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The Drake Chronicles 02 – Blood

Feud
Capítulo 9
Logan

Conduzi Isabeau para a antecâmara que meus pais tinham


reservado para as reuniões particulares. Ela parecia pálida, seus
dedos pressionavam os pelos cinza de seu cachorro, como se
estivesse procurando algum conforto. Acho que ela nem sequer sabia
que o estava fazendo. Mas eu sim, havia percebido. Algo na galeria
de retratos a tinha assustado. Mas eu sabia que mesmo se
perguntasse muitas vezes, ela não me responderia.

Portanto, eu apenas esperaria pelo momento oportuno.

Por hora, era suficiente eu me ocupar da imagem de Solange


trocando caricias com Kieran em um canto escuro da sala, onde
pensaram que ninguém poderia vê-los. Entre Solange e seu caçador e
Nicholas beijando Lucy, Isabeau ia pensar que não fazíamos nada
além de acariciar e paquerar.

O que parecia muito bom para mim, mas acho que a ela não
interessava. — Oh, amigo... — murmurei enquanto a mão de Kieran
passava por debaixo da bainha da blusa de Solange. O gesso branco
em seu braço era notavelmente forte contra suas roupas pretas. O
fato de que tinha um de seus braços machucado por Solange era a
única razão pela qual ele atualmente não estava se jogando
diretamente sobre ela. —... Essa é minha irmã.

Solange apareceu por sobre o ombro de Kieran. — Vá Logan. Só


esta com ciúmes porque não tem ninguém para beijar. Olá Isabeau.

Eu poderia matá-la. Ela estava se vingando por meu comentário


de “Princesa”, na noite anterior. E Isabeau se assustaria mais fácil do
que uma fêmea de cervo na temporada de caça, se pensasse por um
segundo que eu queria sentir seus lábios sob os meus. Entrecerrei
meus olhos como aviso, para Solange. — Você não deveria estar na
reunião?

Kieran se afastou, limpando-se e se arrumando um pouco com


discrição. Não gostei do ritmo dos batimentos de seu coração, ou a
direção em que seu sangue fluía. — Tenho que esperar Hunter. — ele
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disse. — Esta é a sua primeira vez em território vampiro e eu prometi
que não entraria sem ela.

Solange lhe beijou mais uma vez, simplesmente para me irritar


e depois foi para a antecâmara.

— Pedi um gato para mamãe e papai. — murmurei em suas


costas. Ela me lançou um sorriso sobre seu ombro, ao me ouvir
perfeitamente, como eu havia previsto. Devolvi-lhe o sorriso.

— Os Helios Ra realmente estão permitidos nas cavernas Reais.


— Isabeau murmurou enquanto caminhávamos atrás de Solange. Ela
e Kieran deram-se um grande abraço.

— É uma loucura. — Magda negou com a cabeça.

Encolhi um ombro. — Meus pais querem fazer as coisas de


forma diferente. Papai é bom com os tratados.

— E sua mãe? — Isabeau perguntou.

— Ela é boa fazendo os homens adultos chorarem. — respondi-


lhe secamente.

O sorriso de Isabeau foi breve e torto, e eu estava praticamente


babando. — Eu gosto dela. — disse. Soltou Carlomagno. — Posso ter
um momento? — disse suavemente. — Estamos sendo aguardados
imediatamente?

Olhei para o relógio de bolso que pendia de minhas calças


pretas. — Temos uma boa meia hora. Só mencionei a reunião para
manter Kieran longe do rosto da minha irmã.

— Eles se casarão?

Eu quase engasgo. — Eu desde já..., não acredito. Conhecem-se


há apenas algumas semanas.

— Ah! — ela e Magda trocaram um olhar feminino que eu não


tinha a menor intenção de decifrar. Decidi fingir que não tinha visto.

— Você quer um tour pelas cavernas? — perguntei para nos


distrair.

— Oui*. Se não for muito trabalho.

