Você está na página 1de 7

INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS

Interesses Transindividuais (DIFUSOS; COLETIVOS; INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS)

Critérios legais TITULARIDADE OBJETO ORIGEM DA RELAÇÃO EFEITOS DA DECISÃO JUDICIAL


DIFUSO indetermináveis indivisível fática Erga omnes (F.F.)
Ex.: Meio ambiente
COLETIVO Determinadas indivisível jurídica básica Ultra-partes (F.F.)
Ex.: Dir. de certa classe de determináveis
trabalhadores, índios
IND. HOMOGÊNEOS determinadas divisível fática Erga-omnes (F.F. e partes)
Ex.: Dir. do consumidor determináveis

ORIGEM HISTÓRICA

Class actions (ações coletivas): Surgidas no direito medieval inglês (Bill of peace) e
desenvolvidas no direito norte-americano (EUA) do século XIX;

No Brasil:

 Lei 4.717/65 – Lei da Ação Popular (Legitimidade restrita ao cidadão, deixando de fora
entes com robustez processual);

 Lei 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública (MP, Entidades da Adm. Indireta, Associações,
etc);

 Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor (Modifica a lei da ACP para ampliar a
defesa coletiva do consumidor);

 Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente;

 Lei 8.884/94 – Lei de Abuso do Poder Econômico;

 Lei 10.741/03 – Estatuto do Idoso.

OBJETIVO

Facilitar, efetivar a cobrança dos direitos através de uma ação única, decisão única, eliminando
a possibilidade de choque entre diversas decisões exaradas em diversos processos.

ABRANGÊNCIA DAS DECISÕES

 NACIONAL: direito do consumidor;

 SETORIAL: todas as demais (restritas à circunscrição de atuação do juiz que a proferiu).


PECULIARIDADES DA TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA LATO SENSU

 Possibilidade de choque entre interesses coletivos (interesses dos trabalhadores);

 Possibilidade de choque entre interesses individuais e difusos (empresa X


comunidade);

 Direitos transindividuais defendidos de forma coletiva por legitimação extraordinária;

 Hão de ser homenageados os princípios da segurança jurídica e da economia


processual;

LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA PARA A AÇÃO JUDICIAL COLETIVA LATO SENSU

- Anômala

CPC

Art. 3º. Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade.

Art. 6º. Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado
por lei.

Legitimidade EXTRAORDINÁRIA X Representação PROCESSUAL

Promove ação em nome próprio em Promove ação em nome alheio,

defesa de interesse alheio. em defesa de interesse alheio.

Legitimidade extraordinária

Por substituição processual Por solidariedade


Agir em nome próprio na defesa de Conceito do Código Civil
interesse alheio
- Defesa de interesse institucional próprio = legitimação extraordinária (Mas, no caso das ONG’s
é necessário haver pertinência temática);

- MP e DP não podem desistir nem renunciar;

- art. 82, caput, CDC – Legitimação concorrente (extraordinária);

MP na defesa de direitos ind. Homog. Apenas quando houver relevância social ou se tratar de
direito individual indisponível;
09/02/2011 - PECULIARIDADES DO PROCESSO JUDICIAL DE INTERESSES DIFUSOS E DE
INTERESSES COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO

Ações no processo coletivo, em regra, gratuitas (não se paga custas ou taxas judiciais,
honorários de advogado ou ônus sucumbenciais), a não ser que se comprove a má-fé do autor.
Em caso de má-fé, os encargos do processo (TODOS) são devidos;

JUÍZO COMPETENTE – Regra Geral: Juízo do local em que ocorreu o dano. Há modulações
conforme a extensão do dano e os interesses envolvidos;

- Dano sentido para além das fronteiras de uma comarca – qualquer delas será competente,
aplicando-se as regras de prevenção.

- Cancelamento da Súm. 183 – STJ.

- Art. 91, CDC1

- Quando a ação competir à justiça federal – competência do juízo federal cuja competência
abarque o “local do dano”. A circunscrição judiciária, com efeito, não toma em conta as
divisões administrativas territoriais, mas apenas as divisões territoriais jurisdicionais. Assim,
pode, e geralmente sucede dessa forma, ocorrer que uma circunscrição judiciária abranja mais
de um município. A lesão ocorrida em qualquer destes municípios será da competência do
juízo federal que encampe essa localidade.

