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Justiça Federal

Tribunal Regional Federal da 5ª Região


Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

APTE : UFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO
APDO : ISMAR LEAL MACHADO
ADV/PROC : RAISSA MARIA HORTA MELO
RECTE AD : ISMAR LEAL MACHADO
ORIGEM : 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY
QUEIROGA (CONVOCADO) – SEGUNDA TURMA

E M E N T A

ADMINISTRATIVO – REDISTRIBUIÇÃO DE OFÍCIO – DESPESAS DE


TRANSPORTE E VIAGEM – CABIMENTO – LEGITIMIDADE ATIVA DO
SERVIDOR – LEGITIMIDADE PASSIVA DO ENTE BENEFICIADO - JUROS –
LEI 11.690/2009 – APLICAÇAO IMEDIATA – APELAÇÃO PROVIDA EM
PARTE – APELAÇÃO ADESIVA – INDENIZAÇÃO DE GASTOS COM
DESLOCAMENTO EM TRANSPORTE PRÓPRIO – PREVISÃO NORMATIVA –
PROVIMENTO.

- Trata-se de apelação movida pela UFS contra sentença que a


condenou ao pagamento de indenização relativa a despesas de
viagem e transporte decorrentes da redistribuição de servidor.
Em suas razões, sustenta a UFS sua ilegitimidade passiva, bem
como a ilegitimidade ativa do autor. No mérito, aduz que a
ajuda de custo não consubstancia indenização, bem como jamais
houve postulação pelo demandante de contratação de empresas
para a realização de transporte do servidor e de sua família.
Ainda, pugna pela incidência do art. 1º-F da Lei n° 9.494/97,
com a redação dada pela Lei n° 11.960/2009 à condenação imposta
na sentença ora apelada.

- O fato de ter sido paga ajuda de custo à esposa do autor,


mormente por ser esta servidora e ter sido também redistribuída
de ofício, não implica falta de legitimidade do recorrido para
requerer as despesas de viagem e transporte do servidor e de
seus dependentes.

- A ajuda de custo, consoante destacou o Juízo a quo, e


previsão do Decreto n° 4.004/2001, não é a única verba paga ao
servidor que muda seu endereço funcional por interesse do
serviço, a ensejar o descabimento das demais verbas. O que é
obstado pela legislação é o pagamento em duplicidade da ajuda
de custo, quando outro membro da família já a percebeu.

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Tribunal Regional Federal da 5ª Região
Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

- Assim, considerando que a esposa do recorrido não recebeu


indenização relativa a despesas de viagem e transporte, afasto
a preliminar invocada.

- Não merece guarida, ainda, a alegada ilegitimidade passiva,


tendo em conta que a UFS foi a entidade que recebeu o servidor
e, portanto, beneficiou-se da redistribuição, pelo que deve ela
arcar com as despesas da redistribuição.

- No mérito, considerando a redistribuição de ofício do


servidor, não há óbice ao pagamento das despesas postuladas,
mormente por terem sido comprovadas as despesas de transporte
mobiliário e transporte aéreo de sua esposa e filha.

- A questão relativa a juros e correção monetária ostenta


natureza processual, e, portanto, eventuais modificações
legislativas a respeito se aplicam aos feitos em andamento. A
Lei n° 11.690/2009 é expressa acerca de sua incidência quanto à
correção monetária, de modo que não há motivo para se afastar
sua aplicabilidade quanto à atualização monetária e restringi-
la, apenas, aos juros de mora.

- Apelo da Universidade provido em parte, para determinar a


plena aplicação sobre o montante condenatório, da Lei n°
9.494/97, com as respectivas modificações introduzidas pela Lei
nº 11.960/2009.

- Apelação adesiva da parte autora provida, ante a previsão


normativa de que no caso de utilização de veículo próprio, a
indenização corresponderá a 40% do valor da passagem aérea no
mesmo percurso, acrescido de 20% do referido valor por
dependente que o acompanhe, para acrescer os valores relativos
a tais percentuais à condenação.

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Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

A C Ó R D Ã O

Vistos, etc.
Decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal
da 5ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento à
apelação da UFS, e dar provimento ao recurso adesivo da parte
autora, nos termos do voto do Relator, na forma do relatório e
notas taquigráficas que passam a integrar o presente julgado.

Recife, 06 de novembro de 2012 (data do julgamento).

