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Como um gênero textual, uma resenha nada mais é do que um texto em forma

de síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural,


que pode ser um livro, um filme, peças teatrais, exposições, shows etc.

O objetivo da resenha é guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural


que cresce a cada dia e que tende a confundir até os mais familiarizados com
todo esse conteúdo.

Como uma síntese, a resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos


de pura descrição com momentos de crítica direta. O resenhista que conseguir
equilibrar perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha ideal.

No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é perigoso recorrermos


ao erro de sermos superficiais demais. Nosso texto precisa mostrar ao leitor as
principais características do fato cultural, sejam elas boas ou ruins, mas sem
esquecer de argumentar em determinados pontos e nunca usar expressões
como “Eu gostei” ou “Eu não gostei”.

Tipos de Resenha

Até agora eu falei sobre as resenhas de uma forma geral e livre e esses dados
são suficientes para você já esboçar alguns parágrafos.

Contudo, as resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar. A mais


conhecida delas é a resenha acadêmica, que apresenta moldes bastante
rígidos, responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez,
também se subdivide em resenha crítica, resenha descritiva e resenha
temática.

Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal


para uma produção completa:

Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo


que você vai resenhar;

Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo


do texto a ser resenhado;

Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o


foco narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;

Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir


claramente o texto resenhado;

Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua
opinião. Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo
comparações ou até mesmo utilizando-se de explicações que foram dadas em
aula. É difícil encontrarmos resenhas que utilizam mais de 3 parágrafos para
isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu senso crítico.

Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora
de analisar para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize
elementos sociais ou pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na
renda etc.

Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi
resenhada e não do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida
e de algumas outras obras do escritor ou pesquisador.

Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome
e fala algo como “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do
Sul (UCS)”

Na resenha acadêmica descritiva, os passos são exatamente os mesmos,


excluindo-se o passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha
descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista.

Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um


assunto (tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:

Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que
serão tratados e o motivo por você ter escolhido esse assunto;

Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início
quem é o autor e explique o que ele diz sobre aquele assunto;

Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de
opinar e tentar chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;

Mostre as fontes: Coloque as referências Bibliográficas de cada um dos textos


que você usou;

Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo


“Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”.

Conclusão

Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas devemos tomar
muito cuidado, pois dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um livro
mofar nas prateleiras ou transformar um filme em um verdadeiro fracasso.

As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte


em geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam selecionar
quantidades enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.

Agora é questão de colocar a mão na massa e começar a produzir suas


próprias resenhas!

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Como elaborar uma resenha

1. Definições

Resenha-resumo:

É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo,


de um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica
ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo
principal é informar o leitor.
Resenha-crítica:

É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma
crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um
texto de informação e de opinião, também denominado de recensão crítica.

2. Quem é o resenhista

A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja
alguém com conhecimentos na área, uma vez que avalia a obra, julgando-a
criticamente.

3. Objetivo da resenha

O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural - livros,filmes


peças de teatro, etc. Por isso a resenha é um texto de caráter efêmero, pois
"envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa.

4. Veiculação da resenha

A resenha é, em geral, veiculada por jornais e revistas.

5. Extensão da resenha

A extensão do texto-resenha depende do espaço que o veículo reserva para


esse tipo de texto. Observe-se que, em geral, não se trata de um texto longo,
"um resumão" como normalmente feito nos cursos superiores ... Para melhor
compreender este item, basta ler resenhas veiculadas por boas revistas.

6. O que deve constar numa resenha

Devem constar:

O título

A referência bibliográfica da obra

Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada

O resumo, ou síntese do conteúdo

A avaliação crítica

7. O título da resenha

O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo, conforme
os exemplos, a seguir:

Título da resenha: Astro e vilão

Subtítulo: Perfil com toda a loucura de Michael Jackson

Livro: Michael Jackson: uma Bibliografia não Autorizada (Christopher Andersen)


- Veja, 4 de outubro, 1995

Título da resenha: Com os olhos abertos

Livro: Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago) - Veja, 25 de outubro, 1995

Título da resenha: Estadista de mitra

Livro: João Paulo II - Bibliografia (Tad Szulc) - Veja, 13 de março, 1996


8. A referência bibliográfica do objeto resenhado

Constam da referência bibliográfica:

Nome do autor

Título da obra

Nome da editora

Data da publicação

Lugar da publicação

Número de páginas

Preço

Obs.: Às vezes não consta o lugar da publicação, o número de páginas e/ou o


preço.

