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Redes de atenção à saúde: contextualizando o debate

ARTIGO ARTICLE
Health care networks: contextualizing the debate

Rosana Kuschnir 1
Adolfo Horácio Chorny 2

Abstract The proposal of organization in health Resumo A proposta de organização de redes de


services networks has been included in the broad atenção à saúde tem sido incluída no grande cam-
field of integrated health care, a general denomi- po do “cuidado integrado”, denominação genéri-
nation which includes a wide range of interven- ca que agrupa intervenções que variam muito em
tions varying in objectives and scope, which have objetivos e escopo, tendo em comum a busca por
in common the pursuit of integration strategies mecanismos e instrumentos de integração do cui-
and tools. Among the main experiences in the dado. Entre as experiências consideradas centrais,
field are the American integrated delivery sys- estão os sistemas integrados americanos e as redes
tems and the traditional regionalized networks of regionalizadas dos sistemas nacionais de saúde,
the national health systems, especially after the especialmente após a adoção de novos mecanis-
introduction of new cooperation strategies. How- mos de cooperação. No entanto, ainda que pos-
ever, while strategies and organizational arrange- sam ser observadas semelhanças nas estratégias e
ments might be similar, context is central to de- arranjos organizacionais, é fundamental contex-
bate. Not considering differences concerning tualizar o debate. Não considerar a natureza dis-
health systems nature may turn it difficult to grasp tinta dos sistemas de saúde tende a obscurecer di-
main distinctions in policy making which are ferenças centrais do âmbito da política, que con-
responsible for possibilities and limitations of dicionam as possibilidades de aplicação em um
adopting integration strategies and tools. This dado sistema de instrumentos desenvolvidos em
article aims to look for references in the literature outro contexto. Este artigo tem por objetivo bus-
and international experience that might contrib- car referências na literatura e na experiência in-
ute to the debate on health networks building in ternacional que possam contribuir para o debate
the Brazilian Unified Health System (SUS). It da constituição de redes no SUS. Busca contextua-
1
discusses context regarding the creation of inte- lizar a discussão da organização de serviços de
Fundação Oswaldo Cruz.
Av. Leopoldo Bulhões 1.480/ grated health services networks in two cases, the saúde “em redes” em dois casos, o sistema nacio-
sala 319, Manguinhos. British National Health Service and the Ameri- nal de saúde britânico e o sistema privado ameri-
21041-210 Rio de Janeiro
can Health System, focusing specifically on the cano, focalizando especificamente no recorte da
RJ. rosanak@ensp.fiocruz.br
2
Departamento de health services organization component. organização de serviços.
Administração e Key words Health services network, Regional- Palavras-chave Redes de atenção, Regionaliza-
Planejamento em Saúde,
ization, Integrated systems, Health services orga- ção, Sistemas integrados, Organização de serviços
Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo nization
Cruz.
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Kuschnir R, Chorny AH

Introdução dade e equidade dos sistemas universais. Os sis-


temas integrados americanos são, por definição,
A organização de redes regionalizadas de servi- destinados aos que podem pagar, com planos
ços de saúde constituiu a premissa sobre a qual diferenciados que pressupõem acesso desigual e
historicamente foram debatidas as propostas de naturalmente não incorporam as questões da
reforma do sistema brasileiro – tomando como saúde pública e da ação sobre os condicionantes
referência a experiência dos países que construí- sociais, próprias do Estado.
ram sistemas universais e a literatura internacio- Os sistemas nacionais, ao contrário, não po-
nal –, e formou parte da bagagem do planeja- dem abdicar de sua responsabilidade de garantia
mento em saúde durante décadas. do direito e a organização de redes regionaliza-
No entanto, ao longo da década de noventa, das constitui-se num instrumento para amplia-
pelos próprios rumos do processo de descentra- ção do acesso e diminuição de desigualdades.
lização, a instituição de redes deixou de ser o eixo Este artigo tem por objetivo buscar referên-
central em torno do qual se construía a organi- cias na literatura e na experiência internacional
zação de serviços, voltando ao centro do debate que possam contribuir para o debate da consti-
apenas a partir da publicação da Norma Opera- tuição de redes no SUS. Busca contextualizar a
cional da Assistência à Saúde (NOAS)1, em 2000, discussão da organização de serviços de saúde
e especialmente com o Pacto pela Saúde2, em 2006. “em redes” em dois casos, o sistema nacional de
Em seu retorno, a proposta de organização saúde britânico e o sistema privado americano,
de redes tem assumido diferentes significados, através da análise histórica comparada, focaliza-
utilizada de forma distinta por diferentes atores. da especificamente no recorte da organização de
Especificamente em seu recorte de organização serviços.
