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Projeto Xaoz 

Liber Beta    
 
 
 
 
 
 
 
 
Autores: 
Fernanda Lúcio Surati 
Felipe Simoni 
Gabriel de Figueiredo da Costa 
 
Revisor: 
Ghaio Nicodemos Barbosa 
 
 

SURATI, F. L.; SIMONI, F.; COSTA, G. F.; 2020.


Liber Beta - 1ª edição. Rio de Janeiro: Projeto Xaoz.

Bibliografia
ISBN: em tramitação

1. Metafísica - Brasil. Liber Beta.


 
 
   


Grimório de Práticas 
Quando  nos  juntamos  para  montar  o  Projeto  Xaoz  (do  grego  𝜒𝛼𝜔𝜍, 
Chaos),  precisávamos  de nir  alguns  parâmetros  importantes,  como 
conteúdo,  forma  de  apresentação,  o  que  queríamos  ser,  o  que  não 
queríamos  ser,  e  onde  queríamos  chegar.  Cada  pessoa  possuía  um  per l 
mágico,  estudava  e  praticava  sistemas  distintos,  e  tinha  seu  próprio estilo 
de  escrever  e  argumentar.  Mas  faltava  um  Norte,  algo  que  desse  um 
direcionamento  claro  e  que  unisse  os  talentos  de  cada  um  e  permitisse 
que a tripulação conseguisse navegar em segurança pelo Caos. 

Se,  na  mitologia,  o  Caos se apresenta como a fonte de onde se originaram 


todas  as  demais  forças  do  Cosmos,  a  Xaoz  representaria  a  união  da 
diversidade  mágica  em  busca  do  retorno  a  esta  matriz.  É  impossível 
pensar  na parte descolada do todo, e assim olhamos a magia para além dos 
limites  tradicionais  congregando  a  diversidade  e  respeitando  a 
independência dos saberes e linhagens.  

Para  auxiliar  nessa  de nição,  resolvemos  nos  aconselhar  com  o  iChing. 


Este  sistema  oracular  foi compilado e comentado pelo imperador Fu Hsi, 
por  volta  do  ano  1.150  antes  da  Era  Comum.  Além  de  informar  sobre o 
estado  mental  vigente  de  uma  pessoa  e  de  seu  entorno,  o  iChing  indica 
possíveis  mudanças  que  estão  ocorrendo,  e  escolhas  a  serem  feitas,  assim 
como suas consequências potenciais. 

Jogando  moedas,  chegamos  ao  hexagrama  26  -  Ta  Ch’u,  o  Poder  de 
Domar do Grande. Neste hexagrama, o céu está no interior da montanha. 
O  potencial  existe,  e  por  enquanto  está  adormecido.  O  poder  criativo  é 
controlado  pela  rmeza.  As  linhas  dois e seis apresentaram caráter móvel, 
indicando  dois  caminhos  possíveis  para  prosseguirmos.  A  linha  dois 
móvel  indica  uma  situação  em  que  a  força  paralisadora  seria  superior,  e 
nos  manteríamos  apenas  conversando  internamente,  estudando  e 


compartilhando  conhecimento  entre  nós,  chegando  ao  hexagrama  22  - 
Bi,  a  Graciosidade.  Neste  hexagrama,  o  fogo  está  sob  a  montanha,  um 
empreendimento  mais  contido  e  controlado,  sucesso  em  assuntos 
menores.  Já  a  linha  seis  móvel  indica  uma  situação  onde  teria  passado  a 
época  da  contenção,  e  a  força  dentro  da  montanha  poderia  ser  liberada, 
chegando  ao  hexagrama  11  -  T’ai,  a  Paz.  O  Céu está sobre a Terra, e tudo 
está  tranquilo.  O  conhecimento  é  compartilhado  agora  de  forma  global, 
em maior escala.  

Escolhemos  o  segundo  caminho:  compartilhar  o  conhecimento  com  o 


mundo.  Neste  livro,  portanto,  fazemos  uma  compilação  dos  métodos 
práticos  já  existentes  na  literatura  que  praticamos,  aprimoramos  e 
testamos  internamente,  bem  como  comentamos  sobre  os  resultados  que 
cada  rito  espera  obter.  Também  explicamos  conceitos  importantes  que 
perpassam  a  prática  mágica,  e  que  podem  ser  valiosos  no  momento  de 
elaborar ou performar um ritual. 

Sejam bem vindos ao 


Grimório de Práticas do 
Projeto Xaoz. 

   


Sumário 

1. As vertentes mágicas 8 

Magia Elemental 12 

Magia Planetária 15 

Magia com os Signos 16 

Magia Cromática 18 

Magia Solar 19 

Magia Lunar 20 

Magia no Ciclo das Águas 24 

Magia nas Direções Cardeais 25 

Níveis Mágicos 26 

2.Simbologia 29 

Analogias entre sistemas 30 

A Psiquê Humana 31 

Magia Simpática 32 

Amuletos e Talismãs 33 

3. Grimórios Mágicos 34 

4. Estudo e Prática da Magia 37 

Autoconhecimento 39 

Mentalização 40 


Oráculos 41 

Gnose 42 

Magia Simpática 43 

Visualização 44 

Projeção Astral 45 

Evocação 46 

Invocação 47 

5. Gnose 49 

Cromo-Gnose 49 

Gnose por Ritmo e Frequência 51 

Quimiognose com Rapé 52 

6. Rituais e Banimentos 56 

Como Criar seu Próprio Ritual 56 

Equipamentos e Instrumentos Mágicos 59 

Adaptações do Ritual menor do Pentagrama 62 

7. Sigilos 68 

Os 13 Sigilos 69 

Combinação de Sigilos e Símbolos 77 

Sigilos em Circuito 78 

8. Servidores 81 


Planejando Servidores 81 

Canalizando Servidores de Sonhos 83 

Servidores Baseados em Entidades 84 

Canalizando Servidores Automaticamente 85 

Aspectos Principais 86 

Aspectos Adicionais 87 

Funcionamento de Servidores 88 

Aprimorando servidores 89 

Octo 90 

9. Oráculos 93 

Usos dos Oráculos 93 

Oráculos para Previsão do Futuro 94 

Oráculos para Entretenimento 95 

Oráculos para Magia e Feitiços 96 

Oráculos para Autoconhecimento 98 

10. Sonhos 101 

Caderno de sonhos 101 

Interpretação de Sonhos 101 

Sonhos Oraculares 103 

11. Projeção Astral 105 


Meditação antes de Dormir 106 

Projeção Astral para uma Paisagem 108 

Construção de Templos Astrais 109 

Salas Astrais Individuais 110 

Mudança de forma do corpo astral 111 

12. Referências 113 


   


1. As vertentes mágicas 

Diversos  paradigmas  mágicos  podem  ser  utilizados  como  parte  da  magia 
do  caos,  e  estes  podem  ser classi cados de acordo com suas características 
gerais.  Estas  classi cações  não  são  totalmente  pragmáticas,  ou 
sistematizadas  de  maneira  excludente  ou  limitadora,  já  que  não  atuam 
como  um  marco  ou  fronteira  entre  os  pontos  de  vista  e  dos  signi cados 
dados  a cada termo por tradição. No Caoísmo, entende-se que os diversos 
sistemas  buscam  expressar  o  mesmo  mundo — o  mundo  das  ideias,  o 
Caos — mas  não  o  expressam  de  forma  unívoca  e  completa  devido  às 
limitações  da  linguagem  e  da  subjetividade  compartilhadas  entre  os 
adeptos. 

Sendo  assim,  na  magia  do  caos  é  possível  utilizar  o  que  for  mais 
conveniente  de  cada  paradigma em prol de um objetivo desejado, ou criar 
um sistema próprio que pode ou não ser derivado daqueles pré-existentes. 

Cabe  ressaltar  que  as  vertentes  se  encontram  em  um  continuum  entre  as 
polaridades,  não  sendo  sempre  de nidas  de  forma  única  ou  absoluta,  e 
que  algumas  vertentes  são  tão  abrangentes  que  diversas  linhagens 
coexistem  dentro  de  si.  Obviamente,  não  deve  haver  juízo  de  moral,  em 
termos  de  bem  e  mal,  ou  hierarquia  de  maior  ou  menor  poder  entre  as 
vertentes,  independente  de  sua classi cação. Sabendo usar as energias que 
forem adequadas, qualquer intento mágico pode ser realizado. 


 

Complexidade dos Materiais e Métodos 

Algumas  vertentes  mágicas  utilizam  cerimônias  e  ritos  com  explicações 


complexas,  elementos  manufaturados,  arti ciais  ou  elaborados 
artesanalmente  pelo  magista.  Outras  utilizam  elementos  mais  simples, 
rústicos,  diretamente  coletados  da  natureza,  que  evocam  certos  aspectos 
por  associação,  e  não  são  necessárias  fórmulas  ou  conceitos  complexos 
para se realizarem e explicarem os rituais. 

A  estes  foram  elaboradas  uma  taxonomia  própria,  reproduzida  ao  longo 


dos  anos,  a  Alta  Magia  e  a  Baixa  Magia.  Estas  denominações  foram 
muitas  vezes  usadas  à  guisa  de  comparação  e  valoração,  sendo  possível 


analisar  melhor  estes  termos  e  avaliar  quais  são  os  aspectos  que  unem  as 
vertentes  incluídas  em  cada  classi cação.  Práticas  mais  próximas  da 
natureza  foram  entendidas  como  inferiores  por  alguns  autores,  mas  de 
forma geral o conceito de “Baixa Magia” utilizado demonstra tão somente 
uma  proximidade  maior  dos  ingredientes  naturais  e  da  magia  intuitiva, 
visceral.  Portanto,  deixando  de  lado  o  tom  pejorativo,  esta  classi cação 
estaria  relacionada  a  uma  vertente  mágica  ter  maior  ou  menor 
proximidade  com  a  natureza,  e  utilizar  as  camadas  mais  instintivas  e 
íntimas,  ou  as  mais  intelectualizadas  e  formalistas — no  sentido 
evolutivo — do  cérebro, usando também elementos e ingredientes mais ou 
menos complexos.  

No  eixo  de  Baixa  a  Alta  complexidades,  podem  ser  utilizados  elementos 
próximos  da  Natureza  aliados  a  conjurações  e  textos  oriundos  da  mente 
consciente  humana.  As  explicações  podem  variar  desde  a  simples atração 
de  certos  aspectos  (magia  simpática)  até  vibrações  e  frequências  que 
causam a sintonia da mente com o Cosmos (lei da atração).  

Também se observa que enquanto a Alta Magia se preocupa com a forma, 
obrigatória  para o sucesso da prática mágica, a Baixa Magia se orienta para 
o  conteúdo,  ou  seja,  a  expressão  da  vontade  mágica.  Quanto  mais 
complexos  os  elementos  e  o  cerimonial  utilizados,  mais  direta  será  a 
realização  do  rito  em  si,  dado  que,  os  elementos  do  rito  já  estão 
costurados  na  forma  de  um  roteiro  para  o  magista  seguir.  Quando  os 
elementos  são  mais  rústicos,  retirados  diretamente  da  natureza,  e  o 
magista  tem  que  montar  seu  próprio  ritual  pois  nem  todas  as  regras  são 
expressas,  o  que  torna  a  intervenção  do  magista  mais  presente, 
requerendo  mais  conexão  com  as  energias  universais,  e  de  sua  própria 
mente.  Sendo  assim,  um  rito  usando  elementos  simples  pode  demandar 
de muito mais energia e foco para ser realizado. 

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Alinhamento 

O  alinhamento  dos  objetivos  de  um  ritual  diz  respeito  a  qual  sua 
nalidade, que geralmente é levada em conta de forma implícita durante a 
formulação  do  rito  (é  o  motivo  que  levou  a  planejar  o  ritual e também o 
objetivo último após sua realização). 

Se  esses  objetivos  são  de nidos  de  acordo  com  um  plano  já  traçado,  o 
destino,  uma força superior do Cosmos (de fora para dentro), diz-se que a 
vertente  é  de  Mão  Direita.  Nesse  sentido,  pede-se  que  venha  “o  que  o 
magista  precisa”,  “o  que  for  para  o bem maior”, ou pede-se auxílio de tais 
“forças superiores”. 

Caso  os  objetivos  partam  da  intenção  do  magista, de sua vontade interna 


(de  dentro  para  fora),  diz-se  que  a  vertente  é  de  Mão Esquerda. Se forem 
usadas  entidades,  o  magista  irá  barganhar  com  elas  ou  equalizar-se  a  seu 
nível  vibratório  para  fazer  valer  sua  intenção. Pede-se que ocorra “o que o 
magista  quer”,  “o  que  for  da  vontade  do  magista”,  e  pede-se  o  auxílio  a 
“forças de mudança e revolução”. 

Neste  eixo  de  alinhamentos,  Direita  e  Esquerda,  é  possível  alcançar  a 


Ambidestria.  Ao  trabalhar  o  Deus  interno  como  partícula  de  um  Deus 
externo,  a  verdadeira  vontade,  interior  ao  magista,  se  alinha  com  o plano 
cósmico,  desta  forma  os  objetivos  de  um  ritual  provêm  tanto  da  força 
superior  quanto  da  força  interna do magista — e a dicotomia é rompida, e 
torna-se Um com o Todo. 

Referencial 

Em  termos  do  referencial  de  divulgação e realização de um rito, podemos 


enxergar  algumas  vertentes  Esotéricas,  cujas  informações  principais  são 
mantidas  como conhecimento sigiloso ou iniciático (franqueado apenas a 
pessoas  convidadas),  e  outras  Exotéricas,  cujo  conhecimento  é  aberto  ao 
público  que  tem  acesso  livre  a  estas  informações  (franqueado  a  todas  as 

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pessoas  que  tenham  interesse).  Neste  caso,  o  referencial  está  atrelado  a 
questões  internas  ou  externas  ao  círculo  ou  à  sociedade  detentora  dos 
conhecimentos-chave sobre aquela vertente. 

Já  no  que  toca  ao  referencial  Endógeno  e  Exógeno  que  guiará  a  escolha 
dos  elementos  utilizados  em  um  rito,  em  algumas  vertentes  o 
inconsciente  é  ativado  pela  mente  consciente  do  magista  (por  vezes 
através  de  leituras  e  estudos)  e  em  outras  o  inconsciente  é  ativado  por 
elementos  externos  (como  objetos,  cheiros,  sons,  estímulos  visuais  e 
movimentos  corporais).  Os  mecanismos  internos  também  podem  ser 
entendidos  como  conteúdos  mentais,  equilíbrio  interno  e  aspectos 
psicológicos,  enquanto  os  mecanismos  externos  estão  mais  ligados  a 
entidades, energias, e ao mundo ao redor do magista. 

Pode-se  entender,  como  no  Hermetismo,  que  conteúdos  externos 


correspondem  a  conteúdos internos, e o uso de ambos em conjunto pode 
trazer  benefícios.  Da  mesma  forma,  um  aspecto  interno  pode  ser 
plasmado  externamente,  e  um  aspecto  externo  pode  ser  trazido  para 
dentro da mente. 

Magia Elemental 

Uma  das  classi cações  mais  simples da magia em relação à intenção ou ao 


objetivo  são  as  que  usam  um  conjunto  de  elementos  como  símbolos  ou 
categorias.  A  magia  elemental,  nesse  sentido,  seria  de  forma  geral  a  que 
utiliza  os  4  elementos  Terra,  Água,  Fogo  e  Ar,  além  do  Éter  (embora 
algumas  correntes  Orientais  utilizem  Terra,  Água,  Fogo,  Madeira  e 
Metal). 

1. Magia  da  Terra:  lida  com  materialidade,  saúde  do  corpo  físico, 
aspectos  terrenos  como  bens  materiais,  dinheiro,  materialização  de 
escritos  ou  confecção  de  objetos.  A  Terra  corresponde  à  matéria,  a 
tudo  que  está  em  estado  sólido,  às  sensações,  às  pedras  e  metais,  ao 

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plano  Físico. Elementais da Terra são relacionados aos bens materiais 
e  à  fertilidade  vegetal.  Podem ser incluídos aqui como manifestações 
conscientes  deste  elemento  os  gnomos,  duendes,  faunos,  anões, 
dríades, ao Curupira. 

2. Magia  do  Fogo:  diz  respeito  à  sexualidade  e  a  aspectos  de  iniciativa, 


vencer  batalhas,  combates  e  lutas,  realizar  projetos,  intuição, 
criatividade,  iniciativa  e  vontade.  O  Fogo  está  relacionado  ao  plano 
Energético  e  a  todas  as  formas  físicas  de  energia  como  o  plasma  e  o 
campo  eletromagnético;  rege  os  aspectos  intuitivos.  Elementais  do 
Fogo  são  relacionados  a  paixões,  impulsividade  e  ataques.  São 
incluídos,  como  seres  míticos  relacionados  a  este  elemento, 
salamandras, wyverns, dragões, fogos-fátuos, boitatá. 

3. Magia  da  Água:  faz  referência  a  sentimentos  e  emoções,  ao 


inconsciente,  autoconhecimento,  compaixão,  conforto,  saúde 
mental.  A  Água  tem  relação  com  uidos  energéticos,  com  o  plano 
dos  sonhos  e  com o plano Emocional, estando relacionada ao estado 
líquido.  Elementais  da  Água  estão  relacionados  aos  desejos, 
sentimentos  e  emoções.  Dos  seres  mágicos  que  habitam  as  águas, 
incluímos  tritões,  nereidas,  sereias,  ondinas,  a  Yara,  serpentes 
marinhas, sirenas, melusinas, hipocampos. 

4. Magia  do  Ar:  age  em  relação  a  aspectos  mentais,  pensamento, 


racionalidade,  lógica,  raciocínio  rápido  e  direto,  absorção  de 
conhecimento.  O  Ar  está  relacionado  a  todos os gases e  uidos mais 
sutis,  mas  também  ao  pensamento  e  à  razão,  ao  plano  Mental. 
Elementais  do  Ar  possuem  leveza,  rapidez  e  pensamento  sagaz,  por 
vezes  são pregadores de peças. Elencamos aqui como seres associados 
ao elemento os silfos, fadas, elfos claros, espectros, o Saci-pererê. 

5. Magia  do  Éter  ou  Espírito:  tem  relação  com  aspectos  temporais, 
eternos  e  espirituais,  que  são  mediados  pelo  Plano  Causal.  Permite 

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transcender  e  perceber  movimentações  que  ocorrem  nestes  planos, 
auxilia  o  contato  com  divindades.  O  Éter  é  o  elemento  eterno,  que 
permeia  a  tudo  e  funciona  como  a "grade" pela qual todos os outros 
elementos  se movem; seria o Campo Etérico, o Campo de Higgs que 
provê  massa  aos  elementos  manifestados,  ou  ainda  o  Vácuo 
Quântico de onde surgem e se colapsam Quarks e Antiquarks.  

Além  dos  4  elementos,  existem  4 qualidades que fornecem aos elementos 


suas  características  principais.  Estas  qualidades  estão  divididas  em  2 
conjuntos de 2 pólos opostos, gerando 4 combinações binárias. 

SECURA  -  qualidade  do  que  é  seco,  árido,  imóvel  e  xo,  podendo  ser 
usada para magias de cortar in uências ou xar elementos em um local 

UMIDADE  -  qualidade  do  que  é  úmido,  frondoso,  uido  e  móvel, 


podendo  ser  usada para fruti car projetos, alimentar aspectos ou mover o 
que está parado 

CALOR  -  qualidade  do  que  é  quente,  impetuoso,  decidido  e  ativo, 


podendo  ser  usada  para  questões  sexuais,  de iniciativa e determinação, de 
raiva e tempestuosidade 

FRIO  -  qualidade  do  que  é  gelado,  retraído,  impessoal e isento, podendo 


ser  usada  para  refrear  questões  aceleradas,  para  acalmar  os  ânimos,  ou 
para diminuir a agitação 

Na  correlação  estabelecida  pela  Alquimia,  os  4  elementos  possuem  as 


seguintes qualidades: 

● TERRA - seca, fria 


● ÁGUA - úmida, fria 
● FOGO - seco, quente 
● AR - úmido, quente 

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Magia Planetária 

A  magia  planetária  tradicional  é  abordada  em  diversos  trabalhos  como  o 


Picatrix  e  até  mesmo  anteriormente  em  tabuletas  sumérias,  como 
indicado  em  estudos  de  Erica  Rainer  e  de  Hunger  e  Pingree.  Mais 
recentemente  os  planetas  Urano,  Netuno  e  Plutão passaram a ser levados 
em  conta  no  desenvolvimento  de  uma  magia  planetária  “moderna”  que 
considerasse  as  atualizações  cientí cas  sobre  o  assunto.  No  âmbito  da 
astrologia  moderna,  segundo  Kenneth  Grant  com  base  nos  trabalhos  de 
Crowley,  a  esfera  da  consciência  humana  usa  dez  tipos  principais  de 
mágicka, relacionados aos planetas: 

1. Mágicka Terrena, a mágicka da materialização; 

2. Mágicka  Lunar  (melhor  denominada  como  feitiçaria),  a  mágicka da 


bruxaria, glamour e ilusão; 

3. Mágicka  Mercurial,  que  envolve  técnicas  como  telepatia,  radiação 


eletromagnética e fenômenos aparentados; 

4. Mágicka Venusiana, a mágicka do amor para ns terrenos; 

5. Mágicka Marcial, a da energia e dissolução de energia; 

6. Mágicka  Solar,  a  mágicka  da  consciência  humana  em  sua  fase  mais 
elevada e sublime (ex: conversação com o SAG); 

7. Mágicka Jupteriana, a mágicka da conservação e controle; 

8. Mágicka Saturnina, a mágicka da mudança e dos mistérios da morte; 

9. Mágicka Uraniana, a mágicka da Verdadeira Vontade; e 

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10. Mágicka  Netuniana,  uma  forma  de  Mágicka  altamente  secreta  que 
envolve Controle dos Sonhos. 

Haveria  também  uma  décima  primeira  forma  de  Mágicka,  desconhecida 


para os homens em geral - a Mágicka Plutoniana. 

Magia com os Signos 

Analisando  os  aspectos  associados  com  os  signos,  é  possível  aproveitar 


suas  energias  para  realizar  com  maior  poder  certos  tipos  de  intento 
mágico.  Esta  associação,  por  sua  vez,  pode  ser  de nida  usando 
sub-divisões por elemento de cada signo. 

Quando  o  Sol  se  encontra  em  signos  de  fogo,  alguns  tipos  de  magia 
podem ser aprimorados seguindo a Magia Natural: 

ÁRIES  -  magia  para  ímpeto  (impulsividade,  tomar  iniciativa),  iniciar 


projetos, combater inimigos, cortar in uências, dominar territórios. 

LEÃO  -  rituais  para  autoestima,  liderança,  aprimoramento  da 


autoimagem,  coragem  para  enfrentar  inseguranças,  proteção  de  pessoas 
indefesas. 

SAGITÁRIO  -  obtenção  de  sagacidade,  esperteza,  encadeamento  lógico, 


sabedoria cientí ca, conhecimento dos poderes das ervas e dos cristais. 

O  Sol  em  signos  de  Terra  tende  a  trazer  aspectos  que  podem  ser 
aproveitados para energizar rituais na esfera deste elemento: 

TOURO  -  concentrar  energia,  alimentar  intentos,  semear  objetivos, 


obter  satisfação  e  conforto,  inspirar  con ança,  obter  obstinação, persistir 
em processos longos. 

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VIRGEM  -  posicionar  os  elementos  da  forma  mais  organizada  possível, 
manipular  e  encaixar  energias,  puri car  e  esvaziar  a  mente,  ancorar  ou 
aterrar energias densas. 

CAPRICÓRNIO  -  materializar  objetivos,  alcançar  metas,  seguir  em 


frente,  afastar  o  cansaço,  obter  determinação,  contactar  energias 
ancestrais. 

O  posicionamento  do  Sol  em  frente  aos  signos  de  Ar  ampli ca  energias 
relacionadas aos aspectos: 

GÊMEOS  -  comunicação,  manipulação  de  pensamentos,  adaptação  a 


novas  circunstâncias,  análise  de  dualidades  para  sua  consolidação,  traçar 
correlações. 

LIBRA  -  equilíbrio,  ponderação,  justiça,  correção  de  injustiças, 


distribuição  equânime,  retorno  do  que  é  merecido,  análise  minuciosa  de 
questões complexas. 

AQUÁRIO  -  liberdade,  leveza,  glamour,  status,  pensamento  holístico, 


acúmulo de energias para direcioná-las a algum lugar especí co. 

O  Sol  passando  por  signos  de  água  pode  trazer  energia  para  rituais  que 
tratam de alguns assuntos especí cos ao elemento: 

CÂNCER  -  cuidado  materno,  lidar  com  sentimentos,  conforto  e 


regeneração,  re exão,  cura,  magia  para  relacionamentos  no  sentido 
fraternal ou romântico. 