Os dados da referência bibliográfica podem constar destacados do texto, num


"box" ou caixa.

Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do escritor português José


Saramago (Companhia das Letras; 310 páginas; 20 reais), é um romance
metafórico (...) (Veja, 25 de outubro, 1995).

9. O resumo do objeto resenhado

O resumo que consta numa resenha apresenta os pontos essenciais do


texto e seu plano geral.

Pode-se resumir agrupando num ou vários blocos os fatos ou idéias do


objeto resenhado.
Veja exemplo do resumo feito de "Língua e liberdade: uma nova concepção
da língua materna e seu ensino" (Celso Luft), na resenha intitulada "Um
gramático contra a gramática", escrita por Gilberto Scarton.

"Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate,


intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variação sobre o mesmo
tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções
falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, a inutilidade do ensino
da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar
a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática lingüística, a
postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas de língua, teórico de


espírito lúcido e de larga formação lingüística e professor de longa experiência
leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação: gramática natural
e gramática artificial; gramática tradicional e lingüística;o relativismo e o
absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos
lingüistas, dos professores; o ensino útil, do ensino inútil; o essencial, do
irrelevante".

Pode-se também resumir de acordo com a ordem dos fatos, das partes e
dos capítulos.

Veja o exemplo da resenha "Receitas para manter o coração em forma"


(Zero Hora, 26 de agosto, 1996), sobre o livro "Cozinha do Coração Saudável",
produzido pela LDA Editora, com o apoio da Beal.
Receitas para manter o coração em forma

"Na apresentação, textos curtos definem os diferentes tipos de gordura e


suas formas de atuação no organismo. Na introdução os médicos explicam
numa linguagem perfeitamente compreensível o que é preciso fazer (e evitar)
para manter o coração saudável.

As receitas de Cozinha do Coração Saudável vêm distribuídas em desjejum


e lanches, entradas, saladas e sopas; pratos principais; acompanhamentos;
molhos e sobremesas. Bolinhos de aveia e passas, empadinhas de queijo, torta
de ricota, suflê de queijo, salpicão de frango, sopa fria de cenoura e laranja,
risoto com açafrão, bolo de batata, alcatra ao molho frio, purê de
mandioquinha, torta fria de frango, crepe de laranja e pêras ao vinho tinto são
algumas das iguarias".

10. Como se inicia uma resenha

Pode-se começar uma resenha citando-se imediatamente a obra a ser


resenhada. Veja os exemplos:

"Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu


ensino" (L&PM, 1995, 112 páginas), do gramático Celso Pedro Luft, traz um
conjunto de idéias que subvertem a ordem estabelecida no ensino da língua
materna, por combater, veementemente, o ensino da gramática em sala de
aula.
Mais um exemplo:

"Michael Jackson: uma Bibliografia Não Autorizada (Record: tradução de


Alves Calado; 540 páginas, 29,90 reais), que chega às livrarias nesta semana,
é o melhor perfil de astro mais popular do mundo". (Veja, 4 de outubro, 1995).

Outra maneira bastante freqüente de iniciar uma resenha é escrever um ou


dois parágrafos relacionados com o conteúdo da obra.

Observe o exemplo da resenha sobre o livro "História dos Jovens" (Giovanni


Levi e Jean-Claude Schmitt), escrita por Hilário Franco Júnior (Folha de São
Paulo, 12 de julho, 1996).

O que é ser jovem

Hilário Franco Júnior

Há poucas semanas, gerou polêmica a decisão do Supremo Tribunal Federal


que inocentava um acusado de manter relações sexuais com uma menor de 12
anos. A argumentação do magistrado, apoiada por parte da opinião pública, foi
que "hoje em dia não há menina de 12 anos, mas mulher de 12 anos".

