Cruzador Incorporação: 19 de julho de 1882. Naufrágio: 21 de maio de 1893.
(Acervo: Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha)
Teve a quilha batida no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, em 1 o de março de
1880. No dia 17 de abril de 1882, foi lançado ao mar na presença do Imperador D. Pedro II, do Almirante Manuel Barroso da Silva, ministros de Estado, altas autoridades e populares. Sua Mostra de Armamento foi passada em 19 de julho de 1882, recebendo o distintivo no 22. O navio era de construção mista, de madeira e aço, sendo uma máquina de guerra essencialmente brasileira, de modo que o seu casco, o maquinário e material eram todos nacionais. Suas principais características eram: 2.050 t de deslocamento; 71,25 m de comprimento extremo; 64,05 de comprimento entre perpendiculares; 11,33 de boca extrema; 10,97 de pontal; e 6,40 calado médio. A sua máquina foi construída sob os planos e fiscalização do Capitão-Tenente Engenheiro Naval Manuel Alves Barbosa e tinha a força efetiva de 2.200 cv desenvolvendo a velocidade de 12 milhas horárias. Tinha duas caldeiras tipo Almirantado, uma hélice e uma chaminé. Era armado a galera (três gáveas), que permitiam a velocidade de 12 milhas. Seu custo importou em 1.400 contos de réis. Era artilhado com seis canhões Whitworth, em carreta Levasseur, de calibre 70, raiados, em bateria à barbeta, um rodízio à proa, em caça, quatro metralhadoras Nordenfelt de 25 mm e seis do mesmo tipo de 11 mm. Seu armamento portátil era Westley-Richard, substituído depois pelo sistema Kropatshek. O primeiro comandante do navio foi o Capitão de Mar e Guerra José Marques Guimarães, que foi substituído pelo também Capitão de Mar e Guerra Luis Filipe Saldanha da Gama, em 1884. Em suas experiências de velocidade, dentro da Baía de Guanabara, sofreu um encalhe nas pedras Obuzes em consequência do deslocamento da boia que sinalizava. O navio participou da Primeira Divisão da Esquadra de Evoluções, criada pelo Aviso Ministerial de 19 de agosto de 1884, quando foi atopetado o pavilhão do Comandante em Chefe Artur Silveira da Mota, Barão de Jaceguai, no dia 25 de agosto. Partiu em 5 de fevereiro de 1885, indo até Santa Catarina e regressou ao Rio de Janeiro no dia 28. Ainda no ano de 1885, suspendeu do Rio de Janeiro em uma viagem com aspirantes compondo a divisão da qual faziam parte a Corveta Trajano, o Cruzador Primeiro de Março e a Corveta Guanabara, sob as ordens do Chefe de Divisão Luiz Maria Piquet, mais tarde Barão de Santa Marta. Nessa comissão, ao largar o pano, deu logo mostra de suas qualidades vélicas. Ao sinal "Siga seu destino", desligou-se daquela divisão a caminho de Abrolhos, de onde velejou para a Ilha Grande, aportando nas Enseadas de Abraão, Estrela, Santana e Angra dos Reis. O navio se fez de vela novamente para o Desterro (atualmente Florianópolis), regressando para o Rio de Janeiro. Em 18 de fevereiro de 1886, zarpou em viagem de instrução com guardas-marinha, chegando no dia 25 em Recife. No dia 27, partiu e chegou a Barbados em 11 de março; no dia seguinte suspendeu e chegou a Jamaica, em 18 de março. Depois de velejar novamente, fundeou em New Orleans, no dia 26 de março. No dia 14 de maio, suspendeu âncora e alcançou Havana, em 19 de maio, onde permaneceu até o dia 28, quando suspendeu e aportou em Matanzas, naquele mesmo dia. No dia 20 de junho, velejou para Nova Iorque e chegou no dia 26. Zarpou no dia 30 de julho e alcançou Newport no dia 31. Suspendeu no dia 9 de agosto e aportou em São Miguel dos Açores no dia 27. O navio fez-se de vela em 1 o de setembro e surgiu na Ilha da Madeira no dia 6 de setembro, ancorando em Tenerife no dia 9. Zarpou novamente no dia 14 e alcançou São Vicente do Cabo Verde no dia 21; velejou no dia 28 e tocou na Ilha São Tiago no dia 29. Mareou a 1o de outubro