ESCORPIÃO  -  ataque  letal,  quebras,  revoluções,  nalização  de  ciclos, 


causar  danos  sem  a  percepção  do  alvo,  transmutar  energias,  lidar  com  a 
sombra, sexualidade. 

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PEIXES  -  sonhos,  aprendizado  de  ciências, coletividade, manifestação do 
que  está  no  campo mental, levar palavras de conforto aos outros, prever o 
futuro e perceber tendências. 

Magia Cromática 

As  cores  como  representantes  de  energia  são  abordados  em  trabalhos  de 
telesmática  (que  tratam  da  confecção  de  estatuetas  e  ilustrações 
ritualísticas),  além  das  partes  do  Lemegeton  que  tratam  da  confecção  de 
pantáculos  do  traçado  de  círculos  ritualísticos  (como  por  exemplo  o  Ars 
Goetia).  Em  uma  abordagem  mais  recente,  o  autor  Peter  Carroll, em seu 
livro  Liber Kaos, classi ca a magia em relação a seu intento ou objetivo de 
acordo  com  7  cores  e  mais  uma  oitava,  chamada  Octarina.  Ao  serem 
analisadas,  vê-se  que  estas  formas  de  magia possuem relação indireta com 
os  Chakras,  e  ao  mesmo  tempo  consistem  em  uma  classi cação  aplicável 
aos objetivos mais recorrentes no contexto atual. 

1. Magia  Vermelha:  relacionada  à  beligerância,  tanto  no sentido de 


combates  mágicos  quanto  na  atração  de  vitalidade  e  outros 
aspectos que possam auxiliar em batalhas e con itos. 

2. Magia  Laranja:  relacionada  a  pensamentos,  sagacidade,  às 


habilidades  necessárias  para  comunicação  e  difusão  de 
conhecimentos, e à rapidez de raciocínio. 

3. Magia  Amarela:  relacionada  ao  ego,  permite  modi car  a 


aparência,  os  trejeitos,  a  forma  de  ver  o  mundo  e  de  ser  visto 
pelas pessoas, assim como o carisma. 

4. Magia  Verde:  relacionada  ao  amor,  faz  pessoas  se  sentirem 


atraídas  romanticamente,  além  de  permitir  resolver  questões 
sobre con ança e amizade. 

18 
5. Magia  Azul:  relacionada  à  fortuna,  a  riquezas,  e  mais 
especi camente  ao  controle  de  aspectos  materiais  ou  mesmo  ao 
poder sobre pessoas. 

6. Magia  Roxa  (ou  prateada):  relacionada  ao  sexo,  permite  fazer 


pessoas  se  sentirem  atraídas  sexualmente,  e  também  resolver 
questões de libido. 

7. Magia  Negra  (ou  violeta,  mantendo  a  coerência):  relacionada  à 


morte,  podendo  ser  usada  para  evitar  a  morte  prematura  ou 
nalizar aspectos não desejados. 

8. Magia  Octarina:  é  a  expressão  da  magia  pura,  sem alinhamentos 


ou  sintonias,  podendo  ser  direcionada  a  qualquer  intento,  ou  a 
objetivos  mais  complexos.  Permite  a  evocação  de  formas-deus 
muito  variadas,  e  o  funcionamento  da  mente  em  moldes 
totalmente desprendidos do senso comum. 

Magia Solar 

Um  dos  elementos  naturais  que  podem  ser  utilizados  na  Magia  é  o  Sol, 
considerando  seus  movimentos  pelos  12  signos  e  também  a  sua  relação 
com  a  Terra,  gerando  as  Estações.  Existem  diversos  festivais  incluídos  na 
Roda  do  Ano,  que  dependem  do  referencial  adotado  para  a  fonte  da 
energia  (a  energia  usada  no  rito  pode  provir  de  um  local  de  poder  no 
Hemisfério  Norte  ou  no  Hemisfério  Sul).  De  forma  geral,  os  intentos 
mais poderosos a serem realizados em cada estação são: 

OUTONO  -  secar  a  fonte  de  poder  de  alguma  in uência  negativa, 


diminuir  energias,  se  recolher  para  preparar  um  projeto,  caçar  animais  e 
domar energias instintivas; recolher-se, secar, cair, diminuir. 

INVERNO  -  descansar,  aproveitar  energias  escassas  da  melhor  forma, 


hibernar,  congelar  ou  retardar  o  que  está  indo  muito  rápido,  reduzir 

19 
paixões  e  vontades  in amadas;  hibernar,  passar  despercebido,  contato 
com o submundo. 

PRIMAVERA  -  preparo  de  algo  para  ser  colhido  mais  à  frente, 


sensualidade  e  sedução,  atração  sexual,  envio  de  pensamentos  e  sonhos, 
estado de alegria; orescer, germinar, retomar algo que estava paralisado. 

VERÃO  -  colheita  dos  frutos  plantados  anteriormente,  socialização, 


saúde  física,  iluminar questões, acelerar o que está ocorrendo lentamente, 
aprimorar metabolismo; colher, compartilhar, in amar. 

Magia Lunar 

Em  algumas  práticas,  podem  ser  utilizados  aspectos  relacionados  às  fases 
da  Lua  para  potencializar  diferentes  objetivos  mágicos.  O  Magus  de 
Barrett  atribui  ainda  poderes  especí cos  a  cada dia da lunação e aos anjos 
que  regem  estes  dias.  Um  adendo  interessante  é  o  de que o arcabouço de 
Magia  Natural  tenderia  a considerar que a própria Lua tem esses poderes, 
enquanto  na  "Alta  Magia"  os  anjos  (energias  sutis  com  aspecto 
intelectual) seriam a fonte do poder de cada mansão lunar.  

LUA  NOVA  -  pode  ser  usada  para  ocultações  e  para  momentos  de 
re exão  ou  mergulho  no  inconsciente,  para  rituais  de cura e regeneração. 
Impregnar  ideias  ou  sementes  de  ideias  no  inconsciente,  se  recolher  no 
próprio  inconsciente,  obter  conforto  e  descanso,  se  preparar  para  um 
novo  ciclo  ou  começar  o  planejamento  de  um  projeto;  inseminar, 
repousar, re etir, plantar, ocultar instantaneamente. 

Os poderes de cada dia da Lua Nova, segundo o Magus de Barrett são: 

1ª  mansão  lunar  -  provê  jornadas  prósperas,  cria  discórdia,  ajuda  com 
objetivos da medicina, especialmente puri cações e laxantes. 

20 
2ª  mansão  lunar  -  ajuda  a  encontrar  tesouros  e  cativeiros  de reféns, ajuda 
em viagens e plantações, evita diarreias e vômitos. 

3ª mansão lunar - in uencia os marinheiros, caçadores e alquimistas. 

4ª  mansão  lunar  -  causa  a  destruição  e  a  queda  de  construções,  fontes, 


poços, minas de ouro, também trazendo insetos e discórdia. 

5ª  mansão  lunar  -  ajuda  a  retornar  em  segurança  de  uma  viagem, 
in uencia  professores  e  con rma  aprendizados,  fornece  saúde  e  boa 
aventurança aos merecedores. 

6ª  mansão  lunar  -  ajuda  na  caça,  no  ataque  a  cidades,  vingança  sobre 
pessoas  poderosas,  destrói  colheitas  e  frutos,  di culta  o  trabalho  de 
médicos. 

7ª  mansão  lunar  -  con rma  ganhos  e  amizades,  ajuda  a  estabelecer 


relacionamentos amorosos e destrói magistraturas. 

LUA  CRESCENTE  -  e ciente  para  evocações  e  invocações,  para  atrair 


aspectos  desejados  e  para  aumentar  a  força  ou  a  in uência  do  que  se 
desejar.  Ampliar  aspectos  na  vida,  começar a revelar assuntos que estejam 
escondidos, trazer à tona sentimentos ou pensamentos; aumentar, crescer, 
ampliar, aprimorar, clarear. 

Os poderes dos dias da Lua crescente (ou dos anjos que a regem), são: 

8ª  mansão  lunar  -  causa  o  amor  e  a  amizade  entre  pessoas,  e  a  amizade 


entre  viajantes  companheiros,  espanta  camundongos,  a ige  reféns  e 
con rma seu aprisionamento. 

9ª  mansão  lunar  -  impede  colheitas  e  viajantes,  causa  a  discórdia  entre 


humanos. 

21 
10ª  mansão  lunar  -  fortalece  construções,  promove  amor  e  benevolência, 
ajuda contra inimigos. 

11ª  mansão  lunar  -  auxilia  viagens,  ganhos  por  meio  de  propagandas, 
redenção de reféns. 

12ª  mansão lunar - fornece prosperidade a colheitas e plantações, ajuda na 
melhora dos servos, reféns e companheiros, atrapalha marinheiros. 

13ª  mansão  lunar  -  ajuda  na  benevolência,  ganhos,  viagens,  colheitas,  e 


liberdade de reféns. 

14ª  mansão  lunar  -  provê  amor  para  os  casados,  cura  os  doentes, fornece 
lucros para os marinheiros, atrapalha jornadas por terra. 

LUA  CHEIA  -  preside  sobre  materialização,  sobre  a  manifestação  no 


mundo  físico  de  tudo  que  tiver  sido  planejado  previamente,  para 
revelação do oculto. Manifestar ideias que estavam sendo planejadas, dar à 
luz  servidores  astrais,  trazer  entidades  para  o  mundo  físico;  manifestar, 
conjurar, evocar, maximizar, energizar, parir, revelar instantaneamente. 

Ainda  segundo  o  texto,  os  poderes  da  Lua  cheia  (ou  dos  anjos  que  a 
regem) são: 

15ª  mansão  lunar  -  ajuda  a  encontrar  e  recuperar  tesouros  e  a  escavar 


poços,  causa  divórcios,  discórdia,  e  a  destruição  de  casas  e  inimigos, 
atrapalha viajantes. 

16ª  mansão  lunar  -  atrapalha  jornadas,  casamentos,  colheitas  e  vendas, 


ajuda na redenção de reféns. 

17ª  mansão  lunar  -  melhora  a  má  fortuna,  torna  o  amor  duradouro, 


fortalece construções, ajuda marinheiros. 

22 
18ª  mansão  lunar  -  causa  discórdia,  motins, conspiração contra príncipes 
e poderosos, vingança de inimigos, liberta reféns e ajuda no aprendizado. 

19ª  mansão  lunar  -  ajuda  a  atacar  cidades,  invadir  e  tomar  vilas,  expulsar 
pessoas de seus lares, destruir marinheiros e reféns. 

20ª  mansão  lunar  -  ajuda  a  domar  bestas  selvagens  e  fortalecer  prisões, 


destrói  a  riqueza  de  sociedades,  força  uma  pessoa  a  ir  para  um  lugar 
determinado. 

21ª  mansão  lunar  -  ajuda  na  colheita,  ganhos,  construções  e  viajantes, 


causa o divórcio. 

LUA  MINGUANTE  -  e ciente  para  banimentos,  para  afastar  aspectos 


indesejados  e  para  diminuir  a  força  ou  a  in uência  do  que  se  desejar. 
Reduzir  in uências  negativas,  cortar  a  fonte  de  energia  de  algum  ritual, 
ocultar  aspectos,  iniciar  a  descida  ao  próprio  inconsciente;  diminuir, 
reduzir, minguar, escurecer. 

Os poderes da Lua minguante (ou dos anjos que a regem), são: 

22ª  mansão  lunar  -  promove  o  voo  de  servos  e  de  reféns  em  sua  fuga, 
ajuda a curar doenças. 

23ª  mansão  lunar  -  causa  divórcios,  liberta  reféns,  promove  a  saúde  para 
os doentes. 

24ª  mansão  lunar  -  ajuda  na  benevolência  de  pessoas  casadas  e  na  vitória 
de soldados, atrapalha a execução de governos e previne o seu exercício. 

25ª  mansão  lunar  -  favorece  ataques  e  vingança,  destrói  inimigos,  causa 


divórcios,  fortalece  prisões  e  construções,  provê  rapidez  a  mensageiros, 
ajuda  em  feitiços  anticoncepcionais,  aprisiona  uma  pessoa  para  que  não 
realize uma tarefa. 

23 
26ª  mansão  lunar  -  provê  união  e  saúde  aos  reféns,  destrói  prisões  e 
construções. 

27ª mansão lunar - melhora colheitas, lucros e ganhos, cura enfermidades, 
enfraquece  construções,  prolonga  sentenças  de  prisão,  envia  perigos  aos 
marinheiros, ajuda a causar confusão na vida das pessoas. 

28ª  mansão  lunar  -  melhora  colheitas  e  vendas,  protege  viajantes  em 


lugares  perigosos,  traz  felicidade  a pessoas casadas, fortalece prisões, causa 
a perda de tesouros. 

Cabe  ressaltar  que,  caso  um  ritual  seja  direcionado  para  a  corrente 
energética  da  Lua,  a  fase  lunar  deve  ser  levada  em  conta.  Mas, caso o rito 
não  seja  direcionado  a este satélite, considera-se que não haverá in uência 
signi cativa  da  Lua  (a  magia  agirá  por  meio de outros planetas ou outros 
mecanismos). 

Magia no Ciclo das Águas 

Algumas  vertentes  mágicas  e  metafísicas  utilizam  conceitos  e  energias 


relacionados  aos  ciclos  da  água. Geralmente, estas vertentes são referentes 
a  povos  com  um  sistema  de  agricultura  bem  estruturado,  como  a  etnia 
Tukano  do  Brasil  e  vários  povos  do  Egito  e  Oriente  Médio.  De  forma 
geral,  existem  3  fases  do  ciclo  hidrológico,  que  podem  ser  utilizadas  para 
tipos especí cos de magia: 

PRECIPITAÇÃO  -  é  a  época  da  aragem,  preparo  do  solo  e  semeadura; 


preparo  de  projetos,  plantar  ideias  na  mente  das  pessoas,  começar  algum 
trabalho para colher resultados no futuro, iniciar ciclos. 

INUNDAÇÃO  -  quando  o  rio  está  com  margens  amplas,  e  o  solo  ao 


redor  está  úmido  e  fértil;  ampliar  energias,  aumentar  in uências, 

24 
amadurecer  projetos,  fornecer  energia  ao  que  está  fraco,  recuperar, 
regenerar, curar. 

ESTIAGEM  -  as  margens  recuam,  e  as  chuvas  diminuem,  é  a  época  da 


colheita  dos  vegetais  e  do  preparo  e  manipulação  do  que  foi  colhido; 
preparo  de  óleos  vegetais,  colher  frutos,  reduzir  in uências  negativas, 
nalizar ciclos. 

Magia nas Direções Cardeais 

A  Magia  Natural  pode  ser  correlacionada  com  o  espaço  geográ co  por 
meio  dos  pontos  cardeais  e  de  associações  estabelecidas.  Primeiramente, 
deve-se  escolher  um  ponto  de  referência para ser o centro (que pode ser o 
local  do  ritual  ou  um  local  de nido  pela  vertente  mágica  a  ser  usada),  e 
em  seguida  devem  ser  observadas  as  energias  que  podem  ser  obtidas  de 
cada  direção.  Estas  energias  podem  se  basear  na  geogra a  dos  locais  que 
estão  em  cada  direção  em  relação  ao  magista,  ou  em  outros  critérios 
escolhidos  -  por  exemplo,  usando  como  referencial  um  centro  de  poder 
em outro local ou país. 

Caso  a  pessoa  esteja  considerando  que  drena  energia  da  natureza  à  sua 
volta  para  realizar  seus  ritos,  pode  muito  bem  considerar  os  aspectos 
naturais  à  sua  volta. Por outro lado, caso a pessoa esteja considerando que 
utiliza  a  energia  dos  centros  de  poder  da  vertente  que  trabalha  (Egito, 
Grã-Bretanha,  Oriente  Médio) pode preferir utilizar as correlações válidas 
para  aquele  local.  A  questão  de  “qual  local  escolher”  se  torna  paci cada 
uma  vez  que  se  observa  que  a  Magia  não  tem  correlação  tão  xa  com 
localidade,  atuando  em  outros  planos  não  necessariamente  materiais  e 
físicos (por exemplo: mentais, astrais e espirituais). 

A  partir  desta  observação,  geralmente  se  atribuem  aos  pontos  cardeais  4 


elementos,  4  anjos  ou  demônios,  4  deuses,  4  entidades,  4  estações,  4 
qualidades,  4  fases  da  lua,  4  festivais,  4  faces  de  uma  divindade,  etc. 

25 
Também  podem  ser  de nidas  associações  para  os  pontos  colaterais, 
totalizando 8 pontos notáveis ao redor da Rosa dos Ventos. 

Níveis Mágicos 

Em alguns roteiros de treino e estudo mágico, são traçados níveis para que 
o adepto possa realizar magia de forma gradual e segura, obtendo controle 
sobre  um  nível  para  só  então  avançar  ao  próximo.  Existem  várias 
linguagens  possíveis  para  explicar  essa  progressão,  como  a  pirâmide  de 
necessidades  de  Maslow  ( siologia,  segurança,  social,  estima,  realização), 
os  níveis  mágicos  da  Astrum  Argentum  (estudante,  probacionista, 
neó to,  zelator,  practicus,  philosophus,  dominus  liminis,  adeptus  minor 
externo,  adeptus  minor  interno,  adeptus  major,  adeptus  exemptus, 
magister  templi,  magus,  ipsissimus),  entre  outras,  mas  aqui  usaremos  os 
Chakras1. 

1) Muladhara, a base. O primeiro passo para se usar magia é estar  rme no 
mundo  físico.  Se  ancorar.  Ter  uma  clara  noção  da  realidade.  Aqui 
também  se  considera  a  ancoragem  em  termos  de  sobrevivência,  saúde 
física e nanceira, incluindo rituais simples para atrair dinheiro ou cura. 

2)  Swadhistana,  o  fundamento.  Em  seguida,  é  necessário  ter  controle 


sobre  os  próprios  desejos.  Saber  que partem de você, e não dos outros, de 
pressões  externas,  de  desequilíbrios  emocionais,  psiquiátricos  ou  ilusões 
da  mente.  Este  controle  aprimora os pedidos que serão feitos em todos os 
tipos  de  ritual,  mas  aqui  podem  ser  feitos  rituais  simples  de  atração  para 
obter elementos que se deseje na vida. 

3)  Manipura,  a  segurança.  Em  terceiro  lugar,  é  preciso  ter  coragem  e 


segurança  sobre  a  própria  mente  para  que  a  intenção  desejada  não  sofra 

1
  Conforme  de nido por Leadbeater em seu livro Os Chakras, “são pontos de conexão ou 
enlace  pelos  quais  ui  a  energia  de  um  a  outro  veículo  ou  corpo  do  homem” 
(LEADBEATER,  C.W., Os Chakras - Os Centros Magnéticos Vitais do Ser Humano. São 
Paulo: Pensamento, 2006).  
26 
interferência  de  medos  ou  inseguranças,  sejam  eles  conscientes  ou 
inconscientes.  Aqui  se  encaixam  rituais  de  proteção  e  conjuração  de 
escudos. 

4)  Anahata,  o  amor.  No  próximo  nível,  o  coração  tem  que  estar  aberto 
para  receber  os  resultados  e  para  conseguir  seguir,  no  ritual,  o  que 
realmente  se está sentindo. Consideram-se os sentimentos verdadeiros, do 
self,  e  não  os  do  ego.  Além  de  rituais  de  atração  de  pessoas,  pode-se 
estabelecer  uma  conexão  com  a  sociedade, aprimorar amizades, perdoar e 
ser perdoado. 

5)  Visuddha, a comunicação. Em quinto lugar, escolhe-se de forma muito 
detalhada  a  linguagem  pela  qual  o  pedido  será  expresso  da  forma  mais 
clara  possível.  Aqui, o magista conseguirá ser ouvido, alcançará multidões 
com  suas  ideias,  e saberá se expressar claramente. A voz interior é expressa 
da  melhor  forma  possível  para  o mundo exterior. Esta comunicação clara 
auxilia  muito  nos  níveis  anteriores,  mas  é  de  primordial  importância nos 
próximos. 

6)  Ajña,  o  terceiro  olho.  Em  sexto,  a  percepção  deve ser treinada, assim o 


uxo  intenso  de  informações  será  bem  compreendido,  e  não  irá se correr 
o  risco  de  ir  à  loucura.  Encaixam-se  aqui oráculos como meio indireto de 
visualização,  sonhos  como  meio  cifrado  ou  codi cado  de  visualização, 
mas  também  projeções  astrais  e transes mais simples como meio direto de 
visualização  para  vislumbrar  o  que  acontece  do  “outro  lado”.  Magia  de 
visualização  e  adivinhação,  além  da  recepção  de  profecias,  se  encaixam 
aqui. 

7)  Sahasrara,  a  coroa.  Por  último,  e  somente  tendo  dominado  os  níveis 
anteriores,  pode-se  sair  do  corpo  físico,  fazer  projeção  astral  e  contactar 
entidades  por  invocação ou evocação, não só vendo, mas interagindo com 
elas.  Para  tal,  é  necessário  vê-las,  saber  se  comunicar  com  elas, entender o 
que  sente,  ter  segurança,  controlar  os  próprios  desejos  e  ter  noção  da 

27 
realidade.  Em  não  se  tendo  um  desses  aspectos,  dominados  nos  níveis 
anteriores, corre-se riscos de efeitos adversos. 

Sendo  assim, de forma resumida, caso uma pessoa não esteja ancorada, ela 
deve  primeiro  se  ancorar.  Se  houver  ilusões,  estas  devem  ser  quebradas. 
Ao  perder  o  controle  de  um  dos  níveis,  deve-se  voltar  desde  o  primeiro 
nível  fazendo  uma  checagem  completa,  para  que  as  coisas  não  saiam  de 
controle  em  um  ritual  que  demande  das  energias  oriundas  de  níveis 
elevados. 

   

28 
2.Simbologia 

Símbolos  são  formas  de  encerrar  conceitos  e  ideias  complexas  em 


notações  menores  e  mais  sucintas.  Às  vezes,  são  elementos  presentes  no 
mundo  físico,  como  animais,  plantas,  minerais,  mas  outras  vezes  são 
glifos  criados  para  comunicar  uma  ideia  intangível  ou  de  difícil 
discernimento  por  meio  de  desenhos  descritivos,  como  planetas, 
sentimentos e substâncias químicas. 

Por  vezes,  os  símbolos  podem  indicar  elementos  correspondentes  em 


vários  níveis.  No  nível  mental,  por  exemplo,  o  elemento  Fogo  pode 
simbolizar  um  conjunto  de  sentimentos,  enquanto  no  mundo  físico 
pode  representar  uma  chama  propriamente  dita.  Além  disso,  a 
simbologia  depende  fortemente  do  contexto  em  que  foi  utilizada,  para 
uma  interpretação  correta.  Os  mesmos  símbolos  podem, dependendo da 
cultura e do contexto, indicar elementos completamente diferentes. 

Os  símbolos  mais  usados  na  magia  e nos alfabetos em geral são referentes 


a  elementos  que  faziam  parte  do  cotidiano dos autores que formularam e 
formalizaram  cada  sistema.  No  tarot  de  Marselha,  encontramos  torres, 
reis  e  cavaleiros,  enquanto  no  baralho  Lenormand,  derivado  do  Jogo  da 
Esperança,  encontramos  elementos  importantes  na  vida  e  imaginário 
europeu  na  transição  do  século  XVIII  para  o  século  XIX.  Já  nos 
hieróglifos  egípcios  podemos  encontrar  animais  típicos  daquela  região, 
cujas  características  especí cas  eram  inclusive  utilizadas  como  analogia 
para o caráter das energias dos néteres (“deuses” egípcios). 

Na  magia  do  caos,  há  possibilidade de se usarem símbolos mais próximos 


do  magista,  para  os  quais  os  signi cados  são  mais  intuitivos  por  fazerem 
parte  de  seu  cotidiano.  Porém,  mesmo  nesse  caso,  é  importante  também 
um  estudo  dos  símbolos  antigos,  uma  vez  que  o  uso  de  suas  egrégoras 
acumuladas  pode  ser  muito  vantajoso,  e  por  já  estarem  de  alguma  forma 

29 
gravados  em  nosso  cérebro  ancestral,  fazendo  parte  do  inconsciente 
coletivo. 

Analogias entre sistemas 

Com  a  redescoberta  de  vários  sistemas  mágicos  que  haviam  sido 


esquecidos  ou  perdidos,  sobretudo  pelos  membros da Golden Dawn por 
volta  de  1900, e com o advento do Hermetismo dos anos 1800 e da magia 
do  caos  em  1970,  iniciou-se  uma  tendência  a  relacionar  os  sistemas 
mágicos,  as  religiões  e  as  ciências  entre  si,  com  analogias  entre  seus 
elementos, e teorias de uns explicando o funcionamento de outros. 

