos dados dará subsídios à
elucidação das contribuições do autor para os estudos linguísticos no Brasil e para o ensino de LP.
Palavras-chave: Herbert Parentes Fortes, Ideias linguísticas, Crase, Ensino de língua portuguesa,
Historiografia Linguística.
RESUMO: Muitos são os estudos que foram desenvolvidos na área da língua e suas variantes, o
que trouxe à tona uma nova concepção do sistema linguístico. O surgimento da Sociolinguística
fundou o que se chama de perspectiva variacionista da língua, que se opõe ao estruturalismo
tradicional vigente, sobretudo, nos estudos de gramáticos. Com isso, pode-se observar que,
antigamente, a noção linguística que imperava nos manuais didáticos era de caráter estrutural, o
que, consequentemente, apresentava aos alunos uma língua distinta daquela falada pela maioria
deles, no cotidiano. Esta realidade demonstra como alguns manuais didáticos não consideram a
língua como heterogênea e caracterizada por variantes diversas, como é o caso da forma você que
é utilizada como pronome na fala, mas não é classificada desta maneira nos livros tradicionais.
Assim, o presente artigo se propõe a analisar dois livros didáticos em uso, a fim de perceber
como se dá a conceituação e os métodos utilizados para definir os pronomes pessoais por elas
abordados. Além do mais, busca-se ainda investigar se as gramáticas inserem ou não o pronome
você no paradigma dos pronomes pessoais, a fim de perceber se estes livros já adotam a perspectiva
variacionista da língua ou se ainda perpetuam o tradicionalismo. Para isso, será feito o exame da
Moderna Gramática Portuguesa (BECHARA, 2003), de algumas pesquisas sobre o uso do você
(GUARINO, 2011), (MENON, 1995) e ( MONTEIRO, 2002), além de dois livros didáticos de
língua portuguesa (SACCONI, 2008) e (CEREJA & MAGALHÃES, 2005). Em suma, ressalta-se
que, embora, sejam muito desenvolvidas pesquisas sociolinguísticas, ainda ocorrem em menor
escala estudos que visam identificar se os manuais escolares acompanham ou não os estudos
variacionistas. Destaca-se que a investigação proposta por este artigo se torna importante, porque
se preocupa em perceber se há gramáticas que acompanham o novo conceito sobre a língua que
é vista como heterogênea e um fato social, ponto de vista este proposto inclusive pelos PCNs
de Língua Portuguesa. Portanto, é grande o interesse em saber se os manuais didáticos estão se
atualizando e inserindo os usos linguísticos reais, para assim se desapegarem mais de um sistema
linguístico artificial, homogêneo, invariável e alheio ao princípio da adequabilidade à situação
comunicativa.
Palavras-chave: Manuais didáticos, Pronome você, Gramática Tradicional.
RESUMO: Segundo Hall (2005), é por meio da interação que resulta das experiências do homem
no mundo e das relações que se estabelecem entre ele, os outros e o meio em que vive, envolvendo
linguagem, cultura, história e sociedade, que se constituem as identidades. Tendo o ensino/
aprendizagem de línguas como espaço de mediação cultural, buscamos, neste simpósio, reunir
investigações e experiências que possam contribuir para a discussão das concepções teóricas e/ou
metodológicas que se mostram relevantes nesse processo que acontece em diferentes contextos
de ensino (língua materna e não materna, estrangeira/ adicional, de herança, de acolhimento
etc.), abordando fenômenos diversos, tais como: bilinguismo, multilinguismo, interculturalidade,
multiculturalidade, herança; assim como propiciar debates que enfoquem os desafios relativos
à seleção e/ou elaboração de manuais didáticos adequados a essas realidades e à formação de
profissionais na área, promovendo a troca de conhecimentos e a divulgação das pesquisas em
desenvolvimento ou já concluídas nesse campo.
Palavras-chave: Língua. Cultura. Identidade. Ensino/ Aprendizagem De Línguas.
RESUMO: Na sociedade moderna líquida em que estamos imersos, vivemos diversos conflitos de
identidades culturais, e por assim dizer, passamos por uma “crise identitária”, visto que somos
expostos constantemente a uma polissemia de conceitos com os quais precisamos lidar de forma
rápida e satisfatória. Sabe-se, que pelas relações mercadológicas e ideológicas estabelecidas em
sociedade, o indivíduo frequentemente é perpassado e exigido pela cultura escrita, sendo este
um fator determinante para sua aceitação e sobrevivência no mercado de trabalho globalizado,
uma vez que quem não domina completamente o código escrito pode ser facilmente deixado à
margem, passando a ser considerado como aquele que não dispõe de recursos suficientes para
acompanhar a lógica global imperativa nas relações sociais e de poder. Dessa forma, o estudo
proposto, questiona como a identidade do trabalhador de baixa escolaridade é construída em
um ambiente de trabalho letrado e, ainda, como identificar que aspecto da vida social é mais
determinante na definição de tal identidade. A hipótese é que o convívio com a linguagem verbal
de pessoas letradas, tomando-se como principal aspecto a concordância verbal, e com as práticas
da cultura do letramento exigidas em ambientes industriais interfere diretamente na formação da
identidade desse profissional. Assim, objetiva-se analisar como se constrói(em) a(s) identidade(s)
desse sujeito sugestionado cotidianamente pelo espaço laborativo letrado. Nessa investigação,
pautando-se nos trabalhos de Street (2014), Kleiman (1991; 2016), Castilho (2010), Hall (2006) e
Baumann (2005), tem-se, como categorias teóricas analisadas, o letramento, a concordância verbal
e a identidade. A pesquisa é de natureza qualitativa, observacional e interpretativa, desenvolvida a
partir do método sociolinguístico, cujos dados serão recolhidos por meio de entrevistas auditivas,
usando-se como instrumento de coleta o questionário semi-estruturado. Como resultado, estima-
se que a construção identitária desse sujeito, possivelmente, seja perpassada e condicionada pela
influência das práticas de letramento requeridas dele em seu ambiente laboral, assim como pela
interação com a linguagem verbal (oral) de pessoas com maior grau de letramento escolar.
Palavras-chave: Identidade; Letramento; Concordância verbal.
RESUMO: A poesia romântica no Brasil passa por três Gerações, a primeira é voltada para
afirmação e valorização do que é nacional, a construção de um herói nacional, conhecida como
Geração indianista ou Nacionalista, que tem como um dos principais representantes Gonçalves
Dias. Este trabalho tem como objetivo analisar a perda da identidade social indígena no poema
“Marabá” de Gonçalves Dias, com base na teoria sobre identidade social formulada por Henri
Tajfel e John Turner (1979) e no conceito de identidade pós-moderna de Stuart Hall (2002).
A teoria da identidade social é muito abrangente, porém neste trabalho nos deteremos nas
abordagens dimensionais estabelecidas por Tajfel (1972) uma dimensão cognitiva, ligada ao
conhecimento da pertença a um grupo; uma dimensão emocional, ligada aos efeitos decorrentes
da pertença grupal; uma dimensão avaliativa, ligada à valorização de que é objeto o grupo. A
índia busca a todo momento uma identificação com o grupo a qual nasceu, porém, devido as
suas características físicas é excluída e marginalizada pelos demais índios, que não a aceitam
como parte da comunidade. A identidade social traduz a ideia de pertencer a um grupo social,
que acarreta uma categoria de classificação exemplo: Índio, moreno, cabelo liso preto, guerreiro
etc. conforme escolha grupal das características físicas, cognitivas e emocionais. Abordaremos
também a identidade pós-moderna, conceituada por Stuart Hall (2002), que apresenta o sujeito
como não possuidor de uma identidade fixa, mas sim algo instável, maleável dado as mudanças
e as perdas constantes de si, como ocorre com Marabá. Aonde o seu próprio nome retrata sua
condição, de mestiça, nem branca nem índia, mas um ser diferente que está entre os dois limiares,
porém não pertence a nenhum.
Palavras-chave: Identidade social - Literatura - Antropologia - Poesia
RESUMO: A presente pesquisa pretende colaborar com a discussão a respeito da cultura popular
no bairro da Madre de Deus, realizando um estudo sobre a valorização desse patrimônio
sociocultural maranhense, perpassando pela narrativa e memória de seus protagonistas,
enaltecendo sua oralidade como instrumento de preservação e transmissão do conhecimento
histórico. Propõe-se enfatizar os instrumentos de análise sobre sua trajetória, sua preservação
e transmissão de suas heranças identitárias e tradições, que privilegiaram suas redes de relações
sociais, as transformações internas e externas representadas pelos atores sociais, possibilitando
eixos norteadores que ocasionassem a multiplicidade das experiências humanas em sociedade. O
bairro da Madre de Deus é conhecido por sua variedade cultural, contribuindo fervorosamente
com o seu manancial de brincadeiras, festejos e festanças a cultura popular no Maranhão. Para o
embasamento teórico, autores tais como: Verena Alberti, Peter Burke, Pierre Nora, dentre outros
foram consultados. Os resultados estão em fase de aquisição, pois o estudo encontra-se em
desenvolvimento.
Palavras-chave: Madre de Deus, Sociedade, Cultura, Memória, Narrativas
RESUMO: Cristóvão Colombo da Silva, o “Alô Brasil”, ficou conhecido por esse apelido
depois que apresentou-se em um programa de televisão a nível nacional, o ‘Alô Brasil, Aquele
Abraço’ de Flávio Cavalcante, na década de 1970. Ele era um autodidata sobressaindo-se como
um dos maiores sambistas-repentistas de que já se deu conta no Maranhão. Dos seus versos
de improvisos brotaram centenas de composições, pois as fazia toda hora, das quais algumas
se imortalizaram em gravações e na memória do povo maranhense. Assim, esta pesquisa tem
o objetivo de analisar os sambas de autoria de Cristóvão “Alô Brasil” sob a ótica artística da
Literatura. Para o embasamento teórico, autores tais como: Moises, Norra, Fernandes, Oliveira e
outros foram consultados. Os resultados estão em fase de aquisição, pois o estudo encontra-se
em desenvolvimento
Palavras-chave: Poesia, Identidade Cultural, Literatura
RESUMO: A capacidade se comunicar através das palavras faz do homem um ser impar entre
os animais. E é esta capacidade que motiva as pesquisas em torno da linguagem, desde os mais
remotos tempos até os dias atuais. As metodologias de ensino de línguas se desenvolveram em
várias tendências, e se constituem de elementos variados de diferentes bases teóricas que orientam
suas aplicações, assim sendo temos o funcionalismo, estruturalismo e o gerativismo como as
principais escolas conceituais. No entanto tais conceitos não são suficientes para explicar a
dinâmica da linguagem e seu processo mental que opera na construção das ideias no que diz
respeito à comunicação. Essa pesquisa tem como objetivo analisar o fenômeno da interlíngua,
buscando a compreensão de sua dinâmica. Para tanto,sera feita uma pesquisa qualitativa.
A teoria da interlíngua traz uma nova abordagem no momento em que trata os erros como
elementos constitutivos do processo de aprendizagem seus postulados classificam os tais erros
como necessário a aprendizagem por promover reflexões sobre as estruturas da língua alvo em
relação à língua alvo em relação à língua materna. Pesquisa, Aprendizagem, interlíngua.
Palavras-chave: aprendizagem,bilinguismo,interlíngua.
RESUMO: Em decorrência da demanda cada vez maior, o número de escolas de educação infantil
bilíngues vem crescendo muito em São Luís/MA. Esta investigação tem como objetivo analisar o
processo de ensino/aprendizagem de língua estrangeira/adicional de crianças na primeira infância,
com especial foco nas estratégias facilitadoras desse processo, na busca de uma melhor forma de
se trabalhar a imersão em novo idioma em conjunto com as demais áreas de desenvolvimento
da criança. Fundamenta-se o estudo nos conceitos de língua materna (MUES,1970), segunda
língua (BALBONI, 1995), assim como na teoria de Lenneberg (1967) sobre o período crítico de
aprendizagem da criança e na diferenciação entre segunda língua e língua estrangeira estabelecida
por Elis (1986). Nessa pesquisa bibliográfica, descritivo-exploratória, compõem nosso corpus
os materiais didáticos (e estratégias nele previstas e recomendadas) adotados por uma escola
bilíngue de São Luís/MA. Constituído o corpus, passamos à análise das estratégias recomendadas
para cada conteúdo, no intuito de identificar aspectos positivos e negativos e eventuais lacunas,
além de destacar aquelas que o exame sugere como facilitadoras do ensino/aprendizagem
de língua estrangeira/adicional para crianças na primeira infância, por contribuírem para o
envolvimento direto do aprendiz nesse processo. Os resultados iniciais sinalizam dificuldades
relativas ao esclarecimento sobre o uso de algumas estratégias e sua adequação à faixa etária a
que se destinam, assim como aqueles referentes ao conteúdo a ser ministrado, como decorrência
das especificidades exigidas pela legislação brasileira. A finalidade da pesquisa é contribuir para
um melhor aproveitamento no processo de ensino/aprendizagem na sala de aula bilíngue, por
parte tanto dos professores quanto dos alunos, aprimorando o material inicialmente analisado,
trabalhando em conjunto o desenvolvimento linguístico ás áreas de desenvolvimento da criança
que são previstas no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Palavras-chave: bilinguismo, linguística aplicada, ensino de línguas
RESUMO: É com base na compreensão acerca das diferenças corporais e sexuais, que se cria na
sociedade, culturalmente, princípios e valores sobre definição de homem e mulher, no qual podemos
chamar de representações de gênero. O gênero pode ser entendido como aquilo que diferencia
socialmente as pessoas, levando em consideração os padrões histórico-culturais atribuídos para
os homens e mulheres. Scott (1994, p.13) afirma que, “o gênero é a organização social da diferença
sexual percebida. O que não significa que gênero reflita ou implemente diferenças físicas fixas e
naturais entre homens e mulheres, mas sim que gênero é o saber que estabelece significados para
as diferenças corporais. Esses significados variam de acordo com as culturas, os grupos sociais
e no tempo […]”. Quando tocamos no tema “gênero”, é importante deixarmos claro que não
nos referimos à definição de sexo. A obra Uma sombra na parede (1995) de Josué Montello, trata
de forma subentendida a questão de relação de gênero, dando enfoque na representatividade
feminina. Montello expõe a mulher e seus padrões de época confrontando com a verdadeira
realidade sexual, cultural e social em que a mulher vivia. O narrador montelliano na obra articula
o discurso, normalmente a partir do ponto de vista da personagem Ariana Ribas, expondo seus
medos, pensamentos e conflitos psicológicos. E principalmente abordando uma nova temática,
polêmica, que ao longo da obra vai nos revelando seu domínio em abordar o inconsciente do
universo feminino. Na referida obra, nos deparamos com uma personagem psicologicamente
confusa que no decorrer da narrativa vai descobrindo seus verdadeiros sentimentos, vontades e
desejos, que vive a mercê da pressão social da época, a ceder à cultura e ao convencionalismo,
tradição e machismo. Tendo em vista os conceitos mencionados anteriormente, este trabalho
busca analisar e comparar a relação de gênero abordada por Josué Montello em Uma sombra na
parede, levando em consideração os padrões comportamentais e valores da época.
Palavras-chave: Gênero, Mulher, Época, Valores.
RESUMO: O presente artigo traz um panorama geral, analítico, descritivo e expositivo a respeito
do ensino de língua inglesa dentro de sala de aula, voltado de forma mais específica para a análise
da abordagem escolhida (ou aquela que é possibilitada pelos materiais disponíveis) a respeito do
ensino da cultura e da identidade dos povos falantes da mesma. Dentro da própria linguística,
sabe-se que a existência de uma cultura está diretamente interligada à existência de sua língua, uma
vez que aquela precisa desta para que seja expressa e a língua só existe por finalidade de expressar a
cultura em que a mesma surgiu, uma vez quesão elas que possibilitam a comunicação e a interação
humana. Por conta desse fato, o ensino de uma língua estrangeira não deveriaficar restrito apenas
à sua área gramatical, mas ir além, já que esta existe em prol da comunicação ‘cultural’. Por conta
disso, deveria ensinar-se a respeito da cultura do povo falante e trazer para dentro de sala de aula
debates e estudos acerca da identidade que estes povos criaram a partir de sua fala. Entretanto
este trabalho didático, quando feito, é extremamente superficial. Mattoso Câmara Jr.(2004), José
Carlos Paes de Almeida Filho (2002, 2005), Stuart Hall (2000) e outros teóricos abordam em
seus trabalhos a língua, o seu ensino e as questões identitárias que permeiam o tema levantado.
Levando mais adiante, com a análise dos resultados esperados é possível constatar que em livros
didáticos seja usados por escolas ou seja usados por cursos especializados no ensino da língua
inglesa ainda se tem uma ausência muito grande e forte de assuntos que abram, dentro da sala
de aula, espaços para discussões e debates a respeitodessas questões culturais e identitárias ou
que, pelo menos,comentem e informem aos alunos fatos relevantes da cultura em que se insere
o lugar de origemda língua que está sendo aprendida. Dessa forma, chega-se à conclusão de que
existe um vácuo significativo dentro do campo brasileiro de ensino de línguas estrangeiras e que
este necessita ser preenchido para que essa aprendizagem seja feita de forma mais completa, real
e efetiva.
Palavras-chave: Língua; Cultura; Ensino.
RESUMO: Muitas são as iniciativas que hoje se espalham pela Europa (Alemanha, França, Suíça,
Itália, Bélgica, Grécia, Espanha, Holanda, Inglaterra, Áustria, Polônia, Suécia, Finlândia, Noruega,
Dinamarca, entre outros) desenvolvendo programas voltados para o Português Brasileiro como
Língua de Herança e buscando apoio junto aos governos e organizações para a implantação de
políticas linguísticas que favoreçam o ensino de POLH para os brasileiros na Diáspora. Isso tem
conferido importância cada vez maior à Lingua Portuguesa nos seus contextos diversos, em especial
como Língua de Herança, e propiciado a expansão e a criação dos espaços por ela ocupados. Na
relação entre bilinguismo, Língua de Herança e questões identitárias é que se produz o presente
resumo sobre Português Brasileiro como Língua de Herança. Esse é um dos objetivos do Grupo
de Estudos e Pesquisa em Língua e Literatura do PGLetras (Mestrado em Letras) da Universidade
Federal do Maranhão. Esta pesquisa procura responder, parcialmente, nesta comunicação, como
se dá a relação entre identidade e a metáfora nas denominações das iniciativas do Português
como Língua de Herança na Europa.Nosso foco se concentrará nos conceitos de identidade,
transferência e metáfora, com base na hipótese de que as expressões metafóricas produzem
um efeito de transferência de identidade a partir das denominações das iniciativas. Os autores
que orientam a análise são os seguintes: Hall (2006); Almeida (2017); Heath(2017); Lakoff e
Johnson (1980); e Lacan (1980). Discutiremos sobre o uso da metáfora na relaçãode transferência
da identidade nas denominações das iniciativas em POLH na Europa, estabelecendo marcos
diferenciais entre transmissão e transferência. Para isso aplicaremos o método cognitivo de análise
dos dados, sob o viés da desconstrução da metáfora, procurando responder o que dessa manobra
cognitiva reflete a identidade e favorece a experiência da brasilidade. Tomaremos como dado
de análise três denominações que consideramos emblemáticas: Elo Europeu de Educadores em
POLH; Mala de Herança e Raiz Mirim.
Palavras-Chave: Português como Língua de Herança; Identidade; Metáfora.
RESUMO: A Segurança do Trabalho é uma das perspectivas que constituem o mundo trabalhista
na atualidade. Em 1934, foi criada a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, hoje Secretaria
de Segurança e Saúde no Trabalho, órgão fiscalizador e controlador do cumprimento das leis
referentes à segurança e medicina do trabalho. A preocupação com a saúde do trabalhador só
ocorreu a partir do surgimento de epidemias como a febre amarela, a cólera e a peste, que matou
dezenas de trabalhadores, ocasionando assim, prejuízo para a economia da época. No Brasil,
em 1953, é baixada a Portaria n.º 155/53, que regulamenta a atuação das Comissões Internas de
Prevenções de Acidentes – CIPAS, proporcionando a participação dos funcionários em treinamentos
e palestras que contribuem para o conhecimento de ações que beneficiem a segurança e bem-estar
no local de trabalho. Dentre as intervenções realizadas pela CIPA (Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes) nas empresas, temos a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), uma
semana voltada para a conscientização dos colaboradores a assuntos pertinentes à segurança e
saúde no trabalho e qualidade de vida por meio de palestras, teatros, dinâmicas, concursos, etc.
Muitas estratégias são utilizadas durante a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT) para
informar os colaboradores sobre atitudes seguras no ambiente de trabalho, o slogan é uma delas,
é, também, por meio desse gênero que o tema principal é divulgado. Considerando a relevância
dos slogans na realização da Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), a pesquisa se
compõe da seguinte problemática: que tipo de segurança fala esses enunciados? A segurança de
que trata esses enunciados é praticada apenas no ambiente de trabalho ou há uma extensão para
a vida cotidiana? São os colaboradores leitores ‘responsivos’ desses enunciados? Por conseguinte,
almejamos, com esse trabalho, estudar os efeitos de sentido produzidos pelos discursos utilizados
nesses slogans no que diz respeito a segurança. Quanto ao corpus de análise, selecionamos dez
enunciados de um site de domínio público especialista em atividades inovadores e criativas para
os programas de Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT) que foram propostos para
temas de Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT) em 2018. Para isso, faremos uso de
literatura atinente aos gêneros do discurso, Bakhtin (2011), à Análise do Discurso Francesa com
Pêcheux (1975) e Orlandi (2010), à noção de segurança com Bauman (2003) e Guiddens (1991).
Palavras-chave: Efeitos de sentido; Gênero Slogan; Enunciado; Segurança.
RESUMO: Na sociedade moderna dos dias atuais e também com os avanços do capitalismo,
inúmeros são os sentidos da palavra “amor”, sendo que esta, a cada geração perde alguns sentidos e
ganha outros. Segundo um “Minidicionário de Língua Portuguesa”, elaborado por Ferreira (2004),
encontramos como significações para a palavra “amor”: “1. Sentimento que predispõe alguém a
desejar o bem de outrem. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro, ou a uma causa.
3. Inclinação ditada por laços de família. 4. Inclinação sexual forte por outra pessoa. 5. Apego
profundo a valor, coisa ou animal”. Conforme as definições acima, encontradas no dicionário,
podemos questionar se realmente essas são as significações que sujeitos do século XXI possuem
em seus psicológicos, tendo em vista a construção de suas experiências, seus contextos sociais,
históricos e pessoais; levando em conta as diferenças de gênero, área profissional, acadêmica,
trabalho, cultura, etc. Diante dessas reflexões, propomos uma discussão sobre os sentidos dessa
palavra conduzidos pelas seguintes problemáticas: quais as divergências do sentido da palavra
“amor” para os sexos feminino e masculino? Em que sexo a predominância da sentimentalidade
no sentido da palavra amor? Como a palavra amor está sendo vista entre os jovens do UEMA/
CESTI nos dias de hoje? Neste aspecto, objetiva-se com o presente trabalho, observar os diferentes
sentidos da palavra “amor” a partir de significações proferidas por graduandos da Universidade
Estadual do Maranhão (Campus de Timon) dos sexos feminino e masculino e de diferentes cursos
de graduação (Letras, Administração e Pedagogia). Para isso, nosso corpus de análise é constituído
de um questionário aplicado com estes alunos universitários, considerando aspectos relacionados
ao sexo, idade, curso, período e situação empregatícia. Encaminhamos nossas discussões a partir
do aparato teórico metodológico proposto por Guimarães (2002) e Dias (2010) na, intitulada
Semântica do Acontecimento. Em vista disso, os resultados obtidos revelam que a maioria das
respostas alcançadas definem o amor como um sentimento, respeito, vivencia, tranquilidade e até
mesmo algo maior como o próprio Deus.
Palavras-chave: Amor; Referencial; Sentidos.
RESUMO: Ao interagirmos por meio da linguagem, sempre temos intenções. Essas intenções são
concebidas com o propósito de atuar sobre o outro de determinada maneira, para que os nossos
desejos sejam alcançados. Portanto, podemos dizer que o uso da linguagem é argumentativo,
uma vez que pretendemos orientar as significações dos enunciados que produzimos, ou seja,
procuramos atribuir aos nossos enunciados uma força argumentativa. Dessa forma, um enunciado
é composto de palavras que não possuem um significado estabilizado, pois os seus significados
são construídos por meio de relações entre os enunciados. Nesse sentido, este trabalho tem o
objetivo de analisar, à luz da teoria da argumentação de (Ducrot, 2009), e, também (Guimarães,
1987), como ocorre o funcionamento dos operadores argumentativos nos enunciados divulgados
pela mídia sobre a greve dos caminhoneiros. Como aparato teórico, nos fundamentamos nos
estudos de (Ducrot, 2009), (Benveniste, [1976], 1995; 1989), (Koch, 2006), (Maingueneau,
1997), (Guimarães, 1987), dentre outros. Para isso, fizemos um levantamento dos enunciados
divulgados pela mídia sobre a greve dos caminhoneiros divulgados pela rede Globo no portal de
notícias G1 e pelo portal UOL da folha de São Paulo, destacando os operadores argumentativos
desses enunciados e recorrendo aos pressupostos teóricos de Ducrot e Guimarães para explicá-
los, a fim de observar seus direcionamentos argumentativos. Com os resultados, verificamos que
o emprego dos operadores argumentativos nos enunciados não aparece de maneira ingênua, pois
são dotados de uma força argumentativa que propõem significações, visando atingir o leitor, isto
é, têm o objetivo de orientar os pensamentos desse leitor para que ele aceite o sentido que lhe é
exposto nos enunciados. Tais resultados evidenciam, ainda, que a rede Globo e a folha de São
Paulo tendem a divulgar enunciados que favoreçam o posicionamento do governo, buscando
convencer os receptores desses enunciados a apoiarem o governo e ficarem contra qualquer
opinião que esboce ideias contrárias a ele. Nessa perspectiva, a relevância dessa pesquisa consiste
em apontar caminhos para uma reflexão sobre como os operadores argumentativos exercem um
papel significativo na construção dos sentidos nos enunciados.
Palavras-chave: Operadores argumentativos; Enunciado; Significação.
RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de apresentar conceitos fundamentais para a Semântica
da Enunciação desenvolvida por Dias (2013, 2015) e para o grupo de estudos Enunciar.
Considerando a riqueza desse quadro teórico, optamos por apresentar três conceitos basilares:
referencial, pertinência enunciativa e formação nominal, todos cunhados por Dias. A noção de
referencial, inspirada em Foucault (1969), especifica a importância das relações referenciais para
a construção do sentido num perspectiva enunciativa. Os conceitos de pertinência enunciativa
e formação nominal demarcam o valor das relações intra e extra linguísticas durante o processo
de significação. Tais conceitos são cruciais para o entendimento das pesquisas realizadas pelos
estudiosos da Semântica da Enunciação, em especial aquelas pesquisas vinculadas ao grupo de
estudos Enunciar da UFMG. O estabelecimento de uma definição para esses termos faz parte de
uma pesquisa, ainda em gestação, para a construção de um glossário de termos da Semântica da
Enunciação. Nossa proposta é refletir largamente sobre os conceitos selecionados para podermos
defini-los da melhor forma possível. Pretendemos com esses estudos, agrupar o quadro conceitual
da Semântica da Enunciação em um só lugar, facilitando seu acesso seu público-alvo, sendo eles
estudantes de graduação, mestrado e doutorado que realizam pesquisas nessa linha teóricas,
pesquisadores de linhas adjacentes, e toda a comunidade científica interessada em estudos
semânticos e enunciativos.
Palavras-chave: Semântica da Enunciação, referencial, formação nominal e pertinência enunciativa.
RESUMO: Este trabalho traz uma abordagem que se insere no campo de estudos da Semântica
da Enunciação e compreende o acontecimento enunciativo como um fato histórico, em que
uma memória de dizeres atua na construção de uma atualidade pertinente de sentidos. Nosso
corpus de análise principal constitui-se por uma seleção de postagens vinculadas por hashtags de
expressão de opinião (Dias e Silva, 2016) e inseridas publicamente no Facebook entre os meses de
abril de 2017 e fevereiro de 2018, além de incluir dados dos meses de junho a outubro de 2018,
por se tratar de meses pré-eleitorais no Brasil. Primordialmente, a relevância de tais ocorrências
linguísticas como objeto de análise deve-se ao fato de que, na contemporaneidade, o ciberespaço
vir se mostrando um espaço produtivo para emissão de opinião. A escolha específica por essa
rede social como fonte majoritária dos dados justifica-se pelo recente (2015) estudo realizado
pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República do Brasil, que catalogou os
hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Segundo o levantamento, o Facebook
foi a rede social mais utilizada pelos brasileiros. A escolha da hashtag, por sua vez, deve-se ao
fato de ela ser representativa da comunicação on-line e ser um mecanismo de constituição de
“redes enunciativas” (Dias, 2017), que se configuram como um recurso metodológico importante
para a agregação de dados de língua em uso. Analisamos as postagens perscrutando os lugares
de dizer definidos por Guimarães (2002) e explanados por Oliveira (2014) no escopo da cena
enunciativa. Em linhas gerais, verificamos que as postagens do primeiro grupo (abril de 2017 a
fevereiro de 2018), embora revelem filiações discursivas e orientações argumentativas, tendem a
se constituir como um lugar de dizer que se apresenta no apagamento do lugar social do locutor,
representando-se, assim, como enunciadores universais, independentes da constituição histórica
dos sentidos. Verificamos, por fim, que os dizeres na rede se sustentam no que poderíamos
chamar de macroacontecimentos enunciativos – dizeres que se impõem com suas regularidades
de sentidos porque pairam na agenda da atualidade dos dizeres.
Palavras-chave: Pertinência enunciativa; dizeres no ciberespaço; opinião; cena enunciativa;
macroacontecimento enunciativo.
RESUMO: Neste trabalho, resultado de uma pesquisa realizada com o apoio do Programa
de Iniciação Científica (PIBICJr), procuramos analisar nomes que designam as vítimas do
rompimento da barragem de Fundão, das empresas Vale/Samarco/BHP, em Mariana, MG. Essa
nomeação é um fator importante na constituição de sentidos e na construção dos discursos,
se a tomarmos como proposta por Guimarães (2002), em que a designação é a significação de
um nome, constituída a partir de relações históricas, que envolvem a memória discursiva de tal
nome tanto para quem nomeia quanto para os efeitos de sentido que se pretende com o texto.
Nessa perspectiva, tomamos os textos como um acontecimento enunciativo (Guimarães, 2002),
em que os sentidos se constroem, como diferença, pela interseção de um presente, um passado
e um futuro de dizeres. Entendemos que sentidos e sujeito são constituídos pelo funcionamento
da linguagem. Para Guimarães (1989 e 1995), a enunciação é um espaço de construção histórica
do sentido. Desta forma, abordar a enunciação é observar o sujeito que enuncia, considerando
a enunciação como “acontecimento no qual se dá a relação do sujeito com a língua”. Assim,
devem ser observados os lugares constituídos pelos dizeres que constituem esse acontecimento,
constituídos nas cenas enunciativas (Guimarães, 2002, p.23), onde se formam modos específicos
de acesso à palavra numa relação entre figuras da enunciação e figuras linguísticas. A criação do
jornal, pelo coletivo “Um Minuto de Sirene”, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
e a Arquidiocese de Mariana, se deu como uma ação de apoio às vítimas dessa tragédia, com o
objetivo de lhes garantir um espaço de cumprimento do seu direito à comunicação. Sendo o jornal
“A Sirene” um espaço de enunciação dos atingidos, tratamos os textos como uma escrita de si
(Foucault, 1983), em que consideramos o ato de escrever como o lugar no qual o sujeito se põe
em cena para mostrar-se ao outro.
Palavras-chave: Designação, Cenas enunciativas; Identidade.
RESUMO: Este trabalho visa analisar o uso das formações nominais nas redes enunciativas
que remetem ao universo dos movimentos sociais de lutas por moradias em jornais de grande
circulação. Para fazer essa análise, serão utilizados os conceitos de formação nominal, referencial
histórico e pertinência enunciativa, desenvolvidos por Dias (2013, 2015), a partir da Semântica da
Enunciação. Segundo Dias (2013, 2015), o conceito de formação nominal (FN) é mais apropriado
que o conceito de sintagma nominal, visto que permite ir além da simples relação sintagmática
entre os constituintes, mostrando uma atualização dos sentidos que as palavras historicamente
mobilizam para uma determinada pertinência enunciativa. No caso específico dos movimentos
sociais de lutas por moradias, as FNs “sem-teto”, “sem-moradia”, “invasores”, “manifestantes” e
outras atualizam sentidos opostos e mostram direções argumentativas contrárias no discurso. Ao
utilizar as FNs “sem-teto”, “sem-moradia” e “manifestantes”, o locutor (L) apresenta-se favorável
às ocupações; ao contrário, a FN “invasores” denota uma direção argumentativa contrária às
reivindicações desses movimentos. O referencial histórico pode ser definido como o domínio ou o
campo no qual as nomeações se ancoram para construir o sentido (DIAS, 2015). Nesse caso, as FNs
analisadas se ancoram ora no direito de propriedade, apresentando o outro como um “invasor”
e ora no direito constitucional à habitação. Já a pertinência enunciativa diz respeito à relação que
um enunciado mantém com outro(s) e com seus elementos constitutivos. Ao analisar as redes
enunciativas constituídas por essas FNs em jornais será possível observar como a significação se
constrói a partir de relações linguísticas e sociais.
Palavras-chave: Semântica da Enunciação, Formação nominal, Referencia histórico, Redes
enunciativas, Pertinência enunciativa.
RESUMO: A tese que norteia o presente trabalho é a de que estruturas sintáticas como o aposto,
adjuntos adnominais, complementos nominais, orações adjetivas e alguns adjuntos adverbiais
possuem comportamento semântico muito aproximados e, por isso, podem ser tratados,
semanticamente, como Estruturas Nominais de Inserção (ENI). Dessa forma, sustentamos que elas
possuem papel enunciativo essencial na construção do sentido das sentenças em que aparecem,
atuando decisiva e argumentativamente na construção do sentido desses enunciados. Elas, as
ENIs, orientam a construção do sentido do nome que acompanham. Mesmo não tendo sido
empregadas claramente com essa finalidade ou intenção, elas comportam, por seu memorável e
pela forma como foram articuladas nas sentenças, viés argumentativo que orienta o significado
do enunciado. A partir de exemplos como (1) A Paris da minha infância não existe mais; (1’) Paris
não existe mais, (2) João tem muito dinheiro guardado; (2’) João, que é um homem pão-duro, tem
muito dinheiro guardado; (2’’) João, que é um homem econômico, tem muito dinheiro guardado;
dentre outros, propomos, segundo a perspectiva teórica da Semântica da Enunciação, um olhar
mais atento para essas ENIs. Trabalhamos com uma Semântica de bases enunciativas que percebe
a enunciação como um acontecimento sócio-histórico da produção do enunciado. O enunciado
é a produção discursiva nas práticas sociais dos indivíduos. Esses anunciados são atualizados nos
acontecimentos enunciativos dos quais fazem parte, em função de uma pertinência enunciativa e
sustentados pelos referenciais históricos que participam da cena enunciativa. Para tal, apoiamo-
nos, principalmente, nos teóricos Oswald Ducrot, Marion Carel, Eduardo Guimarães, Priscila
Lacerda e Luiz Francisco Dias, lançando mão de seus conceitos tais quais argumentação, domínio
semântico memorável, eixos enunciativos, convergências enunciativas, formação nominal,
pertinência enunciativa e referencial. À luz desses conceitos e baseados em modelos de análise
semântico-enunciativos, como o de proeminência de eixos constitutivos das sentenças, e o de
convergências indicativas e posicionais de um nome, usando o fundamento metodológico de
redes enunciativas, submetemos algumas sentenças à análise. Nela, defendemos a ideia de que,
em função do referencial presente nas formações nominais através das ENIs, o locutor argumenta
e orienta o interlocutor na construção do sentido, do significado dos enunciados que ele produz.
Essas estruturas, se, em termos sintáticos – principalmente o aposto – são tratadas como
“acessório”, em termos semânticos elas são tão essenciais que são capazes de modificar/alterar a
compreensão do significado da sentença das quais elas fazem parte.
Palavras-chave: Argumentação; Semântica Enunciativa; Referencial.
RESUMO: O presente simpósio acolhe trabalhos com ênfase na relação entre memória e
espaço na literatura moderna e contemporânea. O que se lê na escrita de si ou na narrativa
memorialística é sobre a vida do autor, revivendo experiências, remoendo e expurgando culpas
ou é a reconstrução de fatos mediados pela ação criativa, por um eu que já não é o mesmo,
distanciado dos acontecimentos no tempo e no espaço, que põe em cena a escrita imaginativa?
De uma forma ou de outra, o que está em jogo é o caráter estético da obra. As narrativas
memorialísticas vêm carregadas de vestígios, rastros de quem as produziu, de seus momentos de
produção, possibilitando-nos um olhar atemporal sobre as esferas da comunicação, da expressão
e dos perfis humanos de diferentes épocas. O texto memorialístico é perpassado por vivências
em tempo e espaço delimitados, cujos lugares carregam as marcas do sujeito que se pronuncia.
Assim, vale questionar como as lembranças são ressignificadas no texto literário; como os
espaços ganham força, a partir de agenciamentos de lembranças particulares ou aquelas que
testemunham vivências do outro. Dentre os espaços possíveis de análise, citemos o íntimo, como
a casa da primeira infância, com seus nichos a confidenciar segredos, a revelar o cotidiano familiar
que se entrelaça e corporifica-se no ser, espaços topofílicos no dizer de Bachelard ou aqueles
distópicos, que expurgam, segregam, marginalizam, como o sertão, com suas mazelas sociais; a
cidade, com suas adversidades, a modelar comportamentos, impulsionados pelo consumismo e
individualismo. Os espaços nas narrativas memorialísticas exercem relevante importância porque
trazem as marcas de subjetividade, quer seja em relação ao caráter psíquico, cultural, de costumes
ou de tradição. A reconstrução dos fatos a partir dos espaços vai ao encontro do que Maurice
Halbwachs (2006, p.55), denomina de reconhecimento por imagens: “ligar a imagem (vista ou
evocada) de um objeto a outras imagens que formam com elas um conjunto e uma espécie de
quadro, é reencontrar as ligações desse objeto com outros que podem ser também pensamentos
ou sentimentos”. Desse modo, a representação literária demarcada por espaços físicos, sociais
ou simbólicos, pode contribuir para a interpretação de tempo histórico e social, de acordo
com os impactas das imagens que se lhes apresentam. Assim, a variabilidade de formas e meios
com que os espaços em suas interfaces com a memória podem ser abordados em uma obra
literária proporciona, de modo equivalente, um grande número de possibilidades interpretativas
e metodológicas.
Palavras-chave: Literatura. Espaço. Memória. Escrita de si.
Resumo: Este trabalho objetiva analisar a dialética entre lembrança e esquecimento na obra
Memórias de um velho (2008), de Clodoaldo Freitas, publicada em 1905. Para tanto, serão
considerados os espaços vivenciados por Emílio, personagem principal. Emílio nos apresenta um
panorama de sua vida desde a infância até o momento em que nos fala de sua velhice. Sendo
o espaço um dos elementos intrínsecos da narrativa romanesca, construído pela relação que
estabelece com os personagens dentro do contexto histórico e social, pretende-se identificar
os tipos de espaços explorados no livro em estudo, como ponto de partida para entendermos
os lapsos de esquecimento e lembranças relatados pelo personagem. Como suporte teórico,
baseamo-nos em Bachelard (1993), Santos e Oliveira (2001), Bosi (1994), Borges Filho (2007),
dentre outros. Os espaços em Memórias de um velho são percebidos a partir da construção de
uma memória que desencadeia situações vividas pelo sujeito que se posiciona, que demonstra
ser capaz do total controle sobre o lembrado, no entanto isso escapa em muitas situações no
decorrer da trama, como expressão das lacunas da própria memória.
Palavras-chave: Espaço. Lembrança. Esquecimento.
Resumo: O objetivo deste trabalho é compreender como a identidade cultural fragmenta o sujeito
na pós-modernidade a partir do conto O convívio, da obra A máquina de ser, de João Gilberto
Noll (2006). No conto em discussão, o narrador apresenta a sua maneira excepcional de discutir
as virtudes e dramas existenciais a que estamos subjugados, mas também àqueles que investigam
uma literatura favorável com a finalidade de sensibilizar padrões e juízos de valores solidificados,
como também de ampliar uma visão mais profunda do cotidiano das pessoas no século XXI.
Tem como temática a análise de uma protagonista e narradora que se esforça para preparar o
seu chamado ‘pupilo’ para a convivência em sociedade. Também não se pode declarar muitas
informações sobre os personagens, uma vez que é uma característica marcante na narrativa de
Noll. Para tanto, usaremos como aporte teórico as reflexões de Stuart Hall (2005), para quem no
mundo moderno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma das principais
fontes de identidade cultural e dessa forma, essas identidades não estão literalmente impressas
em nossos genes. Entretanto, nós efetivamente pensamos nelas como se fossem parte de nossa
natureza essencial; Benedict Anderson (1983), que argumenta que as diferenças entre as nações
residem nas formas diferentes pelas quais são imaginadas; Bhabha (1998) que define a crítica
pós-colonial como testemunha das forças desiguais e irregulares de representação cultural
envolvidas na competição pela autoridade política e social dentro da ordem do mundo moderno.
Incluiremos ainda, Derrida (2003) que trata da hospitalidade ao afirmar que não se pode oferecer
hospitalidade ao que chega anônimo e outro qualquer que não possua nome identificador, família
ou estatuto social. No mundo moderno, a identidade é algo complexo e de variadas mudanças
sociais. Com esse trabalho, espera-se ilustrar de forma discursiva a problemática em torno das
questões sobre identidade.
Palavras-chave: Literatura. Identidade. João Gilberto Noll.
Resumo: O presente trabalho é um recorte da pesquisa de Iniciação Científica que traz como
título “Memória e Identidade: A figura feminina em Despida, de Inês Pereira Maciel” Portanto,
propomos aqui analisar os espaços de acolhimento através do processo de rememoração do
sujeito poético da obra Despida (2014), da escritora maranhense Inês Pereira Maciel. A obra em
questão engloba poemas que falam de perdas, tristezas, anseios e perplexidades de um sujeito
poético que se utiliza dos espaços que habita com o intuito de rememorar o vivido e, ao mesmo
tempo, reafirmar a identidade. O corpus do trabalho em questão envolve os seguintes poemas:
Fagulhas; Doce Prisão; A Sina; Provinciana. A pesquisa está fundamentada na visão de Maurice
Halbwachs (2006), Joel Candau (2016), no que concerne à memória; quanto aos espaços, é
salutar o pensamento de Gaston Bachelard (1993). A memória e o espaço possuem uma relação
fundamental para a condição de pertencimento e de afirmação da identidade, uma vez que
ambos são estabelecidos por meio de práticas sociais. Espaços de vivências como a cidade, a rua
da primeira infância, a casa natal com seus microespaços são os primeiros espaços habitados pelo
sujeito. Além deles, os elementos composicionais dos espaços da casa: fotografias, objetos da
sala de estar, do quarto, as flores do jardim, dentre outros, favorecem sensação de acolhimento e
de proteção que a relação familiar proporciona. A identidade se constrói a partir da rememoração
desses espaços, pois o ato de lembrar é, ao mesmo tempo, uma construção de pertencimento:
quando se perde memória, consequentemente se perde identidade. (CANDAU, 2016) Desse modo,
os espaços são importantes na ressignificação do vivido e se colocam em constante interação com
os sujeitos que os vivenciam, de modo a revelar sensações e percepções. Portanto, a memória e o
espaço são importantes para a construção/efetivação da identidade do sujeito.
Palavras-chave: Memória; Espaço; Sujeito Poético.
