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Negociação das
propostas
1. Decisão de contratar:
A decisão de contratar é um ato administrativo que inicia o procedimento de formação
de qualquer contrato (36.º/1). Como ato administrativo tal decisão está sujeita às normas
de procedimento administrativo reguladas no CPA. Isso inclui desde logo o principio da
prossecução do interesse publico e o principio da legalidade, mas também o principio da
imparcialidade (55.º CPA), e ao dever de fundamentação da decisão.
A decisão é entregue ao órgão competente para autorizar a despesa inerente ao contrato
a celebrar, podendo essa decisão está implícita nessa ultima (36.º).
2. Escolha do concurso publico como procedimento:
Segundo consta do artigo 38.º “A decisão de escolha do procedimento de formação de
contratos, de acordo com as regras fixadas no presente Código, deve ser fundamentada
e cabe ao órgão competente para a decisão de contratar”.
Portanto, decorre daqui um dever de fundamentação. Isso porque a determinação do
método de escolha do co-contratante pode por em risco os princípios gerais da
contratação pública.
Trata-se de saber quais as regras que a entidade adjudicante está obrigada a observar, a
fim de garantir que a escolha daquele com quem vai celebrar o contrato é a mais
adequada da perspetiva da prossecução do interesse público, garantindo-se também a
observância de princípios tais como o da imparcialidade ou o da concorrência.
A fundamentação exigida no art. 38º é de facto e de direito. Ou seja, tem de se basear
num dos arts. 17º e ss. para justificar a escolha. Contudo, tal não basta, é também
necessária uma justificação de facto. Essa escolha deve ser escrutinada a luz dos
princípios da contratação pública.
O concurso público é procedimento mais aberto e por isso satisfaz melhor os princípios
da concorrência, transparência e igualdade, na medida em que não há limitação no
numero de candidatos que podem apresentar propostas apenas limitações qualitativas. O
grande problema do concurso público se coloca a nível de celeridade, pois é um
processo complexo, burocrático e lento.
No CPC, nomeadamente no 17.º e ss foi enunciado dois critérios de escolha do
procedimento, a saber: o do valor, e o critério material.
Uma rápida analise por esses artigos permite-nos compreender que o valor nunca é
impeditivo de se utilizar o concurso público, mas por outro lado pode ser imperativo.
Assim nos artigos 19.º, 20.º, 21.º.
Quanto aos critérios materiais Só se fossemos aplicar os artigos a contrario, visto as
normas não se referirem diretamente ao contrato publico. Assim a questão é, quando
não se verificarem esses pressupostos, realizarmos o concurso público.
3. Elaboração das peças do procedimento.
Nesse tipo de procedimento as peças do procedimento 1 a aprovar logo no início do
procedimento são:
i) O programa do procedimento (132.º) – Regulamento que define
os termos a que obedece a fase de formação do contrato até à sua
celebração. É um verdadeiro regulamento. Desse programa deve
constar:
a. Identificação do concurso
b) A entidade adjudicante;
c) O órgão que tomou a decisão de contratar e, no caso de esta
ter sido tomada no uso de delegação ou subdelegação de
competência, a qualidade em que aquele decidiu, com menção
das decisões de delegação ou subdelegação e do local da
respetiva publicação;
d) O fundamento da escolha do concurso público, quando
seja feita ao abrigo do disposto no artigo 28.º;
e) O órgão competente para prestar esclarecimentos;
f) Os documentos de habilitação, diretamente relacionados
com o objeto do contrato a celebrar, a apresentar nos termos
do artigo 81.º;
g) O prazo para a apresentação dos documentos de habilitação
pelo adjudicatário, bem como o prazo a conceder pela
entidade adjudicante para a supressão de irregularidades
detetadas nos documentos apresentados que possam levar à
caducidade da adjudicação nos termos do disposto no artigo
86.º;
1
As peças do procedimento integram o processo administrativo de adjudicação – 1.º/2 CPA
h) Os documentos referidos nos n.os 1 e 2 do artigo 57.º e no
n.º 4 do artigo 60.º;
i) Os documentos que constituem a proposta que podem ser
redigidos em língua estrangeira, nos termos do disposto no n.º
2 do artigo 58.º;
j) Se é ou não admissível a apresentação de propostas
variantes e, em caso afirmativo, o número máximo de
propostas variantes admitidas;
l) O prazo para a apresentação das propostas;
m) O prazo da obrigação de manutenção das propostas,
quando superior ao previsto no artigo 65.º;
n) O modelo de avaliação das propostas, nos termos do
artigo 139.º;
o) O modo de prestação da caução ou os termos em que não
seja exigida essa prestação de acordo com o disposto no n.º 4
do artigo 88.º;
p) O valor da caução, quando esta for exigida;
q) A possibilidade de adoção de um ajuste direto, nos termos
do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 25.º ou na alínea a)
do n.º 1 do artigo 27.º, ou da consulta prévia, nos termos do
artigo 27.º-A;
r) A indicação de que se trata de um contrato reservado, nos
termos dos artigos 54.º-A ou 250.º-D, se for o caso.
ii) Caderno de encargos – é a peça que contem o as clausulas a
incluir no contrato a celebrar (42.º), caso o contrato implique um
preço deve constar no caderno de encargos o preço-base -o preço
máximo que a entidade está disposta a pagar (artigo 47.º/1)
iii) Para além disso a decisão de contratar é publicitada mediante
anúncios
4. Anuncio:
O concurso público é publicitado no Diário da República, através de anúncio conforme
modelo aprovado por portaria dos membros do Governo responsáveis pela edição do
Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas, podendo depois ser
divulgado por qualquer outro meio considerado conveniente, nomeadamente no site da
entidade.