Outra parcela da sociedade, por sua vez, considerou tal veredito como a
aceitação de "novidades imorais de nossa época". Alguns dias depois, as
opiniões foram novamente divididas diante da estatística publicada pela
Organização Mundial do Trabalho, segundo a qual 73 milhões de menores
entre 10 e 14 anos de idade trabalham em todo o mundo. Para alguns isso é
uma violência, para outros um fato normal em certos quadros sócio-
econômico-culturais.

Essas e outras discussões muito atuais sobre a população jovem só podem


pretender orientar comportamentos e transformar a legislação se
contextualizadas, relativizadas. Enfim, se historicizadas. E para isso a "História
dos Jovens" - organizada por dois importantes historiadores, o modernista
italiano Giovanno Levi, da Universidade de Veneza, e o medievalista francês
Jean-Claude Schmitt, da École des Hautes Études em Sciences Sociales - traz
elementos interessantes.

Observe igualmente o exemplo a seguir - resenha sobre o livro "Cozinha do


Coração Saudável", LDA Editores, 144 páginas (Zero Hora, 23 de agosto, 1996).

Receitas para manter o coração em forma

Entre os que se preocupam com o controle de peso e buscam uma alimentação


saudável são poucos os que ainda associam estes ideais a uma vida de
privações e a uma dieta insossa. Os adeptos da alimentação de baixos teores
já sabem que substituições de ingredientes tradicionais por similares light
garantem o corte de calorias, açúcar e gordura com a preservação (em muitos
casos total) do sabor. Comprar tudo pronto no supermercado ou em lojas
especializadas é barbada. A coisa complica na hora de ir para a cozinha e
acertar o ponto de uma massa de panqueca,crepe ou bolo sem usar ovo. Ou
fazer uma polentinha crocante, bolinhos de arroz e croquetes sem apelar para
a frigideira cheia de óleo. O livro Cozinha do Coração Saudável apresenta 110
saborosas soluções para esses problemas. Produzido pela LDA Editora com
apoio da Becel, Cozinha do Coração saudável traz receitas compiladas por
Solange Patrício e Marco Rossi, sob orientação e supervisão dos cardiologistas
Tânia Martinez, pesquisadora e professora da Escola Paulista de Medicina, e
José Ernesto dos Santos, presidente do departamento de Aterosclerose da
Sociedade Brasileira de Cardiologia e professor da faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto. Os pratos foram testados por nutricionistas da Cozinha
Experimental Van Den Bergh Alimentos.

Há, evidentemente, numerosas outras maneiras de se iniciar um texto-


resenha. A leitura (inteligente) desse tipo de texto poderá aumentar o leque de
opções para iniciar uma recensão crítica de maneira criativa e cativante, que
leva o leitor a interessar-se pela leitura.

11. A crítica

A resenha crítica não deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a


que se acrescenta, ao final, uma avaliação ou crítica. A postura crítica deve
estr presente desde a primeira linha, resultando num texto em que o resumo e
a voz crítica do resenhista se interpenetram.

O tom da crítica poderá ser moderado, respeitoso, agressivo, etc.

Deve ser lembrado que os resenhistas - como os críticos em geral - também


se tornam objetos de críticas por parte dos "criticados" (diretores de cinema,
escritores, etc.), que revidam os ataques qualificando os "detratores da obra"
de "ignorantes" (não compreenderam a obra) e de "impulsionados pela má-fé".

12. Exemplos de resenhas

Publicam-se a seguir três resenhas que podem ilustrar melhor as


considerações feitas ao longo desta apresentação.

Atwood se perde em panfleto feminista

Marilene Felinto

Da Equipe de Articulistas

Margaret Atwood, 56, é uma escritora canadense famosa por sua literatura
de tom feminista. No Brasil, é mais conhecida pelo romance "A mulher
Comestível" (Ed. Globo). Já publicou 25 livros entre poesia, prosa e não-ficção.
"A Noiva Ladra" é seu oitavo romance.

O livro começa com uma página inteira de agradecimentos, procedimento


normal em teses acadêmicas, mas não em romances. Lembra também aqueles
discursos que autores de cinema fazem depois de receber o Oscar. A escritora
agradece desde aos livros sobre guerra, que consultou para construir o "pano
de fundo" de seu texto, até a uma parente, Lenore Atwood, de quem tomou
emprestada a (original? significativa?) expressão "meleca cerebral".