RESUMO: Objetivamos com este trabalho analisar a relação entre vivência urbana e a rememoração
do protagonista da obra Mãos de Cavalo, do escritor Daniel Galera, a partir dos lugares de
referências citadinas. Daniel Galera se destaca na Literatura desde 2001, com uma escrita
caracterizada pela simplicidade linguística. O autor já recebeu vários prêmios literários, como o
Prêmio São Paulo de Literatura e o Prêmio Machado de Assis de Romance. Durante muito tempo,
o espaço, nas narrativas literárias, possuía um significado meramente geográfico. Avançando
as pesquisas, passou a ser considerado para além de uma ótica meramente complementar,
adquirindo um papel relevante quanto à articulação com os demais elementos da trama. O espaço,
dotado de complexidades, completa a identidade dos personagens, dado ao fato de que se nutre
de mecanismos simbólicos, responsáveis por guardar, o que Ecléia Bosi (2006) denomina fiel
testemunho. A memória, por sua vez, se encarrega de guardar os momentos individuais e coletivos
que denotam emoções, sentimentos, particularidades que condizem com as experiências vividas
pelos personagens. Jacques LeGoff (1996) fala à respeito da importância da memória, o mesmo
defende que o ato de rememorar é essencial para a afirmação do que somos, comprovando a
ideia de que a memória nos completa. Temos como referências básicas os seguintes pressupostos
teóricos: no que se concerne à memória, adotamos o pensamento de Maurice Halbwachs (2006),
Jacques LeGoff (1996), Ecléa Bosi (2003); quanto ao espaço, amparamo-nos na visão de Osmar
Lins (1976) e Oliveira e Santos (2001). Desse modo, o entrelace entre a memória dos personagens
da trama com os espaços de suas vivências, suscita a valorização dos lugares da cidade, capazes
de guardar histórias individuais e coletivas, permitindo-nos refletir sobre aspectos culturais que os
espaços citadinos de uma obra comporta. Assim, através dos lugares de vivência, somos capazes
de levantar reflexões sobre o passado vivido, de modo que a memória vai ao encontro de lugares
de pertencimento, confirmando o entrelace existente entre espaço e memória.
Palavras-chave: Memória, Espaço, Literatura.
RESUMO: A cidade tem uma importância capital para o sujeito, ela emite um vasto repertório de
sentimentos, costumes e convenções sociais, por entre seus traçados conserva também lembranças
e tensões. A cidade está sempre disponível a receber olhares, registros e significações. A literatura,
pela malha das produções ficcionais, tem contribuído com esse processo, desvelando os quadros
humanos em um labirinto de ruas, praças e lugares feitos de texto, que também configuram relações
de trocas e demais marcas de vivências. Nesse trabalho, nosso objetivo é analisar como se dá a
constituição imaginária do ambiente urbano. Para articularmos melhor tal abordagem traçamos
um caminho pelas cidades que florescem nas cenas de leituras das obras de Josué Montello e
de João do Rio, de maneira a compreender os diferentes mecanismos de sentidos expressos no
fenômeno literário. A presente pesquisa dialoga com a visão de Candido (2006), Pesavento
(2002), Calvino (1990) dentre outros não menos importantes. No trabalho de representação,
o artista da palavra compõe a cidade por tentativas de harmonizações e semelhanças do que ele
vislumbra por seu olhar e por sua capacidade inventiva, o que implica dizer que para cada escritor
a conjuntura urbana é recriada na intenção “de verdade” e também “de como se”: há montagens,
elaborações e uma abundância de imagens que se aproximam e se distanciam do testemunho e
registro da cidade. Em todo o caso, a cidade e a escrita estão indissoluvelmente ligadas. O texto,
como relato sensível das formas de ver a urbe, é mais do que uma descrição física ou simples
forma de fabulação, é um discurso que expressa uma carga simbólica da realidade social. Em
Josué Montello e em João do Rio a cidade se apresenta como tema e personagem porque não
comporta apenas a densa e complexa vida dos personagens, mas também recebe evidencia pela
lógica das experiências desses nos espaços percorridos e nos traços do cotidiano.
Palavras-chave: Cidade; Representação; Narrativa ficcional.
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo a investigação das representações da memória no
romance de formação A Noite da espera – o lugar mais sombrio, de Milton Hatoum, e a tensão
entre a vida pessoal e a política através do seu narrador-personagem Martim. As memórias do
narrador são transcritas e repensadas em Paris, onde, exilado, relê anotações sobre os tempos de
juventude em Brasília. Cadernos, fotografias, folhas soltas, guardanapos com frases rabiscadas,
cartas e diários de amigos. Nessa releitura, tenta reconstruir traços de sua vida desde o natal de
1967, quando a mãe anuncia o divórcio e ele então é obrigado a se mudar para a nova capital
federal. É lá que, aos 16 anos, Martim conhece a arte, a amizade, o amor, a política e a violência da
ditadura militar. Na evidenciação de que se trata de um romance ficcional e não autobiográfico,
busca-se a compreensão das características estruturais do romance, como a fragmentação
temporal, através do processo de digressão, que trazem à tona dificuldades enfrentadas pelo
narrador em testemunhar sobre seu passado. Como aporte teórico, fundamentar-nos-emos nos
estudos de Izquierdo, acerca da memória, Sigmund Freud e Jean Starobinski, sobre melancolia
e Erich Auerbach, Antonio Candido e Anatol Rosenfeld sobre a relação entre as características
formais e os dilemas sociais e existenciais enfrentados pela personagem principal.
Palavras-chave: Narrativa, Ficção, Memória, Melancolia.
RESUMO: Objetiva-se com este trabalho analisar a relação entre espaço e memória em Flores
incultas, da escritora piauiense Luiza Amélia de Queiróz. A autora publicou duas obras de poesia:
Flores incultas (1875) e Georgina ou efeitos do amor (1893), ambas com temática amorosa,
cuja descrição é o sofrimento idílico da mulher frente a uma sociedade marcada pela dominação
masculina. É considerada a primeira mulher escritora da Literatura Piauiense, rendendo-lhe o título
de Princesa da Literatura. Sua produção insere-se na estética Romântica, sendo a maior parte de
sua escrita em jornais do século XIX. O lirismo e o sentimentalismo são marcas de sua poesia.
Outras características assinaladas pela poeta são o louvor a grandes paixões, o saudosismo, o
amor e os sentimentos fraternos, sobretudo em relação à mãe e à irmã. Flores incultas é uma
obra composta por 111 poemas, caracterizada pelo tempo pretérito, com ênfase em sentimento
de perda, dor e solidão. O eu poético registra lembranças que mais lhe marcaram, sendo suas
impressões ressignificadas no presente. Dessa forma, suas percepções resultam do contato do
corpo físico com o ambiente. Assim, lugares como a casa, com seus mais distintos microespaços
suscitados pela voz poética, provocam o aparecimento das lembranças que, em geral, evidenciam
os membros familiares, e sua consequente sensações. Ao serem revistados, os espaços carregam o
peso sentimental da memória. A pesquisa é fundamentada na visão de Bergson (1999), Bachelard
(2003), Ponty (2011), dentre outros. A atualização do vivido ocasiona a coexistência passado/
presente repercutindo no ser que se pronuncia, por isso a denominação espaço dos afetos. Os
lugares revisitados proporcionam sentimentos dos mais vaiados: nostalgia, angústia avultados no
agora, o que faz com que o sujeito poético mostre-se melancólico e saudosista. Assim, o passado
se atualiza em forma de imagens, estas ecoam na memória do sujeito que recorda, ressiginificando
o vivido e, dessa maneira, ele vive no e para o passado.
Palavras-chave: Memória; Percepção; Espaço; Flores incultas
Resumo: Utilizando análises textuais e pesquisas bibliográficas como metodologia, esta pesquisa
tencionou aprofundar uma análise voltada para a narradora-personagem do romance A casa
dos budas ditosos, do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, pautando-nos no discurso de CLB
e na postura que ela assume ao relatar suas memórias eróticas. Tendo em vista que grande
parte da crítica considera o discurso dessa personagem feminina como principal prova de sua
transgressão e, por isso, uma mulher livre de amarras sociais, machistas e preconceituosas,
este trabalho ambiciona analisá-la seguindo um ponto de vista oposto, pois seu discurso deixa
margens para que possamos analisá-la sob um ponto de vista diferente daquele que parte da
crítica considera, apontando a submissão da protagonista feminina em relação à figura fálica.
Em tom confessional, CLB narra suas peripécias sexuais e, ao mesmo tempo em que se vela nas
iniciais de seu nome, desvela-se ao expor sua sexualidade compulsiva através de suas lembranças
expostas na narrativa. A personagem fala de seus “experimentos” sexuais com Domingos, com o
irmão Rodolfo, do prazer que o perigo proporcionava nos encontros com o tio Afonso, da saga
para conquistar e convencer José Luís a realizar seu tão idealizado desvirginamento, do sexo em
grupo e de relações homossexuais. Para entender a memória como artifício para as confissões da
narradora-personagem, contamos com as concepções teóricas de Henri Bergson, Marcel Proust
e Michel Foucault.
Palavras-chave: Memória, discurso, sexualidade
RESUMO: O texto Poema Sujo, escrito no período de maio a outubro de 1975, pelo escritor
maranhense Ferreira Gullar, nos permite enxergar a ressignificação da infância e da adolescência
do sujeito lírico através de ações memoráveis que fazem parte importante dos tempos do menino
de outrora, experiências que se tornam significativas para o seu presente. Definido por Assis Brasil
como uma espécie de Canção do Exílio moderna e por Eleonora Camenietzki como o mimetismo
poético de um fluxo de memória, propõe-se visualizar, através das perspectivas sobre o conceito
de literatura de Sartre (2012), das peculiaridades do discurso literário de Maingueneau (2006) e
das condições do texto literário de Todorov (2009), a relevância da obra literária para promover
uma visão de mundo diferente e irreverente, cujas possibilidades ultrapassam os limites da palavra.
Trabalhando temas como a literança e a representatividade da memória do sujeito associados
aos estudos dos teóricos supracitados e, também, a ressignificação da memória baseada nas
concepções de Halbwachs (2006), discute-se o papel da literatura enquanto materialização do
discurso daquilo que se revive e como isso pode ocasionar uma variedade de percepções, valendo o
quão relevante se torna o estudo do texto literário e como isso é significante para se compreender
o próprio mundo.
Palavras-chave: Ferreira Gullar, Literatura, Representação, Memória
RESUMO: Chimamanda Ngozi Adichie vem sendo aclamada pela crítica e pela academia pela sua
forma de escrever e os temas abordados em seus romances. Assim como suas outras obras, em
Meio-Sol Amarelo percebemos um romance que possibilita trazer à tona diversas discussões acerca
do tema da ancestralidade, do sujeito colonizado, da negritude e do papel da mulher na sociedade
africana. O romance em questão se diferencia, no entanto, por trazer um acontecimento histórico
importante na história da Nigéria, a Guerra de Biafra. Tendo tido um forte impacto na vida dos
nigerianos pela quantidade de mortos, essa guerra civil é objeto de descrição de vários escritores
nigerianos. Narrado sob o ponto de vista de três narradores, Richard, Ugwu e Olanna, em Meio-
Sol Amarelo percebemos a dificuldade em se narrar os acontecimentos de guerra. Observamos
também a luta interna travada pela necessidade de assumir uma posição em prol da nação. Neste
trabalho, propomos uma análise do conceito de nação, para em seguida, buscar entender como
ela interfere na tomada de decisão dos indivíduos no contexto de guerra. Para discutir o sentido
de nação, faremos uso de teóricos como Benedict Anderson (2005), Hobsbawn (1998) e Bhabha
(1998); para tratar da coletividade nacional e memória coletiva, usaremos os textos de McClintock
(2004), Halbwachs (2013) e Pierre Nora (1984).
Palavras-chave: Memória; Guerra; Meio-Sol Amarelo; Chimamanda Ngozi Adichie.
RESUMO: O presente artigo visa entender como o protagonista da obra Limite Branco, de Caio
Fernando Abreu, constrói sua identidade, a partir do campo social em que se inseri. Para tanto, será
analisado a obra Limite Branco, de Caio Fernando Abreu, que sob aparatos teóricos de Bachelard
(1993), Bosi (2003), Candau (2012), Hallbawchs (2006) e Ricoeur (2007) embasam a presente
discussão. O romance demonstra traços memorialísticos a partir de lembranças traçadas por
Maurício (protagonista) nos registros em forma de diário. Pela tessitura memorialística, o campo
familiar é de grande evidencia.O personagem questiona sobre suas vivências na tentativa de entender
sobre si mesmo para um melhor entendimento sobre seu “eu”. Durante tal processo, Maurício
permanece indagando-se, contudo, o romance demonstra que tais suportes memorialísticos (o
espaço da infância e o ambiente familiar) ajudaram-no numa melhor construção subjetiva a partir
de lembranças que mantiveram Maurício em contato com seu “eu”. Constata-se que a identidade
do personagem, ou seja, o que o tornou hoje enquanto sujeito social é formada por suas memórias
e suas expectativas futuras.
Palavras-chave: memória; Identidade; Limite Branco.
RESUMO: O presente simpósio tem por objetivo ampliar as discussões em torno dos processos de
letramento literário em âmbito escolar. A leitura escolar deve contemplar o aspecto formativo de
educando, estimulando-lhe a sensibilidade estética, a emoção, o sentimento [...] o texto literário
tem muito a contribuir para o aprimoramento pessoal, para o autoconhecimento, sem falar
do constante desvelamento do mundo e da grande possibilidade que a leitura de determinada
obra oferece para o descortínio de novos horizontes para o homem, no sentido da formação e
do refinamento da personalidade. Nessa perspectiva, a escola precisa compreender o ensino e
a leitura do texto literário a partir da dimensão artística que este possui. Ler um texto literário
pode não tornar o homem melhor ou pior, mas certamente o tornará mais humanizado, sensível
às contradições e vicissitudes da vida (Silva e Silveira, 2013). Desse modo, o exercício da leitura
literária, não pode centrar-se apenas na aquisição de habilidades de ler gêneros literários e, nem
tão pouco, servir como pretexto para a identificação de questões gramaticais, mas precisa ser
pensado como um exercício de compreensão e sobretudo de ressignificação do texto para todos
os sujeitos envolvidos no ato de ler. Na perspectiva do letramento literário, o objetivo principal
é tornar o aluno um leitor eficiente, dentro e fora do ambiente escolar. Para isso, na prática do
letramento são criadas estratégias metodológicas que visam ampliar e fortalecer o ensino e a
aprendizagem da literatura, buscando compreender o texto literário a partir de seu uso social.
Com base nesses princípios, propõem-se a socialização das múltiplas possibilidades de leitura do
texto literário em sala de aula.
Palavras-chave: Letramento. Literatura. Ensino.
RESUMO: Após 3 (três) meses de observação nas aulas de Língua Espanhola no CE “Cidade de
São Luís” verificou-se que nas mesmas o professor privilegiava o ensino da gramática, e dava
pouca ou nenhuma atenção à prática oral. Essa situação era justificada, com base nas seguintes
questões: falta de acústica adequada, falta recursos audiovisuais, grande quantidade de alunos,
falta de tempo para elaboração de material, dentre outros. Diante dessa situação o presente
estudo buscou produzir materiais didáticos, tendo como base a abordagem comunicativa e os
fundamentos da letramento. Após a elaboração e organização do material, realizou-se a aplicação
do mesmo, nas turmas da 1ª série do Ensino Médio do CE Cidade de São Luís e, assim analisou-se
os resultados obtidos e se os procedimentos utilizados promoveram o letramento.
Palavras-chave: Língua Espanhola. Letramento. Abordagem comunicativa.
RESUMO: A abordagem desse estudo recai sobre a prática docente, isto é, compreender de que
forma o letramento literário está presente na formação do professor, para que este assuma seu
papel, enquanto mediador de leitura e formador de leitores. Dessa forma, tal estudo volta-se
para a análise dos reflexos da formação continuada no cotidiano do trabalho do professor com
a leitura, ou seja, o manejo com texto literário, sua intervenções e mediações para favorecer a
construção de sentidos durante o ato da leitura do aluno. Para nortear esse estudos sobre o
letramento literário, buscou-se dialogar com Magda Soares (2012), Jane Paiva (2013) e Ângela
Kleiman (2012) por atualizarem os conceitos e aplicações sobre o letramento na leitura do texto
literário. Para tratar sobre a influência do professor na formação do aluno-leitor do texto literário
no âmbito escolar, utilizar-se-á dos estudos de Certeau (1994), Lajolo (2008), Zilberman & Lajolo
(1996), Sousa (2202, 2008, 2009, 2010), cujas concepções de leitura são vistas como resultantes
de práticas sociais, que circulam em espaços diferente.
Palavras-chave: Letramento Literário. Formação Docente. Festival Literário
RESUMO: O presente estudo tem como principal objetivo explicitar a utilização do conto
maravilhoso como uma ferramenta que pode despertar o gosto pela produção textual e a prática
da leitura. Antigamente, a contação de histórias era bastante utilizada pelas pessoas como forma
de transmitir a cultura de um povo. Esse legado, passado de geração a geração, foi determinante
para a evolução das civilizações. A contação de história no âmbito educacional pode ser uma forte
aliada para o educador no processo de ensino/aprendizagem de seu educando, pois, a utilização
dessa prática em sala de aula permite que os alunos experimentem sensações de alegria, tristeza,
raiva, medo, além de prazer oriundo da escuta de uma boa história, como é o caso do gênero textual
conto maravilhoso. Para desenvolver essa pesquisa, foram utilizados Coelho (1997), Bettelheim
(2000), Chaves (1963), Cheola (2006) e Marcuschi (2002). De Coelho (1997), utilizamos o
conceito de conto maravilhoso, definido como o tipo de narrativas orientais, difundidas pelos
árabes. Já Bettelheim (2000) contribui relatando os benefícios psicológicos proporcionados pela
escuta de uma boa história, e as reflexões que traz a tona, como as questões sobre a vida que são
abordadas nos contos maravilhosos. Chaves (1963) explicita que entreter, despertar a atenção
ou descansar a mente usando a história mostra o quão poderoso pode ser esse gênero para a
formação do caráter daqueles que o ouve/lê. Utilizamos ainda os pressupostos de De Cheola
(2006), que trata da importância da narrativa no conto maravilhoso, pois expressa por meio de
seus meios mágicos as melhores maneiras de se resolver os problemas sociais. Marcuschi (2002)
contribui ainda com sua definição de gêneros textuais, vistos como formas verbais de ação social
relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades de práticas sociais e em
domínios discursivos específicos. A partir desses do objetivo e pressupostos propostos, realizamos
uma pesquisa com alunos da educação básica, utilizando o conto como uma ferramenta para
incentivar a produção textual. A pesquisa ainda está em andamento, mas nossos resultados
parciais apontam trabalhar gêneros textuais literários em sala de aula traz diversas contribuições
para o processo de ensino/aprendizagem.
Palavras-chave: Gêneros textuais; contação de histórias; contos maravilhosos; produção textual.
RESUMO: Na última etapa do Ensino Médio os alunos da 3ª série precisam desenvolver sua
competência na produção de textos argumentativos, visando alcançar aprovação nos vestibulares.
Essa tarefa, por vezes, tem sido um grande desafio para o aluno e para o professor, isso porque
ao longo da escolarização, o alunado, em geral, tem pouco contato com a leitura do texto
dissertativo, o que acarreta ao final do Ensino Médio uma série de dificuldades, dentre elas, a
falta de competência para construir argumentos. Diante dessa realidade, este estudo adentrou no
universo literário de Padre Antônio Vieira, encontrando no Sermão da Sexágema uma excelente
material para ser trabalhado em sala de aula, com vistas a desenvolver a competência discursiva
na produção textual do aluno/vestibulando, e consequentemente favorecer seu letramento, já
que o texto literário, conforme Vera Teixeira de Aguiar (2006) é capaz de ampliar os horizontes
de expectativa do leitor, bem como a sua percepção de mundo. Na análise dos elementos
argumentativo e da retórica do referido Sermão, utilizou-se como aporte teórico os estudos de
Magda Soares (2016); Ângela Kleiman (2012); Rildo Cosson (2014), dentre outros, pelos conceitos
sobre letramento literário e os métodos de abordagem desde texto em sala de aula.
Palavras-chave: Argumentação. Retórica. Letramento literário.
RESUMO: Um dos objetivos do letramento literário é sensibilizar o aluno para que ressignifique e
questione os “rótulos” que as obras literárias, por vezes, recebem. Comumente, novas propostas
de leitura mediadas pelo professor podem promover deslocamentos de classificações, o que
pode ser muito positivo, dependendo da abordagem assumida. Assim, vislumbram-se renovadas
possibilidades de leituras e apropriações à comunidade de leitores (COSSON, 2014), discutindo-
se, por exemplo, a atualidade e a permanência (ou não) (COSSON, 2009) de determinados textos,
bem como os diálogos que se podem estabelecer entre obras. Importante considerar que a escola
deveria ser o espaço para a abertura e para a ruptura com convenções (especialmente as mais
esvaziadas ou mais desgastadas de sentido). Assim, o cânone merece ser revisto e repensado para
que haja, de fato, incremento do repertório dos alunos e a literatura encontre, dentre tantas
funções, de fato, seu caráter social e formativo (CANDIDO, 2004), dando voz a grupos tantas vezes
silenciados ou pouco ouvidos. O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta de sequência
didática (SD), incluindo sequências de letramento literário (COSSON, 2009). Essas atividades
privilegiaram obras literárias “não canônicas” e buscando promover, por meio delas, debate,
sensibilização e análise crítica. A SD foi desenvolvida com alunos dos 2os e 3os anos do Ensino
Médio Integrado (Informática e Química) do IFSP – Câmpus Capivari e teve como base a leitura de
“Quarto de despejo – diário de uma favelada” (1960), de Carolina Maria de Jesus e “Para educar
crianças feministas” (2017), de Chimamanda Ngozi Adichie. A partir das leituras, organizaram-se
rodas de conversa para debater os textos. Posteriormente, os alunos compuseram uma produção
de texto entrelaçando a apreciação das obras a uma palestra em que se discutiu a violência contra
a mulher. Desse modo, buscou-se oportunizar o enriquecimento do repertório cultural, bem como
a discussão literária sobre obras “não tradicionais”. Ao final, a produção autoral buscou reforçar
a inserção dos alunos no diálogo entre a literatura e questões contemporâneas, como violência,
papéis de gênero, construção de memórias individuais e coletivas e a importância da leitura e
escrita literária como formas de resistência e construção da identidade.
Palavras-chave: Letramento literário, literatura e resistência, memória.
RESUMO: No Brasil, a Lei nº 10.436, de 2002 descreve a Língua Brasileira de Sinais – Libras
como “uma forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visual-
motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de
ideias e fatos oriundos de comunidade de pessoas surdas do Brasil” (Brasil, 2002, p. 23). É
sabido então, que a Libras é uma língua natural reconhecida por possuir os mesmos universais
linguísticos que caracterizam as línguas orais, sendo possível analisar os aspectos fonológicos,
morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos de acordo com as especificidades típicas da
modalidade gestual e visual. Com isso, assim como qualquer língua natural, a Libras passa por
processos graduais de variação e de mudança linguística decorrentes de motivações linguísticas e/
ou extralinguísticas, condicionadas por fatores como escolaridade, faixa etária, gênero, mercado
de trabalho, dentre outros. Soma-se a essa informação o crescente contato entre as variedades
linguísticas nas diferentes regiões do Brasil. Nessa ótica, todas as variedades linguísticas precisam
ser reconhecidas e valorizadas nos mais diferentes contextos comunicativos. Tendo como base essas
questões preliminares e o pouco número de pesquisas que contemplem a questão em foco, este
simpósio propõe discutir o fenômeno da variação linguística na Libras, tomando como referencial
teórico as pesquisas Sociolinguísticas orientadas pelos estudos variacionistas de Wiliam Labov,
bem como a contribuição dos estudos da Dialetologia e da Geolinguística.
Palavras-chave: Língua Brasileira de Sinais. Variação linguística. Pesquisa
RESUMO: Assim como nas línguas orais, as línguas de sinais também possuem suas particularidades
durante a fala, na língua oral se constata essas características por intermédio de alguns
fenômenos como rotacismo, monotongação, síncope e etc. Entretanto nas línguas gesto visuais as
peculiaridades são percebidas através dos parâmetros: configuração de mão, movimento, ponto
de articulação, orientação da mão e as expressões faciais, além disso, existe a questão do uso
da mão dominante e não dominante, ou seja, o sinal pode ser feito com as duas ou somente
uma mão, vai depender de cada um. Com o intuito de explorar a questão da fala, esta pesquisa
tem o objetivo de verificar, quais aspectos são evidenciados durante a sinalização, focalizando
no parâmetro configuração de mão. Para tanto se faz uma comparação das características de
configuração de mão de cada sinalizante. A pesquisa de campo foi feita em duas instituições
do município de São Luís: uma faz parte da rede estadual de ensino fundamental e outra de
ensino médio técnico. Para o desenvolvimento do processo foram propostos os seguintes perfis: a
criança surda têm 12 anos, que aprendeu a língua dentro do período crítico; um surdo adulto com
22 anos e uma ouvinte com 19 anos, ambos adquiriram a Libras depois do período crítico. Toma-
se como base, a tabela de CM do INES-Instituto Nacional de Surdos, escolheu-se três numerações
de configurações de mãos 12, 18,24 e com base nelas foram eleitos três sinais, os quais foram
apresentados para os participantes através de uma tabela com seus significantes e significados,
em seguida foram convidados a sinalizar, separadamente, a fim de evitar que um imitasse a forma
de sinalizar do outro. A captação dos sinais se dá partir de filmagens e fotos feitas com celular
e durante a investigação percebeu-se que cada sinalizante realizou o sinal com a configuração
de mão bem diferente do outro, apesar deles terem visualizado essa padronização na tabela é
notório que os sinalizantes em sua fala acabaram não seguindo este padrão de CM proposto
pelo INES. Outra observação pertinente é que a criança surda ainda não consegue fazer com
desenvoltura a CM, já na sinalização dos adultos, surdo e da ouvinte é perceptível a intimidade
com os parâmetros, mas mesmo assim eles colocaram em suas falas os recursos individuais como
marca registrada de seus falares.
Palavras-chave: Fala, Variação, Configuração De Mão.
RESUMO: É sabido que a variação linguística é um fenômeno que ocorre em qualquer língua
natural. Assim, este trabalho tem como objetivo principal apresentar as cartas linguísticas
elaboradas por meio de uma pesquisa, em andamento, da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Os
dados dessa pesquisa se tratam de um recorte prévio de uma investigação geolinguística realizada
na Ilha do Maranhão, nos munícipios de São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa.
Esse estudo, de cunho qualitativo, geolinguístico e sociolinguístico, contempla diferentes regiões,
visando analisar as variações encontradas. Foram selecionados dois informantes surdos por
município, um do sexo masculino e outro do sexo feminino e, por meio de questionário elaborado
previamente, bem como do uso de reálias, obteve-se de forma natural os sinais referentes aos
itens lexicais selecionados. Foram estabelecidos cinco campos semânticos, com dois sinais em
cada, para a composição do corpus desse estudo. Mediante o resultado obtido, e partindo do
pressuposto de que toda variação é proveniente de um padrão, as cartas foram desenvolvidas.
Por intermédio de autores da área como Labov (1972), Bortoni-Ricardo (2014) e Saussure (2012),
buscamos pleitear e assimilar tópicos relacionados à variação geográfica ou variação diatópica
da Língua Brasileira de Sinais no Maranhão. Almejamos, com os resultados obtidos através dessa
pesquisa, fomentar mais investigações voltadas para esse campo, de forma que visem a somar
e ampliar o campo de exploração discorrido e relacionar os aspectos geográficos aos aspectos
sociais que estão envolvidos na variação de toda e qualquer língua natural.
Palavras-chave: Variação; Geolinguística; Libras.
RESUMO: O estado do Maranhão é reconhecido como um dos grandes celeiros culturais do país,
foi berço de poetas e prosadores que impulsionaram a Literatura brasileira e ajudaram no processo
de construção de uma identidade nacional. Nesse sentido, o simpósio aqui apresentado objetiva
oportunizar aos pesquisadores que estudam a escrita de autores maranhenses uma compreensão
das produções destes como representações escriturísticas de cenários de várias épocas históricas
do Maranhão e, assim, ajudar no processo de identificação e construção de uma historiografia
literária dos autores, obras, gerações, movimentos, escolas, agremiações, estilos e influências.
Dentre as possibilidades ou estratégias de análises, os participantes do simpósio poderão apresentar
reflexões críticas sobre as mudanças ou alterações na linguagem, na abordagem temática ou nas
formas de expressões utilizadas por poetas, romancistas ou cronistas. Além disso, são bem-vindos,
também, os trabalhos que objetivem expor um alargamento da produção literária maranhense,
fortalecendo as já conhecidas obras de levantamento da nossa Literatura, como as de Jomar da
Silva Moraes (1940-2016) e Josué de Sousa Montello (1917-2006). Os participantes poderão,
ainda, propor trabalhos que objetivem perceber as descontinuidades do fazer literário tradicional,
entre os autores maranhenses, rumo a um fazer moderno e até pós-moderno, reconfigurado,
principalmente, pelos usos de novas bases epistemológicas ou, ainda, pela inserção dos aparatos
tecnológicos, tanto no fazer literário das novas gerações quanto como possibilidade de expansão
crítica, inserindo-se, aqui, temáticas como a construção de bancos de dados eletrônicos da
historiografia literária maranhense, o uso de softwares para tratamento textual e caracterização
de estilo (estilometria computadorizada) entre outros. Com base no exposto, ao término das
apresentações e discussões, o simpósio prevê a construção de um panorama – sempre aberto e
incompleto, uma vez que não se pode pensar de outra forma – sobre o que se tem produzido em
termos de crítica a respeito da literatura do Maranhão.
Palavras-chave: Literatura maranhense; Crítica literária; historiografia literária.
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo apresentar, de forma preliminar, a ideia de
angústia enquanto fenômeno da inspiração na poesia nauriana, através de análise filosófico-
literária das categorias “anafilático”, “desespero” e “esperança”, as quais formam o título de
uma das obras do poeta: O Anafilático desespero da esperança. Tal obra, por sua vez, é objeto de
estudo de uma dissertação de mestrado em processo de elaboração, cujo objetivo é realizar uma
hermenêutica da angústia, uma vez que se trata de uma temática recorrente na obra de Nauro
Machado, o que constitui, por ventura, uma importante chave de leitura a ser erigida dentro
das perspectivas de estudo em teoria literária. A angústia, aqui compreendida, não se refere a
qualquer sentimento, mas sim a uma dimensão existencial onde a realidade se nadifica e arroga,
dessa forma, o desvelamento inaudito que possa suplantar os sentidos de uma mundanidade
desvigorada. Tal desvigor, portanto, aloca-se como inspiração – e a poesia dá-se enquanto dizer
originário, isto é, enquanto passagem do não-ser ao ser. Para tanto, a metodologia utilizada é o
modelo hermenêutico-fenomenológico, teoricamente fundamentado na perspectiva heideggeriana
para análise poética. Os resultados contemplam, previamente, uma apreciação inteligível da ideia
de angústia enquanto fenômeno da inspiração elaborada a partir do drama existencial revelado
através da metáfora da “esperança” em seu “desespero anafilático”.
Palavras-chave: Poesia; Angústia; Nauro Machado
RESUMO: O ciberespaço tem sido cada vez mais presente quando nos referimos ao acesso à
informação, bem como elementos de cultura, como a literatura. E, na perspectiva da literatura, o
trabalho ora feito tem como finalidade dissertar sobre a disponibilização, presença, permanência
e acesso à Literatura, em especifico a maranhense, através dos aparatos tecnológicos que estão
disponíveis para as pessoas que, por determinados motivos, entra em contato com esse bem
cultural por meio do ciberespaço. Busca também discutir sobre as práticas necessárias para que,
tanto a disponibilização quanto o acesso, sejam eficientes e significativos. Obras mais antigas,
e presentes em acervos, que estão em um estado de deterioração mais avançado, devem passar
por processos que garantam acesso aos seus conteúdos, pois a ação do tempo pode causar o
impedimento permanente desse acesso, e a digitalização, em consonância com a disponibilização,
se apresentam como facilitadoras da longevidade das obras e das possibilidades de acesso.
Greenhalgh (2011), afirma que é pertinente a ideia de digitalizar o acervo, pois o procedimento
ajudará na preservação do mesmo. Já disponibilização cumpre o papel de democratizar essa
Literatura, para que mais pessoas tenham acesso á ela, fazendo com que se perceba a dupla
função de práticas de inserção da Literatura em meio digital, que é conservar um material raro
e impresso e democratizar o acesso à esse material, colocando-o em um meio em que o número
de pessoas que pode ter acesso à ele, aumenta em uma proporção muito significativa. Araújo e
Valle (2005) afirmam que a tecnologia digital pode propiciar um excelente acesso ao conteúdo
intelectual dos artefatos digitalizados, resguardando os originais, e retardando sua deterioração.
Portanto, podemos afirmar que a Literatura, estando presente no ciberespaço, é democratizada e,
ao mesmo tempo, preservada e estudada, levando em consideração o aumento de possibilidades
de números e modos de acesso que tendem a aumentar, a medida que a Literatura ocupe espaços
que antes lhes eram negados.
Palavras-chave: Ciberespaço. Digitalização. Disponibilização. Acesso. Literatura.
RESUMO: A escrita jornalística de Nascimento Moraes teve grande importância para as letras
de São Luís, destacando-se na sociedade como um escritor de conciso e objetivo, desejando
que seus textos dialogassem com o público, escrevendo do erudito ao popular. Um jornalista,
que buscava o reconhecimento e a afirmação de sua identidade em uma sociedade altamente
preconceituosa. Utilizou a pena como artifício para lutar, durante, toda sua vida para opor-se ao
preconceito racial dos brancos, fazer críticas à situação política, corrigir os desvios gramaticais
cometidos por seus conterrâneos, falar sobre educação, entre outros assuntos, pois era um homem
de conhecimento vasto, o que lhe permitia abordar qualquer temática. O sarcasmo, a ironia,
o insulto são características da prosa afiada que Moraes mantinha nos jornais maranhenses.
Com esse olhar que pretendemos apresentar as polêmicas que envolveram o nome de Moraes
no início do século XX, como o embate travado entre ele e, seu adversário, Antônio Lobo, bem
como, o valor de sua escrita para o jornalismo local. Moraes é o jornalista mais importante das
cinco décadas do século XX. A pesquisa documental e bibliográfica utiliza como referências os
acervos públicos, hemeroteca digital, através da Fundação Biblioteca Nacional, Biblioteca Pública
Estadual Benedito Leite, Arquivo Público do Estado do Maranhão, entre outros livros e ensaios. A
investigação pretende demonstrar a dedicação de Moraes à carreira jornalística, que incomodava
com sua escrita forte e audaciosa e não se deixava vencer pelos seus opositores.
Palavras-chave: Literatura Maranhense; Escrita jornalística; Nascimento Moraes.
RESUMO: O presente estudo tem o intuito de apresentar os dois poemas de autoria do poeta
maranhense Bandeira Tribuzi, intitulados Imagem e Pedra de Alma que compõem a antologia
Obra poética lançada em 2002. Os dois poemas retratam a cidade de São Luís a memória
presente nas ladeiras do centro histórico, seus casarões, as praias que rodeiam a ilha, seu amor
é compartilhado aos amantes da literatura através dos poemas e até mesmo a descaracterização
que esse lugar sofre com as ações do tempo e com isso perdendo a sua identidade, insinuando ao
leitor um olhar mais humano pela preservação do acervo arquitetônico da cidade e suas riquezas.
Segundo (GULLAR, 1990 apud BORRALHO 2011, p. 88) “o nome de Bandeira Tribuzi está ligado
em minha experiência literária à descoberta da poesia moderna. Não foi Bandeira nem Drummond
nem Murilo Mendes que me revelaram uma nova maneira de pronunciar a linguagem da poesia:
foram os poemas de Tribuzi. Tobias Pinheiro e eu estávamos ligados a Manoel Sobrinho e Corrêa
de Araújo, severos cultores de soneto”. José Tribuzi Pinheiro Gomes (02/02/1927 – 08/09/1977),
apaixonado pelos poemas de Manuel Bandeira, colocara como seu codinome Bandeira Tribuzi.
Foi um dos poetas mais importante no século XX, além de ser o precursor do Modernismo no
Maranhão, iniciando o movimento no estado no ano de 1948, com a publicação do livro de poesia
Alguma Existência. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, temos como respaldo os seguintes
pesquisadores e teóricos: BORRALHO (2011), TRIBUZI (2002) HALBWACHS (2006) e dentre
outros.
Palavras-chave: Bandeira Tribuzi. São Luís. Centro histórico. Imagem. Pedra de Alma
RESUMO: Noite sobre Alcântara (1978), do autor maranhense Josué Montello, cujo cenário
narrativo é da segunda metade do século XIX, com muitos apontamentos acerca da visão política
e social da antiga cidade de Alcântara. Montello aborda com propriedade questões de cunho
psicossocial, pois na obra apresenta conflitos interpessoais, que são interpelados pelo subjetivismo,
partindo das reminiscências dos personagens, os quais assumem um caráter de relevância maior
diante da gama de informações contidas na esfera social. Tais personagens são fundamentalmente
motivados pelo ímpeto de serem construtores de suas próprias histórias. A obra traz a lume uma
discussão sobre temas que, até então, figuravam no cenário social local como um expoente
discursivo na literatura maranhense, tais como: a disputa política pelo poder entre Conservadores
e Liberais, o progresso (ilha de São Luís) e o retrocesso (cidade de Alcântara), a ascensão da
ideologia política Republicana e Abolicionista no país e na capital maranhense a lida diária dos
habitantes da cidade de Alcântara. Aos temas que permeiam esta produção artística de Montello,
incluem-se as relações conflitosas entre ricos e pobres – o empobrecimento da aristocracia
alcantarense, o cotidiano dos habitantes da cidade e as relações sociais estabelecidas, que serão,
na obra, o fator agregador de uma memória coletiva. O livro Noite sobre Alcântara ainda destaca
sobremaneira a decadência econômica e social da velha aristocracia maranhense, que teve, na
história real, momentos de opulência e grande força política na província, pois, a partir de 1852,
barões e viscondes se estabelecem em Alcântara, erguendo seus sobrados, casarões, comércios,
com capital advindo das fazendas de gado, engenho de cana-de-açúcar e cultura de algodão e
cereais. E, diante da crise econômica que assola Alcântara, as aspirações vão se perdendo no
decorrer do tempo, à medida que a crise vai se agravando. “Ali no palacete, com certeza, ninguém
sabia que Alcântara tinha seus dias contados. Ou então, se sabia, tratava de procurar esquecer”.
(MONTELLO, 1985, p. 131). É importante frisar que a obra não se limita somente à decadência
física de Alcântara, mas também, demonstra com propriedade como os conflitos interpessoais
são fatores constitutivos de uma identidade social, uma vez que a história e as circunstâncias
sociais condicionam o destino humano para conflitos universais, pois na narrativa de Noite sobre
Alcântara, pode ser, nesse sentido, um lugar comum, em qualquer época, em qualquer grupo
social, estabelecendo conflitos psicológicos em detrimento das aspirações que cada indivíduo
carrega consigo.
Palavras-chave: Decadência, Alcântara, Sociedade, Memória, Crise
RESUMO: O presente trabalho tem como escopo analisar as Correspondências Ativas de Gonçalves
Dias (1974), que contêm uma coletânea de cartas trocadas entre familiares e amigos enquanto
vivo, selecionando apenas as missivas no que diz respeito aos relatos de costumes. Partindo de
resultados parciais do projeto de pesquisa “O epistolário de Gonçalves Dias: ecos de memórias
das crônicas de amor e de costume”, que visa estudar e analisar mais acerca do grande poeta
enquanto epistológrafo, objetivando a valorização e promulgação das Correspondências Ativas
de Antônio Gonçalves Dias (1971), em um estudo analítico e aprofundado. Foram utilizadas para
o aporte as ideias de escrita de si dos teóricos: (FOUCAULT, 1992), (MACIEL, 2007) e (GOMES,
2004), no intuito de investigar a escrita auto ficcional apresentada nas cartas de Gonçalves
Dias trocadas com Alexandre Teófilo de Carvalho Leal, amigo e confidente do poeta e parte de
seus relatórios apresentados ao Imperador do Brasil, D. Pedro II. O trabalho tem por finalidade
compreender a construção desse tipo de escrita, observando suas peculiaridades nas descrições
destes documentos. Busca-se também salientar de que maneira essas missivas podem se constituir
como elemento formador de memórias e conservatório de informações. Assume-se a percepção de
correspondências como uma espécie de “escrita em si” (GOMES, 2004) associada à “afirmação
do indivíduo moderno”, que contribui para o reconhecimento de uma “memória social”. É através
dessas missivas que o poeta registra sua percepção do eu, seus sentimentos e costumes. Walter
Benjamin (1994) declara que, literatos dialogam com a própria “experiência”, correlacionando
assim a memória como elemento formador de identidades e conservatório de informações (BOSI,
1979). Como metodologia realizou-se seleção, leitura e análise de cartas de costumes do poeta.
Esta produção concerne na divulgação de suas obras, elevando o interesse na diversidade literária
maranhense, perpetuando sua memória como poeta e relator de suas experiências sócio históricas
e de cultura através da escrita de si.
Palavras – chaves: Escrita de si. Gonçalves Dias. Memória.
RESUMO: A criação de mundos ideais com a humanidade perfeita é utópica e vem sendo
alimentada desde os primórdios, isso se dá pela insatisfação a estruturas sociais e regimes
políticos vigentes. Mas é a partir dessa noção irrealista que surge a concepção de distopia, como
uma forma distorcida da realidade. Esse tipo de narrativa apresenta várias críticas, como forma
de alerta aos possíveis “rumos” que podem ser reservados à uma sociedade. Como principais
representantes dessa literatura, temos as obras Fahrenheit 451 de Ray Bradbury e Admirável Mundo
Novo de Aldous Huxley como objeto dessa análise. No romance de Ray Bradbury, ambientado em
um futuro próximo e com um regime totalitarista, a vida do bombeiro Guy Montag - cuja principal
função é queimar livros - o faz repensar algumas ordens do governo a ponto de questiona-las com
a chegada da vizinha Clarisse McClellan, e isso o traz sérias consequências com o regime político
local. Já em Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley cria uma sociedade homogênea, dividida por
castas em que o ser humano é gerado por linhas de produção, mas essa utopia está prestes a ruir
com a rebeldia de Bernard Marx, que insatisfeito com sua vida, acaba por descobrir o “reduto”,
que é um lugar em que os costumes do “passado” são preservados e ele até pensa em apresentar
um dos moradores dessa “civilização histórica” ao “mundo”. Esse trabalho pretende analisar as
relações sociais distopicas presentes nas obras Fahrenheit 451 de Ray Bradbury e Admirável Mundo
Novo de Aldous Huxley sob as perspectivas de Theodor Adorno, Antônio Candido e Marilena
Chauí, bem como outros que possam auxiliar nesse processo.
Palavras-chave: Distopia; Sociedade; Relações Sociais.
RESUMO: O Iluminismo do século XVII possibilitou ao homem ganhar autonomia para desenvolver
mecanismos culturais, sociais e políticos, sem a dominação absolutista. Porém, a modernidade
gerou forças opostas, que criam novas modalidades de dominação e alienação, como atestaram
os filósofos da Escola de Frankfurt. Para Adorno e Horkheimer, as barbáreis que assolaram o
século XX têm a marca de um racionalismo que perdeu sua autônima crítica, e deturpou-se em
uma razão instrumentalizada a serviço de um mundo administrado pelo lucro e dominação do
homem pelo próprio homem. Um dos pioneiros dos estudos críticos e da produção da ficção
científica brasileira, André Granja Carneiro (1922- 2014), publicou narrativas que trazem uma
sociedade futurista utópica dominada pelo pragmatismo tecnicista, na qual a harmonia da
coletividade é mantida através da repressão das emoções humanas. Vemos as consequências do
totalitarismo racional para as relações humanas, desencadeando a perda da identidade, a afetação
da sensibilidade, além da reificação do homem em si. Seus contos distópicos representam um
vertiginoso embate entre o racionalismo e as pulsões humanas, a emotividade e a racionalidade
técnica. Como exemplo de sua produção traremos como objetos de estudos os contos “Diário da
nave perdida” (1963) e “Um casamento perfeito” (1966). Além das considerações dos filósofos
Adorno e Horkheimer (2006), serão levados em consideração os estudos do sociólogo polonês
Zygmunt Bauman (2014) a respeito das relações humanas na modernidade líquida.
Palavras-chave: Razão instrumental; Reificação; Ficção científica brasileira.