Estas  analogias  são  muito  úteis  quando  se  deseja  aproveitar  o  mesmo 
caráter  de  várias  energias  similares,  e  os  elementos  de  um  sistema  podem 
potencializar  as  práticas  de  outro caso sejam usados em conjunto. Porém, 
deve-se  ter  muito  cuidado para não encarar estas analogias como verdades 
absolutas;  dependendo  da  interpretação,  as  correspondências  podem 
inclusive variar bastante. 

Um  exemplo  clássico  desta  variação  de  analogias  é  a  atribuição  de  letras 
hebraicas  às  Arcanas  Maiores  do  Tarot  de  Marselha.  Lévi,  Papus  e  Zain 
atribuem  a  letra  Aleph  ao  Mago,  enquanto  Mathers,  Waite  e  Crowley 
atribuem  a  letra  Aleph  ao  Louco.  As  atribuições  restantes  são  feitas  em 
ordem  numérica  crescente,  portanto  as  cartas  possuem  sempre  uma 
defasagem  de  uma  letra  quando  comparam-se  os  baralhos  das  duas 
escolas.  O  mesmo  ocorre  com  a  atribuição  de  planetas  e  personalidades 
mitológicas  gregas  à  estrutura  do  Tarot de Marselha, ou com os Tarots de 
vários  tipos  que  usam  a  estrutura  de  Marselha  mas  não  seus  símbolos  e 
elementos. 

Cada  sistema  deve  ser  estudado  por  si  só,  como  um  conjunto  coerente  e 
completo,  para  que  só  então  as  analogias  possam  ser  encontradas  ou 
analisadas.  Assim, não haverá o risco de associarem-se os elementos de um 

30 
sistema  a  aspectos  não  análogos  dos  elementos  de  outro,  evitando-se 
também  o  mau  entendimento  de  cada  um  dos  sistemas.  Por  m,  é 
inequívoco  que  o  uso  conjunto  dos  sistemas pode prover grandes ganhos 
na  prática  mágica,  desde  que  feito  da forma correta. Leituras divinatórias 
em  Tarot,  Runas  e  iChing  podem  prover  visões  da  mesma  questão  por 
diferentes  ângulos,  melhorando  a  percepção  da  atitude  a  ser  tomada 
desde  que  sempre  considerem-se  os  aportes  culturais  que  produziram 
estes oráculos. 

A Psiquê Humana 

A  psicanálise  estuda,  de  forma  sistemática,  o  funcionamento  da  psiquê 


humana,  e  da  consciência  em  constante  interação  com  as  partes 
subconscientes  ou  inconscientes  do  cérebro.  De  forma  geral,  cada  escola 
de  psicanálise  foca  em  um  tipo  de  complexos  e  de  conteúdo  a  ser 
detalhado,  e  análises  pelas  várias  vertentes  podem  ser  úteis  chegando-se a 
um  denominador  comum  e  encontrando-se  os  tipos  de  elementos  que 
precisam ser ou não aprimorados em cada indivíduo. 

Em  uma  de  suas  conferências,  Jung  cita  com  alguns  exemplos  que  o 
trabalho  de  Adler  pode  ser  aplicado  a  pessoas  que  buscam  sua 
subsistência, e seu lugar no mundo, na forma de poder; o de Freud, após a 
pessoa  ter  adquirido  sua  subsistência,  foca  no  alcance  dos  desejos 
individuais;  e  o  dele  mesmo,  Jung,  tem  como  foco  a  busca  da 
transcendência  e  do  entendimento  do  universo  e  do  inconsciente, 
quando a pessoa já alcançou sua subsistência e seus desejos. 

A  psicanálise  pode  fornecer  ferramentas  muito  úteis  e  poderosas  para 


entrar-se  em  contato  com  o  inconsciente,  entendendo  os  uxos  que  ali 
ocorrem  e  canalizando  mais  facilmente  as  energias  pelas  quais  a  magia 
opera.  Isso  porque  há  quase  um  consenso  de  que  a  magia  ocorre 
principalmente  por  intermédio  dessa  camada  da  psiquê,  sendo  também 

31 
afetada  por  questões  indesejáveis  que  se  encontrem  ali,  e  que  portanto 
devem ser resolvidas. 

Sendo assim, o estudo da psicanálise pode ser uma ferramenta importante 
para  o  aprimoramento  de  práticas  mágicas,  aumentando  a  efetividade de 
rituais e permitindo uma melhor análise de símbolos e seus signi cados. 

Magia Simpática 

Talvez  a  forma  mais  intuitiva  de  magia,  a  magia  simpática  consiste  em 
realizar  ações  ou  rituais  buscando  atrair  efeitos  análogos  ou  simpáticos 
entre  os  objetos  que  estão  sendo  manipulados  ritualisticamente  e  as 
questões  que  se  busca  in uenciar.  Essas  ações  ou  rituais  podem  ser  tão 
simples  quanto  apenas  mentalizar  o  efeito  desejado  acontecendo,  ou 
complexas a ponto de incluir cânticos, paramentos e jejum por dias a o. 

Os  homens  que  viviam  em  cavernas  tinham  a  prática,  por  exemplo,  de 
desenhar  os animais que queriam caçar com o intuito de atrair a caça mais 
facilmente.  Na  Grécia,  eram  realizados  vários  rituais  relacionados  à 
fertilidade, que podiam ajudar, analogamente, à fecundidade da terra para 
ns  de agricultura. A magia egípcia também utilizava largamente este tipo 
de  magia,  criando  estátuas  e  talismãs  para  atrair  ou  repelir energias como 
se  fossem  antenas,  e  realizando  rituais  no  plano  físico  para  gerar 
acontecimentos  nos  planos  etérico  e  espiritual.  O  próprio 
posicionamento  das  pirâmides  buscava  re etir  o  que  se  passava  no 
Cosmos, e também servir como referência para análises e medições. 

Mais  recentemente,  postulou-se  a  Lei  da  Atração,  que  seria  uma 


adaptação  da  magia  simpática  visando  a  atração  de  estados  mentais, 
sentimentos  ou  mesmo  acontecimentos  práticos  por  meio  da 
mentalização  e da sintonia entre as energias do indivíduo e as do universo. 
Os  japoneses  possuem  para  este  conceito  a  denominação  de  Hitsuzen  - 
eventos  que  geralmente  ocorrem  juntos  -,  e  segundo  Jung  se  tratam  de 

32 
sincronicidades.  Independente  da  denominação,  a  magia  simpática  se 
trata de atrair eventos com base na emanação de energias análogas. 

Amuletos e Talismãs 

Aproveitando-se  da  Magia  Simpática,  podem  ser  utilizados  amuletos  ou 


talismãs  que  atraiam  ou  afastem  determinadas  energias.  De  forma  geral, 
amuletos  (do  latim amuletum) são objetos que possuem poderes por si só 
e  podem  ser  apenas  carregados  junto  ao  magista,  enquanto  talismãs  (do 
árabe  Tilasm,  encantamento  ou  magia)  precisam  ser  confeccionados, 
consagrados e/ou ativados. 

A  teoria  que  embasa  esta  diferença  é  a  de  que  os  materiais  em  si 
possuiriam  energias  próprias,  porém  em  alguns  casos  as  energias  são 
muito  amplas,  e  precisam  ser  direcionadas,  ou  são  muito  fracas,  e 
precisam  ser  fortalecidas.  Sendo  assim, geralmente amuletos estão ligados 
a  objetivos  mais  gerais  (sorte,  amor)  enquanto  talismãs  podem  ser 
confeccionados  para  a  nalidade  especí ca  desejada  (sorte em um sorteio 
de loteria ou atrair o amor de uma pessoa especí ca). 

   

33 
3. Grimórios Mágicos 

Os  Grimórios  Mágicos  são  uma  forma  de  registrar  sicamente  e  tentar 
trazer  para  a  mente  consciente  as  informações  que  foram  obtidas  em 
gnose,  captadas  pela  intuição  ou  recebidas  diretamente  via  inconsciente. 
A  própria  ação  de  tentar  descrever  em  palavras  o  que  foi  vivido  em  uma 
experiência mental e espiritual pode fazer com que percebamos elementos 
que  antes  não  tínhamos  nos  dados  conta,  e  muitas  vezes  permite 
encontrar as melhores palavras para dar sentido à experiência. 

Além  disso,  no  grimório  (que  também  pode  ser  entendido  como  um 
diário  mágico)  ca  registrado  o  progresso  do  treino  mágico  individual,  e 
as  informações  podem  se  complementar  entre  horizontes  de  tempo 
aparentemente  distintos.  Uma  peça  do  quebra-cabeça  pode  ter  sido 
captada  com  um  ano  de  diferença  de  outra  peça,  e  somente  por meio do 
grimório será possível montar o conjunto completo. 

Com  o uso de grimórios, as experiências se tornam replicáveis, e o magista 
passa  a  ter  um  cardápio  de  rituais  desenvolvidos  por  ele  ou  adaptados de 
outros  grimórios que melhor se adequam a seu arcabouço mental. Muitas 
vezes,  porém,  o  que  serve  para  uma  pessoa  pode  não  servir  para  outras, 
então  a  leitura  de  um  grimório  de terceiros nunca pode ser feita de forma 
fria  e  exata,  requerendo  interpretações  e  reinterpretações  constantes. 
Sendo  assim,  indicamos  que  as  práticas  deste  livro  sejam  testadas, 
adaptadas  quando  necessário,  e  que  cada magista mantenha um grimório 
com  suas  anotações,  para  melhor  aproveitamento  das  informações 
contidas aqui. 

O  grimório  mágico  deve  conter  datas  e  horários  (que  permitem  uma 


melhor  análise  posterior  do  progresso  do  magista),  e  pode  incluir 
informações  que  o  praticante  achar  relevantes  dentro  de  seu  paradigma. 
Segue um exemplo de estrutura de grimório mágico. 

34 
Este  é  apenas  um  exemplo  o  mais  completo  possível,  e  pode  ser  aplicado 
para  pessoas  que  utilizem  as  classi cações  mágicas  planetárias,  a  fase 
lunar, o mapa astral e a teoria octarina como paradigmas. 

Campo  Exemplo de preenchimento 

Data, Hora  24/06/2019, 12:00h 

Sol, Lua  Sol em Câncer, Lua Cheia em Peixes 

Prática  Ritual para Conseguir Emprego 

Elemento  Terra/Fogo (bens materiais, ímpeto e projetos 


pessoais) 

Planeta  Terra (classi cação de Grant) 

Cor  Vermelha/Azul (vencer batalhas e atrair riquezas, 


na classi cação octarina) 

Classi cação  - Materiais Arti ciais (papel e caneta) 


- Exotérica (ativação focada em objetos físicos) 
- Mão Esquerda (ativada pelo poder e autoridade 
internos) 

Materiais  - Papel 
- Caneta azul 
- Óleo de girassol com canela 

Entidade(s)  Nenhuma 

Métodos  Criei um sigilo usando a frase “Eu estou 


empregado”, reduzida para “ST MPRGD”: 
[desenho do sigilo]. Entrei em gnose usando o 
método do Yoga. Ungi o sigilo com três gotas de 
óleo de girassol com canela, mentalizando que 

35 
tenho um emprego em um escritório.  

Resultados  A gnose foi alcançada sem problemas. O sigilo 


(registro puro, sem  brilhou em minha tela mental quando pinguei as 
interpretação)  gotas de óleo. Senti calor nas mãos. 

Discussão  O Sol em Câncer provê um aspecto de 


(interpretação da  acolhimento que foi aproveitado na ativação, e a 
prática e dos  Lua Cheia tem capacidade de materializar 
resultados)  objetivos. A caneta utilizada foi de cor azul, para 
direcionar o caráter da magia cromática. A 
visualização do sigilo e o calor nas mãos foram 
entendidos como um sucesso no ritual. 

Conclusão  O ritual foi satisfatório. 

Próximos Passos  Enviar currículos e aguardar maiores resultados. 


 
Se  o  magista  trabalha  com  planetas  e  signos,  seria  vantajoso  fazer  e 
registrar  o  mapa  astral  do  horário  do  ritual.  Se  trabalha  com  entidades 
egípcias,  seria  vantajoso  consultar  o  calendário  Kemético.  Se  está 
sintonizado  com  as  estações  ou  signos,  seria  vantajoso  anotá-los.  Se  usa 
algum  oráculo,  seria  vantajoso fazer uma consulta antes e/ou após o ritual 
para veri car as energias atuantes e a e cácia do rito. 

Porém,  como  mencionado,  o  grimório  deve  ser  customizado  com  base 


nos  métodos  preferidos  pelo  magista.  Caso  sejam  utilizados  oráculos  ao 
início  e  ao  nal  da  prática,  devem  ser preparados campos especí cos para 
registro  dos  resultados,  e  os  sonhos  nos  dias  próximos  aos  do  ritual 
também podem ser anotados em campos especí cos, etc.    

36 
4. Estudo e Prática da Magia 

Atualmente,  muitos  dados  estão  disponíveis  na  internet  e  em  uma 


miríade  de  livros.  Alguns  autores  compilam  os  dados  e  fazem  análises, 
gerando  informação  diversi cada  sobre  um  mesmo  tema  o  que  nem 
sempre  colabora  com  um  iniciante  que  se  vê  confrontado  com 
explicações  divergentes  ou  contraditórias.  Para  que  a informação se torne 
conhecimento,  deve  ser  acessada,  compreendida,  e  utilizada  ou  aplicada 
em  um  contexto  ou  situação.  Também  é  necessário  que  exista  alguma 
racionalidade  na  conexão  das  informações,  de  maneira  que  o 
conhecimento  sintetizado  seja  realmente  fruto  das  informações 
apreciadas  pelo  estudante  e  não  uma  mera  abstração  desconexa. 
Magicamente,  as  práticas  de  gnose  e  contemplação oferecem insights que 
auxiliam  no  processamento  dessas  informações,  porém  é  importante 
deixar  claro  em  seus registros o que é oriundo de estudo teórico (fontes) e 
o que deriva da empiria (práticas e experiências pessoais).  

A  seguir,  indicamos  uma  das  possíveis  linhas  de  apreciação  das 


informações,  a  organização  enquanto  conhecimento  para  a  produção  de 
práticas mágickas: 

1.  Acessar  -  saber  onde  encontrar  informações  con áveis  é 


importante;  estas  informações  devem  ser  honestas  quanto  aos 
seus  limites  de  aplicação e suas origens, informando quando algo 
se  tratar  de  elemento  cientí co  ou  histórico,  quando se tratar de 
análise  simbólica  e  semiótica,  ou  quando  se  tratar  de  resultado 
individual ou opinião pessoal, por exemplo. 

2.  Compreender  -  esta  etapa  é  onde  ocorre  a  internalização  da 


informação,  não  só  entendendo  o  signi cado  das  palavras  que 
foram  lidas,  mas  também  traçando-se  relações  com  o  que  a 
pessoa  já  estudou,  com  o  que  sente  e  com  o  que  acredita; 
entender  como  uma  teoria  pode  explicar  a  prática,  ou  permite 

37 
até  mesmo  planejar  as  práticas  seguintes,  é  importante  para  que 
cada pessoa construa e aprimore seu entendimento do mundo. 

3.  Utilizar  -  o  uso  da  informação  inicia  pela  “teoria  da  prática”, 
que  consiste  em  conseguir  descrever  teoricamente  tudo  o  que 
está  acontecendo  em  uma  prática  entendendo  causas, 
consequências, motivações e mecanismos possíveis; constroem-se 
hipóteses  para  explicar  resultados,  e  de nem-se  testes  para 
con rmar  as  hipóteses,  preferencialmente  com  resultados  que 
possam ser medidos ou registrados. 

O  treino  mágico  também  tem  três  etapas:  planejar,  realizar  e  analisar;  e 


elas  podem  ser melhor realizadas caso seja montado um  o condutor para 
organizar os estudos. Sugerimos então a seguinte estrutura: 

1.  Planejar  -  primeiramente  é planejado o rito que se deseja fazer, 


pensando  sempre  nos  ingredientes  e  outros  recursos necessários, 
no  objetivo  que  se deseja alcançar, e possivelmente em métricas a 
serem acompanhadas para saber se o rito funcionou. 

2.  Realizar  -  em  seguida  o  ritual  é  realizado,  sempre  prestando 


atenção  em  cada  detalhe  e  registrando  cada  aspecto  que  foi 
observado;  mesmo  aspectos  aparentemente  sem  importância 
podem  fazer  muito  sentido  posteriormente,  então  convém 
anotá-los. 

3.  Analisar  -  as  anotações  de  um rito ou de um conjunto de ritos 


são  analisadas,  e  isto  pode  ajudar  a  planejar  melhor  os  próximos 
testes;  quando  o  magista  analisa  que  já  dominou  uma  prática 
mais  simples,  pode  passar  a  uma  etapa  mais  complexa,  de  forma 
gradual. 

38 
As  ferramentas escolhidas para cada etapa do treino podem ser várias, mas 
o  importante  é  que  o  magista  escolha  ou  desenvolva  um  método  para 
cada etapa desta jornada. 

Autoconhecimento 

A  magia  lida  com  o  inconsciente,  e  muitas  vezes  o  utiliza  como 


ferramenta  para  acessar  energias  e  atuar  no  Cosmos.  Por  isso,  o primeiro 
passo  do  treino  mágico  é  o  magista  conhecer  o  que  existe  no  próprio 
inconsciente,  para  não  ser  pego  de  surpresa  em  rituais  ou  para  que 
conteúdos  recalcados,  traumas  e  complexos  não  entrem  na  frente  da 
intenção  mágica.  Para  isso,  podem  ser  utilizados  vários  métodos,  e  a 
meditação  é  um deles, porém é mais vantajoso que seja realizada seguindo 
um  roteiro  ou  uma  lista  de  aspectos  a  serem  observados  internamente: 
Quais  são minhas habilidades? Quais são meus sonhos? Quais são minhas 
necessidades? Quais são meus medos? Quais são minhas inseguranças? 

A  Astrologia,  com  construção  e  interpretação  completa do mapa astral, é 


outra  ferramenta  muito  viável  de  autoconhecimento  e  possibilita  gerar 
insights  sobre  o  inconsciente.  Outros  métodos  que  podem  ser  usados 
como  ferramentas  de  autoconhecimento  são  os  métodos  Myers–Briggs 
Type  Indicator  (MBTI),  Dominance,  In uence,  Steadiness, 
Conscientiousness  (DISC),  ou  o  teste  das  12  personalidades  de  Jung. 
Nestes  casos,  que  têm  como  foco  o  ambiente  empresarial,  deve  ser  feita 
uma  análise  mais  profunda  dos  resultados,  para  que  o  magista  possa 
compreender  seu  inconsciente  em  aspectos  que  vão  além  do  objetivo 
explícito dos métodos em si. 

Exemplo  prático:  use  um  método  de  análise  de  personalidade  (por 
exemplo  mapa  astral,  MBTI,  DISC),  estude  cada  critério  e  veja  se 
concorda  ou  não  com  os  prognósticos.  Relembre  situações  da  vida  em 

39 
que  agiu  ou  não  como  é  esperado  pelo  resultado  do  método.  Anote  no 
grimório os resultados do método e a sua interpretação dos resultados. 

Mentalização 

A  partir  do  momento  que  se  entende  o  funcionamento  do  próprio 


inconsciente,  podem  ser  isolados  conteúdos  que  já  estejam  no  mesmo 
para  contemplação.  Alternativamente,  podem  ser  focalizados  conteúdos 
externos  de  interesse,  para  que  sejam  acessados  ou  mesmo  gravados  no 
inconsciente. 

O  treino  da  mentalização  é um treino de concentração, onde o magista se 


esforça  para  se  concentrar  em  um  só  conteúdo,  limpando  a  mente  de 
qualquer  ruído.  Só  existe  aquele  objeto  no  momento  presente,  e  toda  a 
atenção  é  direcionada  a  ele.  A  prática  pode  ser  feita,  por  exemplo  com 
base  nos  40  objetos  de  contemplação  do  Budismo,  ou  escolhendo-se  um 
objeto  para  contemplação.  O  objeto  pode,  a  priori,  estar  à  frente  do 
magista,  mas  com  o  tempo  deve  ser  retirado  para  que  a imagem se forme 
de  forma  completamente  mental.  O  magista  deve  perceber  todos  os 
detalhes do objeto escolhido, tentando sentir a textura, o cheiro, o som e a 
cor do objeto. 

Além  da  concentração,  o  foco  desta prática é adquirir o entendimento de 


“onde  se  formam”  as  imagens  mentais  projetadas no exercício. O magista 
não  irá  ver  o  objeto  com  seus  olhos  físicos,  mas  sim  com  seu  “terceiro 
olho”,  e  a  imagem  se  formará  em uma tela “à parte”. Esta tela mental será 
usada  posteriormente  na  prática  de  visualização,  quando  o  objeto  não 
será  mais  escolhido  pelo  magista,  mas  sim  sintonizado  no  plano  astral  e 
trazido a se mostrar na tela mental, seja ele qual for. 

Exemplo  prático:  escolha  um  objeto  e  olhe  para  ele,  até  que  a  mente 
foque  somente  no  objeto  por  alguns  minutos,  sem  pensamentos 
adicionais  (um  cronômetro ou alarme pode ser utilizado). Depois, apenas 

40 
mentalize  o  objeto,  sem  tê-lo  à  sua  frente,  até  que  consiga  passar  alguns 
minutos  ininterruptos  focando  apenas  nele.  Comece  com  1  minuto, 
aumente  para  2  minutos,  e  assim  sucessivamente  até  chegar  em  5 
minutos. Anote no grimório os resultados e as di culdades enfrentadas. 

Oráculos 

Os  oráculos  são  uma  forma indireta de visualizar o que ocorre nos planos 


que  não  são  físicos.  Assim  como  magnetômetros  permitem  medir  o 
campo  magnético,  amperímetros  permitem  medir  corrente  elétrica, 
voltímetros  permitem  medir  diferença  de  potencial  e  contadores  Geisel 
permitem  medir  radioatividade,  os  oráculos  permitem  “medir”  as 
energias  sutis  que  estavam,  estão  ou  estarão  atuando  nos  planos  mental, 
etérico,  astral,  espiritual,  etc. Não necessariamente preveem o futuro, mas 
sim  indicam  o  encaminhamento  mais  provável  de  uma  situação 
(incluindo bifurcações, como no caso do iChing). 

Existem  vários  oráculos  desenvolvidos  pela  humanidade,  dos  mais 


conhecidos  até  os  mais  especí cos  ou  regionais,  passando por alguns que 
não  necessitam  do  uso  de  instrumentos  físicos  (sonhos,  visões,  intuição, 
embora  estes  dois  últimos  sejam  mais  diretos,  podendo  mostrar  os 
eventos  assim  como  são).  Cabe  ao  magista  estudá-los  e  escolher  o  que 
mais  se  adequa  a seu paradigma. Podem ser feitos testes, onde uma pessoa 
escolhe  um  objeto  ou  evento  a  ser  adivinhado,  e  o  magista  deve  dar 
detalhes  deste  objeto  em  categorias  pré-estabelecidas  sem  saber  a  priori 
qual  foi  a escolha. Para um crime envolvendo morte, por exemplo, podem 
ser adivinhados Assassino(s), Vítima(s), Método e Motivação. 

A  utilidade  dos  oráculos  se  dá  quando  for  necessário  analisar  a  situação 
para  saber  quais  rituais  usar,  quais  elementos  utilizar  em  um  ritual,  ou 
veri car  se  um  intento  está  ou  não  funcionando,  quando  não  se  tiver 
acesso  ainda  aos  efeitos  no  mundo  físico.  Também  permitem  veri car  se 
há  entidades  ao  redor do magista ou tentando entrar em contato, por isso 

41 
são  importantes  de  serem  compreendidos  antes  de  qualquer  atividade 
que possa envolver entidades. 

Exemplo  prático:  peça  para  alguém  de  sua  con ança escolher um crime 


famoso  envolvendo  morte  e use qualquer método oracular para descobrir 
informações  sobre  o(s)  assassino(s),  a(s)  vítima(s),  o  método  e  a 
motivação  deste  crime.  Depois  de  interpretar  os  oráculos,  peça  para  a 
pessoa  revelar  o  caso.  Con ra  os  acertos  e  reinterprete  o  oráculo  frente 
aos  erros. Anote no grimório os resultados do oráculo, a interpretação, e a 
adesão ou não aos detalhes do crime. 

Gnose 

A  Gnose  é  o  primeiro  contato  direto  do  magista  com os planos sutis, em 


um  estado  de  consciência  e  sensação  das  energias  que  o  envolvem.  No 
estado  de  Gnose,  o  inconsciente  se  abre  ao  Todo  para  que  uam 
informações  de  um  lado  para  outro,  muitas  vezes  de  forma  crua,  pura  e 
límpida,  sem  passar pelo consciente. É comum que neste estado se ouçam 
palavras  ou  frases  sem  sentido  aparente  e  se  vejam  cores  e  formas  sem 
signi cado  explícito,  mas  o  magista  que  tiver  treinado  su cientemente 
bem  as  etapas  anteriores  poderá  trazer  tais  elementos  à  consciência  e 
interpretá-los  sem  problema.  Cores  e  formas  podem  ser  trazidas  a  se 
manifestarem na tela mental, para que sejam posteriormente analisadas. 