de serviços de saúde, uma vertente de discussão
– refletindo o debate observado na literatura e
na experiência internacional –, centra-se no “cam- Redes regionalizadas: o Relatório Dawson
po do cuidado integrado”3. e a constituição do NHS britânico
Sob esta denominação genérica, é agrupada
uma gama de intervenções com diferentes deno- A primeira descrição completa de uma rede regio-
minações em vários países, que variam muito nalizada foi apresentada pelo Relatório Dawson,
em objetivos, escopo e mecanismos, que têm em publicado em 19205, por solicitação do governo
comum a busca por mecanismos e instrumentos inglês, fruto do debate de mudanças no sistema
de integração, aqui incluídos os dirigidos à práti- de proteção social depois da Primeira Guerra
ca clínica individual, à integração organizacional Mundial. Sua missão era buscar, pela primeira
horizontal ou vertical e entre setores, como saú- vez, formas de organizar a provisão de serviços
de e cuidado social4. de saúde para toda a população de uma dada
Entre as experiências consideradas centrais região.
neste campo, estão os sistemas integrados ame- Ainda hoje, a leitura do relatório surpreende
ricanos, uma grande variedade de arranjos or- por sua abrangência e profundidade. Em sua in-
ganizacionais derivados da integração vertical de trodução, explicita que seu objetivo só poderia
provedores no mercado americano e as redes re- ser alcançado através de uma nova organização,
gionalizadas dos sistemas nacionais de saúde, com base na estreita coordenação entre medici-
especialmente em suas recentes inovações no na preventiva e curativa.
campo da integração do cuidado. Para cada dado território, propõe a organi-
No entanto, ainda que possam ser observa- zação de serviços para atenção integral à popula-
das semelhanças nas estratégias utilizadas e nos ção com base formada por serviços “domicilia-
arranjos organizacionais resultantes, focar o de- res” apoiados por centros de saúde primários,
bate apenas nestes aspectos, sem considerar a laboratórios, radiologia e acomodação para in-
natureza distinta dos sistemas, seus valores e prin- ternação. Esta seria a “porta de entrada” do siste-
cípios, tende a obscurecer diferenças centrais do ma, que empregaria os general practitioners (GP)
âmbito da política, que condicionam, inclusive, – os médicos clínicos generalistas, que já então
as possibilidades de adoção dos instrumentos trabalhavam de forma autônoma e/ou contra-
desenvolvidos em cada caso. tados pelo sistema de seguro social.
Para o sistema americano, por exemplo, não Os centros primários, localizados em vilas,
se coloca a questão da regionalização – intrinse- estariam ligados a centros de saúde secundários,
camente derivada dos princípios de universali- localizados nas cidades maiores, com oferta de
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serviços especializados, cuja localização deveria referência. Para garantia de acesso ao cuidado in-
se dar de acordo com a distribuição da popula- tegral, a regionalização deveria ser baseada em
ção, os meios de transporte e os fluxos estabele- territórios de grande porte populacional, com
cidos, variando “em tamanho e complexidade, autossuficiência em recursos de saúde em todos
segundo as circunstâncias”. os níveis de atenção, subdivididos em distritos,
Os casos que não pudessem ser resolvidos sub-regiões ou microrregiões. O conjunto estaria
neste nível seriam encaminhados a um hospital sob um único comando e deveria operar de for-
de referência, ao qual os centros se vinculariam. ma coordenada através de mecanismos de refe-
Os profissionais trabalhariam de forma integra- rência entre níveis (e/ou territórios), alimentados
da, de modo que [...] o pessoal adscrito aos centros por sistemas de informação e de transportes.
de saúde poderia acompanhar o processo em que A contraposição entre atenção primária e
interferiram desde o começo, familiarizar-se com o hospitalar não se colocava e o conceito de hierar-
tratamento adotado e apreciar as necessidades do quização referia-se à complexidade – compreen-
paciente depois de seu regresso ao lar. dida como densidade tecnológica – e não a uma
O centro primário foi proposto como núcleo valoração maior ou menor entre os níveis. O pri-
do sistema, onde os médicos generalistas pode- meiro nível de atenção e a assistência hospitalar
riam se relacionar com especialistas e consulto- eram compreendidos como elementos indissoci-
res, central ao aperfeiçoamento profissional, já áveis da mesma rede, atendendo aos mesmos
que “[...] o médico sai da universidade e observa usuários, de acordo com a necessidade. O pri-
a enorme discrepância entre sua preparação e as meiro nível seria – como efetivamente é, até hoje
necessidades dos pacientes que deve atender”. – responsável pelo acesso de toda a população
Para que essa coordenação fosse possível, já aos meios diagnósticos e aos serviços especiali-
era apontada a necessidade de estabelecer-se um zados/hospitalares.