Feitos os agradecimentos e dadas as instruções, começam as quase 500


páginas que poderiam, sem qualquer problema, ser reduzidas a 150. Pouparia
precioso tempo ao leitor bocejante.
É a história de três amigas, Tony, Roz e Charis, cinqüentonas que vivem
infernizadas pela presença (em "flashback") de outra amiga, Zenia, a noiva
ladra, inescrupulosa "femme fatale" que vive roubando os homens das outras.

Vilã meio inverossímel - ao contrário das demais personagens, construídas


com certa solidez -, a antogonista Zenia não se sustenta, sua maldade não
convence, sua história não emociona. A narrativa desmorona, portanto, a partir
desse defeito central. Zenia funcionaria como superego das outras, imagem do
que elas gostariam de ser, mas não conseguiram, reflexo de seus
questionamentos internos - eis a leitura mais profunda que se pode fazer desse
romance nada surpreendente e muito óbvio no seu propósito.

Segundo a própria Atwood, o propósito era construir, com Zenia, uma


personagem mulher "fora-da-lei", porque "há poucas personagens mulheres
fora-da-lei". As intervenções do discurso feminista são claras, panfletárias,
disfarçadas de ironia e humor capengas. A personagem Tony, por exemplo,
tem nome de homem (é apelido para Antônia) e é professora de história,
especialista em guerras e obcecada por elas, assunto de homens:
"Historiadores homens acham que ela está invadindo o território deles, e
deveria deixar as lanças, flechas, catapultas, fuzis, aviões e bombas em paz".

Outras alusões feministas parecem colocadas ali para provocar riso, mas
soam apenas ingênuas: "Há só uma coisa que eu gostaria que você lembrasse.
Sabe essa química que afeta as mulheres quando estão com TPM? Bem, os
homens têm essa química o tempo todo". Ou então, a mensagem rabiscada na
parede do banheiro: "Herstory Not History", trocadilho que indicaria o
machismo explícito na palavra "História", porque em inglês a palavra pode ser
desmembrada em duas outras, "his" (dele) e story (estória). A sugestão contida
no trocadilho é a de que se altere o "his" para "her" (dela).

As histórias individuais de cada personagem são o costumeiro amontoado


de fatos cotidianos, almoços, jantares, trabalho, casamento e muita "reflexão
feminina" sobre a infância, o amor, etc. Tudo isso narrado da forma mais
achatada possível, sem maiores sobressaltos, a não ser talvez na descrição do
interesse da personagem Tony pelas guerras.

Mesmo aí, prevalecem as artificiais inserções de fundo histórico, sem pé


nem cabeça, no meio do texto ficcional, efeito da pesquisa que a escritora - em
tom cerimonioso na página de agradecimentos - se orgulha de ter realizado.

Estadista de mitra

Na melhor bibliografia de João Paulo II até agora, o jornalista Tad Szulc dá


ênfase à atuação política do papa

Ivan Ângelo

Como será visto na História esse contraditório papa João Paulo II, o único
não-italiano nos últimos 456 anos? Um conservador ou um progressista? Bom
ou mau pastor do imenso rebanho católico? Sobre um ponto não há dúvida: é
um hábil articulador da política internacional. Não resolveu as questões
pastorais mais angustiantes da Igreja Católica em nosso tempo - a perda de
fiéis, a progressiva falta de sacerdotes, a forma de pôr em prática a opção da
igreja pelos pobres -; tornou mais dramáticos os conflitos teológicos com os
padres e os fiéis por suas posições inflexíveis sobre o sacerdócio da mulher, o
planejamento familiar, o aborto, o sexo seguro, a doutrina social,
especialmente a Teologia da Libertação, mas por outro lado, foi uma das
figuras-chave na desarticulação do socialismo no Leste Europeu, nos anos 80, a
partir da sua atuação na crise da Polônia. É uma voz poderosa contra o
racismo, a intolerância, o consumismo e todas as formas autodestrutivas da
cultura moderna. Isso fará dele um grande papa?

