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Curso de Graduação em Direito

Direito Processual Penal III


Prof. Msc. Paulo Thiago Fernandes Dias

DOS DEVERES, DO DIREITO E DA DISCIPLINA DO EXECUTADO

1 – DOS DEVERES→

Art. 39 da LEP: Constituem deveres do condenado:


I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva
relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de
subversão à ordem ou à disciplina;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com
a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do
trabalho;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto
neste artigo.

2 – DOS DIREITOS→

2.1 – DIREITOS FUNDAMENTAIS/HUMANOS→

2.2 – PREVISTOS NA LEP:

Art. 41 da LEP: Constituem direitos do preso:


I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso
e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e
desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados;
XI - chamamento nominal;

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XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da


individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da
leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os
bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da
responsabilidade da autoridade judiciária competente.

POSSIBILIDADE DE RESTRIÇÃO OU SUPENSÃO→

“HABEAS CORPUS - ESTRUTURA FORMAL DA SENTENÇA E DO ACÓRDÃO -


OBSERVANCIA - ALEGAÇÃO DE INTERCEPTAÇÃO CRIMINOSA DE CARTA
MISSIVA REMETIDA POR SENTENCIADO - UTILIZAÇÃO DE COPIAS
XEROGRAFICAS NÃO AUTENTICADAS - PRETENDIDA ANALISE DA PROVA
- PEDIDO INDEFERIDO . - A estrutura formal da sentença deriva da fiel observancia
das regras inscritas no art. 381 do Código de Processo Penal. O ato sentencial que
contem a exposição sucinta da acusação e da defesa e que indica os motivos em que se
funda a decisão satisfaz, plenamente, as exigencias impostas pela lei . - A eficacia
probante das copias xerograficas resulta, em princípio, de sua formal autenticação por
agente público competente (CPP, art. 232, parágrafo único). Pecas reprograficas não
autenticadas, desde que possivel a aferição de sua legitimidade por outro meio idoneo,
podem ser validamente utilizadas em juízo penal . - A administração penitenciaria, com
fundamento em razoes de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação
da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma
inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei n. 7.210/84, proceder a interceptação da
correspondencia remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da
inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de
praticas ilicitas. - O reexame da prova produzida no processo penal condenatório não
tem lugar na ação sumarissima de habeas corpus. (STF - HC: 70814 SP, Relator:
CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 01/03/1994, Primeira Turma, Data de
Publicação: DJ 24-06-1994 PP-16649 EMENT VOL-01750-02 PP-00317 RTJ VOL-
0176- PP-01136)”

3 – DA DISCIPLINA→

3.1 – VEDAÇÕES→

3.2 – AUTORIDADE DISCIPLINAR E A PRÁTICA DE FALTA GRAVE→

A – PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE→

B – PENA RESTRITIVA DE DIREITOS→

3.3 – FALTAS DISCIPLINARES→

3.3.1 – FALTAS LEVES E MÉDIAS→

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Item 79 da exposição de motivos: O Projeto confia a enumeração das faltas


leves e médias, bem como as respectivas sanções, ao poder discricionário do
legislador local. As peculiaridades de cada região, o tipo de criminalidade,
mutante quanto aos meios e modos de execução, a natureza do bem jurídico
ofendido e outros aspectos sugerem tratamentos disciplinares que se
harmonizem com as características do ambiente.

3.3.2 – FALTAS GRAVES→

A – COMPETÊNCIA LEGISLATIVA→ Item 80 da exposição de motivos: Com


relação às faltas graves, porém, o Projeto adota solução diversa. Além das
repercussões que causa na vida do estabelecimento e no quadro da
execução, a falta grave justifica a regressão, consistente, como já se viu, na
transferência do condenado para regime mais rigoroso. A falta grave, para
tal efeito, é equiparada à prática de fato definido como crime (art. 117, I) e
a sua existência obriga a autoridade administrativa a representar ao juiz da
execução (art. 47, parágrafo único) para decidir sobre a regressão.