e chegou no Porto de Recife no dia 16; velejou para Santa Catarina, onde chegou no dia 14, permanecendo até o dia 30. Suspendeu de regresso ao Rio, chegando no dia 7 de dezembro, tendo escalado em São Sebastião e Ilha dos Porcos. Após essa comissão, tornou a sair em divisão capitaneada pela Fragata Niterói, que desfraldava a insígnia do Chefe de Divisão Manoel Cardoso da Rocha, levando guardas- marinha e aspirantes em viagem de instrução. Nessa comissão, aportou na Bahia e em Desterro, regressando ao Rio de Janeiro. Por conta do naufrágio do Paquete nacional Apa, no largo da barra do Rio Grande, zarpou para o Sul, cruzando entre Santa Catarina e o Rio Grande durante 12 dias a procura de náufragos. De volta ao Rio de Janeiro, assumiu seu comando em 26 de outubro de 1887, o Capitão de Mar e Guerra Eduardo Wandenkolk, que devia realizar uma viagem de circum-navegação, mas, por ter sido promovido a oficial- general, foi substituído. No ano de 1888, o navio foi incorporado a uma divisão, partindo do Rio de Janeiro para o Norte do País (tocando em Pernambuco, Fernando de Noronha, São Luiz e Belém do Pará). Ao regressar para o Rio de Janeiro, escalou em Recife e em Salvador. Novamente o navio se prontificou para outra viagem de circunavegação, agora sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Custódio José de Mello e, após a visita do Imperador e da família imperial no dia 27 de outubro de 1888, suspendeu para realizar a referida viagem. A oficialidade constava do Capitão de Fragata Joaquim Marques Batista de Leão, Imediato; Primeiros- Tenentes Cândido dos Santos Lara, Malveiro da Mota, José Frutuoso Monteiro da Silva e Carlos Midosi; Segundos-Tenentes: Alberto Carlos da Rocha, Vertulino Magalhães M. de Sampaio, Bernardo Silveira de Miranda, Francisco Nobre, Francisco Marques da Rocha, Carino da Gama Souza Franco, Américo Brasílio Silvado, Manoel Teodoro Machado Dutra, Caio Pinheiro de Vasconcelos, Antônio Júlio de Oliveira Sampaio, João Augusto dos Santos Porto, Rodolfo Lopes da Cruz, Raul Augusto Fernandes, Manoel Accioli Pereira Franco, Altino Flávio de Miranda Correia, José Maria da Fonseca Neves, Augusto Teotônio Pereira, Delfino Lorena, Artur Lopes de Meio, Tancredo Burlamaqui de Moura, Alípio Mursa, Nicolau Possolo, A. A. de Magalhães Castro; Guardas-Marinha Luiz Timóteo Pereira da Costa, Henrique Boiteux, Afonso da Fonseca Rodrigues, Teófilo Nolasco de Almeida, Fernando Pinto Ribeiro, José M. de Moura Rangel, Carlos Camisão de Meio, Alberto Carlos da Cunha e Tranquilino Pedro de Alcântara Diogo; Médico, Dr. Joaquim Dias Laranjeira; Farmacêutico M. Jorge da Paixão; Comissário João Teixeira de Carvalho; Primeiro Maquinista Francisco de Assis Camellier. Pessoal de máquinas: José Gomes da Paiva, Manoel Ernestino de Moura, Julienet Alves de Moura, Francisco Braz de Cerqueira, Carlos Artur da Costa Bastos, Isaías dos Reis Lobo, Américo Batista de Souza, Bartolomeu Caetano Fontes, Manoel Dias Braga, Tomás Pinheiro dos Santos, Luíz Gonzaga de Sousa Júnior, Joaquim Correa Dias, Dagoberto Bueno Paes Leme e Eduardo Correa da Silva. Estado-Menor de proa: Mestre João Tavares Iracema e Raimundo José dos Santos; Guardiães Maximiano Pinto Ribeiro, José Alexandre da Rosa e Manoel Felipe; Sargentos João Batista Magno e Carlos Iman e o Fiel João Beltrão. Nessa viagem, embarcaram em Montevidéu, o Primeiro-Tenente José Augusto de Armelino e o Dr. Henrique dos Santos Reis; em Valparaíso, o Maquinista Nicolau José Marques. O itinerário foi o seguinte: Montevidéu, de 5 a 12 de novembro; Buenos Aires, de 13 a 23 de novembro; Montevidéu, de 5 a 12 de novembro; Buenos Aires, de 13 a 23 de novembro; Montevidéu, de 24 de novembro a 1o de dezembro; Punta Arenas, de 19 a 28 de dezembro; Valparaíso de 23 de janeiro a 24 de fevereiro de 1889; Sidney, de 8 de maio a 6 de