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Como fazer um Baseline ou Estudo de Base

Um dos aspectos pouco desenvolvidos na em muitas organizações é a realização de baselines


antes de um projecto. Acreditamos que e um aspecto essencial para garantir que se possa
medir o impacto de qualquer intervenção.
Um base line deveria captar no mínimo as condições socio-económicas das pessoas
afectadas/beneficiadas. Normalmente envolve também o processamento dos dados de maneira
informatizada. Os passos regra geral são os seguintes:
• Definição dos indicadores com base no documento de projecto ou termos de
referencia. Obs.: a tendência com baselines as vezes e das pessoas quererem saber de
tudo e mais alguma coisa. Usar como referencia os documentos e os objectivos nele
especificados ajuda-nos a limitar o número de indicadores e mais tarde as perguntas.
• Definição das perguntas. Uma fase que parece fácil, mas na pratica e complicada. As
perguntas devem ser claras, traduzidas de antemão para a língua local, não podem ser
repetidas, devem ser agrupadas. Devemos ainda começar com informação fácil e
pouco sensível.
Para evitar acabar com muitas perguntas, para cada uma delas temos sempre de nos
perguntar: queremos mesmo saber isto? Para o que vamos utilizar?
Temos ainda de tomar em conta que o mesmo inquérito será repetido no fim do
projecto ou depois de 1, 2 ou mais anos.
• Definição das possíveis respostas. Temos de pensar em todas as possíveis respostas
para cada pergunta, isto para mais tarde termos a possibilidade de digitar os dados sem
muitos problemas. As respostas devem ser exclusivas, isto e, não pode haver uma
sobreposição de respostas. Exemplos de respostas erradas são: dos 0 aos 18 anos, dos
18 aos 25 anos, etc. ou ainda Sim, Sim um pouco, Sim as vezes, Sim de vez em
quando, Não. Nestes casos há sobreposição de respostas.
As respostas normalmente são de um dos seguintes tipos:
o Uma única resposta (as pessoas só podem escolher uma única opção)
o Varias respostas (as pessoas podem escolher varias respostas)
o Numéricas (onde se indica por exemplo quantas pessoas vivem numa casa)
o Fechadas (onde a resposta corresponde a uma das categorias)
o Abertas (onde se escreve simplesmente o que a pessoa respondeu. Este tipo de
perguntas não e aconselhável em inquéritos porque cria muitos problemas
durante a digitação dos dados e analise)
o Perguntas de seguimento (onde a resposta anterior era um sim, não, as vezes,
não sei, não quero responder. Usamos estas perguntas de seguimento quando
queremos por exemplo saber mais detalhes. Um exemplo e: Pergunta 1-faz
machamba? Pergunta 2-o que produz?)
Deve-se sempre que possível adicionar as seguintes possibilidades de resposta:
Não sabe, Não quer responder
• Codificação das respostas. Cada resposta deve ter um código. Devemos tentar ter
código iguais para respostas iguais. Por exemplo se as respostas forem sim, não,
não sei, não quer responder, podemos usar sempre os códigos 1, 2, 3 e 4
respectivamente. Isto para facilitar a digitação.
• Montagem da base de dados. Algumas organizações deixam este aspecto para o
fim, o que muitas vezes trás problemas já que se descobre que afinal certo tipo de
perguntas e respostas não da para serem programadas nos programas de estatística.
Por isso e preciso elaborar a base de dados enquanto se elabora o inquérito.
Programas comuns e fáceis de usar são o SPSS (a partir da versão 15 ou 16).
• Testagem do inquérito. Faz-se a testagem em pequena escala numa comunidade
similar para ver se há algum problema no inquérito que precisa ser corrigido.
• Calcular número de inquéritos necessários. Para ter respostas cientificamente
validas e preciso calcular o número de inquéritos que precisam ser feitos.
Normalmente usa-se 5% de intervalo e 95% de confiança. O tamanho da amostra
(simples size) pode ser calculado on-line http://www.surveysystem.com/sscalc.htm
ou http://www.macorr.com/ss_calculator.htm
• Tratar dos aspectos logísticos. A logística e onde muitos inquéritos correm mal.
Todos os detalhes precisam ser planificados. Um inquiridor normalmente
consegue fazer entre 6 a 12 inquéritos por dia.
• Elaboração de um manual para inquiridores. Cada inquiridor deve ter um manual
que explica como preencher o inquérito incluindo exemplos correctos e não
correctos.
• Impressão dos inquéritos. Cada inquérito deve ter um número próprio e único para
posterior identificação. Deve ainda conter o nome do inquiridor e supervisor e data
e local.
• Treino dos inquiridores. Os inquiridores tem de perceber cada pergunta bem e
interpreta-la da mesma maneira, usar a mesma tradução e conhecer bem as
respostas e o próprio inquérito. Normalmente são precisos 1 a 2 dias de formação e
treino.
• Levantamento dos dados
• Controle diário dos inquéritos preenchidos por um supervisor. Para evitar
repetição de erros e correcção das fichas.
• Digitação dos dados na base de dados. Regra geral as mulheres são um pouco mais
precisas no trabalho de digitação.
• Fazer as tabelas e gráficos necessários. Os mais usados são as frequências (quantas
vezes se respondeu o que a qual pergunta) e as cross-tabulations onde vemos se há
relação entre duas respostas (por exemplo se as mulheres ganham mais dinheiro ou
se os jovens tem mais formação que os adultos).
Os gráficos mais fáceis de interpretar são os pie charts e o gráfico de barras.
• Analise dos dados. Uma fase que requer alguma pratica. Os dados só por si ou as
tabelas dizem pouco. Será preciso ver o que estes dizem. Tomar sempre em
consideração o intervalo de 5% e a confiança de 95%. Se os resultados por
exemplo são de que 45% dos homens trabalha e 55% das mulheres, não podemos
simplesmente dizer que as mulheres trabalham mais que os homens por causa do
intervalo de confiança, já que estatisticamente os resultados podem ser mais ou
menos 5%. Quer isto dizer que na realidade só sabemos que entre 40% e 50% dos
homens trabalha e entre 50% e 60% das mulheres. E por isso bem possível que
ambos trabalhem 50%. Só quando as diferenças são mais do que 5% podemos
dizer algo com segurança.
• Elaboração do relatório do baseline. E a interpretação dos dados (analise)
incluindo as tabelas e gráficos de suporte.
Exemplos: http://rouxville.tripod.com/qdi/gnpinq17.doc para exemplos de inquéritos e
http://rouxville.tripod.com/qdi/gnpmanual.doc para exemplo de manual para inquiridores.

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