Pode também ser divulgado no Jornal oficial da EU, nos termos do artigo 131.º, i.e., faz
um anuncio contendo as menções referidas na parte C do anexo V da Diretiva
2014/24/EU, entre outras regras.
5. Juri:
Num concurso ao quel estão subjacentes várias proposts que devem ser avaliadas e
ordenadas é muito importante a existência de um júri. O júri é um órgão ad hoc que
dirige a instrução do procedimento pré-contratual, designado pela entidade adjudicante,
nomeadamente pelo ógão responsável pela decisão de contratar competindo-lhe
nomeadamente (69.º/1):
i) Apreciar as candidaturas e as propostas´
ii) Elaborar os relatórios de analise das candidaturas e das propostas
iii) Exercer a competência que lhe seja delegada pelo órgão competente
para a decisão de contratar, não sendo, porém delegável a
competência para a decisão de qualificação dos candidatos ou para a
decisão de adjudicação.
O júri começa as suas funções no primeiro dia útil subsequente ao do envio do anuncio
para a publicação ou do convite (68.º/1), devendo as suas deliberações ser sempre
fundamentadas e são tomadas por maioria, não sendo permitido a abstenção
(68.º/3). As propostas são analisadas para efeitos de verificação da sua conformidade
com os parâmetros jurídicos do procedimento, podendo para este efeito pedir
esclarecimento sobre as propostas (72.º). São posteriormente avaliadas quanto ao seu
mérito relativo, cumpridos os trâmites relativos à audiência dos interessados, o júri
ordena definitivamente as propostas em ordem a adjudicação pelo órgão competente
para a decisão de contratar.
6. Disponiblização das peças.
As peças do processo, por força do principio de transparência e acesso devem ser
disponibilizadas pelas entidades adjudicantes na respetiva plataforma eletrónica de
contratação pública de forma livre, completa e gratuita as peças do procedimento, a
partir da data da publicação do respetivo anúncio (133.º/1). As peças procedimentais
que não possam, total ou parcialmente, ser disponibilizadas sem restrições de acesso,
designadamente por motivos de segurança, são disponibilizadas por outros meios
adequados, que devem ser indicados aos interessados. A disponibilização das peças do
procedimento tem lugar a partir da data da publicação do anuncio.
7. Apresentação das propostas:
Chegados aqui estão reunidas as condições para que os interessados possam enviar as
suas propostas.
A noção de proposta ficou referida no artigo 56.º onde foi entendida como a declaração
pela qual o concorrente manifesta a sua vontade de contratar e o modo como está
disposto a fazê-lo sendo essa composta por vários documentos (57.º) como
prazos
Nesse seguimento é importante falar sobre os prazos para apresentação das propostas,
ao contrário do que seria de esperar não é a publicação do anuncio que marca o inicio da
contragem de prazos procedimentais mas sim a data do envio do anuncio para
publicação como podemos ver nos artigo 135 e 146.
Existem em suma, um grande critério quando a estipulação do prazo, que é o facto do
concurso ser ou não publicado no Jornal oficial da EU. No caso de não ser publicado no
JOUE o artigo 135.º refere que o prazo não pode ser inferior a seis dias a contar da data
de envio do anuncio para a publicação (salvo no caso de se tratar de uma empreitada de
obras publicas na qual o prazo não pode ser inferior a 14 dias).
Porém se o anuncio for realizado no JOUE a regra do 136 determina que o prazo não
possa ser inferior a 30 dias, salvo as exceções do 136.º/2, onde é referido que esse prazo
pode ser reduzido para 15 dias nas situações em que O anúncio de pré -informação
tenha sido enviado para publicação com uma antecedência mínima de 35 dias e máxima
de 12 meses em relação à data do envio do anúncio; e b) O anúncio de pré -informação
tenha incluído todas as informações, disponíveis à data da sua publicação, exigidas nos
termos da parte B do anexo V da Diretiva n.º 2014/24/UE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 26 de fevereiro; E as exceções do 136.º/3 — O prazo mínimo previsto no
n.º 1 pode ser reduzido para 15 dias nos casos em que uma situação de urgência
devidamente fundamentada pela entidade adjudicante inviabilize o cumprimento do
prazo mínimo de 30 dias.
Esse prazo pode ser prorrogado em certas condições (64.º e 133.º/7) relacionadas com o
acesso dos interessados as peças do procedimento
Até ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, os interessados que já
as tenham apresentado podem retirá-las, bastando comunicarem tal fato à entidade
adjudicante, sem prejuízo do direito de apresentação de nova proposta dentro daquele
prazo.