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo investigar como se dá o processo de quebra
da quarta parede na narrativa cinematográfica, assim como os possíveis efeitos do uso de tal
estratégia. A quarta parede seria a barreira invisível, mas perceptível e dotada de certo nível de
concretude, que separa os mundos da narrativa ficcional e do espectador. Sua quebra pressupõe
que o espectador seja deslocado de seu lugar passivo de testemunha para um lugar privilegiado
de partícipe da narrativa. Para tal, decidiu-se por tomar como objeto de estudo a produção
estadunidense Curtindo a vida adoidado (Ferris Bueller’s day off), dirigida por John Hughes, lançada em
1986. Para análise, lança-se mão de arcabouço teórico-metodológico fundamentado em Bahiana
(2012), Bernardo (2010), Perrone-Moisés (2016), Steindorff (2015), entre outros. Inicialmente,
realizou-se uma investigação a fim de elucidar o conceito de metaficção e suas variações com
base nos conceitos de ficção (fazendo um passeio histórico a fim de depreender a origem e
sentidos do termo) e metalinguagem (tal qual proposto por Roman Jakobson). Em análise, foi
possível constatar a materialização na narrativa fílmica de alguns dos conceitos e teorizações
expostas. Percebeu-se, através de um narrador que é ciente de si, da narrativa em que se insere,
do espectador e da ficcionalidade da realidade que habita, que a quebra da quarta parede foi
utilizada para produzir efeito de aproximação com o espectador, tirando-o do plano de testemunha
e colocando-o em posição privilegiada de confidente. Foi possível constatar ainda que a estratégia
desempenhou um efeito subversivo, característico de sua nuance metaficcional, que resultou em
um eventual afastamento do espectador, o qual é relegado ao seu lugar de retorno, achado atípico
em produções em que ocorre o uso desta estratégia.
Palavras-chave: Literatura; Cinema; Quebra da quarta parede; Metaficção;
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar a obra; O caçador de Androides de
Philip K. Dick, à luz da teoria ecofeminita e a geografia humanista. Enfatizando sobretudo a
perspectiva de lugar e o elemento natureza. O ecofeminismo é uma teoria que reflete sobre a
opressão e destruição do meio ambiente bem como a opressão da mulher. Visto que mulher e
natureza possuem semelhanças, no que se refere a serem símbolos de reprodução, mas também
de sacrifício. De acordo com Greta Gaard (1993): “Drawing on the insights of ecology, feminism,
and socialism, ecofeminism’s basic premise is that the ideology which authorizes oppressions such
as those based on race, class, gender, sexuality, physical abilities, and species is the same ideology
which sanctions the oppression of nature”. Dessa forma analisaremos O caçador de Androides
com base no ecofeminismo já que o espaço em que a narrativa é construída, é um cenário hostil
e pouco natural, prejudicando assim a saúde humana. Já sobre a geografia humanista Alexandre
Samir Rocha (2007) diz que “é definida por bases teóricas nas quais são ressaltadas e valorizadas
as experiências, os sentimentos, a intuição, a intersubjetividade e a compreensão das pessoas
sobre o meio ambiente que habitam, buscando compreender e valorizar esses aspectos”. Sendo
assim, discutiremos a relação dos personagens da obra de Dick com o seu planeta, bem como
os sentimentos gerados pelas experiências dos seres humanos com o lugar Terra. O objetivo das
obras distópicas é causar desconforto e alertar sobre os problemas que já são parte da nossa
realidade, e muitas vezes são mascarados de ficcionais. A obra distópica Philip. K. Dick, revela uma
preocupação para com a proteção do mundo em que vivemos. Tendo em vista que a literatura
incita reflexões necessárias para a humanidade, é de suma importância a análise desta obra. Ainda
é necessário frisar que, as ponderações expostas na narrativa são de cunho bastante atual, haja
vista os problemas ecológicos do planeta já existentes, que de acordo com a teoria ecofeminista,
estão diretamente relacionados com as violências que sofrem as mulheres diariamente.
Palavras-chave: Ecofeminismo; O caçador de Androides; Geografia Humanista
RESUMO: Pretende-se neste artigo, analisar o fenômeno sociocultural surgido nas décadas
de 60 e 70, definido hoje como pós-modernidade, explicitando os seus reflexos na linguagem
cinematográfica e no cinema contemporâneo. Para tanto, direciona-se um olhar mais cauteloso
sobre o curta metragem independente “Sélton”, visto que em grande parte de suas camadas fílmicas,
− tais como mise-en-scene, montagem, fotografia, composição de cores, e arcos narrativos, − é
possível notar alegorias de uma sociedade culturalmente pós moderna, desvinculada de qualquer
percepção de futuro e onde a fragilidade dos laços humanos é palpável. Ao contrário das análises
fílmicas tradicionais, busca-se aqui uma leitura visual e estética da obra como um todo, onde
os elementos fílmicos são analisados paralelamente ao conceito de pós-modernidade, tornando
possível uma relação entre a ficção e a realidade, além de apontar o caráter pós-moderno atribuído
ao cinema contemporâneo. Foram utilizados como referenciais teóricos para a realização deste
trabalho o geografo britânico David Harvey, − em especial sua obra Condição Pós-moderna
(1993) −, resgatando sua concepção de espaço-tempo e diagnosticando estes elementos dentro
da dinâmica na linguagem cinematográfica; como também o conceito de cinema pós-moderno
para o Prof. Dr. Renato Luiz Pucci Jr, e sua análise histórica da arte do cinema, e sua leitura
metodológica das mudanças na linguagem em seus respectivos momentos, do clássico até o
contemporâneo.
Palavras-chave: Pós modernidade, Cinema contemporâneo, Narrativa.
RESUMO: Ao ler 1984, de Geroge Orwell, o leitor certamente se surpreende com a maneira
que o autor instrumentaliza os relacionamentos interpessoais transformando-os apenas em
necessidades que devem ser satisfeitas e formalidades que são manipuladas através do medo.
Dentro desse contexto, essa produção busca abordar aspectos relevantes das relações líquidas
entre os dois personagens principais na produção literária que muda repentinamente e de forma
drástica. Nesse ambiente, onde construir sentimentos sólidos é impossível por causa do sistema
totalitário criado nessa obra distópica que transforma as relações em sensações de insegurança
e terror. Para fundamentação teórica, será utilizado como principal ponto os contributos da
composição literária Amor Líquido (BAUMAN, 2004) para tratar dos aspectos sentimentais das
relações não só amorosas, como também as de vínculos mais íntimos dentro de uma família que
mudam de forma imprevisível durante toda a narrativa. Além disso, o estudo busca amparar-se
também no trabalho Medo Líquido (BAUMAN, 2008) para refletir sobre os aspectos do medo
derivado que os personagens passam ao relacionar-se entre si. Temor esse causado pela ditadura
imperdoável que é feita pelo Grande Irmão – principal personagem mal do livro. Outros autores
também nortearão o trabalho no tocante à maneira que os personagens estão escravizados em
um lugar onde tudo é observado e ouvido. Portanto, a análise do livro é pautada na dualidade dos
sentimentos dos seres humanos, que dentro dele compartilham características sentimentais de
horror em curtas existências que não têm objetivos claros e são feitas de uma liquidez e alienação
por causa do horror que o sistema impõe. Dessa forma, traça-se também um paralelo entre o
medo e o amor que as dois protagonistas do principal romance na obra sentem ao tentarem fugir
desesperadamente da solidão e da camada alta sociedade que aprisiona e dita a forma com que
todos dentro daquele lugar devem viver.
Palavras-chave: Amor Líquido; Medo; Distopia.
RESUMO: O presente estudo tem como objetivo principal analisar o filme A viagem de Chihiro
(2003) de Hayao Miyazaki, sob a perspectiva da estrutura narrativa, recorrente em obras literárias e
fílmicas, conhecida como “a jornada do Herói” ou também chamada de “Monomito”. Neste estudo
será usado como referência base o estudo sobre mitologia comparada do antropólogo Joseph John
Campbell em sua obra O Herói de Mil Faces (1949), no qual é fundamentado, principalmente, nos
conceitos de Carl Gustav Jung sobre arquétipo e inconsciente coletivo. E também será utilizada a
obra A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Roteiristas (2006) do roteirista de Hollywood
Christopher Vogler, que foi desenvolvida a partir dos estudos de Campbell. A Viagem de Chihiro
é uma animação japonesa que foi produzida pelo Studio Ghibli, do diretor Hayao Miyazaki, co-
fundador do estúdio. A história do longa-metragem é sobre uma garota chamada Chihiro Ogino,
que junto de sua família está de mudança para outra cidade e, inconformada, não aceita bem o
fato de ter que se afastar de seus amigos. Durante a viagem, os pais da menina resolvem ir por um
atalho e acabam chegando a um lugar desconhecido, vazio, mas com diversas barracas repletas
de comida. Chihiro fica hesitante em relação ao novo lugar e resolve não comer nada. A garota,
curiosa, resolve explorar a cidade, ainda que esteja amedrontada. Anoitece neste lugar misterioso
e a cidade é preenchida por seres de natureza mística. Chihiro descobre da pior maneira que está
presa naquele lugar e que talvez nunca saia dali. Neste estudo, serão apresentados os estágios da
estrutura narrativa da jornada do herói de ambos os estudiosos (Campbell e Vogler). Entretanto,
a análise do filme de Miyazaki será feita a partir do modelo de estrutura narrativa proposto por
Vogler, que contém um total de doze estágios.
Palavras-chave: Monomito, Chihiro, Análise fílmica, Vogler, Campbell.
RESUMO: O presente artigo busca lançar um olhar cuidadoso acerca do relacionamento de Tom
Hansen e Summer Finn, personagens do longa-metragem “(500) Dias Com Ela” (2009) dirigido por
Marc Webb. O longa-metragem mostra, a partir de um enredo não linear, o início, o desenvolvimento
e o fim do relacionamento pouco convencional mantido pelos dois jovens. Summer – interpretada
por Zooey Deschanel – apresenta-se como uma garota desacreditada no amor, enquanto Tom –
interpretado por Joseph Gordon-Levitt – é claramente um romântico incurável, que está à espera de
sua alma-gêmea para que finalmente possa alcançar sua tão sonhada completude. Tal dualidade
presente no casal torna o vínculo narrado pelo filme, em alguns momentos, bastante controverso,
já que traz consigo fortes características da pós-modernidade, como também discussões a respeito
da complexidade dos relacionamentos humanos e como eles se concretizam. Tais peculiaridades
no enredo do filme fazem os expectadores dividirem opiniões e, muitas vezes, legitimar as decisões
tomadas por Summer ou Tom e invalidar o comportamento do outro personagem. Portanto,
busca-se aqui discutir cuidadosamente os estágios de relacionamento de Tom e Summer, como
também seus anseios e o contexto social no qual o filme é inserido. Para tanto, usamos como
referenciais teóricos os sociólogos Zygmunt Bauman − através de seu livro “Amor Líquido” (2004) –
e Anthony Giddens – com sua obra A transformação da intimidade: Sexualidade, amor & Erotismo
nas sociedades modernas (1993) −, entre outros teóricos.
Palavras-chave: 500 Dias Com Ela, Pós Modernidade, Relacionamentos Afetivos.
RESUMO: Este artigo objetiva identificar como a identidade feminina está presente em jogos
eletrônicos a partir da representação de personagens femininas nos games, em destaque os do
século XXI. Para tanto, busca-se analisar a construção e desenvolvimento destas personagens,
compreendendo como se constituem as representações da mulher no universo dos games. A
representação feminina nesse campo midiático é, em sua maioria, centrada em papéis secundários,
sendo agentes de conteúdos irrelevantes para a trama, ou mesmo, quando apresentadas como
protagonistas, são normalmente personagens objetificadas, destacando mais a sensualidade
delas do que a personalidade e importância para a história tratada. Para a análise deste trabalho,
foram escolhidas duas personagens, Ellie e Clementine, respectivamente das franquias The Last of
Us (2013) e The Walking Dead (2012), devido sua construção menos estereotipada em relação às
demais de outros games. Ambas as franquias foram de grande vendagem e circulação no mercado,
alcançando um amplo público de ambos os gêneros, masculino e feminino, não ficando, portanto,
restrito a um nicho do universo dos jogos eletrônicos. Para sustentar esta análise, apoia-se nas
teorias de Stuart Hall (2011) sobre sua teoria de identidade e subjetividade, e nas de Janet H.
Murray (2003), sobre a construção de narrativas nas mídias digitais.
Palavras-chave: Identidade e representatividade feminina, Games, Ellie e Clementine.
RESUMO: O nome Calígula é familiar aos ouvidos por ter sido o nome de um dos mais famosos
imperadores de Roma, com seu estilo único e fora do eixo de governar, apontando para a
libertinagem e os prazeres, o qual foi divinamente adaptado para os cinemas no polêmico filme
de mesmo nome em 1979 estrelado por Malcolm Mcdowell. No anime de mesmo nome, a trama
refere-se a uma idol pop virtual chamada “μ” criada para suavizar os problemas de todos com suas
músicas chicletes e sua personalidade feita para ser adorável. No entanto, ela começa a criar vida
própria e como sua criação deu-se com a intenção de apaziguar corações, ela procura pessoas
infelizes no mundo real e transporta suas mentes para seu mundo virtual perfeito, chamado
Mobius, onde os sonhos e desejos de felicidade de cada um tornam-se realidade. Contudo, com
o passar do tempo, algumas pessoas começam a reconhecer a irrealidade daquela dimensão e
passam a desejar retornar para o mundo real, mesmo que signifique enfrentar seus problemas e
desistir daquele mundo de sonhos. Este trabalho visa instigar um estudo de personagem referentes
aos dois grupos principais envolvidos: Os músicos, que sabem da artificialidade daquele mundo,
mas desejam ficar; o grupo de volta para casa, fundado por aqueles que desejam escapar. Através da
análise do discurso, angariado de tópicos como memória discursiva (Pêcheux) e intericonicidade
(J.J. Courtine), além da semiótica de Charles Peirce para mostrar a força do discurso de cada
personagem, suas intenções, e traçar um paralelo com o discurso das imagens referentes a eles,
as transformações nas personalidades da idol e no Mobius, e as próprias mudanças físicas nas
personagens quando “destravam” seus poderes baseados em suas dores. Tudo para culminar em
um discurso forte sobre fuga da realidade para uma terra de libertinagem e luxúria como o próprio
nome dá a entender, mas sem o sentimento de conquista ou de vida propriamente dito.
Palavas-chave: Anime, Calígula, Estudo de personagem
RESUMO: Ao longo do tempo o homem tem buscado diversas formas para garantir a sua
sobrevivência em meio ao horror e ao caos. Assim, na série de tv norte americana “Falling Skeis”
isso se dá por meio de um processo longo, cheio de incongruências(lacunas) desconhecidas pelos
personagens. Na série, a terra é invadida por alienígenas e as pessoas não sabem claramente
quais são os objetivos dos invasores. A série começa com um relato de Matt, filho do ex-professor
universitário Tom Mason sobre o ataque dos alienistas. Após o ataque a terra ficou devastada e
cerca de 90% da população estava morta, alguns civis sobreviveram e se uniram aos remanescentes
dos militares aposentados e da ativa, a fim de revidar o ataque sofrido e expulsar os invasores.
Embora, isso fosse claramente impossível porque os mesmos não dispunham de armas para
engendrar tal intento. Esse pequeno grupo ficou conhecido por “Segundo Grupamento Militar
de Massachusetts”, liderados pelo capitão aposentado Dan Weaver, que era o primeiro na
linha de comando e por Tom Mason, segundo na linha de comando. O objetivo deste estudo é
provocar uma reflexão e discussão em torno dos medos e/ou incertezas dos personagens quanto
ao futuro da raça humana diante de uma invasão alienígena e as relações desenvolvidas entre os
alienígenas, máquinas e os seres humanos. Para este estudo serão utilizados como aporte teórico
os apontamentos de Alberto Cupani (2013), Mario Bunge (1985) e Lúcia Santaella (2005) dentre
outros que versem sobre o tema proposto.
Palavras-chave: Ficção Científica; Medo e Raça Humana.
RESUMO: Um dos consensos entre várias perspectivas teóricas que se propõem a discorrer sobre o
tema identidade está o fato de as identidades serem entendidas como processos, como dimensões
que se transformam com os movimentos, as tensões e os conflitos de poder, que surgem ao
longo da história (GREGOLIN, 2008). Na Análise de Discurso francesa (AD), as identidades são
tomadas como efeitos de sentido produzido na e pela linguagem (GREGOLIN, 2008). Centro
das discussões acerca das temáticas identitárias, o sujeito, nos estudos discursivos de vertente
francesa, é uma instância social que pode assumir múltiplas identidades, pois não está na origem
do seu dizer. Antes dele algo fala antes, por isso é um lugar discursivo marcado por sentidos
fragmentados, abertos a serem sempre outros. Na perspectiva da AD, não há um sentido primeiro,
gênese do dizer; os sentidos produzidos na e pela linguagem são cambiáveis e constantemente
atravessados por outros sentidos. Dessa afirmação surge o entendimento de que o sujeito tem
suas identidades construídas por práticas discursivas e não discursivas (FOUCAULT, 2008),
em movimentos descontínuos, não lineares, em uma sociedade marcada por deslocamentos
velozes e constantes. Ao contrário de buscar compreender o sujeito como um dado, trata-se de
compreender os processos que o formam, a partir de um conjunto de práticas discursivas que
instituem o próprio sujeito de que fala. Nas bases dessas considerações está uma compreensão
da linguagem que considera os significados não como elementos autônomos, à espera de serem
descobertos e postos em forma pela língua, pois eles não preexistem à enunciação, ao discurso.
Os discursos, por sua vez, não são blocos de palavras que representam as coisas do mundo; não
são simples “conjuntos de signos”, são práticas que formam sistematicamente os objetos de que
falam (VEIGA-NETO, 2012). Nessa direção, os trabalhos que compõem este simpósio analisam a
construção de diferentes manifestações identitárias pelo viés discursivo, em várias materialidades.
O discurso aqui é compreendido como lugar onde se entrelaçam língua, sujeito e história.
Palavras-chave: Discursos; Sujeitos; Identidades
RESUMO: Muito se tem discutido sobre as condições de possibilidade dos saberes e o entendimento
de como o poder é reiteradamente reelaborado em nossa sociedade. Indubitavelmente, identidade
está no centro dessas discussões. Um dos mais proeminentes estudiosos do sujeito, discurso e
sociedade, o filósofo francês Michel Foucault compreende o sujeito como um composto histórico
e discursivo resultado dos modos de objetivação e subjetivação engendrados em meio a relações
de poderes, cujos mecanismos operam na prescrição de lugares que os sujeitos devem ocupar
com base no regime de verdade (FOUCAULT, 2015) de cada época e que regulam a produção e
reprodução de discursos. A problematização dessa construção possibilita estudos em torno das
identidades, pois estas incidem na estratificação social por meio de comportamentos, estilos de
vida, gênero, sexualidade, etnia, justiça social, elementares na produção das novas formas de
identificação. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva investigar e propor reflexões sobre a
construção de identidades da mulher em uma propaganda da Justiça Eleitoral de 2016, sobre
a inserção da mulher na política do país. Utiliza-se como metodologia a análise do discurso de
linha francesa, para verificar a construção de identidades da “mulher política”. São utilizadas,
ainda, contribuições das teorias sociais, às quais a identidade é instável e fragmentada, ou seja,
plural, sem a pressuposição da “unidade”, mas unidades provisórias que podem emergir no
contexto de situações concretas. Tal propaganda é prevista em resolução para veiculação em anos
eleitorais, portanto sua condição de emergência é possibilitada mediante a essa conformidade no
discurso jurídico, que, por sua vez, é resultado de inúmeros debates promovidos por movimentos
e iniciativas sociais na busca por igualdade. Assim, focaliza-se a inclusão dos movimentos de
resistência, os quais se notabilizam como discurso de luta em torno de um reposicionamento
das posições de sujeito atribuídas às mulheres. Nesse sentido, o discurso é tomado como ponto
focal na construção da “mulher política”, pois ele nomeia, distingue e ressignifica a mulher em
sociedade.
Palavras-chave: Discurso e Identidade; Gênero; Poder.
RESUMO: Neste estudo, partimos da ideia de que a cidade é um espaço que se constrói,
discursivamente, por meio de enunciados que se estabelecem por meio de correlação, transformação,
reformulação, reativação. Os enunciados, por mais diferentes que sejam em sua forma, e por mais
dispersos que estejam no tempo, formam um conjunto quando estão relacionados a um mesmo
objeto. (FOUCAULT, 2002) Foucault procura estabelecer regras de formações discursivas que
procuram definir como um conjunto de enunciados descreve a dispersão de objetos, observando
assim uma regularidade em seu aparecimento sucessivo e em suas correlações. Nosso objetivo é
analisar como o objeto praias (da cidade de São Luís) se constitui em sua dispersão, a partir do
discurso do governo do Estado e de agências de turismo. Inicialmente, é necessário destacar que
as praias de São Luís, enquanto objeto de discurso, existem segundo um lugar que a coloca como
“imprópria” e “própria” para o banho. Assim, analisamos oito sites de agências de turismo (sete
agências maranhenses e uma conhecida nacionalmente, a CVC), assim como o Instagram e o
Facebook da prefeitura e do governo estadual com o propósito de verificar como os enunciados
descrevem a dispersão desse objeto. Os enunciados das agências sobre as praias se situam num
domínio discursivo que se localiza na ordem do discurso “impróprias para o banho” e por isso
mesmo mostram imagens panorâmicas das praias, ou destacam imagens em que elas aparecem
somente como lugar de passeio – e não de banho – ou fazem comparações com outras praias do
litoral nordestino, dando destaque para a beleza dessas praias e colocando as praias da capital
como inferiores em beleza com relação às demais praias nordestinas. Por outro lado, os enunciados
do governo, que denominamos de discurso oficial, situam-se na ordem do discurso “próprias
para o banho” e se destacam por se situarem também após o lançamento do programa “Mais
Saneamento”, executado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema),
programa que apresentava como um dos objetivos recuperar a balneabilidade das praias e torná-
las apropriadas para o banho. Assim, as relações entre os discursos e a história permitem verificar
os efeitos de sentido produzidos sobre as praias.
Palavras-chave: Cidade; Formação Discursiva; Enunciado.
RESUMO: São várias as práticas discursivas que constroem para São Luís, capital maranhense,
a identidade de capital da diversidade. Elas estão reunidas em um arquivo, que se constitui no
interior de uma memória a qual se liga por interesses históricos, políticos e culturais. Em 2009,
a prefeitura municipal escolheu como tema dos festejos juninos A Capital Brasileira da Cultura
festeja a sua diversidade, em alusão ao título que São Luís recebeu em março do mesmo ano:
Capital Brasileira da Cultura 2009. Os órgãos do poder local (governo do estado e prefeitura
municipal), por meio de suas secretarias de turismo, investiram intensamente na divulgação das
riquezas locais, visando a movimentar o fluxo turístico e se apropriaram desse título na tentativa de
fazer essa memória funcionar na cidade valendo-se de vários mecanismos enunciativos, em diversos
espaços discursivos, tais como outdoors, mídias livres (imagens plotadas em ônibus), folders,
propagandas na tv e em revistas de circulação nacional. Em diferentes momentos, o enunciado
capital da diversidade sofre(u) reativação e se inscreve em uma memória que se reatualiza. Na atual
gestão da prefeitura municipal, o poder público tem ressignificado essa identidade ao colocar, em
diferentes espaços da cidade (em canteiros de avenidas, praças, retornos), por meio de totens,
e materializam enunciados os quais acionam várias identidades atribuídas a São Luís ao longo
do tempo: cidade patrimônio da humanidade, Atenas brasileira, cidade dos azulejos, cidade de
ritmos, ilha magnética. Tais enunciados funcionam como “um acontecimento que nem a língua
nem o sentido podem esgotar inteiramente”. Se, de um lado, estão ligados “a um gesto de escrita
ou à articulação de uma palavra, por outro lado, abre[m] para si uma existência remanescente
no campo de uma memória”. (FOUCAULT, 2002, p. 32). Considerando o entrecruzamento
de identidades que alinhavam a capital maranhense, e tendo em vista a identidade como algo
que se forma ao longo do tempo, como uma construção histórica e discursiva (HALL, 2006),
este trabalho se inscreve em uma pesquisa desenvolvida no GPELD e tem por objetivo analisar
os enunciados que compõem o trajeto temático “capital da diversidade”, inscritos em diversos
totens espalhados por São Luís.
Palavras-chave: Identidade; Discurso; Capital da diversidade.
RESUMO: A vitória de Flávio Dino nas eleições de 2014 para o cargo de governador do Maranhão
funda um novo ciclo na história política do estado. Pela primeira vez, um candidato filiado a um
partido de esquerda derrota nas urnas o candidato apoiado pelo grupo Sarney, cuja influência
política no Maranhão se estende há, pelo menos, 50 anos. Com este trabalho, buscamos analisar
a identidade construída por Flávio Dino no discurso de posse realizado em 01 de janeiro de 2015 e
as cenas de enunciação construídas no/ pelo discurso. Fundamentados nos pressupostos teóricos
a Análise de Discurso de linha francesa, mais especificamente os trabalhos que giram em torno da
obra de Maingueneau, vislumbramos um estreitamento entre identidade e ethos uma vez que, pela
atividade enunciativa, o enunciador pode, em uma cena discursiva, atribuir para si uma imagem
ancorada em representações compartilhadas socialmente, cristalizadas ou estereotipadas. Nosso
trabalho privilegia por unidades de análise tópicas o gênero discursivo, e por unidades transversais
os registros linguísticos de base enunciativa, que constroem a cenografia do discurso.
Palavras-chave: Cenas da enunciação. Identidade. Ethos. Flávio Dino.
RESUMO: As formas de pensar, de ver e de se posicionar no mundo vêm passando por inúmeras
transformações espistêmico-estruturais em função de um movimento muito maior que tem
ganhado força desde meados do século XX, o processo de globalização. Discursos como tornar
o mundo uma única “aldeia”, atravessar fronteiras, quebrar barreiras como espaço-tempo, se
aliaram ao avanço da informática e ganharam proporções inimagináveis. Percebe-se com este
movimento, que grandes embates ideológicas que eram realizados em palanques, em arenas,
em estádios, deslocaram-se para o cyberespaço e trouxe características diversas dos modelos de
outrora. Este deslocamento, além de tempo-espacial, é também um movimento de identidades,
pois uma vez que se pode circular livremente pelo espaço e pelo tempo, a possibilidade de transitar
por vários “eus” foi um dos maiores atrativos. Dessa forma, os discursos que circulam dispersos
nos textos nas redes sociais permitem uma nova configuração dos sujeitos. Os discursos em
construção nesses espaços, e no estudo aqui em questão, no Facebook, assim como em qualquer
outro espaço, estão indissociavelmente ligados ao campo discursivo da política uma vez que “o
instrumento da prática política é o discurso ou, mais precisamente, que a prática política tem
como função, pelo discurso, transformar as relações sociais reformulando as demandas sociais”.
(HENRY, 1990). A partir de análises feitas em um grupo fechado do Facebook intitulado Direita x
Esquerda, usando como metodologia para tais análises o método qualitativo, foi possível concluir
que os efeitos dos discursos produzidos pelos sujeitos que se definem como de Direita ou de
Esquerda revelam muito sobre o próprio sujeito. É por meio desse discurso que o sujeito se inscreve
num contexto histórico e social e cultural, dessa forma, muito mais do que somente uma posição
política, o sujeito revela sua identidade em construção; e nessa construção, ele deixa entrever suas
filiações, suas posições ideológicas, suas negações, afirmações e contradições.
Palavras-chave: Discurso; Direita; Esquerda; Identidades.
RESUMO: Desde o século XVIII, o biológico passou a ser uma questão política (FOUCAULT,1988)
e nesse exercício de poder, chamado por Michel Foucault de biopoder, muitos são os dispositivos
que se articulam para produção de corpos eficientes, produtivos e dóceis a partir, por exemplo,
do discurso da necessidade de cuidado com o corpo. Assim, o discurso do corpo saudável passa
a circular em inúmeros lugares e produz verdades sobre as distintas faces da administração de
governos ou prefeituras. Na dinâmica da cidade, o corpo passa a ser pensado como espaço de
ações políticas, ele é politizado, é controlado de muitas formas, para produzir mais e melhor. Esse
poder que se inscreve no corpo dos indivíduos está em toda parte, afirma Foucault (2001), e na
cidade, ele se materializa em várias esferas. Na urbe, o corpo só pode circular seguindo regras,
obedecendo ao que pode ou não fazer. A cidade, nesse âmbito, é espaço de significação; ela significa
e faz significar (ORLANDI, 2004). Esta pesquisa problematiza como o biopoder, instrumento
de regulação das relações corpo-poder, se inscreve em discursos voltados para as academias ao
ar livre de São Luís, produzindo paralelamente, sentidos para a cidade e seus habitantes. Neste
caminho, este trabalho pretende analisar identidades produzidas para a cidade de São Luís a
partir de discursos sobre as academias ao ar livre (AAL) instaladas em espaços públicos da cidade.
Neste sentido, mobilizamos a Análise de Discurso de linha francesa, a partir das contribuições
de Michel Foucault, como pressuposto teórico-metodológico a fim de analisarmos os dizeres
presentes em textos da prefeitura da cidade. Duas matérias publicadas na Agência de Notícias
da Prefeitura de São Luís são analisadas considerando categorias como discurso, biopoder,
biopolítica e identidades. Concluiu-se que a cidade construída no/pelo discurso é aquela que
atende às necessidades do corpo e, para isso, tem seu espaço alterado em função de lugares
propícios à prática de atividades físicas. Além disso, põe em evidência, por outro lado, o bom
desempenho dos gestores municipais quando da regulação dos espaços e dos corpos.
Palavras-chave: Discursos; Biopoder; Identidades
RESUMO: Segundo Foucault (1995), o sujeito é uma construção histórica, produto de relações de
poder que se entretecem nos fios da história. Para o autor, o sujeito é uma identidade construída
em um dado período, por práticas discursivas e não-discursivas. Assim, o homem tem sua
identidade produzida por relações de forças que se constituem, sobretudo, por discursividades
dispersas no tempo. Nessa dimensão, observa-se que as verdades produzidas sobre o sujeito
surdo presentes em alguns documentos legais, influenciam direta ou indiretamente a forma
como a sociedade os vê, agindo, dessa maneira, sobre a constituição da subjetividade de surdos.
Relatos históricos demonstram que os modos de objetivação desse sujeito, isto é, a forma como
eles são discursivizados em diferentes espaços percorre um longo processo de formação. No
campo científico, por exemplo, esses modos variam de acordo com a corrente teórica seguida.
Inicialmente, havia apenas a corrente médica em que o sujeito surdo só era visto como passível
de ser reabilitado através da medicina para suprir a ausência da fala. Depois, surgiram outras
correntes, como as discursivas e as culturais, que empoderaram o sujeito surdo por meio do uso
da língua de sinais como elemento produtor de cultura. Este trabalho tem como objetivo geral
analisar alguns modos de objetivação dos surdos no Estatuto de fundação da Associação dos
surdos do Maranhão (ASMA). Analisam-se, mais especificamente, enunciados que se alteram
em diferentes versões do mesmo documento institucional. Os pressupostos teóricos utilizados
pautam-se nos conceitos de formações discursivas, enunciado, práticas de objetivação/
subjetivação e acontecimento (FOUCAULT, 2012; 1995). Para Foucault (2012), os discursos se
articulam com outros discursos anteriores e produzem mudanças discursivas que se relacionam
(in)diretamente com a história. Alguns acontecimentos discursivos promovem efeitos de sentidos
e ao mesmo tempo uma ruptura em relação a discursos já existentes. Nota-se, nesta pesquisa, que
certos discursos promovem modificações sobre o entendimento do sujeito surdo, dependendo da
relação com os acontecimentos ocorridos ao longo dos tempos. É flagrante, ainda, no estudo,
uma variação da identidade dos sujeitos surdos nos enunciados do Estatuto derivados de práticas
discursivas e não discursivas ocorridas na Associação e em outros documentos legais, que se
relacionam com a inclusão de sujeitos surdos, na atualidade.
Palavras-chave: Identidade; Discurso; Enunciados; Surdos.
RESUMO: A tradução, como afirma Oustinoff (2011), em seu próprio princípio é uma operação
fundamental da linguagem. Não obstante, seus mecanismos permanecem desconhecidos, de
forma que se torna indispensável discutir-se esse processo de passagem de uma língua para
outra. No que tange ao processo de interpretação/tradução entre a Língua Portuguesa e a Língua
Brasileira de Sinais (Libras) observa-se ainda mais necessidade investigativa, lançando-se mão
de teorias e métodos, como a Teoria do Sentido (Théorie du Sens) que possui como premissa a
não focalização da tradução/interpretação apenas nos aspectos linguísticos propriamente ditos,
considerando outros elementos, tais como cultura e identidade, entre outros. Desse modo, este
simpósio contempla trabalhos, estudos e pesquisas acerca da tradução/interpretação de textos
em Língua Portuguesa e Libras em um diálogo que permite a interação de conhecimentos das
duas línguas, ao mesmo tempo em que discute as estratégias usadas por professores visando ao
acesso destas por meio dos estudos de tradução/interpretação.
Palavras-chave: Tradução. Interpretação. Língua Portuguesa. Libras
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo propor uma tradução do poema Fanatismo, de Florbela
Espanca, para Língua Brasileira de Sinais (doravante Libras) a partir da teoria da semiótica visual e
dos estudos da tradução, com vistas aos caminhos da tradução literária em uma língua sinalizada.
Para materialização da proposta de tradução do poema, será analisado cada verso e as imagens
poéticas que os compõem, com o propósito de encontrar correspondências com os sinais da Libras
com o auxílio do dicionário de símbolos de Chevalier e Gheerbrant (2016); a tradução completa
para Libras será registrada por meio da gravação em vídeo, devido a sua modalidade. Para tanto,
utilizar-se-á como aporte teórico: os estudos literários com Bosi (1977) e Bachelard (2008)
quando da representação das imagens poéticas e suas reverberações no processo de literariedade
e experiência visual, sendo imprescindíveis para a chegada do poema em outra língua, e ainda
nos estudos da tradução e da semiótica, principalmente com Oustinoff (2011) e Greimas (1984),
refletindo sobre a tradução para além da dimensão linguística e as interlocuções com o processo
de significação de um texto. Consideramos assim, que o processo de tradução literária para a
língua de sinais deve garantir o estudo das imagens presentes em todas as expressões poéticas, a
fim de uma aproximação mais fiel ao texto original no processo de tradução interlingual.
Palavras-chave: Imagens Poéticas, Fanatismo, Tradução, Língua Portuguesa, Libras
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo discutir sobre o campo da Tradução entre a
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) /Língua Portuguesa a partir dos estudos que vêm sendo
feitos nesta área. Com base em autores da área, como Arrojo (1986), Vasconcellos e Junior
(2009), Oustinoff (2011), entre outros, apresentar-se-á um breve resumo do contexto histórico
da Tradução, seguido por seu desenvolvimento no que tange às línguas de sinais e línguas orais
e, finalmente, as pesquisas realizadas no interlugar LIBRAS/Língua Portuguesa. Sabe-se que, nos
últimos anos, a demanda da tradução tem aumentado em todo o mundo; com relação às línguas
de sinais, essa necessidade é tão grande quanto os anseios por profissionais que realizem as
tarefas necessárias. Portanto, este artigo propõe um estudo quantitativo e qualitativo de algumas
pesquisas realizadas na Universidade de Brasília (UnB), constatando a expressividade de tais
estudos para o âmbito acadêmico/científico. Como os estudos da UnB enxergam a tradução
da LIBRAS e da Língua Portuguesa? Quais são as peculiaridades envolvidas e que diferenciam
estas traduções dos traslados que ocorrem entre línguas orais? Essas são algumas questões que
norteiam a investigação proposta neste artigo.
Palavras-chave: Tradução, Libras, Língua portuguesa, Estudos da tradução
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar o processo que ocorre na atuação dos
profissionais Tradutores/Interprete de Língua Brasileira de Sinais – Libras (TILS). Para tanto, faz-
se necessário um conhecimento específico que envolve desde a história da educação dos surdos.
A coleta de dados dá-se por meio de um questionário, aplicado a um (a) profissional da área,
em uma escola de rede municipal de São Luís do Maranhão. A atuação desse profissional, é
analisada sob a perspectiva de Quadros (2004), na formação das competências tradutórias e
mediante o Código de Ética da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores
e Intérpretes e Guia Intérpretes de Língua de Sinais - FEBRAPILS, que serve de princípio norteador
para o desenvolvimento do trabalho deste profissional. A reflexão demonstra que, nessa interação,
o papel do tradutor é delimitado em: teorias e práticas.
Palavras-chave: Intérprete de Libras, Código, Ética, Formação, Educação.
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo o estudo do processo tradutório de Língua
Portuguesa para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) do poema “A Um Ausente” de Carlos
Drummond de Andrade, e, consequentemente, analisar as estratégias utilizadas durante a
interpretação em Libras. Tendo em vista a importância da tradução como ponte entre línguas que
serve para relacionar contextos diversificados, principalmente quando se refere a gênero poema,
tanto em Língua Portuguesa quanto em Libras, observa-se que ainda não há grande circulação
desse tipo de produção literária voltada para o público surdo, evidenciando os poucos estudos
voltados nessa área em relação aos estudos das línguas orais. Para tanto, esta pesquisa toma
como fundamentação teórica pesquisas bibliográficas em Oustinoff (2011), Mazière (2007),
Fernandes (2007), Foucault (1995), Arrojo (1986), Bakhtin (2016), Benjamin (2008) dentre
outros. Contudo, vale ressaltar a importância dos estudos desses teóricos para as línguas orais em
relação ao processo tradutório e análise do discurso sob a perspectiva de como estes podem ser
aplicados a Língua Brasileira de Sinais. Nesse sentido, foi necessária a utilização das metodologias
qualitativa e quantitativa, que abrange o estudo do poema, observação do material visual (poema
traduzido para Língua Brasileira de Sinais) e a análise das escolhas tradutórias do intérprete.
Palavras-chave: Língua Portuguesa, Libras, Tradução, Análise do Discurso
RESUMO: A atividade tradutória tem, por muito tempo, manifestado reflexões que vêm
contribuindo para o avanço dos estudos acerca da tradução. Estudos esses que, por exemplo,
nos levam a compreender que a tradução trabalha com o plano da escrita, sendo, portanto,
responsável pelas possibilidades de conteúdo de um texto fonte para um texto alvo, a partir de
sua equivalência. Tendo em vista que esse processo é uma tarefa que envolve línguas e culturas
distintas, o presente artigo traz algumas reflexões sobre as concepções da tradução com um olhar
voltado ao par linguístico Português / Libras. Nessa perspectiva, a pesquisa se propõe a analisar as
diferenças e equivalências das teorias de tradução aplicadas às línguas de sinais, visto que, ainda
são ínfimos os estudos que abarcam tais línguas, pois, comparadas com as línguas de tradição
oral, são consideradas “novas” dentro de uma construção histórica. Para tanto, utilizou-se como
aporte teórico estudos de autores da área, como Jakobson (1975), Agra (2007), Oustinoff (1956),
Quadros e Souza (2008) dentre outros, com o objetivo de apresentar alguns pontos de vista que
se aplicam às línguas de sinais. Abordar-se-á uma metodologia qualitativa do ponto de vista da
tradução interlingual, analisando as contribuições dos teóricos da área e relacionando com as
informações obtidas durante a presente pesquisa.
Palavras-chave: Libras, Tradução interlingual, Teorias, Contemporaneidade.
RESUMO: O uso de dispositivos móveis com fins educacionais tem se tornado cada vez mais
comum, o que levou ao surgimento de um novo conceito: o de aprendizagem móvel, mais conhecida
pelo termo em inglês, mobile learning (m-learning). No que diz respeito à aprendizagem de língua
inglesa, especificamente, destaca-se a busca pelo aprimoramento da compreensão oral no idioma
quando estudado como língua estrangeira. Por isso, faz-se necessário que educadores e usuários
dessas aplicações atentem para as características dessas ferramentas, levando em consideração
suas possibilidades educacionais e suas limitações. Neste trabalho, propõe-se um estudo analítico
cujo objeto de pesquisa é constituído por 2 aplicativos para dispositivos móveis voltados para o
aprimoramento da compreensão oral na língua inglesa. A análise buscou contrastar os recursos
ofertados nestes aplicativos com a literatura que trata sobre a aprendizagem, de maneira geral,
e sobre a aprendizagem de língua estrangeira, especificamente. Também foi analisada a forma
como estes aplicativos se inserem no contexto do m-Learning. Os aplicativos foram selecionados
com base nos seguintes critérios: gratuidade, popularidade (com base nas avaliações de usuários
na loja) e disponibilidade para o sistema operacional Android. O período de exploração dos
recursos dos aplicativos foi de janeiro a julho de 2017. Os resultados da análise permitem concluir
que apesar de anunciarem não somente o aprimoramento da compreensão oral, como também
a possibilidade de aprendizagem da língua inglesa como um todo, os dois aplicativos apresentam
limitações conceituais e estruturais para alcançar aquilo que propõem. Percebe-se que há forte
influência de pressupostos teóricos como os do behaviorismo em um ambiente que poderia
fomentar uma aprendizagem baseada na colaboração e na autonomia. Ainda assim, nota-se que
os aplicativos, apesar das limitações, oferecem a oportunidade de estudo flexível e informal, o
que pode ser benéfico para o trabalho com a compreensão oral, que é constantemente atrelada à
sensação de ansiedade por parte dos aprendizes.
Palavras-chave: Compreensão oral; Aprendizagem de língua estrangeira; Dispositivos móveis.
RESUMO: As crenças que estudantes e professores carregam com eles durante o processo de
preparação têm sido objeto de muitos estudos de pesquisa, ambos em contexto nacional
(BARCELOS, 2000; VIEIRA-ABRAHÃO, 2004; ALMEIDA FILHO, 2005; SILVA, 2005) e internacional
(HORWITZ, 1999; PEACOCK, 2001; KALAJA & BARCELOS, 2003). Por essa razão, o contexto
em que ocorre o ensino e a aprendizagem de línguas, assim como os protagonistas inseridos
nesse contexto, estudantes e professores, com suas crenças e comportamentos, despertaram o
interesse da Linguística Aplicada. Esta pesquisa tem como principal objetivo investigar as crenças
que os estudantes de inglês em formação e egressos construíram antes, durante e após o curso
de graduação em relação à língua que estão aprendendo e ensinando, bem como compreender
como essas crenças influenciaram na construção de sua identidade como futuros professores do
idioma. Neste sentido, para atingir este objetivo, alguns objetivos específicos foram traçados: a)
compreender como as crenças influenciaram os participantes em sua escolha de serem professores
de inglês; b) apontar as crenças que os estudantes e egressos têm sobre aprender e ensinar uma
língua em escolas públicas; c) identificar como as crenças influenciaram na construção de sua
identidade como futuros professores de língua inglesa. Para a realização desta pesquisa, um
questionário foi aplicado a seis estudantes e três alunos egressos do curso de Licenciatura em
Língua Inglesa da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Como resultado, a análise dos dados
permitiu inferir que as crenças que os alunos trazem para a universidade podem mudar ao longo
de sua jornada e exercem uma influência efetiva sobre seu desempenho como estudantes e futuros
professores língua inglesa.
Palavras-chave: Crenças; Formação; Identidade.
RESUMO: Este trabalho discute o ensino e a formação docente com o intuito de destacar e
problematizar algumas particularidades sobre as práticas pedagógicas que têm sido reverenciadas
na contemporaneidade, a partir do pressuposto de que o professor é um profissional em constante
crescimento e mutação. Por meio das circunstâncias, contextos, interlocuções e experiências
vivenciadas ao longo de sua atuação profissional, o professor influencia e é influenciado por diversos
fatores sociais e culturais que permeiam suas práticas didático-pedagógicas, além de se dizer
oficialmente respaldado pela legislação que orienta suas ações. São consideradas a interseção entre
as diversas áreas do conhecimento, o diálogo entre os diferentes níveis da Educação e a premissa de
que ensinar também requer o reconhecimento dos contextos socioculturais e a inserção de práticas
sociais cotidianas nas ações pedagógicas, uma vez que nenhuma aprendizagem de línguas pode
ser adequadamente compreendida, a menos que consideremos também as experiências, valores
e crenças dos aprendizes No que tange aos saberes e às práticas educacionais que constituem a
identidade profissional do professor, vislumbramos uma prática docente mais reflexiva, crítica
e informada e que, portanto, instigue práticas profissionais também reflexivas e teoricamente
respaldadas. Em outras palavras, nossas inquietações são parte da nossa incessante busca pela
produção do conhecimento e pelos desafios que a profissão docente nos apresenta, cada vez
mais conscientes de que o ensino e a fomação docente caminham lado a lado, influenciadas
por diversas esferas socioculturais que se mesclam e se sobrepõem, dialogam e aperfeiçoam a
construção coletiva do conhecimento. Neste panorama, destaco a BNCC, o pluralismo linguístico
e as ideologias dominantes, a negociação com as agências de poder, a internacionalização das
instituições de ensino superior, os multiletramentos a e a formação cidadã do aluno, entre outras
variáveis, em busca de um papel formativo e emancipatório, a partir da aprendizagem da língua
inglesa.