* Sim em francês.
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— De forma alguma. — estendi meu braço, da mesma forma
que fazem nos filmes de época. Ela suavizou. Teria sido excelente, só
se Magda não tivesse franzido o cenho para depois colocar-se no
meio de nós, a empurrões.

— Eu também vou.

Teria que me conformar com o consolo de ter vislumbrado um


pouco da suave Isabeau, embora agora mesmo parecia confusa,
como se na verdade tivesse querido segurar meu braço. Foi
repentinamente muito fácil imaginá-la em uma roupa de noite com
anáguas, cachos em seus cabelos e diamantes em sua garganta.
Também me foi fácil imaginar Magda com chifres e um tridente.

— Voltemos até o salão principal, para começar de lá. — levei-


lhes de volta, evitando a galeria de retratos.

A sala fervilhava de atividades e havia guardas em cada


corredor. Virei para a esquerda atrás de uma tapeçaria com o brasão
da família Drake. Madame Veronique nos enviou-a na noite depois
que mamãe matou Lady Natasha. Foi bordada a mão e tem, pelo
menos, meio século, com a marca Real de um rubi incrustado em um
coroa, por toda a base. Veronique o havia feito ela mesma, muito
antes que Solange tivesse nascido. Aparentemente ela prestou mais
atenção a política vampiro e nas profecias, em comparação a todo
mundo

— Este túnel muda de direção e passa pela maior parte dos


cômodos. — indiquei-lhes; enquanto nos enfiávamos no estreito
corredor de pedra. Estava iluminado com velas, colocadas em cristais
vermelhos em forma de globos que pendiam do teto, mas o piso era
simples e as paredes estavam úmidas. Magda olhou com
desconfiança, mas eu a ignorei. — Todas estas portas que estamos
passando, conduzem as câmaras dos convidados. — apontei com a
cabeça para uma grade de ferro fechada sobre uma porta grossa com
pesadas dobradiças. — O fornecimento de sangue está ali. —
expliquei. — No caso de um ataque e fiquemos fechados. Foi a
primeira solicitação que minha mãe fez.

— C’est bom*. — Isabeau aprovou. — Temos algo parecido em


nossas cavernas.

* C’est Bon (Francês): Muito bem.


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— Há muitas salas do conselho por este caminho, e um
armazém de armas que atualmente esta em fase de inventário.

— É lindo. — disse Isabeau educadamente. — Mas, onde estão


suas historias sagradas, suas pinturas? O sangue tem magia,
certamente vocês sabem, certo?

— Temos tapeçarias. — disse, mas não tinha a menor ideia do


que ela se referia.

— É verdade que sua mãe venceu Lady Natasha sem ajuda de


ninguém? — Magda interrompeu, como se não pudesse evitar.

— Sim. — eu disse; orgulhoso. — Mais ou menos. Nada disso


teria acontecido se Isabeau não tivesse chegado, bem a tempo.

— Portanto, você esta admitindo que todos estão em divida


conosco?

— Magda, cale-se. — disse Isabeau. — Todos nós queremos


deter Montmartre. Agora mesmo, ele é muito poderoso.

— E um dor na bunda. — concordou desagradavelmente. —


Sem mencionar que é um pervertido rouba crianças. Ele é o que,
quatrocentos anos mais velho que Solange?

Isabeau afastou o olhar. — Tecnicamente eu sou duzentos anos


mais velha que você.

— Não é a mesma coisa. — disse rapidamente. — Em absoluto.

Merda. Se eu tentasse, talvez pudesse enfiar meu pé com um


empurrão em minha enorme boca. Muita estupidez.

Magda sorriu de orelha a orelha.

Eu não tinha ideia de como recuperar esse território perdido. —


Acho que todos nós estamos de acordo em que você não é como
Montmartre.

Isabeau inclinou sua cabeça, um brilho de humor em seus olhos


verdes. — Não quero a coroa. — ela concordou. — Nenhum Cwm
Mamau a quer.

E a coroa era tudo o que, mais ou menos, Montmartre queria.


