Você está na página 1de 17

c 



    p
c
  
    p
cccc  c
    p
Perspectivas do P.G.H. p pp
½c  
     p
 

   p
 !"#$%&%'()"%*+,#- '.%    p
/
#0 #0,#- '.0#%1!    p
% # #$###)&%0   ½ p
2
 c  p
3   /p
3 c
 c   p
p

p 
ap
p


 
p

O genoma humano é o conjunto de todo nosso material genético contido nos


cromossomos, presente em todas as nossas células. Ele é composto por uma
matéria química chamada DNA. O DNA é uma substância composta de unidades
químicas repetidas, os nucleotídeos, que se repetem por 3 bilhões de vezes no
genoma humano. As unidades são de quatro tipos: A, C, G e T. É a ordem dessas
unidades que confere seu poder de informação. Em partes do genoma - em menos
de 3% dele - o DNA codifica uma proteína. Essas regiões cod ificadoras de proteínas
se chamam genes. Os outros 97% do genoma é considerado lixo genético ou
"junkDNA" - todo DNA que não codifica uma proteína (gene) e do qual não se sabe a
função. O termo foi criado para determinar a porção do DNA que aparentemente é
inútil.
Existem quatro hipóteses que tentam explicar o porquê da existência do
"junkDNA":
A primeira é a hipótese neutralista - propõe como explicação apenas a sua
ligação física com os genes. Esse excesso de DNA seria resultado do processo
evolutivo e, por não afetar de maneira negativa o organismo, seria transmitido de
geração para geração.
A segunda é a da seleção intragenômica - considera o junkDNA como um
parasita. Como todos os parasitas, teria a capacidade de causar danos ao
hospedeiro, podendo int erromper a função de algum gene importante ao se inserir
no meio dele.
A terceira hipótese é a estrutural - esse DNA atuaria como um esqueleto no
núcleo da célula. Assim, células maiores exigiriam núcleos maiores; a maior
quantidade de DNA ajudaria a aumen tar o volume do núcleo.
A quarta hipótese é a regulatória - o junkDNA seria responsável por funções
essenciais, como a regulação da atividade dos genes. De acordo com essa idéia ,
não existe junkDNA, sendo ele todo funcional.
Estima-se que o genoma humano contenha de 50 mil a 100 mil proteínas
diferentes, as quais formam as nossa estruturas corporais e controlam as nossas
atividades biológicas, da digestão à faculdade de pensar. São pequenas alterações
nessas proteínas que resu ltam na variabilidade humana. Através de dois projetos de
½p
p

pesquisa, um no setor público e o outro no privado, a ordem de cerca de 98% das


unidades A, C, G e T no genoma humano já é conhecida. Agora é necessário
identificar os genes dentro do genoma e depoi s definir as funções das proteínas. O
sequenciamento estará completo este ano, mas a identificação dos genes precisará
de mais cinco anos. Já a definição de suas funções provavelmente estará em
progresso nos próximos cem anos.
—p
p

c
  
 
   

O século 21 ficara conhecido sem duvida como o século da biotecnologia e da


genética. O mais importante fator a impulsionar essa era biotecnológica são os
projetos genomas do homem , de bactérias, plantas, animais etc. Imagin ada nos
anos 50, quando os cientistas americanos tentavam entender os efeitos da
radioatividade entre as vítimas da bomba atômica, essa idéia só se tornou viável
depois que a ciência aprendeu as técnicas da pesquisa genética.
1866 - Gregor Mendel estabelece as leis da hereditariedade.
1910 - Tomas Morgan demonstra que os cromossomos contêm os genes,
unidade básica da herança genética.
1953 - James Watson e Francis Crick descobrem a estrutura do DNA.
1960 - Detectado o RNA mensageiro, que transfere a inform ação para a
proteína.
1970 - Descoberta a enzima de restrição, que corta o DNA. Sintetizado
quimicamente o primeiro gene.
1972 - Paul Berg produz a primeira molécula de DNA recombinante, o grande
passo para experimentos entre organismos diferentes.
1978 - A Genentech, americana, produz a partir de bactérias a insulina
humana recombinante.
1983 - Kary Mullis cria a técnica do PCR ( Reação em cadeia da polimerase ).
1990 - Começa o Projeto Genoma Humano estatal.
1997 - Nasce a ovelha Dolly, o primeiro mamífero adulto clonado.
1998 - Craig Venter funda a empresa Celera Genomics para completar
rapidamente o genoma humano.
2000 - No dia 26/06/2000, apresentação conjunta do primeiro esboço do
Genoma Humano, devido a um acordo entre o projeto público e o privado.
p
p

cccc  c
  
  