Palavras-chave: Ensino de inglês; Formação docente; Contemporaneidade.
RESUMO: Nos últimos anos, o crescimento de escolas bilíngues no Brasil demonstrou uma
demanda mercadológica (MARCELINO, 2009). Percebe-se a necessidade de programas de
formação continuada para o professor que atua na educação bilíngue, principalmente porque
os cursos de formação de professores nas áreas de Letras e de Pedagogia não possuem um
programa específico que contemple a formação desse profissional para atuar nesse novo ramo
(SILVA, 2010). Refletindo também sobre observações feitas na escola na qual essa pesquisa
está sendo desenvolvida, foi percebido que o uso da Língua Estrangeira (LE) nesse ambiente dá
suporte específico ao contexto escolar, e os alunos desenvolvem uma perfomance notória ao
lidar com linguagem acadêmica. Contudo, ao se tratar do uso diário da linguagem, como por
exemplo, conversar com os colegas de sala em momentos de lazer dentro das dependências da
escola, atividades diárias, os alunos demonstram dificuldades e resistência. Dessa forma, decidiu-
se ensejar reflexões sobre o recurso audiovisual como suporte na aprendizagem de línguas.
O presente trabalho tem como objetivo verificar a percepção das affordances sobre o uso de
recursos audiovisuais antes e após uma atividade de intervenção realizada por meio de um curso
de formação continuada aplicado para os professores de uma escola bilíngue, assim como analisar
de que modo essas percepções influenciam nas suas práticas pedagógicas. Para isso, apoiamo-
nos nas discussões sobre educação bilíngue (MOURA, 2010), (MEGALI & LIBERALI, 2016), (DE
MEJÍA, 2013); dos conceitos de CALP e BICS (CUMMINS, 2000); em discussões sobre o professor
reflexivo (LIBANÊO, 2010), (GUEDIN, 2010); na Teoria das Affordances (GIBSON, 1986); e nas
discussões acerca do uso de recurso audiovisual no ensino de segunda língua (GOMES, 2014),
(BRITISH FILM INSTITUTE, 2017). Nossa pesquisa é de natureza qualitativa, cuja metodologia
pauta-se na pesquisa-ação, com coleta de dados realizada através de questionário e gravações de
um curso de 20 horas voltado para produção de conhecimento, reflexão e análise das percepções
das affordances sobre o uso do recurso audiovisual e as ações que elas desencadeiam oferecido a
professores que trabalham diretamente com ensino de segunda língua em uma escola bilíngue da
cidade de Teresina, Piauí.
Palavras-chave: Recurso audiovisual; Ensino de segunda língua; Formação continuada de
professores.
RESUMO: Estudos sobre a formação de professores é um eixo que vem sendo cada vez mais discutido,
principalmente quando se trata do seu preparo para lidar, dentro do alunado, com pessoas com
deficiência. Este é um tópico também tem crescido exponencialmente no Brasil e na LDB (Lei
de Diretrizes e Bases da Educação). Tem-se falado cada vez mais em inclusão social e respeito à
diversidade do indivíduo PcD (Pessoa com Deficiência). Tendo em vista que os profissionais de
educação pouco têm contato com o assunto dentro da graduação, este artigo pretende analisar
as dificuldades encontradas por professores de Língua Estrangeira (LE), especificamente de
Língua Inglesa, dentro de sala de aula com PcD. Essas deficiências devem ser discutidas entre
profissionais de educação a fim de facilitar o diálogo com a comunidade escolar, incluindo
pais, estudantes e trabalhadores que estão em frequente contato com o alunado, considerando
que para o desenvolvimento de uma educação de qualidade, o profissional designado para o
processo de ensino deve estar apto a compartilhar seu conhecimento igualmente para todos, e
essa disseminação do conhecimento deve acontecer da forma mais satisfatória e sensível possível.
Para isso, o processo de formação do professor deve focar na polivalência para saber enfrentar as
mais variadas situações em sala de aula, bem como o preparo caso este professor seja designado
para lecionar pessoas com deficiência. Além de estar apto para ensinar, o professor deve também
estar pronto para enfrentar situações de preconceito em sala de aula, dos demais alunos para com
o aluno PcD, e saber lidar com isso da melhor forma possível.
Palavras-chave: Formação de professores; Pessoa com deficiência; Lei de Diretrizes e Bases da
Educação.
RESUMO: O presente estudo tem por objetivo analisar os diferentes e diversos posicionamentos
identitários de um grupo de professores em formação de um curso de Licenciatura em Letras.
Alinhado a uma perspectiva in/trans/disciplinar da Linguística Aplicada, a pesquisa se situa em
uma “epistemologia de fronteira”, no sentido de que articula pressupostos teóricos da Linguística
Aplicada, dos Estudos Culturais e dos estudos autobiográficos, sendo utilizadas contribuições de
autores como Moita Lopes, Fabrício, Pennycook, Cavalcanti, Hall, Bauman, Woodward, Silva,
Larrosa, Arfuch, Lejeune, Josso, entre outros. O estudo toma como base a assim chamada virada
linguística e cultural, partindo do entendimento de que a linguagem é constituidora de todos
os aspectos da vida social, e a relação existente entre a linguagem e a produção de identidades,
considerando o papel que as narrativas desempenham no processo de construção das identidades.
Nesse sentido, pesquisadores têm apontado que as narrativas possuem uma função preponderante
na constituição das identidades pessoais e sociais, uma vez que é o processo contínuo de narrar,
de ouvir e de contar histórias que vai constantemente produzindo nossas identidades. Parte-se,
ainda, do princípio de que as identidades são definidas através de lutas dos diferentes grupos
pela imposição de determinados significados, não havendo nenhum tipo de essência identitária.
Com base no exposto, e entendendo o espaço de formação docente como um local de lutas e
de tensões, em que circulam vários discursos sobre “o que é ser professor”, foram analisadas
narrativas escritas de quinze alunos matriculados na disciplina Didática em Letras, a fim de mapear
como estão sendo construídas suas identidades docentes. O estudo aponta principalmente para
uma tensão entre a identidade de professor de língua portuguesa alinhado às teorias linguísticas e
ao profissional que deve também ensinar gramática normativa, havendo um número significativo
de pessoas que escolheu o curso unicamente com o intuito de “aprender português”. Além disso,
emergiram também, nas narrativas dos graduandos, discursos relativos à escolha do curso de
Letras, havendo um grupo que optou pela Licenciatura pelo fato de ter o desejo de ser professor
e se desiludiu, e outro grupo que escolheu o curso sem nenhum tipo de interesse pela carreira
docente, porém tem, surpreendentemente, ao longo do curso, se constituído identitariamente
como professor.
Palavras-chave: Narrativas; Identidade Docente; Formação de Professores.
RESUMO: A presente comunicação trata, de modo geral, do uso da leitura em voz alta como
ferramenta de aprendizagem de uma língua estrangeira (LE). Inicialmente, observa-se que
a leitura, tomada de maneira abrangente, é um fenômeno múltiplo que pode ser abordado
sob diferentes e várias perspectivas. Mas o tema deste trabalho é apenas um dos aspectos da
leitura, ou seja, a leitura em voz alta ou vocalizada. Para efeitos desta apresentação, considera-
se leitura em voz alta “um texto que se lê com os olhos [...] para ser ouvido por si mesmo e/
ou por outros ouvintes. [...] [Trata-se de] uma prática que, de qualquer modo, diferentemente
da pura oralidade, necessita de um suporte para os signos gráficos: pedra, argila, couro, papel,
pergaminho, folha, livro, teleponto, tela...” (Jean, 1999, p. 12, tradução da pesquisadora). Nessa
perspectiva, a leitura em voz alta não se opõe à leitura silenciosa, mas, ao contrário, origina-se
dela, isto é, parte da compreensão do texto (Bajard, 2014). Dito isso, pretende-se trazer algumas
reflexões a respeito do tema com base nas ideais dos autores que ampararam esta investigação:
Manguel (1999), Jean (1999), Bajard (2014), Zumthor (2014), Pastorello (2015) e Vidor (2016).
Tais reflexões são utilizadas no sentido de sustentar que uma prática de leitura em voz alta pode
ser empregada no processo de ensino-aprendizagem de uma LE. A perspectiva adotada pressupõe
que a presença da voz nessa prática inclui forçosamente o corpo e, por consequência, a ideia de
performance (Zumthor, 2014). Pretende-se, igualmente, trazer algumas propostas de prática de
leitura em voz alta sobretudo de textos literários para a aula de LE, tratando de questões como
descodificação grafo-fonêmica na LE, trabalho sobre a fonética da LE, expressividade, respiração,
ritmo, entoação, pausas, velocidade de fala, entre outros. Cabe ainda sublinhar que, esse projeto
tem também como propósito recuperar a leitura em voz alta como uma prática de interação e
distanciá-la de antigas e cristalizadas práticas escolares normativas e vinculadas à avaliação de
desempenho, o que é feito por meio da corporeidade significante da leitura em voz alta.
Palavras-chave: Leitura em voz alta; Voz e corpo; Ensino de línguas estrangeiras.
RESUMO: A Linguística Aplicada (LA) investiga a linguagem como prática social no contexto
de aprendizagem de língua materna ou outra língua, em qualquer contexto de uso (MENESES,
2009). Uma das visões da LA está voltada as questões relacionadas aos métodos e técnicas de
ensino e aprendizagem. Dentre os vários contextos diferentes de ensino escolhemo o de educação
bilíngue para surdos. As línguas orais são dominantes no espaço escolar brasileiro, sendo o
ensino de língua de sinais utilizado em poucos espaços, o que dificulta a inclusão de educandos
surdos que utilizam a língua de modalidade visuogestual como forma de comunicação. Algumas
escolas têm estudantes surdos que possuem a presença de intérpretes de Libras para auxiliar no
processo de ensino aprendizagem. O município de São Luís possui uma escola bilíngue que atende
apenas estudantes do Ensino Fundamental em um número reduzido. Então, surgiu a discussão
sobre o ensino de surdos nos cursos de graduação de Letras Libras, presencial e a distância, na
UFMA como uma preocupação entre discentes e docentes. Essa discussão transformou-se em
uma preocupação quando os estudantes da graduação tiveram que realizar práticas pedagógicas
relacionadas aos estágios de docência nas escolas. Então, este trabalho tem como objetivo
apresentar os desafios encontrados pelos discentes do curso de Letras Libras da UFMA para o
desenvolvimento de práticas pedagógicas de docência realizada em escolas municipais e estaduais
maranhenses. Utilizou-se o método qualitativo como base para análise das informações coletadas
nas observações dos pesquisadores, articulando com a proposta descrita no projeto político
pedagógico da instituição e as políticas educacionais do estado. Os discentes observaram que em
algumas escolas que há professores sem fluência em Libras ou que não possuem uma formação
específica na área, há outros que não sabem Libras e precisam do auxílio do intérprete para se
comunicar com os surdos, se observou várias discordâncias entre o proposto na teoria e a prática
em sala de aula. Apesar do esforço dos professores os alunos surdos ainda continuam com
dificuldade linguística tanto língua portuguesa quanto língua de sinais. Os surdos não aprendem
profundamente a sua L1, língua de sinais.
Palavras-chave: Prática pedagógica; Letras-Libras; Surdos.
RESUMO: Este trabalho é parte de uma pesquisa que versa sobre a formação de professores que
ensinam a disciplina de Língua Inglesa para os anos iniciais do ensino fundamental em escolas
bilíngues no município de São Luís/MA, desenvolvida no Grupo de Pesquisa em Linguagem,
Aprendizagem e Formação de Professores – UFMA e no Grupo de Pesquisa Ensino de Línguas e
Formação de Professores - FEUSP/CNPQ. Tem por objetivo analisar os discursos sobre infância,
sobre língua e sobre ensino de línguas presentes nas práticas de professores nos anos iniciais da
escolarização básica. Para realizar essa análise, realizamos estudos documentais, bibliográficos,
entrevistas e partimos dos estudos linguísticos fundamentados na Análise do Discurso
(MAINGENEAU, 2008), de modo específico, considerando o interdiscurso como espaço de trocas
discursivas que constituem a sua identidade. Essa noção de discurso pode ser entendida como uma
possibilidade de mudança no modo de conceber a linguagem, que, sob a influência de diversas
áreas das ciências humanas passaram a utilizar ‘discurso’ como um termo que vai além da noção
de língua e que possui características essenciais. Dentre essas características, pode-se considerar
que o discurso é uma forma de ação, sendo construído a partir de uma intenção e dirigido para
algum lugar; pode-se considerar que o discurso é regido por normas, é assumido por um sujeito e é
contextualizado, indica quem é o responsável pela enunciação e contribui para definir o contexto.
Assim sendo, o modo de enunciar pode ser definido de acordo com quem enuncia e a partir do lugar
de onde enuncia. Consideramos ainda a presença de sentidos diversos para um mesmo discurso
(BAKHTIN, 2009, 2010). Desse modo, ao analisarmos o discurso sobre infância e sobre ensino de
língua, buscamos compreender em que concepções linguísticas e pedagógicas esses discursos estão
apoiados. Para este trabalho, além de apresentarmos os principais conceitos da fundamentação
teórica, descreveremos a caracterização do período histórico em que se constituíram as escolas
bilíngues, no município de São Luís /MA, pois, entendemos que as condições de produção dos
discursos sobre a infância e sobre ensino de línguas para crianças contribuem para o estudo
em torno da formação dos docentes que nele atuam. Como primeiras análises, destacaremos o
reconhecimento pelos profissionais das escolas a respeito da concepção de língua como prática
de interação, da imitação como prática de aprendizagem e da compreensão da linguagem como
ponto de partida para a formação integral da criança.
Palavras-chave: Discursos; Língua inglesa; Infância.
RESUMO: Sabe-se que o ensino-aprendizagem de língua Inglesa tem crescido de forma considerável
nos últimos anos, tanto no contexto infanto-juvenil quanto no adulto, já que cada vez mais a língua
vem ganhando uma relevância universal não só para o mercado de trabalho, mas também para
uma melhor capacitação das pessoas em um mundo globalizado. Na realidade hodierna brasileira,
existem alguns programas educacionais gratuitos voltados para o ensino de língua estrangeira
financiados pelo governo federal, entre eles o idiomas sem Fronteiras (IsF), que foi lançado em
2013 com o objetivo de suprir as necessidades de outro programa do governo federal - Ciências
sem Fronteiras (CsF). Os cursos do IsF são ministrados por alunos de Letras, portanto, professores
em formação, e, tendo isso em vista, e para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra
de maneira eficiente e congruente, é necessário que os mesmos estejam cientes da importância
de três elementos principais: é indispensável que haja a utilização de um ou mais métodos de
ensino de língua estrangeira por parte dos professores (LARSEN-FREEMAN, 1986), o aluno deve
ter determinação e objetivos que o motivem a frequentar as aulas, intensificando o estudo fora da
sala de aula e, por último, a reflexão diária do professor (HIVER, 2015) sobre suas aulas estando
disposto a sempre adaptar o(s) método(s) que rege(m) a explanação dos conteúdos previstos de
acordo com o contexto social no qual os alunos estão inseridos, fazendo assim com que os mesmos
tenham um rendimento que aumente gradativamente no decorrer do curso. Como professores
participantes do Programa, entendemos que esses aspectos constituem um grande desafio, o que
nos instiga a observar como outros professores do Núcleo de Línguas (NucLi) da Universidade
Federal do Piauí (UFPI) lidam com esse desafio, assim como os alunos participantes dos cursos
ofertados. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo apresentar relatos de experiências com
a adaptação do uso de diferentes métodos de ensino-aprendizagem dos professores do NucLi
IsF da UFPI. Como uma pesquisa qualitativa em andamento, adotaremos como procedimentos
metodológicos a revisão bibliográfica sobre as técnicas e princípios no ensino de línguas de
Diane Larsen-Freeman (1986), observação de aulas de quatro professores do NucLi ao longo dos
cursos que serão ofertados em julho e agosto de 2018 e aplicação de questionários tanto com os
professores quanto com os alunos, a fim de obter as informações pertinentes para os resultados
e considerações desta pesquisa.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Métodos; Língua inglesa.
RESUMO: Esta pesquisa, em fase inicial e vinculada ao projeto Linguagem e tecnologia (LINTEC-
UFMA), tem por objetivo analisar a mobilização de Estratégias individuais de Aprendizagem (EA)
no âmbito do uso de aplicativos digitais por aprendizes de línguas no intuito de identificar quais
estratégias sociais são possibilitadas por esses aplicativos. Para tal, nos baseamos no inventário
de Oxford (1990), para quem as EA sociais constituem práticas de interação, colaboração e
negociação de sentido com outros indivíduos, sejam estes aprendizes ou falantes da língua-alvo. A
pesquisa baseia-se em narrativas de aprendizagem (NA) de sujeitos que utilizam aplicativos digitais
em seu processo de aprendizagem de língua estrangeira. Os resultados preliminares apontam para
o fato de que os aplicativos desenvolvidos para a aprendizagem de línguas ainda apresentam
deficiência no que tange às possibilidades de promover a integração comunicativa dos aprendizes.
RESUMO: Este trabalho visa identificar como ocorrem as valorações presentes nos atos realizados
pelos personagens do filme “o garoto”, de Charles Chaplin. No que concerne ao ato, este é
considerado no trabalho a partir de seu aspecto responsável e responsivo, visto que todo agir
humano responde a alguém e essa resposta é expressa por meio de si, o que significa compreender
o ato constituído desses dois fatores, os quais vão culminar no aparecimento de um aspecto ético
do agente. Na perspectiva bakhtiniana da concepção de ato, o mesmo leva em consideração o seu
conteúdo e o seu processo, pois é a partir da junção de ambos que há a valoração discursiva. Para
o sujeito agente, o agir possui um valor específico para aquele que o executa diferente de um valor
geral que iria ser imposto a este. Com isso, o indivíduo vai ter as suas ações norteadas por um
contexto, sobretudo por ser um sujeito situado cronotopicamente, ou seja, no tempo e no espaço.
Para apontar os indícios tem-se como autores de base Bakhtin (2010) e Volóchinov (2017). Trata-
se de uma pesquisa centrada na análise discursiva do discurso. Os passos metodológicos são
os seguintes: a) foi feito um recorte do filme “O garoto”, de Charles Chaplin; b) foram dividas
as cenas em 6 fatos, os quais foram analisados os atos dos personagens; c) foram deduzidas as
relações de alteridade conforme a categorização em alteridade dominadora; alteridade dominada
ou alteridade que petrifica, alteridade fundada na reciprocidade e amizade. Os resultados indicam
que predominam relações de alteridade entre os personagens mendigo para com o garoto; guarda
para com o garoto e mendigo para com guarda. Também apontam para a discussão acerca do
ato ético, uma vez que os personagens garoto e mendigo, por estarem inseridos em um contexto
de miséria e pobreza, são levados pelas circunstâncias, pois elas vão propiciar a realização de um
ato subversivo que é a quebra da janela de uma casa com fim de conseguir dinheiro no conserto,
com isso, os dois expressam mediante tal ato a ética de dois sujeitos marginalizados, responsivos
e responsáveis. Como conseqüência da quebra da janela, vem à punição, que nesse caso, é
representado simbolicamente pelo personagem do guarda, quem vai zelar pela moral.
Palavras-chave: Valoração discursiva; Ato ético; Relações de alteridade.
RESUMO: Os professores de Língua Inglesa vivenciam e enfrentam diversos dilemas que circundam
todo o processo de aquisição de línguas, quer seja em sala de aula ou fora dela, principalmente
quando se deparam com uma gama de representações simbólicas, que são inerentes a esse
contexto. Essas representações configuram os sujeitos envolvidos como operados e operadores,
em relação à multiplicidade de inferências diante do processo de vivência e prática da Língua
Inglesa. Nesse processo, ao falar uma língua, somos tomados por dois âmbitos de representação,
o político e o linguístico, imbricados entre si, em um fio discursivo. Representação não é algo
que se dá automaticamente, apesar das escolhas conscientes que o sujeito faz, acredita ou se
insere em um determinado grupo ou crença. Ela acompanha as transformações do mundo, num
percurso histórico, se tornando um objeto discutível na base do inconsciente e materializado por
meio do seu discurso. Nesse sentido, tomando como base o envolvimento do sujeito-professor
no programa de educação bilíngue (Português-Inglês), bem como suas práticas e imbricação
entre línguas por meio da instrução, comunicação e representações simbólicas em torno da
Língua Inglesa, buscamos identificar por meio do discurso, quais representações discursivas são
construídas sobre ser bilíngue, fluência e contato com estrangeiros, e como elas se relacionam para
a construção de sentido, revelando aspectos identitários por meio das posições-sujeito no fio
discursivo. Para tal, este trabalho tem como embasamento teórico a Análise do Discurso de linha
francesa de PÊCHEUX (1997/2005/2011) e ORLANDI (2012/2015) e os estudos culturais na pós-
modernidade de HALL (2011) e WOODWARD (2014). Constatamos a partir das representações
discursivasque os sujeitos, marcados pela heterogeneidade e clivados pela dispersão, enunciam
sem perceber que dentro de um enunciado, existem outras vozes e sentidos, ou seja, outros que
o constitui, o que nos fez perceber, de maneira mais clara, o deslocamento de posições e sua
fragmentação identitária por meio da discursividade.
Palavras-chave: Discurso; Identidade; Professor bilíngue.
RESUMO: A Análise do Discurso veio se modificando ao longo dos anos, para se tornar o que se
tem hoje, intensa e com aspecto mais científico, depois das investigações de Michel Pêcheux, a
partir das quais torna multidisciplinar o processo de análise dos mais diversos dizeres e discursos
inseridos em um contexto sociocultural, histórico e ideológico. Assim, este trabalho objetiva efetuar
o estudo discursivo do primeiro livro denominado pela crítica literária como a Trilogia Obscena de
Hilda Hilst, na perspectiva de compreender e aprofundar os aspectos históricos, sociais, linguísticos
e extralinguísticos que permeiam esta produção literária. Ademais, pretende-se aqui voltar-se para
a compreensão de discurso pornográfico. Percebe-se, assim, que nas décadas de 1980 e 1990, a
divulgação e a disseminação de diversas formas de exploração da sexualidade, na música, pintura,
fotografia, cinema e textos que explicitam claramente cenas das relações sexuais. Nesse contexto,
surgem os dispositivos para análise desse discurso, idealizados por Dominique Maingueneau, em
2007. O autor evidencia três formas de se analisar e observar este tipo de linguagem: (a) pornografia
canônica, (b) pornografia tolerada e (c) pornografia interdita ou não canônica. Elas podem existir
de forma isolada, como também coexistem nos mais diversos meios de produção de discurso. O
arcabouço teórico baseia-se em Maingueneau (2010); Brandão (1986); Foucault (2012) e Orlandi
(2012). A referida obra em análise, que causou polêmicas na época de sua publicação, mexendo
fortemente com o público, em virtude de valores morais enraizados em nossa sociedade e de um
falso moralismo exagerado, traz como protagonista Lori Lamby, uma garotinha de oito anos,
que é prostituída por sua família e orientada por seu pai, um autor frustrado por não conseguir
vender seus livros, a escrever todas as suas peripécias sexuais em seu caderno rosa. Ela vê toda a
situação em que foi inserida com a maior naturalidade, satisfação e realização pessoal. Isso traz
impactantes reflexões sobre a sexualidade infantil, tema tão repleto de tabus e más interpretações
em nossa sociedade. Aqui se busca, contudo, não somente analisar o discurso da autora, mas
também ressaltar a figura feminina que escreve pornografia tão bem elaborada e prestigiá-la por
tão significativa contribuição para a literatura nacional.
Palavras-chave: Discurso; Pornografia; Literatura.
RESUMO: Este trabalho apresenta um estudo sobre a avaliação que os professores de Inglês, da
cidade de Ouro Preto, fazem a respeito dos livros didáticos fornecidos via Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD). O livro didático é um importante recurso no ensino de Língua Inglesa, pois,
na maioria dos contextos, constitui-se como uma das principais fontes de informação, bem como
de insumo linguístico da língua estrangeira. Em muitos contextos é ele que define o que e como
deverá ser ensinado e aprendido. Desde 2011, o componente curricular Língua Estrangeira Moderna
foi incluído no PNLD, possibilitando que escolas públicas, de ensino fundamental e médio, de
todo o Brasil passassem a receber materiais didáticos de Inglês e de Espanhol, constituídos pelo
livro do aluno e seus respectivos CDs de áudio, e pelo manual do professor. Nesse sentido, o
principal objetivo desta pesquisa foi identificar e analisar as avaliações presentes no discurso dos
professores de Língua Inglesa da rede pública de ensino de Ouro Preto, Minas Gerais, sobre esses
livros didáticos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 professores. A análise dos
dados coletados se pautou em uma perspectiva discursiva com base no Sistema da Avaliatividade
(MARTIN e WHITE, 2005). Os resultados mostram que apesar de reconhecerem a qualidade e
a importância desses materiais, os docentes não os consideram adequados ao contexto em que
atuam. Foi possível concluir também, que a maior parte das avaliações foram expressas por meio
da Apreciação relativas à composição dos livros, especialmente ao conteúdo nele evidenciado,
o que sugere uma supervalorização do conteúdo em detrimento a outros aspectos constituintes
do LD. Os docentes também revelam um desejo por um livro menos complexo, menor e mais
adequado as condições de ensino vivenciadas na escola pública. Nessa perspectiva, a maior
parte dos professores busca um LD pautado em metodologias estruturalistas, revelando não
ter conhecimento dos pressupostos teóricos que embasam o PNLD, e dos documentos oficiais
mais recentes que fundamentam o ensino de língua inglesa na educação básica no Brasil. Assim é
possível constatar que é iminente a criação de políticas públicas que visem a formação continuada
de professores atreladas às já existentes, como o próprio PNLD. Espera-se que o trabalho em
questão, crie possíveis subsídios que contribuam para a problemática da adequação dos livros
didáticos de língua inglesa ao contexto das escolas públicas brasileiras, e que forneça dados que
minimizem a falta de estudos acadêmicos que abordam essa temática.
Palavras-chave: Livro didático de inglês; Discurso; Avaliatividade.
RESUMO: As notícias que tratam sobre a pessoa com deficiência no Brasil, de maneira geral,
produzem a manutenção dos estereótipos historicamente construídos sobre os deficientes
entendendo-os em alguns momentos como “coitadinhos” e “dignos de pena”, e, em outros como
“heróis que superaram obstáculos”, o que, pelo funcionamento da memória discursiva, sedimenta
os dizeres que já circulam no imaginário social, qual seja: os de que deficientes seriam “sujeitos
inferiores”. Eventos esportivos de grande magnitude, tais quais os jogos paralímpicos, no entanto,
têm cada vez mais atraído a atenção da mídia para a questão das pessoas com deficiência e
dos desportos adaptados, proporcionando a estes indivíduos uma notoriedade antes negada.
Isto poderia possibilitar a construção e a circulação de outros sentidos acerca dos sujeitos
com deficiência, uma vez que, por serem atletas de alto rendimento e selecionados a partir de
suas performances individuais nos seus respectivos esportes, estes podem vir a ser significados
não pela deficiência que possuem, mas pelos esportes que praticam, por seus talentos e pelos
resultados alcançados, tal como acontece com os atletas olímpicos. Nesse sentido, sob o viés
da análise de discurso, este trabalho tem o objetivo de analisar o discurso sobre a pessoa com
deficiência, a partir da cobertura dos jogos paralímpicos de verão, pela Folha de São Paulo, nas
primeiras décadas do século XXI. Para tanto, utilizamo-nos do quadro teórico-metodológico da
análise de discurso pecheutiana, num ir-e-vir constante entre a teoria e o arquivo selecionado,
sendo Orlandi (2007, 2015) e Pêcheux (2014, 2015) os principais autores em que este trabalho
se fundamenta. Considerando que os discursos são históricos, uma vez que são produzidos em
condições determinadas e influenciam novos acontecimentos e ainda que é no discurso que
ocorre a tensão entre memória e esquecimento e memória e atualidade, é possível perceber em
nosso arquivo, além de uma (re)textualização do discurso assistencialista que pregava o exercício
de práticas caritativas às pessoas com deficiência por entender estes indivíduos como incapazes,
um silenciamento de dizeres que significam as pessoas com deficiência a partir de uma formação
discursiva que os entende como aptos e independentes, bem como a convocação de diferentes
vozes, a partir da heterogeneidade mostrada, visando garantir às notícias do jornal um efeito de
completude.
Palavras-chave: paralimpíadas, deficientes, jornal, Folha de São Paulo.
RESUMO: Este trabalho de pesquisa teve como objetivo o desenvolvimento de proposta que
aproximasse uma dificuldade de aprendizagem e a possibilidade de minimização da problemática
a partir de concepções empreendidas pela Linguística Aplicada no que diz respeito ao ensino
baseado em gêneros textuais, portanto, em perspectiva praxiológica. O problema em questão
trata-se especificamente da apreensão do caráter semântico da categoria gramatical advérbio e
sua correspondente função sintática, o adjunto adverbial. O estudo torna-se importante ao se
perceber que textos pertencentes aos gêneros jornalísticos, de grande relevância nos meios sociais,
são construídos com larga utilização de expressões indicativas de circunstâncias, portanto, de
advérbios/adjuntos adverbiais. A escolha dos textos do domínio jornalístico como sugestão de
meio para o ensino também se deu pela sua presença recorrente na sociedade, ao passo que,
por exemplo, a notícia é um dos gêneros aos quais as pessoas estão mais expostas em sua vida
cotidiana, visto que ela é difundida em muitos lugares e suportes (ALVES FILHO, 2011). Foi
realizada pesquisa bibliográfica com fim de embasamento teórico sobre ensino de língua, advérbio/
adjunto adverbial e gêneros textuais – em especial, os gêneros da esfera jornalística, com destaque
para a notícia. Também foi feita breve pesquisa de campo para melhor definição do problema.
Aplicou-se questionário semiestruturado para professoras de Língua Portuguesa de duas turmas
de 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal da cidade de Imperatriz-MA.
Para os estudantes dessas mesmas turmas, foi aplicado questionário estruturado. As respostas
aos questionários serviram à compreensão de como esses sujeitos, protagonistas do processo,
lidam com a classe verbal/função sintática em estudo. Assim, a desconsideração da complexidade
envolvida no ensino de advérbio/adjunto adverbial mostrou-se como fator preponderante sobre
os resultados do processo ensino-aprendizagem realizados por esses agentes. Por fim, mostrou-
se que a orientação do ensino propriamente linguístico, a partir das considerações sobre o papel
central dos gêneros, em sala de aula, deve ser apropriada e empreendida pelo professor em suas
ações, pois, ao mesmo tempo em que executa concepções consagradas pelas pesquisas em
Linguística Aplicada, propicia um ensino de língua mais eficiente e adequado às necessidades dos
estudantes.
Palavras-chave: Linguística Aplicada; Ensino de Língua Portuguesa; Gêneros jornalísticos.
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar o signo ideológico A forma da água
do filme do diretor Guillermo Del Toro (2018), do livro de Daniel Kraus e da charge de João
Bosco (2018), apontando os diferentes discursos de valores políticos, histórico e estético desde
o título às discussões temáticas de cada um dos gêneros em foco. Busca-se também, de maneira
específica, analisar o conceito de signo ideológico presente nestas três obras como modo de
compreender a unidade de sentido Todas as obras foram lançadas em 2018, mas que retratam
momentos distintos que se correlacionam do ponto de vista da valoração ética. A análise é feita
a partir da teoria do Ciclo de Bakhtin, especialmente sob a discussão de Volóchinov (2017) sobre
signo ideológico, além da contribuição de Brait (2017) para trabalhar a questão da ideologia e do
tema presente em cada um desses gêneros mencionados. As análises iniciais mostram que signos
ideológicos são visíveis em cada obra, preenchidos de significação, vozes e memória aos leitores.
O livro e o filme de Del Toro e Kraus respectivamente apresentam especialmente uma história
de amor entre tantos conflitos, João Bosco responde com a charge de forma crítica sobre um
desastre ambiental.
Palavras-chave: Signo ideológico; A forma da água; Linguagem.
RESUMO: No dia 16 de dezembro de 2016, um dentre tantos outros vídeos sobre a Guerra Civil
na Síria foi publicado e posto em circulação por diversos meios de comunicação. Nesse vídeo,
que se passa no ambiente hospitalar, destaca-se a imagem de Ayah, uma criança que acabou de
ser vítima de um bombardeio e que, apesar de todo o susto e de todo o sofrimento, permanece
quieta, sem derramar uma lágrima. A partir disso, sua imagem irá figurar em uma série de
condições de produção imediatas e sócio-histórico-ideológicas que irão compor um conjunto de
evidências e sentidos acerca do conflito na Síria, numa dialética entre a estrutura de um passado
e a opacidade de um acontecimento. Baseando-se nessa conjuntura, a presente pesquisa tem o
objetivo de analisar como se constituem as condições de produção inerentes à discursivização
materializada na imagem/fotografia de Ayah, retirada de um vídeo postado pelo veículo midiático
Channel 4 News e republicada em outros veículos de informação, como páginas e perfis do twitter
e portais de notícia, dentre os quais se destacam os jornais The Independent e O popular. Para
tanto, é utilizado o aparato teórico-metodológico da Análise de Discurso, especificamente em
Pêcheux (1997; 2002; 2014), Orlandi (2003; 2006) e Dias (2018), numa perspectiva descritiva-
interpretativa quanto aos objetivos, e numa abordagem qualitativa em relação ao tratamento
com o arquivo discursivo, a imagem, intricada à memória digital. Observou-se, nas análises,
que através da imagem de Ayah diversos veículos midiáticos, atuando pela memória discursiva e
digital, contribuem para construir o imaginário social de horror e de guerra tão extremos, que as
crianças pararam de chorar, mesmo em situações de risco. Esse construto reverbera também um
conjunto de formações imaginárias acerca da posição-sujeito da criança, de uma projeção que ela
ocupa sócio-historicamente, um ser-humano outrora puro e frágil, e agora, frio e forte diante da
realidade que a circunda.
Palavras-chave: Imagem; Condições de produção; Guerra na Síria.
RESUMO: Com o grande avanço da tecnologia em todo o mundo, as pessoas têm procurado
cada vez mais se comunicar com outras de lugares culturalmente diferentes e para isso necessitam,
de alguma forma, compreender umas às outras (MONTEIRO, 2013). A partir disso, a busca
pelo aprendizado de línguas estrangeiras, principalmente da inglesa, também tem crescido em
grande escala e, consequentemente, a demanda pelo uso de métodos dinâmicos aumentou.
Concomitantemente, a desconstrução do ensino tradicional e a exploração de novas ferramentas
educacionais, como a inclusão da dinâmica de jogos no processo de ensino-aprendizagem,
fizeram com que os professores e as escolas de idiomas trabalhassem conjuntamente em prol
de uma aprendizagem célere e eficiente no intuito de promover conhecimento e ludicidade nas
salas de aula. A importância dos jogos educativos nas salas de aula não é exatamente algo novo,
pois já existia conhecimento deles desde os tempos de Platão, passando por Aristóteles e pelos
romanos (KASDORF, 2013). De acordo com Hadfield (1985), os jogos disponibilizam diversas
oportunidades de uma prática mais intensa da língua, criando assim um ambiente favorável para
a comunicação. Este trabalho parte da hipótese de que o uso de jogos didáticos em sala de aula
pode contribuir para um aprendizado mais eficiente da Língua Inglesa, facilitando assim este
processo. O presente estudo objetiva avaliar a atual relevância que os jogos educativos possuem
no ensino-aprendizagem de língua Inglesa e as possíveis mudanças que estes propiciam a esse
processo no Núcleo de Línguas (NucLi) do programa Idiomas sem fronteiras (IsF) na Universidade
Federal do Piauí (UFPI). Para isso, pretende-se realizar uma revisão bibliográfica referente a
estudos sobre esta temática e questionários com alunos de língua Inglesa do NucLli do programa
IsF na UFPI que tenham e que não tenham vivenciado o uso de jogos didáticos no aprendizado da
língua em sala de aula, a fim de obter informações pertinentes para os resultados e considerações
desta pesquisa.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Jogos; Ludicidade.
RESUMO: O presente trabalho tem como finalidade apresentar estratégias didáticas para o
desenvolvimento da compreensão leitora de alunos de espanhol da Educação Básica. Para isso,
escolhemos as tirinhas da Mafalda como gênero textual adequado para a realização das etapas
de leitura e a aprendizagem de temas sociais, políticos e econômicos, favorecendo, assim, a
criticidade desses alunos. Além disso, o texto é um recurso que favorece não só os conhecimentos
linguísticos, mas também os conhecimentos atitudinais e procedimentais para a formação do
sujeito letrado na sociedade. Por essa razão, acreditamos que as tiras da Mafalda possibilitam
o pensamento, a análise e a reflexão acerca dos temas e dos valores sociais que modelam todo
o comportamento da sociedade e seus efeitos na dinâmica das interações entre seus membros.
Na perspectiva crítica, os significados são construídos nos contextos políticos, culturais e sociais,
provocando nos receptores interpretações distintas em decorrência dos determinantes históricos
e locais (CASSANY e CASTELLÁ, 2010). A dimensão crítica envolve a consciência de que todas
as práticas sociais e, portanto, todos os letramentos são socialmente construídos e seletivos, já
que incluem algumas representações e classificações como valores, propósitos, regras, padrões,
perspectivas (GREEN, LANKSHEAR e SNYDER, 2000). A metodologia adotada para a realização
deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica na qual selecionamos algumas tiras da personagem
Mafalda e desenvolvemos atividades de leituras em que os alunos de espanhol da Educação Básica
possam posicionar-se criticamente com base em suas experiências individuais e coletivas. Mediante
a leitura de textos do gênero a ser estudado, observamos a mudança dos alunos no que se diz
respeito ao seu engajamento social e ao pensamento crítico acerca da realidade social através de
questionamentos das relações de poder presentes em tais discursos e da tomada de decisão para
a resolução de problemas cotidianos por meio da compreensão dos fatores de contextualização e
da representação do pensamento por meio da linguagem escrita.
Palavras-chave: Compreensão leitora; Histórias em quadrinhos; práticas sociais.
RESUMO: Este trabalho constitui-se um recorte de nossa tese de doutoramento intitulada Ensino
e Aprendizagem de Língua Inglesa como língua estrangeira: análise de crenças no contexto público
escolar. Tem como objetivo compreender a “cultura de aprender dos alunos” (SILVA, 2005) sobre
a autonomia dos educandos no processo de aprendizagem da língua inglesa no contexto público
escolar. Com este estudo, procuramos responder algumas questões norteadoras da pesquisa tais
como: quais as percepções dos estudantes do oitavo ano do ensino fundamental II sobre ensino
e aprendizagem de língua inglesa? Até que ponto a “cultura de aprender dos alunos” (SILVA,
2005) poderia promover ou inibir a autonomia dos educandos no processo de aprendizagem da
língua inglesa? Para respondermos tais questionamentos, este estudo de natureza qualitativa-
interpretativista (BOGDAN/BIKLEN, 1994); (BORTONI-RICARDO, 2008) utilizou os seguintes
instrumentos de geração de dados: um inventário de crenças baseado no BALLI (Beliefs About
Language Learning Inventory), questionários fechados, mistos e entrevista-semiestruturada. A
pesquisa, contou, ainda, com a participação de uma população alvo constituída por noventa
discentes do ensino fundamental II de escolas públicas estaduais da cidade de São Luis do
Maranhão. O referencial teórico utilizado baseou-se nos estudos sobre crenças (Barcelos 1995;
2001; 2004; 2011) Alanen (2003); Dufva (2003); Brait (2005); Silva (2005, 2007); Bakhtin (2009);
Faraco (2009); Almeida Filho (2010); e, nos estudos sobre autonomia do aprendiz, a pesquisa se
baseou em Dickinson (1987); Freire (1996); Nicolaides (2003); Fernandes (2005); Benson (2006,
2008); Paiva (2006); dentre tantos outros). Os resultados da pesquisa evidenciaram uma “cultura
de aprender dos alunos” (SILVA, 2005) oriunda de várias fontes que pode tanto promover quanto
inibir a autonomia dos educandos no processo de aprendizagem da língua inglesa. Ademais, uma
autonomia que pode ser ofuscada mediante a convivência dos educandos com “aglomerados de
crenças” (SILVA, 2005) sobre a aprendizagem da língua inglesa no contexto público escolar.
Palavras-chave: Cultura de aprender línguas; Crenças; Aprendizagem da língua inglesa.
RESUMO: Este trabalho tem como temática cultura e interculturalidade no ensino de Língua
Inglesa e tem como pergunta norteadora a seguinte indagação: Quais as concepções de cultura
e interculturalidade que a professora de inglês possui e de que maneira esses conceitos são
abordados nas turmas de Ensino Médio da escola CETI Polivalente Lima Rebelo, na cidade
de Parnaíba (PI)? Nesta perspectiva, o objetivo geral deste estudo é investigar as concepções
de cultura e interculturalidade que a professora de inglês possui e saber de que maneira esses
conceitos são abordados nas turmas de Ensino Médio na escola CETI Polivalente Lima Rebelo. A
partir do objetivo geral, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: Saber se a professora
aborda cultura e interculturalidade aliadas às quatro habilidades do ensino e aprendizagem da
Língua Inglesa ou separadamente; Descobrir onde e como a professora de inglês aprende(u)
os conceitos de cultura e interculturalidade; Verificar se e como a professora de Inglês utiliza o
material didático para abordar os aspectos culturais e a interculturalidade; Identificar as culturas
de que países são abordadas nas aulas de inglês pela professora. Para alcançar tais objetivos
foi realizada uma pesquisa empírica, de cunho exploratório, com abordagem qualitativa com a
professora de inglês da escola CETI Polivalente Lima Rebelo na cidade de Parnaíba (PI). O quadro
teórico é fundamentado em autores como Walesko (2006), Onishi (2013), Pires (2002), entre
outros. Os dados revelam que o sujeito da pesquisa reconhece a importância de se inserir cultura
e interculturalidade nas aulas e que utiliza esses conceitos atrelados às quatro habilidades do
ensino e aprendizagem da Língua Inglesa. Ademais, acrescentou que não aprendeu esses conceitos
na graduação, mas sim sozinha. Por fim, informou que o principal material utilizado é o livro
didático e que as culturas predominantemente ensinadas são a estadunidense e a inglesa.
Palavras-chave: Cultura; Interculturalidade; Ensino de Língua Inglesa.
RESUMO: Desde os primórdios da história da raça humana, dos desenhos em cavernas aos
textos digitais, as imagens tem sido uma ferramenta continuamente utilizada para estabelecer
comunicação entre os seres humanos. Com o constante surgimento de novas tecnologias, a
exposição a imagens e a diferentes meios semióticos se tornaram algo ainda mais frequentes em
nosso dia-a-dia. Essa exposição contínua a ferramentas multimodais faz surgir a necessidade de
que a escola se adapte e adote novos recursos para o ensino. De acordo com Prediger e Kersh
(2013) o aluno de hoje já faz uso de estratégias multimodais de composição do seu texto muito
antes de entrar na escola, afinal de contas, na sociedade contemporânea, a vida é marcada
pelo uso de várias linguagens ao mesmo tempo, o que ressalta a necessidade da adoção de uma
perspectiva multimodal no contexto escolar. Com isso, o número de pesquisas acerca do uso de
novos materiais e artefatos técnológicos em sala de aula vem crescendo e essas novas ferramentas
tem sido apontadas como estratégias positivas para o ensino de línguas estrangeiras (GOMES,
2015; ROCHA E GOMES, 2016; SILVA, SOUZA E CIPRIANO, 2015), em parte pela associação
entre os diversos meios semióticos presentes nesses novos recursos, que podem fornecer input
contextualizado e significativo aos aprendizes para o desenvolvimento de habilidades orais e escritas.
Com isso, o presente trabalho objetivou traçar um breve panorama sobre as recentes contribuições
da multimodalidades para o ensino de línguas estrangeiras e seus respectivos resultados com o uso
dessa teoria no ensino de línguas. Para isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica com o objetivo
de analisar artigos em revistas acadêmicas nacionais sobre o tema “multimodalidade e ensino
de línguas estrangeiras” entre os anos de 2013 a 2018. Os resultados dessa pesquisa indicam
que a área de multimodalidade e ensino de línguas é um ramo crescente nas revistas acadêmicas
Brasileiras, principalmente voltada ao ensino de Língua Inglesa, os trabalhos também indicam
vantagens acerca do uso de ferramentas multimodais para o aprendizado tanto de itens léxicais,
como pronúncia e escrita como também aquisição de vocabulário em línguas estrangeiras.
Palavras-chave: Multimodalidade, Ensino de línguas, Tecnologias.