O  método  de  gnose  pode  variar  desde  a  meditação  calma  até  a  exaustão 
ofegante.  Podem  ser  usadas  técnicas  inibitórias  dos  sentidos,  ou 
excitatórias.  Gnose  por  penitência  ou  por  prazer.  O  que  importa  é  o 
alcance  deste  estado  pelo  método  que  melhor  atender  ao  paradigma  do 
magista. 

A  gnose é um instrumento interessante para que as informações cheguem 
de  forma  mais  direta  e  clara.  Em  gnose,  é  menos  frequente  confundir 
elementos  da  memória  ou  da  imaginação  com  a  intuição  e  a  recepção  de 

42 
sinais.  Este  estado  também  facilita  projeções  astrais  e  a  realização  de 
rituais. 

Exemplo  prático:  tente  entrar  em  gnose  usando  qualquer  método  (no 
capítulo  5  são  fornecidos  alguns  métodos)  e  se  mantenha  por  alguns 
minutos  em  um  estado  onde perceberá que está recebendo informações e 
insights  que  não  provêem  da  sua  própria  consciência.  O  tempo  inicial 
pode  ser  1  minuto,  aumentando  para  2,  3,  até  5  minutos  ininterruptos. 
Anote  no  grimório  os  resultados  e  as  di culdades  enfrentadas,  desde 
coceiras e inquietações até sussurros que forem ouvidos. 

Magia Simpática 

A  magia  simpática  existe  desde  a  Pré-História,  e  consiste tão somente em 


se utilizar um elemento como modo de acessar indiretamente uma pessoa, 
local  ou  objeto  à  distância.  Bisões  eram  desenhados  mortos  nas  paredes 
das  cavernas,  e  com  isso  se  esperava  uma  caçada  proveitosa.  Neste 
exemplo,  um  bisão  desenhado  em  um mural representava todos os bisões 
que  seriam  encontrados  no  caminho  do  caçador. Bonecos representavam 
pessoas,  que  tinham  problemas  de  saúde,  caso  os  bonecos  fossem 
perfurados  com  agulhas,  elas  auxiliariam  na  cura  de  um  determinado 
órgão  ou  no  agravamento  de  uma  doença,  caso  imolados, há intenção de 
causar  a  dor  ou  a  morte  da  pessoa  ali  gurada.  Um  ritual  de 
derramamento  de  sangue  na  terra  tinha  como  objetivo  prover  uma 
colheita  farta  e  alimentar  o  solo  da  mesma  forma  que  este  alimenta  os 
seres que caminham sobre a terra.  

Para  que  a  magia  simpática  obtenha  seu  resultado,  é necessário criar uma 


relação  a  nível  mental  entre  o  elemento  manipulado  e  o  alvo  desejado. 
Isso  pode  ser  feito  usando  partes da pessoa ou  uidos corporais, ou ainda 
de nindo-se isto no momento da criação do elemento. 

43 
Exemplo  prático: em um domingo, ative um sigilo, escreva intenções em 
um  papel  ou  recite  palavras  para  atrair  algum  aspecto  (riqueza,  amor, 
intelecto).  Durante  a  semana,  anote  no  grimório  as  situações  que 
ocorrerem  e  tiverem  relação  direta  ou  indireta  com  a  intenção  que  foi 
escolhida.  O  pedido  pode  se  tornar  mais  especí co  com  o  avançar  dos 
estudos e práticas. 

Visualização 

Em  alguns  contextos,  visualização  pode  ser  tão somente um sinônimo de 


mentalização.  Porém,  além de objetos e eventos escolhidos pelo magista, a 
visualização  pode  permitir  ver  o  que  está  ocorrendo  em  outro  lugar, 
outro  tempo  ou  mesmo  outro  plano,  abarcando  informações  não 
previamente  sabidas  pelo  magista.  Diferentemente  dos  métodos 
oraculares,  é  mais  direto,  especialmente  quando  feito  em  gnose,  e  pode 
não  ocorrer  de  forma  simbólica  como  ocorre  nos  oráculos.  Entretanto, a 
visualização  pode  ser  realizada  durante  a  rotina  diária  e  pode  ser  um 
reforço para práticas mágicas realizadas anteriormente. 

Uma  prática  de  visualização  pode  consistir  em  ativar  um  cristal  e  tentar 
enxergar  as  energias  em  torno  do  mesmo,  ver  as  entidades  que  estão  à 
volta  do  magista  ou  ouvir  pensamentos.  Outra  aplicação  seria  ver  o  que 
está  ocorrendo  em  uma  coordenada  geográ ca (como realizado pela CIA 
no  Projeto  Stargate),  ou  visualizar  um  crime  apenas  passando  pelo  local 
onde  ocorreu.  Tentar  visualizar  cartas  de  Tarot  voltadas  para  baixo  pode 
ser  um  treino  útil  para  esta  capacidade.  A  gnose  pode  ajudar  a  alcançar 
um  estado  onde  há  menos  interferência  de  outras  partes  da  mente 
(pensamento, sentimento), para que a visualização seja mais clara. 

Muitas  vezes,  a  visualização  não  ocorre  pelos  sentidos  “físicos”,  mas  sim 
pelos  sentidos  “espirituais”,  em  uma  espécie  de  tela  mental  ou  terceira 
visão.  Este  conceito  é  complexo  mas  pode  ser  compreendido  com  o 
decorrer  das  práticas  de  mentalização  e  visualização.  O  “lugar”  onde  as 

44 
informações  são  imaginadas  também  passa  a  ser,  com  o  tempo,  onde  as 
informações são exibidas após serem captadas diretamente do “Todo”. 

Exemplo  prático:  escolha  alguma  informação  (que  não  teria  como você 


saber)  para  adivinhar  - uma carta de tarot ou baralho virada para baixo, os 
pratos  do dia de um restaurante self-service, uma palavra que aparecerá na 
próxima  página  de livro aleatória que você abrir. Anote o palpite e con ra 
a  informação.  Repita  várias  vezes  e  calcule  o  percentual  de  acertos.  Faça 
durante  vários  dias  e  veri que  a  evolução  no  percentual.  Inicialmente, 
tente  descobrir  o caráter geral (ex: carta do naipe de paus), e com o tempo 
vá afunilando para um caráter mais especí co (ex: um dois de paus). 

Outros  exemplos:  Se  existe  algum  evento  que  dependa  do 


posicionamento  de  outra  pessoa, é conveniente visualizar acontecendo de 
acordo  com  a  vontade  do  magista.  Se fez uma entrevista de emprego e foi 
informado  que  será  feita  uma  ligação  avisando  da  contratação,  visualize 
mais  de  uma  vez  ao  dia estar atendendo o telefonema com a efetivação na 
vaga.  Caso  tenha  uma  ação  na  justiça,  visualize  o  juiz  dando  ganho  de 
causa  diariamente  para  reforçar  a  vontade  mágica.  Tem  um  encontro 
amoroso  marcado,  visualize  que  ele  transcorre  de  maneira  positiva  e 
reforçando  a  atratividade  para  pessoa  enquanto  se  arruma  para  sair  de 
casa.  Ver  e  rever  uma  situação  que  ainda  não  aconteceu  pode  ajudar 
magicamente  para  que  ela  transcorra  de  maneira  bené ca  aos  próprios 
interesses. 

Projeção Astral 

Após  a  técnica  de  visualização  ser  compreendida  e  praticada,  a  projeção 


astral  pode  ser  feita  com  maior  segurança.  Isto  porque  os  elementos  do 
plano  astral  serão  melhor  visualizados  e  compreendidos,  enxergados com 
mais  rmeza  e  clareza,  e  o  conceito  de  “tela  mental”  será  utilizado  com 
maestria. 

45 
Além  de  ser  um  plano  que  contém  uma  versão  que  sintetiza  as  ideias  e 
emoções  emanadas  de  locais físicos existentes em nosso mundo material, 
o  plano  astral  contém  planícies  não  físicas,  e  permite  a  construção  de 
templos  e  lugares  de  poder  sem  correlação  com  um  espaço  no  plano 
material.  Este  plano  também  permite  a  visualização  de  energias de forma 
direta,  para  veri car  se  magias  de  ligação  realmente  criaram  links  entre 
pessoas  e  objetos,  se  feixes de energia lançados pelas mãos realmente estão 
sendo efetivos, e se escudos energéticos estão ou não ativos. 

As  técnicas  de  projeção  astral  são  várias,  mas  geralmente  consistem  em 
entrar  em gnose, mentalizar a si mesmo levantando e andando, e manter a 
forte  intenção  até  que  as  imagens comecem a se formar automaticamente 
na tela mental.  

Exemplo  prático:  entre  em  gnose  e  realize  uma  projeção  astral  (por 
exemplo,  usando  as  técnicas  do  capítulo  11).  Ande  pelo  plano  astral, 
inicialmente  no  mesmo  lugar  ou  cômodo  em  que  está,  e  posteriormente 
vá  em  outros  locais  que  existem  no  mundo  físico.  Observe  detalhes  que 
não teria como saber conscientemente e depois visite os mesmos locais, de 
forma  física,  para  conferir  os  detalhes.  Anote  detalhadamente  os  testes  e 
resultados,  assim  como  as  percepções  durante  a  prática. Tenha em mente 
que  a  projeção  “para  o  plano  físico”  tende  a  apresentar  uma 
representação  literal  do  que  está  contido  neste  plano,  enquanto  a 
projeção  “para  o  plano  astral” pode apresentar as emoções ou o conteúdo 
energético dos objetos em si. 

Evocação 

Entendendo  como  funcionam  os  uxos  energéticos  e  visualizando-os  no 


plano  astral,  o  magista  poderá  exercitar  a  convocação  de seres e entidades 
para  suas  proximidades.  No  plano  astral,  estas  entidades  poderão  ser 

46 
visualizadas em sua forma manifesta, porém é comum que no plano físico 
sejam observados alguns sinais de sua presença. 

Para  tal,  o  magista deve fornecer materiais leves e facilmente manipuláveis 


para  que  a  entidade  se  manifeste.  Estes  materiais  podem  ser  fumaça  de 
incenso,  chama  de  velas,  borra  de  café,  poeira,  ou  mesmo  cartas  de 
oráculo  (embaralhando-as  pedindo  con rmação  da  presença  e  sorteando 
em seguida), ou objetos próximos que façam sons (ex: sinos dos ventos). 

Os  métodos  de  evocação  são  muito  variados,  e  dependem  bastante  das 
entidades,  requerendo  maior  ou  menor  proteção  dado  seu  caráter  mais 
constante ou mais disruptivo. 

Exemplo  prático:  acenda  um  incenso  e  sente-se  confortavelmente  em 


frente  a  ele.  Espere  a  fumaça  estabilizar.  Fale  de  forma  pausada e calma o 
nome  de  um  servidor  com as qualidades que deseje (ex: Octo, descrito no 
capítulo  8).  Observe  as  mudanças  na  fumaça.  Repita  algumas  vezes, 
sempre  esperando  a  fumaça  se  estabilizar  entre  as  tentativas,  mas  sempre 
com  concentração  e  calma,  tentando  não  car  muito  ansioso  por 
resultados.  Tente  fazer  novamente  convidando  o  servidor,  recitando 
textos  e/ou  entrando  em  gnose.  Anote  todos  os  resultados  no  grimório, 
podendo também desenhar ou tirar fotos da fumaça.  

Invocação 

Com  maior  experiência  e  segurança,  além  de  convocar  seres  para o plano 


astral  nas  proximidades do magista, é possível atrair qualidades especí cas 
de  seres  para dentro da própria psiquê. Neste sentido, não é recomendada 
a  incorporação  de  entidades  por  completo  fora  de  um  contexto 
cerimonial  e  sob  supervisão  de  especialistas,  mas  sim  a  incorporação  de 
qualidades  de  certos  deuses  ou  servidores,  para  uso  em  sinergia  com  a 
psiquê individual. 

47 
A  escolha  da  entidade  para  incorporação  de  qualidades  é  de  primordial 
importância.  Isto  porque  as  qualidades  desejadas  podem  ser  obtidas  da 
forma  estabelecida  pela entidade, ou mesmo trazer junto consigo algumas 
das  outras  qualidades  daquela  entidade.  O  amor  de  Hera  (esposa  el)  é 
diferente  do  amor  de  Afrodite  (amante  apaixonada)  que  por  sua  vez  é 
diferente  do  amor  de  Dionísio (amante hedonista), e os três conceitos são 
válidos dependendo do que o magista tem como objetivo. 

Para  invocar  aspectos,  basta  meditar-se  com  forte  intenção  sobre  a 


entidade,  usar  um  selo  ou  sigilo  ativado,  fazer  oferendas  e  pedir  pelas 
qualidades,  encontrá-la  no  astral,  entre  outros  métodos.  Podem  ser 
usados  elementos  ligados  à  entidade  como  objetos,  aromas,  alimentos, 
desenhos, cores, movimentos e danças. 

Exemplo  prático:  escolha  uma  entidade  cujos  aspectos  você  esteja 


precisando.  Entidades  solares  podem  ajudar  em  momentos  de  tristeza,  e 
lunares  podem  ajudar  em  momentos  de  agitação.  Realize  um banimento 
de  sua  preferência.  Medite  nos  aspectos  e  se  sinta  invocando  estes 
aspectos,  não  para  que  a  entidade  tenha domínio completo de seu corpo, 
mas  sim  para  que  você  tenha  estes  aspectos  dentro  de  si,  como  se  você 
estivesse  interpretando  o  próprio  deus,  mas  com  controle  pleno  de  sua 
mente  consciente.  Anote  sensações  e  resultados  no  grimório. Realize um 
novo banimento para cessar o efeito.    

48 
5. Gnose 

Nesta  seção,  serão  apresentados  os  métodos  de  gnose  desenvolvidos, 


aprimorados  e  utilizados  internamente  pelo  Projeto  Xaoz,  com  dicas  e 
conselhos práticos para melhor utilização. 

Cromo-Gnose 

Este  método  para  entrar  em  gnose  é  bem  versátil  e  simples,  não 
necessitando  obrigatoriamente  de  elementos  para  indução  sensorial  - 
embora  possam  ser  utilizados  incensos,  velas  ou  sons  como  auxílio. 
Baseia-se  em  visualizar  as  cores  do  arco-íris  e  dos  chakras,  até  alcançar  o 
estado  mental  correspondente  às  ondas  alfa,  propício  para  realizar 
práticas mágicas ou de projeção astral. 

1) Realize  exercícios  físicos  ou  de  respiração,  antes  de  iniciar  a 


prática. 

2) Sente-se  em  posição  de  Lótus  (sentado  com  as  pernas  cruzadas) 
ou  deite  em  Shavasana  (posição  da  pequena  morte; deitado com 
a  barriga  para  cima,  pernas  e  braços  levemente  espaçados), 
voltado  na  direção  do  Sol  ou  na  direção  mais  luminosa  do 
ambiente. As mãos podem  car da forma preferida pelo magista - 
em  mudrá  (formando  algum  símbolo  de  poder), ou descansadas 
sobre os joelhos. 

3) Feche  os  olhos,  focando  nas  manchas  e  nos  padrões  que  se 
formam e se movem. 

4) Tente procurar, nas manchas, a cor vermelha, enquanto contrai a 
região  do  períneo ou no cóccix. Quando conseguir concentrar-se 
em  uma  cor,  reconhecendo-a nas manchas, passe para a próxima, 
seguindo a seguinte ordem de cores e regiões a contrair: 

49 
a) Vermelho - Muladhara Chakra (períneo ou no cóccix) 
b) Laranja - Svadhisthana Chakra (umbigo) 
c) Amarelo - Manipura Chakra (estômago) 
d) Verde - Anahata Chakra (coração) 
e) Azul - Vishuddha Chakra (garganta) 
f) Lilás - Ajña Chakra (entre os olhos) 
g) Violeta - Sahasrara Chakra (topo da cabeça) 

Durante  este  processo,  tente  respirar  de forma calma e constante, usando 


ao  máximo  a  capacidade  pulmonar.  Caso  desejado,  imagine  uma  cobra 
(Kundalini)  subindo  pela  espinha  dorsal  de  forma  espiralada, seguindo o 
uxo  da  energia  e  despertando  os  Chakras,  que  pulsam,  giram  e  emitem 
luz nas cores correspondentes. 

5) Caso  não  consiga  passar  de  uma  das  cores,  não  há  problema. 
Concentre-se  na  última  cor  alcançada,  respire  fundo  e termine a 
prática  (passo  7),  tentando  novamente  em  outra  ocasião. 
Quando  alcançar  a  cor  Violeta,  concentre-se  apenas  nela,  de 
forma  que  veja  todo  o  resto  escuro,  e  somente  ela  pulsando  em 
círculos  concêntricos.  Neste  momento,  o  cérebro  estará  em 
estado Alfa, e o estado de Gnose é alcançado. 
6) Realize  a  prática  desejada,  seja  ela  oracular,  de  visualização,  de 
transmutação,  de  re exão,  de viagem astral, ativação de sigilos ou 
servidores.  Os  olhos  podem  ser  abertos  neste  momento,  caso 
necessário, fechando-se novamente ao nal. 
7) Ao  terminar,  respire  profundamente  e  visualize  novamente  as 
cores,  na ordem inversa (do Violeta ao Vermelho), o que pode ser 
realizado  de  forma  mais  rápida  do  que  foi  feito  no  passo  4.  Ao 
chegar  na  cor  Vermelha,  comece  a  mexer  lentamente  os  dedos, e 
alongue-se lentamente, girando o pescoço, e ajustando a coluna. 

50 
Gnose por Ritmo e Frequência 

Os rituais xamânicos geralmente utilizam batidas ritmadas e instrumentos 
musicais  para  gerar  um  estado  propício  à  comunhão  com  as  energias 
divinas de modo geral. 

A  ciência  já  estudou  alguns  desses  métodos  por  meio  de 


eletroencefalogramas2,  e  chegou  a  conclusões  interessantes  quanto  ao 
mecanismo  de  transe  e  às  frequências  mais  indicadas.  Dentre  as 
conclusões,  podem  ser  citadas:  (i)  as  ondas  cerebrais  alfa  participam  do 
processo  de  forma  importante;  (ii)  a  ansiedade  atrapalha  o  método;  (iii) 
palavras,  pensamentos  e  símbolos  ajudam  a  direcionar  o  transe  para  o 
objetivo  desejado;  e  (iv)  a  frequência  não  precisa  ser  exata,  mas  deve 
preferencialmente estar na proximidade de 4 batidas por segundo. 

Sendo  assim,  as  instruções  a  seguir  descrevem  o  método  de  gnose 


auxiliado  por  frequências.  Este  método  é  interessante  para  ser  usado  ao 
entrar  em  contato  com  aliados  de  poder  (plantas  ou  animais) ou animais 
totêmicos. 

1. Encontre  um  áudio  com  frequência  de  batidas  entre  200  e  250 
bpm,  ou  4  a 7 Hz. Esta faixa de frequência é a mais indicada para 
induzir  o  estado  de  relaxamento  propício  à  gnose  (ondas 
cerebrais  alfa,  de  8 a 12 Hz). A frequência de 4 Hz ou 240 bpm é 
a mais indicada (4 batidas por segundo). 

2. Preferencialmente,  escolha  um  áudio  que  se  relacione  ao  seu 


objetivo  na  projeção  astral.  Batidas  tribais  e  sons  da  oresta 

2
  SHAPIRO  et  al  (2017),  “Brain  changes  during  a  shamanic  trance:  Altered  modes  of 
consciousness,  hemispheric  laterality,  and  systemic  psychobiology”  -  Cogent  Psychology 
4:1,  DOI:  10.1080/23311908.2017.1313522;  KONOPACKI  e  MADISON  (2018), 
“EEG Responses to Shamanic Drumming. Does the Suggestion of Trance State Moderate 
the  Strength of Frequency Components?” - Journal of Sleep and Sleep Disorder Research 
1:2, ISSN: 2574-4518; entre outros estudos. 

51 
podem  ser  usados  para  meditar  sobre  animais  de  poder,  música 
hebraica  tradicional  ajuda  a  entrar  em  contato  com  anjos 
cabalísticos,  música  do  Oriente  Médio  pode  ajudar  no  contato 
com  daemons  e  melodias  egípcias  podem  auxiliar  no  contato 
com deuses Keméticos. 

3. Faça  os  banimentos  de  costume  e  concentre-se  na  intenção  da 


projeção.  Além  dos  sons,  aromas,  guras, cores e estátuas podem 
ajudar no direcionamento. 

4. Sente-se  confortavelmente  em  um  lugar  silencioso  e  encaixe  os 


fones  de  ouvido  ou  ajuste  a Caixa de som, de nindo um volume 
que  seja  su ciente  para  ouvir  todos  os  detalhes  da  música,  sons 
de fundo e efeitos. 

5. Deixe  a  música  tocando  e  feche  os  olhos.  Apure  a  audição  e 


preste  atenção  nos  sons  da  batida,  no  ritmo  e  sinta  seu  corpo  se 
sincronizando  como  se  seus  batimentos  cardíacos  tocassem 
naquela frequência. 

6. Mentalize-se  em  um  espaço  condizente  com  o  clima  da  música, 


visualizando todos os detalhes. 

7. Quando  sentir  que  está  conseguindo  focar  nos  sentidos  astrais 


realize o intuito mágico. 

8. Para  retornar,  volte  ao  seu  corpo  e  sente-se  no  mesmo local para 


sincronizar  o  corpo  etérico  ao  corpo  físico.  Faça  os  banimentos 
de costume. 

Quimiognose com Rapé 

O  Rapé  é  uma  medicina  indígena  das  tribos  da  região  amazônica, 


composto  geralmente  de  cinzas  de  ervas  queimadas  e  pó  de  tabaco  (não 

52 
confundir  com  o  rapé  comercial,  preparado  sem  procedimentos 
ritualísticos).  Muito  se  fala  a  respeito  de  seu  uso  e  propriedades  físicas  e 
energéticas,  e  cada  rapé  tem  propriedades  especí cas  de  atuação, 
respeitando  a  vibração  dos  elementos  utilizados  em  seu  feitio.  Para 
entender  as  aplicações  especí cas  de  cada tipo de rapé é necessário saber a 
sua  composição,  e  então  estudar  sobre  as  propriedades  das  ervas  que  o 
compõem.  Seu  uso  é  tradicionalmente  cerimonial,  carregando  as 
intenções de quem o aplica. 

Cerimônia 

O  uso  de  qualquer  planta  de  poder  deve  ser  feito  de maneira cautelosa, e 
em  caso  de  primeiras  experiências  ou  di culdade  em  lidar  com  os efeitos 
da  medicina,  é  aconselhável  a  presença  de  outras  pessoas.  Alteradores  de 
consciência  provocam  estados  de  percepção  que  podem  às  vezes  se 
mostrar  confusos,  o  que  pode  gerar  desde  consequências  desagradáveis 
momentâneas,  até  problemas mais complexos, dependendo da ritualística 
envolvida  naquela  ocasião,  portanto,  a  experimentação  deve  ser  aliada  ao 
estudo e responsabilidade. 

Sua  aplicação  é  realizada  através  de  dois  tipos  de  instrumentos,  o  tepi, 
para  a  aplicação  em  terceiros,  e  o  kuripe,  para  a  autoaplicação.  Estes 
instrumentos  geralmente  são  feitos  de  bambu,  e  por  meio  deles  a 
medicina  é  soprada.  O  rapé  indígena,  ao  contrário  dos  rapés  de  latinha 
que  se  encontra  comumente  nos  mercados,  jamais  é  inalado,  é  sempre 
soprado.  Quando  a  medicina  é  soprada,  o  pó  adentra  as  narinas  sem 
alojar-se  no  pulmão,  sugando  para  fora  as  impurezas  encontradas,  que 
serão  retiradas  do  organismo  através  do  escarro. Depois do sopro, é ainda 
recomendado que a respiração seja feita pela boca por algum tempo. 

Intenções e Usos 

53 
Desde  o  seu  preparo  até  a  sua  aplicação,  esse  composto  é  carregado  de 
intenções,  e  é  exatamente  a intenção a grande chave de seu poder. Através 
do  sopro  a  medicina  carrega  tudo  aquilo  com  que  ela  foi  imantada  para 
dentro  de  quem  a  recebe,  promovendo  a  cura  de  diversas  mazelas  e  a 
alteração  do  campo  vibracional  e  corpos  sutis.  O  tabaco  é  uma  planta 
associada  ao  elemento  fogo  e  uma  de  suas  propriedades  é  a  limpeza 
energética  e  física,  ao  contrário  do  que  os  povos  brancos,  com  seu  uso 
deturpado,  trouxeram  para ela. Também por isso, não é aconselhada a sua 
inalação. 