B – ROL DE FALTAS GRAVES PARA A EXECUÇÃO DE PPL→ Art. 50 da


LEP: Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a
disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade
física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta
Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio
ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso
provisório.

OBS→ APLICA-SE AO ENCARCERADO A REGRA DO ART. 14,


PARÁGRAFO ÚNICO, DO CP?

C - O JUIZ DA EXECUÇÃO PODE DISCORDAR DO CONSELHO


DISCIPLINAR QUANTO À DEFINIÇÃO DA GRAVIDADE DA CONDUTA?

“RECURSO DE AGRAVO. EXECUÇÃO PENAL. APENADO QUE CUMPRE PENA


EM REGIME SEMIABERTO. PLEITO MINISTERIAL DE REGRESSÃO DE

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REGIME. FALTA CONSIDERADA GRAVE PELA AUTORIDADE


PENITENCIÁRIA. SANÇÃO ADMINISTRATIVA JÁ APLICADA. REGRESSÃO
DE REGIME DESCABIDA NO CASO, ANTE A DESPROPORCIONALIDADE E A
SUFICIÊNCIA DAS MEDIDAS IMPOSTAS AO AGRAVADO, NA SEARA
ADMINISTRATIVA. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
No caso presente, os atos praticados pelo apenado não possuem o condão de ensejar a
regressão de regime. A aludida medida penalizadora se afigura descabida, ante a
desproporcionalidade e a suficiência das medidas impostas ao agravado, na seara
administrativa, face à própria natureza das faltas cometidas.
O agravado foi punido pela falta prevista no art. 50, VI, da Lei de Execução Penal, por
ter se recusado a atender a determinação da autoridade penitenciária. O Juízo de piso
sopesou o fato de ser o apenado portador de tuberculose, que pode justificar, em tese, o
ato de insubordinação. Falta praticada há mais de um ano, em 28/05/2012.
As sanções efetivamente aplicadas pelo Diretor da Unidade Prisional consistiram em 25
(vinte e cinco) dias de isolamento, suspensão de visitas
pelo mesmo período, rebaixamento do índice do aproveitamento para neutro, por 180
dias, e perda das regalias até voltar ao bom comportamento.
Em que pese a previsão legal de aplicação da regressão como medida punitiva aos
apenados que cometam falta grave, na hipótese, tal punição seria desproporcional aos
atos praticados, entendendo como suficiente a sanção disciplinar aplicada pela
autoridade penitenciária. Efetivamente, não se mostra razoável que o agravado sofra a
mesma punição que aqueles que cometem infrações bem mais graves, como evasão ou
prática de novo crime.
Não bastassem essas considerações, a decisão administrativa proferida pelo Conselho
Disciplinar não vincula o juiz. Cabe ao magistrado analisar, no caso concreto, a
necessidade da regressão, sob pena de ofensa aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.
Incidência, na espécie, do Enunciado nº 07, da VEP, que dispõe que as faltas
disciplinares caducam em um ano, prazo cujo fim impede a aplicação de qualquer
sanção, especialmente da regressão de regime prisional. Desprovimento do recurso (8ª
CÂMARA CRIMINAL DO TJ/RJ AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL Nº 0004093-
16.2014.8.19.0000)”.

D – FALTAS GRAVES PARA A EXECUÇÃO DE PRD→ Art. 51 da LEP:


Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta
Lei.

E – FALTA GRAVE E O PRAZO PARA A OBTENÇÃO DO LIVRAMENTO


CONDICIONAL→

Enunciado de súmula 441 do STJ: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção
de livramento condicional”.

4 – SANÇÕES ADMINISTRATIVAS→

4.1 – ESPÉCIES→

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Art. 53 da LEP: Constituem sanções disciplinares:


I - advertência verbal;
II - repreensão;
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos
que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta
Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.

4.2 – INDIVIDUALIZAÇÃO→

4.3 – DEVIDO PROCESSO LEGAL→

REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO

1 – ORIGEM E NATUREZA JURÍDICA (REGIME DE CUMPRIMENTO DE


PENA?)→

2 – HIPÓTESES DE CABIMENTO→ Art. 52 da LEP: A prática de fato


previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou
condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado,
com as seguintes características: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
2003)
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição
da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto
da pena aplicada; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração
de duas horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de
sol.