O livro do jornalista polonês Tad Szulc João Paulo II - Bibliografia (tradução


de Antonio Nogueira Machado, Jamari França e Silvia de Souza Costa; Francisco
Alves; 472 páginas; 34 reais) toca em todos esses aspectos com
profissionalismo e competência. O autor, um ex-correspondente internacional e
redator do The New York Times, viajou com o papa, comeu com ele no
Vaticano, entrevistou mais de uma centena de pessoas, levou dois anos para
escrever esse catatau em uma máquina manual portátil, datilografando com
dois dedos. O livro, bastante atual, acompanha a carreira (não propriamente a
vida) do personagem até o fim de janeiro de 1995, ano em que foi publicado. É
um livro de correspondente internacional, com o viés da política internacional.
Szulc não é literariamente refinado como seus colegas Gay Talese ou Tom
Wolfe, usa com freqüência aqueles ganchos e frases de efeito que adornam o
estilo jornalístico, porém persegue seu objetivo como um míssil e atinge o alvo.

Em meio à política, pode-se vislumbrar o homem Karol Wojtyla, teimoso,


autoritário, absolutista de discurso democrático, alguém que acha que tem
uma missão e não quer dividi-la, que é contra o "moderno" na moral, que
prefere perder a transigir, mas é gentil, caloroso, fraterno, alegre, franco ...
Szulc, entretanto, só faz o esboço, não pinta o retrato. Temos, então, de aceitar
a sua opinião: "É difícil não gostar dele".

Opus Dei - O livro começa descrevendo a personalidade de João Paulo II, faz
um bom resumo da História da Polônia e sua opção pelo Ocidente e pela Igreja
Católica Romana (em vez da Ortodoxa Grega, que dominava os vizinhos do
Leste), fala da relação mística de Wojtyla com o sofrimento, descreve sus
brilhante carreira intelectual e religiosa, volta à sua infância, aos seus tempos
de goleiro no time do ginásio ""um mau goleiro", dirá mais tarde um amigo),
localiza aí sua simpatia pelos judeus, conta que ele decidiu ser padre em meio
ao sofrimento pela morte do pai, destaca a complacência de Pio XII com o
nazismo, a ajuda à Opus Dei (a quem depois João Paulo II daria todo o apoio),
demora-se demais nos meandros da política do bispo e cardeal Wojtyla, cresce
jornalisticamente no capítulo sobre a eleição desse primeiro papa polonês,
mostra como ele reorganizou a Igreja, discute suas posições conservadoras
sobre a Teologia da Libertação e as comunidades eclesiais de base, CEBs, na
América latina, descreve sua decisiva atuação na política do Leste Europeu, a
derrocada do comunismo, e termina com sus luta atual contra o demônio pós-
comunista. Agora o demônio, o perigo mortal para a humanidade, é o
capitalismo selvagem e o "imperialismo contraceptivo" dos EUA e da ONU.

Szulc, o escritor-míssil, não se desvia do seu alvo nem quando vê um


assunto saboroso como a Cúria do Vaticano, que diz estar cheia de puxa-sacos
e fofoqueiros com computadores, nos quais contabilizam trocas de favores,
agrados, faltas e rumores. O sutil jornalista Gay Talese não perderia um prato
desses.
Entretanto, Szulc está sempre atento às ações políticas do papa. Nota que
João Paulo II elevou a Opus Dei à prelatura pessoal enquanto expurgou a
Companhia de Jesus por seu apoio à Teologia da Libertação; ajudou a Opus Dei
a se estabelecer na Polônia, beatificou rapidamente seu criador, monsenhor
Escrivã. Como um militar brasileiro dos anos 60, cassou o direito de ensinar
dos padres Küng, Pohier e Curran, silenciou os teólogos Schillebeeckx (belga),
Boff (brasileiro), Häring (alemão) e Gutiérrez (peruano), reduziu o espaço
pastoral de dom Arns (brasileiro). Em contrapartida, apoiou decididamente o
sindicato clandestino polonês, a Solidariedade. Fez dobradinha com o general
dirigente polonês Jaruzelski contra Brejnev, abrindo o primeiro país socialista,
que abriu o resto. O próprio Gorbachev reconhece: "Tudo o que aconteceu no
Leste Europeu nesses últimos anos teria sido impossível sem a presença deste
papa".