Por  ser  um  alterador  de  consciência,  essa  medicina  é  uma  excelente 
ferramenta  para  atingir  estados  meditativos  e  de  gnose  para  práticas 
mágicas,  enquadrando-se  no  conceito  de quimiognose. Clareia o  uxo de 
percepção,  limpa  e  harmoniza  o  estado  mental  selecionando,  através  da 
intenção  contida  no  sopro,  e  favorece  a  vibração  adequada  do 
funcionamento  da  psiquê  para  a  obtenção  dos  resultados  desejados 
dentro da sua ritualística. 

Ativação de Sigilos 

Para  além  da  quimiognose,  é  possível  utilizar  o  rapé  como  veículo  de 
ativação  dos  sigilos  mágicos.  Ao  colocá-lo  na  mão  para  ativação  da 
intenção,  utilize  a  prática  da  visualização  do  sigilo  construído,  vendo-o 
desenhado  no  pó  em  sua  mão,  ou  até  mesmo,  de  fato,  utilizando  algum 
instrumento  para  desenhá-lo  como  se  faria  um  desenho  na areia. Mantre 
o  sigilo  até  sentir  que  imantou  a substância com sua intenção, mantendo 
sempre  em  sua  tela  mental  a  visualização.  No  momento  do  sopro  a 
medicina  vai  adentrar  o  seu  corpo  físico  e  corpos  sutis,  realizando  as 
alterações  intencionadas  previamente,  e  instalando o símbolo pretendido 
em  seu  inconsciente.  A  energia  emanada  através  da  repetição  mântrica  e 
da  visualização  já  é  o  su ciente  para  ativá-lo,  aliada  à  energia  cinética 
gerada pela movimentação do ar causada pelo sopro. 

54 
Cuidados 

Não  é  aconselhada  a  utilização  desse  método  para  aqueles  que  não 


possuem  familiaridade  com  a  medicina.  Seu  uso  gera  respostas  físicas 
muitas  vezes  desconfortáveis,  como  alterações  na  pressão  sanguínea, 
espirros,  vômito  ou  diarreia,  e  por  isso  deve  ser feito de forma consciente 
e  responsável.  Em  caso  de  pouca  prática  com  a  substância  aconselha-se  a 
presença  de  alguém que possa auxiliar em caso de di culdade. Em caso de 
problemas  de  pressão,  epilepsia,  problemas  cardíacos  ou  outros 
distúrbios, não se aconselha esse tipo de prática. 

   

55 
6. Rituais e Banimentos 

Nesta  seção,  serão  descritos  diretrizes  e  procedimentos  que  possuem 


relação  com  rituais  e  banimentos,  e  que  fazem  parte  das  práticas  dos 
integrantes  do  Projeto  Xaoz.  Estas  diretrizes  podem  ser  utilizadas  para 
que  o  magista  desenvolva  suas  próprias  técnicas,  ou  interprete  técnicas 
existentes. 

Como Criar seu Próprio Ritual 

Causar  alterações  na  realidade  material  e  prática  é  um  dos  objetivos 


dentro  da  magia.  Os  métodos  para  se  alcançar  essa  nalidade  variam  de 
acordo com a época, cultura e crenças do operante. O paradigma pessoal é 
parte  essencial  da  formulação  de  um  ritual.  Assim  como é possível seguir 
receitas  prontas  de  ordens  iniciáticas,  livros,  religiões,  cultos  ou  outras 
fontes,  o  mago  pode  também  formular  suas  próprias  ritualísticas,  e  isso 
segue  um  modelo  básico  de  funcionamento  que  leva  como  alicerce 
principal o alfabeto simbólico adotado por quem executa o rito. 

Assim na Terra como no Céu 

Partindo  das  Lei  Herméticas  do  Mentalismo  e  da  Correspondência,  que 


a rmam,  respectivamente, que o Todo é mental, e que aquilo que está em 
cima  é  análogo  àquilo  que  está  embaixo,  é  possível  compreender  que 
promovendo alterações na própria psicosfera podemos realizar, então, por 
correspondência,  essas  alterações  no  mundo  físico  também.  A  mente  é 
como  um  iceberg,  a  parte consciente é apenas uma pequena percentagem 
e  aquilo  que  está  submerso  sob  os  aspectos  conscientes constitui a maior 
parte da psique. 

Para  que  alterações  no  mundo  material  sejam  possíveis,  é  necessário 


movimentar  aquilo  que  jaz  sob  a  superfície,  no  inconsciente,  já  que  a 
realidade  exterior  é  um  re exo,  uma  expressão  análoga  àquilo  que  existe 

56 
no  mundo  interior  do  magista.  Assim  como  o  que  está  em  cima  está 
embaixo,  aquilo  que  está  fora  é  como  aquilo  que  está  dentro,  em  uma 
correspondência análoga. 

Comunicação com o Inconsciente 

Para  promover  alterações  nos  próprios  padrões  mentais  que  alimentam e 


constroem  os  aspectos  da  realidade  que  você  vive  mas  deseja  alterar,  é 
necessário  se  comunicar  diretamente  com  o inconsciente. Assim como os 
sigilos  são  plantados  nessa  camada,  as  ritualísticas  dos mais diversos tipos 
também  funcionam com base na mesma premissa, utilizando elementos e 
materiais  especí cos,  selecionados  através  da  correspondência  simbólica 
adotada pelo executor do ritual. 

Movimentando-as  no  seu  círculo  mágico,  tais  energias  estão  sendo 


também  movimentadas  dentro  da  sua  própria  psicosfera.  Por  isso, 
também,  é  de  grande  ajuda  delimitar  um  círculo  mágico  para  a execução 
dos  atos  ritualísticos,  pois  é  delimitando  esse  espaço  entre  os  mundo 
visível  e  invisível,  consciente  e  inconsciente,  estabelecendo-se  na 
encruzilhada  entre  eles,  que  a  magia  ocorre  e  a  mente  consciente  é 
temporariamente fundida com a mente inconsciente. 

Etapas para a criação de um ritual 

O  primeiro  passo  para  criar  sua  magia,  seus  feitiços,  levando  em  conta  o 
que  foi  dito  acima,  é  escolher  elementos  e  materiais  que  dentro  da  sua 
própria  representação  simbólica  expressam  as  energias  que  você  deseja 
trabalhar.  Não existe certo ou errado, já que o que será executado parte de 
você  para  você  mesmo,  pretendendo  uma  alteração  na  SUA  realidade. 
Algumas  associações  são  comuns  e  amplamente  utilizadas,  como  por 
exemplo  o  uso  de  pimentas  como  plantas  que  simbolizam  o  calor, 
ardência,  fogo  e  paixão,  bem  como  proteção,  exatamente  pela  analogia 
entre  os  efeitos  e  impressões  físicas  que  a  pimenta  traz,  expandindo-os 

57 
para uma esfera astral e mágica. Assim funciona com qualquer elemento a 
ser utilizado dentro de uma ritualística. 

Escolhidos  os  objetos,  símbolos,  cores,  velas ou o que mais for necessário, 


chega  o  segundo  passo,  onde  se  de ne  quais  serão  os  movimentos  que 
cada  objeto  irá  performar.  Você  vai  juntar  características suas para chegar 
a  um  resultado?  Vai  equilibrar  o  que  está  desequilibrado  ou  mover 
estruturas  para  que  algo  que está fechado se abra? Na magia do caos tudo 
é  permitido,  no  sentido  de  que  você  mesmo  pode  encontrar  o  símbolo 
que faz jus àquilo que pretende alcançar. 

Os símbolos e objetos escolhidos para o rito irão performar o ato que você 
deseja  ver manifestado, podendo variar de um boneco e uma escada sendo 
utilizados  para  simular  o  alcance  de  novos  patamares  e  degraus  em  seu 
desenvolvimento  até  a  utilização  de  ingredientes  relacionados  à  atração, 
abertura  de  caminhos  e riqueza feita durante a janela astrológica que você 
ache  propícia  para  a  confecção  de  uma  poção  de  prosperidade  para 
utilizar  em  sua  loja.  Aquilo  que  está  em  cima  é  como  aquilo  que  está 
embaixo  e  o  que  for  utilizado  por  você  será  uma  representação  no 
microcosmos  do  seu  altar  daquilo  que  você  deseja  alcançar  com  aquela 
ritualística, solte sua criatividade. 

Após  os  elementos  e  movimentos  entre  eles  serem  de nidos,  é  hora  de 
partir  para  o  terceiro  passo:  a  ação.  A  primeira  coisa  para  se  realizar 
qualquer  ato  mágico é um bom banimento, uma limpeza do ambiente. O 
banimento,  levando  em  consideração,  novamente,  a  Lei  da 
Correspondência,  irá  funcionar  retirando  do  local  tanto  as  energias 
externas  a  você  que  não  são  compatíveis  com  seus  objetivos  quanto  às 
suas  próprias  energias  internas,  barreiras  dogmáticas  e  padrões  de 
pensamento  e  vibração  que  não  condizem  com  o  ritual  e  com  o  que  se 
deseja alcançar. 

58 
Realizado  o  banimento,  é  hora  então,  de  abrir  o  círculo  mágico,  e 
novamente,  isso  é  com vocês, cada pessoa vai escolher um jeito próprio de 
delimitar  a  área  que  será  utilizada,  colocando-a  e  a  si  mesmo  numa  zona 
entre  os  mundos  e  estados  de  consciência,  um  local  onde a realidade não 
irá  lhe  in uenciar,  onde  seu celular não vai tocar e puxar sua atenção para 
questões  que  não  têm  nada  a  ver  com  o  que  está  sendo  feito;  onde  sua 
mente  se  permitirá  acessar  camadas  mais  profundas  de  si  mesma  e  o 
estado  de  gnose.  É  o  círculo  mágico  também  que  delimita  o  espaço  de 
proteção  ativado  pelo  banimento,  mantendo  do  lado  de  fora  o  que  deve 
car  do  lado  de  fora,  e  convidando  para  dentro  dele  aquilo  que  irá  te 
ajudar com seus propósitos. 

Após  o  banimento  e  delimitação do círculo mágico, que inclusive podem 


ser  feitos  com  a  mesma  ritualística,  é  hora  de  começar  sua  magia.  Faça 
aquilo  que  programou,  lembrando-se  de  que  para  bons  resultados  a 
magia  deve  ser  feita  em  estado  de  gnose.  Quando  terminar,  faça 
novamente  o  banimento,  retirando  do  local  as  energias  em  excesso, 
espíritos  auxiliares  ou  demais  estruturas  astrais  criadas,  e  desfaça  seu 
círculo mágico. 

Equipamentos e Instrumentos Mágicos 

Seja  físico  ou  astral, é bem comum que magistas tenham ferramentas que 


auxiliem  em  tarefas  mágicas.  Essas  ferramentas  podem  variar  de 
frequência  de  uso,  abrangência  conceitual,  consagração,  natureza  e 
passividade ou atividade. 

Frequência 

Algumas  são  utilizadas  somente  em  situações  especí cas  como,  por 
exemplo,  facas  de  sacrifício  só  seriam  usadas  em  um  contexto  ritual  ou 
bolas de cristal que só seriam usadas em rituais de divinação, por exemplo. 

59 
Quanto  maior  a  frequência  em  que  se  usa  uma  ferramenta,  maior  o  elo 
simpático  entre  ela  e  o  magista,  mas  quanto  mais  especí co  for  o  uso, 
maior o elo simpático da ferramenta com seu conceito. 

Abrangência conceitual 

Algumas  ferramentas  são  extremamente  amplas em seu papel simbólico e 


podem  ser  utilizadas  em  diversos  contextos  com  signi cados  diferentes, 
como  moedas,  pedras ou velas. Outras ferramentas são tão especí cas que 
só  se  conectam  com  um  aspecto  especí co  dentro  de  um  conceito  (ou 
faceta  de  entidades)  ou  mesmo  a  conexão  com  um  indivíduo  especí co 
com  um  propósito  especí co,  como  medalhas  de  santos  que  protejam 
viajantes  durante  uma  tempestade em alto mar. Assim como a frequência 
do  uso  tem  ganhos  e  custos,  a abrangência conceitual de uma ferramenta 
também.  Para  restringir  a  abrangência  conceitual  de  uma  ferramenta 
magistas realizam consagrações. 

Consagração 

A  consagração  é  o  ritual  pelo  qual  um  objeto  se  torna  sagrado.  Isso 
signi ca  atribuir  a  ele  um  papel,  conceito,  uso  e  elo  simpático  especí co, 
descolado  do  cotidiano  profano.  A  consagração  de  um  objeto  que  tem 
uso  profano  pode  parecer  inicialmente  um  paradoxo.  Imagine  tornar  a 
maçaneta  da  porta  da  sua  casa  um  objeto  sagrado.  Apesar  de  investir 
energia  e  atribuir  elos  simpáticos  àquilo,  as  chances  de  que  você  e  outras 
pessoas  usem  esse  objeto  sem  atribuir  essas  características  dissolve  essa 
separação  entre  profano  e  sagrado.  É  por  meio  da  consagração  que  uma 
ferramenta  muito  abrangente  conceitualmente  e  que  se  usa  com  muita 
frequência  pode  ser  transformada  em  uma  ferramenta  sagrada  e 
especí ca.  Se  pensarmos  no  exemplo que demos acima, uma moeda pode 
ser  consagrada  a  uma  divindade  da  sorte,  ou  a  uma  divindade  do 
dinheiro.  Assim,  aquela  moeda  passa  a  ser  utilizada  somente  para 
operações  naquele  contexto  e  naquele  conceito,  dessa  forma  magistas 

60 
regulam  as  variáveis  envolvidas  na  interação  energética  e  conceitual 
daquele objeto. 

Ferramentas  improvisadas  não  são  impossíveis  e  geram  efeitos 


satisfatórios,  contudo,  percebemos  que  a  consagração de uma ferramenta 
a  torna  mais  e caz  e  e ciente.  Ao  mesmo  tempo,  nem  sempre  temos 
acesso  à  ferramentas  consagradas.  Não  aconselhamos  o  uso  de  uma 
espada ritual à mão para realizar um banimento em público, por exemplo. 

Natureza 

A  natureza  de  uma  ferramenta  mágica  pode  ser  espiritual,  astral,  mental 
ou  material,  e,  apesar  de  não  ser  necessário,  rituais  de  consagração  ou 
encantamento  são  formas  de  atrelar  um  objeto  a  essa  natureza.  Uma 
ferramenta  que  seja  atrelada  em  muitos  desses  reinos  teria  maior  chance 
de produzir efeitos, ao mesmo tempo que se tornaria mais singular. 

Ainda  no  exemplo  da  moeda,  supomos  que  a  natureza  dessa  ferramenta 
seria  espiritual,  por  se  tratar  de  uma  divindade.  Por  meio  dos  rituais, 
magistas  tornam  a  moeda  material  um  signi cante  da  ferramenta 
espiritual.  Assim  também  são  os  elos  simpáticos,  que conectam objetos e 
conceitos  separados.  Outra  abordagem  poderia  ser  considerar  a  moeda 
enquanto  uma  ferramenta  de  natureza  material  e,  por  meio  de  rituais, 
conectá-la  a  um  conceito  de  natureza  astral,  como  sorte.  Nesse  sentido  a 
moeda  passa  a  ter  uma  função  especí ca  de  gerar  sincronia  com  esse 
conceito  astral.  Reparem  que  no  primeiro  caso,  a  destruição  da  moeda 
pode  ser  facilmente  remediada,  substituindo-a  por  outra.  No  segundo 
caso,  a  destruição  da  moeda  material  seria  irreversível,  sendo  necessária  a 
criação de outra ferramenta para substituir esta. 

Passividade ou Atividade 

61 
Ferramentas  passivas  seriam  aquelas  que,  sem  a  necessidade  da  ação  de 
magistas,  exerce  sua  função  primária,  como  sinais  de proteção em portas, 
pulseiras  e  anéis  que  atraiam  saúde ou mesmo ferramentas que indiquem 
alguma  mudança  na  energia  do  ambiente.  Ferramentas  ativas são aquelas 
que  auxiliam  uma  ação  de  magistas.  Em  outras  palavras,  magistas 
precisam,  ativamente,  realizar  um  ato  mágico,  e  a  ferramenta  permitirá 
que  esse  ato  aconteça  mais  facilmente  (seja  por  ajudar  na  crença,  na 
con ança ou de fato modi car a realidade). 

Escolhas e Customização 

A  cada  ponto  comentado,  a  diversidade  de  estratégias  mágicas  para 


cunhar  suas  ferramentas aumenta. É útil que magistas sejam e cientes em 
escolher  a  combinação  mais  adequada  para  seu  trabalho.  Também  é 
importante  comentar  que  frequentemente  magistas  se  tornam 
dependentes  de  suas  ferramentas.  Muitas  ferramentas  servem  tão  bem 
para  capacitar  magistas  a  executarem  tarefas,  que  a  capacitação  de 
individual  se  torna  secundária, o que gera vulnerabilidades que devem ser 
levadas em conta ao considerar a segurança da prática. 

Adaptações do Ritual menor do Pentagrama 

O  Ritual  menor  do  Pentagrama  (RmP)  é  um ritual que contém uma das 


estruturas  mais  basilares  para  os  objetivos  de  convocação  de  energias  ao 
início  de  um  rito,  banimento  de energias ao  m de um rito, ou equilíbrio 
sensorial,  emocional,  mental e espiritual. As origens de seus fundamentos 
datam  de  antes  de  1500,  mas  somente  nos  anos  1900  com  a  Ordem 
Hermética  da  Aurora  Dourada  os  ritos  similares  foram  consultados  em 
manuscritos  antigos,  traduzidos  para  o  inglês,  adaptados  para  uma 
roupagem  mais  moderna  e  consolidados  na  forma  do  RmP. 
Posteriormente,  em  1937,  algumas  práticas  da  Ordem  foram  publicadas 

62 
por  Israel  Regardie  no  livro  “Golden  Dawn”  e  seu conhecimento passou 
a ser mais amplo. 

O  fundamento  principal  do  RmP  está  no  conceito  de  que  existem  o 
nosso  mundo  e  o  mundo  superior,  separados  por  torres  de  guarda  que 
cariam  nos  quadrantes  ou  nos  pontos  cardeais.  Os  mundos  se 
correspondem  (o  que  está  embaixo  é  como  o  que  está  em  cima),  e  do 
centro  da  Terra  até  a  Lua  tudo  seria  composto  por  4  elementos  -  terra, 
água,  fogo  e  ar  -, enquanto da esfera Lunar para fora tudo seria composto 
por  Éter,  polarizado  mediante  as  vibrações dos planetas e de outras forças 
espirituais. 

Nestas  4  torres  de  guarda  ou  torres  de  vigia,  habitariam  4  anjos 
correspondentes  aos  4  elementos,  e  estes  anjos  protegeriam  o  mundo,  e 
cada  ser-humano,  das  forças  externas  (representadas  por  4  demônios). 
Sendo  assim,  chamando-se  pelos  4  anjos  dos  quadrantes  seria  possível 
equilibrar  suas  forças,  re-estabelecendo  melhor  as  proteções.  Estes  anjos 
também  poderiam  conferir  os  poderes  dos  seus  respectivos  elementos  e 
poderiam  banir aspectos nocivos dos elementos, um por um ou os quatro 
de uma vez. 

Existem  diversas  atribuições  de  anjos  e  demônios  a  quadrantes  ou 


direções  cardeais,  e  diagramas  deste  tipo  são  encontrados  em  diversos 
tratados  metafísicos,  como  por  exemplo  o  Integrum Morborum de 1600 
ilustrado  por  Robert  Fludd.  Porém,  o  RmP  original  da  Golden  Dawn 
conta  com  procedimentos, palavras e ordens especí cas para ser realizado. 
Estes  procedimentos,  por  sua  vez,  podem  ser  encontrados  em  diversos 
sites  e  livros,  podendo  ainda  variar  ligeiramente  entre  as  Ordens  que  o 
usam.  Quando  o  RmP  é  adaptado,  não  poderia  ser  chamado  de  RmP, 
stricto  sensu,  mas  este  nome  tem  sido usado de forma geral para facilitar o 
entendimento da estrutura do rito, que é em parte mantida. 

63 
 

As  etapas  principais  encontradas  nas diversas versões do Ritual menor do 


Pentagrama disponíveis em grimórios ou adaptadas por magistas são: 

● Cruz cabalística, conectando o micro ao macro 


● Convocação  ou  banimento  (dependendo  do  objetivo)  dos  4 
elementos  nos  4  pontos  cardeais,  traçando  pentagramas  e 
chamando por 4 seres e 4 nomes de Deus 
● Opcional: estabelecimento de 2 glifos adicionais, acima e abaixo 

64 
● Finalização conectando os elementos para completar o círculo 

Sendo  assim,  a  maioria  das  adaptações  têm  como  foco  a  parte  central  do 
rito,  que  seria  a  convocação  ou  banimento  (sendo  principalmente  usado 
para banimento), e estabelece 4 roupagens próprias para os elementos que 
serão  chamados.  Podem  ser  utilizados  deuses  de  uma  ou  mais  culturas, 
um  panteão  especí co  que  o  magista  tenha  mais  a nidade,  personagens 
da  cultura  pop  (por  exemplo:  Tolkien,  Lovecraft  ou  os  universos  Marvel 
ou  DC)  ou  mesmo  glifos  alquímicos  mais  gerais  -  terra,  água,  fogo  e  ar 
propriamente  ditos.  Deve-se  entender  que  a  a nidade  da  mente  do 
magista  com  as  roupagens  usadas  é  o  principal  fator  que  in uencia  a 
e ciência do ritual. 

Sendo  assim,  um  ritual  simpli cado,  adaptado  com  base  no  RmP  e 
utilizando  qualquer  egrégora,  poderia  ser  realizado  como  segue.  Cabe 
ressaltar  que  os  elementos  descritos  nas  direções  cardeais  têm  o  objetivo 
de  servirem  como  exemplos,  mas  esta  de nição  deve  ser  dada  pelo 
magista,  podendo  ser  diferente  da  apresentada.  O  rito descrito também é 
referente  ao  banimento,  mas  pode  ser  usado  para convocação trocando o 
enunciado “banindo” por “convocando”. 

1. O  magista  pode  opcionalmente  separar  objetos  ou  desenhar 


glifos  em  um  papel,  representando  os  elementos  Terra,  Água, 
Fogo  e  Ar na egrégora que pretende usar, além de energias Sutil e 
Densa, se desejar. 
2. O  magista  desenha  um  círculo  ao  seu  redor  usando  o  dedo 
indicador  e  declara:  “Eu  abro  ao  meu  redor  o  círculo,  e  me 
conecto com as energias de [EGRÉGORA]”. 
3. Ele  se  volta  para  o  Leste  e  traça  um  pentagrama  com  o  dedo 
indicador,  dizendo:  “Estou  banindo  o  elemento  Fogo,  pelos 
poderes de [FOGO ou LESTE]”.  

65 
4. Ele  se  volta  para  o  Sul  e  traça  um  pentagrama  com  o  dedo 
indicador,  dizendo:  “Estou  banindo  o  elemento  Terra,  pelos 
poderes de [TERRA ou SUL]”.  
5. Ele  se  volta  para  o  Oeste  e  traça  um  pentagrama  com  o  dedo 
indicador,  dizendo:  “Estou  banindo  o  elemento  Água,  pelos 
poderes de [ÁGUA ou OESTE]”.  
6. Ele  se  volta  para  o  Norte  e  traça  um  pentagrama  com  o  dedo 
indicador,  dizendo:  “Estou  banindo  o  elemento  Ar,  pelos 
poderes de [AR ou NORTE]”.  
7. O  magista  pode  escolher  um  elemento  adicional  que  será 
utilizado  Acima  e  outro  Abaixo  de  si,  banindo  energias  Sutis  e 
energias Densas, e desenhando dois pentagramas adicionais. 
8. O  magista  mentaliza  fortemente  e  visualiza  na  tela  mental  os  4 
(ou  6)  pentagramas ardendo em torno de si, e os elementos, seres 
ou  entidades  atuando  junto  de  cada  pentagrama  para  repelir  ou 
atrair a energia correspondente. 

Sendo  assim,  seguem  alguns  exemplos  de  4  elementos  que  podem  ser 
utilizados em diversas egrégoras para substituir as palavras entre colchetes. 
Os  exemplos  dados  vão  desde  egrégoras  milenares  de  deuses  antigos  até 
elementos  da  cultura  Pop,  sem  de nir-se  uma  distinção  ou  hierarquia 
entre  elas  -  a  e ciência  do  rito  será  de nida,  em  última  instância,  pela 
a nidade do magista com a egrégora escolhida. 

A  de nição  de  pontos  cardeais  e elementos também deve ser escolhida de 


acordo  com  o  paradigma  utilizado  pelo  magista,  e  uma  das  duas 
classi cações  (elementos  ou  pontos  cardeais)  pode  ser  a  dominante  no 
momento de montar o rito, enquanto a outra seria auxiliar. 

