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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

DIRECÇÃO ACADÉMICA FACULDADE DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

Introdução à Engenharia de Petróleo

Tema: Análise do Impacto económico da Covid-19 no sector Energético,


caso em estudo :Industria de P&G em Moçambique

Discente: André Emerson Vilanculos Achopa


1º Ano
Turma: LEGE/RP Vespertino B

Docente: Nazario Antonio

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Introdução
O confinamento obrigatório decretado em vários países do mundo, em Moçambique em
particular, devido a pandemia de COVID-19, está a afectar as empresas da Indústria Extractiva,
especificamente as do Sector de Minas, cuja produção é exclusivamente para exportação, e as
do sector de petróleo e gás que estão na fase de implantação em Moçambique e dependem de
especialistas estrangeiros nas suas operações.
Cerca de 500 PME´s estão associadas à Indústria Extractiva, das quais 85 (cerca de 17%) já
suspenderam completamente as suas actividades e, por conta dessa situação, 26.350 postos de
trabalho estão em risco. Em relação ao volume de negócio das PME´s previsto até a data,
verifica-se que 160 delas (cerca de 32%) registaram uma redução de 100% na facturação, o que
corresponde a uma perda de receita estimada em cerca de USD 12,6 milhões

Impacto da COVID-19 nos projectos Upstream


A nível das concessionárias do Sector de Petróleo e Gás, o projecto liderado pela TOTAL, na
Área 1 da Bacia do Rovuma, avaliado em cerca de USD 26 bilhões, suspendeu
temporariamente os trabalhos iniciais relacionados com a dragagem, instalação do
acampamento e o reassentamento. Os trabalhos relacionados com a engenharia do projecto
continuam em execução obedecendo o calendário de actividades normal, e estão sendo
implementados pelo empreiteiro EPC e o consórcio CCS JV (Saipem e Mc Dermott). Segundo
a empresa, não haverá atrasos na execução do projecto e a entrega da 1ª carga de GNL para
2024 não será comprometida.
Em relação aos projectos liderados pela ENI, o Projecto Offshore da Área 4 (Joint venture ENI
e MRV), cujo investimento é de cerca de USD 8 bilhões, prossegue as suas actividades
normalmente, enquanto o Projecto Coral Sul da Plataforma Flutuante de Liquefacção de Gás
(FLNG), com um valor de investimento de cerca de USD 7 bilhões, poderá atrasar entre 2 e 3
meses. Ainda assim, mantém-se a perspectiva do início da exploração do gás em 2022.
O impacto da pandemia de Covid-19 no preço do petróleo a nível mundial levou a ExxonMobil
a projectar um corte de 30% nos seus custos, e como consequência foi adiado para uma data
ainda não prevista o anúncio da decisão final de investimento do Projecto do Complexo Mamba
da Área 4 Onshore, que inicialmente estava previsto para Abril.
No Sector Mineiro, operam os grandes projectos como a Vale, Twigg Explorations Mining
Lda, Kenmare, Jindal, e ICVL. Estas empresas, que operam no upstream no Sector Mineiro
estão a enfrentar dificuldades para exportar os seus produtos devido a paralisação do comércio
internacional principalmente com a Europa e Ásia, principais destinos dos produtos do sector.
Por exemplo, a Vale Moçambique, que esteve a produzir carvão durante o primeiro trimestre
do ano, tendo produzido mais 4.6% em relação ao trimestre anterior, decidiu paralisar as suas
actividades devido a menor procura dos seus produtos como consequência da redução da
actividade económica e consumo de energia principalmente na Ásia e que resultou na
acumulação do carvão na Mina e no Porto até a sua capacidade máxima. Enquanto outras
operadoras do sector, como a Twigg Exploration Mining Lda, Minas Rio Bravo Sa, e outras
pequenas e médias operadoras paralisaram de imediato as suas actividades logo que o mercado

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chinês encerrou as fronteiras, tendo visto o seu volume de produção e facturação a reduzir para
zero.
A paralisação das actividades dos grandes projectos do Sector Mineiro está a afectar cerca de
500 PME´s que operam na cadeia de valor, que têm em média de 310 trabalhadores.