Talvez seja assim também com relação ao que acontece com as religiões
cristãs no nosso continente. Tad Szulc, com cautela, alerta para a penetração,
na América Latina, dos evangélicos e pentecostais, que o próprio Vaticano
chama de "seitas arrebatadoras". A participação comunitária e o autogoverno
religioso que existia nas CEBs motivavam mais a população. Talvez seja.
Acrescentando-se a isso o lado litúrgico dos evangélicos que satisfaz o desejo
dos fiéis de serem atores no drama místico, não tanto espectadores, tem-se
uma tese.

O perfil desenhado por Szulc é o de um político profundamente religioso.


Um homem que reza sete horas por dia, com os olhos firmemente fechados,
devoto de Nossa Senhora de Fátima e do mártir polonês São Estanislau e que
acredita no martírio e na dor pessoais para alcançar a graça.

Um gramático contra a gramática


Gilberto Scarton

Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu


ensino (L&PM, 1995, 112 páginas) do gramático Celso Pedro Luft traz um
conjunto de idéias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua
materna, por combater, veemente, o ensino da gramática em sala de aula.

Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate,


intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variação sobre o mesmo
tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções
falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, inutilidade do ensino
da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar
a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática lingüística, a
postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da língua, teórico de


espírito lúcido e de larga formação lingüística e professor de longa experiência
leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação: gramática natural
e gramática artificial; gramática tradicional e lingüística; o relativismo e o
absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos
lingüistas, dos professores; o ensino útil, do ensino inútil; o essencial, do
irrelevante.

Essa fundamentação lingüística de que lança mão - traduzida de forma


simples com fim de difundir assunto tão especializado para o público em geral -
sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se convence de que aprender
uma língua não é tão complicado como faz ver o ensino gramaticalista
tradicional. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser humano; um
processos espontâneo, automático, natural, inevitável, como crescer.
Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem,
liberto de preconceitos e do artificialismo do ensino definitório, nomenclaturista
e alienante, o aluno poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico
e para falar por si.

Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão
original quanto pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções
aparecem em muitos teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir,
numa mesma obra, convincente fundamentação que lhe sustenta a tese e
atenua o choque que os leitores - vítimas do ensino tradicional - e os
professores de português - teóricos, gramatiqueiros, puristas - têm ao se
depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a
gramática na sala de aula.

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Qual a diferença entre resumo e resenha ?

A diferença entre resumo e resenha é muito pouca.

Uma resenha deve ser feita com base em algo que você leu, podendo colocar
suas opiniões próprias no meio da resenha de forma crítica.

Resumo nada mais é do que uma diminuição de um texto ou de algum assunto


abordado, nunca perdendo o foco do assunto principal.

Quais os tipos de resenhas existentes ?

Existem 4 tipos de resenha, resenha acadêmica, resenha crítica, resenha


temática, e resenha descritiva.

Passos para se fazer uma resenha temática:

Passo 1:

Apresente o tema: Diga a quem vai ler sua resenha, quais os motivos para
você ter escolhido tal assunto.

Passo 2:

Resuma os textos: Use sempre um paragrafo para cada texto, comente logo no
inicio, quem é o autor do assunto.

Passo 3:

Conclua: Agora que você falou sobre cada texto, opine, e tire suas próprias
conclusões sobre o assunto.
Passo 4:

Mostre as fontes: Insira as referências bibliográficas do assunto que você fez a


resenha

Passo 5:

Assine e identifique-se: Escreva seu nome, e uma pequena descrição sobre o


assunto tratado na resenha, por exemplo “Possíveis soluções para amenizar o
aquicimento global.”

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Em resumo é decomposição de um texto em suas partes constitutivas, para


perceber o valor e o relacionamento que guardam entre si e para melhor
compreender, interpretar e sentir a obra como um todo completo e
significativo.