junho; Yokohama, de 20 de julho a 4 de agosto; Nagasaki, de 9 a 15 de agosto; Xangai, de 18 a 27 de agosto; Hong-Kong, de 1o a 29 de setembro; Singapura, de 8 a 16 de outubro, Batávia, de 20 a 30 de outubro; Oleh Leh, de 30 de novembro a 7 de dezembro; Colombo, de 13 a 23 de dezembro; Bombaim, de 30 de dezembro a 22 de fevereiro de 1890. Durante a viagem o Comandante do navio Capitão de Mar e Guerra Custódio de Melo, foi promovido a Contra-Almirante, tendo que passar o comando ao Capitão de Mar e Guerra Batista de Leão. Continuou a viagem em Jidá, de 5 a 8 de março; Suez, de 22 a 23 de março; Port Said, de 24 a 25 de março; Alexandria, de 26 de março a 7 de abril; Nápoles, de 15 a 24 de abril; Toulon de 28 de abril a 18 de maio; Barcelona, de 19 de maio a 2 de junho; Gibraltar, de 5 a 9 de junho; Bahia, de 9 a 28 de julho. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 29 de junho de 1890, às 10:30 da manhã, depois de 301 dias e 7 horas de navegação, tendo percorrido 17.965 milhas a vapor e 17.507 a vela. Em meados do ano de 1890, o navio se preparou para outra viagem de circum- navegação com a seguinte tripulação: Capitão de Mar e Guerra Joaquim Marques Batista de Leão, Comandante; Capitão de Corveta Luis de Azevedo Cadaval, Imediato; Primeiros- Tenentes Ludgero Bento da Cunha Motta, Raimundo Ferreira do Vale, Colatino Ferreira do Vale, Francisco Maria dos Santos, Silvinato Freire de Moura, H. Thedim Costa, Alfredo Pinto de Vasconcellos, Felinto Perry, Nicolau Possolo, Henrique Boiteux, Luiz Lopes da Cruz e J. Borges Leitão; Médicos Drs. Alvaro Imbassahy e João Pinto do Couto; Farmacêutico Antônio C. da Silva Pimentel; Maquinistas Henrique Deriquehem e Antônio José Albernaz; Ajudantes de Máquinas Alfredo Ribeiro e Manuel Dias Braga; Subajudantes de Máquinas Geraldo de Moura, Tancredo Alves, Alberto de Freitas Souza, João Batista Aranha, Manoel Pereira Lisboa, João de Deus Benites, João Frederico Haslan, Geraldino Coelho de Almeida, Leonardo Paulo de Faria e o Comissário Antônio Luiz de Miranda. Nessa viagem de instrução, estavam embarcados os guardas-marinha de 1891: Carlos Agostinho de Castro, Artur Thompson, Flor de Mattos Pitombo, Antonio Ferreira da Silva, José de Figueiredo Costa. Severino de Oliveira Maia, Francisco Machado da Silva, Octávio Luiz Teixeira, Francisco Vieira Paim Pamplona, José Maria Penido, Miguel Augusto Dorat, Aristides Vieira de Mascarenhas, Godofredo Esteves da Natividade, Júlio César de Noronha Santos, Manuel Ferreira Delamare, Eduardo Orlando Ferreira, Heráclito da Graça Aranha, Honório Delamare Koeller, Raul de Faria Ramos, Rodolpho de Alvarim Costa, Pedro Vieira de MeIlo Pina e Alfredo Stelling. A lotação, inclusive oficiais, somava 317 pessoas. Seu itinerário era o seguinte: Recife, Barbados, S. Thomaz, Norfolk, Nova Iorque, Queenstown, Plimouth, Lisboa, Argel, Malta, Pireu, Taranto, Spezia, Toulon, Messina, Port Said, Suez e outros portos asiáticos que, por conta do naufrágio, não foi possível conhecer. Ao sair de Toulon, foi o navio salteado por violento temporal no Golfo de Leão, em 20 de janeiro de 1893, sofrendo graves avarias, obrigando-o a regressar para o Porto de Toulon para ser reparado. Então, depois de embarcar a tripulação anteriormente citada, com exceção do Primeiro-Tenente Henrique Boiteux, continuou a viagem. Entrou no Mar Vermelho e, quando já distante 120 milhas de Suez, afastado ainda 30 milhas ao sul do farol de Ras Gharib, em frente à Praia de Zeiti, no Estreito de Jubal, pelas 1:30h da madrugada de 21 de maio de 1893, o navio albaroou com um banco de corais, indo a pique. Morreu o Ajudante de Máquinas Tancredo J. Alves, quando procurava salvar uma praça. A guarnição permaneceu durante três dias na praia de Zeiti, quando foi salva pela Canhoneira inglesa Dolphin, comandada pelo oficial Cradock.