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QUE INTERESSES ESTÃO POR TRÁS DESTAS

MANIFESTAÇÕES
Publicado em 30 de agosto de 2021

Muita gente se pergunta o que são esses índios acampados em Brasília e que tocaram
fogo na frente do Palácio do Planalto, e que agora muitos estão se retirando. O que
é isso afinal?

Em primeiro lugar, eu passei pelo acampamento dos índios na sexta-feira (27), no


dia que eles puseram fogo na frente do Palácio do Planalto e vi uma quantidade
enorme de ônibus estacionados. Não eram ônibus que eventualmente parados lá,
estavam à disposição dos índios.

As centenas de barracas eram uniformes, como se tivessem feito uma licitação para
comprá-las; além disso, todo mundo se alimentou durante o período que estiveram
lá.

Fica a pergunta: quem está sustentando isso? Porque o pessoal não estava
trabalhando e muitos ainda ficaram por lá.

A segunda pergunta é como eles conseguiram material para produzir aquela fumaça
preta ao pé da rampa do Palácio do Planalto? Aliás, num momento que o presidente
estava em Goiânia.

E terceiro: o que está sendo julgado no STF?

Esse caso é de Santa Catarina, de uma reserva que foi demarcada em 1965 de 14.000
hectares. De repente, estão aumentando a reserva para 37.000 hectares. Isso iria
desalojar 5 mil pessoas, cerca de mil famílias de pequenos agricultores que tem
escritura dos terrenos desde 1902.

E qual é a base para essa disputa? O artigo 231 da Constituição, que diz que as terras
são “indígenas” quando ocupadas tradicionalmente por eles, ancestralmente. É
óbvio que “ocupadas” a partir da data quando foi promulgada a Constituição, em 5
de outubro de 1988.

Porque senão os índios podem ocupar terra para o resto da vida, até expulsar todo
mundo para seus continentes de origem: África, Ásia e Europa.

Nesse caso, como lembrou o ex-deputado Aldo Rebelo, os descendentes de Tibiriçá


e Bartira vão exigir de volta o Parque do Ibirapuera, e coisas do gênero.

O STF vai votar nesta semana para decidir esse caso. Se a maioria do STF decidir
que as ocupações após o ano de 1988 valham, aí vai ser um horror.

Lá no Alto-Uruguai no Rio Grande do Sul, os pequenos agricultores estão


desesperados. Porque lá tem grupos de Caingangues, e Santa Catarina tem
Guaranis e Caingangues. No Mato Grosso, a área potencial para pegar 4 milhões e
meio de hectares de soja, milho, algodão, pastagens para gado, e 1 milhões de
pessoas.

Já chega a maluquice que fizeram em Roraima. Só o STF não reconhece, porque


não tem humildade para reconhecer o erro. Aquilo foi um atentado a soberania
nacional com a demarcação contínua de terras indígenas em plena fronteira com a
Venezuela, num local onde índios e não-índios antes viviam em simbiose produtiva
para ambos.

Depois, ficaram os índios escanteados, muitos migraram para a periferia de Boa


Vista. Os arrozeiros de lá perderam os negócios. Uma maluquice que poderia ter
sido resolvida reservando uma pequena área para os índios.

Aldo Rebelo, que era do PCdoB, e foi ministro em várias pastas durante o governo
do PT – ou seja, é insuspeito para opinar nesse assunto – falou que isso é interesse
das ONGs e não dos índios. Essas ONGs disseminam ódio entre índios e não índios,
os dois lados igualmente brasileiros. Isso é crime de lesa-pátria. E alguém está
financiando a manifestação dos índios para tentar atemorizar o STF.

Contudo, acaba o viés político e ideológico ao tacar fogo ao pé da rampa do Palácio


do Planalto, sendo que quem vai julgar o caso é o STF. Mas isso é bem revelador do
que está por trás desse movimento.

Fonte https://luizberto.com/que-interesses-estao-por-tras-destas-manifestacoes/

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