"A análise literária não se reduz, pois, ao comum comentário do texto, trabalho
colateral ao mesmo texto, que não vai até à sua essência, nem à sua
explicação, nem ao mero estudo da biografia do autor. Deve ir mais além,
abrindo caminho para a crítica, para a história, que investigará sobre o autor e
os antecedentes da obra; e para a teoria da literatura, que extrairá da obra os
princípios suscetíveis de formulação estética". (Herbert Palhano, Língua e
Literatura).

A análise de texto, ensina Nelly Novaes Coelho (0 Ensino da Literatura), é o


esforço por descobrir-lhe a estrutura, seu movimento interior, o valor
significativo de suas palavras e de seu tema, tendo em mira a unidade
Intrínseca de todos esses elementos. Pressupõe o exame da estrutura do
trecho e da linguagem literária (o vocabulário, o valor das categorias
gramaticais usadas), o tipo de figuras predominantes (símiles, imagens,
metáforas... ), o valor da sintaxe predominante (frase ampla ou breve, tipos de
subordinação e coordenação, frases elípticas...), a natureza dos substantivos
escolhidos; tempos ou modos de verbo, uso expressivo do artigo, da
conjunção, dos advérbios, das preposições, etc., tudo em função do significado
essencial do todo. Uma boa análise de texto, isto é, de fragmento só pode ser
realizada quando o todo, a que ele pertence, tiver sido perfeitamente
interpretado.

Um esquema-roteiro para a análise crítico-interpretativa de um romance,


proposto pela referida professora é o seguinte:

a) Leitura lúdica para contato com a obra. Essa leitura é feita pelo aluno
inicialmente.

b) Fixação da Impressão ou impressões mais vivas provocadas pela leitura.


Essas impressões levarão à determinação do tema.

c) Fixação do tema ( idéia central, eixo nuclear da ação).

d) Leitura reflexiva norteada pelo tema, e pelas idéias principais pressentidas


na obra. É durante esta segunda leitura da obra que se Inicia a análise
propriamente dita, pois é o momento em que devem ser fixadas as
características de cada elemento estrutural.

e) Anotação meticulosa de como os elementos constitutivos do romance foram


trabalhados para Integrarem a estrutura global.

Esta anotação deverá obedecer, mais ou menos, a um roteiro disciplinador:

1) Análise dos fatos que integram a ação (Enredo).

2) Análise dos traços característicos daqueles que vão viver a ação


(Personagens).

3) Análise da ação e personagens situadas no meio-ambiente em que se


movem (Espaço).

4) Análise do encadeamento da ação e personagens numa determinada


seqüência temporal (Tempo).

5) Análise dos meios de expressão de que se vale o autor: narração, descrição,


monólogos, intervenções do autor, gênero literário escolhido, foco narrativo,
linguagem, interpolações, etc.

Para o Professor Massaud Moisés, ( Guia Prático de Análise Literária ) o núcleo


da atenção do analista sempre reside no texto. Em suma: o texto é ponto de
partida e ponto de chegada da análise literária.

Fonte: Escola Vesper

ANÁLISE LITERÁRIA

A obra literária é a representação perfeita da relação entre o homem e o


mundo em que vive. Vigora na literatura uma correspondência bastante
acentuada entre o sofrimento do sujeito enquanto ser agente, metafísico e o
local da ação, espaço material e mensurável. Essa dicotomia é que contribui
para a criação da obra de arte e é o que gera o conflito que vai desencadear
um desfecho de acordo com a intencionalidade do criador. Para atingir essas
condições, Rubem Fonseca quebra os padrões convencionais da estrutura
narrativa em “Relato de ocorrência em que qualquer semelhança não é mera
coincidência”.