2.1 – FALTA GRAVE EQUIVALENTE A CRIME DOLOSO CAPAZ DE


COMPROMETER A ORDEM OU A DISCIPLINA INTERNA→

2.2 – EXECUTADO, NACIONAL OU ESTRANGEIRO, QUE APRESENTE


ALTO RISCO PARA A SEGURANÇA DO PRESÍDIO OU DA SOCIEDADE→

2.3 – EXECUTADO SOBRE O QUAL PESE FUNDADAS SUSPEITAS DE


ENVOLVIMENTO OU PARTICIPAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA,
QUADRILHA OU BANDO OU ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA→

A – PRESO ESTRANGEIRO→

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B – REFORMA DO CP EM 2013 E A IMPOSSIBILIDADE DE PRISÃO


CAUTELAR→

C – CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA→ Art. 1°, §1°, da Lei


12850/13: Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou
mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou
que sejam de caráter transnacional.

3 – DO ISOLAMENTO PREVENTIVO OU CAUTELAR→

Art. 60 da LEP: A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento


preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso no
regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação
do fato, dependerá de despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei
nº 10.792, de 2003)
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime
disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento da
sanção disciplinar.

4 – PROCEDIMENTO PARA INCLUSÃO NO RDD→

4.1 – LEGITIMADO→

4.2 – OITIVA DA DEFESA E DO MP→

4.3 – DECISÃO DEFINITIVA E MEIOS DE IMPUGNAÇÃO→

“HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DESCABIMENTO.


EXECUÇÃO DA PENA. REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO. PRORROGAÇÃO.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA DA SEGURANÇA PÚBLICA. 1. Os Tribunais
Superiores restringiram o uso do habeas corpus e não mais o admitem como substitutivo de
recursos outros, nem sequer para as revisões criminais. 2. Muito embora a Lei de Execução
Penal assegure ao preso o direito de cumprir sua reprimenda em local que lhe permita contato
com familiares e amigos, tal garantia não é absoluta, podendo o Juízo das Execuções, de
maneira fundamentada, indeferir o pleito se constatar ausência de condições no novo
acolhimento. 3. Na hipótese dos autos, a prorrogação da permanência do condenado em regime
disciplinar diferenciado foi jusificada por sua alta periculosidade e influência em organizações
criminosas, motivos suficientes para justificar a medida excepcional e descaracterizar o
constrangimento ilegal aduzido. 4. Habeas corpus não conhecido. (STJ - HC: 257899 RJ
2012/0225785-6, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento: 18/02/2014, T5 -
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/02/2014)”

5 – DA (IN)CONSTITUCIONALIDADE DO RDD→

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“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO-CABIMENTO.