Impacto da COVID19 nos projectos Downstream


Esta secção analisa os impactos da pandemia de Covid-19 nos grandes projectos e nas empresas
que fazem parte da cadeia de fornecimento de bens e prestação de serviços aos grandes
projectos. A título de exemplo, foram inquiridas 41 empresas de todo o País, maioritariamente
com operações na Província de Tete.
Distribuição das Empresas Por Província de Actuação
Cabo Delgado Nampula
Tete

24%
62%
14%

Analisando sobre o ponto de vista do sector a que estão ligadas as PME´s, nota-se que 67% das
empresas estão associadas ao sector de minas e 32% ao sector de petróleo e gás. Por outro lado,
nota-se que a maioria das empresas inquiridas no Sector Mineiro são subcontratadas, seguida
das fornecedoras de bens e prestação de serviços, enquanto no Sector de Petróleo e Gás foram
inquiridas mais empresas fornecedoras de bens e prestação de serviços.
Distribuição das empresas por tipo e pelo sector de actividade associado

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O impacto da Covid-19 na economia afectou negativamente a produção, produtividade e
volume de negócios das empresas devido às barreiras na importação de materiais e
equipamentos e na exportação dos seus produtos. As empresas associadas ao Sector Mineiro
viram o volume de negócio a cair em cerca de 54% em média e do Sector de Petróleo e Gás
em cerca de 51%, enquanto o número de trabalhadores nas empresas associadas ao sector
minero reduziu em média cerca de 41% e nas empresas associadas ao sector de petróleo e
gás reduziu em cerca de 28%.
Por outro lado, as empresas registaram um aumento nos custos entre 30% a 50% devido à
implementação de planos de prevenção e de gestão de pessoal segundo as determinações dos
decretos do Estado de Emergência.
No Sector de Petróleo e Gás, a suspensão temporária dos trabalhos iniciais relacionados com
a dragagem, acampamento e reassentamento na Área 1 da Bacia do Rovuma, forçou várias
empresas subcontratadas pela TOTAL a suspender temporariamente as suas actividades. Por
conta disso, registou-se uma redução significativa de pessoal e da demanda de bens e
serviços, particularmente nas Províncias de Nampula e Cabo Delgado.

Impacto na massa laboral


O gráfico abaixo mostra que houve uma redução de trabalhadores activos no local de
produção, na ordem de 42% no sector mineiro e 29% no Sector de Petróleo e Gás, num
exemplo de 25 empresas no Sector Mineiro e 12 no sector de petróleo e gás quando
comparado com o período antes da Covid-19.
0
-
-
-
- 2%
-
- -4 %

Impacto na massa laboral no Sector de Petróleo e Gás


No Sector de Petróleo e Gás, houve uma redução de 34.7% dos trabalhadores activos em 10
PME´s envolvidas no fornecimento de bens e prestação de serviços às empresas subcontratadas
pelas concessionárias.

Impacto na estrutura de custos


Numa altura em que as empresas viram a facturação a cair em 74% e 83%, os custos
aumentaram em 30% a 50% devido a implementação de planos de prevenção contra a Covid19
e gestão de pessoal, como o aumento do número de frotas para o transporte de pessoal e outras
medidas, assim como tiveram de cumprir com as suas obrigações fiscais e INSS, numa altura
em que o efectivo laboral activo encontra-se reduzido.

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Conclusão
Com a economia Moçambicana estagnada nos últimos cinco anos — com algum crescimento
apenas em torno dos megaprojectos ,o impacto da situação epidemiológica provocada pelo
coronavírus SARS-CoV-2, agente causador da doença COVID-19, prevêm-se efeitos a longo
prazo, adiando, novamente, o crescimento económico do país.
• Propostas de medidas: No sector de hidrocarbonetos, sugere-se uma flexibilidade da
parte do Governo, em relação aos vistos, considerando a natureza da rotatividade e
responsabilizar as empresas no controlo rigoroso dos seus colaboradores.
• Prever medidas que amorteçam os impactos negativos no sector de distribuição de
gasolina e produtos similares. Estabelecer medidas flexíveis para os sectores mais
afectados.

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