sistema uniforme de histórias clínicas; no caso de Chama a atenção na leitura do relatório que
um paciente ser encaminhado de um centro a ou- tantas dimensões centrais à organização de siste-
tro para fins de consulta ou tratamento, deve ser mas, em discussão até hoje, já tenham sido aborda-
acompanhado de uma cópia de sua história clínica. das em 1920. O relatório é também caracterizado
Do ponto de vista da gestão do sistema, todos pela flexibilidade e é enfatizado que, dentro das
os serviços – tanto curativos como preventivos – diretrizes estabelecidas, deveriam ser levadas em
estariam intimamente coordenados sob uma única conta as condições locais, a forma como a popu-
autoridade de saúde para cada área. É indispensá- lação ocupava o território. O próprio esquema
vel a unidade de ideias e propósitos, assim como a proposto (Figura 1) mostra a multiplicidade de
comunicação completa e recíproca entre os hospi- relações estabelecidas entre os componentes da
tais, os centros de saúde secundários e primários e rede, inclusive com integração horizontal.
os serviços domiciliares, independentemente de que A proposta, no entanto, era inerentemente
os centros estejam situados no campo ou na cidade. controversa. Sua adoção implicaria em que os
Coube, portanto, ao Relatório Dawson, in- hospitais filantrópicos – principais responsáveis
troduzir a territorialização, ausente até então dos pela atenção hospitalar à época –, desapareces-
sistemas de seguro social; apontar a necessidade sem como sistema autônomo; a ideia de organi-
de articulação entre a saúde pública – necessari- zar serviços para a cobertura de grandes territó-
amente nas mãos do Estado – e a atenção indivi- rios desafiava o conceito de governo local e os
dual; e marcar a associação entre o modelo de custos para a construção e manutenção dos ser-
organização de serviços e sua gestão, ao prescre- viços necessários seriam altos. Não se conseguiu
ver uma autoridade de saúde única no território. chegar a uma proposta final e o relatório foi en-
Do ponto de vista da organização de serviços, gavetado6.
formulou os conceitos de níveis de atenção, por- Apenas durante a Segunda Guerra Mundial,
ta de entrada, vínculo, referência e coordenação no âmbito da discussão de uma nova política de
pela atenção primária, além de considerar os proteção social, apresentada pelo Relatório Be-
mecanismos de integração, como sistemas de in- veridge em 1942, o relatório voltaria a servir de
formação e de transportes. base à proposta de organização do novo sistema
A organização em redes foi concebida como de saúde universal e equitativo.
uma resposta à questão de como garantir acesso A organização de serviços e os mecanismos
com equidade a toda uma população. Por ques- de financiamento e gestão foram alvo de intenso
tões de eficiência/escala e qualidade, seria necessá- debate e negociação. A discussão da regionaliza-
rio concentrar serviços e adotar mecanismos de ção expressava a disputa: as novas autoridades
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ção e encampação dos hospitais, as regiões fo-


ram instituídas como delegação do poder cen-
tral, a partir das bases de referência de um hospi-
tal universitário, com populações da ordem de
dois milhões de pessoas7.
Pela relação intrínseca entre os princípios de
universalidade, equidade e integralidade e a es-
tratégia de regionalização e hierarquização, o
modelo de organização em redes foi seguido por
todos os países que construíram sistemas nacio-
nais de saúde, como os nórdicos e o Canadá,
com as devidas adaptações às especificidades lo-
cais. Preconizado pela Organização Mundial de
Saúde, compõe a base da proposta dos SILOS
(Sistemas Locais de Saúde), estratégia desenvol-
vida pela Organização Pan-Americana da Saúde
a partir de meados da década de oitenta8.
Para cumprir as funções do primeiro nível,
diferentes países optaram por composições dis-
tintas de recursos, como generalistas autônomos,
equipes em centros de saúde ou policlínicas. Mas,
em todos os casos, o primeiro nível é dotado de
resolutividade, dada a partir da qualificação dos
Figura 1. Esquema de organização de serviços recursos humanos, do acesso a meios diagnósti-
apresentado no Relatório Dawson. cos e terapêuticos e das articulações funcionais
com os demais componentes da rede9.