Nesse conto, é narrada a história de um acidente que ocorre numa BR,


envolvendo um ônibus, que atropela uma vaca, que morre logo em seguida. Os
moradores das cercanias, ao verem o acidente, correm na direção do ocorrido.
A princípio, pensa-se que vão procurar meios para socorrerem as vítimas. Mas
não é que acontece. Eles correm é para aproveitar a carne da vaca morta, e
deixam as vítimas à mercê da sorte.
Para desenvolver tal enredo, o autor imbrica duas formas de relatar os fatos da
história: estilo de jornal e a narrativa pertencente ao gênero literário. “Na
madrugada do dia três de maio, uma vaca marrom caminha na ponte do Rio
Coroado, no quilômetro 53, em direção ao Rio de Janeiro”. Nesse fragmento,
estão presentes os elementos que constituem o texto jornalístico: o local, a
data, o fato, os envolvidos, como forma de comprovação dos acontecimentos.
O texto só passa a assumir a estrutura da narrativa literária a partir do sexto
parágrafo, quando Elias, uma das personagens do conto, dá início às ações que
vão se desenrolar na ponte, local do acidente. “O desastre foi presenciado por
Elias Gentil dos Santos e sua mulher Lucília, residente nas cercanias. Elias
manda a mulher apanhar um facão em casa. Um facão? Pergunta Lucília.” .

Esse procedimento de unir o jornalístico e a narrativa literária não só contribui


para a verossimilhança da história, como também revela um menor grau de
formalidade na atitude de narrar, já que se trata de um texto que segue os
padrões modernistas. O texto foge ao estilo machadiano, por exemplo.
Contudo não deixa de externar a natureza e o comportamento do homem
diante dos seus problemas. Rubem Fonseca, nesse conto, apresenta um
realismo marcado através da análise de uma situação que revela a intenção de
mostrar pessoas preocupadas apenas em matar a fome, fato que representa a
realidade de uma grande parte da população.

A onisciência do narrador é percebida através da expressão dos sentimentos


das personagens e do modo como os fatos são focalizados. O narrador parece
acompanhar cada detalhe dos acontecimentos. “Surge Marcílio da Conceição.
Elias olha com ódio para ele. Aparece também Ivonildo de Moura júnior. E
aquela besta que não traz o facão! Pensa Elias. Ele está com raiva de todo
mundo, suas mãos tremem. Elias cospe no chão várias vezes, com força, até
que sua boca seca.” A presença do discurso indireto livre nesse fragmento vem
reforçar a expressão da angústia que toma conta de Elias no momento em que
os vizinhos também chegam para desfrutar a carne do animal.

Como se pode perceber, as personagens do conto Relato de ocorrência em que


qualquer semelhança não é mera coincidência não são apenas um elemento da
estrutura narrativa, mas habitantes da realidade ficcional, os quais
representam seres que se confundem, em nível de recepção, com o ser
humano e sua complexidade. Para criar essa realidade, o autor, sabendo que
personagem representa pessoa, o faz através dos recursos lingüísticos, uma
vez que se constrói a personagem ficcional por meio das palavras e, quanto ao
modo como essa linguagem aparece no texto, nota-se claramente a marca da
oralidade no processo da construção do discurso. Nesse conto, tanto narrador,
quanto personagem possuem o mesmo nível na utilização da palavra. Isso
porque se trata de uma forma de não distanciar lingüisticamente as
personagens do narrador. É através da linguagem que, ao lermos o conto de
Rubem Fonseca, nos deparamos com uma simulação do real, criada a partir da
cosmovisão do autor.

Considerando que um texto é um tecido, em que todos os elementos que o


compõem devem estar entrelaçados para que exista significação, o conto de
Rubem Fonseca é a representação concreta dessa assertiva. Desde o foco
narrativo até o espaço, tudo se encaixa de modo a favorecer a coerência dos
episódios narrados. A história é contada em terceira pessoa, por um narrador
que presencia todos os acontecimentos. Essa é uma forma cinematográfica de
construir o enredo e, com esse procedimento narrativo, o leitor se coloca em
contato mais direto com os fatos narrados. O espaço onde se passa a história,
a ponte, exerce um papel importante uma vez que, por representar um local
perigoso, aparece como o lugar onde ocorre o acidente, deixando várias
vítimas sem vida.

Toda a história se passa em um curto intervalo de tempo, de modo linear.

udo acontece “Na madrugada do dia três de maio...” Como se pode notar,
trata-se de um tempo cronológico, em que os fatos se dão numa ordem
natural, isto é, do início para o final. Primeiro, acontece o acidente; depois, os
moradores vão em busca da carne da vaca, que morre atropelada e, para
finalizar a história, todos tiram proveito da situação. É, pois, o tempo um
elemento responsável pela organização dos fatos no enredo desse conto.

Fonte: www.paratexto.com.br

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