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FOGO ou  TERRA ou  ÁGUA ou  AR ou 
EGRÉGORA 
LESTE  SUL  OESTE  NORTE 
Egito  Wadjet  Tatenen  Hapi  Shu 
Grécia  Hefesto  Hades  Poseidon  Zeus 
Tupi-Guarani  Anhangá  Jakairá  Yara  Tupã 
Anjos  Uriel  Raphael  Gabriel  Miguel 
Demônios  Oriens  Amaymon  Paymon  Egyn 
Lovecraft  Shub-Niggurath  Cthulhu  Dagon  Nyarlathotep 
Dragões  Tiamat  Behemoth  Leviathan  Tifão 
Primordiais  Eros  Gaia  Pontos  Urano 
Familiares  Bode  Lebre  Sapo  Corvo 
Ventos  Euros  Noto  Zé ro  Bóreas 
Kung Fu  Tigre  Dragão  Serpente  Garça 
Folclore  Boitatá  Curupira  Ipupiara  Saci 
Star Wars  C-3PO  Yoda  Leia  Luke 
Tolkien  Tulkas  Aulë  Ulmo  Manwë 
Perpétuos  Destino  Morte  Sandman  Delírio 
Marvel  Homem de Ferro  Hulk  Viúva Negra  Thor 
Elementais  Salamandras  Gnomos  Ondinas  Silfos 
Pokémon  Charmander  Bulbassauro  Squirtle  Pidgey 

Notas:  ¹  Agradecemos  pelas  sugestões  e  exemplos  que  foram  colhidos  livremente  na  comunidade 
mágica  por  comunicação  digital  ou  verbal,  pertencendo  ao  paradigma  pessoal  de  cada  magista;  ²  Em 
alguns casos foi utilizada como critério principal a atribuição dos elementos, e em outros a das direções 
cardeais,  mas  em  todos  os  casos  cada  um  dos  elementos  deve ser estudado em detalhes antes do uso; ³ 
As  associações  dependem  do  critério de análise de cada magista e, mais até do que as associações em si, 
é importante a de nição clara do critério que foi usado para tal.   

67 
7. Sigilos 

A  técnica  de  sigilização  é  conhecida  por  diferentes  nomes  e  utilizada  de 


diferentes  formas  em  diversos  sistemas  mágicos  e  esotéricos.  Desde  as 
práticas  de  geometria  sagrada  até  os  selos  da  Ars  Notoria,  são  vários  os 
métodos  utilizados  para  traçar  desenhos  que  encerram  em  si  mesmos 
aspectos  do  universo,  conceitos cosmológicos e espirituais, ou intenções e 
pedidos. 

Os  fundamentos  do  funcionamento  de  sigilos  podem  ser  descritos  de 
várias  formas.  Uma  delas  é  a  consideração  de  que  só  se  pode  entender  e 
manipular  energias  sabendo-se  seus  nomes.  Estes  nomes  podem  ser 
expressos  por  meio  de  palavras,  porém  seu  uso  muitas  vezes  é  restrito 
devido  às  limitações  da linguagem existente. Neste sentido, os pedidos ou 
as  energias  podem  ser  descritos  de  forma  simbólica,  e  quando  são  mais 
especí cos  e/ou  complexos  podem  ser  representados  como  selos  ou 
sigilos. 

A  principal  diferença  entre  selos  e  sigilos  é  que,  em  teoria,  os  selos  são 
utilizados  para  ancorar  energias,  e  os  sigilos  para  comunicar  pedidos.  Na 
vertente  de  Magia  Salomônica,  chamada  de  Ars  Notoria,  os  sigilos  se 
apresentam  na  forma  de  Notas,  que  encerram  conhecimento  sobre 
diversas  artes  e  ciências,  auxiliando  o  magista  em  seu  aprendizado.  Um 
dos  principais  autores  conhecidos  na  prática  da  Sigilização  é  Austin 
Osman  Spare,  que  teria  desenvolvido  sua  técnica  ao  fazer  pedidos  na 
forma  de  desenhos  para  daemons  e  anjos,  porém  sem  especi car  quais 
entidades deveriam realizar seus intentos. 

São  apresentados  aqui  métodos  para  a  construção  de sigilos com base em 


treze  símbolos  elementais,  que  representam  energias  mais  simples.  São 
apresentadas  também  técnicas  de  fusão  ou  sequenciamento  de  sigilos, 
com  base  em  combinação  (método  já  consagrado  na  bibliogra a 

68 
especializada)  e  em  circuitos  (método  desenvolvido  pelo  Projeto  Xaoz), 
bem como técnicas para aprimorar sua efetividade. 

Os  métodos  descritos  aqui  podem  ser  explorados,  aprimorados  ou 


adaptados  ao  bel-prazer  do  leitor,  e  incentivamos  a  criação  de  outros 
sigilos elementais, além de técnicas para a sua combinação. 

Os 13 Sigilos 

Os  treze  sigilos  englobam  os  aspectos  elementais  de  nosso  mundo,  além 
do  caráter  ativo  ou  passivo,  concentrador  ou  dispersor,  coagulador  ou 
dissolutor  das  energias.  Estão  posicionados  em  seis  eixos  em  torno  do 
Caos,  com  suas  características  manifestas  de  forma  mais  branda  ou  mais 
bruta. 

69 
Caos 

O  primeiro  sigilo  é  relacionado  ao  próprio  Caos,  e  tem  como  objetivo 


entendê-lo  e  se  proteger  contra  aspectos  incontroláveis  que venham dele. 
É  um  convite  ao  retorno  aos  primórdios,  à  elevação,  para  ver  tudo  um 
nível acima. É o Zero, a energia latente porém não manifestada. 

Sua  ativação  e  energização  se  dão  por  meio  da  meditação,  imaginando  a 
formação  de  um  vórtice  lilás  que  gira  cada  vez  mais  rápido.  A  análise  de 
qualquer  questão  se  torna  mais  clara,  pois no Caos não há nada a perder, 
e nenhum obstáculo. Tudo é possível, os potenciais estão latentes. 

Luz 

O  segundo  sigilo  é  relacionado  à  Luz.  É  a  primeira  manifestação  da 


energia  latente,  o  primeiro  quark  saltando  do  vácuo  do  Caos.  A  luz  rege 
toda  a  leveza  e  o  movimento  é  de  elevação:  “VOLÁTIL”.  É  o  Um,  a 
energia manifestada. 

Sua  ativação  e energização se dão por meio da prática de Surya-Namascar, 


imaginando  a  formação  de  um  orbe  de  luz  em  torno  das  mãos  em 
Angeli-Mudra,  sobre  o  coração.  O  orbe cresce e  ca mais brilhante a cada 

70 
repetição  da  saudação  ao  Sol.  Seu  efeito  é  tornar  a  pessoa  leve,  quebrar 
bloqueios  e  aprisionamentos,  bem  como  jogar  luz  sobre  algo  que  esteja 
nebuloso, dissipando as sombras da dúvida e da mentira. 

Trevas 

O  terceiro  sigilo  é  relacionado  às  Trevas.  É  a  dualidade,  o  antiquark  que 


surge  junto  com  o  quark  que  saltou  do  vácuo  do  Caos. A escuridão rege 
toda  a  densidade  e  o movimento é de condensação: “DENSO”. É o Dois, 
a dualidade. 

Sua  ativação  e  energização  se  dão  por  meio  da  prática  de 
Chandra-Namascar,  imaginando  a  formação de um orbe denso em torno 
das  mãos  de  águia,  sobre  a  testa.  O  orbe  cresce  e  absorve  mais  luz  a  cada 
repetição  da  saudação  à  Lua.  Seu efeito é tornar a pessoa densa, impedir a 
fuga de ideias, consolidar projetos mentais na forma de produtos prontos, 
bem  como  atenuar  a  luz  externa  para  permitir  a  auto-análise  e  a 
regeneração  interna,  se  recolhendo  e  ancorando  as  ideias  na  forma  de 
matéria. 

Terra 

71 
O  quarto  sigilo  é  relacionado  à  Terra.  É  o  surgimento  da  matéria,  a 
energia  densa  que  se  torna  tangível:  “SENSAÇÃO”.  É  Geia  ou  Gaia,  é  a 
Imperatriz. 

Sua  ativação  e  energização  se  dão  por  meio da mentalização de terra fértil 


e  plantas  germinando  dela.  As  plantas  cam  maiores,  e  mais  resistentes, 
com  a  energia  acumulada.  A  energização  é  melhor  realizada  em  meio  à 
natureza.  Seu efeito é melhorar a saúde do corpo físico, e também auxiliar 
na  obtenção  de  bens  materiais.  A  Terra  possui  metais  preciosos  em  seu 
interior,  mas  também permite a regeneração do corpo e a cura de doenças 
com a matéria orgânica que produz. 

Ar 

O  quinto  sigilo  é  relacionado  ao  Ar.  É  o  surgimento  das  ondas 


sonoras/eletromagnéticas  e  das  energias  sutis  emitidas  pela  matéria: 
“PENSAMENTO”. É Urano, é o Imperador. 

Sua  ativação  e  energização  se  dão  por  meio  da  mentalização  do  ar  em 
volta,  e  de  um  campo  de  vibrações  emanando  do  próprio  ser.  O  campo 
ca mais forte com a energia acumulada. A energização é melhor realizada 
em  lugares  abertos  e  arejados.  Seu  efeito  é  aprimorar  a  lógica  e  a  razão, 
podendo  ajudar  o  pensamento  a  ser  mais  rápido  e  claro,  bem  como  sua 
expressão.  O  Ar  permite  perceber  a  energia  do  que  há  em  volta,  sendo 
também  instrumento  para  transmitir  nossos  pensamentos  por  meio  da 
fala. 

72 
Água 

O  sexto  sigilo  é  relacionado  à  Água.  É  o  meio  uido  e  mutável  onde  as 


emoções  se  movem  e  interagem  no  inconsciente:  “SENTIMENTO”.  É 
Netuno ou Poseidon, é o Hierofante. 

Sua  ativação  e  energização  se  dão  por  meio  da  mentalização  de  água 
corrente,  com  seu  som  característico.  O  uxo e o som da água aumentam 
com  a  energia  acumulada.  A  energização  é  melhor  realizada  próximo  à 
água  corrente.  Seu  efeito  é  aprimorar  a  análise  dos  sentimentos  e 
emoções, assim como seu controle. A Água permite perceber o que se está 
sentido,  representando  também  a  uidez  de  moldar  um  sentimento  e 
transformá-lo  em  outro.  A  raiva  pode  ser  convertida  em  compaixão,  e  a 
tristeza pode ser convertida em alegrias ao perceber-se que só sente tristeza 
quem vive. 

Fogo 

O  sétimo  sigilo  é  relacionado  ao  Fogo.  É  o  desejo  de  fazer  algo  novo,  a 
centelha  de  criatividade  que  emana  do  espírito:  “INTUIÇÃO”.  É  Eros 
ou Cupido, são os Enamorados. 

73 
Sua  ativação  e  energização  se  dão  por  meio  da  mentalização  de  fogo 
saindo  do  magista.  O  fogo  ca  mais  azul  conforme  o  sigilo  absorve 
energia.  A  energização  é  melhor  realizada  próximo  a  uma  fogueira  ou 
lareira,  vela  ou  incenso.  Seu  efeito  é  aprimorar  a  criatividade  e  o 
surgimento  de  ideias,  assim  como  o  início  de  projetos.  O  Fogo  permite 
emanar  a  energia  que  até  então  estava  contida  na  mente,  e  também 
favorece  que  fagulhas  de  inspiração  surjam  a  partir  do  inconsciente.  Às 
vezes,  já sabemos das coisas em nosso inconsciente, só precisamos que elas 
venham ao consciente para percebermos que sempre soubemos delas. 

Ativo 

O  oitavo  sigilo  é  relacionado  à  atividade.  É  o  mover-se,  o  andar,  o 


movimento,  o ímpeto de agir: “ATIVIDADE”. Sua ativação e energização 
se  dão  por  meio  da  mentalização  do  sentimento  de  ação,  adrenalina, 
impulso  criador,  tensão  muscular.  Seu  efeito  é  partir  para  a  ação,  e  é 
melhor  utilizado  quando  o  planejamento  já  foi  bem  feito,  e  os atos estão 
bem de nidos. 

Passivo 

74 
O  nono  sigilo  é  relacionado  à  passividade.  É  o  re etir,  o  esperar,  a 
imobilidade  sensata:  “PASSIVIDADE”. Sua ativação e energização se dão 
por  meio  da  mentalização  do  sentimento  de  re exão  e  passividade 
contemplativa.  Seu  efeito  é  o  de  re etir,  contemplar,  aceitar 
acontecimentos e re etir a melhor forma de agir, e é melhor utilizado para 
planejar qualquer ação. 

Trovão 

O  trovão  é  a  manifestação  máxima  do  fogo:  “ELETRICIDADE”.  É 


Zeus,  é  Tupã.  A  desassociação  dos  elementos  e  sua  queima  adquirem 
uma  ionização,  se  tornando  plasma.  Rege  aspectos  de  ira,  ataques 
bruscos,  surtos  energéticos  e  impulsos  violentos.  Ativado  de  forma 
similar ao Fogo, porém com mentalização de eletricidade. 

Vento 

O  vento  é  o  ar  em  movimento:  “VENTANIA”.  É  Fujin,  é Iansã. Aqui, a 


razão  acaba  levando  toda  a  vantagem  e  consegue  dissipar  os  aspectos 
emocionais  ou  energéticos  que  estavam  atrapalhando  ou  bloqueando, 

75 
levando  embora  o  que  não  for  desejado.  Ativado  de  forma similar ao Ar, 
porém com mentalização de um furacão. 

Montanha 

A  montanha  é  a  terra  compactada,  e  sob  pressão  ocorrem  algumas 


reestruturações:  “METAL”.  É  Ogum,  é  Hefesto.  Rege  a  resiliência,  a 
resistência  a  ataques,  fortalecimento,  a  mente  resoluta  que  não  pode  ser 
facilmente  ludibriada  pelos  outros.  Ativado  de  forma  similar  à  Terra, 
porém com mentalização de pedras e rochas. 

Lago 

O  Lago  é  a  água  parada,  e  em  climas  frios  ocorre  o  congelamento  de sua 


superfície:  “GELO”.  É  Shakok,  é  Cailleach.  Rege  o  sentimento 
cristalizado,  que  pode  ser  cortante  para  os  outros  mas  certamente  traz 
segurança  para quem sabe lidar consigo. Ativado de forma similar à Água, 
porém formando uma poça que se congela em seguida. 

Utilização dos Sigilos 

76 
Quando  a  intenção  desejada  para  o  sigilo  possuir  relação  com  um 
elemento  ou  caráter  principal,  pode  ser  usado  o  sigilo  isolado  daquele 
elemento.  Os  sigilos  podem  também  ser  combinados  de  diversas  formas 
para atender a objetivos mais especí cos. 

Por  exemplo,  uma  pessoa que está escrevendo uma tese de doutorado, e já 


pensou  em  tudo  o  que  deseja escrever, pode usar apenas o sigilo da Terra, 
com  caráter  de  materializar  o  pensamento  na  forma  de  um  texto  escrito. 
Alguém  que  possui  facilidade  para  escrever  mas está sem ideias pode usar 
o  sigilo  do  Ar  para  inspiração  na  área  cientí ca,  ou  Fogo  quando  o 
objetivo envolver criatividade. 

Combinação de Sigilos e Símbolos 

Além  dos  objetivos  ditos  “elementares”,  “puros”  ou  “simples”,  pode  ser 
desejado  por  algum  magista  criar  um  sigilo  para  um  objetivo  pontual, 
mais  especí co  ou  mais  complexo,  que  necessite  de  uma  combinação 
entre  as  energias.  Neste  sentido,  os  símbolos  elementais  podem  ser 
combinados para formar um sigilo composto. 

A  combinação  de  elementos  é  a  base,  por  exemplo,  da  construção  de 


diversos  sistemas  mágicos  e  oraculares,  como  o  iChing.  No  iChing,  os 
caráteres  masculino  (Yang,  solar)  e feminino (Yin, lunar) são combinados 
em  grupos  de  três, chamados trigramas, para formar 8 elementos, que são 
então  combinados  entre  si  de  dois  em  dois  para  formar  64  hexagramas. 
Os  hexagramas,  por  sua  vez,  representam  as  situações  mentais  vividas 
pelas pessoas, e podem ser utilizados na busca de conselhos. 

   

77 
Segue abaixo uma combinação possível de três sigilos. 

Neste  sigilo,  foram  utilizados  os  elementos  Trevas  e  Fogo,  assim  como  o 
selo  do  Servidor  Octo.  Ele  pode  ser  aplicado,  por  exemplo,  quando  for 
desejado  obter  uma  maior  sensibilidade  para  sentir  e  se  proteger  das 
energias  que  estão  no  campo  eletromagnético  em  um  determinado 
ambiente  (Octo),  estimulando  a  intuição  (Fogo)  e  focando  em  sentir  e 
manipular as energias negativas3, ou energias “de mão esquerda” (Trevas). 

Sigilos em Circuito 

Quando  for  desejado  utilizar  diversas  energias  durante  um  dia  ou  um 
período  maior  de tempo, ou ainda durante o decorrer de um projeto, mas 
não  for  desejado  que  elas  atuem  ao  mesmo  tempo,  os  sigilos  podem  ser 
arranjados  na  forma  de  um  circuito,  que  pode  ser  carregado  de  forma 

3
  Deve-se  notar  aqui  que  o  termo  “negativas”  refere-se  apenas  ao  caráter  ou 
polaridade  das  energias,  e não inclui nenhum conceito moral de “bem” ou “mal” 
no sentido do senso comum. 

78 
conjunta,  mimetizando  o  comportamento  de  um  circuito  elétrico 
alimentado por uma bateria ou fonte de energia. 

Nos  circuitos  elétricos,  embora  saiba-se  que  a  corrente  real  ocorre  no 
sentido  inverso,  é  convencionado  que  a  corrente  elétrica  parte  do  pólo 
positivo  da  fonte  de  alimentação  (barra  maior)  e  percorre  o  circuito  até 
chegar  no  pólo  negativo  da  mesma  (barra  menor).  Podem  ser  usadas 
também  portas  lógicas  ou  condicionais  para  dividir  e  combinar  as 
correntes,  além  de  dispositivos  em  série  ou  em  paralelo,  e  dispositivos  de 
chaveamento. 

Toda  esta  teoria  elétrica  pode  ser  utilizada  em  analogia  com a ativação de 
sigilos,  formando  um  circuito  que  irá  mudar  seu  comportamento  ao 
longo do tempo, como no exemplo abaixo. 

Neste  exemplo,  o  circuito  inicia  na  parte  inferior,  a  bateria,  que  deve  ser 
carregada  de  intenção,  mentalizando-se  energia  ou  direcionando-se 
campo magnético para a mesma. 

79 
Primeiramente,  a corrente passa pelo elemento Trevas, adquirindo caráter 
passivo  ou  negativo.  Em  seguida,  segue  pelo  elemento  Água, tratando de 
sentimentos. 

Após  esta  etapa,  a  corrente  chegaria  a  uma  chave,  que  pode  ser  ativada 
para  cima, caso seja necessário lidar com lógica e razão, ou para baixo, caso 
seja  necessário  realizar  a  materialização  de  algum  objetivo.  Em  seguida, 
passa pelo elemento Fogo. 

Este  circuito  pode  ser  utilizado,  por  exemplo,  por  uma  pessoa que deseja 
iniciar  seu  dia  banindo  as  energias  em  seu entorno (caráter de dispersão), 
que  pela  manhã  precise  lidar  com  um  assunto  sentimental  (água),  que 
pela  tarde,  embora  ainda  não  saiba  o  que irá fazer, poderá estudar (ar) ou 
realizar  exercício  físico  (terra),  e  que  pela  noite  irá  lidar  com  criatividade 
(fogo) ao escrever um livro. 

   

80 
8. Servidores 

Nesta  seção, são abordados alguns procedimentos para criar e aprimorar a 
criação  de  servidores  astrais.  Também  são descritos os servidores públicos 
desenvolvidos  e  utilizados  pelos  integrantes  do  Projeto  Xaoz  em  suas 
práticas. 

Planejando Servidores 

O Planejamento de servidores é um passo importante em sua criação, pois 
pode  aprimorar bastante sua e ciência. Este passo se aplica quando se cria 
um  servidor  de  forma  consciente, mas existem técnicas que se utilizam de 
canalizações  com  maior  fator  inconsciente.  A  seguir  são  descritos  alguns 
métodos com grande e ciência, de forma simpli cada. 

1) Escolha  as  Funções.  Com base na sua necessidade do momento e 


nos  seus  objetivos,  compreenda  em  que situações similares a esta 
seu  servidor irá lhe ser útil. Considere um quadro mais geral, que 
inclua essa situação especí ca. 

2) De na  um  prazo.  É  muito  comum  que  servidores  sejam 


especí cos  e  objetivos,  para  trabalhos  acerca de um evento único 
(como  ajudar  estudar  para  uma  disciplina  ou  se  comunicar  bem 
em  entrevistas  de  emprego),  mas  também  é  possível  criar 
servidores  para  ideias  persistentes a longo prazo (como memória, 
proteção  contra  assaltos  ou  abertura  de caminhos). Vale ressaltar 
que  servidores  são  ferramentas,  portanto  é  possível que magistas 
se tornem dependentes de seu uso. 

3) Dê  um  Nome.  Este  nome  pode  remeter  à  atuação do servidor, a 


uma  frase  de  poder,  a  uma  palavra  especí ca,  ou  a  outros 
elementos.  Não se deve fazer servidores copiados de seres reais ou 
já  existentes  (como  fazer  um  servidor  que  seja Zeus ou Afrodite, 

81 
por  exemplo).  É  essencial  que  seu  servidor  seja  único  e  seu 
funcionamento claro. 

4) Escolha  a  Aparência.  A  aparência  também  deve  usar  elementos 


que  remetam  à  sua  atuação,  o que irá ajudar no foco mental e na 
pronta  identi cação  do  que  o  servidor  tem  a  oferecer  e  como 
executará sua função. 

5) Elabore  o  Sigilo.  Elementos  de  alfabetos mágicos já existentes ou 


rodas  alfabéticas  são  métodos  clássicos.  Outras  técnicas  que 
permitam  obter  um  sigilo  que  que  marcado  no  inconsciente 
também  são  válidas,  contanto  que  atraiam  atenção  sem  que  seja 
complicado de reproduzir. 

6) De na  a  forma  de  Energização.  Esta  será  a  garantia  de  que  o 


servidor  obterá  energia  necessária  para  seu  funcionamento.  A 
forma  de  energização  delimita  exclusivamente  quando  e  como o 
seu  servidor  se  alimentará,  o  que  deve  dar  ao  magista  total 
controle sobre o suprimento energético do servidor. 

7) Complemente  com  aspectos  opcionais.  Podem  ser  mantras,  um 


per l  com  signo  do  zodíaco  ou  mapa  astral,  músicas,  poesias  e 
oração,  etc.  Estes  aspectos  não  são  obrigatórios,  mas  permitem 
uma  melhor  conexão  do  magista  com  o  conceito  do  servidor  de 
forma  objetiva.  De nir  traços  especí cos  podem  ajudar  na 
ativação  e  concentração  no  trabalho  com  o  servidor,  além  de 
facilitar  sua  identi cação.  Também  pode  acabar  fazendo  com 
que  o  magista  se  afeiçoe  excessivamente  a  esta  ferramenta, 
di cultando o processo de reabsorção. 

8) De na  a  forma  de  Destruição.  Por  “destruição”  entende-se 


também  reabsorver  em sua psiquê a cópia dele que você plasmou 
no  astral,  uma  vez  que  sua  existência  não  lhe  é  mais  desejada.  A 

82 
morte  de  um  servidor  não  é  a  morte  de  um  ser  vivo  e  deve  ser 
encarada com naturalidade pelo magista. 

Canalizando Servidores de Sonhos 

A  canalização  inconsciente pode ocorrer de diversas formas, e uma delas é 
com  base  em  sonhos  que  o  magista  já  teve,  e  quando  deseja  ancorar  as 
energias percebidas no momento de sono e trazê-las ao mundo desperto. 

1) Preste  atenção  em seres que te ajudaram em sonhos quando você 


esteve  com  alguma  di culdade  (em pesadelos, paralisias do sono, 
etc).  Esses  aspectos  podem  se  apresentar  na  forma  de  Aliados 
Animais  como  os  do  Xamanismo,  de  Ânima  ou  Ânimus, 
conforme de nido por Jung, entre outros. 

2) Relembre  da  atuação  daqueles  seres  e  de na  as  funções  que 


possam  ter.  Estas  funções  podem  ser  mais  amplas  do  que  o 
ocorrido  previamente,  contanto  que  se  mantenham  na  mesma 
essência. 