Fonte: Ministerio de Salud de la Gran Bretana5. Ao mesmo tempo, a construção da regiona-
lização é acompanhada do arcabouço jurídico e
dos arranjos institucionais compatíveis, seja em
Estados unitários seja em países federativos, de
modo a possibilitar a instituição do comando
único, prescrito por Dawnson em 1920.
sanitárias, responsáveis pelas regiões, seriam cons- No caso dos Estados unitários, as regiões são
tituídas por um colegiado de autoridades locais estabelecidas por delegação do poder central, ain-
ou por especial designação do poder central?7 da que com um grau considerável de autonomia
Com a vitória esmagadora do Partido Traba- (desconcentração) e, no caso das federações ou
lhista no pós-guerra, o National Health Service de arranjos federativos – Canadá, Espanha, Itá-
(NHS) britânico foi criado em 1948. A organiza- lia, entre outros –, a descentralização é feita para
ção de serviços seguiu a proposta do relatório, as províncias (ou seus equivalentes). As bases
com mudanças resultantes de acordos com a cor- para o planejamento são as regiões e os distritos
poração médica. Como não aceitaram trabalhar e as atribuições assumidas pelos governos locais,
como assalariados em centros de saúde, os médi- em geral, restringem-se ao cuidado social10.
cos generalistas foram contratados por capita-
ção, responsáveis por cuidados integrais à sua lis-
ta de pacientes, com grau importante de autono- Reformas no sistema saúde britânico:
mia, mas mantida sua função de gate-keeper, res- da competição à integração
ponsáveis pelas referências para os outros níveis e
pela manutenção do vínculo7. Uma nova forma Inserida na ampla agenda de reforma do Estado
de inserção que se mostrou muito bem-sucedida e no questionamento de seu papel na execução
e foi mais tarde copiada por vários países. de políticas, a primeira fase da reforma do siste-
Com relação à regionalização, considerou-se ma de saúde britânico foi implementada no iní-
que sua construção através de colegiados com cio dos anos noventa, durante o governo de
decisões tomadas por consenso havia sido invia- Margareth Thatcher. Ainda que inicialmente se
bilizada por interesses divergentes de hospitais, propusesse a modificar a base do financiamen-
autoridades locais e médicos. Após nacionaliza- to, a resistência política à mudança dos princípi-
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os do NHS fez com que as medidas fossem foca- Foram institucionalizados alguns dos ganhos
das no aumento da eficiência no uso dos recur- obtidos durante a primeira fase de reformas, es-
sos públicos, no contexto de um sistema croni- pecialmente o aumento do escopo da atenção pri-
camente subfinanciado11,12. mária e o estímulo a arranjos cooperativos que
A adoção do “mercado interno”, com a sepa- haviam sido criados e que se tornariam a base
ração das funções de financiamento e provisão e para os Primary Care Trusts (PCT) hoje estabele-
foco na competição, substituiu a provisão direta cidos – grupos que congregam os generalistas e
financiada por orçamentos globais. Os hospitais que, em conjunto com as autoridades regionais,
públicos transformados em trusts – entes públi- compram serviços para seus usuários9,12.
cos autônomos – passaram a disputar os con- Foram também desenvolvidas estratégias de
tratos realizados pelas autoridades sanitárias, que coordenação do cuidado clínico, como as clinical
poderiam comprar serviços também fora de suas networks/redes clínicas para o tratamento de crô-
regiões e distritos. Paralelamente, criou-se um nicos, articulação funcional de profissionais dos
projeto-piloto em que era transferido aos gene- diversos níveis de atenção, organizações de pacien-
ralistas parte do orçamento da região, para que tes e sociedades de especialistas, que desenvolvem
comprassem serviços para os pacientes sob sua protocolos clínicos e mecanismos próprios de in-
responsabilidade, os GP´s fundholders13. tegração das práticas que perpassam todos os
Em que pesem os ganhos em eficiência em serviços envolvidos15. O NHS sugeriu a possibili-
alguns campos, as medidas resultaram num grau dade das clinical networks se transformarem em
importante de fragmentação, aumento na desi- novos trusts com quem seriam realizados contra-
gualdade de acesso e em seleção de pacientes. Os tos, à semelhança dos sistemas integrados ameri-
hospitais passaram a privilegiar os procedimen- canos16. No entanto, ainda que a partir de 2000
tos mais lucrativos – em geral, cirurgias eletivas tenha sido possível a integração vertical através
para diminuição de filas de espera – e os pacien- da criação de trusts, até 2009 um número muito
tes crônicos e idosos tornaram-se pouco atrati- pequeno havia sido estabelecido e nenhum com
vos; hospitais universitários, referência natural as características de uma clinical network17.