RESUMO: As tecnologias digitais estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. Pode-se perceber
isso com um simples passeio pela vizinhança, por exemplo. Não raro veem-se pessoas nos pontos
de ônibus, shopping centers, supermercados, restaurantes etc., portando os seus smartphones,
tablets, notebooks, em constantes atividades de comunicação. Nas escolas, a situação não difere
muito. Observa-se que os alunos estão mais conectados e interativos, utilizando os seus aparatos
eletrônicos para praticamente qualquer situação. Este panorama leva-nos a refletir e questionar
se propostas pedagógicas que ainda demandam a utilização apenas de tecnologias como
lousa e quadro branco, ou meramente de textos impressos, não estão se tornando obsoletas e
enfadonhas. E como a escola está acompanhando as mudanças tecnológicas no mundo. Diante
dessa percepção, faz-se necessário reflexões e tomadas de atitude, investimentos na formação
de professores e de agentes envolvidos com a educação. Discutir propostas em que convergem
princípios educacionais que privilegiam não mais a aquisição de conteúdos descontextualizados
e rígidos, de temas dispostos em disciplinas arranjadas em estruturas fechadas que não dialogam
entre si (KENSKI, 2012). Não se espera, entretanto, que essas mudanças sejam feitas de forma
abrupta, visto que estão envolvidos uma série de fatores, que vão desde a falta de recursos nas
escolas à indisponibilidade dos professores, muitas vezes pela falta de tempo, outras pela própria
barreira que se estabelece perante o que é novo. A proposta aqui sugerida surge da experiência com
uma turma do segundo ano do curso técnico de um instituto federal, da qual esta pesquisadora
foi professora de língua inglesa. O livro didático adotado apresentava um olhar interdisciplinar,
proporcionando o uso de recursos tecnológicos para a aprendizagem. Uma das unidades,
intitulada Hip-Hop, Culture and Music, movimenta o ensino da língua inglesa utilizando essa
temática para perpassar tópicos de estudo como o gênero biografia, wh-words e o rap, estilo
musical componente do movimento Hip-Hop. A unidade foi desenvolvida sob as orientações do
guia didático, obtendo-se uma resposta positiva dos alunos. À luz do conhecimento adquirido
na disciplina Tecnologias Digitais de Ensino e Aprendizagem de Línguas, cursada no programa de
mestrado em Linguística Aplicada do qual a pesquisadora é aluna, pretende-se revisitar a unidade
estudada com um olhar mais interativo e tecnológico do que a perspectiva do livro didático.
Palavras-chave: Língua inglesa; Tecnologias digitais; Prática didática.
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o ensino de Libras como segunda
língua para ouvintes a partir do uso de materiais didáticos nos cursos de extensão do Núcleo de
Cultura Linguística – NCL da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Apesar da oficialização
da Língua Brasileira de Sinais pela Lei 10436/02 e pelo Decreto 5626/2005 como também sua
inserção obrigatória nos curso de licenciatura percebe-se que os materiais didáticos para o ensino,
continuam sendo escassos. Os estudiosos da língua também são recentes, assim com as pesquisas
sobre o seu ensino. Os materiais existentes com os dicionários, websites e programas de ensino
apresentam apenas a lexicografias da Libras deixando de lado o uso no contexto comunicativo,
além de não contemplar alguns elementos básicos como os movimentos e as expressões faciais.
Com o intuito de desenvolver o ensino da Libras com L2 para os alunos dos cursos de extensão do
NCL, tomando como base uma abordagem comunicativa, estão sendo desenvolvidos materiais
didáticos que serão disponibilizados aos alunos do curso. Trata-se de uma proposta que viabiliza a
língua como um instrumento de comunicação e interação social, pretendendo promover vivências
reais com uso significativo da língua onde os alunos possam aprender dentro de situações e
contextos diversificados. Ensinar e aprender estão intrínsecos nessa proposta de ensino de Libras
como L2. E o professor precisa elaborar estratégias que contemple a interação e o uso da língua de
forma contextualizada, proporcionando uma aprendizagem significativa da Libras como segunda
língua.
Palavras – chave. Material didático; Ensino de Libras; Curso de extensão.
RESUMO: Este trabalho é fruto de uma pesquisa em andamento intitulada A beleza feminina nas
malhas discursivas do corpo “civilizado” (PIBIC-CNPq), desenvolvida no interior do Grupo de
Pesquisa em Linguagem e Discurso (GPELD, do Departamento de Letras-UFMA). Nossa pesquisa
tem como objeto de discurso a mulher e seus modos de subjetivação pela mídia. Neste trabalho,
em especial, tecemos considerações sobre “a mulher casada”, analisando jornais e revistas da
época, para verificar que práticas discursivas e sentidos identitários eles produzem sobre o bello
sexo. Vale dizer que o corpo é um dos principais objetos de olhar e por isso mesmo está a todo
momento sendo trabalhado para viver em sociedade. Isso faz com que seja exigido do sujeito uma
vigilância de postura e domesticação dos gestos. Os jornas e revistas sempre desempenharam
um papel de importância no jogo de representação da sociedade. Para este seminário,
apresentamos como corpus de análise três crônicas retiradas dos jornais Diário do Maranhão
(1890) e O Federalista (1901) e da Revistas Elegante (1893). A análise por nós realizada permitiu
constatar que a mídia funciona como um dispositivo de poder, determinando comportamentos
e identidades por meio de um discurso que sugere como a mulher casada deve ser comportar
perante a sociedade e como ela deve vestir-se, estabelecendo normas de civilidade. Elias (2011)
argumenta que o desenvolvimento da sociedade está atrelado à transformação progressiva das
normas de condutas, portanto a evolução das regras de comportamentos é o ponto central para
compreender o processo civilizador. Para tecer discussão sobre a mulher ludovicense naquele
período, nos alicerçamos em Silva (2008, 2011, 2013), Sales (2010), Bernardes (1988), Freyre
(1987), Abrantes (2010), entre outros.
Palavras-chave: Mulher; Identidade; São Luís.
RESUMO: “É preciso poder político para estabelecer, para manter e para determinar as forças do
mundo que influenciam os povos a serem analisados” (WOLF, 2003, p. 327). A figura do negro, seja
no jornal, revista, novelas, propagandas e na literatura, sempre é tratada como aquela ou aquela
isolada da sociedade, que nunca conseguirá se locomover socialmente pelo fato da pigmentação
do seu corpo influenciar a decisão das pessoas. Com isso, procuramos verificar por intermédio
deste estudo, essencialmente, os efeitos de sentidos, os pré-construídos, as formações ideológicas,
formações discursivas e a historicidade produzida naquele contexto, mais precisamente, buscamos
analisar esse processo de produção na sociedade contemporânea. O presente trabalho vem
demonstrar através do olhar da Análise do Discurso, o discurso da perpetuação da imagem do
negro como aquele que é sempre representado como o trabalhador braçal, o serviçal mais baixo
possível e como aquele ou aquela que seduz os outros devido à hipersexualização arraigada a sua
cor. Nesse sentido, é importante desenvolver uma análise quanto à produção da representação
do negro na mídia que pode influenciar na formação de identidade dos sujeitos sociais, de modo
que ao se pôr o discurso em processo, fomenta-se pré-conceitos, ao passo que podemos afirmar,
que dados posicionamentos constituem práticas discursivas de poder. Posto isso, o suporte de
investigação dessa pesquisa se dará por meio de um dos veículos midiáticos de ampla circulação,
a propaganda televisiva, assim como também usamo-nos de outros materiais encontrados na
internet e sites que foram relevantes para este estudo, como “UOL” e “G1 Notícias”, sendo que, os
recortes do corpus dessa pesquisa de cunho qualitativo, pretendem mostrar através da coleta de
dados a serem analisados evidencias do racismo e da discriminação na mídia. Posto isso, fazemos
uso das bases teórico-metodológicas da análise do discurso de linha francesa postuladas por
Michel Pêcheux e seu grupo, bem como de outros estudiosos que lhe engrossam a teoria analítico-
social, a saber: ORLANDI (2007, 2011); FOUCAULT (2009) e BAUMAN (2007).
Palavras-chave: Análise do discurso; Negro na Contemporaneidade; Mídia e Poder.
RESUMO: Nas últimas décadas, a culinária de alguns lugares tem sido um dos pontos de atra-ção
do mercado turístico. São muitos os lugares que têm, a partir dessa prática, a divulga-ção dos seus
traços identitários e de sua história. Não é de hoje, aliás, que pesquisas reve-lam a forte relação
entre os alimentos, a cultura e a história de um povo. Exemplo clássico desses estudos é o texto
“o cru e o cozido”, (STRAUSS, 2004), autor que pontuou, de modo singular, as relações entre
alimentação e práticas simbólicas culturais. Dessa forma, na atualidade, encontra-se um número
relevante de páginas eletrônicas voltadas para o turismo, que apresentam enunciados acerca da
gastronomia de certas cidades do Brasil. Ademais, ressalta-se que o alimento neste contexto não
é apenas uma necessidade biológi-ca do ser humano, passando a ser considerado, sobretudo,
elemento de representação cul-tural de uma sociedade. Este trabalho, que integra o Projeto de
pesquisa A cidade na rede: as identidades de São Luís em sites de turismo (DELER/UFMA-FAPEMA),
tem como principal objetivo analisar a construção de identidades da cidade de São Luís, capital
do Estado do Maranhão, a partir de dizeres sobre sua gastronomia em sites de turismo brasi-
leiros. Busca-se identificar por meio de estudos sistemáticos no campo da Análise do Dis-curso
elementos discursivos usados em páginas eletrônicas de turismo e suas implicações na construção
da identidade local. Utilizamos como subsídios para realização das análises o conceito de discurso
proposto por Michael Foucault e os estudos sobre identidade cultu-ral, apresentados por (HALL,
2006). Esse aporte teórico permitirá observar o papel da linguagem na construção de efeitos de
sentidos da identidade local. Utilizam-se ainda as pesquisas acerca da história da alimentação
no Brasil (CASCUDO, 2007), análises a res-peito do turismo e alimentação, (FAGLIARI, 2005),
estudos sócio-antropológicos, (BAU-MAN, 2005) e (SANTOS, 2006) e o conceito de memória
proposto por (HALBWACHS, 1990).
Palavras-chave: Identidades; Discurso; Sites.
RESUMO: Grande Sertão: Veredas é considerada uma das obras-primas do autor modernista
Guimarães Rosa, pois nela, este gênio traz a seus leitores dessa nova era uma outra visão de
mundo, instigando por meio de provocações que para o momento em que foi publicada pouco
se discutia. Nessa obra, Guimarães Rosa faz ênfases precisas principalmente no que diz respeito
ao espaço, no caso o sertão cuja maior característica é o falocentrismo com a finalidade de
provocar discussões em temários mais polêmicos como gênero e sexualidade. Esse estudo tem
como objetivo maior corresponder às suscitações de Guimarães Rosa sobre sexualidade, tratando
debater o discurso ao qual a obra em estudo está impregnada, para que se chegue a esse ponto
é de primordial necessidade conhecer o período histórico em que a obra foi escrita e publicada,
além de construir um debate teórico sobre sexualidade. A questão fomentadora desse trabalho
investigativo é: como o tema sexualidade é provocado por Guimarães Rosa na obra Grande Sertão:
Veredas? A metodologia utilizada para construir toda essa pesquisa é de natureza bibliográfica,
pois é basilar que todas as proposições estabelecidas ao longo do processo de redação sejam
devidamente fundamentadas com as teorias de estudiosos do referido eixo temático. A principal
bibliografia que será utilizada como fundamentadora versa sobre os estudos de: (FOUCALT,
1988), (LOURO, 2000), (RIBEIRO, 1999), (ABDALA JUNIOR, 1985), além de outros artigos que
tratam do temário em discussão, sendo estes estudos e debates contemporâneos que sustentam
com maior precisão o tema que hoje é muito comum não somente na academia, mas na maioria
dos grupos de debates que se preocupam com essas questões, que de fato são relevantes para as
produções intelectuais da posteridade. Guimarães Rosa edifica em Riobaldo Tatarana e Diadorim
um importante discurso sobre sexualidade concebendo a seus leitores uma desconstrução e
reconstrução de conceitos e dogmas que em todas as épocas as pessoas eram obrigadas a aceitar
para não serem rechaçadas pela sociedade mais conservadora.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; Grande Sertão: Veredas; Sexualidade.
RESUMO: O projeto Liga Acadêmica de Estudos Linguísticos e Literários (LAELL) surgiu a partir
de interesses acadêmicos visando à articulação de ensino, pesquisa e extensão na Universidade
Federal do Tocantins (UFT), campus universitário de Porto Nacional/TO. Temos a inter/
transdisciplinaridade como base das atividades efetivadas proporcionando a formação de um
profissional humanizado, ético e idôneo. A ação deste projeto justifica-se pelo entendimento
da necessidade da extensão dos estudos linguísticos e literários, aplicados com teoria e prática,
visando expandir os campos do conhecimento gerados no Ensino e, principalmente, na Pesquisa.
Desse modo, o projeto visa levar aos acadêmicos do curso de Letras uma maior integração entre as
disciplinas relacionadas aos estudos Linguísticos e Literários, com ênfase para o ensino de línguas
estrangeiras e materna, e da elaboração e utilização de técnicas de ensino e aplicações de teorias
aos temas pertinentes e atuais para a formação de um profissional que exerça integralmente
seu papel social.Podendo resultar estas atividades em trabalhos de pesquisa e extensão sobre os
resultados obtidos. A LAELL visa cumprir objetivos de ensino, pesquisa e extensão, juntamente
com os acadêmicos do curso de Letras, de forma integrada e visando a participação discente
na construção desses três pilares que compõe a função social da academia. Posto isso, as
ações concretizam-se por meio de metodologias de ensino-aprendizagem problematizadoras e
produtoras de conhecimentos confrontados com a realidade brasileira e regional, resultando em:
democratização do conhecimento acadêmico; instrumentalização do processo dialético teoria/
prática; promoção da interdisciplinaridade; participação efetiva da comunidade na Universidade;
visão integrada do social; relação transformadora entre Universidade e as demais instâncias
sociais. A LAELL concebe que é possível tomar diferentes caminhos para a realização de uma
investigação, mas admite que não haja pesquisa sem dúvida, sem questionamento. Reconhece
que a pesquisa tem a dúvida como princípio fundamental. É ela que nos impulsiona a refletir, a
levantar questões, a procurar respostas, a imaginar possibilidades, enfim, a estudar e a construir
o conhecimento.
Palavras-chave: Linguística e Literatura;Inter/transdisciplinaridade; UFT
RESUMO: O presente trabalho visa discutir o livro Nove noites, do escritor Bernardo de Carvalho,
a fim de explicar como a narrativa do livro trabalha os conceitos de identidade e memória ao
discutir sobre a vida de Buell Quain na tribo indígena de etnia Krahô e depois sobre seu suicídio.
O objetivo do enredo é explicar como se deu o choque de cultura entre dois povos totalmente
diferentes. Deste modo, objetiva-se apresentar este víeis histórico e literário por investigar vários
desdobramentos e diálogos entre memória e identidade com o objetivo de discutir as significações
de pontos de vistas presentes em cada cultura. Assim, pretende-se discutir sobre a narrativa da
obra Nove noites, de Bernardo de Carvalho; discorrer sobre a questão da memória na obra
Nove Noites, e debater a obra como fenômeno literário por debater questões de identidade e
diversidade cultural presente na narrativa da obra. Por meio deste projeto, pretende-se utilizar
teóricos importantes como base para fundamentar o presente trabalho deforma mais concisa,
como os autores já citados ao longo deste texto – como Maurice Halbwachs, Antônio Cândido,
Henrique Borralho, Beatriz Sarlo -, além de outros, como Paulo Ricoeur – que discutiu sobre
memória em seu livro A memória, a história, o esquecimento –. Walter Benjamin que, em seu livro
Magia e técnica, arte e política – falou sobre a representatividade técnica da obra literária; Stuart
Hall que, em seu livro A identidade cultura na pós-modernidade, nos ajuda a compreender sobre
a construção do conceito de cultura ao longo do tempo até o período da modernidade com o
objetivo de discutir sobre o comportamento do sujeito em seu grupo. Portanto, a bibliografia
contribuiu para se discutir a questão identidade e memória na narrativa do livro Nove noites, de
Bernardo de Carvalho, que apresenta constantemente a questão da alteridade entre sujeitos de
culturas totalmente diferentes.
Palavras-chave: Bernardo de carvalho. Identidade. Memória. Brasileira; Literatura; Identidade.
RESUMO: Nosso cabelo é parte da nossa identidade. Existem diferentes tipos de cabelo e eles
podem representar para cada um de nós, confiança, beleza, estilo e liberdade. Americanah
(2013) de Chimamanda Ngozi Adichie, conta a história de dois jovens, Ifemelu e Obinze, que se
conhecem ainda adolescentes na Nigéria. Eles se amam, mas Ifemelu muda-se para a América e
Obinze vai para a Inglaterra. Eles ficam separados pela distância e tempo. Enquanto isso passam
a lidar com problemas de raça pela primeira vez e tentam encontrar suas identidades. Este livro
envolve diferentes questões relacionadas à raça, xenofobia, etnocentrismo, cultura, preconceitos
entre outros. Um dos principais temas relacionados à raça em Americanah é o racismo e o cabelo
é usado como metáfora para representar a raça na maior parte do tempo na sociedade. Este
trabalho analisa a representação do cabelo não apenas como um atributo físico, mas como
um criador de identidade e um ativador de diferentes tipos de status na sociedade Americana,
Nigeriana e Britânica. De acordo com Bhabha (2013) a identidade do sujeito conecta-se ao
cabelo, assim como raça, gênero e cultura. Tudo passa pelo cabelo. Portanto afirmamos que
existe um padrão de beleza na sociedade divide mulheres por conta dos cabelos. Essa pesquisa
é bibliográfica baseada em livros como O local da cultura, de Bhabha e Estrangeiros para nós
mesmos, de Kristeva.
Palavras-chave: Cabelo; Identidade; Racismo; Cultura; Americanah.
RESUMO: O presente artigo tem como locus de estudo a obra Os Tambores de São Luís, do escritor
maranhense Josué Montello. A taxinomia da pesquisa consiste em descritiva, porque visa descrever
o contexto ao qual acontece a história e explicativa por buscar explicar a ideologia do personagem
estudado. Considerando que em alguns aspectos a literatura reconstrói a história, o espaço e o
próprio contexto histórico por sua verossimilhança é que Os Tambores de São Luís representa
uma riqueza inestimável para a cultura do estado e do país, uma vez que o eixo temático atinge
patamares nacionais e internacionais, por conter em sua raiz temática a abordagem do racismo,
miscigenação e construção da identidade do Brasil. A obra Os Tambores de São Luís conta a
saga do negro e faz uma retomada dessa caminhada em uma narrativa considerada memorial,
ou seja, contada a partir de lembranças, tanto do personagem narrador, com flashbacks, quanto
do próprio autor, a obra aborda a luta do negro contra a escravidão, o racismo e a discriminação
no século XIX, dentro do contexto de escravidão e Lei Áurea, no entanto mais especificamente
dentro do contexto social maranhense. No romance, há duas ideologias para combater e lutar
contra essas problemáticas. Damião, personagem principal, busca a igualdade de forma que
os negros sejam vistos também como parte integrante da construção social, ver na liberdade,
alforriação, a única saída para acabar com o sofrimento dos negros, já o personagem Barão vê
na miscigenação a forma menos conturbada para tal objetivo. Este trabalho consiste em analisar
a ideologia da miscigenação do personagem Barão, como forma de luta a partir da percepção de
construção de identidade nacional, desigualdade social, discriminação e racismo, para tanto, são
analisadas diversas outras pesquisas dentro da temática. Observando tal ideologia, faz-se uma
reflexão a respeito da constituição identitária da sociedade brasileira e a importância do negro
nesse processo.
Palavras-chave: Miscigenação; Os Tambores de São Luís; Século XIX.
RESUMO: Estudos que robustecem o elo entre a Literatura e outras áreas do conhecimento
sobejam-se à medida em que a interdisciplinaridade vem sendo estimada. O presente estudo,
reforça tal delineamento ao dispor-se a enveredar por uma abordagem entre a Literatura, o Direito
e a Geografia. Desta feita, procede-se a uma análise da paisagem urbana da São Luís de meados
do século XX, especificamente do bairro Anil, e das condições sociais que permeiam o romance
maranhense Janelas Fechadas, do autor Josué Montello. A obra tece uma refinada teia de relações
que revelam, a fundo, idiossincrasias de seus personagens, num espelho da sociedade maranhense
de então, em seus vieses humano, social e político, já repleta de vulnerabilidades socioeconômicas
e de desamparo frente à desassistência de Direitos Humanos básicos e aos conflitos impostos
pela vida daqueles que não podiam, por exemplo, acessar serviços de saúde, como o caso da
personagem Maria das Virgens. Mulher, Negra, pobre, vendedora de mingau e lavadeira, relata a
morte de sua família, à mingua de cuidados afetos à dignidade da pessoa humana, e que, junto
aos outros personagens, situa o leitor, na tessitura daquela paisagem. A investigação dá-se de
forma qualitativa, uma vez que seu cerne encontra-se na subjetividade do objeto analisado. Como
resultado, espera-se que as inferências corolárias da interseção entre as áreas supracitadas revelem
sua inovação e importância no pensar interdisciplinar. Durante o estudo, serão trazidos à baila
conhecimentos atinentes à Geografia Humanística, paisagem urbana, romance maranhense do
século XX, vulnerabilidade social e dignidade da pessoa humana.
Palavras – Chave: Paisagem; Literatura; Direitos Humanos; Janelas Fechadas.
RESUMO: Josué Montello (1917 – 2006), autor maranhense de intensa produção literária,
imortalizou-se sobremaneira por sua vasta e rica obra, ao longo de sua extensa carreira como
ensaísta, teatrólogo, jornalista, escritor e professor. Dentre os diversos romances que escreveu, Os
Degraus do Paraíso (1965) é tido como um dos mais expressivos, uma vez que encerra em seu bojo
uma discussão profícua a respeito da religião, do exercício da fé cristã e da tolerância religiosa –
ou ainda, da sua ausência – numa narrativa de cunho extremamente psicológico e social, em que
cada tomada de decisão, cada atitude executada implica diretamente consequências definitivas
aos personagens. A discussão presente no enredo, que remonta ao início do período moderno da
história humana, e aos desdobramentos advindos da Reforma Protestante (1517), traz à lume um
embate entre duas correntes religiosas cristãs no Maranhão: o catolicismo – de profundas raízes
na sociedade maranhense, consolidadas ainda no período colonial – e o protestantismo – corrente
cristã estabelecida no país a partir do final do século XIX, divulgada e professada por missionários
europeus. A discussão em torno da fé e da identidade religiosa promovida pela obra nos revela
um solo fértil, em que germinam disputas ideológicas em torno da “validade” ou da “veracidade”
das formas de culto cristãs praticadas pelos personagens de Montello, que se identificam com
determinada corrente religiosa, necessariamente, opondo-se às demais. Nesse sentido, objetivamos
analisar, nos escritos de Os Degraus do Paraíso, como se manifestam as identidades católica e
protestante; além do consequente embate entre elas advindo das diferenças identitárias de cada
forma de culto. Assim, dividimos nosso estudo, primeiramente, na compreensão do fenômeno
identitário em Silva (2012) e Bauman (2005), para posterior aplicação dos conceitos observados
no romance objeto de nossa análise. Por fim, destacamos como se manifestam as correntes
religiosas citadas na trama do romance montelliano, ressaltando ainda as diferenças identitárias
presentes nos discursos dos personagens.
Palavras-chave: Identidade; Religião; Romance.
RESUMO: Trata-se de uma análise do conto Unicórnio, de Hilda Hilst a fim de evidenciar como
a metamorfose pela qual a narradora-personagem passa representa uma metáfora quanto à
insuficiência da linguagem. O aporte teórico deu-se por meio dos estudos de George Steiner (1988)
sobre a ambiguidade entre o humano e o sagrado, a crise da linguagem e a transgressão pela
palavra; as contribuições teóricas de Echavarría Ferrari (1982) fundamentaram as análises sobre a
insuficiência da linguagem na literatura; bem como os estudos de Octavio Paz (2012) referentes ao
caráter emancipatório da linguagem. Realizou-se também o cotejamento dos estudos de Todorov
(2004) sobre literatura fantástica e Silva (1985) sobre metamorfose na literatura. A metodologia
obedeceu ao método qualitativo, de cunho bibliográfico exploratório. Em decorrência das
variações que o tema da metamorfose sofreu ao longo da história, nada mais natural que em
uma época onde os limites da razão e das certezas são postas em cheque, sobretudo pós Segunda
Guerra, que inaugura um momento de extrema complexidade do homem, a metamorfose surja na
literatura como metáfora para problematizar a linguagem, instrumento máximo de comunicação
humana. O processo de problematização da linguagem é tema recorrente na obra de Hilda Hilst,
nesse trabalho destaca-se o conto O unicórnio, do livro Fluxo-Floema (1970), onde a personagem
narradora vê-se convertida em um unicórnio e, por consequência, tolhido do poder da fala, em
um momento tão absurdo quanto essa transmutação, já não é possível comunicar-se com o outro,
assim, ocorre uma progressiva degradação do homem em função da conversão em animal mítico.
A figura do unicórnio representa justamente a impossibilidade de integrar-se, pois a metamorfose
afasta. Em um primeiro momento simboliza a expectativa de contato, mas é falha porque a
personagem é recolhida do convívio social e completamente negligenciada. Diante disso, conclui-
se que o conto apresenta uma reorganização quanto ao tema da metamorfose e o utiliza como
metáfora sobre a crise da linguagem e a impossibilidade de comunicar-se plenamente através
desta.
Palavras-chave: Hilda Hilst. Metamorfose. Linguagem.
RESUMO: Em pleno século XXI, a palavra igualdade inseriu-se nas rodas de conversas, nas redes
sociais, canais da internet, reuniões familiares e pautas políticas. Essas discussões trouxeram à
tona a desigualdade que sempre esteve camuflada nos meios, porque muito se tem falado mais
pouco se tem feito. Mas como trabalhar essa igualdade e os valores oriundos dela no meio escolar?
Como a educação pode servir como um instrumento de inclusão social? Vejamos, vivemos numa
sociedade heteronormativa, tendo o homem como sujeito universal, na qual a mulher só ganhou
voz há algumas décadas e mesmo com todas as suas lutas e movimentos ainda é vista como
inferior em diversas áreas do conhecimento (literatura, política, ciência). A diferença referente à
questão de gênero é encontrada em diversos espaços, inclusive, no âmbito escolar, produzindo a
alteridade de ensinamentos para os meninos e as meninas. Começa-se pela cor das roupas, que
são separadas em azul para meninos e rosa para meninas, depois vêm os brinquedos, bonecas
para meninas e super-heróis para os meninos. Mas até que ponto isso vai permanecer? E quando
chega-se a sala de aula? Como desconstruir algo que já está enraizado? A educação não é apenas
o letramento, é o ensinamento das culturas em seus amplos aspectos, e o que fazer quando o
professor se depara com situações de discriminação de gênero em sala de aula? A sociedade é
multicultural, cabendo ao professor/a problematizar as dicotomias que produzem a desigualdade,
a partir disso, construir espaços de inclusão e de produção de igualdade social entre os sujeitos
em situação de aprendizagem. Partindo das inquietações teóricas proposta pelos Estudos
Culturais, utilizo os seguintes autores: Judith Butler, Guacira Lopes Louro, Alexandre Bortolini,
Ngozi Adichie, Tânia Suely Antonelli Marcelino Brabo, Marcia Tiburi ,Cláudia Pereira Vianna e
Sandra Unbehaum para pensar a atual realidade do ensino e do processo de aprendizagem no
que se refere às múltiplas identidades sociais do sujeito contemporâneo. Assim, neste trabalho
visa-se a análise de como é possível descontruir os preconceitos e estereótipos já cristalizados e
perceber como a ação do professor pode ser um mediador na promoção de um ensino pluralizado
e multicultural, fazendo assim com que a igualdade ensinada em sala de aula ultrapasse os muros
das instituições de ensino.
Palavras-chave: Educação; Igualdade; Desconstrução.
RESUMO: Cecilia que amava Fernando, de (Caio Riter 2016), narra a história do amor intenso
que une Cecília e Bernardo, avó e neto, unidos pelos versos de Fernando Pessoa. Narrado pelo
adolescente numa linguagem coloquial, o jovem abre seu coração ao lidar com as questões que o
afligem (desencontros familiares, deveres da escola, experiências amorosas, amizades e conflitos,
insegurança nas escolhas), ao lado de uma experiência extrema, a de acompanhar a avó em seus
últimos dias. O texto conquista leitores de todas as idades. Os dilemas vividos pelas personagens
que sustentam a história e as emoções que suscitam evidenciam o valor maior da literatura
que é ir no mais profundo do ser humano, reinventando a vida naquilo que ela tem de melhor.
A adolescência é um momento de mudanças quer sejam físicas ou emocionais que importam na
construção e formação da personalidade, bem como de seus valores morais, constituindo um
fenômeno social que se constrói através das reflexões e percepções simultâneas, fazendo com que
o indivíduo julgue a si próprio a partir do julgamento do outro (Erikson 1976)). O tema da leitura
e do leitor vem ganhando espaço no campo dos estudos literários e grande parte da formação
literária dos adolescentes de nossa sociedade, produz-se atualmente através da leitura de textos
de ficção criados como um produto editorial especifico. (Colomer, Teresa). A Literatura enquanto
veículo de comunicação assume variadas funções: distrair, informar, instruir dentre outras, além
de contribuir para a edificação da identidade e na percepção de mundo do leitor. Pensando nesse
contexto, é que se pretende analisar a importância da literatura juvenil para o desenvolvimento
e formação identitária do sujeito leitor. Para tanto com o objetivo de realizar esta análise, nos
apoiamos nas ideias de autores como (Eco, 2003), (Candido, 1988 ), (Erikson, E. H.1976), (
Colomer, 2003 ).
Palavras – chave: Literatura juvenil; Identidade; Leitor.
RESUMO: O ano é 1825, século XIX, o contexto social não era favorável à inserção feminina no
cenário literário, o patriarcalismo e o conservadorismo exacerbado exalam por todos os lados
e a estratificação social impede determinados tipos de relações. É nesse meio que surge Maria
Firmina dos Reis. Filha de uma branca, descendente de portugueses, remediada economicamente,
desejada por parte da corte, e de João Esteves, negro e de poucas posses. Ela foi uma personalidade
literária que – por conta principalmente de sua descendência e condição social – teve sua produção
hostilizada mesmo anos após seu falecimento. Mesmo assim, conseguiu quebrar inúmeros
paradigmas e ser uma personalidade notável para sua época. Desde muito jovem dedicou-se às
artes literárias. Buscava representar, por meio do que escrevia, a força do negro e da mulher e sua
importância, transformando-os em sujeitos de sua história e não objetos ocasionais da mesma.
Além disso, segundo Mendes (2012), com a concepção renovada da historiografia, permitida pela
Escola dos Analles – que pretendia ampliar o leque de fontes e observar a presença de pessoas
comuns na formação da História –, as mulheres passaram a ser entendidas, sobretudo, como
agentes históricos, ou seja, tornou-se possível escrever uma história que incluísse a mulher como
realizadora de parte dos feitos, não observando só os grandes feitos. Assim, pode-se inferir que
a trajetória para que Maria Firmina dos Reis fosse socialmente aceita como cânone foi bastante
conturbada, logo, para que de fato houvesse uma representação de uma mulher real como Firmina
na área das Letras, teriam que passar por cima de vários anos de exclusão. Também é possível
depreender que Maria nasce duas vezes, uma, em 1825 e outra, um século e meio depois, quando
FILHO (1975) resgata do limbo literário a figura da poetisa. Ademais, segundo KOTHE (2001),
os motivos para que uma obra seja eleita cânone em detrimento de outra, tão ou até mais fortes
que, são políticos. Por motivos politiqueiros e vanguardistas, obras espirituosas são deixadas à
margem. No caso de Úrsula, principal romance de Firmina, muitos são os motivos: mulher e
mulata como autora numa sociedade escravocrata e patriarcal era inadmissível. Desta forma, este
trabalho desenvolveu-se a partir da metodologia qualitativa de referencial bibliográfico, partindo
de pesquisas realizadas por ADLER e VAZ (2015) e nas palavras de Maria Firmina dos Reis, a fim
de denotar o poder transformador que poderá ter a literatura firminiana se estudada e difundida.
Palavras-chave: Literatura Feminina; Maranhense; Maria Firmina dos Reis.
RESUMO: Quando foi publicado pela primeira vez, em 1947, “É isto um homem” não foi aclamado
pela crítica – como eventualmente seria anos depois: Levi escreveu o livro em pouquíssimo tempo,
tendo publicado menos de três anos após a sua volta para Turim, onde havia nascido e morava
antes de ser deportado. A Itália ainda não estava pronta para ouvir sobre as atrocidades da
guerra, sobre aquele mundo distante que muitos haviam fechado os olhos para não ver, o que fez
com que o livro fosse rejeitado por editoras. Essa rejeição foi uma das razões de Levi ter adiado
a publicação da continuação de “É isto um homem” – “A trégua”, lançado apenas na década de
1960 (THOMSON, 2003). Em “É isto um homem”, o leitor é apresentado ao lager de Monowitz
– um dos campos que faziam parte do complexo de Auschwitz – e onde a narrativa acontece: a
experiência de Levi é transferida para o leitor, “rompendo os muros do lager” (SELLINGMAN-
SILVA, 2008). Numa sociedade que consome narrativas do Holocausto – preferencialmente as
narrativas ficcionais, distanciadas de uma tempo que pode muito bem acontecer novamente –
Levi nos apresenta um campo “cru”, frio, seco de fé. Outro aspecto do lager que é apresentado
por Primo é a mistura de nacionalidades e grupos étnicos dentro de Monowitz, o que transformam
o campo numa espécie de Torre de Babel – todos são conectados entre si pela experiência de
lager, mas suas vidas externas os diferem, suas profissões, idades, relações sociais. Elias, Henri,
Charles, Arthur, Alberto, Pikolo, Resnyk. Poloneses, italianos, franceses, húngaros, gregos. O
objetivo desse trabalho é fazer uso dessas descrições feitas por Levi para analisar quem eram esses
homens no lager, como – nesse depósito de seres humanos – as relações sociais e identitárias se
desenvolviam, como acontecia a comunicação, como as relações de poder são apresentadas na
narrativa. Para isso, além da leitura crítica da obra, serão usadas biografias sobre Primo, além de
outros textos do autor onde esses personagens voltam a aparecer e fortuna crítica sobre a obra.
Palavras-chave: Primo Levi, Holocausto, Identidades
RESUMO: Este trabalho, resultado da pesquisa de estágio pós-doutoral realizada no ano de 2016
junto a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (RS) e publicado na integra em 2017 na revista
Qualis A1 Pandaemonium Germanicum (USP), analisa o papel da língua alemã no processo de
construção da identidade étnica teuto-brasileira na cidade de Pomerode (SC) entre a década de
1980 e os dias atuais através de histórias de vida, isto é, de relatos que os teuto-brasileiros fizeram
de sua vida pessoal e socio-cultural. Foram coletadas informações e impressões acerca de idéias,
sentimentos, expectativas, fantasias, frustrações, conflitos, crenças, atitudes, comportamentos,
opiniões, interesses, valores, enfim de experiências, “[...] considerando a produção de sentidos
enquanto parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos, seja enquanto membros de uma
determinada forma de sociedade.” (ORLANDI, 1999, p.16). Para essa compreensão investiga-se
assim os sentidos atribuídos pelos depoentes à lingua no que diz respeito ao seu aspecto objetivo
e subjetivo. A pesquisa encontra-se apoiada na teoria da etnicidade relacional e em estudos sobre
identidade étnico-cultural a partir de autores como Barth (1969 apud POUTIGNAT; STREIFF-
FENART, 1998), Oliveira (1976), Conzen (1992) e Hall (1999) e na metodologia de História Oral.
Os sujeitos entrevistados demonstram identificações na igualdade e na diferença, isto é, a língua
alemã em Pomerode é, de um lado, vivenciada individualmente e, de outro lado, compartilhada
no coletivo étnico e está relacionada à produção de sentidos que cada depoente vivenciou na
família e na comunidade étnica-cultural, o que caracteriza permanência e transformação do papel
da língua alemã e uma negociação de sentidos individuais e coletivos. A redefinição do papel
da língua alemã em Pomerode está associada, por um lado, ao próprio grupo étnico, ou seja, a
autocompreensão de sua identidade étnica e, por outro lado, à mercantilização da identidade, ou
seja, à instrumentalização da língua.
Palavras-chave: Língua alemã; Identidade étnica; História Oral.
RESUMO: A década de 30 foi marcada por uma série de romances cuja temática dominante
foi a análise da sociedade brasileira (inserção do homem na terra, dominação dos excluídos,
decadência social, etc.). O Nordeste despontou como um celeiro de autores dentro dessa ordem;
basta citar os nomes de Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Raquel de Queirós, Jorge Amado,
entre outros. No Maranhão, o período que vai de 1930 a 1940, foi marcado por uma tentativa de
se repensar a renovação da literatura, sobretudo na poesia, ainda marcada pelo soneto parnasiano
ou simbolista. As ideias de 1922 não haviam aportado nos salões nem nos jornais maranhenses.
O que os poetas liam eram autores como Gonçalves Dias, Raimundo Correia, Olavo Bilac –
no plano nacional – e Camões, Antero de Quental – no plano lusitano. Poetas, como Manuel
Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro só foram
lidos em São Luís, na década de 40, através de Bandeira Tribuzi. Da mesma forma, o romance
regionalista ainda era uma incógnita entre os maranhenses até o início de 1940. Só em 1943, com
Godofredo Viana (1878-1944), tem-se a primeira narrativa com os mesmos ideais de 30. Trata-se
da obra Por onde Deus não Andou – publicado apenas dois anos após a morte do autor: 1946.
No romance, há uma dicotomia entre o atraso e progresso, o marasmo e a evolução cultural, a
agricultura de subsistência e a industrialização, trabalho e capital, miséria e riqueza. O produto
que simboliza tudo isso é o coco babaçu, comparado ao café de São Paulo. A narrativa segue
em torno da transformação social da cultura maranhense através da exploração do coco, isto é,
industrializando a extração do produto. A presente comunicação tem como objetivo analisar as
relações de poder presentes no romance, isto é, como a indústria e a agricultura de subsistência
convivem numa das áreas mais atrasadas do país na primeira metade do século XX: o Maranhão.
Para entender essas relações, buscaremos os aportes teóricos de Georg Lukács (A Teoria do
Romance) e Antonio Candido (Literatura e Sociedade). A comunicação será dividida em dois
blocos. Na primeira parte, exploraremos o arcabouço teórico dos autores citados. Na segunda
parte, tentaremos entender as relações de poder estabelecidas no romance de Godofredo Viana.
Palavras-Chave: Literatura; Relações de Poder; Por onde Deus não Andou
RESUMO: O objetivo desse trabalho é estabelecer uma comparação entre um dos contos mais
aclamados da obra completa de Machado de Assis, Teoria doMedalhão (publicado em1881), com
o tratado de Maquiavel, O Príncipe (publicado em 1532). E a partir dessa comparação identificar
o discurso defendido nas tuas obras. A assimilação entre o tratado de Maquiavel e o conto de
Machado se dá pelo conteúdo apresentado nos dois, pois, nas duas prosas ocorre uma imersão
em uma sociedade em que o supérfluo é necessário, e que o aparente é essencial. Alcides Villaça
(2008) confirma a semelhança ao reconhecer que: “os séculos que correram entre os principados
italianos e a monarquia brasileira não alteraram em substância os procedimentos do poder, que
unem Maquiavel a figura do pai que tem demasiado anseio em realizar-se através da vida do
seu filho, e a conduta recomendada por este à indicada a Lorenzo de Médici”. A partir dessa
afirmação, realizamos uma pesquisa bibliográfica por meio de uma análise social e discursiva
fundamentada por Antônio Cândido no conto de Machado e por Giovanni Reale no tratado de
Maquiavel. Consideramos os personagens inseridos, a ideia de moral presente e as partes mais
relevantes à sociedade vigente na época em que cada obra foi escrita, o discurso estabelecido,
enfatizando suas diferenças e suas semelhanças. Os resultados preliminares apontaram o porquê
e de que forma ambos os textos, de maneira explícita, revelam a maneira de se atingir certa forma
de projeção social, e que as recomendações colocadas em O príncipe por Maquiavel possuem o
mesmo discurso nas demandas aconselhadas pelo pai de Janjão no conto Teoria do Medalhão.
Confirmando que as duas obras se encaminham para uma mesmo visão pragmática de como o ser
humano pode, deve, e de fato, é manipulado pelo poder e apresentando uma mesma mensagem,
que se perpassa mesmo em séculos diferentes.
Palavras-chave: Teoria do Medalhão; O Príncipe; Leitura comparada.
RESUMO: O Sign Writing é um sistema de escrita da língua de sinais que se apresenta como uma
importante ferramenta para o processo de comunicação e para o registro de qualquer língua
gesto/visual, como é o caso da Língua Brasileira de Sinais, a segunda língua oficial da República
Federativa do Brasil. Criado em 1974, pela americana Valerie Sutton, e iniciado em terras brasileiras,
em 1996, o uso desse sistema está cada vez mais em voga quando o objetivo é unir tecnologia
digital, comunicação e escrita de sinais. Desse modo, aliando a eficácia desse sistema com o que
as tecnologias digitais fornecem a população, a saber, os sites, o projeto Os Sinais Maranhenses
da Língua de Sinais Brasileira: Contribuição para seu Uso e Difusão em Ambientes Digitais, da
Universidade Federal do Maranhão está desenvolvendo o site maranhaoemsinais, o qual pode
ser descrito como um banco de sinais que contempla os sinais de Libras maranhenses, validados
pelas comunidades surdas que visa facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes. O referido site
utiliza o Sign Writing como forma de descrever os sinais coletados, distribuídos pelas categorias
bairros da grande São Luís, municípios, pontos turísticos, gírias maranhenses e entre outras. Assim,
este trabalho traz para a discussão a importância da escrita de sinais como uma possibilidade
de representação dos sinais da Libras. Haja vista que, pesquisas surgem e corroboram para que
esse sistema, aliada a capacidade interpretativa do surdo possam auxiliá-lo na comunicação e
maior representação dos sinais. Pesquisas como as de Stumpf (2005), Dallan (2010) e Barros
(2016) reforçam a importância do uso do Sign Writing como forma de representação da Libras.
As línguas de sinais são multidimensionais e a representação escrita delas pode favorecer seu uso
e difusão, por isso, optamos por registrar os sinais de Libras do site maranhaoemsinais em vídeos
e em Sign Writing por considerarmos relevante para documentação dos mesmos.
Palavra-chave: Sistema Sign Writing; Site maranhaoemsinais; Libras.
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo discutir sobre o campo da Tradução entre a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) /Língua Portuguesa a partir dos estudos que vêm sendo feitos nesta
área. Com base em autores da área, como Arrojo (1986), Vasconcellos e Junior (2009), Oustinoff
(2011), entre outros, apresentar-se-á um breve resumo do contexto histórico da Tradução. Tal
resgate apresenta-se como uma parte interessante do campo em questão, por permitir que se
entenda as concepções atuais de tradução. Em seguida, comentar-se-á o desenvolvimento dessa
tarefa no que tange às línguas de sinais e línguas orais e, finalmente, as pesquisas realizadas no
interlugar LIBRAS/Língua Portuguesa. Sabe-se que, nos últimos anos, a demanda da tradução tem
aumentado em todo o mundo; com relação às línguas de sinais, essa necessidade é tão grande
quanto os anseios por profissionais que realizem as tarefas necessárias. Portanto, este artigo
propõe um estudo quantitativo e qualitativo de algumas pesquisas realizadas na Universidade de
Brasília (UnB), constatando a expressividade de tais estudos para o âmbito acadêmico/científico.
Fizemos uma breve seleção das produções que coadunassem com a proposta deste estudo e, ao lê-
las, destacamos sua importância para os Estudos da Tradução e quais as contribuições oferecidas
a esse âmbito. Antes de tudo, deve-se entender que os Estudos da Tradução não se encerram em
si mesmos, mas compartilham de outros saberes com disciplinas de igual importância, como a
Linguística e a Filosofia. Isso é essencial para que se compreenda a atividade de tradução: não
há um conhecimento puro e estagnado sobre aquilo se vai traduzir, mas sim uma mescla de
saberes e de experiências prévias que permitem o contato entre as línguas e, consequentemente,
a execução da tarefa tradutória. Como os estudos da UnB enxergam a tradução da LIBRAS e da
Língua Portuguesa? Existem peculiaridades que diferenciam estas traduções dos traslados que
ocorrem entre línguas orais? Se sim, quais são elas? Essas são algumas questões que norteiam a
investigação proposta neste artigo.
