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princípios do raciocínio geológico

No século XVIII, a religião dominava o pensamento científico.


George Cuvier, considerado o pai da paleontologia (ciência que
estuda os fósseis), observou que se sucediam uma série de fósseis,
que surgiam e desapareciam. Propôs que o desaparecimento das
espécies preservadas nos fósseis seria consequência de sucessivas
catástrofes naturais, teoria que ficou conhecida como
catastrofismo.
James Hutton, considerado o fundador da geologia, defendeu
que a história geológica é muito longa e inclui processos lentos.
Para Hutton, os processos que permitem explicar as grandes
alterações ocorridas na Terra teriam sido lentos, tranquilos e
uniformes - uniformitarismo.
O neocatastrofismo tem por base o uniformitarismo mas
considera que determinados fenómenos têm natureza repentina e
catastrófica.

Os princípios de raciocínio geológico procuram explicar os


processos geológicos

Catastrofismo → defende que as alterações geológicos resultam


de fenómenos catastróficos (rápidos e violentos)

Uniformitarismo → defende que os processos geológicos da


Terra
- lentos e graduais - gradualismo
- resultam de processos naturais semelhantes aos que ocorrem
atualmente “o presente é a chave do passado” - atualismo

Neocatastrofismo → tem o uniformitarismo como princípio


orientador mas considera que determinados processos
geológicos ocorrem de forma catastróficas

sequências estratigráficas
A estratigrafia é o ramo que estuda as sequências de estratos
sedimentares- sequências estratigráficas. Para tal, utiliza
princípios estratigráficos, dos quais se destacam os seguintes:
- princípios da horizontalidade original- a deposição dos
sedimentos ocorre, geralmente, em estratos horizontais
- princípio da sobreposição dos estratos- numa sequência de
estratos não deformados, qualquer estrato inferior a outro é
sempre mais antigo do que este
- Ao longo do tempo geológico houve períodos em que o nível
médio das águas subiu - transgressões marinhas- e períodos em que
desceu - regressões marinhas
- A ausência de uma ou mais camadas de estratos numa
sequência estratigráfica denomina-se lacuna estratigráfica

fósseis
Os fósseis são restos de antigos organismos ou vestígios da
sua atividade que foram preservados de forma natural,
principalmente, em rochas sedimentares
O processo de formação de um fóssil - fossilização - é,
habitualmente, longo e requer um conjunto de condições
nomeadamente:

- ambientes anaeróbios e com temperaturas baixas (química)


- corpo com partes duras (biológica)
- rápido enterramento após a morte do organismo (física)

Os fósseis são uma valiosa fonte de informação para a


reconstituição da história da Terra, pois permitem datar rochas e
reconstituir espécies extintas e os ambientes em que viveram -
paleoambientes
O registo fóssil permite identificar grupos de seres já
extintos, os momentos que se extinguiram, os paleoambientes e,
até, estabelecer relações entre seres vivos atuais e antigos. Em
muitos destes casos, a aplicação do princípio do atualismo é
fundamental. A descoberta de fósseis de seres vivos em uma
determinada região permite concluir que se formaram em
determinadas condições ambientais.

→ os fósseis permitem datar rochas e reconstituir espécies e


paleoambientes

tipos de rochas
A observação de afloramentos, isto é, formações rochosas
expostas à superfície permite identificar as diferentes litologias
(tipos de rochas) presentes numa determinada região e inferir
sobre a sua história geológica. Para isto, torna-se fundamental
recorrer, também, à aplicação de vários princípios
estratigráficos.
- rochas estratificadas pouco deformadas correspondem,
geralmente, rochas sedimentares
- estratos muito deformados e dobrados são constituídos,
frequentemente, por rochas metamórficas
- intrusões que atravessam outras formações rochosas são,
geralmente, de rochas magmáticas.

A ação erosiva do mar, designada abrasão marinha, conduz ao


aparecimento de praias e de arribas que constituem as linhas da
costa.
As arribas vivas são aquelas que, atualmente, continuam a ser
erodidas pelo mar, enquanto as arribas fósseis deixaram de o ser.

O princípio do atualismo permite compreender o relevo como


resultado de processos destrutivos e construtivos:
- os glaciares e levam à formação, respetivamente, de vales em
U e vales em V
- a deposição de sedimentos promove a formação de planícies de
inundação
- a erosão costeira é responsável pela formação de arribas
vivas e fósseis
- a atividade vulcânica origina cones vulcânicos e ilhas de
natureza vulcânica

idade e história da Terra


A presença de fósseis nas formações rochosas pode indicar a
idade relativa das formações em que se encontram. Tal é o caso dos
fósseis de organismos marinhos extintos, como as trilobites e as
amonites, que se sabem terem vivido em períodos de tempo
específicos da história da Terra.
Uma vez que alguns grupos de fósseis são característicos de
determinados períodos da história da Terra - fósseis de idade -
então, se em estratos geograficamente distantes estiverem
presentes os mesmos grupos de fósseis, pode concluir-se que esses
estratos têm a mesma idade- princípio de idade paleontológica
Assim, é possível estabelecer uma idade por comparação,
designada datação relativa. Este método permite definir sequências
de acontecimentos; não permite saber exatamente quando ocorreram,
mas permite definir a sequência cronológica dos acontecimentos
geológicos