Além de minha irmã mais nova.
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Esta ideia me fez pressionar os dentes, forte o suficiente para
que o ruído assustasse Carlomagdo. Relaxei minha mandíbula
forçosamente, graças a minha força de vontade. Depois percebi que
havia nos levado a uma câmara sem saída. Tinha ficado tão distraído
pelo perfume de Isabeau, o som de sua voz e a maneira em que seu
cabelo negro engolia a luz oscilante das velas, que praticamente iam
conosco pela parede.

Difícil de acreditar, mas aparentemente Isabeau tinha gostado


de todo o assunto de meu desastroso, flerte.

Ela deu meia volta e notei que ela sorria, um verdadeiro sorriso
surpreso, como se não estivesse acostumada a ele. — Oh, Logan,
c’est magnifique*.

* C’est Magnifique (Francês): Isto é magnífico.

Aparentemente, ela gostava das paredes da caverna, a


umidade pegajosa e o mofo. Então, eu percebi que as pontas de seus
dedos estavam tremulando sobre a pintura de um ocre vermelho
desbotado. A cor era tão fraca, que eu nunca a teria notado. Portanto,
pude somente distinguir a impressão de uma mão.

— O que é isso? — perguntei.

— É uma historia Cwn Mamau sagrada. — ela explicou. — É


mais antiga do que qualquer coisa que jamais tenha visto.

— Isto é porque os membros da família Real nos roubaram as


cavernas. — Magda sentiu a necessidade de somar.

— Hey, eu só sou parte da Realeza há uma semana. — senti a


necessidade de me defender.

— Shhh. — Isabeau acrescentou suavemente, como se


estivéssemos discutindo por bobagens, como crianças. — Este é um
lugar sagrado. Não podem sentir?

Senti a qualidade do silêncio, o peso de pedra urgente em todo


nosso redor. E se me concentrasse, a permanência muito fraca de
uma espécie de incenso.

— Essa mão impressa é a marca de uma Shamanka antiga. E


aqui, estas linhas, representam as treze luas cheias em um ano. —
ela sinalizou o desenho de tal forma que eu pude ver claramente, ver
as fracas linhas se solidificando, ver a dança de luz das antigas
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tochas, o cheiro dos ramos de cedro sob nossos pés. Uma onda leve
de vertigem me pegou, deixando-me tenso. Devo ter feito algum tipo
de som enquanto olhava os arredores, porque ela sorriu com um
sorriso torto outra vez. — Você os vê agora, não é?

Concordei, voltando a desfrutar das pinturas rochosas e a


historia que contavam. — Vocês fazem isso? — perguntei atordoado.
— Mas como?

— É muito simples para uma serviçal. — ela respondeu. — Eu


só tenho que encontrar o fio desta historia desta Shamanka, a
energia que ela deixou presa nesta pintura. — ela sinalizou o
contorno da mão impressa, feita com manchas vermelhas. — Esta é
sua marca.

— Então, eu não estou louco?

— Não. — Isabeau respondeu.

Enquanto Magda bufava. — Sim.

— Olhem. — Isabeau nos incitou.

Uma mulher, que assumi, era a Shamanka, brilhou fracamente


a nossa vista. Ela parecia da mesma idade de Solange, mas com
varias e longas tranças loiras, símbolos em seu rosto e braços com
uma espécie de tinta azul. Usava um colar que estava feito com
ossos, cristais e garras de cachorros. Ela tirava a pintura de ocre
vermelho de uma taça de argila e a imprimiu nas paredes. Cantava
enquanto o fazia, mas eu não pude ver ninguém mais do que meia
dúzia de cachorros peludos gigantes aos seus pés, e um que parecia
um lobo. A fumaça do incenso se elevava de um monte de pedras
brancas.

Tudo aconteceu tão rápido, até que as pinturas terminaram


abruptamente. Tinha cachorros que pareciam como se respirassem e
se moviam ligeiramente, como se o vento agitasse seus pelos. Havia
vampiros com sangue em seus queixos e uma lua vermelha no alto.
Também havia um coração humano, uma jarra de sangue, uma
mulher com uma barriga enorme, grávida de cachorrinhos que se
contorciam.