O primeiro passo do P.G.H. correspondente ao rascunho dos 3,1 bilhões de


pares de bases do DNA já foi concluído. A quantidade total de genes ainda não foi
definido. As estimativas variavam entre 38.000 e 1 20.000, mas os geneticistas
apostam agora em 50.000. Só conhecemos 10.000 desses genes, 6.000 deles
descobertos após o mapeamento. Encontrar e localizar os demais genes e entender
como produzem as proteínas é o próximo passo.
Identificar os genes será uma tarefa muito mais complicada do que foi
codificar o próprio genoma. A razão é que o processo não poderá contar com a
ajuda dos supercomputadores que foram usados até agora. Será preciso colocar o
cérebro humano à frente desses computadores.
A última etapa do genoma depende de outros ramos do conhecimento bem
mais especializados:
Proteômica : ciência que estuda todas as proteínas sintetizadas nas células.
Farmacogenômica : que começa a produzir medicamentos com base nas
ferramentas descobertas com o estudo d o genoma.

#!0(#. '4%0$

Hoje - Alguns tipos de câncer e doenças hereditárias já podem ser


diagnosticados com testes genéticos. No entanto, esses testes beneficiam poucas
pessoas.
Em 1 ano - Espera-se separar os genes do lixo genético, que se estima em
97% do DNA.
Em 5 anos - Estima-se que o genoma esteja realmente pronto, com a
identificação de 100% dos genes.
Em 10 anos - Testes genéticos estarão disponíveis para o diagnóstico de
mais de 25 doenças. A terapia genética, hoje ainda restrita e ineficaz, começará a
ter seus primeiros sucessos.
ºp
p

Em 20 anos - Já estarão disponíveis os diagnósticos e os tratamentos


genéticos para as doenças mentais. Os geneticistas estarão realizando a terap ia
genética intra-uterina de embriões, sem afetar o restante do DNA do futuro bebê.
Em 30 anos - Os cientistas conhecerão os mecanismos genéticos envolvidos
no processo de envelhecimento. A análise completa do genoma de uma pessoa será
um exame comum.
Em 50 anos - A terapia genética estará disponível para a maioria das
doenças. Com os avanços da genética, a expectativa média de vida do homem
chegará aos 90 anos.

p
 

ëp
p

½c  
    

Sequenciar o DNA significa delinear a ordem das bases presentes nos genes,
lembrando que os genes formam a estrutura dos 23 cromossomos que são
analisados no genoma humano. Foi utilizado amostras de DNA de 17 pessoas
diferentes, para que no futuro não tenhamos probl ema de privacidade genética com
esses doadores. O sequenciamento constituiu -se das seguintes etapas:

'. %$ 


Antes de tudo, as longas seqüências de DNA são picotadas em pedaços
menores para que elas possam ser analisadas. Essa divisão do DNA é feita por
enzimas especiais (enzimas de restrição). Alguns desses métodos permitem apenas
que os cromossomos sejam cortados individualmente, outros conseguem cortar o
genoma inteiro de uma vez.

"%,#&
Os fragmentos de DNA são então colocados em uma solução com bactérias.
As bactérias multiplicam o DNA para que os cientistas possam ter mais matéria
prima para análise. Essa etapa pode ser realizada também utilizando -se a técnica de
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR):
Uma desnaturação no DNA, utilizando-se uma temperatura média de 92°C,
na qual provocamos o rompimento das pontes de hidrogênio, e a conseqüente
separação da cadeia dupla do DNA;
Após a abertura, uma seqüência de bases iniciadora ou primer q ue foi
introduzida na reação de PCR se liga de forma complementar na extremidade da fita
de DNA. Sem esse artifício a enzima responsável pela replicação, chamada Taq
polimerase, não consegue iniciar seu trabalho de formação da cadeia complementar
do DNA.
èp
p

Dentre as bases que serão usadas na replicação do DNA, há algumas


especiais chamadas terminadoras, que têm a propriedade de interromper a ação da
enzima de replicação.