A datação relativa atribui, por comparação, uma idade


relativa às formações de rochas:
- uma idade relativa superior ou inferior, tendo por base o
princípio da horizontalidade original e o princípio da
sobreposição dos estratos
- uma idade relativa idêntica, baseando-se no princípio da
idade paleontológica

datação absoluta
A determinação da idade absoluta de formação rochosa só foi
possível após a descoberta da radioatividade que permitiu
desenvolver técnicas da datação radiométrica.
Os isótopos radioativios são instáveis -isótopos pai- pelo
que, ao fim de um determinado tempo, tendem a transformar-se em
isótopos mais estáveis -isótopos filho -, emitindo de forma
espontânea partículas e/ou radiação. Este fenómeno designa-se
radioatividade.
A transformação de isótopos-pai de isótopos-filho -decaimento
radioativo-, é um processo independente das condições físicas e
químicas ambientais.
O tempo de semivida corresponde ao tempo necessário para que
se dê a desintegração de metade do número de átomos-pai de uma
amostra, originando átomos-filho mais estáveis. Este tempo é
constante para o mesmo par de isótopos, que seja da superfície da
Lua ou nas profundezas da Terra.
Ao conhecer o tempo de semivida de um par de isótopos (pai e
filho)e as suas quantidades relativas numa amostra é possível
determinar sua idade absoluta.

teoria da deriva continental


Defendia que os continentes estiveram unidos no passado,
formando, até há cerca de 200 Ma, um único supercontinente
denominado Pangeia. A partir desta altura, este fragmentou-se
muito lentamente em continentes de menores dimensões, que se
deslocaram para as posições atuais.
É apoiada pelos dados:
- morfológicos: complementaridade entre as margens dos
continentes, as quais parecem ajustar-se
- paleoclimáticos: vestígios de climas muito frios em zonas que
atualmente apresentam climas quente e vice-versa
- paleontológicos: ocorrência de fósseis de espécies iguais,
tipicamente não marinhas, em diferentes continentes que,
atualmente, estão separados por oceanos
teoria da expansão dos fundos oceânicos
Afirmava que a crosta oceânica se encontrava em expansão, em
resultado da sua formação nos riftes - fraturas ao longo da quais
ocorre a ascensão do magma proveniente das zonas profundas da
Terra.
É apoiada pelos dados:
- morfologia do fundo oceânico (dorsais e riftes
médio-oceânicos)
- variação da idade das rochas da crosta oceânicas, que vai
aumentando com a distância do rifte

teoria da tectónica de placas


Segundo a teoria, a zona mais superficial da Terra, rígida e
com espessura média de 100km - litosfera -, encontra-se dividida em
diversas placas principais que deslizam, afastam-se ou convergem,
umas em relação às outras. Estas placas denominam-se placas
litosféricas ou placas tectónicas.
A litosfera inclui a crosta terrestre (crosta continental e
oceânica) e uma pequena parte, rígida, do manto superior. Logo
abaixo da litosfera, encontra-se a astenosfera, pertencente ao
manto superior, uma zona de baixa rigidez, devido ao facto de ter
na sua constituição material dúctil (se deforma, sem se fraturar,
por ação de forças que lhe são aplicadas)

correntes de convecção
As forças que provocam o movimento das placas litosféricas
resultam do calor interno da Terra. Admite-se que este calor gera
correntes de convecção no manto/astenosfera.
Assim, as correntes de convecção permitem explicar a ascensão
do material quente de origem mais ou menos profunda nas zonas do
rifte, sendo considerado o motor dos movimentos das placas
litosféricas

→ são fluxos de materiais que ocorrem no manto/astenosfera;


→ caracterizam-se pela subida de material quente e pouco
denso, proveniente de zonas profundas e afundamento de material
superficial menos quente e mais denso;
→ são responsáveis pela movimentação das placas litosféricas.
tipos de limites entre as placas litosféricas
Nos limites em que ocorre a ascensão do magma -riftes-, as
placas afastam-se e há construção de crosta oceânica - limites
divergentes ou construtivos

↳ A ascensão de magma na zona do rifte oceânico origina a


formação de nova crosta oceânica e promove o afastamento das
placas litosféricas.

↳ Nas zonas de rifte intracontinental ocorre fragmentação de


uma única placa litosférica. Este processo geológico poderá
originar um novo oceano. As placas litosféricas resultantes da
fragmentação afastam-se uma da outra

Nos limites em que as placas litosféricas colidem - limites


convergentes ou destrutivos- , se uma delas for uma placa oceânica
ocorre seu afundamento e destruição na zona de subducção, uma vez
que é mais densa. Isto acontece, quer a colisão seja
oceânica-oceânica, quer seja oceânica-continental. No caso de uma
colisão continental, não existe subducção.

↳ A colisão de uma placa litosférica oceânica (mais densa)


com uma placa litosférica continental origina a subducção da
primeira. Na margem continental forma-se uma cadeia montanhosa com
arco vulcânico continental

↳ A colisão de duas placas litosféricas oceânicas origina a


subducção da mais antiga, pois é a mais densa (mais basalto) .
Este processo geológico origina um arco vulcânico insular

↳ A colisão de duas placas litosféricas continentais origina


o espessamento da crosta continental e a formação de uma cadeia
montanhosa e de um planalto.

Nos limites em que as placas deslizam horizontalmente umas


em relação às outras, não há criação de litosfera, nem sua
destruição - limites transformantes ou conservativos

↳ As placas litosféricas deslizam horizontalmente uma em


relação à outra, em sentido opostos
↳ As falhas transformantes que entrecortam o rifte podem
constituir limites entre placas litosféricas

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