Desembargador federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga


Relator (convocado)

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Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

R E L A T Ó R I O

Exmo. desembargador federal Sérgio Murilo Wanderley


Queiroga – relator (convocado):

Trata-se de apelação movida pela UFS contra sentença


que a condenou ao pagamento de indenização relativa a despesas
de viagem e transporte decorrentes da redistribuição de
servidor.

Em suas razões, sustenta a UFS sua ilegitimidade


passiva, bem como a ilegitimidade ativa do autor. No mérito,
aduz que a ajuda de custo não consubstancia indenização, bem
como jamais houve postulação pelo demandante de contratação de
empresas para a realização de transporte do servidor e de sua
família. Ainda, pugna pela incidência do art. 1º-F da Lei n°
9.494/97, com a redação dada pela Lei n° 11.960/2009 à
condenação imposta na sentença ora apelada.

Contrarrazões apresentadas.

Apelação adesiva da parte autora, na qual postula os


valores relativos à indenização por deslocamento em veículo
próprio.

É o relatório.

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Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

V O T O

Exmo. desembargador federal Sérgio Murilo Wanderley


Queiroga – relator (convocado):

Rejeito as preliminares invocadas pela


recorrente.

O fato de ter sido pago ajuda de custo à esposa


do autor, mormente por ser esta servidora e ter sido também
redistribuída de ofício, não implica falta de legitimidade do
recorrido para requerer as despesas de viagem e transporte do
servidor e de seus dependentes.

Ora, a ajuda de custo, consoante destacou o Juízo


a quo, e previsão do Decreto n° 4.004/2001, não é a única verba
paga ao servidor que muda seu endereço funcional por interesse
do serviço. O que é obstado pela legislação é o pagamento em
duplicidade da ajuda de custo, quando outro membro da família
já a percebeu.

Assim, considerando que a esposa do recorrido não


recebeu indenização relativa a despesas de viagem e transporte,
afasto a preliminar invocada.

Não merece guarida, ainda, a alegada


ilegitimidade passiva, tendo em conta que a UFS foi a entidade
que recebeu o servidor e, portanto, beneficiou-se da
redistribuição, pelo que deve ela arcar com as despesas da
redistribuição.

No mérito, considerando a redistribuição de


ofício do servidor, não há óbice ao pagamento das despesas
postuladas, mormente por terem sido comprovadas as despesas de
transporte mobiliário e transporte aéreo de sua esposa e filha.

A questão relativa a juros e correção monetária


ostenta natureza processual, e, portanto, eventuais
modificações legislativas a respeito se aplicam aos feitos em
andamento.

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Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

Nesse sentido, inclusive, já se pronunciou a


respeito,o STJ, bem como a Segunda Turma desta Egrégia Corte:

PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL -


INÍCIO DE PROVA MATERIAL - PROVA TESTEMUNHAL -
OBRIGAÇÃO DE PAGAR - INCIDÊNCIA DO ART.100 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - JUROS DE MORA - ART. 1º-F
DA LEI 9.494/97 - PARCIAL PROVIMENTO. 1. São
requisitos para aposentadoria de trabalhador
rural: contar com 60 (sessenta) anos de idade, se
homem e 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher e
comprovar o efetivo exercício de atividade rural,
ainda que de forma descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, por tempo igual ao número de meses de
contribuição correspondente à carência do
benefício pretendido (art. 39, I c/c art. 48,
parágrafos 1º e 2º, da Lei nº 8.213/91). 2. A
título de prova documental, verifica-se que a
demandante anexou aos autos: a) Declaração de
exercício de atividade rural expedida pelo
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaporanga,
fl.17; b) Espelho eleitoral, fl.20; c) Certidão
de casamento, fl.21; d) Comprovante de residência
no Sítio Cabeça Dantas - Itaporanga/PB, fl.23; e)
Contrato de parceria agrícola, fl.24; f) Ficha de
inscrição no Núcleo de Integração Rural, fl.33;
g) Ficha de inscrição da EMATER, fl.35. 3.
Produzida prova testemunhal em Juízo, através de
duas testemunhas, as quais confirmaram as
alegações da Apelada, declarando, sem
contradições, que "a promovente trabalha na roça,
nas terras dos seu pais", "que mora com um irmão,
no sítio Barriguda", "que a promovente planta
milho e feijão". 4. A Fazenda Pública submete-se
ao rito do art. 100 da Constituição Federal,
instituído pela Emenda Constitucional nº 30/2000,
a qual passou a exigir o trânsito em julgado da
sentença, para o cumprimento da obrigação de
pagar quantia certa pela Fazenda Pública, seja
através de precatório (caput do art. 100 da CF),
seja através de Requisição de Pequeno Valor -

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Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

RPV. 5. Quanto aos juros de mora é devida a


aplicação do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a
modificação promovida pela Lei nº 11.960/2009,
incidindo uma única vez, até o efetivo pagamento,
os índices oficiais de remuneração básica e juros
aplicados à caderneta de poupança. 6. Apelação
parcialmente provida.
(AC 00018881820114059999, Desembargador Federal
Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE
- Data::09/06/2011 - Página::421.)