Palavras-chave: Tradução; Libras; Língua portuguesa.
RESUMO: Diversas pesquisas têm apontado a variação entre o modo indicativo e o modo
subjuntivo. Nesse trabalho, sob a ótica da Sociolinguística Variacionista, objetiva-se (1) descrever
as ocorrências do fenômeno linguístico da flutuação no presente do indicativo e no presente do
subjuntivo onde o lócus de pesquisa será no facebook; (2) apresentar resultados que forneçam
respostas sobre o comportamento da flutuação no presente do indicativo e no presente do
subjuntivo (3) analisar a influência dos motivos ou razões que possam estar relacionados ao
fenômeno flutuação. Vinculado à linha de pesquisa em Tecnologia e Ensino o trabalho tem como
principais autores que darão suporte teórico: Martelotta (2011); Pimpão (1999 e 2012); Perini
(2009; 2010). Muito nos chama atenção o posicionamento de Perini (2010), ao afirmar que esse
fenômeno afeta apenas o presente do subjuntivo. Entretanto, como ele mesmo ressalva, suas
observações são sumárias e o mapeamento desses fenômenos ainda está por ser feito. O suporte
da fenomenologia dará a base teórico-metodológica para desenvolver o estudo, buscando uma
descrição da língua que se assemelhe cada vez mais ao processamento linguístico do indivíduo
por meio de seus aspectos funcionais. Este trabalho está inserido em uma corrente funcionalista
da língua. Partindo do princípio de que um modelo adequado de gramática requer tanto a
aplicação de uma organização em camadas quanto o reconhecimento de vários níveis de análise,
Hengeveld (2004) defende que há diversas razões para que a Gramática Funcional se expanda
da gramática da sentença para a gramática do discurso. Alguns linguístas percebem a perda de
valores associados à flexão do modo subjuntivo e a possibilidade de extensão desses valores para
outras estratégias linguísticas, com a consequente expansão de contextos de emprego do modo
indicativo. Os resultados decorrentes da análise da flutuação contribuirão para entendermos,
segundo a nossa perspectiva, um caso de variação.
Palavras-chave: Flutuação, Indicativo, Subjuntivo.
RESUMO: O artigo tem por objetivo realizar uma reflexão sobre a prática de leitura do texto
midiático, especificamente o texto fílmico, que envolve o uso da inteligência coletiva na produção de
sentido do texto em questão, além da construção de uma rede de conhecimentos interdisciplinares,
para a formação de um leitor ativo na educação básica. Uma necessidade recorrente nesse
cenário social, palco de profundas transformações tecnológicas no âmbito da comunicação e da
informação, que requer da escola propostas metodológicas articuladas entre o saber e o fazer. O
trabalho com a inteligência coletiva nas práticas de leitura, permite o pensar em conjunto, além
de fornecer aos estudantes os instrumentos necessários, para que eles consigam buscar, analisar,
compreender e organizar as informações complexas do mundo contemporâneo veiculadas em
textos de múltiplas linguagens que são divulgados nas mídias analógicas e digitais. Neste contexto,
é preciso que a escola abra as portas para esse mundo de textos audiovisuais e de ferramentas
tecnológicas que aproximam as ideias, conectam as pessoas e podem contribuir na formação de
leitores críticos para a modernidade. Este estudo tem base na abordagem teórica sobre as mídias
analógicas e digitais (COSTA, 2005); o desenvolvimento da inteligência coletiva (LÉVY, 2010); a
leitura funcional (LIBERATO; FUGÊNCIO, 2007); o valor social da leitura (KLEIMAN; MORAES,
2006); o texto fílmico (XAVIER, 2009); entre outros. O trabalho é de cunho bibliográfico e resulta
em um quadro descritivo sobre uma proposta interdisciplinar, para trabalhar a leitura do texto
audiovisual e a produção de sentido na perspectiva funcional. Considero que a leitura do texto
audiovisual pode funcionar como uma atividade-elo entre as disciplinas curriculares, também
pode contribuir para o uso das midas visando um ensino interativo na formação do leitor e da
inteligência coletiva na sala de aula. Esse trabalho é mais uma contribuição para os estudos e
discussões sobre as teorias do texto, as práticas de leitura, o uso das mídias na sala de aula e o
ensino de Língua Portuguesa nos dias atuais.
Palavras-Chave: Leitura Funcional; Filme; Ensino.
RESUMO: É muito comum que, em diversas práticas comunicativas, façamos a relação de dois
textos ou mais. Dependendo de nossos objetivos podemos explicitar ou deixar mais implícito esse
diálogo. Essa inserção de um texto em outro é comumente denominada de Intertextualidade,
fenômeno nomeado, assim, por Julia Kristeva em 1974, que tem a capacidade de se manifestar de
diferentes formas num texto, e que hoje constitui um dos grandes temas de estudo da Linguística
Textual que incorporou o postulado dialógico de Bakhtin de que um texto não existe nem pode ser
avaliado e compreendido isoladamente, pois está sempre em diálogo com outros textos, portanto,
esse fenômeno é um dos recursos linguísticos mais significativos na organização e produção de
textos e, em especial, é ainda uma estratégia pela qual se pode dar um novo significado a um
texto com o intuito de lhe atribuir um novo sentido. Para nossos estudos, direcionaremos nossas
análises para dentro do sentido restrito da Intertextualidade. Além disso, tendo em vista que o
que escrevemos é sempre para o outro, entenderemos a intertextualidade como uma estratégia
argumentativa, logo, demonstraremos essa função enfatizando a pertinência de alguns recursos
intertextuais – CITAÇÃO E ALUSÃO – que foram discutidos por (PIÉGAY-GROS, 1996), ampliados
por (CAVALCANTE, 2013) para fora da esfera literária e, dentro de uma perspectiva textual-
discursiva, analisados por (FORTE, 2013) que se apoia nos estudos de (BEZERMAN, 2006).
Para tanto, vale ressaltar, delimitaremos nossas análises para os argumentos que se caracterizam
como polêmicos, segundo (AMOSSY, 2017), e que se apoiam no assunto tão recorrente que é a
transexualidade. Exploraremos, portanto, a manifestação da intertextualidade e seus efeitos no
sentido do texto dentro da perspectiva de argumento escolhida para esta pesquisa, buscando
demonstrar seu papel como estratégia para a construção do sentido, isto é, a citação e a alusão
serão analisadas para evidenciar a posição do autor diante do argumento de seu adversário.
Palavras-chave: Intertextualidade; Argumento Polêmico; Transexualidade.
RESUMO: Durante muitos anos o estudo da Linguística Textual permaneceu preso aos limites da
sentença. Os estudiosos dedicavam-se apenas ao paradigma gerativo transformacional centrado
à analise transfrástica, posteriormente, os estudos também se voltaram para a semântica das
sentenças, as quais eram consideradas independentes do contexto e do discurso. Porém, na década
de 80, ganha corpo as Teorias do Texto, postuladas por Schmidt, visando um relacionamento
entre a estrutura de um discurso e a interpretação extensional do mundo que é textualizado em
um texto, acarretando assim, elementos contextuais (externo ao texto) e cotextuais (internos ao
texto). O texto e a fala constituem não apenas uma sequência de palavras ou frases aleatórias. A
sucessão de coisas ditas ou escritas forma uma cadeia que vai além da simples sequencialidade,
pois existe um entrelaçamento significativo que aproxima as partes formadoras do texto falado
ou escrito. Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e a retomada garantem
tanto a coesão quanto à coerência, neste caso, são os referentes textuais. Assim, este trabalho
se propõe a examinar as expressões nominais atribuídas aos objetos de discurso em função de
objetivos relacionados à precisão informacional na crônica do “Macaco Simão”, de José Simão.
Considerando a dificuldade de os leitores/ouvintes chegarem à leitura proficiente devido o
desconhecimento das designações atribuídas aos objetos de discurso, a pesquisa sobre referenciação
textual vem sanar, em certa medida, esses entraves. Este estudo se baseia na perspectiva de que
a referenciação é um processo discursivo construído através de atividades cognitivas e interativas
dos sujeitos do discurso. O objetivo deste trabalho de pesquisa consiste em mostrar, no gênero
textual em questão, o teor informacional através da categorização das informações precedentes
por meio de novas predicações dadas a estas informações. A metodologia adotada está baseada
na linha de análise da referenciação quanto ao objeto de discurso. Quanto aos resultados, as
análises apontam a referenciação textual como importante mecanismo para se detectar aspectos
informacionais desconhecidos presentes na crônica de José Simão.
Palavras-chave: Referenciação textual; Objeto de discurso; Crônica do Macaco Simão.
RESUMO: A variação linguística permite que expressemos de formas diferentes a mesma coisa,
quando dois ou mais significantes apresentam o mesmo significado. Os homens vivem em sociedade
e esta não é homogênea, pois possui classes sociais distintas em razão do nível socioeconômico e
cultural de seus integrantes. Essas diferenças refletem na língua. Assim como há diversas classes
sociais, há na língua variações linguísticas. As variações linguísticas ocorrem, basicamente, por
razões geográficas, históricas e socioculturais. Igual acontece com as línguas orais as línguas de
sinais também apresentam mudanças regional, social e histórica, o que possibilita afirmar que o
espaço habitado influência na língua, enquanto atividade social, que ao ser colocada em uso,
sai de um plano abstrato e passa ser de domínio coletivo. Nessa perspectiva, que este estudo
se encaminhou, se ocupando de identificar variações nos sinais coletados no âmbito do Projeto
Os Sinais Maranhenses da Língua de Sinais Brasileira: Contribuição para seu Uso e Difusão em
Ambientes Digitais, da Universidade Federal do Maranhão, na categoria municípios maranhenses.
Para a identificação de traços de variabilidade utilizamos as orientações da abordagem qualitativa
e descritiva, observamos o parâmetro Configuração de Mão-CM, que integra as unidades mínimas
que compõem o sinal, e identificamos 24 sinais com marcas de inicialização em que a configuração
de mão se inicia com a letra da palavra correspondente a língua oral (BARREIRINHAS, BELÁGUA,
BELA VISTA, BEQUIMÃO, BURITICUPU, CAROLINA, CAXIAS, CENTRAL DO MARANHÃO,
CHAPADINHA, COELHO NETO, CURURUPU, DAVINÓPOLIS, DOM PEDRO, ESTREITO,
GRAJAÚ, GUIMARÃES, IGARAPÉ DO MEIO, IMPERATRIZ, ITAPECURU MIRIM, ITINGA, LAGO
DA PEDRA, MIRINZAL, MATINHA e MONÇÃO. Quanto aos municípios que apresentaram dois
ou mais variante/sinais, encontramos inicialmente, 12 (BACABEIRA, BOM JESUS DAS SELVAS,
BURITICUPU, CODÓ, COELHO NETO, CURURUPU, GRAJAÚ, MIRINZAL, SANTA RITA, TIMON,
ROSÁRIO e TURIAÇU. Os sinais que tem configuração de mão em letras são na maioria das
vezes criticados por pesquisadores linguistas surdos, pois a maioria deles acredita que esse fato
ocorra em função da influência do português. Essa ocorrência pode está relacionada com a idade,
nível socioeconômico, cultural e acadêmico dos participantes/informantes desses municípios. A
presença dessas variantes e inicialização demonstra a existência de interação entre pessoas surdas
e ouvintes e a riqueza comunicacional que pode contribuir para manter a comunicação dos surdos
dentro do espaço social.
PALAVRA – CHAVE: Libras. Sinal. Variação Linguística.
RESUMO: O fracasso do ensino de Língua Inglesa (LI), nas escolas públicas, tem sido tão
marcante, que ao longo dos anos fortaleceram-se dúvidas que questionam tanto a utilidade do
ensino dessa língua, quanto a capacidade dos responsáveis por tal ensino. Este trabalho será
resultado de uma pesquisa qualitativa do (GEPELA) Grupo de pesquisa em Linguística Aplicada,
vinculado à Universidade Federal do Maranhão-UFMA, coordenado pela professora Doutora do
departamento de Letras NAIARA SALES e pela professora Mestra MICHELLE BAHURY. Os dados
apresentados, nos resultados, foram gerados a partir de um projeto de letramento, desenvolvido
em uma em uma turma de Ensino Médio de EJA, no segundo semestre de 2018, no município São
José de Ribamar MA. Um dos objetivo da pesquisa é elaborar e testar atividades, que promovam
o letramento em LI dos participantes da pesquisa, levando em consideração o uso da linguagem
mediante os conteúdos dos gêneros discursivos presentes no livro didático de LI, usados por
eles. Utilizaremos como aportes teóricos, alguns acerca da Linguística Aplicada e dos Gêneros
Discursivos, tais como: CELANI, (1992); MARTELOTA, (2008), MENEZES (2009), ROJO, (2009),
FARACO (2009), BAKTHIN (20011), BAZERMAN(2007), VILSON J.LEFFA e VALESCA B.IRALA,
(2012), STREET (1984), MAGALHÃES, (2012), MEURER E MOTA-ROTH (2012). Os resultados
parciais reforçam a relevância social e acadêmica desta pesquisa e mostram que através do gênero
textual, selecionado, e ser possível estabelecer uma relação com as práticas letradas do cotidiano
dos participantes; propiciar o envolvimento deles em diversos eventos de letramento e verificar
que eles, quando necessitaram participar de atividades que exigiam o uso da linguagem escrita,
dentro ou fora da escola conscientemente utilizaram diferentes gêneros discursivos, para agir
socialmente.
PALAVRAS-CHAVE: Eja. Letramento. Gênero discursivo. Língua inglesa
RESUMO: Ao ler Vidas Secas, de Graciliano Ramos, um ludovicense certamente surpreende-se com
o número de itens lexicais e expressões de sua fala corrente atestados num texto que retrata um
cenário que lhe é relativamente distante no tempo e espaço. Dentro dessa conjuntura, o presente
trabalho pretende investigar esta familiaridade lexical ludovicense com a obra em questão. A que
se deve? Seria pelo fato de São Luís e o Sertão Nordestino – cenário de Vidas Secas – serem áreas
dialetais periféricas e, por conseguinte, depositárias de arcaísmos lexicais não mais atestados
em regiões centrais, como propunha Bartoli em sua Introduzione alla neolinguística, ou estas
coincidências se explicariam melhor por fatores sócio-históricos, como migrações do Sertão para
São Luís? Para examinar essas hipóteses, faremos uma pesquisa no corpus do Atlas Linguístico do
Maranhão (ALIMA), tentando identificar no português de São Luís as atestações mais antigas dos
itens lexicais e expressões presentes também em Vidas Secas. Além disso, por meio de questionários
e da observação direta da fala espontânea ludovicense, coletaremos dados que nos permitirão
1) correlacionar as ocorrências dos itens lexicais e expressões em estudo com a idade, a origem
geográfica, o sexo e a escolaridade dos informantes e 2) verificar se esses elementos linguísticos,
que ainda hoje são usados na cidade, possuem o mesmo sentido que o da época de lançamento da
referida obra. Pois, como o ser humano está sempre em evolução com o passar do tempo, a língua
o acompanha tendo o papel de ferramenta dinâmica que também se desenvolve. Os princípios da
teoria da variação e mudança linguísticas, tal como enunciados por Weinreich et alii (2012/1968)
e Labov (2008/1972), dentre outros, nortearão a pesquisa. Assim, pretendemos contribuir para o
estudo histórico do léxico ludovicense, tendo como fator motivador sua comparação com o léxico
de um clássico da literatura brasileira.
Palavras- chave: Sociolinguística; São Luís; Vidas Secas
RESUMO: O presente artigo tem como intuito analisar os fatores de coerência (ou incoerência)
textual contidos em textos poéticos de teor musical. Também objetivamos compreender os fatores
que geram a coerência textual, a partir da leitura e análise dos textos, amparando-se nas quatro
metarregras de coerência propostas por (CHAROLLES, 1978), a saber: metarregra de retomada;
metarregra de progressão; metarregra de não-contradição; e metarregra de relação com o
mundo. O problema de pesquisa é norteado pela ideia de desvendar, dentro da musicalidade,
se há coerência ou incoerência e, também, correlacionar as metarregras às manifestações de
textualidade presentes nas músicas. Dessa forma, observamos e analisamos os aspectos textuais
e musicais na tentativa de compreender os sentidos produzidos a partir da relação intrínseca
entre texto e melodia. No que concerne ao escopo teórico, essa pesquisa tem como eixo condutor
os postulados da Linguística Textual, pautando-se sobretudo nos ensinamentos pertinentes de
(ANTUNES, 2005; 2017), (FÁVERO, 1998), (KOCH, 1998; 2000; 2004), (KOCH & ELIAS, 2006),
(KOCH & TRAVAGLIA, 1997; 2004) e (MARCUSCHI, 1983). Como aparato metodológico, trata-
se de um estudo de cunho interpretativo, sendo conduzido pela leitura e revisão bibliográfica,
além da análise do conteúdo das músicas. O corpus foi delineado pela escolha das seguintes
músicas: “Tô”, de Tom Zé, composta em 1976 e “Foi no mês que vem”, de Vitor Ramil, do ano de
2013. Essa pesquisa possui a relevância de fazer o diálogo necessário entre Linguística Textual e
musicalidade, podendo abrir caminhos possíveis no que concerne à leitura e escrita dos alunos. A
partir da análise da tessitura do conteúdo das músicas, os resultados mostram que, por meio da
flexibilidade e plasticidade inerente ao texto poético, esse tipo de manifestação textual atrelada
à musicalidade pode transcender ao sentido denotativo das palavras, tecendo novos horizontes
de sentidos a serem explorados. Por fim, nas considerações finais, engendramos propostas de
aplicabilidade deste estudo em sala de aula e a necessidade do mesmo para o desenvolvimento e
crescimento intelectual, crítico e artístico dos alunos.
Palavras-chave: Linguística Textual; Coerência; Música.
RESUMO: Este artigo estabelece as bases teórico-metodológicas para identificação dos principais
provérbios de conhecimento um nativo brasileiro, os quais atestarão parte da competência
linguística deste. O estudo está ancorado no campo da fraseologia, a partir de uma pesquisa
experimental na área da Linguística Aplicada, visando estabelecer o Mínimo Paremiológico no
ato comunicativo do brasileiro. O método aplicado para construção dos dados foi o estatístico,
com uma abordagem quantitativa, contemplando as estratégias da disponibilidade e do
reconhecimento de provérbios, apresentados aos informantes de diferentes idades e níveis de
escolarização. Buscamos os pressupostos teóricos já estabelecidos em trabalhos semelhantes
em outras línguas tais como: (PERMIAKOV,1989), língua russa; (TARNOSVSKA, 2002), língua
espanhola; (VYSHNIA, 2008), língua ucraniana. No estabelecimento desse Mínimo Paremiológico
constatamos quantas e quais sentenças proverbiais um falante nativo tem conhecimento para ser
considerado um usuário competente desta língua, no que se refere ao provérbio, tendo em vista
que este constitui parte da bagagem cultural dos membros de uma determinada comunidade
linguística. Os resultados alcançados poderão contribuir para o enriquecimento do acervo
Paremiológico do português do Brasil, assim como servirá de ferramenta didática para alunos,
professores e tradutores de língua materna e estrangeira.
Palavras-chave: Provérbio; Paremiologia; Mínimo Paremiológico.
RESUMO: Se há algo ao qual devemos ser gratos, e justifica as muitas horas dedicadas às leituras
e estudos, são aos questionamentos que pesquisadores têm feito às teorias vigentes e algumas
vezes às suas próprias teorias, pois é como se constroem as mudanças nas diferentes áreas do
conhecimento. As reformulações surgem dos contrastes, das lacunas, das inquietações e são
importantes para que as ciências humanas e sociais se reteorizem. No campo da Linguística, mais
precisamente, no da Linguística Aplicada, tais inquietações foram e têm sido cruciais para a sua
reinvenção e ampliação de horizontes. A LA é um campo transdisciplinar que se propõe a investigar
e analisar processos discursivos considerando diversos aspectos sociais que são determinantes
nas situações de uso da língua. Ela tem o seu foco na língua e na linguagem, bem como, no
levantamento e na compreensão das práticas de uso e de aprendizagem da língua em diferentes
instituições. Este trabalho é resultante de dedicada pesquisa bibliográfica no campo da LA, a
qual reforça a sua relevância ao buscar compreender a subjetividade dos sujeitos por meio da
pesquisa, na confluência entre teorias e práticas. Tem-se, portanto, o objetivo de apresentar o
percurso teórico da LA desde o surgimento do termo nos anos 70 até os dias atuais, bem como,
propor reflexões e discussões sobre as mudanças relacionadas ao seu (s) objeto (s) de estudo e a
sua natureza metodológica. Para isso, conta-se com o aporte teórico de autores como (PEREIRA
e ROCA, 2009), (RAJAGOPALAN, 2003, 2006, 2014), (MOITA LOPES, 1996, 2009, 2014),
SIGNORINI, 2014), (KLEIMAN, 1998), (LEFFA (2001) e outros, os quais têm repensado teorias
linguísticas aclamadas confrontando-as com questões que se erigem no contexto social, cultural,
histórico e político da modernidade. Espera-se com o compartilhamento das ideias provenientes
dessa revisão bibliográfica, ressaltar como principais pontos - a relevância social da LA para a
sociedade contemporânea, as nuances interpostas entre teoria e práticas sociais e o compromisso
da LA em problematizar as questões às quais se dedica apresentando novas alternativas.
Palavras-chave: Linguística Aplicada; Percurso Teórico; Sociedade.
RESUMO: A relação entre gêneros discursivos (orais ou escritos) e práticas de leitura e escrita, que
constituem o domínio da alfabetização é extremamente complexa e determinada ideologicamente,
fato que decorre, sobretudo, do continuum língua e sociedade. Assim, objetiva-se, neste estudo,
analisar o gênero discursivo receita médica e sua função sociodiscursiva em contextos de
analfabetismo funcional, condição que implica o não domínio pleno do código formal escrito,
embora possua o letramento funcional, que habilita agir no mundo pela funcionalidade da
língua em atividades culturais. As definições dos níveis de analfabetismo x alfabetismo no Brasil,
tomam por base os resultados de pesquisas realizadas por órgãos, como: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (INAF), Instituto
Paulo Montenegro (IPM) e Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO),os
quais, juntamente, com as leituras de Soares (1995; 2003; 2010), Ribeiro (1997; 1999; 2003),
Ribeiro; Soares (2008), Tfouni (1998), entre outros, sustentam a base teórica dessa pesquisa
bibliográfica, de caráter dialógica e qualitativa, que visita também, os conceitos de alfabetização
(COOK-GUMPERZ, 1991; SOARES, 2011; TFOUNI, 2010), letramento (SOARES, 2010; KLEIMAN,
1995), gêneros discursivos (BAKHTIN, 2011; BRONCKART, 2012; MARCUSCHI, 2010; 2011) e
letramentos sociais (STREET, 1984; 1995; 2014), considerando os usos sociais e ideológicos da
escrita. Quanto a coleta de dados da pesquisa de campo, realizou-se em três Unidades Básicas de
Saúde (UBSs), na cidade de Nazária (PI), constituindo 48 entrevistas, sendo 3 com médicos e 45
com pacientes, além da fotografias das receitas médicas. Neste estudo, são, apresentados apenas
alguns recortes ilustrativos desse corpus, inteiramente explorado em Lima (2016). Dos resultados
obtidos, destaca-se que, a compreensão das informações médicas, principalmente daquelas
contidas no gênero receita, depende de um empenho de ambos – medicos e pacientes – e do
modo como respondem dialogicamente as estratégias negociadas durante a consulta médica. O
fato de saber ler é fundamental para a compreensão da receita, o que não exclui a capacidade de
compreensão, decorrente do letramento social de cada paciente; e portanto, a compreensão da
receita médica, que engloba todo o processo, tanto durante a consulta, como fora dela, acontece,
por meio de práticas interativas e dialógicas, legitimando sua função sociodiscursiva em contextos
de analfabetismo funcional, onde os sujeitos, a partir de seus letramentos sociais – visão ideológica
da escrita – assumem um papel de leitor, de “mundo”, nos termos de Freire (2011), nas práticas
sociais de leitura e escrita em que se envolvem.
Palavras-chave: Interação; Gênero textual receita médica; Analfabetismo funcional.
RESUMO: Almeja-se nesse estudo, investigar o modo como o documento da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), trata a oralidade e os gêneros orais no contexto do ensino fundamental. Trata-
se de uma pesquisa de cunho bibliográfico que tem como Corpus a BNCC. Por muito tempo, a
oralidade e a escrita, foram consideradas como dicotômicas, e a escrita predominava em relação
a fala, o que Street (1984) chamou de “paradigma da autonomia”. Entretanto, sabe-se que hoje
a oralidade e escrita são complementares no contexto das práticas sociais e culturais, pautado no
que Marcuschi (2010) afirma sobre a relação da língua falada e escrita, quando defende que as
semelhanças entre as duas modalidades são maiores que as diferenças, e essas semelhanças não
são dicotômicas, mas contínuas e graduais. Além disso, segundo Rojo (2001), é preciso conceber
a língua escrita e falada como um continuum, porque ambas se apresentam de maneira mais
formal ou menos formal de acordo com a situação de comunicação. Dentro dessa perspectiva,
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) - (BRASIL,1997) apresentam que um dos objetivos
do ensino de Língua Portuguesa é habilitar o educando a fazer uso da língua materna. Levando
em consideração as modalidades oral e escrita, bem como refletir criticamente sobre o que leem
ou escrevem. O que também é apresentado, porém, de maneira diferente na nova versão da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, de acordo com a nova ratificação feita no ano de
2017, constitui-se de “um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos
de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional
de Educação (PNE). ” Analisa-se a visão que esse recente documento traz, acerca da oralidade
e gêneros orais, na BNCC de Língua Portuguesa percebe-se que há perspectiva de progressão
referente ao uso da língua que vai das formalidades às informalidades e dos usos mais simples aos
mais complexos. Diante do exposto, sabe-se que o cenário da educação brasileira e o ensino de
língua portuguesa ainda é carente da efetivação de práticas e produções orais, o que é problemático
já que, o educando deve ser capaz de utilizar a língua em diferentes esferas comunicativas.
Palavras-chave: Oralidade; Ensino Fundamental; BNCC.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo identificar adaptações fonológicas realizadas por
aprendizes brasileiros de inglês como língua estrangeira, com destaque para os processos de
epêntese e de vocalização da lateral /l/ em posição de coda silábica. Observações assistemáticas
revelam a ocorrência de ambos os fenômenos linguísticos entre os sujeitos-alvo desta pesquisa.
Assim, é comum verificar-se pronúncias de palavras como face, hot, big, house e talk, articuladas
com a inserção da vogal anterior alta /i/ no final do vocábulo, o que caracteriza epêntese do
tipo paragoge.(CAGLIARI, 1997). De modo semelhante, recorrentemente identifica-se epêntese
do tipo prótese, isto é, a inserção vocálica em inicio de palavras (CAGLIARI, 1997), conforme se
observa em smile, speak, store e sleep. O processo de vocalização do /l/ em travamento de sílaba
é igualmente uma adaptação de pronúncia bastante frequente entre os falantes brasileiros, tendo
em vista a interferência do sistema sonoro do português do Brasil cuja produção de /l/ nesse
contexto é vocalizada em quase todo o território nacional. Dessa forma, nos vocábulos ingleses,
table, simple, pencil e angel as sílabas finais são articuladas com o arredondamento dos lábios,
caracterizando a vocalização do /l/, que nessa posição é sempre velarizado em língua inglesa.
A pesquisa, que ora se encontra em fase de levantamento de dados, possui como universo de
investigação estudantes maranhenses de inglês, mais especificamente alunos do Núcleo de Cultura
Linguística (NCL), projeto da Universidade Federal do Maranhão em São Luís, que cursam os
níveis iniciais do idioma. Este estudo pretende realizar gravações com aprendizes informantes que
farão parte da amostra selecionada. Os dados serão analisados por meio de análise de oitiva e
fundamentação teórica calcada em estudos fonético-fonológicos de ladefoged, (2006), Selkirk,
(1982) Câmara Jr. (2006), Cagliari (1997), Massini-Cagliari (2000) entre outros. O trabalho
propõe um estudo comparativo entre as línguas materna e estrangeira dos estudantes, visando
melhor compreender os ajustes de pronúncia e, consequentemente, contribuir para melhoria da
habilidade oral e otimização do processo comunicativo.
Palavras-chave: Adaptações fonológicas; Língua inglesa; Falantes brasileiros.
RESUMO: Este trabalho objetiva investigar a relação entre o uso de fontes em práticas de
pesquisa e a escrita de artigos científicos de jovens pesquisadores. Partindo da compreensão de
que a capacidade de localizar, selecionar, avaliar, sintetizar e citar fontes externas na escrita de
pesquisadores se constitui um elemento-chave do letramento acadêmico (BURTON; CHADWICK,
2000), pretendemos mais especificamente avaliar como práticas de seleção e uso das fontes se
relacionam com a escrita de artigos científicos produzidos por estudantes em formação inicial
como pesquisadores na pós-graduação. Nesse sentido, buscamos respostas para as seguintes
questões de pesquisa: que tipo de fontes os estudantes utilizam? Com que frequência são usadas?
Como elas são distribuídas no corpo do texto? O que as escolhas de fontes e os modos como
elas são mobilizadas indicam sobre o domínio da escrita acadêmico-científica e o letramento
acadêmico dos estudantes de mestrado? Esta investigação se trata de um estudo descritivo e
interpretativo, com abordagem quantitativa e qualitativa, que examina um corpus constituído
por 25 artigos científicos produzidos como trabalho final de disciplina por alunos de um curso de
pós-graduação interdisciplinar em ensino. O trabalho encontra respaldo teórico em estudos sobre
letramento acadêmico, uso de fontes, práticas citacionais, plágio acadêmico e escrita científica,
dialogando principalmente com pesquisas e reflexões de estudiosos como Burton e Chadwick
(2000), Pollet e Piette (2002), Pecorari (2003, 2006, 2008), McClure e Clink (2009), Howard,
Serviss e Rodrigue (2010), Jamieson, Howard e Serviss (2017). As análises preliminares dos artigos
científicos examinados indiciam que, no início de sua formação na pós-graduação, estudantes
de mestrado enfrentam muitas dificuldades de selecionar e avaliar as fontes de pesquisa que
utilizam, bem como de sintetizá-las adequadamente nos textos científicos que produzem. Esses
resultados sinalizam tanto a necessidade de oferta de disciplinas e cursos voltados à pesquisa
e à escrita científica na pós-graduação, como também o comprometimento dessas disciplinas
e desses cursos com a exploração, de forma mais sistemática, de aspectos como seleção, uso e
síntese de fontes como parte dos investimentos nos letramentos acadêmicos e, por conseguinte,
na potencialização da escrita e da autoria científica.
Palavras-chave: Pesquisa e escrita científica; Artigos científicos; Letramento acadêmico.
RESUMO: Um dos principais problemas dos textos dissertativo-argumentativos tem relação com
a coesão textual, seja gramatical ou lexical (a primeira refere-se a artigos, pronomes, adjetivos,
advérbios, conjunções e numerais; e o segundo refere-se às relações de sentidos entre as palavras,
à utilização de sinônimos, antônimo, hiperônimos, hipônimos e outros). Neste contexto, este
trabalho analisará o emprego das funções lexicais na arquitetura textual de produções de alunos
participantes das oficinas de leitura e produção textual realizadas pelo Projeto de Extensão
Entretextos, que desenvolve suas atividades desde 2009 no Campus Dom Delgado (UFMA) e tem
como principal objetivo levar aos alunos de escolas públicas, principalmente, que se preparam
para o ENEM, práticas de leitura e produção textual. Para o desenvolvimento destas oficinas,
especificamente, mobilizam-se conteúdos da disciplina Linguística 4, que abordou, dentre outros
pontos, questões semânticas para o ensino da língua materna. Parte-se das observações de
Oliveira (2008), a qual afirma que propor aos alunos atividades que explorem o campo associativo
revela-se uma técnica eficaz para prepará-los para o exercício da leitura e escrita. O conceito de
coesão textual é tomado de Koch (1997), para a qual a coesão textual é fenômeno ligado ao modo
como elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados por meio de
recursos também linguísticos, formando sequências dotadas de sentido. O corpus deste trabalho é
constituído das sequências didáticas da proposta e de textos produzidos por alunos do Entretextos
em duas oficinas, respectivamente realizadas no dia 30 de agosto e 13 de setembro de 2017.
No primeiro momento utilizou-se a análise de imagens para que os cursistas buscassem palavras
pertencentes ao campo semântico de cada item apresentado. No segundo momento, adotou-se
o Diagrama de Venn, fazendo-os refletir acerca do tema “mobilidade urbana”, destacando, em
um conjunto, pontos positivos e em outro, os negativos e na intersecção possíveis intervenções
em poucas palavras. Considera-se, pois que, as duas técnicas propostas se mostraram muito
produtivas aos alunos do curso, que passaram a pensar com mais objetividade a relevância das
relações semânticas do texto, na construção da unidade de sentido dos seus textos.
Palavras-chave: Leitura e produção textual; Coesão; Semântica.
RESUMO: Este trabalho trata-se de uma pesquisa sociolinguística sobre os fenômenos de redução
dos ditongos decrescentes “ou” em “o” e “ei” em “e” presentes na linguagem dos moradores
do povoado Onça, localizado no município de Santa Inês, Estado do Maranhão. Apresenta-se
como principal objetivo identificar a presença destes fenômenos fonéticos no corpus coletado
em campo e, dessa forma, evidenciar essa variação regional e social, para que fique perceptível
que fatores como cultura e classe social estão ligados a essas alterações na fala. Assim, estudar a
estrutura linguística e a estrutura social para destacar e mostrar a relevância da variação linguística
existente entre elas. Segundo Marcos Bagno (2007), é impossível estudar a língua sem estudar, ao
mesmo tempo, a sociedade em que essa língua é falada. Nessa pesquisa teremos como aparato
teórico Bagno (2007), Tarallo (1997), Cristófaro Silva (2009), Mollica (2003) e Câmara Junior
(1978), que deram consistência a esse trabalho por meio de seus estudos desenvolvidos na área
de Sociolinguística e/ou Fonética da Língua Portuguesa. Para a realização da pesquisa, usando
um questionário fonético-fonológico, entrevistamos habitantes do povoado Onça, em que
estes possuem Ensino Fundamental incompleto, Ensino Fundamental Completo, Ensino Médio
incompleto e Ensino Médio completo, de ambos os sexos, enquadrados na faixa etária de 18 a
30 e 60 a 65 anos e totalizando 18 entrevistados, nascidos e domiciliados no respectivo povoado,
distribuídos em quantidades iguais em cada faixa etária. A pesquisa leva-nos a concluir que a
variação linguística do povoado onça é de vital importância nesta região, pois é através dessa
variação que ocorre a comunicação entre seus indivíduos. Vemos assim a importância da variação
sociolinguística; ciência que têm como uma de suas finalidades como seu próprio nome indica
estudar a variação linguística regional e sua importância para a boa comunicação entre seus pares
desfazendo assim preconceitos de qualquer outra variação linguística que se ache superior.
Palavras-chave: Sociolinguística. Variação Linguística. Redução dos ditongos.
RESUMO: O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da variação linguística na sala de aula
e como ela pode ser trabalhada. Para isso, utilizamos pesquisas relacionadas à Sociolinguística,
em especial os pressupostos dos pesquisadores LABOV (1983). BORTONI-RICARDO (2011),
SOBRAL (2011), BAGNO (2002). Segundo Bortoni-Ricardo (2011), a variação linguística não
é uma deficiência da língua, é um recurso posto à disposição dos falantes, que engloba fatores
históricos, regionais e sociais. Defendemos que esse tema deve ser discutido em sala de aula,
pois interfere no ensino de língua materna, uma vez que os alunos utilizam diferentes variações
linguísticas, e não a norma prescrita pela gramática tradicional. Infelizmente, a escola não trabalha
adequadamente a variação, pois o que prevalece é o discurso autoritário e normativo com o
tom de “certo” e “errado”. Para atingir o objetivo, apresentamos uma proposta de atividade que
trata da variação linguística utilização a história em quadrinhos, mais especificamente, a revista
do Chico Bento. Em nosso estudo, analisamos os quadrinhos e mostramos a dificuldade que o
aluno tem em se comunicar com o professor, que por sua vez, não reconhece como aceitável o
tipo de linguagem utilizado pelo alunado. Acreditamos que nossa proposta pode ser uma efetiva
estratégia de combate ao preconceito linguístico e ainda uma forma de abordar a variação na sala
de aula.
Palavras – chave: variação linguística, ensino linguístico, sala de aula
RESUMO: Objetivamos analisar e comparar que relações os gêneros textuais mantêm com os
atos de fala. Partimos da ideia de que a teoria de gênero sociorretórica e a teoria dos atos de fala
possuem bases de ordem filosófica, social e linguística, uma vez que se inserem no âmbito das
discussões sobre a comunicação humana imbricada em um contexto complexo que envolve gêneros
e atos de fala. Propomo-nos, então, empreender diálogos possíveis entre linguística e filosófica da
linguagem, com vistas a perceber delineamentos teóricos que envolvem essas duas vertentes sobre
os gêneros textuais/discursivos e os atos de fala. De acordo com Bazerman (2006), os gêneros
são fatos sociais sobre os tipos de atos de fala que as pessoas podem realizar e sobre os modos
como elas os realizam. Tal ideia é um indicativo de que há algo a ser estudo nesse percurso teórico
dos atos de fala à compreensão das formas genéricas tipificadas. Nesse sentido, essas discussões
foram tecidas à luz das ideias de Bazerman (2006) que trata dos gêneros como ações tipificados,
e de Austin (1990) ao estabelecer para a filosofia da linguagem a teoria dos atos de fala de
cunho menos analítico e mais pragmático. Metodologicamente, o estudo tem natureza descritiva,
interpretativa, comparativa e, por isso, configura-se como um estudo qualitativo. As leituras
e análises nos permitiram perceber que os gêneros textuais/discursivos envolvem um repertório
de atos de fala e, de certo modo, modelizam situações retóricas, organizando, linguisticamente,
os atos de fala para o cumprimento de seus propósitos comunicativos. Os atos de fala, então,
não estariam na esteira de categoria de gênero, mas constructos socialmente tipificados, padrões
de atos ilocutórios e seus efeitos perlocutórios em fatos sociais, por vezes, institucionalizados e
marcados por determinados padrões ao agir linguisticamente. O trabalho ainda permanece em
estado de arte de análise, buscando mais esclarecimentos a respeito do que nos propomos a
estudar.
Palavras-chave: Atos de fala; Filosofia da linguagem; Gêneros textuais/discursivos.
RESUMO: O escritor, filólogo e linguista britânico J.R.R. Tolkien é conhecido por sua obra mais
famosa, O Senhor dos Anéis, lançada originalmente entre os anos de 1954 e 1955 e ambientada
na Terra-média, um continente localizado em um Mundo Secundário chamado Arda. Tal presença
de um Mundo Secundário, segundo Marques (2015), caracteriza a obra como pertencente ao
gênero Fantasia. Tolkien criou diversas outras histórias nesse mesmo mundo ficcional, as quais
foram publicadas, em sua maioria, postumamente por seu filho Christopher Tolkien. Em uma
dessas obras, Contos Inacabados de Númenor e da Terra-média, publicado originalmente em
1980, encontra-se um conto chamado “Aldarion e Erendis, A esposa do marinheiro”, que narra as
desavenças entre seus personagens-título, inicialmente apaixonados porém afastados por conta
de suas diferenças e orgulho. A narrativa situa-se no reino de Númenor, localizado em uma ilha
próxima à Terra-média, e conta a história de Erendis, mulher que se apaixona e contrai matrimônio
com o Herdeiro do Rei de Númenor, Aldarion, que é apaixonado pelo mar e passa anos a fio longe
de casa navegando, enquanto ela prefere a terra firme e se sente abandonada e posta de lado. Em
seu ressentimento, Erendis cria sua filha longe de qualquer contato com homens e lhe concede
uma série de ensinamentos que, neste trabalho, serão analisados a partir de um paralelo com o
discurso feminista em conjunto com a jornada da personagem ao longo da narrativa. Para tanto,
utilizar-se-á Simone de Beauvoir (2009) no que se refere ao discurso feminista, bem como Todorov
(2008) e Marques (2015) no que tange à teoria literária.
Palavras-chave: Fantasia na Literatura, Mundo Secundário, Feminismo.
RESUMO: A morte está presente na vida do homem desde a origem do mundo, dessa forma ela
é um elemento crucial em nossas vidas e tem um papel fundamental no contexto social e nos
indivíduos de que dele fazem parte, mesmo sendo ignorada por nós a maioria das vezes. Desse
modo, a sua percepção, com as suas diferentes concepções e representações, depende não só
do tempo histórico em que ocorre, mas também do contexto familiar, social e cultural em que
a mesma se insere. Além disso, tal fato é analisado por diversos estudiosos, os quais afirmam
que há quatro tipos de morte: biológica ou física, psíquica, espiritual e social. A nível social, tal
evento é compreendido como um elemento revelador do poder de separação, exclusão ou corte,
da ruptura total com a família e/ou a comunidade, visto que se deixa de estar inserido nos padrões
de vida imposto pela sociedade (THOMAS 1978). Sendo assim, o fenômeno estudado no presente
trabalho, pode ocorrer durante o percurso existencial do ser humano, quando o mesmo decide ou é
forçado a viver à margem da sociedade devido a vários fatores: incapacidade de integração, pontos
de vista e conduta totalmente opostos às normas sociais impostas, distúrbios psicológicos, perda
do emprego, problemas familiares ou afetivos, alcoolismo, toxicodependência ou ser atingido por
um infortúnio ou uma traição, entre outros. Desta forma, no conto Os retirantes, obra pertencente
à antologia O monstro e outros contos, do escritor maranhense Humberto de Campos, observamos
a morte social como um fator essencial, pois os personagens são esquecidos e vivem em situações
de estrema calamidade e a existência deles é perpassada pela ideia de morte constantemente. A
partir disso, o nosso objetivo é analisar como tal acontecimento se manifesta na vida das pessoas
excluídas de determinados âmbitos sociais, baseando-se em estudos anteriores que nos mostram
a morte como elemento social, ressaltando a sua relevância e suas representações na sociedade.
Palavras-chave: Morte; Literatura; Retirantes.
RESUMO: este artigo tem, como objetivo principal, investigar continuidades e descontinuidades em
relação ao tratamento dado à categoria vozes verbais em três gramáticas brasileiras do século XIX,
quais sejam: Gramática Portuguesa, Júlio Ribeiro (1881); Gramática da Língua Portuguesa, Pacheco e
Lameira (1887) e Gramática Portuguesa, Alfredo Gomes (1887). Para a seleção do corpus da pesquisa
foram utilizados quatro critérios, pautados em Fávero e Molica (2006): i) foram gramáticas
produzidas durante o século XIX; ii) foram escritas por um autor brasileiro; iii) tratavam do
conteúdo específico relativo à Língua Portuguesa; iv) gramáticas, cujos autores dizem seguir os
pressupostos da recém-inaugurada Linguística Histórico-Comparativa. A análise foi realizada
levando em consideração os pressupostos teórico-metodológicos da Historiografia Linguística
propostos por Koerner (2014b), pautando-se, basicamente, em dois princípios: o princípio da
contextualização e o da imanência. O primeiro princípio foi contemplado no instante em que foram
levados em consideração os aspectos políticos, econômicos, sociais e educacionais durante o
século XIX no Brasil, compreendendo, assim, o clima de opinião no qual os gramáticos estudados
viviam. O princípio de imanência levou em consideração o tratamento dado à categoria das vozes
verbais nas gramáticas elencadas para o estudo, observando as continuidades e descontinuidades do
fato linguístico. Desse modo, este estudo levou em consideração os aspectos internos e externos
Batista (2013). Como resultados obtidos, observou-se que, desde as primeiras abordagens de
base filosófica, passando pelas primeiras gramáticas ocidentais, chegando até às gramáticas
elencadas para o estudo, o fato linguístico apresenta linhas de continuidade e descontinuidade. As
linhas de continuidade podem ser observadas no instante em que os três gramáticos compreendem
a existência das vozes verbais ativas e passivas. Com relação às descontinuidades do fato, embora os
gramáticos analisados compreendam a existência da voz passiva, os autores não fazem uma divisão
entre os tipos, mesmo sendo possível, em algumas gramáticas, observar a estrutura de uma voz
passiva analítica, apesar de tal tipo de voz não ter sido definida pelos gramáticos.