para casos mais complexos, não conseguiram Durante os anos 2000, a integração do cui-
garantir seus orçamentos e os custos adminis- dado – em suas várias concepções – se tornaria
trativos do sistema aumentaram de forma mui- o foco da formulação de estratégias e de proje-
to significativa12,13. tos-piloto empreendidos pelo NHS, com influên-
O projeto fundholders foi capaz de garantir cia direta da experiência americana de sistemas
maior acesso a seus pacientes, mas criou uma cli- integrados18.
entela com acesso diferenciado, inadmissível no
sistema britânico. Por outro lado, ao instituir cen-
tenas de compradores que contratavam serviços Do outro lado do Atlântico:
sem articulação com as autoridades regionais, a experiência norte-americana
contribuiu ainda mais para a fragmentação14.
O comprometimento da equidade ajudou a Baseado em seguro voluntário de empresas e dois
derrubar o governo conservador e, em 1997, os grandes programas públicos – o Medicare, de
trabalhistas assumiram, prometendo menos responsabilidade federal e dirigido à população
competição e mais cooperação. Durante a déca- maior de 65 anos e o Medicaid, para cobertura
da seguinte, mantidos os princípios fundantes de populações de baixa renda, sob responsabili-
do sistema, instituiriam uma nova leva de refor- dade dos estados – o sistema americano é carac-
mas, que geraram novos arranjos para a provi- terizado pela segmentação e por um grau de frag-
são, inclusive com participação do setor privado mentação incomparavelmente maior que os sis-
na prestação de serviços. temas públicos, inclusive os de seguro social.
Mantiveram a contratualização, mas com Os custos gerados pela fragmentação, aliada
muito maior grau de controle, com definição cen- a formas de pagamento por itens e procedimen-
tral das diretrizes, parâmetros e indicadores para tos, geraram o significativo crescimento do ma-
elaboração dos contratos. Transferiram a ênfase naged care, originado dos planos de pré-paga-
para o fortalecimento da coordenação entre os mento da década de trinta, e institucionalizados
níveis da rede – ainda que busquem manter algu- como política governamental nos anos setenta e
ma medida de competição em alguns campos – e oitenta11. Engloba diferentes arranjos organiza-
reforçaram o papel de planejamento das autori- cionais, centrados no pagamento por capitação
dades sanitárias nacionais, regionais e distritais. a distintos tipos de organizações, que se respon-
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sabilizam pela provisão de todo o cuidado a um dam-se desde pequenas intervenções focalizadas
paciente, seja através de rede própria de serviços, a programas amplos em escopo e objetivos24.
seja por diferentes tipos de contratos estabeleci- Do ponto de vista da configuração do siste-
dos com provedores19. ma, em resposta às formas de pagamento com
Com a transferência do risco financeiro dos cada vez maior transferência de risco aos prove-
pagadores aos provedores, as organizações de dores, num mercado altamente competitivo, ain-
managed care desenvolveram mecanismos de da na década de setenta, iniciou-se um intenso
controle de acesso e de utilização de recursos, processo de reestruturação caracterizado pela
entre os quais a instituição do generalista gate- consolidação, com a substituição dos hospitais
keeper, que controla o acesso aos especialistas e a filantrópicos que haviam sido responsáveis pela
adoção muito rígida de protocolos clínicos e con- maior parte da provisão por corporações lucra-
trole da prática profissional19. tivas25.
A fragmentação é um problema particular- As décadas de oitenta e noventa foram mar-
mente importante para o Medicare, com grande cadas pelo movimento de integração vertical,
proporção de crônicos entre seus beneficiários e desde entre provedores de serviços clínicos de
poucas possibilidades de interferir na forma como diferentes níveis – em geral, a articulação de ser-
se organiza a provisão20. Como alternativa, utili- viços ambulatoriais em torno de um hospital –
za as organizações de managed care, que desen- até a constituição de sistemas mais abrangentes,
volveram dois mecanismos principais de coor- integrando provisão clínica, serviços de labora-
denação do cuidado a crônicos. O case manage- tórios e imagem e de produção de equipamentos
ment/gerenciamento de casos é dirigido a pacien- e insumos26.
