Você está na página 1de 5

1.

Posições doutrinárias adotadas pelo CTN quanto ao lançamento

 Natureza jurídica mista


o Declaratório da OT
o Constitutivo do CT

 Procedimento administrativo

2. Competência para lançar

Privativa da autoridade administrativa


 A rigor, exclusiva, pois insusceptível de delegação ou avocação

A lei de cada ente indicará qual autoridade competente


 Esfera federal: AFRFB

O juiz não pode lançar ou corrigir lançamento realizado pela autoridade administrativa.
 Reconhecendo algum vício no lançamento, deve o juiz declarar a nulidade.
 STF: Não se pode propor ação penal por crime de sonegação fiscal antes da conclusão do procedimento de lançamento
(término do processo administrativo), pois o juiz não tem competência para decidir acerca da existência ou não do CT
cuja sonegação é alegada.
 Questão tormentosa: A competência atribuída para que a Justiça do Trabalho promova a execução, de ofício, das
contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.
Como a CLT determina que a União se manifeste acerca da conta realizada, sua concordância expressa ou tácita pode ser
encarada como ato homologatório, formalizando o CT. Conclusão: Trata-se de peculiar sistemática de lançamento por
homologação que conta com a fundamental participação da autoridade judiciária no procedimento, o que pode vir a ser
considerado agressivo à separação de poderes e comprometedor da imparcialidade do magistrado.

3. Legislação aplicável ao lançamento

Legislação material
 Quanto aos tributos  O lançamento reporta-se à data do FG e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente
modificada ou revogada.
o (FCC/2006) O lançamento possui efeitos ex tunc, retroativo (CORRETO). A banca quis afirmar simplesmente que
o lançamento sempre se refere a evento passado.
o Não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe
expressamente a data em que o FG se considera ocorrido.
 Quanto à multa  Aplica-se ao lançamento a lei mais favorável ao infrator, dentre aquelas que tiveram vigência entre a
data do FG e a data do lançamento, ainda se garantindo ao contribuinte o direito de aplicar legislação mais favorável
surgida posteriormente, desde que não haja coisa julgada ou extinção do CT.
 Quanto à taxa de câmbio  Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda
estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia do FG.

Legislação formal
 É aplicável ao lançamento a lei em vigor na data de realização do próprio procedimento.
 Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente ao FG, tenha:
o Instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização;
o Ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas; ou
o Outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios,
 Exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
4. Alteração do lançamento regularmente notificado

Lançamento CT constituído
Lançamento regularmente notificado CT definitivamente constituído

Notificação
 Confere efeitos ao lançamento.
 O lançamento se presume definitivo (presunção relativa), não podendo, em regra, ser alterado.
 É contado o prazo para pagamento ou impugnação.

(ESAF/2005) Com a lavratura de auto de infração, considera-se:


 Constituído o crédito tributário (CORRETO).
 Definitivamente constituído o crédito tributário (ERRADO).

A) Impugnação do sujeito passivo


 STJ: É irregular a notificação e, por conseguinte, nulo o lançamento, quando não se abre prazo para que o sujeito
passivo, querendo, exerça seu direito de impugnação (CESPE/2012).
 Pode resultar em agravamento da exigência (reformatio in pejus), tendo em vista o princípio da verdade material.

B) Recurso de ofício e Recurso voluntário

C) Iniciativa de ofício da autoridade administrativa (Revisão do lançamento)

I - quando a lei assim o determine;


II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior,
deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela
autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela
autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação
tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da
atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê
lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou
simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que
o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

ATENÇÃO: Desde que dentro do prazo decadencial.

Critério jurídico = Adoção, pelo Fisco, de uma das interpretações Não justifica a revisão do lançamento
Erro de direito
da norma, ao formalizar lançamento. (Restrição ao Fisco e não ao contribuinte)

Incorreto enquadramento das circunstâncias objetivas que não


Erro de fato Enseja a revisão do lançamento
dependem de interpretação normativa para sua verificação.

Precedente do STJ: O “erro de direito” cometido pelo Fisco no lançamento é “imodificável”, enquadrando nesta definição “o
lançamento do tributo pelo Fisco com base em legislação revogada, equivocadamente indicada em declaração do contribuinte”.
Mudança de critério jurídico
 Critério jurídico = Erro de direito = Adoção, pelo Fisco, de uma das interpretações da norma, ao formalizar lançamento.

a) Após o lançamento regularmente notificado


o Efeito ex nunc.
o A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios
jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em
relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução.

b) Antes do lançamento regularmente notificado


o Efeito ex tunc.
o O Fisco poderá cobrar o tributo eventualmente devido, mas não os acréscimos legais, pois foram observadas as
normas complementares.

5. Modalidades de lançamento

A) De Ofício / Direto

I - quando a lei assim o determine;


II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior,
deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela
autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela
autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação
tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da
atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê
lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou
simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que
o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

ATENÇÃO: Desde que dentro do prazo decadencial.