%!.%*+.&5")!#0.6.'% 
Os fragmentos de DNA clonados são então divididos em q uatro soluções.
Cada uma das soluções contém substâncias florescentes que reconhecem os
fragmentos de DNA que terminam com uma determinada letra (A, T, C ou G).
Quando a letra é encontrada, o fragmento recebe uma espécie de "etiqueta"
fluorescente para que possa ser reconhecido ( verde - A, azul - C, laranja - G e
vermelho - T ).

c#(%!%*+
Os fragmentos de DNA "etiquetados" são então ligados a tubos finos cheios
de gel. Uma carga elétrica lentamente "puxa" os pedaços de DNA para dentro dos
tubos. Os pequenos fragmentos viajam mais rapidamente do que os grandes O
processo acaba separando os fragmentos de acordo com o tamanho (eletroforese).



 
? p
p

#' )!%
Finalmente, todos os fragmentos são separados de acordo com o tamanho.
Cada fragmento que é colocado na ordem é um par (A-T ou C-G) maior do que o
fragmento seguinte. As "etiquetas" fluorescentes no fim de cada fragmento podem
então ser lidas por um sistema a laser, que fornece em seguida a seqüência
genética daquele pedaço de DNA.
Os dados são processados em supercomputadores para que os cientistas
remontem a sequência de DNA, agora totalmente digitalizada.
??p
p

 


p

O fato de conhecermos o código de um gene não significa que sabemos qual


proteína ele produz e como ela interage com outras substâncias para fazer o corpo
funcionar. Um simples gene pode conter o código de diferentes proteínas e ser
responsável por muitas funções. Para realizar suas funções, as proteínas podem
variar em quantidade, operar em diferentes combinações ou passar por
modificações. A esperança é que os cientistas encontrem a cura ou um modo de
prevenir doenças como o diabetes, a hipertensão, o mal de Alzheimer, o câncer , a
Aids e os males do coração.
No entanto, temos que levar em consideração o ambiente como um fator
importantíssimo na formação de uma característica e que contribui para ocasionar
doenças. Nós sabemos que há alterações genéticas que são provocadas por fatores
ambientais. O que não podemos é nos deixar levar pelo sensacionalismo da
imprensa não especializada, como na publicação da matéria "o gene da
inteligência". Na verdade, o que se descobriu foi um gene, presente em ratos, que
influencia a memória e, por conseqüência, a capacidade de discernimento para
decisões. Não podemos mudar o que nos faz indivíduos como a inteligência,
aparência, gênero e sexualidade. Pelo que sabemos, a influência do ambiente é
fundamental em todos os seres vivos, sem exceção.
?p
p

 !"#$%&%'()"%*+,#- '.%

O controle deve ser da sociedade como um todo. Pesquisadores, empresas e


agências governamentais que financiam os projetos estão envolvidos no processo e
não devem ser os únicos a ditar normas de conduta sobre o futuro da população. É
preciso manter a privacidade das informações que a técnica facilitará. Por exemplo,
como reagirão as empresas de seguro saúde se souberem que um segurado poderá
vir a ter uma doença progressiva? Como reagirão as em presas se souberem que um
candidato a emprego é suscetível ao alcoolismo, câncer ou qualquer outro tipo de
doença?
?ap
p

/
#0 #0,#- '.0#%1! 

Nossos filhos, ou talvez nossos netos, vão crescer num mundo em que testes
genéticos serão tão normais quanto vacinação. As pessoas vão utilizar o diagnóstico
genético fetal. Como não há terapia genética para a maioria dos genes em que a
ciência é capas de apontar defeitos, a forma mais direta de eliminá -los ainda é o
aborto. O aborto seletivo permanecerá com o uma opção por um tempo muito longo,
quanto maior for a distância entre diagnóstico e terapia.
?½p
p