tes mais frágeis, identificados através de seu pa- Este processo deu origem a diferentes combi-
drão de alta utilização de recursos. O coordena- nações de provedores, com conformações estru-
dor, em geral enfermeiras especializadas em geri- turais muito diversas, que se tornaram conheci-
atria ou em doenças crônicas específicas, tem o das pela denominação genérica de integrated de-
papel de articular as práticas dos múltiplos pro- livery systems (IDS)/sistemas integrados de pro-
vedores envolvidos no cuidado21. visão. Apenas no período 1993-1997, foram iden-
Já os programas de disease management/ge- tificados 1.917 sistemas integrados formados e
renciamento de doenças crônicas específicas tem 1.466 dissolvidos26.
por alvo pacientes e grupos de risco. Entre seus Os IDS foram definidos por Shortell27 como
objetivos, está o controle do processo de desen- uma rede de organizações que provê, ou faz arran-
volvimento da doença – de forma semelhante jos para prover, um continuum coordenado de ser-
aos programas verticais – através de protocolos viços de saúde a uma população definida e que está
clínicos muito estruturados22. disposta a prestar contas por seus resultados clíni-
As primeiras empresas especializadas em di- cos e econômicos e pelo estado de saúde da popula-
sease management foram criadas pela indústria ção a que serve, definição que se tornaria a mais
farmacêutica – que permanece responsável por amplamente utilizada.
grande fatia do mercado. Do pacote comprado
pelo plano, constavam os protocolos clínicos que
incluíam os medicamentos providos pela pró- Redes em sistemas distintos:
pria empresa dentro do contrato22. Estes arran- em busca de um referencial conceitual
jos causaram estranheza e críticas entre os pes-
quisadores e gestores europeus, que considera- Em que pesem as diferenças centrais entre redes
ram inapropriado que em seus países os siste- regionalizadas e sistemas integrados – a começar
mas públicos garantissem fatia de mercado à in- pela natureza radicalmente distinta dos sistemas
dústria, ao mesmo tempo em que restringiriam de saúde nos quais estão inseridos –, a seme-
a autonomia clínica dos médicos em favor dos lhança em alguns arranjos organizacionais e na
fabricantes de medicamentos23. utilização de instrumentos de integração levou a
A partir de meados da década de noventa, os um debate sobre as aproximações entre os dois
programas de disease management foram sendo modelos, que influenciou a formulação da polí-
ampliados em seu escopo, mudando seu foco de tica britânica na década de 2000 e que ajudou a
uma patologia específica às múltiplas necessida- conformar o grande e pouco delimitado campo
des de pacientes crônicos/idosos portadores de dos sistemas integrados/cuidado integrado.
comorbidade. Ao mesmo tempo, sua adoção foi Em 2002, foi publicado um estudo em que o
se expandindo e, sob este rótulo, hoje acomo- NHS era comparado à Kaiser Permanente28, uma
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organização americana de managed care de tipo multiplicidade de provedores de forma comple-
grupo – que opera a maior parte dos serviços e mentar à provisão pública financiada por orça-
que dispõe de seu próprio quadro de profissio- mentos. Processos de integração vertical se de-
nais de saúde. Os resultados seriam favoráveis à ram a partir da década de noventa, quando a ges-
Kaiser, que teria performance semelhante a custo tão conjunta de um hospital de agudos, um cen-
menor. A publicação gerou polêmica e profissio- tro para tratamento de crônicos e de uma equipe
nais e gestores britânicos apontaram a impropri- de atenção primária tornou-se o embrião das
edade da comparação entre o NHS e um sistema denominadas organizações sanitárias integradas,
integrado, que opera com seleção de pacientes com das quais havia dezoito catalogadas em 200633.
relação à condição econômica e idade, os princi- Portanto, no grande campo do cuidado inte-
pais condicionantes da utilização de serviços. Em grado, são englobadas experiências que vão dos
2004, foi publicado novo artigo29, em que eram sistemas integrados americanos às redes regio-
questionadas as premissas e a metodologia utili- nalizadas dos sistemas nacionais de saúde, pas-
zadas, demonstrando que os casos não haviam sando por um conjunto de intervenções com
sido tornados comparáveis. Outros estudos se maior ou menor grau de abrangência em seu es-
seguiram30, dando origem a um extenso debate copo e que podem ou não se traduzir em arran-
acerca da possibilidade de aumentar a eficiência e jos organizacionais de diferentes tipos. Não por
melhorar a qualidade no NHS através da utiliza- acaso, do ponto de vista conceitual, é um campo
ção dos instrumentos desenvolvidos pela Kaiser pouco delimitado, sem definições comuns, com
para cuidado a pacientes crônicos. Como resul- uma pletora de terminologias. Foi descrito alter-
tado, foi instituído um programa de cooperação nativamente como “um pântano acadêmico de
e troca de experiências, que apoia alguns proje- definições e análise conceitual”34 ou mais simples-
tos-piloto, ainda em andamento31. mente como uma torre de Babel35. Em revisão
Outro experimento em integração foi desen- sistemática recente, foram encontrados mais de
volvido a partir da atenção primária, utilizando setenta termos ou frases relacionadas à integra-
o modelo americano Evercare de case manage- ção, compreendendo 175 definições e conceitos36.