3) Avalie  os  símbolos  e conceitos daquelas personagens. Pesquise os 


aspectos  relacionados  àquele  ser,  como  a  simbologia, a medicina 
dos  animais,  o  gênero  energético 
(masculino/feminino/neutro/não binário). 

4) Compreenda  o  mecanismo  de  sua  atuação.  Como  a  energia  se 


comporta?  Como  interagem  os  conceitos  e  variáveis  dessa 
entidade? 

5) Faça  um  contrato.  Se  não  desejar  fazê-lo  físico,  é  aconselhável 


anotar  os  aspectos  mais  relevantes  em  seu  diário  para  futuras 
consultas. 

83 
6) Crie  um  servidor  descrevendo  todos  os  aspectos  que  foram 
percebidos.  Considere a possibilidade de desenhar a aparência do 
ser assim como apareceu em seus sonhos. 

Servidores Baseados em Entidades 

Outra  forma  de  se  canalizar  servidores  é  basear-se  em  uma  entidade 
pré-existente  e  construir  uma  camada  de  customização  que  permitirá  ao 
magista ter maior controle das características de seu constructo. 

1) Escolha  uma  entidade  (deus,  anjo,  demônio,  semideus, 


elemental)  que  corresponda  às  suas  intenções  e  tenha as funções 
que  você  deseja.  Tenha  em  mente  que  seu  servidor  não  será  a 
entidade  em  si,  mas  sim  um  ser  arti cial  criado  utilizando  o 
arquétipo da entidade. 

2) Pesquise  o máximo possível sobre aquela entidade. A maioria das 
entidades  tem  aspectos  vantajosos  e  desvantajosos,  mas  não  se 
deve  considerar  que  são  aspectos  “bons”  e  “maus”,  apenas 
adequados ou não às funções que você de niu. 

3) Se  a  entidade  tiver  muitos  aspectos  que  possam  impedir  a 


realização  das  funções  que  foram  de nidas,  volte  ao  primeiro 
passo. 
4) Crie  um  servidor  escrevendo  todos  os  aspectos  que  foram 
analisados.  Crie  um  nome  único,  que  deixe  bem  claro  que  se 
trata  de  um ser especí co que apenas compartilha o arquétipo da 
entidade (como descrito no post de planejamento). 
5) Se  desejar, acrescente detalhes em sua aparência para que se torne 
único. 
 

84 
Canalizando Servidores Automaticamente 

Uma  terceira  forma  de  canalização  de  servidores  é  a  criação  automática, 


por  meio  de  atavismos  que  são  extraídos  diretamente  do  inconsciente 
com pouca ou nenhuma interferência da mente consciente. 

1) Sente-se  em  um  lugar  confortável  e  silencioso,  com  um  papel  e 


lápis  ou  caneta  na  mão.  Se  tiver  facilidade,  entre  em  gnose  pelo 
método de sua preferência. 

2) Mentalize  o  efeito  que  deseja  conseguir,  como  se  já  tivesse 


conseguido.  Para  nalidades  nanceiras,  se  mentalize  com 
dinheiro  na  mão;  para  assuntos  do  amor  se  imagine  atraindo  a 
pessoa  desejada;  para  suprimir  medos  ou  características  suas, 
imagine-se vivendo sem elas; etc. 

3) Escreva  o  que  vier  na  mente,  e  rabisque  os  desenhos  que vierem 


na  mente,  de  olhos  fechados  ou  abertos,  enquanto  mentaliza 
fortemente  a  intenção  já  realizada.  Deixe-se  levar  para  que  a 
escrita e o desenho ocorram de forma automática. 

4) Quando  achar  que  ancorou  o atavismo de forma adequada, pare 


com  a  escrita  e  o  desenho  automáticos.  Escolha  uma  parte  do 
desenho  e  algumas  letras  ou  palavras  da  escrita  e  use-as  de  base 
para criar o sigilo e o nome do servidor. 

5) Crie  um  servidor  trazendo  para  o  papel  todos  os  aspectos  que 
foram  mentalizados,  com sigilo, nome, e possíveis aparências que 
tenham se mostrado na mentalização.  

85 
Aspectos Principais 

Alguns  aspectos  devem  ser de nidos para os servidores, sendo necessários 


para  sua  correta  utilização  e  desempenho,  principalmente  no  caso  destes 
constructos poderem ser disponibilizados a outros magistas no futuro. 

1) Nome.  Em  várias  vertentes,  o  nome  dá  poder  sobre  a  entidade, 


então  este  aspecto  é  de  primordial  importância  para  seu 
comando. Só se pode controlar o que pode ser nomeado. 

2) Funções.  Esta  etapa  é  importante  para  focalizar  a  energia  do 


servidor.  Funções  muito  amplas  tendem  a  dispersar  a  energia,  e 
funções  muito  especí cas  podem  tornar  o  servidor  utilizável 
apenas em uma situação. 

3) Aparência.  Este  fator  auxilia  na  conversação  com  o  servidor,  na 


veri cação  de  que  está  funcionando  ou  não,  e  na  comunicação 
de  suas  funções.  Um  servidor  que  pareça  um  escudo  ou  campo 
de  força  será  bom  para  defesa,  enquanto  um  servidor  de  ataque 
precisa  ter  uma  forma  que  traga  mobilidade  para  desferir  seus 
golpes. 

4) Sigilo.  Embora  muitos  servidores  usem  mantras,  o  sigilo  é  o 


método  mais  simples  de  ativação,  pois  a  maioria  das pessoas que 
vivem  em  nossa  época  se  concentra  enquanto  desenha  ou 
escreve.  Sendo  assim,  um  servidor  ativado  por  sigilo  terá 
utilização mais ampla. 

5) Energização.  Este  item  é  importante  para  que  o  fornecimento 


energético  ao  servidor  seja  muito  bem  controlado,  evitando 
energização  não  proposital,  ou  mesmo  vampirização  não 
intencional. 

86 
6) Destruição.  A  atuação  de  um  servidor pode ser vantajosa em um 
momento,  e  desvantajosa  em  outros;  um  servidor  que  traz 
ruptura  e  revolução  deve  ser  desativado  assim  que  a  situação 
chega  no  ponto  desejado.  Por  isso  é  importante  de nir  regras 
para destruição da cópia criada, ou reabsorção na psiquê. 

Aspectos Adicionais 

Além  dos  aspectos  principais  (nome,  funções,  aparência,  sigilo, 


energização,  destruição)  podem  ser  de nidos  também  outros  elementos 
que  não  são  necessários,  mas  ajudam  bastante  na  utilização  por  pessoas 
que praticam diversos paradigmas. Alguns exemplos são citados a seguir. 

1) Signo  ou  Mapa  Astral.  Estes  podem  ser  os  do  dia  da  criação  do 
servidor,  de  sua  ativação  (mudam  a  cada  ativação),  ou  que 
favoreçam  sua  atuação.  Esperar  para  ativar  em  um  dia  especí co 
da semana pode ser vantajoso, por usar as energias daquele dia. 

2) Mantra.  Este  elemento  ajuda  na  gnose,  pois  a  repetição  de  sons 
que  vibram  a  caixa  craniana  já  foi  estudada  cienti camente, 
sendo  comprovada  sua  e cácia.  Além  disso,  melhora  a  ativação 
por pessoas com tendência à concentração auditiva, e não visual. 

3) Música.  A  música  também  auxilia  na  gnose.  Estudos  cientí cos 


indicam  que  a  frequência  de  4  Hz  ou  240  bpm,  ou  nestas 
proximidades,  é  a  mais  adequada  para  estados  de  transe,  e  isso 
pode facilitar a ativação do servidor. 

4) Poesia  ou  Oração.  Sendo  mais  um  auxílio  à  gnose,  podem 


também  auxiliar  por  prover  um  arcabouço  geral  onde  a  pessoa 
irá  encaixar  os  seus  pedidos  especí cos.  De  preferência,  devem 
conter  uma  lacuna  onde  a  pessoa  irá  de nir  o  objetivo.  Ex: 

87 
“Servidor,  peço  a  ti,  faça  o  que  te  digo  / Me traga ________ / E 
que seja feito sem prejuízo”. 

Funcionamento de Servidores 

Ao  ser  ativado,  o  servidor  é  plasmado  no plano astral, e sua atuação pode 


ser  de nida  de forma especí ca para que realize os intentos de forma mais 
e ciente. Por exemplo, um servidor pode atuar por uma ou mais dentre as 
seguintes formas: 

1) O  servidor  faz  sua  atuação  de  forma  ativa.  Nesse  caso, 


considera-se  que  o  servidor  está  se  movendo  pelo  astral  para 
realizar  o  pedido.  Preferencialmente,  a  aparência  deve  permitir 
movimentação.  

2) O  servidor  provê  os  aspectos  desejados  de  forma  passiva.  Nesse 


caso,  ca  próximo  ao  magista  ou  ao  alvo,  emitindo  energias.  A 
aparência pode ser imóvel ou de algo inanimado, neste caso. 

3) O  servidor  leva  e  traz  informações.  Este  uxo  pode  ser  provido 


por  um  canal  estático  que  ca  sempre  ativo  (como  um  o  de 
ligação  ou  um  túnel),  ou  uma  entidade  móvel  que  alterna  entre 
dois pontos. 

4) O  servidor  propicia  sincronicidades.  Eventos  que  já  iriam 


acontecer  são  trazidos  a  acontecer  nos  momentos  adequados, de 
acordo  com  a  necessidade  do  magista.  Sinais  são  vistos  no 
cotidiano,  e  pessoas  que  não  eram  vistas  há  muito  tempo  são 
encontradas. 

5) O  servidor  manipula  as  probabilidades de ocorrência de eventos. 


Eventos  muito  improváveis  passam  a  acontecer.  Deve-se  ter  em 

88 
mente  que,  para  isso,  os  eventos  que  seriam  muito  prováveis  e 
que são excludentes junto ao primeiro não acontecerão. 

Aprimorando servidores 

Por  m,  todas  as  etapas  da  criação  podem  ser  observadas  e  de nidas  em 
detalhes  da  melhor  forma  possível,  para  que  se  tire  o  máximo  da 
experiência  e  se  concentre  toda  a  energia  doada  ao  servidor  em  prol  do 
objetivo nal. Algumas dicas para aprimorar as etapas da criação são: 

1) Regule  o  limite  das  funções.  Um  servidor  que  sirva  para  mais 
situações é ativado mais vezes e potencializa sua atuação. 

2) Crie  uma  aparência  original.  Evite  copiar  desenhos  de  outras 


pessoas,  pois  os  conceitos  articulados  na  criação  daquela  arte 
pode  ser  oposto  ou  destoar  do  seu  intento  com  o  servidor.  A 
estética  dos  servidores  deve  facilitar  o  processo,  não  di cultá-lo. 
Se  tornar  o  servidor  esteticamente  agradável  está  sendo  um 
desa o, lembre-se que é opcional. 

3) Controle  a  energização.  Apesar  da  facilidade  de  energização  por 


meios  de  atos  cotidianos  ser  uma  vantagem  atraente,  a 
energização  feita  somente  quando  estiver  trabalhando  com  o 
servidor é de nitivamente mais segura. 

4) Compreenda  o  processo.  Além  do  objetivo,  é  fundamental 


de nir  o  mecanismo  de  atuação,  para  que  se  saiba  exatamente  o 
processo  esperado  para  alcançar  o  resultado.  Isso  facilitará 
diagnosticar possíveis falhas e seus motivos. 

5) Planeje  a  destruição.  Na  maioria  das  vezes,  a  destruição do sigilo 


é  utilizada.  Neste  caso  tome  cuidado  com  imprevistos  que 

89 
possam  destruir  o  sigilo  sem  querer  (molhando  na  chuva, 
perdendo ou sujando o papel, por exemplo). 

Octo 

   

Octo,  do  grego  οκτώ  (okta),  Oito,  referente a seu formato de Octaedro, o 


sólido platônico correspondente ao Ar. 

Descrição 

Octo  é  um  servidor  mineral,  na  forma  de  um  octaedro  lilás  (cor do Ajña 
Chakra,  o  Terceiro  Olho).  Possui  a  habilidade  de  proteger  o  magista  no 
mundo  físico,  no  mundo  astral  e  no  mundo  espiritual,  servindo  como 
um  escudo  ou  barreira  de  proteção  cristalina  conjurada  ao  seu  redor. 
Torna  o  magista  invisível  aos  que  queiram  fazer  mal,  ou  torna  sua 
aparência  tão radiante que os inimigos não conseguem olhar diretamente. 
Pode  ser  conjurado  uma  vez,  pelo  método  completo,  e  energizado  ou 
fortalecido  sempre  que  necessário,  com  um  simples  gesto  de  atalho 
(manual, sonoro ou corporal) de nido pelo magista. 

90 
Conjuração 

A  primeira  conjuração  deve  ser  realizada  entrando-se  em  gnose  e 


meditando-se  sobre  o sigilo. O magista deve imaginar um  uxo de energia 
lilás  que  sai  do  topo  de  sua  cabeça  (pelo  Chakra  Coronário)  e desce pelo 
seu  corpo,  como  um  líquido  escorrendo  na  superfície  de  um  vidro 
octaédrico.  Este  uxo  de  energia  pode ultrapassar o chão, caso necessário, 
e  pode  escorrer  para  baixo  (caso  o  magista  esteja  em  pé  ou  sentado),  ou 
para  o  lado  (caso  o  magista  esteja  deitado),  formando  ao  nal  um 
octaedro  lilás  que  engloba  totalmente  o  corpo  do  magista.  Após  o 
octaedro  ter  se  formado completamente, o magista pode de nir um gesto 
que  servirá  como  atalho  para  ativação  em  qualquer  momento,  e  repetir 
este  atalho  8  vezes  enquanto  mentaliza  o  octaedro  pulsando  a  cada 
repetição. 

Ativação 

Após  o  m  da  conjuração,  o  servidor  cará  dormente  ao  redor  do 


magista,  pronto  para  ser  ativado  em  qualquer  momento.  A  ativação  do 
servidor  pode  ser  feita  rapidamente  por  meio  do  atalho  que  foi de nido. 
Este  atalho  pode  ser  um  som,  por exemplo um assobio, o mantra “Ohm” 
ou  a  palavra  Octo.  Também  pode  ser  um  gesto  corporal,  como  abrir 
ligeiramente  os  braços  formando  um  triângulo  junto  à  cabeça.  Pode, 
ainda,  ser  um  gesto  manual,  como  o  “gesto  de  aspas”,  usando  o  dedo 
indicador  e  o  dedo  médio.  O  gesto de ativação pode ser programado para 
também  energizar  o  servidor,  fornecendo  energia  para  que  dure  mais 
tempo. 

Mantra 

O  servidor  Octo  não  possui  um  mantra  especí co,  porém  um  mantra 
(como  o  Ohm,  ou  o  próprio  nome  Octo)  pode  ser  de nido  como  o 
atalho  de  ativação,  como  descrito  anteriormente.  O  mantra  que  foi 

91 
utilizado  durante  as  primeiras  conjurações  e  a  criação  do  servidor,  e  que 
tem relação com suas características, foi o Gayatri Mantra. 

Assentamento 

O  assentamento  deste  servidor  é  o  próprio  sigilo,  desenhado  em  um 


pedaço  de  papel  ou em outro lugar, e carregado junto ao magista em uma 
bolsa, mochila ou carteira. 

Manutenção 

A  manutenção  do  servidor  se  dá  por  uma  nova  conjuração  completa  ou 
simples  meditação  com  mentalização  do  octaedro,  quando  o  magista 
perceber  que  sua  energia  está  se  esgotando,  ou perceber que sua presença 
está  desvanecendo.  Além  disso,  o  gesto  de  ativação  rápida  pode  ser 
programado para energizar simultaneamente o servidor. 

Duração 

A  duração do servidor é inde nida, enquanto o papel onde foi desenhado 
seu  sigilo  esteja  íntegro.  Porém,  sua  força  se  esgota  com o tempo e com o 
uso,  e  ele  deve  ser  energizado  de  tempos  em  tempos  como  explicado 
anteriormente. 

Destruição 

O  servidor  é  destruído  caso  o  papel  no  qual  foi  desenhado  seu  sigilo seja 
destruído. 

   

92 
9. Oráculos 

Nesta  seção,  serão  apresentados  alguns  métodos  úteis  para  a  prática 


oracular desenvolvidos ou adaptados pelos integrantes do Projeto Xaoz. 

Usos dos Oráculos 

Os  oráculos  e  a  divinação  são  historicamente  associados  a  previsões  do 


futuro  ou  comunicações  divinas,  desde  os  primórdios  de Delfos antes do 
Século  VI  passando  pela  “leitura  da  sorte”  que  era  atribuída  aos  povos 
ciganos  ou  feiticeiros  em  geral.  Porém,  desde  o  advento  da  Aurora 
Dourada  em  1888  e  os  estudos  oraculares  feitos  por  Arthur  E.  Waite, 
uma  leitura  mais  historicamente  acurada  de  diversos  métodos 
divinatórios  tem  cado  acessível  ao  público  geral.  Entende-se  hoje  que 
muitos  oráculos  eram  usados  como  jogos  de  azar  e  enquanto 
entretenimento,  mas  paulatinamente  foram  difundidos  usos  com  viés 
psicológico  e  para  o  autoconhecimento,  e  enquanto  Alta  Magia.  Por 
outro  lado,  os  trabalhos  de  Aleister  Crowley  nesta  mesma  época 
trouxeram  a  público  um  uso  de  oráculos  mais  voltado  para  a  magia 
prática  e  para  a  análise  metafísica  do  Universo,  entendendo  os  símbolos 
de  forma  associada  a  processos  físicos,  mentais  e  espirituais,  e  podendo 
agir  sobre  estes  campos.  Com  o  desenvolvimento  da  psicanálise 
Junguiana  nos  anos  1910  e  o  estudo  do  inconsciente,  abre-se  um  novo 
mecanismo  para  uso  dos  oráculos,  desta  vez  provendo  símbolos  que 
servem  como  pontes  entre  o  consciente  e  o  inconsciente  e  permitem 
analisar conteúdos mentais. 

Sendo  assim,  em  linhas  gerais  podemos  mapear  pelo  menos  quatro 
utilizações contemporâneas dos Oráculos: 

1. Previsão do Futuro 
2. Entretenimento 
3. Magia e Feitiços 

93 
4. Autoconhecimento 

A  seguir  serão  apresentados  um  método  para  cada  viés  apresentado,  que 
não  necessariamente  consistem  nos  mesmos  usos  historicamente 
atribuídos  aos  oráculos  em geral, e podem ser realizados usando qualquer 
tipo  de  oráculo  (pingentes, pedras ou contas, radiestesia, cartas, dispersão 
de elementos sobre um espaço, visualização direta, etc). 

Oráculos para Previsão do Futuro 

Uma  prática  simples  porém  e caz  para  o  aprendizado  de  oráculos 


consiste  em  fazer  tiragens  oraculares  associadas  a um dia, uma semana ou 
um  ano  especí co,  e  posteriormente  retornar  aos  resultados  e  veri car  o 
que  ocorreu durante aquele período de tempo e que pode ter relação com 
os  resultados  que  haviam  sido  obtidos.  Para  isso,  é  importante  que  o 
resultado  da  tiragem  seja  registrado  de  alguma  forma  (anotação,  foto, 
guardar  o  baralho  com  as  cartas  na  ordem  tirada)  e  que  esteja  disponível 
para  consulta  posterior,  mas  sem  que  seja  visualizado  a  todo  o  tempo, 
para  reduzir  as  chances  de  se  enviesar  a  leitura  antes  do  nal  da  prática. 
Sendo  assim,  seguem  três  exemplos  de  realização  deste  método  com  um 
baralho oracular: 

● Tirar  três  cartas pela manhã, analisar, guardar na mesma ordem e 


voltar a vê-las de noite; 
● Tirar  sete  cartas  em  um  domingo  de  manhã,  analisar,  tirar  uma 
foto e voltar a vê-las na noite do sábado seguinte; 
● Tirar  doze  cartas  no  começo  de  janeiro,  analisar,  anotar as cartas 
e  a  análise  para  cada  uma, e ler as 12 partes deste registro no  nal 
de cada um dos 12 meses do ano. 

94 
O  que  importa  nesta  prática,  mais  do  que  a  “adivinhação”  em  si,  é  a 
capacidade  de  conseguir  associar  os  acontecimentos  daquele  período  ao 
que foi analisado no oráculo, ou aos elementos que saíram na tiragem.  

No  caso  das  leituras  diárias,  pode  ser  analisado  um  acontecimento  da 
manhã,  um  da  tarde e um da noite para corresponder à primeira, segunda 
e  terceira  cartas.  No  caso  das semanais, um acontecimento importante de 
cada  dia  da  semana  deverá  ser  associado  a cada carta. No caso das leituras 
anuais,  cada  mês  terá  um  acontecimento  associado  a  uma  carta,  e  isto 
pode  ser  feito  também  por  trimestres,  semestres,  ou  com  mais  de  uma 
carta para cada período de tempo. 

Com  o  passar  do  tempo,  o  praticante  irá  perceber  as  diferentes  situações 
que  podem  se  encaixar  em  cada  elemento  do  oráculo,  mas  também 
perceberá  se  conseguiria  ter inferido logo de início as linhas gerais de cada 
acontecimento  importante  antes  das  situações  acontecerem,  aplicando 
esta capacidade nas próximas leituras. 

Oráculos para Entretenimento 

Este  treino  oracular  é  constituído  na  forma  de  um  jogo  que  pode  ser 
praticado em um grupo mágico, requerendo a participação de pelo menos 
duas  pessoas  (uma  pessoa  não  participará  da  prática  oracular,  sendo  a 
guardiã do resultado) de forma presencial ou online.  

Uma  pessoa (que não irá participar da adivinhação) escolhe um crime que 
já  aconteceu  (preferencialmente  famoso,  que  teve  grande  repercussão), 
envolvendo  morte.  Assim  que  escolher  e  ler  com  atenção  as  informações 
do  crime,  informa  aos  participantes  que  já  escolheu.  É  interessante  que 
esta  pessoa  registre  o  crime  em  algum  lugar,  para  que  não  possa  trocar 
posteriormente. 

95 
Neste  momento,  o  crime  começará a ser adivinhado. Todos os oraculistas 
tiram  seus  métodos  divinatórios  para  tentar  descobrir  informações  sobre 
4 tópicos: 

● VÍTIMA (s) 
● ASSASSINO (s) 
● MÉTODO e 
● MOTIVAÇÃO. 

Existem  ainda  outros  4  tópicos  que  podem  ser  usados  em  treinos  mais 
avançados: 

● LOCAL 
● RESULTADO 
● ÉPOCA 
● RESOLUÇÃO 

Após  as  tiragens,  os oraculistas conversam entre si para encontrar uma ou 


mais  conclusões.  Quando  os oraculistas tiverem terminado, avisam para a 
pessoa  que  escolheu  o  crime,  e  ela  revela  qual  foi  o  crime  escolhido.  É 
vantajoso  os  oraculistas  discutirem  somente  sobre  as  características  do 
crime,  deixando  os  nomes  especí cos  dos  casos  para  serem  mencionados 
quando a discussão das características já estiver avançada. Isso evita que os 
participantes leiam de forma enviesada ou “cismem” com um crime. 

Oráculos para Magia e Feitiços 

Os  elementos  de  um  oráculos  encerram  em  si  energias  que  podem 
promover  acontecimentos  e  sincronicidades  na  vida  cotidiana.  Não  se 
sabe  ao  certo  se  as  sincronicidades  acontecem  devido  à  ação  de  rituais 
mágicos,  ou  se  sempre  aconteceram  mas  os  ritos  podem  fazer  o  magista 
estar  mais  atento  a  elas,  o  que  importa é que os elementos de um oráculo 
costumam  “andar  juntos”  com  as  situações  que  representam.  Sendo 

96 
assim,  é  possível  estabelecer  rituais  usando  os  elementos  de  um  oráculo, 
ou  fazer  isso  iniciando  pela  leitura  e  em  seguida  alterando-se  o  resultado 
da mesma para incentivar uma situação desejada. 

Tomando  como  exemplo  uma  leitura  de  três  cartas  de  Tarot,  podemos 
de nir  a  primeira  como  indicativa  das  energias  vigentes  no  passado,  a 
central  como  indicativa  das  energias  atuantes  no  presente,  e  a  terceira 
como indicativa das energias que virão a agir no futuro. 

O  ideal  em  uma  leitura  comum  é  que  as  cartas  sejam  analisadas  e  o 
consulente  atue  no  presente  visando  usar  a  energia  futura  da forma mais 
vantajosa  possível.  Porém,  ele  pode  planejar  um  ritual  colocando  uma 
nova  carta  sobre o presente, referente a uma energia que irá convocar para 
o  auxiliar,  e  uma  nova  carta  sobre  o  futuro,  referente  ao  objetivo  que 
deseja  alcançar  (ao  invés  de  colocar  uma  carta  sobre  a  outra,  as  cartas 
podem  ser  substituídas  uma  pela  outra).  Sendo  assim,  pode-se  dizer  de 
forma  simbólica  que  o  magista  está  criando  uma  “linha  do  tempo 
alternativa” onde ele manipula seu destino conforme o desejado. 