ADMINISTRATIVO. FAZENDA PÚBLICA. CONDENAÇÃO.


VERBAS REMUNERATÓRIAS. JUROS MORATÓRIOS. NOVA
REDAÇÃO CONFERIDA AO ART. 1º-F DA LEI Nº
9.494/1997 PELA LEI Nº 11.960/2009. CRITÉRIOS
APLICADOS À CADERNETA DE POUPANÇA. INCIDÊNCIA
SOBRE AS AÇÕES EM ANDAMENTO. ENTENDIMENTO FIRMADO
PELA CORTE ESPECIAL NO JULGAMENTO DO RECURSO
ESPECIAL REPETITIVO Nº 1.205.946/SP.
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL DO ART.
5º DA LEI Nº 11.960/2009. IMPOSSIBILIDADE DE
EXAME, PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, EM
RECURSO ESPECIAL. PRECEDENTES.
COMPENSAÇÃO DOS HONORÁRIOS ARBITRADOS NA EXECUÇÃO
COM AQUELES FIXADOS NOS RESPECTIVOS EMBARGOS.
POSSIBILIDADE.
1. Nos termos da nova redação conferida pela Lei
nº 11.960/2009 ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997,
nas condenações impostas à Fazenda Pública,
independentemente de sua natureza, incidirão,
relativamente aos juros moratórios, os mesmos
critérios aplicados à caderneta de poupança. Tal
norma, haja vista sua natureza processual, tem
incidência também nas ações cujo ajuizamento
antecedeu o início da sua vigência, conforme
decidido pela Corte Especial do Superior Tribunal
de Justiça no julgamento do Recurso Especial
Repetitivo nº 1.205.946/SP.
2. Conforme decidido em casos análogos, não cabe
ao Superior Tribunal de Justiça, em recurso
especial, o exame da alegada
inconstitucionalidade do art. 5º da Lei nº
11.960/2009.

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APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

3. Nos termos do art. 21 do Código de Processo


Civil, é possível a compensação dos honorários
advocatícios arbitrados na execução com aqueles
fixados nos respectivos embargos. Precedentes.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AgRg no Ag 1161468/RS, Rel. Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em
02/08/2012, DJe 15/08/2012)

No caso, a Lei n° 11.690/2009 é expressa acerca


de sua incidência quanto à correção monetária, de modo que não
há motivo para se afastar sua aplicabilidade quanto à
atualização monetária e restringi-la, apenas, aos juros de
mora.

Quanto ao apelo adesivo, entendo assistir razão


ao autor, haja vista que, no caso em tela, “o apelante
apresentou documentação comprovando a propriedade do veículo
(p. 30), assim como certidão de nascimento do filho (p. 31) que
o acompanhou”. Tais documentos, conforme sustenta o apelante
adesivo, fazem prova do deslocamento, “sobretudo porque a nota
fiscal de transporte dos bens do apelante não consta o
transporte do referido veículo, nem existem nos documentos
despesas de transporte aéreo do recorrente e seu filho,
restando evidente que o deslocamento não se deu por via aérea,
pois, do contrário, justo e vantajoso seria o ressarcimento dos
valores das passagens, ao invés dos 40% mais 20% a que fará jus
o autor.

Ante o exposto, dou provimento parcial ao apelo


da Universidade para, reformando a sentença, determinar a plena
aplicação sobre o montante condenatório, da Lei n° 9.494/97,
com as respectivas modificações introduzidas pela Lei nº
11.960/2009.

Apelação adesiva da parte autora provida, ante a


previsão normativa de que no caso de utilização de veículo
próprio, a indenização corresponderá a 40% do valor da passagem
aérea no mesmo percurso, acrescido de 20% do referido valor por
dependente que o acompanhe, para acrescer os valores relativos
a tais percentuais à condenação.

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Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga (convocado)

APELAÇÃO CÍVEL nº 525105/SE (0003595-90.2010.4.05.8500)

É como voto.

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