RESSALVA DO ENTENDIMENTO PESSOAL DA RELATORA. EXECUÇÃO PENAL. REGIME
DISCIPLINAR DIFERENCIADO. ALEGAÇÃO DE DESPROPORCIONALIDADE DA MEDIDA.
INEXISTÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. PACIENTE QUE POSSUI POSIÇÃO
PRIVILEGIADA NA HIERARQUIA DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA CONHECIDA COMO
"PCC". ORDEM DE HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDA. 1. A Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal e ambas as Turmas desta Corte, após evolução jurisprudencial, passaram a
não mais admitir a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso ordinário, nas
hipóteses em que esse último é cabível, em razão da competência do Pretório Excelso e deste
Superior Tribunal tratar-se de matéria de direito estrito, prevista taxativamente na Constituição da
República. 2. Esse entendimento tem sido adotado pela Quinta Turma do Superior Tribunal de
Justiça, com a ressalva da posição pessoal desta Relatora, também nos casos de utilização do
habeas corpus em substituição ao recurso especial, sem prejuízo de, eventualmente, se for o
caso, deferir-se a ordem de ofício, em caso de flagrante ilegalidade. 3. O art. 52 da Lei de
Execucoes Penais prevê o cabimento do Regime Disciplinar Diferenciado em três situações
distintas. Ao contrário do caráter repressivo da primeira hipótese (caput), o "alto risco" e as
"fundadas suspeitas" a que fazem referência os parágrafos 1.º e 2.º do art. 52 ilustram a
preocupação do legislador em prevenir condutas que, porventura, possam acarretar em
subversão da ordem ou disciplina internas. 4. A indeterminação da linguagem utilizada nesses
casos, agregada ao considerável grau de intervenção na liberdade individual ínsito à aplicação
do instituto, são fatores que, à luz do postulado da proporcionalidade e do dever constitucional
de fundamentação, obrigam maior prudência e cautela por parte dos magistrados, para que
decisões flagrantemente ilegais, baseadas mais em seus anseios pessoais de justiça do que na
intencionalidade normativa do direito, não sejam proferidas. Por outro lado, não é qualquer
suspeita de participação em grupos criminosos que conduz à conclusão inarredável, como se
automática fosse, de que há ameaça à subversão da ordem ou à disciplina interna, devendo o
magistrado fundamentar a decisão com base em dados concretos presentes nos autos. Mas o
fato é que a lei, em nenhum momento, estabelece como requisito, nessas duas últimas
hipóteses, qualquer demonstração de atos previamente praticados pelo apenado no
estabelecimento criminal. Por conseguinte, qualquer interpretação que porventura condicione,
também nas hipóteses em apreço, a aplicação da medida a atos pretéritos de indisciplina recairá
em notória argumentação contra legem. 5. No particular, a inserção do Paciente em Regime
Disciplinar Diferenciado restou devidamente fundamentada, já que o próprio se declarou membro
da organização criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital (PCC), tendo sido
encontrada em seu poder, ainda, uma cartilha contendo instruções do grupo. Mais do que isso, a
Corte de origem salientou que o Paciente é o encarregado de exercer a função de "disciplina" no
pavilhão, posição hierárquica importante que lhe concede a tarefa de impor e cobrar dos demais
integrantes as incumbências criminosas atribuídas, e que lhe possibilita ter informações
privilegiadas sobre todas as ações praticadas na região, presídio, pavilhão ou raio subordinado,
tudo isso a desvendar o preenchimento do requisito previsto no art. 52, § 2.º da Lei n.º
7.210/1984, não havendo se falar em desproporcionalidade da medida. 6. Ordem de habeas
corpus não conhecida. (STJ - HC: 265937 SP 2013/0063000-6, Relator: Ministra LAURITA VAZ,
Data de Julgamento: 11/02/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/02/2014)”

“Habeas Corpus nº. 978.305.3/0-00 oriundo da Primeira Câmara do TJSP: "(...) O


chamado RDD (Regime disciplinar diferenciado), é uma aberração jurídica que
demonstra à sociedade como o legislador ordinário, no afã de tentar equacionar o
problema do crime organizado, deixou de contemplar os mais simples princípios
constitucionais em vigor. (...) Independentemente de se tratar de uma política

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criminológica voltada apenas para o castigo, e que abandona os conceitos de


ressocialização ou correção do detento, para adotar" medidas estigmatizantes e
inocuizadoras "próprias do" Direito Penal do Inimigo ", o referido "regime disciplinar
diferenciado "ofende inúmeros preceitos constitucionais". E continua o insigne
Magistrado, "trata-se de uma determinação desumana e degradante (art. 5º , III , da CF),
cruel (art. 5º , XLVII , da CF), o que faz ofender a dignidade humana (art. 1º , III , da
CF). (...) O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, ao entender como
inconstitucional o citado regime disciplinar, ainda deixou evidente que a medida" é
desnecessária para a garantia da segurança dos estabelecimentos penitenciários
nacionais e dos que ali trabalham, circulam e estão custodiados, a teor do que já prevê
a Lei 7.210 /84”.

2019.1

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