Palavras-chave: Historiografia Linguística; Gramáticas; Vozes verbais; continuidade e
descontinuidade.
RESUMO: Esta comunicação propõe-se apresentar uma análise sobre o romance A Cidade e os
Cachorros, do peruano Mario Vargas Llosa. A obra é um romance latino-americano, da segunda
metade do século XX, originalmente, publicada em 1962 com o nome ‘Batismo de Fogo’. Em
1963, é reeditado com o nome La Ciudad y los Perros. Trata-se de uma obra autobiográfica, não
linear que se refere à relação dos jovens estudantes com a estrutura militarizada, as regras
paralelas dos estudantes, a rotina dos cadetes no colégio, representações do microcosmo da
sociedade peruana. O colégio recebia jovens de todos os níveis sociais e de diferentes regiões do
Peru, a maioria humilde com problemas familiares e apresentando insegurança. Nessa instituição
de ensino, os cadetes descobrem o que é viver em um ambiente dominado pelo horror e pela
opressão, onde tudo se resolve com violência. Os militares golpeiam os estudantes e se golpeiam
entre si, para manter as estruturas hierarquizadas. A narrativa faz uma crítica à realidade peruana,
incluindo ainda o colégio, a hierarquia militar, a desigualdade social e econômica e as divisões
étnicas etc. Nessa narrativa, o autor faz uso de um recurso narrativo que ele define como vasos
comunicantes, em que subcapítulos dentro da obra são ancorados a tempos diferentes. A obra é
inspirada nas experiências do escritor durante a sua passagem pelo Colégio Leoncio Prado. Nesse
ensejo, analisaremos as nuances das relações de poder e sujeição em A Cidade e os Cachorros. A
metodologia utilizada será a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo. Para respaldar nossa
investigação, utilizaremos as contribuições de Michel Foucault: (2012). Na parte da crítica literária
abordaremos os aportes dos críticos: Roland Barthes (1987), Tzvetan Todorov (2009).
Palavras Chave: Literatura; Relações de poder; Sujeição.
RESUMO: Este trabalho foi elaborado como um dos pré-requisitos para a obtenção de nota na
disciplina de Prática de Pesquisa (TCC II), ministrada no Curso de Letras-Inglês, da Universidade
Estadual do Piauí, campus Parnaíba. Não há como contestar a importância da Crítica Literária
para a sociedade, esta é responsável por moldar mentes críticas através da leitura de obras e,
consequentemente, melhorar o entendimento do universo humano e literário. Neste cenário, esta
pesquisa busca estudar duas vertentes da Crítica Literária, a psicanálise e o processo de tecnologização
no pós-modernismo. Assim, este trabalho tem como objetivo geral: Analisar as técnicas utilizadas
pela psicanálise na criação de um texto crítico, bem como discutir o processo de tecnologização no
cenário pós-moderno. Para alcançar este objetivo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com
abordagem qualitativa, fundamentada em autores como: Barbosa (2006), Bauman (2005), Durão
(2016), Lyotarde (1986). No que diz respeito à estrutura, este trabalho está dividido em reflexões
iniciais, reflexões finais, além de mais três seções. Na primeira seção é discutida a importância da
Crítica Literária. Na segunda são apresentadas algumas técnicas utilizadas pela psicanálise dentro
do texto crítico. Na terceira, é apresentado o processo de tecnologização dentro da Crítica Literária,
culminando em alguns conceitos do cenário pós-moderno elencados por outros estudiosos. As
considerações finais revelam que a Crítica Literária é uma forma de libertação social, pois ela
desperta e aguça o senso crítico do leitor. Também concluímos que a tecnologização trouxe à crítica
novas camadas interpretativas e renovou o seu estoque de obras a serem analisadas, contudo,
acontece em um cenário pós-moderno, momento onde o indivíduo preza e goza do individualismo
e repudia o coletivismo. Nesse cenário, o que caracteriza a sociedade são as rápidas transições por
quais ela passa, o que resulta na liquidez vivida pelo homem, onde relacionamentos interpessoais
por exemplo, são superficiais, falsos.
Palavras-chave: Crítica Literária; Tecnologização; Pós-modernismo.
RESUMO: Este trabalho perscruta uma reflexão sobre o romance Ensaio sobre a cegueira e sua
relação com a pós-modernidade, evidenciando as características desse período na obra, assim
como destacar a crítica social feita pelo autor em que é possível observar uma sociedade que
vive o caos de uma cegueira, diferente de tudo o que já fora documentado antes, sendo descrita
como um mar de leite que acomete várias pessoas, sem se importar com classe social, ou nível
de instrução dos habitantes. Sendo assim, crítica de José Saramago à sociedade fica cada vez
mais clara, especialmente ao utilizar a metáfora da cegueira para expor como os homens estão
olhando, mas não conseguem ver. O que ocorre devido a transitoriedade dos tempos modernos
em que o homem fica sem espaço para uma definição de identidade, o reduzindo até mesmo a um
comportamento animal. Tal metáfora utilizada pelo autor nos informa que estamos cegos e não
percebemos. Cegos na conduta moral e ética, por se deixar consumir pela rotina e vida corrida do
dia a dia, e aos poucos ir perdendo a capacidade de percepção daquilo que realmente importa
na vida. No romance, José Saramago proporciona ao leitor uma reflexão profunda e única sobre
a condição humana na sociedade. Revela-nos a importância de ver aquilo que é mais precioso,
como o cultivo das relações sociais, e não somente a busca pelo dinheiro. Expondo como o mundo
pós-moderno têm nos afetado, devido às mudanças constantes que ocorrem e a rapidez com
que as informações são transmitidas, dificultando para o homem se adaptar adequadamente,
construir sua identidade e recorrendo ao que é mais prático e material num momento em que o
homem pós-moderno busca se descobrir na sociedade e em si mesmo. O pós-moderno olha, mas
não vê que está em uma crise de egocentrismo, que acarreta na ausência de ética e moral, valores
fundamentais para a boa conduta do homem em sociedade.
Palavras-chave: Pós-modernismo; José Saramago; Cegueira.
RESUMO: Vários são os trabalhos que abordam cinema e literatura numa visão comparativista
simplista, este trabalho tem a pretensão de fazer uma abordagem diferente desses dois gêneros
artísticos. O objeto de estudo escolhido foi o longa Faroeste Caboclo produzido em 2013 e
dirigido por Renê Simões. Vamos analisar trechos do filme por meio da teoria da adaptação dos
autores Robert Stam e Linda Hutcheon para fazer um diálogo com a música homônima de Renato
Russo. Dessa forma, utilizaremos de estudiosos da linguagem cinematográfica e dos estudos
literários para enriquecer o debate sobre as transposições entre esses gêneros distintos. Dentro da
visão bakhtiniana, o dialogismo é possibilidade de interação de diferentes textos, pois a essência
da língua está no “fenômeno social da interação verbal, realizada por meio da enunciação ou
enunciações” (Bakhtin, 2009), ele ainda acrescenta que a comunicação verbal se entrelaça com
outras formas de comunicação para produzir novos elementos comunicativos. É a partir dessa
ideia que Kristeva constrói o conceito de intertextualidade, onde todo texto é um quebra-cabeça
montado a partir de outros textos que vão se encaixando até se transformar em um novo produto
textual. Dessa forma, Robert Stam compartilha dessa mesma visão e entende as adaptações como
processo dialógico em que “o texto alimenta e é alimentado infinitamente em um intertexto de
permutação” (STAM, 2000). Partindo desse pressuposto, Faroeste Caboclo (música e filme) são
linguagens diferentes que se entrelaçam dialogicamente se transformando e se recriando. Elas
se realizam em formatos diferentes, mas de forma equivalente estabelecem novos significados
com várias possiblidades comunicação entre seus leitores/espectadores. Mas essa comunicação,
guardas aspectos bem específicos para cada obra, não pode ser vista como uma transposição
fidedigna ou literal, pois como já foi dito, cada linguagem tem suas características e adequações
são necessárias para satisfazer as intenções criativas do autor / cineasta e dessa forma dar suporte
para sua criatividade. Dentro dessa linha de pensamento não cabem considerações sobre a
fidelidade ou valor entre as obras.
Palavras-chave: Literatura; Cinema; Diálogo.
RESUMO: O presente trabalho pretende analisar o fenômeno das adaptações da literatura para
o cinema como um reflexo da sociedade contemporânea através da comparação entre a obra
literária “O Ladrão de Raios” sua adaptação cinematográfica “Percy Jackson e o Ladrão de
Raios”. Tal comparação será realizada com o intuito de identificar as semelhanças e divergências
que ocorrem durante o processo de adaptação cinematográfica de uma obra literária e, desta
maneira, compreender de que forma este processo pode interferir na cultura do conhecimento,
tendo em vista o modelo de sociedade contemporânea que será discutido neste trabalho. Para
tanto, a análise se dará a partir da seleção de elementos do enredo de ambas as narrativas literária
e cinematográfica, a fim de que os traços narrativos remanescentes, modificados ou acrescentados
na adaptação cinematográfica, quando comparada às características originais presentes na obra
literária, possam servir de suporte para a identificação das influências que a modernidade e
suas implicações sociais e econômicas tem exercido sobre as adaptações cinematográficas de
obras literárias, fenômeno cada vez mais recorrente na contemporaneidade e que pode afetar
significativamente o ponto de vista da sociedade, no que tange à recepção das obras literárias.
Palavras-chave: Obras Literárias. Adaptações Cinematográficas. Sociedade Contemporânea. O
Ladrão de Raios.
RESUMO: A tradução é um processo que ocorre naturalmente, nos seres humanos, os pensamentos
existem pela mediação dos signos, por tanto quando pensamos estamos traduzindo. A tradução
intersemiótica ou transmutação pode ser definida como a tradução de um sistema de signos para
outro, como por exemplo do verbal para o visual. Este trabalho tem como objetivo identificar
elementos correspondentes dentro do filme Tangled (Enrolados de Howard e Greno, 2010), que
possuam função equivalente ou semelhante no conto Rapunzel dos irmãos Grimm, buscando
principalmente equivalentes visuais para imagens verbais. Basearemos nossa analise na teoria
da tradução intersemiótica, usando como base Julio Plaza (1987) e Charles S. Peirce (1977). Os
contos surgidos na tradição oral atravessaram os séculos, e ao longo destes receberam inúmeras
adaptações, traduções, no teatro, na literatura, mas é no cinema que os contos de fadas ganham
uma notoriedade cada vez maior. Os estúdios de animação Disney adaptaram inúmeros contos,
eliminando os episódios brutais e unindo a técnica a construções de enredos atrativos e condizentes
com o período histórico e público alvo, os filmes tornaram-se um sucesso espetacular, que
encantam crianças e adultos a décadas. Porém ainda é possível encontrarmos nuances dos textos
originais, elementos que são equivalentes dentro dos dois sistemas semióticos, o texto e o cinema.
Sejam imagens que são equivalentes como os longos cabelos de Rapunzel, ou a figura da bruxa
que a tirar dos seus pais. Ou sentidos que estão implícitos, como sabemos os contos possuíam
um ensinamento oculto, uma moral a ser transmitida, buscaremos assim analisar de que forma os
signos cinematográficos, traduzem ou não, os sentidos que emanam do texto.
Palavras – Chave: Literatura ; Cinema ; Intersemiótica
RESUMO: Filmes que narram histórias sobre invasores extraterrestres não são raros nem novos
em Hollywood. Nessas produções, geralmente, o invasor vem ao nosso planeta em busca de
nossos recursos naturais e quase nunca são amigáveis. A tecnologia utilizada pelo alienígena
sempre se mostra superior em comparação à tecnologia humana, tornando a luta desigual e
aparentemente sem esperança de triunfo. A inimaginável vitória é quase sempre alcançada pela
sorte, pela coragem e astúcia da espécie humana, pelo domínio da tecnologia do invasor ou por
fatores naturais. Essas histórias trazem à tona um conceito bem recorrente na Ficção Científica,
a ideia do Outro. Para os estudiosos do gênero, o Outro é representado por um indivíduo ou um
povo desconhecido pela humanidade, e que normalmente surge como algo hostil ao homem. O
Outro nessas narrativas é associado a figura de um dominador que vem de outro mundo para nos
conquistar, tal qual algumas sociedades humanas fizeram com povos tecnologicamente inferiores
em épocas passadas. Essa relação colonizador, representado pelo extraterrestre, e nativo, a espécie
humana, é constantemente repetida pelo cinema, só que com enredos e roupagens distintos.
O filme Avatar (2009), escrito e dirigido por James Cameron, assim como é comum em filmes
de ficção científica, traz uma invasão alienígena, mas por uma perspectiva diferente. Na obra
cinematográfica, a relação entre colonizador e nativo se repete, mas os papéis se invertem: o
extraterrestre é quem ver seu mundo invadido e ameaçado pelo ser humano, que assume o papel
do alienígena, o Outro, nessa história. Este trabalho tem como objetivo demonstrar o processo
de inversão dos papéis que acontece no filme Avatar (2009), de James Cameron: o extraterrestre
como o povo dominado e o ser humano como o conquistador alienígena; além de analisar a
relação colonizador x nativo que se faz presente na obra em questão. Para isso, serão utilizados
como suporte teórico para esse estudo os trabalhos de David Wingrove (1984) e Patrick Parrinder
(1979).
Palavras-chave: Alienígena; Outro; Ficção Científica.
RESUMO: Tristão e Isolda configura-se como uma importante obra medieval, a qual apresenta
marcadamente a estética da cavalaria, o prestígio do amor cortês e a cultura nórdica, tendo
como pano de fundo, a romântica história de um amor irreal, elementos que fazem com que a
narrativa seja atemporal, perpetuando-se na memória coletiva. A história dos amantes inspirou
diversas literaturas ao longo dos séculos, consagrando a narrativa do amor impossível como um
mito da literatura ocidental. No entanto, foi no cinema que essa história ganhou novo fôlego e
espaço pois, a temática do amor trágico e quimérico é explorada como eixo central de diversas
produções, através de (re)criações contemporâneas do que já conhecemos de Tristão e Isolda.
Sabemos que a relação literatura/cinema é sempre muito fértil e que frequentemente as produções
cinematográficas bebem na fonte da literatura, seja construindo enredos baseados em personagens
literárias ou tomando como inspiração elementos de algum romance ou até mesmo reinventando
tramas ficcionais tendo como mote um enredo literário já consolidado. Tendo em vista todos esses
aspectos apresentados, o presente trabalho tem como objetivo refletir e analisar as influências
decorrentes da narrativa de Tristão e Isolda no cinema, de como a história é amplamente
reinventada ao longo do tempo através de longas metragens, simbolizando assim, a presença
sólida e notória desse arquétipo em filmes românticos na contemporaneidade; é importante
frisar que para realizar tal estudo, iremos abordar também, o processo de hipertextualidade, que
consiste na relação hipertexto e hipotexto, que é de profunda relevância para o encandeamento
das duas linguagens(cinematográfica e literária) aqui contempladas. Para fundamentar nossa
análise utilizaremos como aporte teórico KRISTEVA(2005), CARVALHAL(2001) que possuem
estudos na área da literatura comparada e da relação hipertextual, ELIADE(1963) para tratar do
mito e JUNG (1969) para lançar luz sobre a teoria dos arquétipos.
Palavras Chave: Arquétipo; Cinema;Tristão e Isolda
RESUMO: Figura emblemática da poesia brasileira contemporânea, Ana Cristina César estruturou
seu fazer poético como uma escrita em tom íntimo dialogando com seu tempo e dele fazendo
palco de seus poemas, de seus anseios, desejos e frustrações. Nesse sentido, o estudo analisa “A
poesia marginal e libertadora de Ana Cristina César” que pode ao mesmo tempo ser classificada
como marginal e libertadora do sujeito feminino explorando seu estilo libertador a partir da
poética surgida no Brasil nos anos 70 denominada “poesia marginal” como proposta modernista
de reivindicar espaço e conteúdo no cenário literário aproximando a vida da arte através da
linguagem coloquial de denúncia contra a repressão institucionalizada no país durante o regime
militar. De acordo com Baudelaire citado em Todorov (2009), o que o poeta quer é ser poeta
e isso implica e altos deveres, nessa perspectiva o trabalho pretende examinar o fazer poético
de Ana Cristina César e entender o seu sentido, já que a missão dos poetas segundo Baudelaire
é revelar as leis secretas do mundo e para Sartre (1993) o poeta se detém nas palavras, como
o pintor nas cores ou o músico nos sons, assim, a poesia de Ana Cristina César carregada por
uma linguagem contemporânea com lugar garantido na atualidade traz a discussão do papel da
mulher na literatura e seu papel na geração marginal “geração mimeógrafo”. O trabalho propõe
analisar trechos de alguns poemas de Ana Cristina César em seu sentido engajado e libertador do
sujeito feminino por sua abordagem e posicionamento crítico com foco na poesia de libertação
de escrita feminina e emancipação da mulher na literatura brasileira. Para tanto, realizou-
se pesquisa bibliográfica além dos autores já citados em conformidade com Cabanas (1999),
Holanda (2007), Cândido (2006), Marques (2001) dentre outros teóricos que discutem acerca
da literatura marginal em si e de autores que debruçam a analisar as obras de Ana Cristina César
como poesia marginal de escrita feminina no momento de maior repressão e censura na produção
artística e literária nacional.
Palavras – Chave: Ana Cristina César, Poesia marginal, Engajado e libertador.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise comparativa das obras Sol, Lua e Tália
do italiano Giambattista Basile (1634) e A Bela Adormecida no Bosque do escritor e poeta francês
Charles Perrault (1697), pelo viés simbólico-sexual feminino. Não obstante as obras terem sido
produzidas em diferentes épocas e por diferentes autores em contextos culturais distintos, ambas
possuem aspectos congruentes quando relacionadas ao erotismo na perspectiva da psicanálise.
Além disso, podemos observar nas duas versões algumas simbologias relacionadas à adolescência,
como o episódio que cerca o sangramento do dedo das princesas causado pela roca, simbolizando
a menarca nas meninas durante a adolescência e o adormecimento – morte – das mesmas por um
longo período de tempo, representando o momento de enfraquecimento da mulher durante o
período da menstruação, causando-lhe sono. Metodologicamente optaremos por uma pesquisa
de base bibliográfica e como arcabouço teórico, utilizaremos autores como Bettelheim (2002)
e Corso & Corso (2006), que analisam as histórias infantis pelo viés da psicanálise. Por meio de
suas análises, podemos observar a diferença de identidade por parte dos amantes das princesas;
enquanto em Basile há a presença de um rei como amante de Tália, em Perrault há a presença
de um príncipe que se apaixona por Bela ao vê-la adormecida no castelo. Apesar de haver tais
distinções nas duas versões, ambos os contos possuem a mesma trajetória: uma bela garota
adormece após um sangramento, desperta, casa-se com seu amado e os dois vivem felizes com
seus dois filhos em um castelo. Numa perspectiva comparativa, os primeiros resultados apontam
para relações de convergências no tocante aos aspectos da simbologia sexual nas versões de Basile
e Perrault.
Palavras-chave: Simbólico-sexual; Erotismo; Psicanálise.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo discutir ideias a partir da tríade, autor-texto-leitor e
sua forma de articulação no primeiro capítulo intitulada O fascismo dos bons homens, da obra A
Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe, haja vista a interdependência existente – deve-
se pontuar o alto nível de complexidade dessa passagem – entre este capítulo e os demais que
o sucedem. Parte-se da perspectiva de que todos os espaços em que ambientam as narrações
estão sob uma atmosfera que sustenta relações de poder estabelecidas pelos discursos implícitos e
explícitos criadores de verdades que sugerem a lógica de poder. Nota-se uma denúncia à “ideologia
fascista”, que incutem ações autoritárias perigosamente dissimuladas sob discursos amistosos,
cordiais, confiáveis, salvadores, “protetivos”, etc. Para tanto, a presente discussão apoia-se na
orientação teórica de Wolfgang Iser, O jogo do texto, presente na Estética da Recepção, de Luiz Costa
Lima, a fim de estabelecer uma relação elucidativa, possibilitando, então, um novo olhar sobre a
leitura. Desta forma, parte-se da premissa de que o texto já não deve mais ser considerado uma
representação de uma realidade concreta (está para além do observável, habitual, material, etc.),
cabendo apenas a complementação do que a natureza deixaria incompleto. A teoria adotada
vale-se da ressignificação do material em seu aspecto performativo, atribuindo ao discurso ficcional
coerência e comprometimento com as suas estruturas intratextuais. À vista disso, estrutura-se
como um processo de encenação com participação ativa do leitor, que livre para lançar mão de
posição criativa e experiência estética, contribui para transformar a leitura num processo criativo,
executando dupla operação: imaginação e interpretação, que no processo de desempenho de análise,
reservam variantes “operacionais” entre si no ato de recepção, pois tendo em vista os intervalos,
espaços ou aberturas no jogo textual, e dirigidos por “regras aleatórias”, tornam inovadora,
inexaurível e ilimitada a experiência imaginativo-interpretativa.
Palavras-chave: Jogo; Texto; Leitor.
RESUMO: Sabe-se que a mulher tem ganhado um espaço cada vez maior na sociedade, apesar
de que algumas ainda sofrem de herança patriarcal. Este trabalho objetiva analisar a repressão
da mulher no presente conto, através da visão do filósofo francês Michel Foucault com o livro A
história da sexualidade I: a vontade de saber (1988). O corpus constitui-se do conto “Senhor Diretor’’
(1977), de Lygia Fagundes Telles”, o qual foi escrito em 1977 e faz parte do livro “Seminário
dos Ratos”. O conto traz discurso feminino acerca da sexualidade, de uma personagem idosa,
professora, virgem e solteira que planeja enviar uma carta a um diretor de jornal reclamando do
excesso de exposição erótica na mídia. Para a inflexibilidade e controle de Maria Emília, tudo que
é produzido pela mídia é considerado foco de imoralidade e por isso deve ser combatida para
não afetar os indivíduos de boa moral como ela mesma se identifica. É vítima de uma educação
altamente repressora. O “silêncio” sobre sexo é, para Foucault, extremamente valioso e não
repressivo, uma vez que, segundo ele, o mutismo sempre é múltiplo e integra as estratégias que
apoiam o discurso. “Desviou o olhar severo para a capa da revista com o jovem casal de biquíni
amarelo, ela na frente, ele atrás, enlaçando-a na altura dos seios nus, amassados sob os braços
peludos. Estavam molhados com se tivessem saído juntos de uma ducha.” (TELLES, 1977). Nota-
se a inadaptação da personagem em relação às mudanças que estão ocorrendo no seu tempo,
principalmente no que diz respeito às questões relacionadas à sexualidade, que muitas vezes são
vulgarizadas e criticadas por Maria Emília. Em análises prévias, observa-se que ao passar dos anos,
a sexualidade é de fácil debate entre a sociedade e que pode ser de valor construtivo e informativo
nas mídias, abandonando assim as doutrinas patriarcais.
Palavras-chave: Repressão; Sexualidade; Partriarcal.
RESUMO:Esta pesquisa objetiva analisar o processo de recriação da música Olhos nos Olhos nos
procedimentos estéticos do filme O Abismo Prateado de Karim Aïnouz, a fim de responder a seguinte
pergunta norteadora: como ocorre o processo de recriação da letra da música Olhos nos Olhos,
na linguagem cinematográfica do filme O abismo prateado? Com isso, primeiramente será feita
uma descrição dos recursos estéticos do filme e da letra da música, em seguida, a comparação
da letra da música com o filme, e então, será verificado como os recursos estéticos do filme
culminaram na recriação da letra da música. A análise foi empreendida em razão da necessidade
de reconhecimento da crescente tradição cinematográfica do Nordeste, que tem ganhado cada vez
mais respaldo no cenário fílmico nacional e internacional. Há ainda o fato de o filme ser inspirado
na canção do compositor Chico Buarque, sendo necessário verificar como foram articulados os
recursos inerentes a linguagem cinematográfica para que fosse realizada a recriação da música.
Tendo em vista a relação dialógica mantida entre a música e a narrativa fílmica, foram utilizados os
pressupostos teóricos do campo da Literatura Comparada, com a contribuição de autores como
Pageaux (2011) e Steiner (2001), além dos conceitos da Teoria da Adaptação, trazidos por autores
como Hutcheon (2013) e Stam (2006). Quanto à metodologia, a pesquisa se qualifica como
bibliográfica e filmográfica, tendo em vista a necessidade de analisar o filme em comparação
com a letra da música; e de natureza qualitativa já que são produzidas interpretações relativas aos
dados. Foi verificado na pesquisa que o diretor articula os mais diversos recursos cinematográficos
para recriar a canção de Chico, dando um foco diferente a sua narrativa fílmica. O diretor, apesar
de preservar alguns aspectos da música, como as lacunas de interpretabilidade, consegue, de
acordo com os recursos pertencentes à linguagem artística, trazer acréscimos à música.
Palavras-chave: Recriação; Cinema; Literatura Comparada.
Resumo: Ao considerar como ponto de partida a obra Introdução à Literatura Fantástica, de Tzvetan
Todorov (2008), que diz que o fantástico se encaixa justamente na hesitação entre escolher se
determinado acontecimento é da ordem do mundo natural ou sobrenatural, torna-se perceptível
que isso se aplica não apenas à textos literários, mas também ao universo dos mangas (histórias
em quadrinhos de origem japonesa), nos quais as narrativas costumam ser, dependendo do
gênero, criativas e entranhadas com um enredo que prende o leitor em um jogo de inteligência
e aspectos sobrenaturais, como é notado no manga Death Note (2003-2006), de Tsugami Ohba.
Com título original do japonês Desunōto, com tradução para o português Caderno da Morte, Death
Note tem como premissa o fato de um jovem do ensino médio chamado Raito Yagami encontrar
um caderno que, teoricamente, tem o poder de assassinar qualquer um escrevendo o seu nome,
contanto que se tenha em mente o rosto da vítima. Após provar que o caderno realmente
funciona, Raito se depara com um desejo de ajudar a humanidade, assassinando às pessoas
que considera responsáveis pela podridão do mundo. Com isso em vista, este artigo tem como
objetivo analisar como se manifesta o fantástico na narrativa do manga a ser estudado através da
personagem Shinigami Ryuk (sendo Shinigami, traduzido para o português, deus da morte), que tem
papel fundamental em toda a trama de Death Note, embora não seja ele mocinho ou vilão, e do
próprio Death Note, enquanto instrumento que o deus da morte utiliza para exercer o seu ofício
de ceifar as vidas humanas quando chegado o tempo. Será levado em consideração também o
grande interesse que o shinigami Ryuk apresenta pela espécie humana, posta em evidência todas
as vezes que diz “Humanos são tão interessantes”, à medida que Raito Yagami descobre furos nas
regras do Death Note e pensa em formas de usá-las em favor de seu mais novo objetivo: tornar-se
o deus de um novo mundo.
Palavras-chaves: Fantástico; Death note; Ryuk.
RESUMO: O estudo apresenta uma perspectiva teórica sobre blogs e as Comunidades Virtuais e
os modos de comunicação e interações que esses espaços permitem. Com o advento da internet
e novo modelo de comunicação rápido, fácil e eficaz, houve, consequentemente, um surgimento
gigantesco de blogs e Comunidades Virtuais. Assim, a internet quebrou barreiras territoriais ao
mesmo tempo que gerou novos ambientes de interações, identidades, práticas e laços sociais.
Desse modo, muitos internautas começaram a formar grupos ou comunidades de pessoas com
interesses em comuns o que propiciou organizações que se comunicam por meio de chats, e-mails
ou websites. Os Blogs surgem da necessidade, principalmente, da expressão de ideias individuais
ou coletivas e as Comunidades Virtuais emergem em um momento de necessidade de formação
de grupos sociais que compartilham algo em comum, isto é, compartilham uma identidade
dentro da esfera digital. Assim, é necessário entender como a comunicação na Blogosfera e nas
Comunidades Virtuais no ciberespaço se constituem ao se mostrarem novos espaços públicos
de comunicação totalmente diferentes das formas de interações vistas anteriormente. Conforme
isso, o trabalho possui como base teórica primordial o capítulo “A Blogosfera e as Comunidades
Virtuais: Uma breve abordagem teórica” do livro “Cibercultura e Literatura, Identidade e Autoria
em Produções Culturais Participatórias e na Literatura de fã (fanfiction) do Neves (2014), o
livro “A conversação em Rede” da Recuero (2014) e o livro “Modernidade e Ambivalência” de
Bauman (2003). A metodologia é essencialmente qualitativa, dependendo exclusivamente da
interpretação do pesquisador, e se concentra em estabelecer e pontuar uma breve relação entre os três
teóricos citados, relacionando as teorias em suas semelhanças no que diz respeito à interação e
comunicação em Blogs e Comunidades Virtuais. A pesquisa é pertinente para o campo de estudos
dos Gêneros Digitais assim como oferece subsídios para investigações futuras no campo da
Linguística da Internet.
Palavras-chave: Blogosfera; Comunidades Virtuais; Gêneros Digitais;
RESUMO: Com a era das comunicações virtuais e a inserção das redes sociais nos estudos
linguísticos, é importante a pesquisa acerca da linguagem, uma vez que a internet pode ser tratada
como um corpus linguístico. “O mundo online está sendo constantemente escrito, seja na forma
de sites de um único autor ou redes sociais escritas colaborativamente” (BARTON; LEE,2015).
O presente trabalho propõem analisar os recursos da coesão na construção dos aforismos
postados no Facebook, buscando descrever as características linguísticas mais comuns das lexias
complexas denominadas de fraseologismos que se configuram como fenômenos linguísticos
na Internet. A metodologia é qualitativa pautada no pressuposto ontológico do fenômeno em
que “nos permite uma análise melhor e qualificada para a interpretação dos dados coletados”
(CHIZZOTTI, 2016). Temos a fenomenologia como método de apreensão da realidade, pois nos
possibilita compreender o papel dos elos semânticos junto à fraseologia nas postagens da rede
social escolhida, locus da nossa investigação. Para a coleta de dados temos a construção de um
corpus, a partir da seleção de 06(seis) postagens publicadas na linha do tempo do Facebook. A
abordagem teórica utiliza os estudos na Linguística Textual, analisando as fases que ela possui
para apresentar como se iniciaram os estudos dos fraseologismos. A linguística textual e a análise
da sociointeração, desenvolvem uma série de argumentos mostrando como os textos são mais que
simples formas. “Escrever não é fazer frases isoladas ou combinar formas apenas, mas produzir
textos que sejam compreensíveis” (ANTUNES, 2005). Isto significa que escrever é oferecer algo
para ler. Os teóricos selecionados que deram as bases neste trabalho são, dentre outros, com os
estudos sobre Lexicologia (BIRDMAN,2005); com os estudos sobre a língua, a coesão do texto,
procedimentos e recursos da coesão (ANTUNES,2005); com os estudos sobre Linguística Textual
(MARCUSCHI, 2012); com os estudos sobre a Linguística da internet (BARTON; LEE,2015 e
CRYSTAL,2008) e com abordagens em cibercultura, ciberespaço, hipermídia e espaços digitais(
LÉVY,1996). Os resultados da pesquisa contribuirão para ampliar os estudos sobre a Linguística
Textual, sobretudo no que diz respeito a lexicologia, fraseologismo (aforismos) e coesão, como
produto da interação social no ciberespaço que emana saberes históricos, sociais e coletivos.
Também contribuirão para a descrição e análise da língua portuguesa falada no Brasil.
Palavras-chave: Fraseologismos; Recursos da coesão; Linguística da internet.
RESUMO: O elevator pitch é um gênero que tem origem no mundo dos negócios, e consiste em
uma apresentação breve de uma ideia, um produto, serviço ou proposta de trabalho. Deve ser
de curta duração, breve o suficiente para que possa ser feito em uma corrida de elevador, daí a
origem do termo. Devido ao formato breve, e também considerando a relação assimétrica entre
os interlocutores (BOGOST, 2016), o planejamento do pitch deve ser criterioso para que gere
interesse e, no caso de uma seleção acadêmica, leve o candidato para a fase seguinte do processo.
No escopo do programa Inglês para Fins Acadêmicos (IFA), da Faculdade de Letras da UFMG, o
trabalho com esse gênero tem demonstrado sua importância, principalmente em consideração
às iniciativas de internacionalização e mobilidade acadêmica atualmente desenvolvidas nesta
instituição. Seu uso como tarefa para desenvolvimento de habilidades orais em língua inglesa no
contexto acadêmico relaciona-se aos achados de Castaneda (CASTANEDA, 2013), que defende
a implementação de tarefas mediadas por computador para melhor contextualizar o processo
de ensino-aprendizagem. O trabalho ora apresentado, portanto, configura-se como um relato
de experiência sobre o ensino do pitch tal qual empregado no universo acadêmico, isto é, como
critério de seleção em programas internacionais de pós-graduação. Para tanto, apresentaremos
brevemente o gênero em questão e o contexto de ensino no IFA, trazendo tanto exemplos de uso
do pitch como a descrição do processo de elaboração e da execução da atividade baseada nesse
gênero. Ao final, apresentamos também alguns dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos e seus
relatos quanto a essa experiência.
Palavras-chave: Video pitch; Inglês para Fins Acadêmicos; Gêneros digitais.
RESUMO: Com base nos fundamentos de Hyland sobre a concepção de metadiscurso, constata-
se que os operadores metadiscursivos são imprescindíveis na estruturação e eficácia de textos
argumentativos. O Metadiscurso, nessa ótica, é classificado como um conjunto de estratégias
discursivas pelas quais os enunciadores se posicionam no texto marcando suas intenções
comunicativas. Numa abordagem ampla de cunho interacional e dialógico da língua, o texto
passa a ser compreendido como o próprio lugar de interação entre os interlocutores os quais
são vistos como sujeitos ativos que dialogicamente, se constroem e são construídos. Nessa
perspectiva, esse estudo parte de observações de que a metadiscursividade está potencialmente
presente em grande parte dos gêneros digitais, sendo os recursos metadiscursivos de interação
um modo de os enunciadores projetarem suas intenções comunicativas, posicionando-se tanto
em relação aos seus argumentos quanto em relação ao seu leitor. Além disso atrai seus leitores e
indica a atitude do autor com relação as proposições e ao seu público. Considerando essa análise,
constata-se, a partir da análise dos dados coletados, que o metadiscurso exerce, sobretudo, o
papel de ancorar o desenvolvimento de tais estratégias, marcando a organização argumentativa
dos enunciados e a ordem dos argumentos. Portanto, os operadores metadiscursivos apontam um
esforço argumentativo do autor na tentativa de gerar argumentos que sejam coerentes e aceitos
por seus leitores, a fim de se efetivar o papel fundamental da linguagem: a comunicação. A fim
de alcançar tais objetivos, realizamos uma investigação em que analisaremos o uso de operadores
metadiscursivos nos gêneros digitais.
Palavras-chave: Metadiscurso, Gêneros digitais, Interação.
RESUMO: O estudo analisa a representatividade feminina na obra “Dois Irmãos” de Milton Hatoum,
com destaque aos aspectos identitários, culturais e memorialísticos presentes nas relações entre
os personagens. Examina-se a obra, demarcada temporalmente nas décadas de 1920 a 1980, na
região Norte, cujo narrador apresenta a história a partir sua perspectiva, delineando os demais
personagens, vivendo um empasse sobre sua verdadeira origem quando se refere ao seu pai
biológico e a triste condição de sua mãe como empregada doméstica. Assim é problematizado
não apenas a vida dos personagens, seu cotidiano, mas o modo como está constituída a sociedade
da época, então alicerçada pelas desigualdades de gênero, cultura, etc. Dessa forma, é possível
reconhecer um projeto literário construído por Hatoum no qual as representações historicamente
estabelecidas sobre a Amazônia são desconstruídas e imbuídas de novos significados e por
sujeitos que reconstroem paradigmas relacionados à religião, trabalho, relações familiares, sociais
e culturais. Assim, no tocante a questão da representatividade de gênero, considera-se a forma
como as personagens se portam em face aos padrões vigentes de feminilidade ou masculinidade a
eles designados e encarnados nos papeis sociais, seja enquanto mães, esposas, irmãs, subalternas,
etc., bem como interações entre mulheres e homens dos quais estão envolvidos por conflitos
de várias ordens tanto materiais quanto emocional/subjetiva numa fundamentação intrínseca
da sociedade e os padrões e normas por ela definidos e estabelecidos a cada sujeito. No que
se refere aos aspectos referentes à memória e identidade, discute-se e utiliza-se uma concepção
veiculada à representação da diferença entre os sujeitos tão bem vista nas relações entre homens
e mulheres de distintas origens e tradições, além de averiguar por essa base mnemônica, como
o multiculturalismo e o hibridismo cultural estão, intrinsecamente, relacionados à formação da
Região Norte, devido tanto à imigração como também à miscigenação, nos quais, sujeitos, pelas
suas particularidades e interações, vão se constituindo na história, assumindo papeis e delineando
a realidade social. Logo, para esta análise, partimos do princípio de que a identidade deve ser
vista como um método em constante deslocamento e movimento, que muitas vezes resulta de
processos descontínuos, problemáticos e instáveis. Dessa forma, tenta-se discutir quais recursos
e estratégias discursivas foram utilizados por Milton Hatoum no processo de construção da
representatividade feminina, da identidade e da memória. A leitura do texto literário foi realizada
a partir de um lugar teórico afinado a uma perspectiva culturalista, identitária e de gênero
tendo como referenciais teóricos autores como: Stuart Hall (2005), Homi K Bhabha (1998),
Joanna da Silva (2015), Santos e Macieira (2013). O estudo decorre de pesquisa bibliográfica
que buscam problematizar categorias como: representatividade feminina, cultura e memória. Há
também um conteúdo empírico como trechos de entrevistas do próprio autor comentando acerca
da composição desta obra bem como suas referências e contribuições durante o processo de
construção da mesma. Consideramos, portanto, que o romance hatouniano ressalta a figura
feminina em meio a grandes dificuldades de relacionamento a enfrentar conflitos através de uma
RESUMO: O discurso embutido nos anúncios molda a forma com a qual o público irá reagir/
se portar diante a sociedade. Através de uma análise semiótica a partir da Gramatica do Design
Visual (GDV) de KRESS e VAN LEEUWEN (2006) e de uma análise de cunho feminista partindo das
teorias de CHIMAMANDA (2013), observaremos de que forma tal discurso influencia no curso
da nossa sociedade. O objetivo desta pesquisa é investigar a importância do letramento visual
na formação política, cultural e cognitiva de um cidadão. Conforme discutido por MACHADO
e LAHM (2012) a semiótica é utilizada como método de análise de dados neste trabalho. Textos
multimodais são importantes instrumentos utilizados em eventos comunicativos, dessa forma,
entender como os mesmos estão semioticamente organizados é importante para a compreensão
do discurso presente nos mesmos. Nessa perspectiva, entendemos a propaganda como uma das
variadas formas de comunicação visual. Uma vez que a língua é um sistema de escolhas (HALLIDAY,
1975), entendemos que todos os elementos verbais e visuais compondo uma propaganda são
de fundamental importância na interpretação do mesmo. Elementos, como imagens, cores,
tamanho, figuras, etc. são definidos de acordo com a necessidade da sociedade diante o produto
sendo anunciado. Os anúncios de bonecos, por exemplo, utilizam de elementos visuais que irão
atrair o público infantil. Beauvoir escreve que precisamos terminar essa ideia de que as mulheres
são inferiores aos homens. Chimamanda debate que uma das formas de erradicar a desigualdade
entre os gêneros é mudando a forma com a qual meninos e meninas são criados. Nesta perspectiva
podemos afirmar que a realidade retratada nos anúncios de bonecos afeta diretamente na forma
com a qual a sociedade vai interagir com os anúncios. Utilizaremos de teóricos como KRESS e
VAN LEEUWEN (1996), CHIMAMANDA (2013), BEAUVOIR (1949), HALLIDAY (1975), ALMEIDA
(2009), entre outros para suster os conceitos aqui discutidos. Entendendo que a comunicação
visual, neste caso em forma de propaganda, envolve uma função social e cultural na nossa
sociedade, é possível afirmar que a ideia vendida nos anúncios de bonecos representa, mesmo
que de forma inconsciente, situações do cotidiano e, com isto, dá-se a ideia de que as crianças que
compram esses brinquedos precisam, de alguma forma, se enquadrar nestes padrões estabelecidos
retratados pelos mesmos. Assim, compreendemos que é necessária uma promoção do letramento
visual para que os leitores/público estejam aptos para perceberem o discurso embutido nos
anúncios.
Palavras-chave: Gramatica do Design Visual; Feminismo; Propaganda.
RESUMO: Maria da Tempestade, romance escrito pelo autor maranhense João Mohana, revela
o contexto de uma época em que os valores familiares tradicionais eram colocados acima dos
ideais de liberdade afetiva e independência. Bárbara, protagonista desta obra literária, mostra-
se uma mulher à frente de seu tempo, já que possui anseios e ideais que não condiziam com
aqueles atribuídos a uma mulher do início do século XX. Nos anos iniciais deste século, ideais
que almejavam conferir mais direitos às mulheres, faziam parte dos discursos em circulação.
Simone de Beauvoir (2016) bem como outras autoras e também ativistas, faziam parte de um
cenário de protestos que buscava garantir maior participação para as mulheres na vida social.
Imersas neste cenário de enfrentamentos, três personagens, três almas femininas, estabelecem
relações conflituosas de poder uma com a outra. Para o filósofo Michel Foucault, a ideia de
relações de poder se apoia no estudo de mecanismos produtores de ideias, palavras e ações.
Para o poder se exercer através de mecanismos sutis, é imperativo organizar, formar e colocar em
circulação um saber (FOUCAULT, 2003). Este trabalho pretende discutir como as relações entre
as personagens Bárbara, sua mãe Elisa e a senhora de vida decadente Cora Mendes, estabelecem
relações que veiculam poder e influenciam na constituição de suas respectivas subjetividades.
Para tanto, os estudos de Michel Foucault, bem como alguns conceitos de análise do discurso
serão utilizados afim de melhor compreender a formação discursiva e a produção de sentidos que
estão em circulação no início do século XX, período em que se passa a narrativa. Para assegurar
uma aproximação entre Literatura e Análise do Discurso, mobilizaremos as pesquisas realizadas
por Dominique Maingueneau acerca do Discurso Literário. Segundo Dominique Maingueneau,
o campo de estudo de uma produção literária constitui-se como um “sistema cujas diversas
instâncias interagem: gênero de texto, intertextualidade, mídium, modo de vida dos escritores,
posicionamento estético, cena de enunciação, temática, etc.”(MAINGUENEAU, 2016) Assim,
busca-se analisar três personagens mulheres que ocupam papéis centrais em Maria da Tempestade
analisando a maneira como o discurso patriarcal influencia suas relações e as fazem exercer poder.
Palavras-chave: Literatura; Discurso; Poder.
RESUMO: Publicado em 1985, o livro O conto da Aia, de Margareth Atwood, tem como plano de
fundo um universo distópico no qual os direitos das mulheres são retirados abruptamente após
a tomada do governo estadunidense. Com a maioria das mulheres inférteis em decorrência dos
efeitos da radiação, a sociedade passa por uma crise de natalidade e as mulheres são segmentadas
em estratos: aias, tias, martas e esposas. Narrado em primeira pessoa, a República de Gilead –
Ex-Estados Unidos da América – nos é apresentada através do olhar de Offred, uma aia, a classe
de mulheres férteis que são entregues às famílias dos comandantes para que possam gerar um
filho. Nesse universo ficcional com tantas violações às garantias individuais femininas, os corpos
são constantemente submetidos e vilipendiados em prol da manutenção de um Estado produto
do golpe de uma bancada fundamentalista, o qual encontra todo o seu embasamento no Velho
Testamento Bíblico. Ao longo do enredo, percebe-se como os corpos das mulheres configuram- se
como espaços de poder dos homens, uma vez que as mesmas não possuem sua dignidade humana
respeitada. Percebe-se também que, mais que produzir mulheres em conformidade com a nova
forma de pensar, é importante que ela seja internalizada para que a forma de controle estatal
seja mais efetiva e, assim, se possa identificar, punir e evitar possíveis dissidentes. O presente
artigo busca analisar, através da teoria disciplinar do teórico Michel Foucault, como os corpos
femininos são controlados em Gilead. Para isso, analisar-se-á a conexão entre Direito e Literatura
e a importância desse encontro de áreas do conhecimento para um exame crítico da realidade.
Ademais, o direito ao corpo e exercício da sexualidade a partir dos direitos violados no conto,
bem como o poder disciplinar em toda a extensão da obra, para, por fim, traçar o paralelo das
questões abordadas pela autora com a sociedade atual.