% # #$###)&%0

A empresa Celera Genomics Corporation confirmou ter entrado com 6.500


pedidos de patentes provisórias de genes. Desses a empresa pretende patentear
definitivamente entre 100 a 300 genes. A Celera não informou quais genes estão
sendo patenteados, apenas confirmou que são todos de interesse farmacêutico. O
anúncio traz consigo um forte temor para a comunidade científica: o de que
companhias privadas, por meio de patentes de genes, restrinjam a pesquisa e
concentrem a informação sobre o código genético humano. A Celera diz que as
patentes permitirão à humanidade chegar à era da medicina personalizada.
Segundo a empresa, é justo e lega l garantir lucros a uma companhia que investiu
US$ 2 bilhões para desvendar o mapa genético.
No entanto, o P.G.H. público defende que as informações genéticas básicas
da espécie humana devem ter caráter público. Admitem patentes só para inovações
criadas a partir delas, como testes.
?—p
p

2
 c

O objetivo inicial do Projeto Genoma no Brasil não era descobrir isto ou


aquilo, mas sim, formar gente competente para trabalhar no ambiente acadêmico e
nas empresas, dotar laboratórios de material novo e adequado e trabalhar em algo
útil para o país, propiciando um grande salto na biotecnologia do Brasil.
Parodiando o nome TIGR (The International Genome Research, um grande
banco de dados de sequenciamento genético), deu -se a rede de laboratórios
envolvidos no Projeto Genoma do Brasil, o nome de ONSA (Organização para
Análise e Sequenciamento de Nucleotídeos), cujo símbolo é uma brasileiríssima
onça pintada.
O Brasil é o pioneiro no mapeamento do código genético de bactérias. Trinta
e quatro laboratórios, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São
Paulo (Fapesp), levaram três anos para identificar os 2.700 genes da Xylella
fastidiosa, a bactéria responsável pela praga do amarelinho que destrói
principalmente os laranjais, a CVC (clorose variegada de citros). Este foi o primeiro
genoma de um patógeno vegetal no mundo. Agora, este projeto entrou na fase do
genoma funcional, ou seja a análise dos genes mais importantes, saber o que faz
cada um deles, que tipo de proteína vai produz ir. Enfim, onde estão os fatores
responsáveis pelos estragos nas colheitas. Seu controle, trará melhores safras e
mais qualidade nos cítricos e no café.
Os genes da Xanthomonas citri, causadora do cancro cítrico, que prejudica as
colheitas de laranja, feijão, arroz e maracujá; também estão sendo mapeados pelos
mesmos laboratórios envolvidos no sequenciamento e mapeamento da Xylella.
Outro projeto com um potencial promissor é o da cana -de-açúcar. Seu estudo
genético permitirá o conhecimento dos genes relacionados ao metabolismo da
sacarose, podendo levar a outras plantas capazes de produzir o álcool, o que
permitirá a pensar em formas de evitar a monocultura.
Mas o teste definitivo para emparelhar o Brasil com a melhor tecnologia
americana é o Projeto Genoma do Câncer, coordenado pelo inglês Andrew
Simpson. Sua missão é, a partir de amostras de células tumorais obtidas no próprio
Hospital do Câncer, fazer o sequenciamento e identificar na origem as mutações
genéticas que levam à criação de tumores mais comuns na população brasileira
(cabeça, gástricos e colo do útero). A meta do grupo é produzir 100 mil seqüências
?p
p

este ano e 500 mil até o fim do ano que vem. Nossos dados também vão ajudar os
outros, lá fora, a interpretar o genoma humano.
p p
?ºp
p

3
p

WATSON, J. D. e colaboradores. O DNA recombinante. 2° ed.. Editora UFOP. Ouro


Preto, 1997.p

ALBERTS, B. e colaboradores. Biologia Molecular da Célula. 3° ed. Editora Artes


Médicas. Porto Alegre, 1997. p

RIFKIN, J. O Século da Biotecnologia. Editora Makron B ooks. São Paulo, 1999.p

AMABIS, J. M. & MARTHO, R. G. Biologia dos organismos. v. 3. Editora Moderna.


São Paulo, 1997.p

LOPES, S. G. B. C. Bio. v. 3. Editora Saraiva. São Paulo, 1997. p

p 
?ëp
p

3 c
 c
p

-      


    p

-     


       
          
p

Você também pode gostar