B) Por Declaração / Misto

A declaração apenas fornece matéria de fato.

STJ: Admite a possibilidade de impugnação de lançamento realizado com base em declaração do sujeito passivo.
C) Por Homologação / Autolançamento

STJ: Prefere as terminologias: “homologação do pagamento” ou “homologação da atividade do sujeito passivo”.

Não é com o pagamento, mas sim com a homologação, que se pode considerar o CT definitivamente extinto.

Não influem sobre a OT quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à
extinção total ou parcial do crédito. Esses atos serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o
caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.

Homologação tácita  Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de 5 anos, a contar da ocorrência do FG; expirado esse
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o
crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

 “Lei” = LC de caráter nacional  Única via possível para normas gerais sobre prescrição e decadência tributária (que
segundo o STF compreendem também a fixação dos respectivos prazos).

 STF – Súmula Vinculante 8 – São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os
artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário.

 No caso de comprovação de dolo, fraude ou simulação, serão aplicáveis as regras – inclusive quanto a prazos – do
lançamento de ofício.

 O STJ tem entendimento firmado no sentido de que “se não houver antecipação de pagamento, não há falar-se em
lançamento por homologação, mas em lançamento de ofício”, de forma que, a contagem dos prazos seguirá as regras
estipuladas para o lançamento de ofício.

6. Retificação da declaração

Prevista expressamente no CTN para os lançamentos por declaração, tem sido aplicada por analogia aos lançamentos por
homologação, não obstante algumas peculiaridades.

É possível, desde que:


Por iniciativa do declarante o Para reduzir ou excluir tributo;
o Comprovado erro*
Antes da notificação do lançamento

De ofício
Quando apurados erros crassos
pela autoridade administrativa

É possível, desde que:


Depois da notificação do lançamento Por iniciativa do declarante
 Para aumentar tributo.

*Não é possível ao contribuinte alterar declaração para mudar uma opção que veio a se mostrar desfavorável.
7. Lançamento por arbitramento

 Não se constitui numa quarta modalidade de lançamento (ESAF/2008).


 É apenas uma técnica para se definir a bc, para que se proceda a um lançamento de ofício.
 Sempre que, na atividade de lançamento, for adotada uma bc que não corresponda comprovadamente ao preciso valor
ou preço do bem, mas sim a um valor razoável, haverá arbitramento.
 Deve ser assegurado ao sujeito passivo direito à ampla defesa e ao contraditório.
 A simples ausência de escrita fiscal regular não é motivo para que a autoridade fiscal promova o lançamento por
arbitramento, uma vez que tal técnica não possui natureza punitiva. Sendo possível chegar ao valor preciso do tributo,
isto deve ser feito, sem prejuízo da aplicação de penalidades pela ausência ou desqualificação da escrita.

Quando o cálculo do
Ressalvada,
tributo tenha por base, Autoridade lançadora,
ou tome em  As declarações, ou
sempre que:  Os esclarecimentos prestados, ou em caso de
consideração mediante processo  Sejam omissos, ou  Os documentos expedidos contestação,
regular,
 Não mereçam fé
Valor ou Preço
pelo sujeito passivo ou pelo Avaliação contraditória,
arbitrará aquele valor
terceiro legalmente obrigado, administrativa ou
bens, direitos, serviços ou preço
judicial.
ou atos jurídicos

Pautas fiscais
 Tabela que contêm os “preços normais” de determinados bens.
 Ao serem utilizadas, seja por determinação legal, seja pela impossibilidade de se encontrar o valor real do bem,
exemplificam o lançamento por arbitramento.
 STJ – Súmula 431 – É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.
 O problema não está na pauta fiscal em si, mas no seu uso generalizado, fora das hipóteses do CTN, como uma
presunção absoluta de valor ou como pauta de valores mínimos.

ATENÇÃO! As ementas do STJ vêm com frases genéricas: “a utilização de pauta fiscal pela administração configura ilegalidade”.

(ESAF/2005) “A utilização de pauta fiscal pela administração tributária é uma forma de arbitramento da base de cálculo para o
pagamento do tributo” (CORRETA).
(ESAF/2009) “É ilegal a cobrança de ICMS com base em valores previstos em pauta fiscal” (CORRETA).

8. Modalidades de lançamento e autonomia dos entes

Modalidades de Lançamento

De Ofício / Direto Por Declaração / Misto Por Homologação / Autolançamento


IPTU ITCD ISS
IPVA ITBI II sobre bagagem acompanhada
COSIP II sobre bagagem acompanhada (sistemática da e-DBV)
Maioria das taxas (sistemática tradicional)

Nos concursos públicos, aconselha-se que:


 Como regra, cada tributo seja enquadrado como sujeito à modalidade de lançamento que a doutrina tradicionalmente
aponta como aplicável.
 Contudo, deve-se atentar para a autonomia dos entes federados como justificativa para a possibilidade de adoção na lei
local de modalidade que entender mais conveniente.

Você também pode gostar