Palavras-chave: Teoria Disciplinar; Controle Feminino; Conto da Aia.
RESUMO: O texto vem problematizar os ataques sofridos pela História, quanto sua estrutura
narrativa e epistemológica de referência ao real e ao vivido. Entende-se, pois, que o discurso
pós-moderno, assentado na figura do historiador estadunidense Heyden White, retira do locus
historiográfico seu comprometimento à uma realidade exterior ao texto, uma vez que reduz a
escrita da História à um mero constructo literário e fictício. A História, nesse viés, é entendida
como discurso não científico, na medida em que sua operação não é submetida a nenhum método
comprobatório. A história, portanto, se caracteriza por um pensamento “literário” ou até mesmo
“mítico”, uma escrita que busca abstrair o passado, mas que não passa de uma construção
narrativa e imaginativa. O autor então classifica as diferentes escritas da história em diferentes
gêneros narrativos, a saber, a tragédia, a sátira, a comédia, e a estória romanesca. Nesse sentido,
as contribuições do filósofo francês Paul Ricoeur serão de extrema importancia para esse debate,
além de uma possivel saída para a problemática relação entre história e ficção, pois formula
uma mediação concreta entre tempo e narrativa, a partir das noções de tempo narrado e tempo
vivido. Dessa maneira, em Ricoeur, a narrativa histórica não se refere ao vivido, não demonstra o
que realmente se passou no pretérito, mas antes, faz referência a ele e retorna a ele como prática
transformadora de sentidos no presente escrito. Em sua obra Tempo e Narrativa, Ricoeur tenta criar
uma nova leitura, dinâmica e totalizante, no âmbito da construção narrativa do texto histórico,
assentado na tensão temporal da alma, de Santo Agostinho, e a chamada intriga lógica, de
Aristóteles, aparentemente contraditórias inicialmente. Desse modo, Ricoeur vem apresentar o
que ele chama de “dialética viva” como ponto de compreensão do fazer histórico. O presente
artigo, portanto, vem tentar refletir mais a fundo essas questões, tendo por base as principais
obras desses autores.
Palavras-chave: Paul Ricoeur; Heyden White; Narrativa histórica.
RESUMO: Este estudo pretende demonstrar a importância do Patrimônio Cultural Imaterial nos
mitos e lendas da cidade de Barreirinhas-MA, a fim de evidenciar a importância e o respeito
pela preservação da identidade e memória cultural, no âmbito da literatura e da cultura popular
barreirinhense. Isso porque mito perpassa por gerações, atravessando os séculos, vislumbrando
os pensamentos e a cultura dos povos, aspectos que identificam o seu modo de observar
tanto a realidade como a memória das pessoas no mundo, marcando assim a sua identidade.
E essas histórias de monstros, deuses, bichos e heróis, narrados por pessoas maiores de idade,
consideradas as mais sábias da comunidade, fazendo com que as crianças e jovens escutem
atentamente e, aos poucos, entrem no mundo fantástico, que envolve a memória na ordem do
universo da descoberta dos mitos e das lendas. O estudioso Halbwachs (2006) acentua que a
memória cultural de um povo é o maior legado que a população pode possuir. Considerando a
tradição oral a responsável pela comunicação e divulgação no mundo, defendendo e conservando
a riqueza imaterial e cultural de um povo. Segundo Barthes (1987), um dos maiores estudiosos
sobre o imaginário popular, mito é uma fala, entretanto, não é considerada como uma fala
qualquer. Ainda seguindo o mesmo pensamento, tem-se a abordagem teórica de Chauí (2003)
que avalia o mito como uma narrativa, uma fala ou um relato que aborda questões acerca da
origem dos indivíduos, do mundo, das afinidades entre o homem e seus deuses, entre outros.
Tudo isso faz parte da cultura de diversas localidades, e Barreirinhas também pode ser incluída já
que revela também o jeito como as pessoas se relacionam e conectam ao passado e à tradição,
dando prosseguimento à existência. Histórias como a “Mãe D’água, Cabeça de cuia, O Cavalo do
Bexigoso, O Peixe Encantado, Cabeça de Cavalo, O Menino do Igarapé, Baú de ouro, Lenda dos
três Coqueiros, O Gritador, Lobisomem, O Menino Encantado, Mito das Benzedeiras, O Menino
Preto, Lenda do Boi” são a forma principal de transmissão e preservação do conhecimento da
cultura do povo barreirinhense, que vêm lutando, com o passar dos tempos para divulgar suas
histórias pelo meio das gerações, assim como ao mundo através da comunidade e dos guias de
turismos que divulgam aos visitantes.
Palavras-chave: Mito; Lenda; Memória.
RESUMO: A máquina se faz assustadora pelo simples fato de existir. O imaginário do ser humano
cria múltiplos cenários nos quais a mera existência dos produtos da tecnologia em nosso convívio
resultarão na possibilidade de diversos problemas, fazendo assim que o homem esteja em estado
de constante vigilância em sua presença. A tecnofobia vai bem além do mero medo desmotivado
pela tecnologia, ela é um discurso que constrói uma imagem negativa sobre a tecnologia,
consolidando-se através de acontecimentos históricos, e criando (principalmente nos sujeitos que
já tiveram experiências negativas com a mesma ou a desconhecem verdadeiramente, somente tendo
escutado sobre suas consequências) uma identificação negativa com a mesma. Os tecnofóbicos
pegam exemplos na história da humanidade que demonstrem que a influência da tecnologia na
vida humana não é tão benéfica como se imagina para alertar sobre os perigos advindos do seu
uso indiscriminado. O presente estudo pretende investigar a presença de tecnofobia nas palavras
e atitudes da personagem viúva, no conto O carioca da escritora paulista Dinah Silveira de Queiroz.
Neste conto é apresentado o relacionamento entre uma viúva e um roboticista, demonstrando
como se desenvolve a convivência entre a primeira e o seres artificiais criados pelo segundo,
além de sua repercussão na vida da protagonista que antes não tinha contato nenhum com
máquinas dotadas de certa independência. Como suporte teórico, utilizar-se-ão principalmente
as proposições de pesquisadores e críticos como Alberto Cupani (2017), Edward Tenner (1997),
Isaac Asimov (1984), Stuart Hall (2006) e outros.
Palavras-chave: Literatura. Ficção científica. Tecnofobia.
RESUMO: O que pretendemos investigar impõe-se como reflexão crítica das palavras de Hesíodo
em Teogonia: a origem dos deuses, poeta pastor que incorporado pela palavra numinosa, colocado
no caminho das musas, escutou: sabemos muitas mentiras dizer símeis aos fatos e sabemos, se queremos,
dar a ouvir revelações (HESÍODO, 1995). De fato, o que nos é dado saber manifesta, ao mesmo
tempo, o oculto não dito – indizível manifestado no dito da palavra poética revelando a Verdade
como desocultamento. Foi pela experiência poética como experiência fundamental da Verdade
dada aos poetas-pensadores gregos que, pela primeira e definitiva vez revelou-se o poder Ser
da Memória. A palavra grega alétheia nomeia a Verdade como não-esquecimento, no sentido da
experiência de esquecimento não tomada psicologicamente, mas como força e potência de
ocultação, o que é radicalmente diferente da experiência moderna de verdade reduzida a operação
formal de adequação entre o sujeito e o objeto de conhecimento. A dialética ontológico-poética
manifesta, no dito das filhas de Mnemósyne, a Verdade como des-ocultamento. Deste modo,
para compreendermos o sentido profundo dos versos de Hesíodo colocados em questão será
necessário o afastamento da noção moderna de verdade, principalmente quando colocada
como o oposto à falsidade. Como poética das re-velações, as Musas retiram o que sabem do
esquecimento colocando-o hierofanicamente como presença à luz. Enquanto filhas da Memória
as Musas re-velam ocultando, numa dinâmica dialética contínua entre lembrar e esquecer. Seu ser
as constitui como força e potência geradora de memória e esquecimento, seu dito manifesta o
todo em cada parte. Experiência somente alcançável pela palavra poética, aquilo que mais tarde
os filósofos originários (ditos pré-socráticos) denominarão logos. O habitar humano na terra é
poético, pois o humano-travessia é destinatário da memória do Ser que nele se fez linguagem –
verbo – palavra – poesia. Mas como isso pode dar-se, uma vez que, na era da técnica, o Ser como
questão foi esquecido? Que consequência esse esquecimento trouxe? Será próprio da essência da
técnica manifestar-se no esquecimento do Ser? Que resta para a filosofia e para a arte? Que resta
para o pensar e para o poetar?
Palavras-chave: Memória; Esquecimento; Verdade.
RESUMO: A cidade é ativa, dinâmica, habitada por memórias e subjetividades. Corpo social, ela
pode ser pensada a partir de produções discursivas que a constituem. Este trabalho apresenta um
olhar sobre a cidade de São Luís por meio de enunciados que a discursivizam. Nessa perspectiva,
busca avaliar mecanismos enunciativos e discursivos que instituem uma rede de memória sobre a São
Luís turística e hospitaleira (MONTANDON, 2003). Uma pergunta que direciona nossa pesquisa
é: como diferentes dizeres encontrados em distintas materialidades presentes na mídia tecem uma
discursividade a ponto de construir uma memória para São Luís como uma cidade turisticamente
sustentável? Em 1997, São Luís recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade e para
torná-la um destino atraente, o governo local investiu em propagandas a fim de divulgá-la para
o Brasil e o mundo. Nosso objetivo consiste em verificar as regularidades (formações discursivas
que falam nesses espaços e os interdiscursos mobilizados) que se articulam na dispersão dos
discursos que instauram a noção da cidade de São Luís como potencialmente turística por
meio de propagandas divulgadas pelo discurso oficial. Além disso, analisamos acontecimentos
históricos e discursivos como a implantação de monumentos e reformas nos espaços da capital,
realizadas entre os anos de 2015 e 2018 que de forma direta configuram a ideia de revalorização
da “paisagem do passado” (CORREA, 2014) e que, por sua vez, relaciona-se intrinsicamente com
uma “arte de governar” (FOUCAULT, 2012). A partir deste estudo, percebemos que o discurso
oficial, aliado à mídia – dispositivo que funciona como a principal fonte motivadora da produção
turística – entende a importância de trazer, a todo o momento, à memória do paisano a ideia,
e consequentemente a sensação por meio de um conjunto de estratégias linguísticas, de que
ele é parte de uma cidade patrimônio e histórica. Nosso trabalho está vinculado a um projeto
intitulado São Luís Patrimônio Cultural da Humanidade: a dualidade da interação entre turistas e o espaço
da cidade (PIBIC - CNPq) que propõe como objetivo identificar que imagens a mídia vende sobre
São Luís através de propagandas oficiais (governo do estado do Maranhão e prefeitura de São
Luís) para o turista, e é resultado das leituras e discussões realizadas no Grupo de Pesquisa em
Linguagem e Discurso do Maranhão – GPELD, do Departamento de Letras-UFMA.
Palavras-chave: Cidade; Memória; Discurso.
RESUMO: ¿Qué sucede cuando una obra literaria se opone y resiste a un estado totalitario?
Intentar responder esta interrogante es la finalidad de este trabajo. En octubre de 1968 la Unión
de Escritores y Artistas de Cuba (UNEAC) anuncia el veredicto del premio nacional que este
organismo convoca cada año. Para ese entonces un jurado internacional elige como ganador en
el género de poesía el libro titulado “Fuera del juego” cuyo autor es Heberto Padilla. Sin embargo
el libro de Padilla fue criticado por la oficialidad literaria de la isla de valerse del lenguaje ambiguo
que le permite la poesía para atacar a la revolución, exaltando a su vez el individualismo propio de
una ideología burguesa. Tres años después de la entrega del premio, en 1971, Heberto Padilla es
encarcelado al ser acusado de estar involucrado en actos subversivos y por criticar públicamente
y en privado a la revolución cubana. El poeta permaneció 38 días en prisión y una vez puesto en
libertad fue obligado a leer públicamente un documento redactado por oficiales de seguridad del
estado, documento conocido como “La autocrítica”. Todos estos sucesos fueron conocidos como
“el caso Padilla”. A través de los postulados teóricos sobre los estados totalitarios de (Arendt,
1974) y (Todorov, 1993), analizaremos la obra de Padilla no sólo por su valor estético sino
también por su capacidad de inducir valores éticos mostrando la operatividad de una maquinaria
autoritaria que busca coartar valores fundamentales como la libertad de expresión, la diversidad
de pensamiento en lo político, en lo social, en lo cultural y económico. Padilla al hacer desde su
obra una crítica a quienes ejercen el poder político en su país y en especial al líder autoritario, está
alertando a sus conciudadanos a resistir y oponerse a esa práctica política, funcionando su obra
como un poder contrario al poder totalitario, siendo ella un ejemplo de compromiso con los más
altos valores humanos como la libertad y el libre albedrio.
Palavras-chave: literatura, experiencia totalitaria, estado totalitario, crítica, ética.
RESUMO: Pêcheux (1999) destaca o discurso como principal elemento na construção da imagem
do sujeito, substanciada na historicidade, em ideais sociopolíticos e ideológicos, pois entende-se
que não há discurso sem sujeito nem sujeito sem ideologia (ORLANDI, 2012). É nessa conjuntura
teórico-epistemológica que se pretende, em um gesto de leitura, compreender o movimento
do político da/na linguagem, tendo como corpus três cartuns publicados pelo jornal Folha de
S.Paulo acerca das manifestações populares ocorridas em junho de 2013 no Brasil. No arquivo,
a forma como os protagonistas são construídos nas imagens situa a análise das composições
visuais à memória do dizer, a qual tem associação direta com as relações de poder inscritas no
discurso materializado pelas produções dos cartunistas no jornal, e estas constituem condições
de visibilidade às manifestações contemporâneas. Nosso empreendimento enfoca principalmente
o modo como os protagonistas desse acontecimento são construídos, e o procedimento
de análise será intercambiado pelo papel da memória nessa (re) formulação da imagem do
sujeito manifestante bem como as condições de produção do discurso, a partir da remissão do
intradiscurso no interdiscurso para compreender as posições-sujeito a partir das quais se enuncia
nestes exemplares da Folha. Nesse sentido, o discurso a ser observado no arquivo é, por vezes,
cristalizado, tornando o acontecimento despolitizado, uma vez que a circularidade da significação
já se encontra no imaginário discursivo da sociedade. Assim, o arquivo mostra diferentes
materialidades, que produzem um acontecimento, significando uma intersecção entre a memória
discursiva e a atualidade, que ajudam a constituir uma nova interpretação sobre um evento
histórico (ORLANDI, 2012). Nesse contexto, os cartuns produzem efeitos de sentido responsáveis
por reconfigurar, (re)formular acontecimentos, tornando-os outros na atualidade, fazendo surgir
uma historicidade constitutiva (ORLANDI, 2012). Assim, torna-se relevante compreender como
as ações dos manifestantes trazem à tona um passado reconfigurado, a partir do recorte, da
busca pela memória discursiva silenciada na superfície da produção imagética. Nota-se, assim,
contribuições de como ver a língua em seu funcionamento e como esta se materializa na ideologia,
para compreender que o sentido não é dado nas palavras, mas construído pela/na história, pela
memória discursiva e pelo contexto de uso da língua. Esta pesquisa torna-se, pois, relevante por
visar a uma análise para além da superfície discursiva, a partir da contribuição de autores como
Courtine (2009), (2006); Guilhaumou; Maldidier, 2014); Indursky (2003), (2013), (2015); Orlandi
(2006), (2008), (2012), (2014), (2015), Pêcheux (1999, 2009), entre outros caros à discussão.
Palavras-chave: Memória; Discurso; Sujeito manifestante.
RESUMO: Nas trocas comunicativas diárias, o homem produz sentidos por meio das diversas
práticas interacionais, quer pelo texto verbal ou pelo texto não verbal. Nas práticas interacionais,
estão presentes os discursos - materializados por meio do texto, um som ou uma imagem - que
não são individuais, mas resultam da interação entre os sujeitos sociais, a história e as ideologias
(CUTRIM, CRUZ, ARAUJO, PEREIRA, 2015). Entre o discurso e o texto estão os gêneros, que são
modelos correspondentes a formas sociais reconhecíveis nas situações de comunicação em que
ocorrem (MARCUSCHI, 2008). Nesse sentido, temos o texto publicitário ou propaganda (termo
mais abrangente) - utilizado para vendas de um serviço, um produto ou uma marca (MEDEIROS,
2008) - que utiliza diferentes recursos linguísticos, tais como a referenciação, em sua constituição.
A referenciação é o processo de construção de referentes (objetos do discurso). Durante essa
construção, os referentes (entidades abstratas, mas materializadas no texto por expressões
referenciais) passam por recategorizações, isto é, acréscimo de novas informações que promovem a
progressão do texto e também colaboram para a coerência nas práticas comunicativas. O processo
de referenciação ocorre por negociação, pois depende da dinâmica do discurso, da situação em
que este é produzido e do conhecimento de seus interlocutores. (CAVALCANTE,2014). Além disso,
o processo de referenciação, utilizado na construção dos referentes dos textos publicitários, pode
revelar identidades instáveis, construídas e reconstruídas por meio das relações estabelecidas em
sociedade num processo dinâmico e inacabado de construção. (HALL,2006). Este trabalho tem
como principal objetivo investigar como os discursos, relacionados à identidade feminina, são
construídos no texto publicitário apor meio da referenciação. Para tal, analisaremos propagandas
pertencentes a diferentes esferas do espaço feminino: propagandas de produtos de limpeza, de
cosméticos e de cerveja.
Palavras-chave: Discurso; Referenciação; Identidade.
RESUMO: Esta comunicação propõe apresentar uma análise sobre o romance Pedro Páramo, do
escritor mexicano Juan Rulfo. A obra é um romance latino-americano, da segunda metade do
século XX, na qual colocamos o foco em Comala, espaço onde ocorre toda a narrativa. Nesta
aldeia fictícia criada pelo escritor hispano-americano, encontramos indícios de que Comala não
é um lugar comum, dado que acontecem eventos que poderíamos denominar de sobrenaturais.
Estes acontecimentos paranormais e de índole obscura, fez-nos pensar que as aplicações destes
elementos foram colocadas para dar ao leitor a ideia de que Comala representa o inferno. Assim,
podemos fazer um elo entre o inferno/Comala e uma nação mexicana do início e meados do
século XX, mergulhada em guerras civis, mortes e repreensão de todas as naturezas imagináveis.
Para a construção deste trabalho utilizamos as pesquisas de ELIADE (2002) dentro do campo da
antropologia cultural para entender a relação do homem com a terra; ALVES (2015) para conhecer
de maneira mais eficiente o vínculo singular que há entre os mexicanos e a morte; ZIERER (2003)
para uma melhor compreensão do inferno e como este espaço foi sendo construído até chegarmos
ao conceito de inferno baseado na cultura judaico-cristã; LOMNITZ (2006) que serviu de apoio
para um entendimento mais apurado dos problemas políticos e sociais do México e dos povos
hispano-americanos como um todo. Nesse sentido, o estudo buscou analisar Comala como o
inferno representado em Pedro Páramo. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de
cunho qualitativo. A fundamentação teórica nos ajudou a compreender que Pedro Páramo é um
romance altamente apegado às particularidades de uma pátria em ruinas, mas que, por meio de
narradores post-mortem, propõe a construção de um grande relato nacional mexicano relacionado
à revolução, rompendo, desta forma, o silêncio de um povo ansioso por mudar o rumo da história.
Palavras Chave: Inferno; Literatura Mexicana; Representação.
RESUMO: Este estudo propõe uma reflexão sobre o ensino de língua portuguesa no que tange à
gramática normativa. Nosso objetivo é compreender como se dá o ensino da gramática normativa,
desde as práticas conservadoras até as novas tendências metodológicas, em especial as propostas
de ensino por meio de uma gramática contextualizada. Tal estudo se justifica pela relevância e
enorme presença que a gramática normativa tem na educação básica brasileira, haja vista que ela
é trabalhada desde os nos nove anos do ensino fundamental e nos três anos do médio. Baseando-
se nos pressupostos teóricos, principalmente de Geraldi (1997), Travaglia (2009), Antunes (2003),
Dionísio (2010), pretende-se alcançar o objetivo proposto e ainda demonstrar a importância da
teoria do ensino de gramática dentro da linguística, e seus benefícios na formação dos futuros
professores de língua portuguesa. Segundo os estudiosos, a explanação do conteúdo gramatical
pode ser realizada de duas formas: (i) a apresentação dos conceitos gramaticais e (ii) estudo dos
conceitos gramaticais por meio de textos. Considerando esses métodos, podemos inferir que o
conhecimento sobre as formas de ensino da teoria gramatical pode auxiliar o professor em seu
trabalho, pois especifica o que deve ser ensinado, formas de ensinar, e mostra também normas
metodologias de ensino que ultrapassam as práticas conservadoras, ao transformar o ensino
de gramática em algo contextualizado. Para demonstrar os métodos de ensino de gramática
normativa foi realizada uma pesquisa em uma escola de educação básica durante o período de
estágio obrigatório dos autores deste trabalho. Nesse período, observou-se as formas de ensinar
do professor e realizou-se atividades aplicando as proposições de um ensino baseado na gramática
contextualizada. Como a pesquisa ainda está em andamento, não é possível explicitar todas as
etapas e os resultados obtidos. Ainda assim, percebeu-se o maior interesse e engajamento dos
alunos com um ensino mais contextualizado que um meramente prescritivo. Isso mostra que
ale de beneficiar o professor, novas metodologias de ensino não só impactam no processo de
aprendizagem, como também contribuem para a construção de uma nova visão de estudo de
língua portuguesa que os alunos possuem.
Palavras chave: Gramática Normativa; Métodos de Ensino; Gramática Contextualizada.
RESUMO: Muitos alunos tem o costume de dizer que não gostam de disciplina de língua
portuguesa e que não sabem falar português. Tais afirmações advêm da relação que eles fazem
da disciplina com o conteúdo de gramática normativa. Conforme Mendonça (2000), nas aulas
de língua portuguesa era comum o ensino de ortografia de palavras pouco comuns ou complexas
do ponto de vista da grafia, já nas séries iniciais, coletivos incomuns no uso cotidiano da língua
e análises morfossintáticas exaustivas de frases, cujas palavras e expressões eram dissecadas em
suas classes gramaticais e funções sintáticas. Essas práticas não atraem os alunos, que acabam
não desenvolvendo interesse pelos estudos da língua. Além disso, esse tipo de ensino não garante
um bom desempenho linguístico, como constatam inúmeros problemas de compreensão e de
produção textual apresentados pelos alunos. Pensando nesses e em outros aspectos, autores como
Geraldi (1997), Antunes (2003), Dionísio (2010) e Koch (2005), propõem um ensino de gramática
relacionado ao texto e as práticas sociais, uma gramática contextualizada. Logo, este estudo
faz parte de uma pesquisa conjunta sobre a utilização da gramática contextualizada como uma
estratégia de ensino inovadora, em contraposição aos as práticas conservadoras já estabelecidas.
Tal pesquisa se justifica pela relevância e enorme presença que a gramática normativa tem na
educação básica brasileira, haja vista que ela é trabalhada todas as etapas da educação básica. O
estudo tem como objetivo principal demonstrar como novas estratégias do ensino de gramática,
utilizando uma perspectiva linguística, pode contribuir para formação dos futuros professores
de língua portuguesa. Esta pesquisa tem cunho bibliográfico e se baseia nas afirmações de
Mendonça (2000) para justificar a importância de um ensino de gramática contextualizado,
pois, segundo essa autora, a ineficiência do ensino de gramática para a formação de leitores e
produtores de texto apontou a necessidade de outra forma de se encaminhar o ensino de língua
materna, especialmente no tocante à análise da língua. Por isso, a alternativa mais produtiva para
a obtenção de melhores resultados, conforme a autora, seria integrar os três eixos básicos de
ensino da língua – leitura, produção de textos e análise linguística.
Palavras chave: Gramática Normativa; Métodos de Ensino; Gramática Contextualizada.
RESUMO: Em uma sociedade visiocêntrica, como a atual, sequer os livros utilizados pelos escolares
escapam da abundância imagética. A presença de imagens, gráficos, tabelas, mapas, ícones etc,
em geral bastante coloridos, pode constituir-se entrave no processo de aprendizagem de alunos
com deficiência visual, objeto desta pesquisa. Para auxiliar alunos de escolas públicas que sejam
pessoas com deficiência visual (PcDVs), o Ministério da Educação e Cultura promove, no âmbito
do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e Programa Nacional da Biblioteca Escolar
(PNBE), a edição de livros acessíveis produzidos em formato Daisy (Digital AccessibleInformation
System). As imagens nesses livros são audiodescritas para serem lidas pelo leitor de tela. O
corpus desta pesquisa é composto das imagens constantes nas capas introdutórias das unidades
dos livros didáticos, em formato mecdaisy, da série Way to go, para ensino de língua inglesa. As
imagens apresentam pinturas de artistas renomados. Problematizo se as audiodescrições das
imagens artísticas contidas nos livros da série selecionada estão construídas levando em conta
as funções da linguagem visual tais como adaptadas de O’Toole (1994) por Aderaldo (2014),
de modo a possibilitar às PcDVs o acesso ao conteúdo imagético. Dessa forma, a presente
pesquisa, de natureza descritivo-qualititativa, objetiva descrever as imagens contidas na série Way
to GO, propor audiodescrições e compará-las com as ADs contidas no livro didático. Quanto
aos procedimentos, sigo os seguintes passos: no primeiro momento, realizo as descrições das
imagens segundo o modelo semiótico sistêmico-funcional de Aderaldo (2014); em seguida,
apresento propostas de roteiros de audiodescrição com base no mesmo modelo e comparo as
audiodescrições, isto é, aquelas apresentadas na capa escolhida com as audiodescrições que
produzi. Os resultados parciais demonstram, de modo geral, que as audiodescrições editadas no
material didático priorizam a informação representacional e a sequência da informação oferecida
não acompanha a linguagem da composição artística.
Palavras-chave: Audiodescrição, imagens, ensino língua inglesa
RESUMO: Métodos, abordagens, estratégias, técnicas: essas são algumas das palavras que
constituem a história dos vários caminhos traçados na área denominada ensino-aprendizagem
de línguas. Ao longo desse percurso, houve e ainda há uma busca pelo melhor método para
se aprender línguas. Essa história, no entanto, também é constituída por vozes ou propostas
constituídas pela percepção de que, por exemplo, era preciso fazer um deslocamento em relação à
procura ou criação de métodos e pensar não em métodos alternativos, mas em alternativas à ideia
de métodos ou princípios que considerassem demandas, necessidades e experiências locais de
acordo com o contexto social, político e cultural no qual elas estivessem imersas. Materializados
por meio da noção de Pós-Método (Kumaravadivelu, 2006), esses princípios, considerados por
alguns um plano (método) para como se fazer algo (Leffa e Ilara, 2014) e não necessariamente
um deslocamento indicador do fim dos métodos (Bell, 2003), passaram a constituir atividades
e/ou serem percebidos como elementos que podem e fazem parte de abordagens tais como o
Ensino Baseado em Tarefas (EBT) que, segundo Ellis (2003), põe ênfase, a título de exemplo,
nas necessidades dos aprendentes e, de acordo com Kumaravadivelu (2006), pode ser posto em
funcionamento a partir de diferentes perspectivas de ensino de línguas. Considerando-se que o
EBT pode ser útil em contextos nos quais os aprendentes estão em situação de imersão e nossa
recente entrada na esfera do ensino de Português como Língua Adicional (PLA), construímos uma
proposta de sequência didática para o ensino de PLA na qual, além de direcionar a atenção dos
aprendentes para o significado, trabalhamos habilidades linguísticas de forma integrada. Como
forma de organizar a apresentação dessa proposta, fazemos, primeiramente, uma breve discussão
sobre métodos de ensino de línguas. Em seguida, direcionamos nossa atenção para o que se
convencionou chamar de “Era” ou Pedagogia Pós-Método. Logo depois, tratamos do Ensino
Baseado em Tarefas, apresentando algumas de suas características, críticas feitas a ele e alguns
tipos de tarefas. Por fim, apresentamos a proposta de sequência didática.
Palavras-chave: Ensino de línguas; Ensino Baseado em Tarefas; Português como Língua Adicional;
RESUMO: Sabemos que as atuais propostas de ensino de Língua Portuguesa priorizam o estudo
dos fenônemos linguísticos a partir da produção e análise dos diversos gêneros textuais que
circulam, atualmente, na sociedade. No que tange ao estudo e produção dos gêneros orais no
ambiente escolar é perceptível que esses gêneros têm ganhado pouco espaço no ensino de Língua
Portuguesa (ANTUNES, 2003), isso tem favorecido e priorizado um ensino preocupado apenas
com o (re)conhecimento das nomenclaturas gramaticais e com a produção textual na modalidade
escrita. Antunes (2003) afirma que há um grande equivoco em se pensar que, por fazer parte do
nosso dia a dia, os gêneros orais não devam ser trabalhos em sala de aula. Os PCNs (1998), por
sua vez, orientam que esses gêneros sejam trabalhados a fim de levar o aluno a desenvolver outras
habilidades como a criticidade em relação ao que está sendo dito pelo outro e por ele próprio.
A partir do material didático FTD Sistema de Ensino – 6º ano / Ensino Fundamental, este trabalho
se propôs a realizar uma breve análise sobre as metodologias aplicadas ao estudo dos gêneros
orais no 6ª ano do ensino fundamental. A escolha desse período letivo se deu devido ao fato
de que esse é o momento em que os alunos adentram ao chamado Ensino Fundamental maior.
Através deste estudo buscamos ver quantos e quais são os gêneros orais abordados durante todo
o material e as metodologias que foram aplicadas para o desenvolvimento de cada um deles. Ao
final das nossas análises ficou perceptível que as autoras do referido material dialogam com os
atuais pressupostos teórico-metodológicos para o ensino de Língua Portuguesa. O material faz
uso de estratégias que visam trabalhar a autonomia dos alunos e também a do professor; além de
desenvolverem um trabalho significativo no trato com os gêneros orais em sala de aula.
Palavras-chave: Material didático; Metodologias; Gênero oral.
RESUMO: O ensino de línguas estrangeiras (LE) mudou muito nos últimos tempos. Adquirir
conhecimento sobre uma LE nos dá a impressão de que a educação está atingindo níveis nunca
antes conhecidos, e essas são conquistas importantes que motivam pesquisadores, alunos e
professores a continuarem buscando mudanças positivas. Infelizmente, ainda há muitos aspectos
que merecem atenção especial e este trabalho problematiza o espaço dedicado à EJA, uma
modalidade de ensino no contexto brasileiro para jovens e adultos que ainda não completaram
sua formação inicial. A LDB é a lei que governa e orienta gestores, professores e alunos de
escolas brasileiras. O ensino de adultos e jovens - EJA foi proposto no Brasil desde 1936, e muitas
transformações aconteceram. Assim, percebe-se que a EJA precisa ter um acompanhamento
detalhado de seus participantes e as dificuldades que enfrentam diariamente. Para esta discussão,
temos que compreender a formação de professores e percebe-se que este não é um processo fácil
ou rápido, mas se bem estimulado o educador possui as ferramentas necessárias para tal feito, e
os Materiais de Ensino podem representar um caminho para a compreensão de todo esse sistema.
Do ponto de vista dos MDs utilizadas em sala de aula, Tomlinson (1998) menciona a competência
da MT, sendo global, localizada e local. O processo reflexivo na formação acadêmica do professor
contribuirá para o sentimento de segurança ao manipular materiais didáticos. Dewey (1933) é
considerado uma influência quando se trata da formação do professor reflexivo. Ele confronta
a prática docente do professor questionando se há apenas repetições de padrões, costumes e
crenças sobre o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, a reflexão torna-se um divisor de
águas no ensino, ao estimular uma pragmática que, segundo o autor, aproxima teoria e prática
da sala de aula, impulsiona o professor a fortalecer os laços de reflexão e profissionalismo, já que
ambos podem andar juntos. O objetivo deste artigo é considerar os Materiais Didáticos (MDs) e
entender como eles são usados em sala de aula. A Escola Pública (EP) é o espaço onde a maioria
da população estudantil do Brasil está concentrada, por isso torna-se evidente a importância de
se pesquisar nesse ambiente e fazer inferências sobre o mesmo.
Palavras-chave: Formação de Professor; Materiais Didáticos; Língua Estrangeira.
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo analisar o ensino de leitura e escrita à luz de materiais
autorais adaptados pelo professor para o seu contexto de sala de aula. Assim, partimos da
percepção das contribuições destes materiais que levam, sobretudo, em consideração o perfil
dos alunos, seus conhecimentos prévios e de mundo, seu contexto social, dentre outros aspectos.
Aliando-os a uma perspectiva contextualizada com base nessas tendências aplicáveis ao ensino de
língua materna. Não obstante a isso, entendemos que o ensino de língua, mais especificamente,
o ensino de gramática, não mais delimita-se às construções pré-dispostas no livro didático.
Sendo assim, esta pesquisa foi realizada a partir da análise de material produzido pela equipe de
professores de língua portuguesa de uma escola conceituada da rede particular de Teresina para
as turmas de 9º ano do Ensino Fundamental, como também, a partir da percepção de como esta
postura de abordagem contribui para o ensino de língua de modo efetivo. Vale destacar que,
entendemos por material autoral, os materiais diversos que o professor elabora para utilizar em
sala, especialmente, quando se busca reconhecer outras contribuições além do livro didático Os
teóricos que alicerçaram o desenvolvimento da pesquisa são: (KOCH,2002); (KLEIMAN,2007);
(SOARES,2012), entre outros. Contudo, percebemos que este método de ensino além de ensinar
gramática de forma que foge a padrões engessados de ensino, também é responsável por ampliar a
competência comunicativa dos alunos, auxiliando em relação às habilidades de leitura, produção
escrita e domínio dos aspectos formais da língua na sua versão normativa. Além disso, sabemos
há a necessidade de ações urgentes no sentido de reparar a lacuna existente no que se refere ao
domínio de leitura e escrita e ao conhecimento da língua em sua variedade padrão. Assim, fazer
com que os alunos sejam competentes usuários da língua nos diversos contextos das demandas
sociais é o nosso maior desafio enquanto educadores e formadores de cidadãos.
Palavras-Chave: Leitura; Escrita; Ensino de Língua Materna.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo a análise da presença do fantástico no conto Pai
Norato, do escritor goiano Bernardo Élis, a fim de demonstrar o insólito sertão goiano como um
ambiente propício para o habitar das criaturas marginais e místicas. O sertão goiano, durante
muito tempo foi visto como um lugar ermo e sem leis, procurado pela escória social como um
refúgio. Nesse lugar distante da civilização não existiam regras e cada um sobrevivia ali a sua
maneira. Para a população dos grandes centros urbanos o ermo sertão goiano era habitado por
criminosos foragidos da justiça, morféticos, e todos os tipos de desajustados sociais. Era um
lugar inóspito e os que se aventurassem a adentrá-lo não mais retornariam, pois haviam acabado
de assinar a sentença de morte. Essa visão preconceituosa perdurou por vários anos devido à
ausência da ação do governo nessas terras. Somente com a construção de Brasília, nos anos 50,
e com a mudança da capital do estado de Goiás para Goiânia é que o sertão goiano começou
o seu processo de desenvolvimento. Pai Norato, o personagem principal do conto, cujo nome
é o mesmo, é um homem que no passado comete um crime e para escapar da punição foge
para o sertão, de onde não sai mais. Nesse ambiente, isolado da civilização, Pai Norato torna-se
“outra pessoa”, uma espécie de curandeiro ou, para alguns, santo, monge. Ele adquire “poderes”
e consegue dominar os bichos da mata e até curar doenças ou mesmo matar. Os poderes de Pai
Norato estão relacionados a sua castidade e ao ambiente no qual ele está inserido. Não há uma
explicação racional, lógica para a aquisição dos poderes por Pai Norato, a castidade por si só não
traz poderes, sendo assim a aquisição dos poderes ocorre de modo extraordinário, fantástico. Não
há uma busca por respostas, por explicações, as pessoas que procuravam Pai Norato acreditavam
que ele podia ajudar e isso já era o suficiente. Segundo Todorov (1992) o fantástico ocupa essa
incerteza, tem-se um homem real que se encontra frente ao inexplicável.
Palavras-chave: fantástico; sertão goiano; Pai Norato, Bernardo Élis.
RESUMO: O presente trabalho objetiva analisar a obra “Teoria Geral do Esquecimento”, do escritor
angolano José Eduardo Agualusa, no que tange os aspectos relacionados à identidade, memória e
espaço, sob o olhar da Geografia Humanista Cultural. Este eixo da geografia parte da perspectiva
de experiências pessoais para traçar a relação do homem com o espaço, trabalhando com
dualidades tais quais topofobia/topofilia e espacialidade/apinhamento, ambos presentes na obra
em questão. Com relação ao romance, podemos observar que, Ludovica, personagem principal
da narrativa em análise, se trata de uma jovem de nacionalidade portuguesa que por questões
familiares se vê obrigada a morar na África por vários anos. A moça vive por cerca de três décadas
trancada em um apartamento em Angola, destinado apenas a colonizadores portugueses, onde
vivencia de longe, o curso das guerras de libertação angolanas, que, embora tenham começado na
década de 1960, foi necessária mais de uma década de luta entre movimentos de libertação e os
colonizadores para que o país, finalmente, conseguisse sua libertação em novembro de 1975 cujos
resquícios, perduraram até meados de 2002.Tendo em vista esses elementos, podemos refletir que
o panorama político do país tem forte relação com as obras literárias, retratando o espaço social
e os anseios do homem africano/angolano intervindo diretamente na construção e na percepção
da narrativa, dessa forma a paisagem/espaço é um aspecto indissociável do romance. O estudo
tem como aporte teórico autores que tratam da Geografia Humanista Cultural, como TUAN
(2013), explorando suas reflexões acerca do espaço e lugar, bem como RELPH (2010) que busca
aborda a dualidade entre lugaridade e falta de lugaridade. Ademais, serão abordados aspectos
relacionados à construção da identidade na pós modernidade, cujas reflexões norteadoras partem
dos estudiosos HALL(2015),BAUMAN (2005) e HALBWACHS (1996).
Palavras chave: Identidade; Teoria Geral do Esquecimento; Geografia Humanista Cultural.
RESUMO: Objetiva-se com este trabalho discutir a relação entre espaço e memoria na obra Paisagem
com mulher e mar ao fundo (1996), da escritora portuguesa contemporânea Teolinda Gersão. Para
tanto, pretende-se examinar a relação que a narradora-personagem, Hortense, mantém com os
três principais espaços da trama: a casa, a aldeia e o mar, que estão Interconectados dentro
da obra. Os espaços de referencias são considerados relevantes no processo de rememoração,
ele é caracterizador da ação e está diretamente relacionada á maneira como os objetos estão
dispostos e com o modo de ser das personagens. As lembranças são retomadas através de fluxos
de memoria, devido ao drama interior vivenciado pela protagonista, gerando sentimentos de
angústia e indignação, através dessa narrativa podemos confirmar a teoria de Oziris Borges
Filho quando o mesmo diz que: não é o espaço que influencia a personagem, mas ao contraria
a personagem transforma o espaço em que vive, transmitindo-lhe suas características ou não, é
o que acontece nesse romance a onde Hortence transmite seus sentimentos de tristezas para os
ambientes em que elas esta inserida. A pesquisa é qualitativa, fundamenta na visão de Osman Lins
(1976), sobre espaço na literatura; Gaston Bachelard (1993), Maurice Halbwachs (2006), sobre
memória. Todos os espaços da obra estão impregnados de sentimentos Segundo Lins (1976),
o espaço é caracterizador da ação e está diretamente relacionado à maneira como os objetos
estão dispostos e com o modo de ser das personagens. Assim, pode-se constatar que, na obra em
questão, a rememoração está conectada aos espaços de vivência e que os mesmos estabelecem
funções variadas, a partir das impressões da protagonista. Desta forma, espera-se cooperar
para este campo de pesquisa, de modo a servir de estimulo a outros estudos, com ênfase nessa
perspectiva.
Palavras-chave: Espaço; Memória; Teolinda Gersão.
RESUMO: A morte é um fenômeno universal e tão relevante como a vida. Não admira, pois,
que a morte seja motivo de preocupação dos seres humanos, que podem perante ela assumir as
mais diversas condutas ainda que, ao longo da história, as mudanças de comportamento perante
a morte se revelem lentas e, às vezes, dificilmente perceptíveis. Ao analisarmos a antologia O
monstro e outros contos do escritor maranhense, Humberto de Campos, nascido em Miritiba em
1886, o qual escreveu diversas obras, dentre elas, romances, contos, poesias, crônicas, memórias,
além de ter sido deputado federal do Maranhão, jornalista e crítico, observarmos o quão forte o
elemento da morte se faz presente em toda a obra como um fator social e crucial no desfecho de
cada conto, sendo assim no conto “O Seringueiro”, os sentidos produzidos pela morte, bem como
sofrimento e dor, se tornam imprescindíveis para que compreendamos a história e seu fim. E a
morte, “evento” constituinte do processo de nossas vidas, está presente de formas distintas, em
momentos históricos diferentes, de cada época e o discurso que esta temática representa produz
efeitos de sentido diversificados. Embora tal acontecimento seja algo evitado e ignorado pela
maioria dos indivíduos, faz parte de nossas vidas, pois viver e morrer está intrínseco à existência
de cada ser vivente. Sendo assim, o presente trabalho tem como principal propósito analisar
as condições de possibilidades de emergência de alguns sentidos sobre a morte no conto em
destaque, de Humberto de Campos, e quais discursos os sustentam a partir de algumas reflexões
de Foucault (1972), buscando entre esses estudos o conceito de enunciado e domínios de memória.
Destacando os diferentes discursos que formam as discussões acerca da morte, em diversos
momentos de cada época até a contemporaneidade e suas condições históricas que constituem
a narrativa e seus variados entendimentos, tentando entender por que o autor fala do seringueiro.
Palavras-chave: Morte; Sentidos; Literatura.
RESUMO: Por décadas, o público LGBTQ+ tem sido questionado pelos discursos religioso, científico
e biológico, principalmente no que diz respeito a sua colocação na sociedade. No entanto, mesmo
que desde na década de 30 haja registros das primeiras pesquisas relacionadas a gênero, pode-se
afirmar que ainda são poucos os estudosque formentam e esclarecem a temática. Nesse contexto,
esta pesquisa analisou as quatro únicas reportagens do jornal O Imparcial no ano de 2017 sobre o
público LGTBQ+. A partir de procedimentos metodológicos de análise desenvolvidos pela Análise
do Discurso, verificou-se que o corpus reproduz discursos LGBTQfóbicos.A contribuição desta
pesquisa está tanto no desenvolvimento de uma análise relevante para os estudos em Análise do
Discurso quanto para a compreensão das represálias sociais que a comunidade gay ainda vem
sofrendo pelo discurso da mídia impressa maranhense.
Palavras-chave: discurso, gênero, sexualidade, jornalismo impresso.
RESUMO: O boom industrial e econômico do século XIX possibilitou que o século seguinte fosse
vislumbrado como o começo de uma nova era, principalmente pelo advento de novas tecnologias
que propiciariam ao homem uma melhor condição de vida. No entanto, com o fim da Segunda
Guerra Mundial, a sociedade ocidental tornou-se descrente com as mudanças que outrora foram
previstas, o que levou a humanidade a procurar por respostas mais subjetivas, principalmente após
a manifestação de políticas genocidas e o reconhecimento da efemeridade do corpo biológico. As
dúvidas sobre o que era “ser humano” sempre existiram, mas ganharam maior destaque a partir
dos anos de 1960, com os primeiros estudos sobre a pós-modernidade. Tais estudos apontam
que o sujeito pós-moderno é um ser fragmentado e por vezes manifesta características adquiridas
pelas coisas que tem ou aparenta possuir. Em outras palavras, o indivíduo pós-moderno não
possui uma identidade própria, e por identidade entende-se o fruto das relações do indivíduo com
a sociedade em que está inserido, e está intrinsecamente relacionada com aquilo que é aceito pela
maioria. A pessoa pós-moderna, muitas vezes, busca no outro algo que possa lhe definir, mas
acaba se frustrando por não ser uma pessoa autêntica. Diante do que foi exposto, este trabalho
visa verificar o contexto da identidade (ou a falta dela) em Nosedive, primeiro episódio da terceira
temporada da série britânica Black Mirror. Para tanto, será abordada a relação da personagem
principal, Lacie Pound, com os mundos real e virtual, tendo como aportes teóricos estudos sobre
pós-modernismo e identidade, como aqueles realizados pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman
(2008), Stuart Hall (2006) e Michael Pollack (1992).
Palavras-chave: Pós-modernidade. Identidade. Black Mirror