— Cwn Mamau. — explicou Isabeau em um sussurro reverente.


— Os Cachorros da Mãe

Havia uma percepção religiosa na obra de arte, tão simples e


primitiva como era. Os cachorros pintados levantaram suas gargantas
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ao mesmo tempo e deixaram sair um lamentoso gemido, que
levantou os cabelos na parte de trás do meu pescoço.

E depois tudo ficou escuro, exceto por uma cicatriz irregular de


luz vermelha na borda do teto baixo, no canto traseiro. O cachorro
ocre pintado debaixo, grunhia.

Isabeau desembainhou sua espada. O sentimento santo dentro


da caverna se fez em pedaços em um instante. Tratei de alcançar
minha adaga, mesmo não tendo ideia alguma, de onde estava o
perigo. Tentei dar um passo diante de Isabeau para protegê-la. Ela
chutou meu tendão de Aquiles e eu xinguei.

— Eu te atravessarei com minha espada. — disse


distraidamente, sem deixar de olhar para cima, para a luz vermelha.
Era latejante, como um dente quebrado. Tinha algo de ameaçador
nele.

— Isabeau, tenha cuidado. — Magda disse enquanto Isabeau se


aproximava. Fiquei ao seu lado, apesar dela assobiar para mim.

— Que diabo é isso? — perguntei.

— Um aviso. — ela respondeu, baixando sua espada,


lentamente. — Quando me conectei com a energia deste lugar, rompi
algum tipo de feitiço oculto.

— Feitiço oculto? — repeti. — Isso não soa bem.

— É um feitiço pronto. — ela disse, encolhendo os ombros. —


Você pode comprá-lo de qualquer bruxa ou feiticeira.

— Bruxas ou feiticeiras. — murmurei. — Esqueço que acordei


em algum tipo de conto de Fadas,

Ela negou com a cabeça. — Vampiros que não acreditam na


magia. — disse. — Eu nunca os compreenderei.

— Eu não disse que não acreditei nisso. — respondi. — É que eu


simplesmente, não esperava tantas malditas provas. — eu nem
sequer gostava da percepção da luz em meu rosto. Retrocedi um
passo. — Então. O que é que estava oculto?

— Uma pergunta muito boa.

Ela lhe roçou com aponta de sua espada, como se não quisesse
lhe tocar. Carlomagno grunhiu uma vez. Houve um som de gemido e
uma pedra solta, então outro e depois outro. Uma grande rocha do
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tamanho de uma melancia caiu no chão em uma tacada de pó. A
estranha luz vermelha saiu, como uma tocha em uma tempestade de
vento.

Não antes de fazer brilhar intermitentemente, uma abertura


estreita, na parede. — Filho da puta. — murmurei, pegando uma vela
e colocando-a no interior da abertura. O túnel atrás da abertura era
longo, escuro e recém-feito entre a pedra calcaria;

— Alguém esta planejando uma visita não anunciada. — disse


Isabeau com seriedade.

— Montmartre. — cuspi.

— Ele esta muito, determinado. — Isabeau concordou. — Parece


que tem muitos planos.

Levantei a enorme e redonda rocha e a empurrei em seu lugar,


bloqueando o túnel novamente.

— O que fazer? — Magda perguntou.

— Não quero que saibam que encontramos sua passagem


secreta, até que tenhamos decidido o que fazer a respeito. —
respondi, limpando as mãos para me desfazer do pó. Os coletes não
são baratos e eu já havia arruinado um, ao correr pelo bosque,
enquanto éramos perseguidos pelos caçadores de recompensas e
desertores Hélios Ra, no aniversario de Solange.

— Oh! — Magda disse, soando relutantemente impressionada.


— Bom ponto.

— Temos que voltar. — disse, esperando na entrada regular,


para que passassem através dela. Não quis dar as costas para aquele
túnel, mesmo sabendo que estava vazio. — A excursão terminou,
oficialmente.

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