ment para pacientes crônicos17. No entanto, não Nolte e McKee24 observam que a formulação
se observaram efeitos significativos nas admis- de Shortell reflete fortemente a perspectiva do ma-
sões hospitalares, tempo de permanência ou naged care, em que a ênfase é numa população
mortalidade. De acordo com os estudiosos bri- definida (mas selecionada), e na integração das
tânicos, há pouca evidência de que estas estraté- funções de financiamento e da provisão, que nos
gias de integração possam reduzir internações no Estados Unidos tradicionalmente estiveram sepa-
caso da Grã-Bretanha, já que a efetividade de radas. Este conceito não seria facilmente compará-
abordagens complexas de case management de- vel com a interpretação européia, na qual tradicio-
pende do tipo específico de intervenção, da natu- nalmente integração se refere à integração de seto-
reza da população-alvo e das características do res – saúde e cuidado social – e não de funções.
sistema de saúde em questão17. Já pesquisadores ligados ao Consórcio Hospi-
Outros autores também afirmam que, da- talar da Catalunha utilizam o critério de afiliação
das as diferenças entre os sistemas de saúde, os da população para classificar os sistemas ou re-
achados originados no contexto americano po- des integradas em dois tipos: (1) população defi-
dem não ser facilmente transferíveis e que com- nida pelo território, sob gestão de uma autorida-
preender o contexto institucional é essencial para de sanitária, geralmente formando parte de um
a identificação dos facilitadores e das barreiras à sistema nacional de saúde e (2) população defini-
integração24,32. da por afiliação voluntária, nos países em que se
Como resultado destas experiências, o NHS estabeleceu um mercado para a saúde, como é o
assumiu uma atitude mais cautelosa, contraria- caso dos sistemas integrados americanos37.
mente ao que havia sido antecipado, e optou por Uma série de autores tem argumentado a ne-
não definir as estratégias de integração como polí- cessidade de esclarecer conceitos e delimitar mo-
tica nacional, lançando em abril de 2009 novos pi- delos, de modo a tornar possível a compreensão
lotos, com o objetivo de buscar mais evidências17. de seu significado, a troca de experiências e a ava-
No contexto de outro sistema nacional de saú- liação de resultados38,39.
de – da Catalunha, na Espanha –, observou-se a Em 2008, a Organização Pan-Americana da
emergência de sistemas integrados de forma mais Saúde empreendeu consultas nacionais e regio-
assemelhada aos arranjos verticais americanos. nais para validação de sua proposta de organi-
Neste caso, a autoridade sanitária contrata uma zação de redes, denominada em sua versão final
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“Redes Integradas de Serviços de Saúde Basea- Conclusão


das na Atenção Primária”3, que provê um marco
conceitual para os países latino-americanos. Ao colocar no centro do debate a discussão da
O documento adota uma versão modificada integração/coordenação do cuidado, o processo
da definição de Shortell, considerando que as de reforma dos sistemas nacionais, em sua fase
Redes Integradas de Serviços de Saúde podem mais recente, passou a utilizar mecanismos e ins-
definir-se como uma rede de organizações que provê, trumentos próximos aos desenvolvidos no mer-
ou faz arranjos para prover, serviços de saúde cado americano. Este, por outro lado, como res-
equitativos e integrais a uma população definida posta às pressões de mercado, experimentou pro-
e que está disposta a prestar contas por seus resul- cessos de integração vertical com arranjos orga-
tados clínicos e econômicos e pelo estado de saúde nizacionais em níveis de atenção, generalistas gate-
da população a que serve. keepers e mecanismos de referência, que lembram
Ao basear as redes na atenção primária e in- os modelos tradicionais de organização em re-
troduzir o conceito de serviços de saúde equitati- des dos sistemas universais.