97 
 

Energizando  esta  nova  combinação  pela  forma  desejada,  pode-se  gerar 


sincronicidades  interessantes  que  permitam  alcançar  os  objetivos 
escolhidos,  ou  que  promovam  sincronicidades  que  possam  ser 
aproveitadas  - caso o magista esteja atento - para chegar até lá. Esta mesma 
prática  pode  ser  realizada  sem  uma  leitura  prévia, apenas selecionando-se 
uma ou mais cartas e ativando, para aproveitar sua in uência. 

Oráculos para Autoconhecimento 

O uso dos oráculos para autoconhecimento é um dos mais difundidos em 
livros,  em  fóruns  e  em grupos de discussão. Esse autoconhecimento pode 
ser  auxiliado  por  um  terceiro  no  caso  de  uma  sessão  de  leitura  com 
interpretação  -  neste  caso  pode  haver menos viés de leitura caso o terceiro 
seja  isento-,  ou  promovido  pela  própria  pessoa  -  desde  que  entenda  os 
simbolismos  de  cada  elemento  oracular,  para  interpretar  da  forma  mais 
completa possível. 

Uma  prática  interessante  neste  sentido  pode  ser  realizada aproveitando o 


arcabouço,  estrutura  ou  mapa  de  algum método existente, e distribuindo 
cartas  sobre  esta  estrutura  para  posterior  análise.  Por  exemplo,  pode  ser 
utilizada  para  análise  a  estrutura  das  casas  astrológicas  em  uma  de  suas 
leituras simpli cadas: 

98 
● Casa 1: Eu, individualidade 
● Casa 2: Valores, segurança material 
● Casa 3: Aprendizado, comunicação 
● Casa 4: Conforto, lar 
● Casa 5: Diversão, criatividade 
● Casa 6: Trabalho, saúde 
● Casa 7: Relacionamentos, parcerias 
● Casa 8: Necessidades, segredos 
● Casa 9: Viagens, loso a 
● Casa 10: Carreira, reputação 
● Casa 11: Amizades, ideais 
● Casa 12: Inconsciente, psiquê 
● Centro, 13: Resumo da leitura (opcional) 

99 
Sorteando 12 cartas do Tarot, podendo ser somente as arcanas maiores ou 
incluindo  as  menores,  ou  ainda  uma  arcana  maior  e  uma  menor,  entre 
essas  casas,  é  possível  estabelecer  um  mapa  para  análise  de  si.  É 
interessante  também  analisar  a relação entre as casas, como por exemplo a 
Casa  6  e  a  Casa  10  mostrando  se  há  compatibilidade  ou  não  entre  as 
cartas  que  foram  sorteadas  no  campo  do  trabalho  e  no  da  carreira,  entre 
outras  combinações.  No  caso  de  se  usarem  arcanas  menores,  é 
interessante  também  notar  a  predominância  ou  a  falta  de  algum  naipe 
nesta tiragem. 

O  objetivo  aqui  não  é  observar  somente  qual  carta  foi  sorteada  em  cada 
casa,  mas  sim  entender  o  que  se  apresenta  (ou  não  se  apresenta)  daquela 
carta  em  cada  um  dos  12  campos  da  vida,  tendo  em  mente  que  a 
interpretação  do  método  -  e  o  que você faz com base nesta informação - é 
mais  importante  do  que a de nição do mecanismo metafísico pelo qual a 
atribuição das cartas se dá.    

100 
10. Sonhos 

Nesta  seção,  serão  apresentados  alguns  conselhos  úteis  para  a  prática 


onírica  desenvolvidos  pelos  integrantes  do  Projeto  Xaoz,  bem  como  um 
método de recepção de sonhos oraculares. 

Caderno de sonhos 

A  manutenção  de  um  caderno  de  sonhos  é  muito  vantajosa  para  as 
práticas  oníricas.  Isto  porque  diversos  sonhos  podem se apresentar como 
peças  de  um  mesmo  quebra-cabeças,  possivelmente  com  alguns  sonhos 
corriqueiros  intercalados  entre  eles,  e  só  juntando  as  peças  será  possível 
depreender  um  signi cado.  Geralmente,  os  sonhos  que  fazem  parte  de 
um  mesmo  roteiro  se  apresentam  com  o  mesmo  cenário  ou 
compartilham elementos importantes entre si. 

Sendo  assim,  tente  anotar  com  o  máximo  de  detalhes  os  sonhos,  junto 
com  as  datas  em  que  foram  sonhados.  Destaque  algumas  palavras-chave 
que  pareçam  importantes,  ou  que  se  repitam  entre  os  sonhos,  para 
auxiliar na interpretação. 

Interpretação de Sonhos 

Diversas  tribos  indígenas  e  vários  outros  povos  davam suma importância 


aos  sonhos  como  instrumentos  oraculares  e  ferramentas  proféticas. 
Muitas  vezes,  fazia-se  distinção  entre  os  sonhos  proféticos  e  os  sonhos 
corriqueiros,  uma  vez  que,  nos  primeiros,  surgiam  símbolos  mais 
complexos  e  viscerais,  assim  como  situações  ainda  não  vividas,  enquanto 
nos  segundos  as  situações  cotidianas  vividas  eram  simplesmente 
reorganizadas e se mostravam de forma levemente distorcida. 

O advento da civilização e de modelos mecanicistas do universo relegaram 
a  mente  e  a  informação  ao  segundo  plano em detrimento da matéria e da 
energia,  até  que  os  estudos  de  neurologia  e  os  modelos  quânticos  do 

101 
universo  trouxeram  novamente  importância  a informações e a conteúdos 
mentais.  Na  psicanálise  moderna,  sobretudo  com  Jung,  os  sonhos 
passaram  novamente  a  ter lugar de importância para se entender a vida de 
uma  pessoa  e  lidar  com  suas  emoções,  reações  e  pensamentos.  Neste 
sentido,  os  sonhos  puderam  ser  utilizados  para  vislumbrar,  em  estado 
desperto,  os  conteúdos  que se encontram no inconsciente de uma pessoa, 
e  que  não  poderiam  se  expressar  sem  serem  traduzidos  em símbolos (por 
mais complexos que sejam). 

Considera-se  que  uma  pessoa  já  possui,  de  antemão,  uma  biblioteca  de 
símbolos  oníricos  que  foram  acumulados  desde  os  primórdios  da 
civilização  humana  e  especializados  conforme  sua  própria  cultura.  Estes 
símbolos  fazem  parte  do  inconsciente  coletivo.  Por  outro  lado, durante a 
vida,  cada  pessoa  associa  conteúdos  mentais  a símbolos próprios, que são 
especí cos  para  cada  pessoa  e  para  cada  vivência.  Estes  símbolos  fazem 
parte do inconsciente individual. 

Sendo  assim,  quando se interpreta um sonho, primeiramente é necessário 


entender  se  os  conteúdos  fazem  parte  do  inconsciente  individual,  e  para 
isso  deve-se  pensar  se  alguma  situação  relacionada  àquele  símbolo  já  foi 
vivida  pela  pessoa  que  o  sonhou.  Um  trauma  ou  um  acontecimento 
marcante  podem  estar  por  trás  do  aparecimento  de  um  símbolo  em  um 
sonho, e nenhuma outra pessoa conseguirá fazer esta conexão sem analisar 
todo  o  passado  do  sonhador  sabendo  o  que  buscar.  Caso  os  símbolos 
sejam  muito  viscerais,  arquetípicos  ou  impactantes,  e  a  pessoa  não  tenha 
vivido situações que remetam a estes símbolos, pode-se estar diante de um 
conteúdo  do  inconsciente  coletivo,  e  estes  sonhos especí cos poderão ser 
interpretados  usando  os  signi cados  gerais  que  se apresentam em livros e 
em  dicionários  simbólicos.  Desta  forma,  os  sonhos  podem  ser 
interpretados  como  profecias,  presságios,  ou  como  indicativos  do  estado 
geral energético do ambiente. 

102 
Além  disso,  alguns  aspectos  podem  ser  observados  para  auxiliar  a 
interpretação,  pois  é bem comum a recorrência de símbolos que denotam 
certos  tipos  de  elementos.  Uma  mulher  carinhosa  ou  misteriosa, ou uma 
cidade  próxima  à  água,  podem  denotar  a  Ânima  (porção  re exiva  ou 
passiva  da  mente).  Um  homem  arrogante  ou  decidido,  ou  uma  cidade 
muito  urbanizada,  podem  denotar o Ânimus (porção impetuosa ou ativa 
da  mente).  Peças  de  roupas,  ou  a  falta  delas,  podem  denotar  aspectos  do 
Ego  necessários  para  interagir  com  o  mundo.  Pessoas  que  conhecemos 
geralmente  denotam  as  partes  de  nossa psiquê associadas àquelas pessoas. 
Finalmente,  o  cenário  completo  de  um  sonho  -  montanha  ou  planície, 
com  ou  sem  árvores,  aspecto  desolado  ou  verdejante  -  pode  indicar  a 
emoção que é evocada por aquele conteúdo mental. 

Sonhos Oraculares 

Este  método  Onírico  pode  ser  útil  para  melhor  compreender  os 
elementos  de  um  oráculo,  ou  compreender  sistemas  losó cos  e  seus 
conceitos.  Consiste  em  uma  série  de  experimentos  oníricos,  dia após dia, 
varrendo todos os aspectos de um conjunto simbólico. 

1) Escolha  um  conjunto  de  elementos  para  ser  usado.  Pode  ser  um 
baralho,  um  conjunto de runas, pedaços de papel ou cartões com 
símbolos  desenhados,  entre  outros.  De  preferência,  deve  ser 
possível  sorteá-los  aleatoriamente,  sem  saber  o  resultado  em  um 
primeiro momento. 

2) Antes  de  dormir,  sorteie  um  dos  elementos  do  conjunto,  e 


coloque-o  embaixo  do  travesseiro.  Se  possível,  não  veja  o 
elemento que foi sorteado. 

3) Tente  dormir  com  o  elemento  tocando  uma  das  mãos  para 


melhores  resultados  e  para  obter  sonhos  mais  lúcidos.  Caso  não 

103 
seja  possível,  mantenha  apenas  o  elemento  embaixo  do 
travesseiro. 

4) Imediatamente  ao  acordar,  anote  os  sonhos,  com  todos  os 


detalhes  que  lembrar.  Mesmo  os  detalhes  que  possam  não 
parecer  importantes  em  um  primeiro  momento  podem 
contribuir muito no momento da interpretação. 

5) Revele  então  o  elemento  que  havia  sido sorteado, e interprete os 


sonhos  daquela  noite  com  base  no  elemento.  Para  isso,  podem 
ser  feitas  conexões  entre  os  conceitos  encerrados  naquele 
símbolo, runa ou carta, e os elementos do sonho. 

6) A  cada  noite,  sorteie  um  novo  elemento.  Podem  também  ser 


sorteados  conjuntos  de  elementos,  porém  neste  caso  a 
interpretação  se  tornará  mais  complexa.  No  entanto,  o  número 
de dias necessários até a nalização da prática será menor. 

O  método  também pode ser utilizado para direcionar sonhos. Neste caso, 
basta  meditar  sobre  um  conceito  que  deseja que surja no sonho, criar um 
sigilo  com  base  neste  conceito,  e  dormir  com  o  sigilo  (que  pode  ser 
desenhado em um papel, peça de madeira, pedra, etc) na mão.   

104 
11. Projeção Astral 

O  plano  astral  é  um  universo  conceitual,  composto  por  uma  série  de 
dimensões  e  espaços  por  vezes  desconexos.  Um  dos  reinos  referidos  pelo 
paradigma  hermético  e  cabalista,  normalmente  é  associado  ao  elemento 
Água  e  ao  mundo  de  Yetzirah.  As  paisagens,  criaturas,  construções  e 
experiências  que  transitam  neste  plano  são  conceituais,  e  a  percepção 
estética  destas  depende  da  interpretação,  do  tipo  de  mediunidade  mais 
desenvolvido e da capacidade de viagem astral de magistas. 

Templos  astrais  são  construções  que  se  encontram  no  plano  astral  e 
podem  ser  criadas  por  magistas  para  servirem  as  mais  diversas  funções. 
Uma  das  funções  mais  comuns  do  templo  astral  é  a  organização  dos 
conceitos  presentes  na  vida  de  um  magista.  Isso  ocorre  por  que  ao 
determinar  a distribuição dos conceitos na forma de uma construção (seja 
ela  uma  sala  de  escritório  da  atualidade,  um templo maia ou mesmo uma 
bolha  de  luz  dentro  de  uma  caverna),  magistas  conseguem  compreender 
melhor quais são, quantas são e como interagem as energias relacionadas a 
um aspecto ou conceitos que estejam investigando dentro de si. 

Por  exemplo,  uma  magista  cria  uma  sala  astral  onde  ela  irá  toda  vez  que 
precisar  se  preparar  para  tomar  decisões  importantes  em  sua  empresa. 
Nesta  sala  a magista pode colocar planilhas e grá cos. Pode colocar mapas 
e  peças  por  cima.  Dependendo  do  grau  de  desenvolvimento  de  vidência 
do  magista,  perceberá  quais  as  presenças  estão  ali,  banir  e  destruir  as 
formas  pensamento  que  não  lhe  são  úteis  e  identi car  os  seus  desa os 
imediatos. 

Outro  exemplo  é  um magista que tem em seu templo astral uma sala com 


pedras quentes e velas que nunca se apagam. Antes de dormir este magista 
pode  visitar  esta  sala  para  ativar  em  si  o  estado  de  relaxamento  que  foi 
plasmado naquela sala. 

105 
No  primeiro  caso,  o  conceito  da  sala  é  o  bom  desempenho  pro ssional. 
No segundo, o conceito é o relaxamento. Os objetos e a arquitetura desses 
espaços são signos que permitem que magistas xem os signi cados. 

As habilidades básicas para realizar este tipo de operação são: 

● Concentração 
● Gnose 
● Visualização 
● Compreensão dos símbolos utilizados 

As  projeções  astrais  podem  se  mostrar  uma  forma  controlada  de se obter 
o  contato  com  entidades  em  busca  de  conselhos.  Isto porque o encontro 
ocorre  apenas  no  plano  etérico,  sem esforço excessivo para que a entidade 
se  manifeste  no  plano  físico,  e  também  porque neste plano os símbolos e 
a  linguagem  uem  de  uma  maneira  direta.  A  comunicação  acontece 
diretamente  a  nível  mental,  podendo  ser  prontamente  traduzida  e 
anotada  ou  verbalizada  (durante  ou  após  a  projeção).  Existem  diversos 
arcabouços  já  existentes  que  podem  ser  utilizados  para  este  encontro,  e 
cada  magista  pode  criar  uma  correlação  própria  de  entidades  que  se 
mostraram neste arcabouço. 

Nesta  seção,  são  descritos  métodos  para  projeção  astral,  métodos  para 
construção  de  templos  astrais,  e  os  resultados  de  projeções  astrais 
realizadas pelos integrantes do Projeto Xaoz. 

Meditação antes de Dormir 

Este  método  pode  ser  realizado  para entrar em contato e ir percebendo as 


nuances  da  projeção  astral  em  si,  com  a  vantagem  de  ser bastante prático 
por  ser  realizado  antes  de  dormir,  quando  a  pessoa  já  está  deitada  e 
relaxando.  O  foco  desta  técnica  é  se  alinhar  com  os  sentidos  astrais,  e 
perceber  em  que  parte  da  mente  eles se processam e em que linguagem se 

106 
apresentam,  conseguindo  discernir  dos  5  principais  sentidos  físicos 
(visão, audição, olfato, tato, paladar). 

1. Realize os banimentos e rituais normais de higiene astral antes do 
sono. 

2. Crie  um  ambiente  para  esta  prática.  Pode  se  valer  de  sons, 
música,  aromas,  luzes,  todos  os  sentidos  que  achar  necessário. 
Nada disso é relevante, mas pode ser útil. 

3. Feche  os  olhos,  respire  fundo  e  se  concentre  na  sua  posição. 
Encontre  uma  posição  em  que  todos  os  seus  músculos  estejam 
confortáveis.  Se  não  conseguir  imediatamente,  respire  fundo  e 
relaxe mais, até que consiga. 

4. Visualize  um  triângulo  dourado  sob  seus  pés.  Este  triângulo  vai 
em  direção  à  sua  cabeça  e  por  onde  passa,  centímetro  a 
centímetro,  deixa  uma  luz  que  puri ca  e  relaxa  seu  corpo.  Vá 
mentalizando  cada  parte  do  seu  corpo,  em  ordem,  e  relaxando 
mais. Se permita essa limpeza; 

5. Visualize  seu  corpo  luminoso  vibrando  mais  sutilmente,  e  seu 


corpo material se desfazendo como areia ou terra. 

6. Perceba  formigamentos  e  sensações  táteis  sutis.  É  a  partir  delas 


que você conseguirá interagir com o plano astral. 

7. Estenda  suas  mãos  luminosas  para  fora  de  seu  corpo  material. 
Suas pernas. Seu tronco e cabeça. 

8. Perceba  sua  presença  no  quarto.  Então  perceba  a  localização  do 


quarto  na  casa.  No  prédio.  No  bairro,  cidade,  estado,  país, 

107 
continente  e  planeta.  Seu  tamanho  e  posição  no espaço é apenas 
uma ilusão. 

9. Escolha  seu  destino  e  prossiga  com  as  técnicas  de  deslocamento. 


Realize seu intento. 

10. Retorne  ao  seu  corpo  por  meio  de  técnicas  de  deslocamento  ou 
sentindo  o  formigamento  dos  dedos  de  suas  mãos.  Mova-os  e 
você irá retornar ao seu corpo imediatamente. 

11. Realize os banimentos costumeiros e durma. 

12. É  normal  que  se  durma  durante  esta  prática.  Isso  não  impede  o 
desenvolvimento  das  habilidades  e  costuma  resultar  em  sonhos 
lúcidos.  Embora  este  não  seja  o  objetivo,  é  parte  do  processo  de 
desenvolvimento desta técnica. 

Projeção Astral para uma Paisagem 

O  plano  astral  contém,  além  de  uma  cópia  ideal  carregada  com  os 
pensamentos  e  sentimentos  sobre  cada  localidade  de  nosso  próprio 
mundo,  algumas  planícies  astrais,  espaços  rmes  e  compartilhados  que 
podem  se  formar  sozinhos  ou  de  forma  proposital,  sob  forte  intenção. 
Outros  locais  no  plano  astral  podem  incluir  cavernas,  ilhas,  continentes, 
templos,  terras  lendárias,  civilizações  e  entidades  míticas,  entre  outros. 
Sendo  assim,  além  da  projeção  astral  em  si,  a  movimentação  pelo  plano 
astral  deve  ser  treinada. A seguir, é apresentado um método para projeção 
e deslocamento no plano astral. 

1. Concentre-se  em  uma  paisagem,  podendo  ser  existente  na  vida 


real,  criada  por  você  ou  visitada  em sonhos. Utilize fotos,  guras 
e desenhos caso necessário. 

108 
2. Entre em gnose (por exemplo, usando um método do capítulo 5) 
e  projete-se  astralmente,  ou  seja,  simplesmente  se  mentalize 
levantando e andando. 

3. No  início,  mentalize  todos  os  elementos  do  local  à  sua  volta,  e 
veja  as  imagens  se  formando  sozinhas  com o passar do tempo e a 
prática. 

4. Crie  um  portal  em  um  local  próximo  a  você,  no  plano  astral.  O 
portal  pode  ter  relação  com  o  destino;  portais  para  cavernas 
podem  ser  conjurados  em  rochas  e  portais  para  templos  podem 
ser conjurados em espelhos, por exemplo. 

5. Atravesse o portal. 

6. Observe  os  elementos  e  detalhes  do  local,  preferencialmente  os 


que sua mente consciente não conhece ou não teve acesso. 

7. Faça o que desejar no plano astral. 

8. Volte  para  o  seu  corpo  percorrendo  todo  o  caminho  de  volta,  e 


faça  os  procedimentos  corriqueiros  para  sair  da  gnose,  além  de 
banimentos. 

9. Posteriormente,  se  possível  (e  se  for  um  local  real),  vá  até aquele 
local  e  veri que  a  existência  dos  elementos  que  viu.  Assim  você 
poderá  veri car  se  esteve  no  duplo  etérico  do  local,  ou  em  um 
lugar astral de mesma aparência. 

Construção de Templos Astrais 

Templos  Astrais  são  espaços  rmes  e  seguros  para  a realização de práticas 


mágicas  e  para  a  guarda  de  informações  relevantes,  principalmente 

109 
quando  for  desejado que outros magistas possam frequentar o lugar. Para 
criar um templo astral, siga os passos a seguir. 

1. Projete-se astralmente conforme seu método de escolha. 

2. Vá  para  uma  paisagem  astral  que  lhe  agrade,  de  preferência  com 
muito espaço livre. 

3. Conjure  as  peças  que  serão  utilizadas  para  a  construção.  Elas 


podem  se  materializar,  sair  do  chão  ou  cair  do  céu  no  plano 
astral.  Estas  peças  não  precisam  obedecer  as  regras  do  plano 
material.  Sinta-se  livre  para  criar  materiais  com  propriedades 
particulares. 

4. Mova  as  peças  para  que  levitem  até os locais corretos, montando 


o templo. De na espaços e estabeleça suas funções. 

5. Preencha os espaços com o que for necessário para seu uso. 

6. Crie  um  sigilo  para  o templo astral, facilitando assim a chegada a 


ele nas próximas jornadas. 

7. Quando  terminar  ou  quiser  descansar,  nalize  a  projeção  e 


realize os banimentos costumeiros. 

Salas Astrais Individuais 

Um  excelente  ponto  para  se  começar  a  criação  de  um  templo  astral  é 
delimitar  um  espaço onde apenas a sua essência possa habitar. Este espaço 
serve  para  que  magistas  possam  se  proteger  e  se  isolar  de  in uências 
externas, mesmo que positivas, e assim re etir em segurança. 

110 
1. Siga  todos  os  passos  descritos  no  método  de  criação  de  templos 
astrais apresentado anteriormente. 

2. Escolha um ambiente que agrade sua essência. 

3. Escolha  o  formato  e  delimite  os  espaços.  Lembre-se  que  não  há 


limitações  materiais  para  esta  construção.  Seja  um  material 
transparente  pelo  qual  passe  ar,  mas  não  o  conceito  do  ar,  seja 
um  bloco  de  pedra  sólido  e  intransponível,  que  ainda  assim  não 
impede que o interior de sua construção que escuro. 

4. Determine  que  este  espaço  é  onde  apenas  a  sua  essência  pode se 


manifestar e se expressar, e nada mais pode existir. 

5. Se  houver  outras  presenças  ali  dentro,  peça  que  elas  saiam,  ou 
exija que se retire. Este espaço é somente seu, e este é o conceito. 

6. Determine  uma  forma  de  acessar  este  espaço.  Um  endereço 


mágico.  Pode  ser  um  sigilo,  ou  uma  localização  atrelada  ao 
mundo  físico,  mas  lembre-se  que  compartilhar  com  outras 
pessoas pode não ser uma boa ideia. 

7. Quando  terminar  ou  quiser  descansar,  nalize  a  projeção  e 


realize os banimentos costumeiros. 

Mudança de forma do corpo astral 

Esta  técnica  pode ser utilizada para moldar a forma do corpo astral, sendo 


esta  então  percebida  pelo  próprio  magista  e  por  outras  pessoas  como 
aquela que for escolhida para ser mimetizada. 

1. Realize  os  banimentos  costumeiros,  entre  em  gnose  e  projete-se 


astralmente conforme seu método de escolha. 

111 
2. Perceba a atual forma etérea. 

3. Visualize  a  forma  etérea  desejada  e  compreenda  as  semelhanças 


morfológicas entre ela e a atual. 

4. Estabeleça  uma  sucessão  de  pequenas  mudanças  que, 


gradativamente, leve de uma forma à outra. 

5. Visualize  seu  duplo  passando  por  estas  mudanças.  Utilize  todos 


os seus sentidos nessa nova forma. 

6. Realize a jornada. Depois faça os banimentos costumeiros. 

   

112 
12. Referências 

Carl Jung - O Homem e Seus Símbolos 


E. A. Wallis Budge - A Magia Egípcia 
Francis Barrett - The Magus 
Kenneth Grant - Aleister Crowley e o Deus Oculto 
Kenneth Grant - O Renascer da Magia 
Peter Carroll - Liber Kaos 
Peter Carroll - Liber Null e o Psiconauta 
Peter Carroll - Psybermagick 
Robert Lawlor - Geometria Sagrada 
Stephen Skinner e David Rankine - The Goetia of Dr. Rudd 

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