Vigora o art. 219, CPC2

1 Art. 93. Ressalvada a competência da justiça federal, é competente para a causa a justiça local:

I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do
Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
2Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz
incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.
§ 1º A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.
§ 2º Incumbe à parte promover a citação do réu nos dez dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela
demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§ 3º Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de noventa dias.
§ 4º Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição.
§ 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.
§ 6º Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento.
É possível a tutela CAUTELAR (art. 798, CPC 3) e a TUTELA ANTECIPADA (art. 273 4); Sistema de
tutelas diferidas = tutelas de urgência;

Questão da satisfatividade = também há cautelares satisfativas;

- Tutela antecipatória de cunho mandamental;

TUTELA CAUTELAR TUTELA ANTECIPADA


Pressupostos - Justificado receio (fumus boni - Prova inequívoca da
juris); verossimilhança = probabilidade;
- Fundado receio de ineficácia do - Perigo da demora ou abuso de
provimento final (periculum in direito de defesa;
mora);
- Reversibilidade da tutela;
Efeitos Preserva a coisa Ocorre a antecipação dos efeitos
 O MP e os outros entes legitimados tem poderes requisitatórios e investigatórios
(Prestação de informação em 10 dias. O requisitado não pode recusar-se);

 Não se admite desistência ou renúncia;

 Outros legitimados podem assumir ação abandonada ou na qual ocorreu desistência


do ente autor;

 Decisões podem ter qualquer das cinco cargas eficaciais (mandamental, executiva,
inibitória, condenatória, declaratória);

3Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz
determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da
lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.
4Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção
do resultado prático correspondente.
§ 2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (artigo 287).
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a
qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do
autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e
coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.
§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o
cumprimento da obrigação.
§ 1º Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe
couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
§ 2º Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão
na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 3º Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1º a 6º do art. 461.
 Cabem os seguintes recursos: agravo de instrumento (por natureza tem efeito
suspensivo) e apelação (não possui efeito suspensivo). Em conseqüência temos execução
provisória. Aplica-se tanto a decisões favoráveis ao autor da ação quanto às decisões favoráveis
(que permitem que o dano continue);

 Destinação dos recursos arrecadados com a condenação – fundos fluidos;

 Destacam-se como mais eficazes as tutelas mandamentais e executiva lato sensu;

 Legitimidade exclusiva de quem propôs a ação para executar: prazo de 60 dias, a contar
do trânsito em julgado;

 MP e DP devem executar. Os demais, passado o prazo (60 dias), podem fazê-lo;

 Aplicação de outras medidas (art. 84, CDC 5) – Princípio do menor ônus para o devedor;

16/02/2011 - PECULIARIDADES DO PROCESSO JUDICIAL DE INTERESSE INDIVIDUAL


HOMOGÊNEO

• Ação coletiva de condenação genérica e demais ações coletivas;

- Em virtude da impossibilidade de quantificar o dano a ação é certa, porém ilíquida desde o


início;

• Defesa coletiva do individual;

• Competência;

• Edital convocatório no diário oficial e litisconsórcio;

• Recurso de apelação: apenas efeito devolutivo.

LIQUIDAÇÃO

• Individual

- Ação de cumprimento;

5Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2º A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (artigo 287, do Código de Processo Civil).
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5º Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias,
tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de
requisição de força policial.
- Sempre preferir-se-á a liquidação individual à coletiva;

• Coletiva

- Representação processual;

- Legitimidade extraordinária;

- Prazo prescricional de 1 (um) ano (contado do trânsito em julgado);

EXECUÇÃO

• Individual

- Certidão de sentença;

• Coletiva

- Representação processual;

- Legitimidade extraordinária;

23/02/2011 - COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS

EFEITOS DA SENTENÇA

Interesses Difusos Interesses Coletivos Interesses Individuais Homogêneos

Erga-omnes Ultra-partes Erga-omnes

Exceção: Julgamento improcedente por insuficiência de provas não faz coisa julgada material.
Faz apenas coisa julgada formal.

Assim, havendo nova prova, nova ação com o mesmo objeto e mesmas parte pode ser
intentada.

• Atingigos pela decisão = os titulares do interesse tutelado e os legitimados


extraordinários (obs.: a conseqüência prática disso é que sendo atingidos, caso a sentença seja
de procedência ou de improcedência por outro motivo que não seja insuficiência de prova,
todos ficam impedidos de interpor nova ação com o mesmo objetivo.
• Coisa julgada “secudum eventum litis”

• Coisa julgada “secudum eventum probationis”

• Requerimento de suspensão do processo individual;

- habilitação no processo coletivo;

- prazo preclusivo de 30 dias a contar da ciência da ação coletiva (Hermengardo ressaltou a


falta de segurança jurídica);

- Possibilidades de benefício = dupla possibilidade de êxito

Improcedência do processo coletivo - Pode retomar o processo individual;

• Ação proposta por associação

- Só serão atinigidos os associados e no limite territorial da associação;

- Desnaturação da ação coletiva em individual – feições de litisconsórcio ativo;

• Ação proposta por associação contra ente público

- Juntada de ata autorizativa, de relação de nomes e de relação de interesses.

- A associação atua como representante e não como legitimada extraordinária (MP 2180-
35/2001)

• Limites territoriais da coisa julgada

- Os efeitos são circunscritos apenas ao território abrangido pela jurisdição do juízo prolator da
decisão;

- Exceção: interesses consumeristas;

- Critíca: Há verdadeira coisa julgada?

Você também pode gostar