vos e integrais, a proposta alinha-se no campo No entanto, ainda que os arranjos organiza-
das redes regionalizadas dos sistemas públicos e cionais e os instrumentos institucionais em bus-
fornece um marco conceitual para a organização ca da integração do cuidado sejam similares –
de redes no caso brasileiro. desenvolvidos num padrão comum de alta ex-
Uma contribuição central do documento é a pectativa de vida e prevalência de doenças crôni-
clara separação entre os atributos da rede e os cas –, os valores, premissas e objetivos que in-
mecanismos e instrumentos de coordenação a formam cada um dos sistemas e a resultante for-
serem utilizados para sua implementação. Entre ma de organização de serviços implicam contex-
os treze atributos essenciais definidos, são cen- tos muito distintos.
trais à discussão aqui realizada: população e terri- Os sistemas nacionais de saúde operam redes
tório definidos; extensa rede de estabelecimentos com populações definidas geograficamente por
de saúde que presta serviços integrais; primeiro que saúde é entendida como bem público e o sis-
nível de atenção com cobertura de toda a popu- tema é universal e equitativo. As redes são o ins-
lação, porta de entrada do sistema, que integra e trumento de garantia do direito, ampliando aces-
coordena a atenção e sistema de governança úni- so e diminuindo desigualdades. A regionalização
co para toda a rede. Estes atributos remetem à e a constituição de redes são compreendidas em
proposta de Dawson das redes regionalizadas, suas dimensões técnica e política. Ao mesmo tempo
que assim constituídas, devem utilizar mecanis- em que são a única forma de garantir acesso a
mos de coordenação ao longo de todo o conti- cuidado integral de forma igualitária, envolvem
nuum dos serviços. disputas de poder e requerem decisões de política
De acordo com a proposta, dada a diversi- pública que certamente ferem interesses. A região
dade de contextos, não seria possível prescrever é institucionalizada e tem comando único por que,
um modelo organizacional único para as redes e sem institucionalidade, não é possível garantir o
vários esquemas seriam possíveis. O objetivo da direito e, sem comando único, não é possível co-
política pública seria o de propor um desenho brar a responsabilidade sanitária.
que satisfaça as necessidades organizacionais es- Dependendo do contexto, esta autoridade
pecíficas de cada sistema. sanitária pode utilizar a estratégia de contratua-
São identificados instrumentos de política e lização para a garantia da provisão, inclusive atra-
mecanismos institucionais, cuja pertinência de- vés de provedores privados, e até mesmo empre-
penderá de cada contexto específico. Uma ques- gar mecanismos de pagamento ou de outro tipo
tão central, ainda, é que quaisquer que sejam os que incentivem a integração vertical e a emergên-
mecanismos ou instrumentos utilizados, devem cia de sistemas integrados. No entanto, não lhe
estar sempre respaldados por uma política de deveria ser possível abdicar da responsabilidade
Estado que impulsione as redes como estratégia sobre as condições de saúde e o acesso da popu-
fundamental para o alcance de serviços de saúde lação às ações e serviços. A utilização da contra-
mais acessíveis e integrais, apoiada em um refe- tualização, pelo contrário, implica decisão políti-
rencial jurídico coerente. ca para exercício do poder regulatório, insepará-
vel da capacidade técnica para definição do pla-
no no qual os contratos estarão inseridos e para
o desenho dos instrumentos, incluído o alinha-
mento dos incentivos financeiros.
2315

Ciência & Saúde Coletiva, 15(5):2307-2316, 2010


As redes regionalizadas a serem construídas que provê cuidados integrais” que propõe a
no SUS claramente estão neste campo, com refe- OPAS? Do ponto de vista político institucional,
rencial teórico remetendo a Dawson, atualizado como construir o território regional? Qual o pa-
na proposta da OPAS. Sua construção nestes pel e a responsabilidade de cada ente federado na
moldes, no entanto, representa alguns desafios, constituição deste espaço? Como construir a ins-
considerando as dimensões técnica e política, de titucionalidade?
resto indissociáveis. O enfrentamento destes desafios permitirá
Frente à peculiar combinação de uma federa- definir um marco referencial para a constituição
ção trina com descentralização da responsabili- das redes, em suas diretrizes gerais – a ser tradu-
dade sanitária para o nível local, como construir zida em condições regionais específicas –, e per-
a regionalização? Do ponto de vista técnico, como mitirá avaliar possibilidades e limitações de modo
se configuram as regiões de saúde? Qual o grau a embasar a escolha dos mecanismos e instru-
de autossuficiência da “extensa rede de serviços mentos pertinentes.

Colaboradores Referências

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